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Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares

Modelo de auto-
avaliação das
Bibliotecas
Escolares

O Modelo enquanto Gestão das


instrumento Pertinência da Organização Integração/Aplicaçã mudanças que a sua
Pedagógico e de Existência de um estrutural e o à realidade da aplicação impõe.
melhoria. Conceitos modelo de avaliação funcional escola/biblioteca Níveis de
implicados escolar participação da e na
escola

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Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares

Análise Crítica

"Compete ao professor bibliotecário operar como


âncora essencial no apoio ao desenvolvimento de
níveis intelectuais e cognitivos que agilizem o uso
eficaz da informação em qualquer formato
(electrónico, impresso ou pertencente ao
repertório intelectual de qualquer cultura) e
facilitem a construção de sentido e de novo
conhecimento."
Ross Todd

Este trabalho constitui uma análise crítica ao Modelo de Auto-avaliação das Bibliotecas
Escolares, tendo em conta os seguintes aspectos: o Modelo enquanto instrumento pedagógico e
de melhoria; a pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as bibliotecas
escolares; a organização estrutural e funcional; integração/aplicação à realidade da escola; e a
gestão das mudanças que a sua aplicação impõe.

O modelo de auto-avaliação actual é peremptório ao afirmar que este mesmo modelo nasce
da necessidade efectiva das bibliotecas, as quais “podem contribuir positivamente para o ensino
e a aprendizagem, podendo-se estabelecer uma relação entre a qualidade do trabalho da e com a
BE e os resultados escolares dos alunos”. Assim, torna-se essencial aferir com recolha de
evidências os domínios previamente definidos e que serão expostos mais à frente. Neste
sentido, o actual modelo apresenta-se como um meio que permite avaliar o trabalho
desenvolvido nas bibliotecas escolares, identificando os pontos fortes, ameaças, oportunidades
e respectivo impacto nas aprendizagens. Tornando-se um instrumento pedagógico capaz de
definir objectivos, traçar estratégias, juntar sinergias dentro da comunidade escolar levando a
biblioteca a participar activamente nos planos educativo e curricular da escola. É neste contexto
que aparece o modelo de auto-avaliação como um modelo direccionado para a melhoria.
Permitindo, ao avaliar o impacto da BE na comunidade educativa, aferir através do conceito
evidence-based pratice “o grau de eficiência e de eficácia dos serviços prestados e de satisfação
dos utilizadores” (Modelo de Auto-avaliação das BE - 2009; p. 1). Quanto aos conceitos

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implicados neste mesmo modelo de auto-avaliação, a noção de valor aparece como
fundamental, ou seja, “se é importante a existência de uma BE agradável e bem apetrechada” a
tudo isto se deve associar “uma utilização consequente nos vários domínios que caracterizam a
missão da BE”, espelhando cabalmente os resultados que contribuem de forma efectiva para os
objectivos da escola em que se insere.” (Modelo de Auto-avaliação das BE - 2009; p. 1). A
auto-avaliação, outro dos conceitos fundamentais, deve ser vista como um processo
“pedagógico e regulador” que deverá estar sempre presente de forma a identificar aspectos
mais fracos ou menos positivos, levando à procura de melhorias e de um impacto mais positivo
da BE na comunidade escolar. “ Torna-se de facto relevante objectivar a forma como se está a
concretizar o trabalho das bibliotecas escolares, tendo como pano de fundo essencial o seu contributo
para as aprendizagens, para o sucesso educativo e para a promoção da aprendizagem ao longo da
vida. Neste sentido é importante que cada escola conheça o impacto que as actividades realizadas pela
e com a BE vão tendo no processo de ensino e na aprendizagem, bem como o grau de eficiência e de
eficácia dos serviços prestados e de satisfação dos utilizadores da BE.” (Modelo de auto-avaliação da
biblioteca escolar – 2009).
Ainda dentro dos conceitos que se encontram implícitos a este modelo, encontramos o
conceito de flexibilidade e facilidade, permitindo a cada biblioteca e por inerência, a cada
escola uma aplicabilidade diferenciada, permitindo ajustes sem descaracterizar o modelo. Por
último, convém referenciar “que a avaliação não constitui um fim, devendo ser entendida como
um processo que, idealmente, conduzirá à reflexão e originará mudanças concretas na prática”.
(texto da sessão) Tudo isto se concretiza na medida em que este modelo possui um carácter
pedagógico, tendo por obrigatoriedade contribuir para o desenvolvimento das literacias e
competências que levem a uma utilização pertinente e consequente da BE. Cada biblioteca
poderá construir o seu próprio caminho, com vista ao sucesso.
“Impacto”, “Eficiência”, “Eficácia” “Satisfação” são as palavras em jogo. Se antes o
impacto das bibliotecas se aferia através da relação directa entre os “inputs” (o que ela tem) e
os “outputs” (quanto é utilizada), actualmente “a avaliação centra-se, essencialmente, no
impacto qualitativo da biblioteca, isto é, na aferição das modificações positivas que o seu
funcionamento tem nas atitudes, valores e conhecimento dos utilizadores.” (texto da sessão)

