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Contextualizando a Caminhada

Ao encerrar minha jornada no curso de Ciências Sociais em 1986, na UFSC 1 ,

estava ávido por trabalhar em algum projeto que fosse realmente relevante, no qual

pudesse aplicar os ensinamentos universitários. De 1986 a 1989 tentei militar pela

categoria profissional. Na época, participando de reuniões da APS/SC 2, descobrira

cedo que o mercado de trabalho para sociólogos pesquisadores era muito escasso,

a não ser se o acadêmico tivesse optado por fazer licenciatura, e não o bacharelado.

Neste mesmo período, a história da AIDS3 estava em evidência e não demorou

muito para eu descobrir a sede do GAPA/SC4, perto do local onde trabalho, bem no

centro da cidade de Florianópolis, onde como voluntário, apresentei-me para alguns

trabalhos, mas logo percebi que as poucas atividades que existiam eram de cunho

ainda assistencialista. Optei então por fazer o acompanhamento de pacientes e seus

familiares no hospital de referência, Hospital Nereu Ramos, após o expediente de

trabalho, como uma nova opção de minha atuação militante na área. Todavia,

acompanhando pacientes terminais e familiares, descobri a dimensão do

preconceito que se exercia (e se exerce ainda hoje) contra os (as) portadores do

vírus HIV5, em especial, contra os (as) homossexuais.

Na época, a noção que se tinha era a de que a AIDS era uma doença exclusiva

deste público, tanto que nos Estados Unidos já se falava em uma peste gay (termo

em inglês que equivale a homossexual). No final de maio de 1990 recebi

1
Universidade Federal do Estado de Santa Catarina.
2
Associação dos Profissionais em Sociologia no Estado de Santa Catarina.
3
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.
4
Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS de Santa Catarina.
5
Vírus da Imunodeficiência Adquirida.
2

capacitação pela SES6, para ser multiplicador de informações sobre a síndrome. O

curso de 20 horas denominava-se “Aconselhamento em AIDS” e, além do que fazia

no hospital, e na sede do GAPA junto ao disque-AIDS, por livre iniciativa comecei a

dar mini-palestras em condomínios próximos de minha residência.

Depois de um ano e meio, tive que me afastar dessas tarefas para dar mais

atenção a minha vida privada, mas nunca deixei de ter em mente que poderia ser

mais útil nessa área de resgate da cidadania dos/das considerados/as “desiguais”

por parte da sociedade heterodominante.

Em meados de 1995 a empresa onde trabalho resolveu aderir a mais recente

tecnologia de comunicação, a Internet.

Movido pela curiosidade e por uma boa dose de leitura, empreendi os ensaios

de construção de minhas primeiras homepages7 e, também, iniciei minhas primeiras

“navegações on-line8”.

O termo possui o sentido que é dado à ação de atravessar mares, oceanos,

lagoas, rios, só que no sentido virtual. Ou seja, navegar num “mar de informações”.

Foi criado pela empresa Netscape que utilizava como logomarca um timão

sugerindo que seu browser9 equipara-se à uma embarcação virtual. Com um pouco

mais de habilidade, construí minha primeira homepage pessoal. Nela falava um

pouco sobre minha história e também sobre meus conhecimentos sobre AIDS.

6
Secretaria de Estado da Saúde.
7
Homepage, em inglês, equivale à página de apresentação. É a primeira página de um endereço na Internet.
8
On-line significa conectado a Rede Mundial de Computadores, a Internet (vide mais no glossário).
9
Vide Glossário.
3

Imediatamente, comecei a receber vários e-mails com consultas sobre este e

outros assuntos, o que me obrigou a seguir a estratégia de deixar perguntas e

respostas já prontas no próprio site.

Com o passar do tempo, mais de noventa por cento (90%) de meu site10 era

dedicado ao assunto e o público homossexual era o que mais contatava comigo.

Foi aí que nasceu a idéia de, em 1996, criar um espaço para a Educação Sexual

específica de gays e lésbicas, já que, à época não era possível falar em AIDS sem

deixar de tocar em sexualidade, e em orientação homossexual. Assim, em primeiro

de setembro de 1996, nascia o http://www.glssite.net. Não sabia, à época, que o

surgimento do site em si era um marco, haja visto que não havia espaços correlatos

na América Latina com esse propósito, a não ser nos Estados Unidos, Canadá,

França e Inglaterra.

Com a finalidade de aprimorar o trabalho que vinha sendo executado na

Internet, bem como de dotar o site de uma pedagogia devidamente embasada na

área da educação emancipatória, de 23 de outubro de 1998 a 30 de outubro de 1999

participei do Curso de Pós-Graduação, em nível de Especialização em “Educação

Sexual” oferecido pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC. Como

requisito formal apresentei a monografia intitulada: “Aspectos da Educação Sexual

Emancipatória num Site Homossexual, na Internet – http://www.glssite.net”. Essa

pesquisa consistiu em analisar todo o site e saber como poderia melhorar sua

linguagem, para torná-lo especificamente voltado para a Educação Sexual

Emancipatória, ainda de uma minoria.

10
Ver glossário.
4

Em questão de pouco tempo, o site ampliou seu leque de abrangência, deixando

de ser apenas focado nas minorias sexuais, voltando-se para todas as categorias.

Nesta época passei a freqüentar o NES11, da UDESC, com a finalidade de

desenvolver trabalhos em escolas e pesquisas com grupos da própria universidade.

Relembrando o início do site, posso afirmar que, com o passar do tempo este

passou por várias melhorias em sua programação e design12 tornando-se mais

rápido e mais interativo.

Hoje, a freqüência média de acesso é de oitenta a duzentas pessoas/dia. O site

recebe visitas de pessoas provenientes dos mais diversos países, dentre os quais

destacam-se Brasil, Portugal, Estados Unidos, Inglaterra, e outros, como pode ser

visto no anexo nove (9).

Ele apresenta um sistema de busca variado; sistemas de classificados pessoais

e de bate-papos; um grupo de colunistas voluntários (as) que escrevem sobre

assuntos diversos; um espaço destinado a informações sobre Educação Sexual que

contém uma seção de perguntas e respostas prontas e outra para tirar dúvidas on-

line. Contém também, fóruns, serviços, notícias, dicas, endereços de pessoas

formadoras de opinião na mídia13 para utilizar-se na militância eletrônica, links14 da

World Wide Web15 para outros espaços virtuais16 da Internet de interesse similar;

mais de dez listas de discussões temáticas, relação atualizada de grupos e

11
Núcleo de Estudos da Sexualidade da UDESC.
12
Desenho, esboço, layout, projeto.
13
Conjunto dos meios de comunicação de massa (rádio, TV. Jornal, etc.) Ver mais no glossário.
14
Links - As ligações de hipertexto que estão embutidas em um documento.
15
Rede com a Amplitude do Mundo.
16
Que só existem potencialmente; simulados por programas de computador.
5

organizações não-governamentais e governamentais, espaço dedicado a pesquisas

de opinião, um serviço de web-mail17.

O acesso ao web-mail do Glssite.Net é possível através de um login18 e uma

senha com a “assinatura” (fulanadetal@glssite.net), sistema de oferta de empregos

e busca de trabalho exclusivamente para o público homossexual, informações sobre

Direitos Sexuais e outros Direitos Humanos.

O site é bastante dinâmico e está em constante atualização, como por exemplo,

a criação de uma enquete a qualquer tempo. Além disso, o GLSSITE.Net foi

“provedor de conteúdo”19 por dois anos do portal20 Matrix (www.matrix.com.br),

localizado em Florianópolis-SC, até abril de 2003, na seção destinada a cultura; foi

provedor de conteúdo do site Imais (www.imais.com.br), localizado em São Paulo-

SP e era “site âncora”21 do portal Midiagls (www.midiagls.com.br) já descontinuado,

que se localizava no Rio de Janeiro-RJ, constituído em parceria com o, também

descontinuado, site Glsparty (www.glsparty.com.br) também do Rio de Janeiro/RJ.

Desde maio de 2003 está hospedado num do servidores do provedor de acesso

www.floripa.com.br, em Florianópolis, que se encontra no Texas, EUA.

Hoje o uso desse instrumento tecnológico faz parte de um processo que busca

propiciar um espaço pedagógico virtual para trabalhar a questão específica dos

direitos sexuais como direitos humanos, numa perspectiva de educação sexual

emancipatória. Também, nesse sentido, interessado em dar prosseguimento aos

17
Toda conta de e-mail acessível através de um browser (navegador) a partir de qualquer computador localizado
no mundo que esteja conectado a Internet.
18
Um nome, um apelido, um conjunto de letras e números maiúsculos e/ou minúsculas.
19
Provedor de Conteúdo – É toda aquela pessoa física ou jurídica que fornece conteúdo para determinados
portais.
20
Portal - Site que oferece uma série de serviços aos usuários (as) além de conteúdo, e-mail e homepage.
21
Site âncora é um site de grande porte que serve de chamariz para portais.
6

estudos em educação, no ano de 2000 ingressei como aluno especial no curso de

Pós-Graduação em Nível de Mestrado em “Educação e Cultura” UDESC, e em 2001

tornei-me aluno efetivo, concluindo as disciplinas obrigatórias em 2002.

Na elaboração do projeto de dissertação senti várias vezes a necessidade de

esclarecer dúvidas em relação aos objetivos de meu trabalho no site, como por

exemplo: o que as pessoas que acessam o site pensam a respeito de sua utilidade

como instrumento que busca prestar uma educação emancipadora? Os usuários e

usuárias vêem realmente o site como um instrumento educativo? É possível

“trabalhar” o paradigma emancipatório em sua expressão na proposta de Direitos

Sexuais como Direitos Humanos no site? Em que perspectivas? O www.glssite.net

possui uma didática emancipatória? É possível se apropriar destas didáticas e usá-

las com outros propósitos? Isto estaria acontecendo no www.glssite.net?

Na minha caminhada, frente a essas dúvidas, em relação à mídia de uma

maneira geral e mais especialmente à Internet, educação e sexualidade, encontrei

respaldo na Teoria Crítica da Escola de Frankfurt. Conforme Japiassú e Marcondes

(1996 p.112), essa é a definição dessa denominação:

“Escola de Frankfurt. Nome genérico para designar um grupo de filósofos e


pesquisadores alemães que, unidos por amizade no início dos anos 30,
emigraram com o advento do nazismo, só retornando a Alemanha depois da
Guerra: Theodor Adorno, Walter Benjamin, Max Horkheimer, Herbert
Marcuse, Jüngen Habermas, etc. A pretensão básica do grupo foi a de
elaborar uma teoria crítica do conhecimento, de um lado, aprofundando as
origens hegelianas de Marx, e , de outro, introduzindo um questionamento
no sistema de valores individualistas.

Continuam os autores informando que:

Assim, a escola de Frankfurt elucidou o caráter contraditório de conquista


racional do mundo, pois a racionalidade científica e técnica conseguem o
feito de converter o homem num escravo de sua própria técnica. Procedeu
ainda, de modo mais ou menos radical, segundo os autores,a uma crítica da
7

”massificação“ da indústria cultural, dos totalitarismos, da concepção


positivista do mundo, etc.“

Essa teoria explicita que a realidade é um construto cultural, uma categoria forte

nessa escola pós-marxista, categoria esta que pode ser utilizada pelo poder

hegemônico para criar necessidades, modelos de consumo, noções de normalidade

e naturalidade. Segundo essa teoria, este poder hegemônico utiliza-se das novas

mídias para fabricar, principalmente através da indústria cultural, a alienação, mas,

ao mesmo tempo, pergunto: pode a apropriação desta mesma mídia proporcionar a

emancipação pelo esclarecimento? Em Adorno, Vida e Obra, da Coleção Os

Pensadores (2000, p.7-8), lê-se:

“O termo (Indústria Cultural) foi empregado pela primeira vez em 1947,


quando da publicação da Dialética do Iluminismo, de Horkheimer e Adorno.
Este último, numa série de conferências radiofônicas pronunciadas em
1962, explicou que a expressão” indústria cultural “visa a substituir” cultura
de massa “, pois esta induz ao engodo que satisfaz os interesses dos
detentores dos veículos de comunicação de massa. Os defensores da
expressão ”cultura de massa” querem dar a entender que se trata de algo
como uma cultura surgindo espontaneamente das próprias massas. Para
Adorno, que diverge frontalmente dessa interpretação, a indústria cultural,
ao aspirar à integração vertical de seus consumidores, não apenas adapta
seus produtos ao consumo das massas, mas, em larga medida, determina o
próprio consumo.”

Também encontrei-me com Michel Foucault (1987 e

2001) e sua explanação sobre a construção cultural

do poder e de como este poder está potencializado

nas ações, nas pessoas, nos objetos, objetos

virtualizados tais como sites que disseminam

informações, constroem saberes, educam. Foi


Fig.01
dialogando com Foucault que me veio à mente mais
8

fortemente a seguinte questão: quem ou o quê, concretamente, está por detrás da

Internet? E, minha dúvida se dissipou em grande parte quando me deparei com a

explicação sobre o Panoptismo (Panopticon) elaborado no final do século XVIII

(Fig.01).

De acordo com Japiassú e Marcondes (1996 p. 28), “Jeremy Bentham


(1748-1832) Filósofo inglês, fundador do utilitarismo, desenvolvido depois
por John Stuart Mill (1806-1873).” Uma de suas obras importantes foi o livro
intitulado, Princípios de Moral e de legislação (1780). “Em outra obra,
intitulada O Panóptico (1786), Bentham elabora todo um plano de
organização arquitetural das prisões a fim de submeter os prisioneiros a
uma vigilância permanente e poder reinserí-los no sistema produtivo.
Pretendia estender esse plano a todas as instituições de educação e de
trabalho”.

O termo também ficou esclarecido no capitulo III - O Panoptismo – da obra de

Foucault Vigiar e Punir (1987), e no capítulo XIV - O Olho do Poder – do livro

Microfísica do Poder, do mesmo autor onde fica claro como esta estruturação

arquitetônica para zoológicos, presídios, escolas, hospital etc. é assimilada

politicamente com a nítida intenção de exercer controle sobre os corpos,

disciplinando-os conforme sua conveniência. O Grande Irmão, o Big Brother, o poder

hegemônico é a metáfora do Panóptico que a tudo vê (Fig.02) e controla (Fig.03). E

nesse contexto, o da mídia, como instrumento cultural, também se situa a Internet,

que pode se prestas a manutenção do status qüo do hegemônico e, quem sabe, até,

ao exercício do panoptismo para a alienação e controle, ou seja, exercício do poder.


9

Na realidade, o surgimento do

www.glssite.net buscava trilhar este caminho, do


Fig.02
emancipatório e do esclarecimento e essas

descobertas só vieram corroborar o que eu pensava: muitas vezes, hegemonia e

alienação estão interligadas porque a alienação é uma ferramenta do hegemônico.

Por outro lado, o conhecimento pode lhe

proporcionar à emancipação. Por isso a

importância de pesquisar constantemente

se o site está orientado realmente por um


Fig. 03
paradigma emancipatório em Educação

Sexual, oportunizando a desconstrução de mitos e tabus, de pseudoverdades que

incluem normatizações e naturalizações de práticas relacionadas à sexualidade

humana.

Entendo que a sexualidade é um tema sobre o qual o ser humano, de uma

maneira geral, na construção sócio-histórico-cultural da sociedade ocidental cristã,

foi proibido de discutir emancipatória e conscientemente. Com essa redução esse

ser humano está empobrecido, tem seus direitos expropriados, inclusive na

dimensão da sexualidade. E é na luta contra essa redução que o site continua.

Mas, enquanto buscava um fio condutor mais central para este trabalho tentava

perceber o nexo em estar com um trabalho voltado para a emancipação e


10

esclarecimento de uma parcela muito privilegiada de nossa sociedade – a parcela

que tem acesso a uma mídia mediatizadora global – a Internet.

Perguntei-me algumas vezes: até que ponto há a necessidade de possibilitar às

pessoas com orientação sexual distinta daquela estabelecida pelo poder

hegemônico como “normal” e “natural”, as ferramentas22, através do instrumento23

chamado computador, que possibilita acesso a Internet para que possam interpretar

a sociedade em que vivem, os mecanismos que agem, as relações de poder que se

estabelecem, enfim? Haveria a necessidade de uma afirmação da identidade GLBT

em nossa sociedade?

E ainda, haveria a necessidade dessa atividade que justificasse a minha

hipótese dos Direitos Sexuais como Direitos Humanos como se eles assim já não o

fossem? Isso não funcionaria exatamente ao contrário do que esperava, ou seja, ao

reapresentar o que me parecia óbvio, não estaria fragmentando ainda mais o

entendimento do global, ou seja, que Direitos Humanos são para todos e todas e

que o diferente, o estranho, o “não-hegemônico”, o “não-natural”, o “não-normal”, ou

seja, a diversidade sexual, é própria da humanidade?

Foi nesta caminhada que encontrei mais um cúmplice, Dermeval Saviani, que

em seu livro – Escola e Democracia -, trata da Teoria da Curvatura da Vara. Mas,

afinal, o que significa isso? Saviani explica-a da seguinte maneira, na página 37:

22
Entenda-se ferramenta, aqui no sentido vygotskyano de mediação simbólica. Para mais informações recomendo
a leitura de Marta Khol de Oliveira – Vygotstky – Aprendizado e desenvolvimento. Um processo sócio-histórico
(1999, p.25).
23
Rabardel (2003) pensa “instrumento” como algo antropotécnico, ou seja, pensados ou concebidos em função
do ser humano (antropocêntrico) e inclusive propõe a substituição do termo “artefato” por “instrumento” devido
às múltiplas possibilidades de relacionamento com o mesmo.
11

“Conforme Althusser (1977, pp.136-138), ela foi enunciada por Lênin ao ser
criticado por assumir posições extremistas e radicais. Lênin responde o
seguinte: quando a vara está torta, ela fica curva de um lado e se você
quiser endireitá-la, não basta colocá-la na posição correta. É preciso curvá-
la para o lado oposto”.

Talvez este seja o momento de “curvar a vara” para o lado oposto na questão

dos Direitos Sexuais como Direitos Humanos e essa teoria deve me acompanhar

nos meus objetivos. Portanto, elejo como área temática do trabalho a relação entre

educação e sexualidade e como recorte específico a questão da mídia Internet e sua

possível contribuição para uma proposta de educação sexual emancipatória.

A partir da questão problematizadora central: quais as possibilidades da Internet

colaborar para a reflexão sobre educação sexual, direitos sexuais e humanos e de

um site especializado, ainda que com acesso limitado a poucas pessoas, possa ser

uma mídia que possibilite uma reflexão crítica, emancipatória e libertadora por parte

de seus (suas) usuários (as)? defino meu objetivo geral: investigar essas

possibilidades.

Nessa mesma linha, tornam-se objetivos específicos da pesquisa:

- Desafiar os (as) freqüentadores (as) do site a exporem o entendimento que têm

sobre Direitos Sexuais como Direitos Humanos.

- Levantar indicadores da compreensão dos pesquisados e pesquisadas sobre a

relação entre os Direitos Sexuais como Direitos Humanos.

- Aperfeiçoar o site a partir dos resultados da pesquisa, numa linha

emancipatória.
12

Como caminho metodológico opto por realizar uma pesquisa de cunho

qualitativo numa abordagem dialética. Serão executadas as seguintes etapas neste

trabalho:

- Revisão bibliográfica sobre temas centrais necessários ao trabalho: educação,

sexualidade, poder e Internet virtual, pelo www.glssite.net, com a finalidade de saber

qual o entendimento que seus (as) usuários (as) têm sobre Direitos Sexuais como

Direitos Humanos.

- Análise dos dados através da Análise de Conteúdo de Bardin (1977).

- Elaboração de propostas pedagógicas para aperfeiçoamento do site e de

outros instrumentos de mídia.

Como já afirmei anteriormente tenho como cúmplices preferenciais neste

trabalho como Jüngen Habermas, Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno, Karl Marx,

Lev Semenovich Vygotsky, Michel Foucault, dentre outros. Dialogando com eles

defino a seguir as categorias que são fundamentais neste trabalho no seu ponto de

partida.

Quanto ao caminho metodológico, começo pela categoria Construto Cultural /

Construção Cultural: estes termos significam que todo o conhecimento é uma

produção histórico-cultural, devidamente localizada no tempo e no espaço, como

bem deixaram claro Marx e Vygotsky. Não se trata pura e meramente do termo –

construtivismo - que vamos encontrar em Gaston Bachelard, considerado o pai da

epistemologia contemporânea, por exemplo, mas, no sentido “da dialética das

relações entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido (mundo exterior)”, como

encontramos em (JAPIASSU ,1996, p.53).


13

Conforme Triviños (1987)

“O Materialismo dialético apóia-se na ciência para configurar sua concepção


do mundo. Resumidamente, podemos dizer que o materialismo dialético
reconhece como essência do mundo a matéria que, de acordo comas leis
do movimento, se transforma, que a matéria é anterior à consciência e que
a realidade objetiva e suas leis são cognoscíveis. Estas leis básicas
caracterizam essencialmente o materialismo dialético”.(TRIVIÑOS, 1987,
p.23).

O fato é que, as pesquisas de cunho positivistas (que surgiram com Augusto

Comte) sempre foram amarradas ao conteúdo, ao dado com outras informações.

São comparativas neste sentido e, impossibilitam uma leitura mais interpretativa das

realidades estudadas. Aliás, uma das características do positivismo é a de não

aceitar outra realidade que não sejam os fatos observáveis. Sempre estava ligada

mais ao “como” do que ao “porquê” se produzem às relações entre os fatos.

Em (JAPISASSÚ, 1996, p.71) vamos encontrar, também, a informação de que:

“[...]3. Em Hegel, a dialética é o movimento racional que nos permite superar


uma contradição. Não é um método, mas um movimento conjunto do
pensamento e do real.[...] Para pensarmos a história, diz Hegel, importa-nos
concebê-la como sucessão de momentos, cada um deles formando uma
totalidade, momento que só se apresenta opondo-se ao momento que o
precedeu: ele o nega manifestando suas insuficiências e seu caráter parcial;
e o supera na medida em que eleva estágio superior [...]. (JAPIASSÚ, 1996,
p.71).

Mais tarde, conforme Japiassú (1996), Karl Marx vai se apropriar deste conceito

de Hegel juntamente com Engels e formalizar o método dialético.

Em Triviños (1987) vamos ler a afirmação de que a dialética é a luta dos

contrários, a lei da contradição. Isto é o que norteia o meu caminho metodológico


14

nas análises de conteúdo feitas através de Bardin, para quem este tipo de análise é

“um conjunto de técnicas de análise das comunicações”.(BARDIN, 1977, p.31).

Em suma, o que pretendo dizer, numa linguagem mais coloquial é que, apesar

de a Internet estar sendo usada de forma hegemônica, ela é uma construção

humana. Alerto então para o fato de que, se é uma construção humana, existe uma

maneira de romper com ela (a hegemonia repressora), mesmo através da

disponibilização educativa e política de um site que permita uma relação dialética

não só com a temática do mesmo, mas que leve as pessoas a refletirem sobre a

própria existência da Internet e como ela vem sendo usada.

Em seguida, trabalho com a categoria Emancipatório / Emancipação: a

emancipação adota o sentido da pessoa devidamente esclarecida “quanto aos

mecanismos de alienação e de manipulação ideológica presentes no sistema, e na

revelação de verdades [...]” conforme (PUCCI, 1995, p.48). Para Adorno (op.cit.p.61)

“[...] o objetivo da educação estaria na emancipação (“Muendigkeit”), termo


que associa maioridade à autonomia da “voz ativa” (“Mund”=boca) como
momento fundamental do ser esclarecido[...]”. Num debate ocorrido na rádio
de Hessen, transmitido em 14 de abril de 1968 entre Adorno e Becker, a
temática era Educação e Emancipação. Pois, bem! Conforme ADORNO
(1995 p.169) citando Kant, a emancipação metaforicamente estaria ligado à
menoridade e maioridade, como já foi dito acima e, ele cita um breve ensaio
daquele (Kant) intitulado “Resposta à Pergunta: o que é
esclarecimento?”[...]”Esclarecimento é à saída dos homens da sua
autoculpável menoridade”.

A este propósito, tanto Adorno quanto Horkheimer explicam melhor sobre o

conceito de esclarecimento em Dialética do Esclarecimento (1985), mas não é meu

propósito me aprofundar neste quesito, neste trabalho.


15

Outra categoria que surge como ponto de partida do meu trabalho é a de

Mediação: conforme (OLIVEIRA, 1997 p.26),

“Um conceito central para a compreensão das concepções vygostkianas


sobre o funcionamento psicológico é o conceito de mediação. Mediação, em
termos genéricos, é o processo de intervenção de um elemento
intermediário numa relação; a relação deixa de ser direta para ser mediada
por esse elemento”.

O www.glssite.net é um produto multimídia, podendo ser utilizado como

instrumento de mediação, para educar, emancipar e esclarecer também quanto ao

poder.

Podemos falar numa irreversibilidade da implantação das tecnologias da

informação e comunicação – TIC nos processos educativos que irão mudar

significativamente a forma como vemos e exercemos a educação. Este processo

não diz respeito somente aos novos métodos. Também implica numa mudança

significativa em relação à quantidade e a qualidade das informações que,

mediatizadas devidamente, proporcionarão novos conhecimentos.

Neste sentido Belloni (2001, p.6) fala de uma educação voltada para a

autodidaxia, ou seja, aquela centrada no utilizador e para isso ela aponta duas

razões:

“[...] entender como funciona esta autodidaxia para adequar métodos e


estratégias de ensino; e assegurar que não se percam de vista as
finalidades maiores da educação, ou seja, formar o cidadão competente
para a vida em sociedade o que inclui a apropriação crítica e criativa de
todos os recursos técnicos à disposição desta sociedade”.
16

Ao mesmo tempo em que ressalta estes pontos ela nos faz dois

questionamentos importantes:

“Como poderá a escola contribuir para que todas as nossas crianças se


tornem utilizadoras (usuárias) criativas e críticas destas novas ferramentas e
não meras consumidoras compulsivas de representações novas de velhos
clichês? [...] Como pode a escola pública assegurar a inclusão de todos na
sociedade do conhecimento e não contribuir para a exclusão de futuros
”ciberanalfabetos” ?” (BELLONI, 2001, p.8).

E, nos apresenta sete motivos que devem nos levar a ensinar as mídias, nas

escolas, a saber:

“O consumo elevado das mídias e a saturação à qual chegamos – a


importância ideológica das mídias, notadamente através da publicidade – a
aparição de uma gestão da informação nas empresas[...] -a penetração
crescente das mídias nos processos democráticos[...] – a importância
crescente da comunicação visual e da informação em todos os campos[...] –
a expectativas dos jovens a serem formados para compreender sua
época[...] – o crescimento nacional e internacional das privatizações de
todas as tecnologias da informação[...]”.(MASTERMANN (1993) apud
BELLONI, 2001 p.10).

Para Belloni as TIC só fazem sentido se realizadas em suas duplas dimensões:

como ferramentas pedagógicas e como objetos de estudo. Conforme relata para a

UNESCO, a educação para as mídias relaciona-se diretamente com a educação

para a cidadania e democratização das oportunidades educacionais e do acesso ao

saber. Isso fica bem evidente no momento em que sabemos do sucesso das várias

formas de ensino à distância – EAD, que têm oportunizado o estudo e a atualização

para pessoas de variados segmentos da sociedade, seja por questões geográficas,

seja por questões relativas a disponibilidade de tempo.


17

Portanto, somos sujeitos que, no contexto sócio-cultural, elaboram seus próprios

signos relacionais e têm a capacidade de aprimorar as tecnologias disponíveis para

tal.

Com o surgimento do computador passamos a contar com um instrumento 24

complexo e dotado de várias ferramentas úteis, principalmente no que diz respeito

ao texto.