A existência de um Modelo de Auto-Avaliação para as Bibliotecas Escolares é,


evidentemente, pertinente, na medida em que a recolha de evidências que implica, facilita a

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acção dos Professores Bibliotecários, da sua equipa e dos seus colaboradores na implementação
de estratégias que levem os alunos à construção do seu próprio conhecimento.
O processo de avaliação permite, ou melhor, obriga à participação activa na vida
académica, de modo a que se conheçam bem as suas necessidades. “O que verdadeiramente
interessa e justifica a acção e a existência da biblioteca escolar não são os processos, as
acções e intenções que colocamos no seu funcionamento ou os processos implicados, mas sim
o resultado, o valor que eles acrescentam nas atitudes e nas competências dos utilizadores”
(texto da sessão). Sentimos desde logo a necessidade de apoio, de orientação e nesse sentido
este modelo dá-nos respostas.
O que agora se persegue não é a quantificação de…, mas sim uma abordagem
essencialmente qualitativa. Ora, em relação ao que se fazia, isto constitui uma “reviravolta”,
urge a mudança das práticas processuais. Neste sentido, a existência deste modelo torna-se
pertinente, surge de facto como um instrumento pedagógico, orientador e regulador. São
evidentes nele os domínios que a BE deve trabalhar e como o deve fazer. A identificação dos
pontos fracos e fortes e a sugestão de acções para melhoria conduzem os trabalhos para práticas
de pesquisa-acção com recolha sistemática de evidências, aferição, elaboração de um plano
desenvolvimento.
O modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares torna-se assim um instrumento
indispensável porque dota “as escolas/bibliotecas de um quadro de referência e de um
instrumento que lhes permite a melhoria contínua da qualidade, a busca de uma perspectiva de
inovação.”; a sua aplicação “permite aos órgãos directivos e aos coordenadores avaliar o
trabalho da biblioteca escolar e o impacto global desse trabalho no funcionamento global da
escola e nas aprendizagens dos alunos” (texto da sessão) e assim contribui para a afirmação de
reconhecimento do papel da BE, pois tornar-se-á evidente que trabalha em estreita relação com
a escola na prossecução da sua missão e objectivos.

Relativamente à organização estrutural e funcional, os quatro domínios objecto de


avaliação (Apoio ao Desenvolvimento Curricular; Leitura e Literacias; Projectos, Parcerias e
Actividades Livres e de Abertura à Comunidade e Gestão da Biblioteca Escolar) são
indiscutivelmente fulcrais na acção da BE, no entanto, ao analisar o documento e mesmo
admitindo a sua pertinência e vantagens, considero-o bastante complexo, receando alguns
constrangimentos na sua aplicação, principalmente no tempo que deverá ser disponibilizado na

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recolha e tratamento das evidências ser realizadas por vários agentes educativos que muitas
vezes se mostram indisponíveis para colaborar neste tipo de trabalho; alguma subjectividade
nas questões colocadas que implicam juízos de valor; a identificação de situações sem uma
opinião consistente por parte dos participantes e a falta de formação da equipe da BE em
algumas áreas determinantes nos domínios identificados.
No entanto, tranquiliza-me o carácter mais flexível do modelo e a certeza de que
poderei aprender com os “erros”, uma vez que a reflexão também é uma das palavras de ordem.
Os domínios subdividem-se em subdomínios. Cada domínio inclui Indicadores,
Factores Críticos de Sucesso, Recolha de Evidências e Acções de Melhoria. O modelo é
aplicado num ciclo de 4 anos, seleccionando-se um domínio por ano para se realizar o enfoque
da auto-avaliação. São ainda indicados 4 perfis de desempenho com descritores que têm como
finalidade ajudar a BE a posicionar-se e a reflectir sobre a procura da melhoria de desempenho.