Com o advento das interconexões possibilitadas pela Internet, o computador

passa a juntar-se aos demais eletrodomésticos e torna-se uma ferramenta multiuso

(como se fosse um “cybercanivete” suíço) de pesquisa, socialização, estudo, etc,

onde a informação vira moeda de negociação; portanto (do ponto de vista

foulcaultiano), a informação vira poder.

Outra categoria importante, parte do meu eixo das reflexões iniciais para a

pesquisa, é a da multimídia. Nela, incluo a Internet.

E, por último, chego à categoria Poder. Uso principalmente as obras de Michel

Foucault: “Vigiar e Punir”, onde trabalhou principalmente sobre como tornar os

corpos dóceis, à base da punição e do controle através da tecnologia da disciplina

(FOUCAULT, 1987, p.161), além de tornar claro o princípio do panoptismo de

Jeremmy Benthan e “Microfísica do Poder” (FOUCAULT, 1996, p.111), em que

apresenta a idéia de “como o poder pode ser considerado explicativo da produção

dos saberes”.

Trabalho com base no entendimento de que o poder não se encontra num lugar

específico, mas ele transita entre tudo e todos. É apropriado e delegado conforme as
24
No sentido de Vygotsky, “um elemento mediador”.(OLIVEIRA. p.27).
18

conveniências. “O poder não existe [...] Na realidade, o poder é um feixe de relações

mais ou menos piramidalizado, mais ou menos coordenado” (FOUCAULT, 2001,

p.248).

Foucault não chegou a fazer uma taxionomia do poder. Ele esteve mais

preocupado em fazer um estudo semiótico25 sobre a representatividade, os

significantes e significados do poder em diversas instâncias, inclusive na

sexualidade, e que foi bem constado em sua última obra: a “História da Sexualidade”

volumes I, II e III.

Essas são as premissas básicas que me remetem à busca dos fundamentos

pedagógicos no capítulo que segue.

25
Ciência geral de todos os sistemas de signos, conforme (JAPIASSÚ, 1996, p.244).
19

CAPITULO 1

Refletindo sobre a Internet


20

A Internet pode ser considerada a mais sofisticada rede de comunicações que a

tecnologia humana já pode conceber, até o presente momento, não só pelo seu

caráter global, mas, também, multimídia26.

Nascida, inicialmente, para fins militares, ela passou a ser o elo entre as

comunidades científicas na última década e, posteriormente, passou ao domínio

público, proporcionando troca de informações e encontros virtuais entre pessoas

localizadas nos mais remotos lugares do nosso planeta, tal qual uma enorme teia,

ao redor da Terra.

Este instrumento fantástico, que utiliza milhares de quilômetros de cabos

telefônicos, rádios-transmissores e satélites é o mais novo espaço de comunicação

criado pela humanidade. Entendido por muitos como ”mundo virtual”, apresenta

gigantescas comunidades residenciais e de negócios através dos chamados

“portais”.

Nos espaços virtualizados podemos encontrar setores destinados a depósitos de

informações especializadas sob a forma de sítios (sites). Sites esses, que podem ter

várias páginas (homepages).

Neles há informações que podem tratar de vários assuntos, desde comércio

entre empresas (busines to busines), usando servidores próprios, provedores de

acesso ou shoppings virtuais, comércio entre a indústria ou revendedora com o/a

consumidor/a (business to consumer) e o peer to peer - a mais recente forma de

interação entre indústrias e/ou com revendedores/as sem a intermediação de um

provedor de acesso, onde o computador de um acessa uma parte do computador do

outro.
26
Ver glossário.
21

Sites em que você pode apresentar um currículo particular, com os dados de

uma determinada pessoa buscando por emprego.

Estes sites se prestam também, a encontros virtualizados entre duas ou mais

pessoas que, para isto, podem se utilizar de vários programas, os chamados chat

´s27, como por exemplo o programa denominado IRC28, ou ainda, as salas de bate-

papo de imensos portais, como aquelas encontradas no UOL, Terra, IG, Ibest,

Yahoo, Globo, só para citar alguns.

À medida em que os diversos sites são criados e organizados segundo os

princípios ideológicos de seus autores, a Internet acaba se constituindo num espaço

pluralmente articulado de formação e informação, regulado por relações de poder

verticalizadas e horizontalizadas.

Se de um lado as informações ideologicamente conservadoras e sectárias,

podem induzir à formação de pessoas alienadas, reforçando as posturas

preconceituosas e unilaterais, por outro, há quem acredite que a Internet possa

também estimular a cidadania plena e as mudanças sociais para um mundo mais

democrático e igualitário.

“Tapscot defende a tese de que a tecnologia assumiu definitivamente a


distribuição do conhecimento e a distribuição do poder, forçando uma
mudança radical nas relações entre o Estado e o cidadão. Excessivamente
informado e com todo o ferramental de comunicação ao alcance das mãos,
o cidadão se torna cada vez mais consciente e impaciente com a
inoperância político-burocrática dos governos, passando a agir mais
fortemente para uma mudança mais radical nesta relação” (SANTOS, 1999,
p.d2).

27
Bate papo.
28
Internet Relay Chat –sistema que permite a muitos usuários conversarem em tempo real através da Internet.
22

Portanto o mundo virtual constitui-se numa forma pela qual as pessoas

acreditam estar subvertendo o que está estabelecido, ao menos nas relações

interpessoais, uma vez que o anonimato garante o exercício pleno das exposições

dos mais profundos desejos, sejam relacionados ao amor, ao sexo, ao carinho, entre

os gêneros masculino, feminino e transgêneros, com pessoas de diferentes

orientações sexuais, geograficamente dispersas, etc.

Desta forma, ela apresenta-se não apenas como esse novo instrumento da

multimídia que pode servir aos propósitos mercantilistas e de lazer, mas também à

Educação e nela a Educação Sexual de seus usuários e usuárias e dos educadores

e educadoras sexuais, que todos e todas somos.

Entendo a sexualidade como uma construção sócio-histórico-cultural, e com

características distintas em cada sociedade. Todavia percebo que estas

características sofrem um questionamento, quando confrontadas com o paradigma29

hegemônico de sexualidade imposto pelo dito primeiro mundo ocidental cristão.

Este paradigma hegemônico está baseado em valores histórico-culturais

judáico-cristãos que prescrevem a única aceita relação heterossexual com fins

procriativos, dito “normal” e “natural”, quando são e essencializadas as funções dos

aparelhos sexuais, denominados por eles (e, em muitos livros sobre biologia e

educação sexual) como “aparelhos reprodutores”, cujo conteúdo está destituído do

direito ao prazer.

Desta forma, a ideologia por detrás do paradigma hegemônico é essencialmente

heterodominante e excludente quanto às demais formas de conjugação sexual e

29
O conceito de paradigma, aqui, é o de modelo.Um padrão. Conceito que se aproxima do de Thomas S. Kuhn,
onde paradigma é um modelo epistemológico (conhecimento).
23

afetiva. Isto, por exemplo, abre um precedente para a existência de movimentos

homofóbicos.

Sem dúvida, a importância desta pesquisa está na busca da ampliação e difusão

de conhecimentos relevantes sobre a sexualidade humana, através de um

instrumento da multimídia moderna, abrangente e eficiente (a Internet).

Um espaço, um site, que certamente se constituirá num local de permanente

consulta e discussão para educadores e educadoras sexuais, daí sua

responsabilidade.

Através dessa troca (feedback), as pessoas poderão contribuir para o

aprimoramento desse veículo de formação e informação de opiniões, visando o

exercício da cidadania plena e real e a construção de uma sociedade com mais

conhecimento e baseada nos direitos a livre expressão sexual de seus cidadãos e

cidadãs.

Lendo a introdução da dissertação de Bittencourt (1999, p.8) , encontro a

seguinte afirmativa:

“Com grande crescimento do potencial interativo introduzido pela Internet, e


levando em conta a educação como um todo, a modalidade educação a
distância transformou-se em com uma excelente alternativa, pois além de
atender um grande número de pessoas que estão dispersas
geograficamente, e conseguir atender aos anseios do sistema educacional
convencional, através da EaD é possível desenvolver nos indivíduos
participantes,o nível de consciência capaz de dar possibilidades de refletir e
transformar a sociedade.”

É também desse autor a constatação de que:

“Com a expansão das Redes de Computadores e, principalmente com o


advento da Internet surgiu a Comunicação Mediada por Computador (CMC
24

– Computer Mediated Communication). Segundo Lohuis apud Otsuka


(1996) , CMC é qualquer sistema capaz de apresentar e/ou transportar
informações de um computador para uma pessoa ou de pessoa para
pessoa e por meio dos computadores. A CMC possibilitou uma
comunicação muito mais rápida, intensa e eficiente, e introduziu um grande
número de novos recursos, provendo o maior enriquecimento das
comunicações.”

Nesse momento percebo que não posso falar sobre a temática educação,

sexualidade e Internet sem falar também sobre a reprodução, no mundo virtual da

exclusão que ocorre no plano do mundo dito real.

O economista, empresário, o escritor e estudioso da World Wide Web, Jack, deu

uma entrevista para o repórter André Borges da revista Internet Business ( 2002,

p.58), onde diz:

“IB - vamos falar um pouco do acesso à rede e, que ainda se restringe algo
em torno de 7% da população. As ações de popularização da Internet,
promovidas pelo governo e o setor privado, estão no caminho certo?
London - sobre este assunto temos uma primeira questão, que deve ser
melhor esclarecida. Trata-se da chamada exclusão digital, que é muito
debatida, mas da qual tenho uma visão diferente da usual. Sabemos que a
força da Internet é tamanha e que penetra na vida do cidadão de tal maneira
que traz, consigo, a discussão sobre os limites e a sua inserção social.

E, continua:

Como temos 11 milhões de usuários, logo se conclui que há uma exclusão


social e, como se isso fosse um calcanhar de Aquiles da Internet ou um
equívoco da organização da rede como instrumento econômico e que
pudesse colocá-la em xeque. Temos 7 milhões de assinantes de jornais
diários no Brasil, menos de 3 milhões de assinantes de revistas. Sabe
quantos usuários a TV a cabo tem? Quatro milhões. E quando se discute a
questão da imprensa, você não ouve falar em que exclusão de mídia
impressa e o do cabo. Isto quer dizer que o fenômeno não é digital, mas
social, do conhecimento. A Internet foi o veículo que conseguiu, no mais
curto espaço de tempo, chegar a menor exclusão. O que deve ser discutido
é a exclusão do conhecimento a, que não é limitada pela Web, mas por uma
questão da organização da sociedade como um todo.“
25

Tudo isso me leva a perceber e destacar, registrando a importância mediadora

da Internet, seja para incluir ou excluir pessoas, seja qual for a abordagem, o

currículo oculto, desse processo.

Reflexões sobre mediação

Criar um site voltado à Educação Sexual não é tão simples como parece ser. Há

muito mais fatores envolvidos do que apenas a parte técnica relativa às tecnologias,

os hardwares30, softwares31, linguagens de programação e escrita HTML.32 O site

deve servir como um instrumento que remeta à uma reflexão permanente por parte

de seus usuários e usuárias. Ele deve proporcionar cada vez mais uma mediação

necessária a uma compreensão cada vez mais aprofundada de conceitos que

devem ser abstraídos.

Conforme o pensamento de Rabardel (2003), na medida em que vou me

apropriando dos objetos, vou modificando minha forma de pensar. Isso quer dizer

que, na medida em que as pessoas vão se “apropriando” de um site emancipatório

tal qual o www.glssite, há grande possibilidade de elas mudarem suas formas de

pensar. E, à medida que me aproprio de algo, modifico a própria ferramenta,

principalmente por conta da mediação que estabeleço com ela.

Mas afinal, o que seria essa mediação?

À luz de Vygotsky (1997), em termos genéricos, mediação é o processo de

intervenção de um elemento intermediário numa relação: a relação deixa, então de

30
Parte física de um computador - material eletrônico, monitor, periféricos, placas etc.
31
Sistema de processamento de dados de um computador. Programa de computador.
32
HypertText Mark-Up Language - Marcador de Hipertexto. É a linguagem usada para escrever um documento
World Wide Web.
26

ser direta e passa a ser mediada por esse elemento. Ao invés de ser só estímulo e

respostas, tem um elo de ligação. O mediador é quem ajuda a concretizar um

desenvolvimento que a pessoa ainda não atinge sozinha. Assim, na escola

professores e professoras, os (as) colegas mais experientes são os (as) principais

mediadores.

Conforme Morgado (1998).

“Um dos conceitos mais úteis e importantes de Vygotsky (1974) para esse
domínio é a zona de desenvolvimento potencial. O autor procura explicar a
distância entre o nível de desempenho atual das crianças e que aquilo que
ela não é capaz de fazer sozinho, mas que pode realizar com o apoio de um
colega ou de um adulto. A aprendizagem, quando ocorre, situa-se nessa
zona.

E continua o autor relembrando:

Pode-se afirmar que, em parte contrariando Piaget (1977), para quem a


aprendizagem deve seguir o desenvolvimento, para Vygotsky é a
aprendizagem que promove o desenvolvimento, ao intervir e estimular
exatamente na zona de desenvolvimento potencial [...] Esse autor defende
que a “interação social ela é a origem e o motor da aprendizagem e do
desenvolvimento intelectual” [...] a interação social é o “ponto de partida de
uma condenação cognitiva cujos efeitos se manifestam posteriormente nas
produções individuais”.

O site e todos os seus elementos caracteriza-se sempre como instrumento de

mediação, seja para a emancipação, ou não! Instrumento33 aqui entendido como um

Elemento que é interposto entre usuários (as) e o conteúdo, ou seja, é a

interface34 que amplia as possibilidades de reflexão.

A Internet (e nela o www.glssite.net) um instrumento do mediador ou mediadora.

33
No sentido de Pierre Rabardel (2003), “Proponemos um modelo que sitúa al instrumento como tercer pólo
entre el sujeto y el objeto (em el sentido filosófico del termino.”
34
Meio através do qual o usuário de computador interage com um programa, o sistema operacional.
27

No caso do educador ou educadora, em sua relação com usuários e usuárias do

Glssite.net; e entre os usuários e usuárias, relacionando-se entre si, ele torna-se

uma excelente ferramenta de pesquisa e construção do saber.

Na realidade, partindo do pressuposto de que, neste momento histórico, a

Internet e nela o www.glssite.net, é parte integrante da mídia de massa (mass

media35) sendo um nicho constituído de um pequeno número de pessoas

privilegiadas economicamente, todos (as) os (as) esses (as) usuários (as) são

sempre, e cada vez mais, educadores (as) e educandos (as) uns dos outros e

portanto, todos (as) sempre mediadores (ras), assim como busca ser mediadora na

perspectiva emancipatória a proposta pedagógica do construtor do site

www.glssite.net.

E qual seria essa base pedagógica? Busca-se no site trabalhar e propor

conteúdos voltados inicialmente à crítica à tradição racionalista proposta pelo

materialismo histórico, ampliada pela Teoria Crítica.

Teoria Crítica e o Direito a Informação – Mass Media, Alienação, Mediação.

O Materialismo Histórico é teoria formulada por Karl Marx (1818-1883) que

busca tecer uma crítica à tradição racionalista. Todavia, entendo que essa teoria não

deu conta de explicar toda a sociedade e as relações humanas presentes nela, pois

estava centrada, na época, na questão material da sociedade e na estrutura

econômica das mesmas.

Já, como vimos, a Teoria Crítica, surgida a partir dos anos 30, através de

pensadores tais como Max Horkheimer e Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno e,


35
Para Houais (2001) é o conjunto dos meios de comunicação de massa (jornal, rádio, televisão, etc.).
28

posteriormente, Jüngen Habermas, dentre outros, busca dar ênfase à concepção

materialista da história, mas usando para isso também a dimensão cultural.

Entendo que a dimensão que hoje mais se aproxima das tendências atuais na

teorização educacional crítica é exatamente a dimensão cultural, que tem como

metas a busca do real além dos fatos, a denúncia dos totalitarismos, o

desmascaramento das manipulações ideológicas, a busca da autonomia do homem

e da mulher, e a libertação da humanidade da ignorância.

Ao fazê-lo, a Teoria Crítica propõe desencadear a auto-reflexão, levando os

agentes sociais a saírem da condição de “objeto” e a colocarem-se como “sujeitos”

do processo educacional. Essa perspectiva foi e continua sendo fundamental para a

criação e manutenção pedagógica do site de Educação Sexual.

Também Chomsky e Dieterich (1999, p.211), ao tratarem do tema “socialização

no ciberespaço”, categorizam os indivíduos atingidos pelas mass media,

principalmente a televisão:

“Para este exército industrial de reserva e o crescente exército de pessoas e


lumpenizadas, a ”educação“ fica nas mãos da televisão é a função dos
meios de comunicações audiovisuais impedir que a crescente desintegração
familiar, a fracassada socialização escolar, a crescente violência se viu e as
conseqüências pessoais que resultam do desemprego estrutural e da
reprodução atrofiados, gerem com um potencial desestabilizador
incontrolável para o regime.

E prossegue dizendo que:

No seu clássico ensaio (afirmativo) sobre necessária doutrinação das


massas na democracia liberal, Edward L. Bernays define os meios de
comunicação de massa como” portas abertas à mente pública “(open doors
to the public mind), que devem ser utilizadas para a ”fabricação do
consenso” - em benefício da classe dominante [...] Hoje, estas portas estão
abertas em nível mundial, e as transnacionais da imagem entram por elas
como se estivessem em sua própria casa, implantando a ”verdadeira
29

essência do processo democrático” até no último o rincão do submundo


capitalista.”“.

Para os autores acima citados, desde a década de 80, nós estamos vivenciando

a quarta revolução informático-cultural da época moderna, tendo sido a mesma

precedida pela invenção da imprensa, em 1445, que gerou uma cultura escrita

universal para uma elite informativa; depois o emprego do rádio, nos anos 20 do

século XX, fez aparecer uma cultura auditiva de massas, seguida pela evolução

comunicativa das imagens da televisão e nos anos 50.

A quarta revolução, para Chomsky e Dieterich (1999) “Teve por base o uso

massivo dos computadores, a partir da década de 80, e atualmente estamos vivendo

a revolução da multimídia”.

Em seguida, definem:

“Por ”multimídia” entende-se a convergência das funções do telefone, da


televisão e do computador numa só tecnologia, o que permite a
comunicação instantânea mediante a transmissão de imagens, dados e
vozes (grifo meu). Com este o último desenvolvimento, está-se criando a
cultura cibernética, que a primeira cultura realmente universal na história do
homem.“(p.216).

A seguir, também fazem a seguinte comparação:

“Trata-se de um verdadeiro sistema neurológico mundial - uma gigantesca


rede de transmissores e receptores que interage, e mediante agentes”
neurotransmissores “eletrônicos -, que permite o ser humano comunicar-se
em tempo e espaço do real à semelhança do cérebro humano, cuja rede de
mais de 100 bilhões de neurônios transmite informação por meio de
neurotransmissores químicos”.(p.217).

Finalizam, afirmando:
30

“Enquanto as bases tecnológicas o do ciberespaço são uma digitalização ( a


elaboração da informação em forma binária ) e a multimídia, seu enorme
potencial de doutrinação a capacidade de criar um mundo novo, próprio e
global: a realidade virtual. Este é um sonho de controle ideológico, por que o
novo mundo global está sendo criado a imagem de um punhado de
empresas transnacionais e, que operam longe de qualquer controle
democrático das maiorias que constituem o objeto da sua atividade.”
(p.216-217).

De forma profética, ambos autores afirmam que o ciberespaço36 será dicotômico

e se constituirá de duas dimensões, sendo uma voltada para a elite (como banco de

dados, jornais, informação econômica, conferências de especialistas etc.) e outra

para a doutrinação das massas.

Portanto está o ciberespaço também “minado” pela questão do poder.

Conceito de Poder – a Internet sob a Ótica de Foucault

Ao dialogar com Michel Foucault aprendi que o poder emana de tudo e de todos.

Ele (o poder) não tem uma direção, não é linear, mas constitui e é constituído. Isto

equivale a dizer que o poder como tal pode ser exercido através de múltiplas

linguagens e signos.

O poder pode ser delegado, apreendido; às vezes é sutil e subliminar. Na

Internet encontramos o poder tanto na esfera dos discursos, que impregnam os

hipertextos bem como nos signos, nos fetiches “pixelizados”37 que demandam o

consumo em esfera global.

36
Espaço cibernético, máquinas movidas a programas utilizadas por pessoas.
37
Pixel . [Ingl., derivado de picture element, 'elemento de imagem', < pix [pl. de pic, abrev. de picture] +
el(ement).] S. m. Inform. 1. A menor unidade gráfica de uma imagem matricial, e que só pode assumir uma
única cor por vez. [É o tamanho ou extensão do pixel que determina o grau de resolução da imagem: quanto
menor for aquele, maior será esta.].
31

Aqueles (as) que acreditam estar subvertendo as identidades civis, “enganando”

a Internet, essa potencialidade incorpórea, portanto, virtual, através de um codinome

qualquer, um nick (um apelido), “hackeando”38 sites, estão tremendamente

enganados. Todos (as) têm uma função específica, que é a de reproduzir

virtualmente o que é, no mundo tangível, real.

A internet, como instrumento, é muito mais poderosa do que se pensa. Afinal de

contas, como cita Weininger (2001, p.1), em seu trabalho: “O uso da Internet para

fins educativos”:

"[...] a Internet não deve ser apenas encarada como milhões de


computadores, cujos recursos podem ser compartilhados, e sim como os
milhões de seres humanos atrás das telas e dos teclados: cientistas,
professores, alunos e pais, que podem entrar em contato como pessoas,
fazer perguntas ou respondê-las, discutir, trocar informações e dicas,
colocar opiniões, divulgar informações e muito mais, independentemente do
tempo e do espaço.”

Trazendo o discurso ao foco deste trabalho, a questão que se coloca é: é

possível se apropriar deste espaço virtual para fazer contraposto ao que está

estabelecido e que faz a manutenção do estado atual das coisas, o “status qüo?”.

Minha reflexão admite duas respostas: sim e não. Se num primeiro momento

posso trabalhar num contexto de produzir informações que vão gerar conhecimentos

de cunhos emancipatórios e libertadores, que podem ser alcançados por qualquer

pessoa localizada geopoliticamente em qualquer canto deste planeta, isto é,

proporcionar uma educação emancipatória que pode ser socializada em escala

planetária, por outro lado não posso me esquecer do custo financeiro, direto ou

indireto, que esta atividade implica.

38
Hackers são programadores que invadem sites para demonstrar a fragilidade do sistema de segurança.
32

De uma maneira mais simples, posso produzir informações a partir de minha

residência e arcar com as despesas financeiras que isto implica ou de uma

instituição pública quando, no final das contas, vou descobrir que faço parte dos (as)

contribuintes que pagam os impostos que custeiam a rede de Internet daquela

mesma instituição. Não há escapatória.

Frente ao exposto, enquanto falo das possibilidades de uma educação

emancipatória através desta nova multimídia para os (as) “ciberincluídos”, o que

fazer com a grande parcela de “ciberexcluídos” vítimas das outras facetas da mass

media?

Esta é uma interrogação que me leva a reflexão de que devemos ter em mente

também a questão da alienação, a descontextualização a que somos reintegrados

(as) consecutivamente para que não possamos abstrair a realidade da mesmice que

muitos (as) de nós vivemos. E, a partir deste ponto, reflito sobre as possibilidades de

resgate de nossos direitos, de nossa cidadania.


33

CAPITULO 2
34

De acordo com o site www.oestado.com.br, de 29 de junho de 2000 um

documento da ONU - Organização das Nações Unidas informa que milhões de

pessoas vivem sem direitos.

Conforme o jornalista Rolf Kuntz, do referido jornal:

"O mundo encerra o século 20 carregando problemas do século 19, com 1,2
bilhão de pessoas vivendo com menos de US$ 1 por dia, mais de 1 bilhão
sem acesso a água limpa no mundo subdesenvolvido, 2,4 bilhões sem
saneamento, 790 milhões de indivíduos subnutridos, 100 milhões de
crianças morando ou trabalhando nas ruas e, como novidade, 34 milhões de
infectados com HIV. O ódio racial, religioso e contra minorias sexuais
continua provocando violência." (2001).

Mais adiante, ele continua comentando o fato e faz uma interrogação: "Esses

números são tratados no relatório como negações dos direitos humanos, tais como

definidos em documentos assinados por governos da maior parte dos países. Como

cobrar a efetivação desses direitos”?

Este documento aponta para três dificuldades essenciais a serem tratadas

imediatamente. A segunda delas nos chama a atenção:

"2) Falhas de jurisdição - os mecanismos de efetivação dos direitos


humanos são fracos, enquanto os acordos comerciais são sustentados por
meios de imposição. Daí as pressões para inclusão dos direitos nos acordos
de comércio. Também as empresas transnacionais "podem ter enorme
impacto nos direitos humanos", afirma o relatório, mas as leis internacionais
se aplicam a Estados, não a corporações. Se algumas delas adotaram
códigos em relação ao problema, foi por sua iniciativa ou em resposta a
pressões."

Neste particular, percebo que os direitos humanos viraram moedas a serem

negociadas fora da jurisdição da ONU e, "moedas", no sentido que está se


35

colocando aqui, é mesmo no sentido mercantil. Obviamente, no sentido

foulcaultiano, para muitas pessoas, direitos humanos e poder financeiro podem até

se equiparar.

Reafirmo que tanto na esfera econômica como no campo do direito humano há

relações de poder e, são estas relações de poder que acabam se tornando o fio

condutor central, em muitas circunstâncias.

Sigo buscando então o esclarecimento se é possível, e como essa rede da qual

procuramos nos apropriar, a Internet, pode promover uma possível educação

emancipatória. Digo "possível", não porque os instrumentos podem não estar lá; as

informações podem não estar, por um motivo ou outro, mas sim porque pode

acontecer de “tudo” estar lá e a pessoa optar simplesmente pelo oposto, mesmo

com o esclarecimento.

Em 2001, um documento encaminhando a VI Conferência Nacional dos Direitos

Humanos expedida pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados,

em 05 de junho de 2001, intitulado “Conferência Aprova Ações contra Impunidade e

Propõe Sistema de Proteção dos Direitos”, já dava o tom e a palavra-chave a ser

perseguida na luta por inclusividade e reconhecimento de que ninguém pode ser

discriminado(a) com base em sua orientação sexual.

A impunidade sempre esteve ligada historicamente às questões de Direitos

Humanos em quase todos os 19339 países neste nosso planeta. E, foi neste sentido
39
Uma pergunta sobre geografia muito freqüente é "Quantos Países existem no mundo?". A quantidade de números
diferentes que se ouve ou se lê é inacreditável, pois a maioria das fontes utiliza critérios diferentes do que os que
realmente identificam um País. Dependendo da fonte, encontraremos como resposta 189, 191, 192 ou 193 países
independentes no mundo. Sabemos que existiam 189 países membros das Nações Unidas, até 03 de março de 2002
(hoje são 191 países membros). Por isso, o número 189 é muito usado para representar a quantidade de países no
mundo. Embora este número represente quase todos os países no mundo, há ainda dois países (Taiwan e Vaticano)
que são independentes e que não são membros da ONU. Neste momento chegaríamos a 191 + 2 = 193 (Fonte:
Disponível em <http://tsf.sapo.pt/online/forum/interior.asp?id_artigo=TSF113476&seccao=&id_comment=489550>,
acessado em 06/11/03) ou disponível em <http://geography.about.com/library/weekly/aa091399.htm>, acessado em
36

que a comunidade científica na área da sexualidade devidamente articulada com a

comunidade civil - leia-se ONG´s - Organizações Não-Governamentais e militantes

autônomos de outras áreas, começaram a pensar na elaboração de um documento

de cunho "afirmativo e identitário".

O próprio Plano Nacional de Direitos Humanos (Brasil) – PNDHU, faz

propositura de emenda à Constituição Federal para incluir a garantia do

direito à livre orientação sexual e a proibição da discriminação por

orientação sexual, conforme o anexo 1.