DOMÍNIOS INDICADORES FACTORES CRÍTICOS DE RECOLHA DE ACÇÕES DE MELHORIA


SUCESSO EVIDÊNCIAS
A. Apoio ao Apontam as zonas Exemplos de situações, Exemplos de elementos, Sugestões de acções
Desenvolvimento nucleares de ocorrências, acções que fontes e com vista à melhoria do
Curricular intervenção em cada operacionalizam o instrumentos de desempenho da BE.
A.1. Articulação domínio; permitem a indicador; recolha de dados.
curricular da BE com as aplicação de elementos Tem um valor
estruturas pedagógicas de medição. informativo/formativo
e os docentes Servindo de guia
A.2. Desenvolvimento orientador
da literacia da para a recolha de
informação evidências.
B. Leitura e Literacias
C. Projectos, Parcerias e Actividades Livres e de Abertura à Comunidade
C.1. Apoio a actividades livres, extracurriculares e de enriquecimento curricular
C.2. Projectos e Parcerias

D. Gestão da Biblioteca Escolar


D.1. Articulação da BE com a Escola/Agrupamento. Acesso e serviços prestados pela BE
D.2. Condições humanas e materiais para a prestação
dos serviços
D.3. Gestão da colecção

Em relação à integração e aplicação do modelo no Agrupamento, para que este seja


eficaz e produza verdadeiras melhorias, é necessário que a comunidade educativa reconheça a
BE como pólo centralizador das aprendizagens, que levará ao desenvolvimento de
competências por parte dos alunos, promotoras de uma verdadeira construção do saber. Para

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isso, é importante envolver os diferentes agentes educativos no processo, através dos diferentes
órgãos directivos e pedagógicos da escola. A Escola tem de assumir a BE como centro
catalisador do desenvolvimento de competências e de forma colaborativa interagir na política
de melhoramento de resultados. Uma cultura de avaliação participada terá de ser assumida por
todos. O conhecimento fundamentado e alargado do trabalho da BE e uma maior articulação
entre o trabalho da Escola e a BE só podem conduzir ao sucesso das aprendizagens.
Para que a aplicabilidade do modelo seja exequível é necessária uma definição de
diferentes etapas: (o domínio a avaliar e sua fundamentação; Calendarização do processo;
Escolha da amostra; Recolha de evidências realizadas de uma forma sistemática e baseada em
registos diversificados (questionários, inquéritos, trabalhos de alunos, etc.) e em documentos
que regulam a vida da escola (PE, PCA, PAA, PCT, Actas, etc.); Tratamento da informação
recolhida; Identificação do perfil de desempenho da BE; Elaboração do relatório de auto-
avaliação; Apresentação e discussão do relatório em reunião do CP; etc…). Acredito que
poder-se-ão retirar ao longo destes anos (4 anos MAABE), os benefícios desejados.

Finalmente, é sabido que «O papel fundamental do bibliotecário é contribuir para a


missão e para os objectivos da escola, incluindo os processos de avaliação, e para desenvolver e
promover os da biblioteca escolar.», para tal são várias as palavras-chave associadas às
competências do professor bibliotecário e às estratégias seleccionas para que o modelo em
análise seja proficuamente aplicado.
Muitas são as competências exigidas ao Professor Bibliotecário do séc. XXI. Uma
liderança forte associada a uma visão e gestão estratégica são fundamentais para o sucesso do
processo avaliativo. Ao professor bibliotecário exige-se acção, compromisso e
responsabilidade.
A criação de comunidades de aprendizagem, segundo Bernardete Campello, exige
trabalho colaborativo em que haja um espírito de concordância e afinidade. Aspectos como a
confiança, respeito, reconhecimento de competência, reciprocidade, capacidade de
comunicação e diálogo, comprometimento por parte dos intervenientes são essenciais.
A cultura de colaboração em antagonismo com o isolamento e individualismo que ainda
hoje existe nas escolas tem de ser uma das estratégias que o professor bibliotecário deve
implementar para criar condições que conduzam à implementação de novas práticas que
inevitavelmente conduzirão ao êxito das aprendizagens dos alunos.

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O trabalho que hoje se pede ao professor bibliotecário não é fácil nem se pode querer
que seja realizado num curto espaço de tempo. Este tem de se adaptar também às novas
realidades e ser o tal gestor de mudança nas atitudes, comportamentos e paradigmas da
educação.
A título de conclusão, é nossa função garantir, todos os actores intervenientes no
processo de aprendizagem, pelo que deveremos estar conscientes do nosso papel e da
importância da BE na vida de cada uma das nossas escolas.

BIBLIOGRAFIA:
Texto da Sessão
Modelo de Auto-Avaliação
Excerto do texto: “Professores Bibliotecários Escolares: resultados da aprendizagem e prática
baseada em evidências”
Todd, Ross (2001). Manifesto das bibliotecas escolares sobre a prática baseada em evidências.
Todd, Ross (2001). Transições para futuros desejáveis das bibliotecas escolares.
Todd, Ross (2002). Profesores Bibliotecários Escolares: resultados da aprendizagem e prática
baseada em evidências (texto integral)
Todd, Ross (2001)-”. Jornal das bibliotecas escolares” 4/1/2008
Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares - Modelo de Auto-Avaliação
Campello, Bernardete Santos – Letramento Informacional: função educativa do bibliotecário na
escola, Belo Horizonte: autêntica Editora, 2009

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