Já em 1997 surge a Declaração de Valência/Espanha sobre os Direitos Sexuais,

em 29 de julho de 1997 (anexo 2) durante o XIII Congresso Mundial de Sexologia

“Sexualidade e Direitos Humanos”. Mais tarde, no congresso seguinte da WAS -

World Association for Sexology - Congresso Mundial de Sexologia, em sua edição

XV,ocorrido em Hong Kong (CHINA), entre 23 e 27 de agosto de 1999, a

Assembléia Geral aprovou as emendas para a Declaração de Direitos Sexuais,

decidida em Valência e promulgou-a durante o evento, divulgando-o mundialmente

desde então (anexo 3).

Essa Declaração hoje percorre o planeta, como um libelo de defesa desses

direitos.

Mas apesar do fato de até a Constituição da República Brasileira elencar, dentre

os princípios fundamentais, a dignidade do ser humano e em seu artigo 5º citar que

“todos são iguais perante a lei”, devendo isso ser entendido e observado

obrigatoriamente não só pelos “órgãos que aplicam o direito”, mas também na

“formulação do direito”, na realidade, isto não se tornou realidade.


06/11/03.
37

Todos os dias os direitos humanos, e neles os sexuais, vêm sendo aviltados em

nosso país, apesar das diretrizes constitucionais e o novo código civil. Como o meu

recorte epistemológico é essencialmente sobre as minorias sexuais e, dentre estas,

como ponto de partida para o site, as pessoas GLBT´s, há que registrar que para

elas, há muito tempo, há mais deveres que direitos e por isso o caráter afirmativo

dos onze pontos dos Direitos Sexuais, formulados pela comunidade científica –

WAS, tem um peso político imenso junto a essa parcela da comunidade.

Em abril de 2003 o Brasil tentou incluir através de uma proposta de revisão a

questão da Orientação Sexual no que tange a Declaração Universal dos Direitos

Humanos (anexo 4), junto a ONU e foi vencido no que até, para alguns, foi

denunciado como uma manobra política de cristãos e muçulmanos fundamentalistas

essencialistas (cristãos e muçulmanos crêem que o sexo exista apenas para a

reprodução. Para esses, o prazer carnal está num patamar inferior à espiritualidade

e à transcendência.). Portanto, nessa visão, culturas que aceitam o prazer pelo

prazer são geralmente entendidas como inferiores.

Mas, felizmente, muitos países estão mudando sua mentalidade e adequando-

se às necessidades e aos anseios de seus cidadãos e cidadãs, incluindo aí também

a questão dos GLBT´s.

Mas, quem são afinal esses cidadãos e cidadãs? Como resgatar seus direitos?

Como buscar emancipação para todos e todas os/as cidadãos/cidadãs no mundo e

garantir que os direitos sexuais sejam finalmente entendidos e desvelados como

parte indissociável dos direitos humanos?


38

Reflexões sobre Direitos Humanos e a Constituição Brasileira

Na busca desses direitos empreendi uma pequena revisão da Constituição

Brasileira, mais especificamente naqueles capítulos ou parágrafos que dizem

respeito aos Direitos Humanos.

Sobre a questão dos Direitos Humanos no panorama legal do Brasil, a

Constituição da República Brasileira elenca, dentre os princípios fundamentais, a

dignidade do ser humano e em seu artigo quinto (5º) cita que todos são iguais

perante a lei.

Sublinhei (literalmente) alguns aspectos de nossa Constituição Federal, que não

se encontram em consonância com a Declaração Universal dos Direitos Humanos,

ao mesmo tempo se configuram em categorias exemplares para outros trabalhos

científicos que queiram fazer a leitura da Lei sob a ótica da exclusão social, exclusão

sexual, exclusão de gênero e por orientação sexual, conforme Warken e Warken

(2003, p.9)

“Algumas palavras, estrategicamente colocadas, ou, simplesmente


registradas de qualquer forma, levam a interpretações diferentes. Tal fato
também nos reconduz ao aspecto educacional como ponto basilar da
replicação da exclusão”.

Conforme os autores, constatações óbvias podem ser feitas: a democracia

expressa na Carta Magna é alvo de medidas provisórias e tropeços interpretativos.

O direito, quando acessível pelo cidadão e cidadã que o busca, possui um

contraponto na morosidade burocrática de sua prática.


39

O bem-estar da população tem dificuldades no que tange as questões relativas a

seguridade social, a inacessibilidade a um plano de saúde terceirizado que

contemple todas as pessoas ficando a cargo da exploração comercial. A liberdade

encontra um poder paralelo demandado pela criminalidade, em especial o

narcotráfico. A igualdade é um disparate. O menor trabalhador que tenta ajudar em

casa não tem guarida na própria Consolidação das Leis do Trabalho – CLT;

mulheres continuam ganhando subsalários cumprindo as mesmas tarefas e, em

muitas vezes, enfrentando jornada dupla de trabalho. A questão das aposentadorias

é sobejamente conhecida por todos (as), em seus tropeços.

A noção de família está dispersa, mas é mal delineada no Código Civil, que não

permite, dentre outras coisas, que casais de pessoas de mesmo sexo possam

efetivar uma adoção em conjunto, já avisava a página 33 do jornal Diário

Catarinense, de 19 de janeiro de 2003: “DIREITOS HUMANOS – Direitos foram

ignorados na nova lei e especialistas consideram a falha um retrocesso –

Homossexuais Foras do Código Civil”.

A única possibilidade é a adoção por uma das partes, já que a noção de família

está ligada a noção casal e este deve ser constituído por pessoas de sexos

diferentes, favorecendo esse entendimento às pessoas heterossexuais. O pluralismo

é apenas um adjetivo democrático, que também encontra dificuldade em ser

expresso pelos próprios artifícios legislados.

Portanto um país sem preconceito é um sonho ainda distante de se tornar

realidade, pois as desigualdades sociais são imensas.


40

A dignidade da pessoa humana (uma redundância sem explicação, ou existe

pessoa não-humana?) é o alvo preferido de todo um intrincado de aberrações legais,

que, ao contrário, deixam qualquer pessoa indignada, pois o estado não dá conta de

coisas tão essenciais como saúde, educação, saneamento básico, água, luz,

trabalho, etc.

Conforme Warken e Warken (2003, p.10),

“No Art. 3º, onde são expressos os objetivos fundamentais da República,


foram destacados os incisos I e IV, onde o primeiro estabelece a construção
de uma livre, justa e solidária, e, no segundo, a promoção do bem de
todos, além de afastar diversos preconceitos, estando dentre eles o de
sexo. Neste, incluímos a preconceitualidade relativa a orientação sexual e
não só os aspectos que permeiam a existência social de homens e
mulheres, onde observam-se as conquistas das mulheres em alguns
campos e da consciência da existência de um contingente homossexual que
deve ser respeitado. Naquele, onde a liberdade, a justiça e a solidariedade
são evidenciados, torna-se clara a necessidade de todos revitalizarem tais
valores através de mecanismos capazes de torná-los inatacáveis.”

E terminam os autores sugerindo:

”A redação dada ao Art. 5º, poderia ter ponto final antecipado, deixando
dizer que: todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, pois ao ir mais longe como foi, começou, já mesmo, a estabelecer
as desigualdades em relação ao que não se encontra ali descrito como
garantia”.

Mais recentemente, o Estado de Santa Catarina promulgou a Lei º 12.574, de 04

de abril de 2003 e impressa no Diário Oficial do estado em 07 de abril de 2003

(anexo 5) que dispõe sobre as penalidades a serem aplicadas à prática de

discriminação em razão de orientação sexual contra Gays, Lésbicas e

Transgêneros, um marco na defesa dos direitos sexuais como direitos humanos.


41

Contextualizando um pouco a caminhada que veio resultar na promulgação

dessa Lei, há que registrar que todo o texto da mesma, assim como o discurso da

então deputada Ideli Salvati-PT e o documento apresentado às bancadas foram

subsidiados por não-militantes do Partido dos Trabalhadores, juntamente com

associados da então Deputada. Coube a mim a elaboração da justificativa

embasada de forma histórico-científica e a outros (as) participantes, a elaboração de

um texto de cunho jornalístico bem elaborado.

O texto foi aprovado por unanimidade! Posteriormente foi impugnado pelo então

governador Esperidião Amin Helou Filho na passagem de seu mandato para o

governador eleito, Luiz Henrique da Silveira. Desta feita, com a bancada renovada, a

Assembléia Legislativa de Santa Catarina, instaurou uma Comissão de Justiça e

Cidadania para rever o caso da Proposta de Lei anti-homofóbica de autoria da então

Deputada Ideli Salvati, e em tempo hábil, os endereços de e-mail dos componentes

da Comissão foram disponibilizados na homepage da Assembléia Legislativa de

Santa Catarina. Sabedores disso iniciamos uma campanha na Internet juntamente

com um pequeno grupo publicando uma explicação do caso no www.glssite.net e no

site www.fervo.com.br , também colaborador, quando também emitimos e-mails para

todas as pessoas possíveis para que enviassem outros e-mails aos participantes da

Comissão de Justiça e Cidadania pedindo a derrubada do veto do ex-governador.

Foi um movimento intenso e muito participativo na busca de um instrumento de

resgate, incisivamente, o direito a livre orientação sexual.

Terminados os trabalhos, a Comissão aprovou a derrubada do veto por

unanimidade e Santa Catarina conta hoje com uma lei anti-homofóbica contra

quaisquer atitudes baseada na orientação sexual do indivíduo.


42

Agora que pretendo ter deixado mais clara minha busca de alguns dos

fundamentos pedagógicos necessários para a investigação, com a necessária

revisão de literatura, parto então para o palco da pesquisa: o encontro virtual com

a/a outro/a.
43

CAPITULO 3

O Encontro Virtual com o outro: o cenário da pesquisa


44

Novamente, nesse tempo de revisão teórica, várias mudanças continuaram

ocorrendo também no site. Hoje, o GLSSITE.NET passou a consubstanciar-se de

um site voltado para a Educação Sexual, e nela também para um site de militância

pelos Direitos Humanos e, mais especificamente, pelos Direitos Sexuais40.

A seguir apresentarei sinteticamente a estrutura do mesmo para facilitar a

compreensão da minha proposta atual de trabalho (Fig. 04).

Quadro (frame) menu 2 do site – É


fixo.Contém identificações do site e
janela para navegação (links).

Coluna lateral esquerda – aqui


estão links para informações gerais

Coluna Central – aqui estão


informações comentadas com links

Coluna Direita – aqui ficam os


acessos para links específicos em
Direito Humano, Direito Sexuais e
Educação Sexual.

Fig.04
Quadro (frame) principal. Todas as vezes que um link é acionado em algum
frame (quadro) a informação solicitada irá aparecer neste grande espaço
tracejado em vermelho. É uma espécie de quadro móvel.Se a pessoa desejar
voltar ao quadro anterior, basta clicar no botão correspondente a voltar, no
navegador

A seguir pode ser visualizado como é a homepage do site, ou seja, a página de

entrada, visualizada através de um navegador. É a partir dela que todas as demais

40
Direitos Sexuais – Conjunto de 11 preceitos formulados durante os Congressos Mundiais de Sexologia da
World Association for Sexology (Vide anexos).
45

páginas abrirão, conforme já foi ilustrado no esquema acima. Perceba que, na

realidade, isso não existe se não na forma de códigos HTML.

Poderia elencar os códigos HTML´s, dar alguns exemplos apenas para que o

leitor e leitora se familiarizassem com o fato de que, nem tudo o que vêem na

Internet é o que parece ser, a não ser, um amontoado de códigos que virtualmente

dão a impressão de ser algo, mas não é, mas este não é o propósito aqui.

O que fiz nada mais foi que me apropriar de uma tecnologia para trabalhar com

a Educação Sexual Emancipatória.

No momento do trabalho faço uma espécie de “fotografia do site” que está

estruturado da maneira que apresento a seguir, conforme a figura 05. Amanhã você

poderá acessá-lo e vê-lo com outra aparência, pois ele é dinâmico.

Mas, um dos pontos que considero mais importantes: o site é transparente,

verdadeiro e militante. Ele aponta para um caminho já trilhado por mim. Se eu fiz,

outras pessoas poderão fazer. E, essa transparência que lhe confere a credibilidade.

As pessoas sabem que, de um modo ou de outro encontrarão uma pessoa,

figuradamente, no outro lado da tela do computador com quem possa estabelecer

uma relação dialética (uma lista de discussão, um fórum, um chat, etc.) e dela

ambos saem ganhando.


46

Fig.05
47

Continuando. Conforme a figura 05, apresento a seguir cada link e uma breve

explicação de seus respectivos conteúdos, comentados:

Coluna Esquerda

• Capa, é o link para retorno a página virtual de entrada do site;

• Agenda, é uma página virtual que contém datas de eventos e fatos


importantes;

• Busca, é uma página virtual com os principais sistemas de busca GLBT

• Chat (Batepapo)

• Lés, para homossexuais femininos;

• Bi; para bissexuais;

• Gay; para homossexuais masculinos;

• Trans; para transexuais e transgêneros (disfóricas/os de gênero)

• Hetero; para heterossexuais;

• Classificados, é uma página virtual para as cinco categorias acima fazerem

qualquer tipo de anúncios;

• Colunistas; são pessoas que, independente da orientação sexual colaboram

com textos sobre quaisquer assuntos da vida humana. Há colunistas em

Nova York, Auckland, Toronto, Canadá, Rio de Janeiro, São Paulo, João

Pessoa, Ribeirão Preto, Santa Maria, Curitiba e Florianópolis

• Endereços, de pessoas formadoras de opinião, também constam do site;


48

• Entidades, endereços de ONG´s estão nesta página virtual;

• Entrevistas, página virtual com pessoas que fazem as coisas acontecerem;

• Fóruns, sistema de troca de opiniões em reformulação;

• Links; endereços de sites importantes na Internet;

• Listas; sistema de troca de e-mails por tema;

• Notícias; sistema de homepage pré-programada onde é possível inserir uma

notícia a qualquer hora, a partir de qualquer lugar no mundo;

• Segurança; centrais de atendimento policial e psicológico específico para

GLBT´s;

• Trabalho; página virtual de divulgação de nomes, endereços e telefones de

GLBT´s procurando emprego e de empresas que buscam este público;

• Webchat e IRC; sistema de bate-papo on-line, em tempo real;

• WebMail; um sistema de e-mail gratuito acessível de qualquer ponto do

planeta

• WebRing, anel de sites co-irmãos;

• Postais; uma série de imagens que podem ser enviadas como cartões

postais virtuais;

• Rádio1, rádio personalizada do portal Terra;

• Rádio2, rádio personalizado do site Usina do Som;


49

• Bares; relação virtual de endereços de bares gayfriendly em todo o país,

informados pelos próprios visitantes;

• Boates; relação virtual de endereços de boates gayfriendly em todo o país,

informados pelos próprios visitantes;

• Cinemas; relação virtual de endereços de cinemas gayfriendly em todo o

país, informados pelos próprios visitantes;

• Hotéis; relação virtual de endereços de hotéis gayfriendly em todo o país,

informados pelos próprios visitantes;

• Filmes; indicação de filmes politicamente corretos em relação aos/as GLBT´s;

• Livros e Revistas; diversos endereços para comprar livros e revistas: grande

parte deles podem ser adquiridos no próprio site;

• Motéis; relação virtual de endereços de Motéis gayfriendly em todo o país,

informados pelos próprios visitantes;

• Músicas; nomes de músicas sugeridas por quem freqüenta;

• Restaurantes; relação virtual de endereços de restaurantes gayfriendly em

todo o país, informados pelos próprios visitantes;

• Saunas; relação virtual de endereços de saunas gayfriendly em todo o país,

informados pelos próprios visitantes;

• Viagens; lista de lugares interessantes sugeridos pelo público;


50

• Formulário; formulário eletrônico para fazer críticas e sugestões dos itens

acima;

• Fale Conosco; nossos endereços de e-mail;

• Princípios; lista de princípios sobre os procedimentos do site;

• Livro de Visitas; sistema para que as pessoas deixem recados.

Coluna Direita

• Sistema de Busca; trinta e seis endereços para a pessoa visitante encontrar

o que quer na Web;

• Sistema de E-mail; caixas para postagem de login e senha para acessar

suas contas de e-mail;

• Direitos Humanos

• Direitos Sexuais; diversos textos científicos e jurídicos ligados ao tema;

• Visibilidade na Internet; ícones, logotipos, papéis de fundo para possíveis

de serem colocados pelo visitante no próprio site, geralmente com as cores

do arco-íris;

• HOMOSSEXUALIDADE

• O que é? página virtual que responde a esta pergunta;

• A Ciência; página virtual que explica como a homossexualidade é

interpretada a luz da ciência;


51

• A Religião; página virtual que explica como a homossexualidade é

interpretada à luz da religião;

• É Natural? página virtual que responde como a naturalização da

heterossexualidade é culturalmente construída, assim como a homofobia;

• É Normal? página virtual que responde como a normatização da

heterossexualidade é culturalmente construída, e está inserida em nosso

cotidiano possibilitando o medo a outras possibilidades de orientação sexual;

• Eu Sou? página virtual que procura levar a pessoa a reflexão sobre o fato de

ela ser ou não, homossexual;

• EDUCAÇÃO SEXUAL

• AIDS; explica sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, formas de

prevenção é contágio;

• Aparelhos Sexuais; explica sobre os aparelhos sexuais humanos sem

aprofundar-se;

• DST´s; explica sobre diversas Doenças Sexualmente Transmissíveis, formas

de prevenção e contágio;

• Glossário; explica sobre termos utilizados no que se convencionou chamar

de Comunidade Gay;

• Literatura; indica e vende literatura científica sobre educação sexual,

sexualidade, sexo e outros;


52

• Perguntas; espaço para a pessoa formular sua pergunta sobre educação

sexual diretamente a quem dirige o site;

• Respostas; respostas pré-configuradas sobre assuntos já tratados;

• Parafilias; explica sobre outras formas de desejo sexual;

• Pesquisas; relaciona as pesquisas em andamento e pesquisas já finalizadas

no site;

• EVENTOS

• Dia Mundial da AIDS; comenta sobre a importância política deste dia;

• Parada do orgulho GLBT; comenta sobre a importância política deste dia;

• ESTUDOS CIENTÍFICOS

• Teses, Dissertações, Monografias, TCC´s e Outros; base de dados

alimentada por usuários e usuárias e, mediante pesquisas efetuadas dentro e

fora da internet. Isto equivale a uma publicação ainda não indexada;

Coluna do Centro

• Editorial; comentário sobre assunto pertinente sobre algo que está

acontecendo no mundo, comportamento, moda, violência, justiça, etc;

• Chamada para artigos; cada vez que um artigo novo é postado por um/uma

colunista, é feita uma chamada na primeira página do site;

• Apoio para Campanhas; esclarece quais são as campanhas em prol dos

Direitos Humanos que participamos;


53

• Contadores: Três contadores orientam quantas pessoas visitaram

diariamente, o site; o país de origem, e outras informações técnicas.

Atualmente o Glssite.net recebe uma média de duzentos (200) acessos por

dia e este valor variou para mais ou para menos, desde 01 de setembro de

1996. Em tese, mais de trezentas mil pessoas já passaram pelo site desde

sua criação;

Procedimentos quanto à coleta de dados quantitativos

A coleta de dados ocorreu durante um período de trinta e oito dias (38), de

25/09/2001 à 01/11/2001. Foi efetuada através de um formulário eletrônico inserido

no www.glssite.net, em (http://www.glssite.net/glssite/pesquisa/pesquisa1.htm).

Qualquer pessoa que utilizava este endereço acionava o surgimento da

primeira página do site, a homepage. Esta continha um javascript41 que abria uma

pequena janela informando que o criador do site estava procedendo uma pesquisa

cientifica com coleta de dados.

Cabe aqui um parêntesis, o esclarecimento de que a amostra surgida a partir

das pessoas que responderam a provocação, foi intencional.

Às pessoas interessadas bastava apenas clicar num determinado link que a

levava a um formulário eletrônico com o seguinte texto, como cabeçalho: “Estamos

executando uma pesquisa de cunho científico e queremos contar com sua

colaboração. Com ela pretendemos identificar o entendimento que as pessoas têm

sobre Direitos Sexuais. Escolha as opções e justifique sua resposta, pois esta é uma

41
Ver glossário.
54

pesquisa qualitativa. Ao terminar, clique no botão ENVIAR. A você nosso

OBRIGADO!”

Em seguida, abaixo, apareciam sete janelas dropdown42 contendo itens

designados pela categoria “você”. Na primeira janela havia um questionamento

sobre a idade das pessoas pedindo que as mesmas se enquadrassem numa das

faixas apresentadas.

Na segunda janela havia três opções para a escolha do sexo: homem, mulher ou

transexual.

Na terceira janela as opções diziam respeito à orientação sexual, quais sejam:

bissexual, heterossexual, homossexual ou pansexual.

Na quarta janela as opções relacionavam-se ao gênero, e podiam ser:

masculino, feminino ou transgênero.

A quinta janela pedia que o (a) visitante escolhesse uma das cinco

possibilidades de enquadramento no que se refere ao estado civil: casad@,

companheir@, solteir@, viúv@ e outro.

A sexta janela referia-se a localização espacial em relação ao Brasil, definindo o

Estado onde se encontrava vivendo. Foram relacionados 26 estados e ainda, o

Distrito Federal-DF.

Caso a pessoa não residisse no Brasil, indicaria o país onde se encontrava no

momento do preenchimento do questionário, na sétima janela optando por um dos

193 países relacionados na mesma.

42
Termo que se assemelha a janela com várias opções em cascata .
55

Procedimentos quanto à coleta de dados qualitativos

Os dados qualitativos referiam-se a um conjunto de dois procedimentos e

iniciaram, “questões”. Na seqüência, o oitavo item era uma pergunta com duas

opções apenas, seguidas de uma justificativa: “Para você, Direitos Sexuais são

Direitos Humanos? Sim ou não?” Mais abaixo dizia: “Justifique sua resposta no

quadro abaixo”.

O nono e último item do questionário fazia uma pergunta a qual só tinha duas

opções: sim ou não: “Você conhece a Declaração Universal dos Direitos Sexuais?”.

Ao terminar de responder o questionário a pessoa clicava num botão que

enviava o formulário através de e-mail ao endereço do pesquisador. Assim que o

servidor de e-mails emitisse o formulário, um outro script43 abria a página

(http://www.glssite.net/adm/agradecepesq.html) de agradecimento com o seguinte

conteúdo: “O seu formulário já esta sendo encaminhado. Obrigado por ter

colaborado com nossa pesquisa. Para conhecer a Declaração Universal dos Direitos

Sexuais clique aqui.” Nas palavras – “clique aqui” – havia um link para

(http://www.glssite.net/direitosex/direitossexuais.htm).

É importante salientar que as pessoas podiam optar em responder todos os

itens ou só alguns itens. Questionários totalmente em branco ou, enviados mais de

uma vez ou, com preenchimentos de justificativas que fugissem aos propósitos da

pesquisa foram descartados.

Dados Quantitativos
43
Veja o glossário.
56

N° de respostas
1; 0,49% Não Respondeu
13; 6,40%
10 a 15 anos
1; 0,49%
13; 6,40%
2; 0,99%
16 a 20 anos
31; 15,27%
24; 11,82% 21 a 25 anos

26 a 30 anos

31 a 35 anos

36 a 40 anos

41 a 45 anos
25; 12,32%
46 a 50 anos
41; 20,20%
25; 12,32%
51 a 55 anos
27; 13,30%
56 a 60 anos

Gráfico 1 – Tabela de faixas etárias versus quantidades de respostas

No total foram recebidos, através de e-mail, duzentos e vinte e dois (222)

questionários preenchidos por pessoas que denominarei: VISITANTES. Sendo, que

cento e nove (109) destes contendo justificativa, noventa e quatro (94) sem

justificativa. Daqueles duzentos e vinte e dois questionários (222) apenas dezenove

(19) apresentaram problemas tais como: formulários em duplicata, formulários

totalmente vazios ou formulários que foram aproveitados para outros propósitos que

não a pesquisa. Temos assim, duzentos e três questionários válidos para a pesquisa

(222-19=203=100%).

A faixa etária que apresentou o maior número de questionários é aquela que

representa as pessoas com idades entre 21 a 25 anos, que representam 20,20%

(gráfico 1). Em seguida aparece à faixa etária correspondente às pessoas com


57

idades entre 26 a 30 anos com 13,30%, em seqüência, as faixas etárias

correspondentes às idades de 31 a 35 anos, e 36 a 40 anos também com 12,32%,

cada uma.

Análise de Conteúdo

Como pode-se ler no item que trata dos procedimentos quanto à coleta de dados

qualitativos, na confecção do questionário, além das perguntas que remetem as

questões quantitativas, havia uma questão uma pergunta com duas opções apenas,

seguida de uma justificativa: “Para você, Direitos Sexuais são Direitos Humanos?

Sim ou não?” Mais abaixo dizia: “Justifique sua resposta no quadro abaixo”.

Foram cento e nove respostas (109 = 53,69%) contendo justificativa, o que

representa um índice significativo. Todavia um fato sobreveio: como fazer a análise

de conteúdo de tanta informação? Como transformar isso de uma forma inteligível e

produtiva sem cair em redundâncias e tornar o trabalho prolixo? Foi nesse momento

que encontro Bardin (1977) que, por sua vez, me apresentou ao seu método da

análise de conteúdo.

Trabalhando com Bardin, sobrevieram algumas questões: quando se trata de

análise de conteúdo, o que é passível de interpretação? O que se esconde por

detrás das afirmações e da linguagem simbólica? Que sentidos pretendemos

salientar?

De acordo com a autora,


58

“A análise de conteúdo (seria melhor falar de análises de conteúdo), é um


método muito empírico, dependente do tipo de «fala» a que se dedica e do
tipo de interpretação que se pretende como objectivo. Não existe o pronto-a-
vestir em análise de conteúdo, mas somente em algumas regras de base,
por vezes dificilmente transponíveis. A técnica de análise de conteúdo
adequada ao domínio e ao objectivo pretendidos, tem que ser reinventada a
cada momento,[...]” (BARDIN, 1977, p. 30)

A idéia básica ao utilizar a análise de conteúdo como um conjunto de técnicas

de análise das comunicações, de inferência de conhecimentos relativos às

condições de produção e que por si determinam indicadores, é remeter o

pesquisador à arqueologia sobre o que nos é dado como “pedra bruta” , que precisa

ser lapidada e polida para que possamos visualizar as suas características mais

básicas, ou seja, as informações soltas, aparentemente sem nexo, aparentemente

sem lógica.

Para Bardin (op.cit. p.105) fazer uma análise temática, consiste em descobrir os

«núcleos de sentido» que compõem a comunicação e cuja presença, ou freqüência

de aparição podem significar alguma coisa para o objetivo analítico escolhido.

Nessa busca dos núcleos de sentido faço o reconhecimento das prováveis

categorias constantes nas respostas. Na análise dos conteúdos foram localizadas

inicialmente o que denominei de pré-categorias, a saber:

1. Direitos Jurídicos ou Legais,

2. Direitos Humanos,

3. Sexualidade,

4. Sexo Biológico,
59

5. Direitos Sexuais como Direitos Humanos.

Após a análise exaustiva das cinco pré-categorias, foram constituídas três

grandes categorias:

1. Direitos Humanos

2. Sexualidade Como Dimensão Humana

3. Respeito à diversidade
60

CAPITULO 4
61

Trabalhando com a categoria dos Direitos Humanos

Não se pode falar em Direitos Humanos sem falar da Declaração Universal dos

Direitos Humanos que foi formulada pela Organização das Nações Unidas - ONU

em 1948, logo após a Segunda Guerra Mundial (anexo 4).

Sua constituição, todavia, tem como fundo a própria história humana, sua forma

de organização histórico-politico-social, como bem podemos encontrar em centenas

de documentos, muitos dos quais remontam a séculos antes de Cristo. Podemos

citar o Código de Hamurábi de 1.694 a.C., encomendado por Khammu-rabi. Esse rei

da Babilônia mandou escrever, em 21 colunas, 282 cláusulas que ficaram

conhecidas como Código de Hamurábi registrado em uma estela44 de diorito45. Em

seguida, surgiu a Lei das Doze Tábuas em 450 a.C. Elas foram supostamente

baseadas nas leis do grego Sólon e foi um dos resultados da luta por igualdade

levada a cabo pelos plebeus em Roma.

Quase na mesma época há Dharmasutra de Baudhayama, formulado entre 500

e 300 a.C., onde estavam escritas as Teorias dos Quatro Varna para os brâmanes e

assim por diante, dentro de cada cultura num determinado momento histórico, como

cita Herkenhoff (2003)

“Num sentido próprio, em que se conceituem como “direitos humanos”,


quaisquer direitos atribuídos a seres humanos, como tais, pode ser
assinalado o reconhecimento de tais direitos na Antiguidade: no Código de
Hamurabi (Babilônia. século XVIII antes de Cristo), no pensamento de
Amenófis IV (Egito. século XIV a. C). na filosofia de Mêncio (China. século
IV a. C), na República. de Platão (Grécia. século IV a. C.), no Direito
Romano e em inúmeras civilizações e culturas ancestrais”

44
(es.te.la sf (gr stéle) 1 Pedra vertical monolítica destinada a ter inscrições ou esculturas. 2 Pequeno
monumento monolítico sem base nem capitel. 3 Marco fronteiriço.
45
Rocha plutônica, granular, praticamente sem quartzo, com plagioclásio intermediário e minerais
ferromagnesianos, em especial horblenda. Disponível em <http://www.pr.gov.br/seid/mineropar/dtermos.html>,
acessado em 07/11/03.
62

Portanto, a declaração universal da ONU válida ainda hoje é aquela de 1948.

Todavia, não posso ser tão simplista e reducionista ao afirmar que ela, a declaração,

é somente uma mera construção cultural. Ela vai mais além, como um ícone.

Tem como pano de fundo algo muito profundo e, ao mesmo tempo, simples, que

rege muitas lutas por inclusão no mundo, ou seja, o fato de que somos seres

diversos quanto ao formato psico-morfo-fisiológico, mas que diante das regras que

estabelecemos, as Leis, somos todos iguais.

As pessoas (será assim que denominarei no texto a seguir, englobando assim

homens e mulheres) que responderam ao questionário entendem que a nossa

legislação não é inclusiva, pois diz que todos somos iguais perante a lei; todavia,

nega direitos fundamentais a casais de pares iguais, ou de pessoas de mesmo sexo,

o que não está em consonância com o que preceitua a Declaração Universal dos

Direitos Humanos (anexo 4).

Sob a ótica deste capítulo que trata da categoria direitos humanos, apresento

alguns comentários efetuados por algumas visitantes. Uma das pessoas acredita

que Direitos Sexuais são Direitos Humanos “por que todos são iguais perante a lei”.

Para outra pessoa, a opinião é um pouco mais elaborada: “Independente da

orientação sexual, todas as pessoas no mundo têm direitos e deveres”. Outra cita:

“É justa toda e qualquer forma de expressão, inclusive a sexual. É um direito

inerente a cada ser vivo”.

Uma pessoa visitante faz um questionamento: “Pagamos tudo o que os outros

pagam, por que não ter direitos iguais?”. Uma outra/o visitante deixa algo mais claro:

“Pois nos meus direitos humanos estão minha liberdade de escolha e minha
63

liberdade de escolha é ser bissexual”. Para ela/ele, a questão dos direitos sexuais

serem direitos humanos é uma condição sine qüa nom46.

Essa categoria tem manifestações em vários segmentos da sociedade atual,

inclusive com o mesmo entendimento das/os pesquisadas/os.

Para o Secretário de Estado dos Direitos Humanos, Embaixador Gilberto Vergne

Sabóia, durante o I Encontro do Ministério Público da União – MPU, ocorrido de 9 a

11 de outrubro de 2000:

“Creio, também que o respeito aos direitos humanos no Brasil passa


fundamentalmente pelo reconhecimento do direito de cada um assumira sua
própria identidade e escolher os seus próprios caminhos, desde que dentro
da lei. Ou seja, é preciso aceitar a diferença, é preciso reconhecer os
direitos das pessoas serem diferentes. Isso passa, algumas vezes, por
dificuldades de natureza cultural.”(SABOIA, 2001, p.11).

Na continuidade de seu pronunciamento diz o embaixador:

“Queria me referir, por exemplo, à questão dos homossexuais. O Brasil tem


uma das taxas mais elevadas de violência contra homossexuais. O número
de assassinatos no Brasil bate recordes. Isso evidentemente, vai de
encontro não só às regras dos direitos humanos como a própria visão nós
temos de nossa sociedade. Temos a visão do Brasil como uma sociedade
relativamente tolerante. Como é possível que uma sociedade que se vê
como tolerante seja capaz de aceitar ou conviver com esse tipo de
violência?” (SABOIA, 2001, p. 11).

Já a “fala” desta (e) outro (a) visitante também é reveladora: “Obviamente,

direitos sexuais são sireitos humanos mas infelizmente, principalmente no interior

como eu vivo, ninguém é visto como ser humano antes de ser localizada sua

sexualidade e, devido a isso há tantos preconceitos, pois se não, não seria tão

importante às pessoas saberem” qual sabonete você usa ao tomar banho”. Já esta
46
[lat.;pl.: sine quibus non] loc.adj..1. indispensável; loc.subst. 2 elemento, fator sem o qual a circunstância não
se completa, cf. HOUAISS, p.408.
64

outra pessoa faz uma relação direta dos Direitos Sexuais com os Direitos Humanos:

“Uma vez que ao levarmos em consideração a declaração o universal dos direitos

humanos, quando dá ao homem o direito de ir e vir, liberdade de opinião, respeito e

dignidade ao ser humano não impede de ele admitir que praticar suas sexualidade

de acordo com sua vontade própria.”

Num outro registro encontramos uma expressão afirmativa, mas com valores

judáico-cristãos: “Todos somos iguais perante Deus, e eu não sou ninguém para

criticar”. Uma outra pessoa nos traz também a reflexão à noção de limites, senão

vejamos: “Todo ser humano tem direito de escolher sua opção sexual, sem qualquer

imposição dada pela sociedade do conceito de família que se tem até hoje. Tenho

direito de ser o que eu quiser independentemente, sobretudo ter consciência da lei

de causas e efeitos, os outros têm o dever de me respeitar pois o direito de alguém

termina quando começa o direito do próximo. É uma questão de educação coisa que

no Brasil não se tem bons resultados diga-se de passagem temos nossos direitos

violados sempre, com a mania de certas pessoas de rotulagem as outras e serem

bastante taxativas com suas opiniões inflexíveis.”

Como o caro leitor e leitora devem ter notado, há uma sensação nítida de que as

pessoas diversas do hegemônico imposto pelo capital, têm um entendimento de

pertencimento a proteção das leis que regem seu país, principalmente no que diz

respeito aos direitos humanos e, no que tange aos direitos sexuais, ficou claro que

para as pessoas pesquisadas este está contido naquele.

Já esta outra visitante nos coloca uma constatação óbvia: ”minha conduta sexual

é um direito adquirido enquanto cidadã”. Aqui, o forte registro de uma necessidade


65

suprema: “Tenho direito de expressar o que sinto desde que não prejudique outra

pessoa. Isto inclui meus sentimentos”.

Já esta outra fala expressa juízo de valor, reafirmando o direito: “Não somos

melhores nem piores que os heteros ou bissexuais. Somos humanos e por tal

natureza básica temos o direito de sermos e exigir que nossos direitos sejam

respeitados”. Outra visitante questiona a Constituição: “Por que devem ser

respeitados? Apesar de estar na Constituição quaisquer formas de discriminação,

ela existe, nem que seja velada”. Outra visitante traz um assunto preocupante, hoje:

“Porque nós temos que ter direito de enterrar, e deixar bens e plano de saúde e etc.

para minha companheira, após a minha morte”. Após ler esta frase, não há como

não adjetivar de cruel a maneira que, às vezes, o estado hegemônico e homofóbico

tenta disciplinar a orientação sexual, os direitos sexuais, conforme sua conveniência.

Nesse momento, relembro aqui Foucault, quando ao tratar, no capítulo II – Os

Recursos para o Bom Adestramento, de seu livro Vigiar e Punir, dá-nos um alerta e

nos traz a essa realidade:

“Humildes modalidades, procedimentos menos, se os compararmos aos


rituais majestosos da soberania ou aos grandes aparelhos do Estado. E são
eles justamente que vão pouco a pouco invadir essas formas maiores,
modificar-lhes os mecanismos e impor-lhes os seus processos. O aparelho
judiciário não escapará a essa invasão, mal secreta. O sucesso do poder
disciplinar se deve sem dúvida ao uso de instrumentos simples: o olhar
hierárquico, a sanção normalizadora e sua combinação num procedimento
que lhe é específico, o exame”. (FOUCAULT, 1987, p.143).

Mais adiante, no mesmo livro Foucault, ressalta:

“Em suma, a arte de punir, no regime do poder disciplinar, não visa nem a
expiação, nem mesmo exatamente a repressão. Põe em funcionamento
cinco operações bem distintas: relacionar os atos, os desempenhos, os
66

comportamentos singulares (grifo meu) a um conjunto, que é ao mesmo


tempo campo de comparação, espaço de diferenciação e princípio de uma
regra a seguir. Diferenciar os indivíduos em relação uns aos outros e em
função dessa regra de conjunto – que se deve fazer funcionar como base
mínima, como média a respeitar ou como o ótimo de que se deve chegar
perto[...]”(FOUCAULT,1987, p.152).

Sobre esse recorte que estas pessoas estão fazendo e sobre aos quais também

ajuda-nos Foucault nas reflexões que podemos fazer, talvez o tema seja mais

esclarecido por Machado, quando faz a introdução de Microfísica do Poder (2001, p.

XII e XIII) e esclarece as formas como os micropoderes se relacionam com o macro-

poder, o poder central, integrados ao Estado e como esses micro-poderes, que

possuem tecnologia e história específicas, se relacionam com o nível mais geral do

poder constituído pelo Estado.

Registro a seguir, outras três frases de impacto de visitantes, quando

questionadas se direitos sexuais são direitos humanos: “Se não são, deveriam ser,

porque o indivíduo vivencia sua sexualidade durante toda a sua existência,

independente do sexo a que pertença ou mesmo que venha a pertencer por opção.

Torna-se inalienável o seu direito de viver sua sexualidade, tanto quanto o direito a

vida, até porque não se nasce sem sexo. Pode-se até nascer sem uma definição

precisa, mas se nasce com sexo e vive-se com ele”.

Esta pessoa constata que somos seres sexuais e sexualizados. Freud já dizia

isto; todavia, quando ela comenta sobre a inalienidade política de ser quem é, com

todas as prerrogativas, remeto-me as palavras do Deputado Nilmário Miranda (2000)

(PT) pronunciadas na abertura da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos


67

Deputados, em 21/09/1999, com o objetivo de encontrar alternativas à crescente

violência contra homossexuais:

“Esta é a primeira vez que no Congresso Nacional, os direitos humanos dos


cidadãos homossexuais são debatidos em evento organizado
exclusivamente para esse fim. O modesto número de pessoas presentes
reflete as dificuldades naturais de iniciativas como esta inclusive o
preconceito da sociedade sobre o assunto.” (MIRANDA, 2000, p.14).

Outra visitante, afirma: “Gay também é ser humano”. Outra pessoa responde:

“Sim, pois nossa sociedade é muito mal resolvida em questão de sexo. Muita

humilhação e assassinatos são cometidos por pessoas que não se aceitam ou têm

problemas outros e justificam o ato de negar a si mesmo e ao outro baseado que a

outra pessoa tem uma orientação sexual que impede a sua convivência com a

sociedade em geral. Atitude de pura discriminação deve ser criminalizada”.

Nas palavras de deputado Marcos Rolim em 2002:

“A primeira geração de direitos humanos, cujo objetivo maior é alcançar a


igualdade formal entre os indivíduos, abrange os direitos fundamentais e as
liberdades clássicas individuais [...]. Sendo assim, nota-se evidente
pertinência das questões suscitadas pela homossexualidade com a primeira
geração, principalmente no que diz respeito ao princípio fundamental da
isonomia e seu corolário, que é a proibição de discriminações injustas. A
propósito, [...] foram dimensionadas à luz dos direitos fundamentais de
primeira geração, tais como a liberdade de expressão, a liberdade
individual, a proteção da intimidade e da vida privada.[...] Se avançarmos
ainda mais no exame das relações entre homossexualidade e o conteúdo
dos direitos de primeira geração, pode-se vislumbrar a inclusão da
problemática nos direitos de personalidade, precipuamente no que diz
respeito ao direito à identidade pessoal e à integridade física e psíquica.
(ROLIM, 2002) .

Em síntese, todas estas pessoas apontam para o fato de que os Direitos

Sexuais são inalienáveis aos Direitos Humanos. Miranda e Rolim corroboram isto.

Não há sentido falar num sem pressupor a existência do outro.


68

Como vimos, o próprio Estado brasileiro tem reconhecido em tese,

principalmente desde o governo federal passado, a necessidade de dar mais

importância a determinados segmentos da sociedade brasileira, as chamadas

“minorias”, inclusive as sexuais através das atividades da Comissão Nacional dos

Direitos Humanos que tem se reunido e até constituíram o Plano Nacional de

Direitos Humanos – PNDH já citado e, que até hoje encontra-se na fase de estudos

e argumentações que possibilitem uma alteração substancial na Constituição

Brasileira.

A própria Declaração dos Direitos Sexuais da WAS - World Association for

Sexology, que surge para “curvar a vara” para a questão, já que muitos segmentos,

em várias das sociedades atuais não atentaram para o fato desses já estarem

inseridos nos Direitos Humanos, é um reflexo de que a comunidade científica

internacional está preocupada com a questão dos direitos humanos e neles os

sexuais em seus respectivos países. Talvez isto ocorra pela necessidade cada vez

mais imperiosa de se fazer frente à intervenção negativa das instituições

tradicionais, a das várias religiões, por exemplo, na política dos direitos humanos

dos vários países, para que não haja “brechas” de modo a propiciar direitos iguais as

pessoas não heterossexuais. Esse é um movimento atual, infelizmente, que reflete

se em várias organizações homofóbicas que apregoam a discriminação.

Mas estas duas declarações, Direitos Humanos e Direitos Sexuais podem ter um

peso pedagógico, educativo, esclarecedor e emancipatório, cada vez maior a

medida em que tornem mais claras as necessidades das pessoas no que tange a

sua própria natureza, ao seu próprio desejo mas, principalmente, no que diz respeito
69

aos seus próprios direitos. E, o www.glssite.net buscou incorporar estes princípios

emancipadores e libertadores como paradigmas norteadores do seu existir virtual.

Nessa busca, o www.glssite.net procura ser mais uma interface numa mediação

emancipatória com o público, visando esclarecer as dicotomias existentes,

desvelando e desconstruindo as pseudo-verdades repletas de axiomas excludentes.

Pretende ser mais um espaço virtual educativo que oportunize às pessoas talvez

uma forte provocação, para sacudir os que se encontram em estado de

incapacidade de indignar-se com que está estipulado como verdade.

Como educador, e webmaster do site, procuro sempre que o trabalho possa

levar as pessoas à condição de protagonistas e não, meramente, de expectadores e

expectadoras da história. É como diz Pierre Lévy:

“Por intermédio dos espaços virtuais que os exprimiriam, os coletivos


humanos se jogariam a uma escritura abundante, a uma leitura inventiva
deles mesmos e de seus mundos. Como certos manifestantes desse fim de
século gritaram nas ruas “Nós somos o povo”, poderemos então pronunciar
uma frase um pouco bizarra, mas que ressoará de todo seu sentido quando
nossos corpos de saber habitarem o cyberspace: “Nós somos o texto.” E nós
seremos um povo tanto mais livre quanto mais nós formos um texto vivo.”
(LÉVY, 2004).

E certamente, a categoria Direitos Humanos deve ser realmente eixo principal

de qualquer processo educativo, pois mesmo com a pergunta Direitos Sexuais são

Direitos Humanos, os/as protagonistas da pesquisa, em sua maioria, membros de

uma minoria que sofre um processo muito cruel de exclusão (os/as

homossexuais),que teria muitas razões para realizar, via pesquisa, uma ação

afirmativa, ressaltando a categoria Direitos Sexuais, não o faz pois entende que isto

seria redutor! Resgata essa minoria que Direitos Sexuais são realmente Direitos

Humanos, ao dar ênfase a essa categoria maior, com a dos direitos sexuais já
70

inserido, e não destacado! Vejamos as seguintes opiniões que conjugam direito e

sexualidade e apontam para a próxima categoria, a sexualidade como dimensão

humana: “Considero um direito pessoal, a escolha sexual de qualquer pessoa”.

Outro visitante diz: “Porque o ser humano é livre para fazer sexo com quem quiser,

ninguém tem o direito de escolher o meu parceiro”.

Para Silva (2004)

“Por isso que eu digo que a sexualidade é uma dimensão humana séria e
precisa ser trabalhada com muita responsabilidade, com um referencial
teórico que ilumine a prática pedagógica em sala de aula, com pessoas que
se sintam à vontade com o tema e que se identifiquem com o trabalho junto
com adolescentes e crianças”.(SILVA, 2004).

Visitantes e o autor deixam claro que a dimensão humana, sempre sexuada, tem

sua própria dinâmica e que a mesma é mutável.


71

Sexualidade como Dimensão Humana

A segunda categoria deste trabalho está ligada intrinsecamente a primeira e

chama a atenção para o fato de que a construção da sexualidade, em nossa

sociedade, possui várias dimensões, mas, que a legislação vigente apenas visa

fazer a manutenção da diminuição expressa pelo modelo hegemônico, o modelo

ditado pelo capital, pela indústria cultural, conforme denunciam Adorno e

Horkheimer, teóricos da escola de Frankfurt. Este modelo exclui o ato sexual por

desejo, mas não o por dinheiro, como poderá ler mais abaixo.

Ao trocar idéias com Nunes (1987) por meio de seu livro “Desvendando a

Sexualidade”, no capítulo em que o autor se refere a “descompressão sexual”, vejo

que ele revela dez pontos importantes na literatura de Reich, “discípulo dissidente de

Freud”, como diz, No sétimo item registrado vamos encontrar o seguinte: “[...] Os

seres humanos adotaram uma atitude hostil perante o que é vivo dentro deles e,

assim, alienaram-se de si próprios. Essa alienação não é de origem biológica, mas

sim de origem econômica.”(NUNES, 1987, p.100).

Com Nunes dialogamos, para fazer a introdução desta categoria, concordando

com sua afirmação que:

“A sexualidade numa dimensão emancipatória supõe também normas e


limites como marcos de sujeitos plenos, e não sanções, preconceitos,
segregações, um desfiar de acusações, pecados e medos. Desde o
pioneirismo de Freud, sabemos que a sexualidade se a coordenação da
sociedade é uma força tanto erótica quanto “tanática”, derivada de tânatos,
que configura a morte. Não há sociedade sem a normatização da
sexualidade. De uma lado reconhecemos que a exigência social de
normatização não significa que toda a normatização deva ser unilateral,
totalitária, mordazmente repressora como a história milenar do patriarcalismo
tem demonstrado.” (NUNES, 1987, p.108).

Cintra (2003) ajuda-nos a aprofundar o que é esta dimensão sexualidade:


72

“Ao ser uma dimensão humana a sexualidade não deixa escapar a nenhum
de nós. Não há como conversar sobre o tema sem considerar nossas
concepções, nossa história e nossa própria sexualidade Tomar o ser
humano como sujeito-objeto de pesquisa e, portanto, como agente-produto,
criador e transformador de suas condições de existência, é o que
possibilitará uma compreensão mais abrangente da sexualidade
humana[...]” (CINTRA, 2003, p. 17).

Portanto a sexualidade é inerente ao ser humano e pode manifestar-se de

diversas maneiras, do nascimento até a morte. Frente ao exposto, não existe uma

sexualidade, mas, sexualidades.

Mas o que nos diferencia dos demais seres vivos, no âmbito de sexualidade,

é que ela está intimamente ligada à construção cultural do desejo. Se formos

analisar muitos dos livros de história, poderemos observar como a sexualidade se

manifestou de diversas formas e como o desejo se expressou diferentemente

através dela, em várias épocas e culturas.

Em nossa sociedade, são os diversos códigos de conduta que legitimam a

expressão do desejo através da sexualidade. O que é proibido, ou não. O que é feio,

sujo, pecado, imoral, ético, normal, natural, etc. Enfim, tudo está lá. Desde a

medicina higienista até as igrejas, todos promulgam regras e diretrizes sobre a

sexualidade padrão.

Trocando idéias com Cabral (1999), percebemos o quanto a história da

sexualidade está intimamente ligada à construção cultural do desejo. Essa idéia fica

muito clara, quando a autora se refere a Santo Agostinho e Lutero e sobre quanto os

preceitos daquele primeiro ainda são referência aos católicos e católicas, ditados

pelo Papa João Paulo II, hoje, ou seja, o sexo é ainda, nessa abordagem religiosa

um mecanismo voltado à procriação.


73

A autora comenta sobre Freud, registrando uma das contribuições que esse

autor trouxe à questão da dimensão humana da sexualidade:

“A teoria de Freud contrariava diretamente a ideologia reinante daquela


época, por isso foi também considerada escandalosa. A concepção
positivista e a moral vitoriana em evidencia, no momento em que ele
classifica as neuroses e mostra que, na maioria delas, sua etiologia é
sexual, reagem demonstrando descontentamento. Até então, em razão dos
hábitos culturais o sexo permanecia ausente da análise da vida cotidiana e
mesmo da patologia”. (CABRAL, 1999, p.25).

Mais adiante diz Cabral que “para o freudismo que surgia, a sexualidade é

que está na base de qualquer expressão humana” (p.26). Isto afirmado por volta de

1900, afrontava o que ela chama de puritanismo da época.

Na seqüência de seu trabalho, a autora nos dá dimensão exata da

importância da sexualidade como dimensão humana ao traçar uma linha de

comparação sobre como a sexualidade era vista a luz da igreja, com Santo

Agostinho, com Sigmund Freud (Eros e Tânatos) e na Idade Média, com a dualidade

corpo-alma – “Uma reflexão sobre a corporeidade coloca-nos numa condição de

sujeito – a partir do corpo que somos – e objeto – a partir daquilo que somos como

corpo” (CABRAL, 1999, p.27).

Apenas a titulo de ilustração, durante muito tempo quase a maioria dos livros

que tratam de morfofisiologia humana tratavam (muitos ainda tratam!) o aparelho

sexual humano apenas como aparelho reprodutor, ou, órgão reprodutor, sem

quaisquer menções aos prazeres do sexo.

Posso registrar que, até o presente momento da apresentação deste trabalho,

aprioristicamente, existem três correntes subjacentes aos estudos sobre


74

sexualidade: a essencialista biologizante, a culturalista e aquela que considera

ambas.

A primeira corrente parte do pressuposto de que a sexualidade é determinada

por uma herança genética.

A segunda, de que a sexualidade se manifesta diferentemente em cada uma

pessoa de acordo com a relação ontogenética47 do ser e o meio ambiente em que

está inserido, de acordo com o tempo e espaço. Assim, podemos supor uma etno-

sexualidade48 como uma nova proposta pedagógica, ou seja, estuda as culturas a

partir das sexualidades.

A terceira e última é uma junção das duas. A sexualidade humana tem uma

carga de possibilidades genéticas que podem manifestar-se ou não, e/ou, também,

de acordo com o meio e a cultura em que a pessoa está inserida.

Uma das antropólogas que dedicou grande parte de sua vida a estudos sobre

a relação do ser com o meio e sobre como, desta relação cada cultura se manifesta

diferentemente foi Margaret Mead que, em 1931, iniciou uma série de pesquisas na

Nova Guiné por dois anos, publicando o livro “Sexo e Temperamento” em 1950

(1999). Seu trabalho deu grande contribuição aos chamados estudos de gênero, ou

seja, como se constituem, culturalmente, os papéis sexuais referentes ao ser

masculino e feminino e foram de suma importância para subsidiar a luta

emancipatória das feministas ( e de outras categorias), nas décadas seguintes.

O que pretendo dizer, ao convidar Margaret Mead para esse encontro, é que

a sexualidade enquanto dimensão humana possui diversas nuances.

47
Deriva de ontologia, ou seja, ciência que considera o ser em si mesmo. Ontogênese diz respeito a constituição
corpo-mente do ser.
48
A etnologia é o ramo da antropologia que estuda e compara as diferentes culturas. A etno-sexualidade,
enquanto proposta pedagógica, seria o oposto. A partir das manifestações das sexualidades, compreender as
culturas.
75

A educadora Louro (1998), em faz a seguinte afirmação:

“A sexualidade, não há como negar é mais do que uma questão pessoal e


privada, ela se constitui num campo político, discutido e disputado. Na
atribuição do que é certo ou errado, normal ou patológico, aceitável ou
inadmissível está implícito um amplo exercício de poder que, socialmente,
discrimina, separa, classifica”. (LOURO,1998, p.86).

Em seu livro “Gênero, Sexualidade e Educação”, Louro (1997) escreveu um

artigo denominado “Construção Escolar das Diferenças”, onde mostra como

estruturas sociais, ou locais sociais como a escola, prestam-se a construir

determinada tipologia de sexualidade e como estas servem de mecanismos de

reprodução do que está estabelecido pela visão social hegemônica.

Hoje, em diversos livros também vamos encontrar várias informações sobre

como a arquitetura, os brinquedos, os livros, o currículo, intervém na sexualidade. E

vemos assim o quanto à dimensão da sexualidade encontra diversas possibilidades

de respostas no discurso de vários autores e autoras, em várias vertentes e

paradigmas.

Katz (1996), em seu livro “A Invenção da Heterossexualidade”, explica-nos

algo que muito poucas pessoas sabem. Nele conta que heterossexualidade já foi

entendida como uma patologia, na qual uma pessoa tinha um desejo exacerbado

por pessoa do sexo oposto e a homossexualidade a ela equiparava-se, no mesmo

tipo de entendimento, apenas diferenciando-se quanto ao objeto do desejo, isso lá

pela última década do século XIX, época em que o Doutor Von Kraftt-Ebing (KATZ,

1996, p. 31) já deplorava as pessoas não heterossexuais!

A dimensão da sexualidade é tão importante que, logo após o surgimento da

AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, no início dos anos oitenta (1981),


76

várias atividades sobre o esclarecimento de seu significado verdadeiro foram

iniciadas mas no Brasil, oficialmente, somente em 1998, surgem os primeiros

Cadernos dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, criando, dentre outros o

tema transversal denominado “Orientação Sexual”, (denominação adotada no texto

mas que para muitos pesquisadores e pesquisadoras, é inadequada. Isto porque

Educação Sexual, para uma vertente sexual hoje, é o processo, já orientação sexual

refere-se ao desejo sexual, heterossexual, homossexual, etc. ).

Das respostas à pesquisa, no que diz respeito a esta categoria pode-se

depreender que a maioria das pessoas que contribuíram com suas participações,

entende que a sexualidade é inerente ao ser humano.

Vejamos algumas de suas respostas: “A sexualidade faz parte do homem e,

portanto um e outro são uma coisa só”; “A partir do momento em que falamos de

seres humanos, não podemos excluir um fator tão importante como sexualidade.” A

noção de corporeidade, de personalidade versus sexo está muito presente. Vejamos

esta outra frase: “A sexualidade é uma das partes mais importantes do indivíduo. E,

direitos ligados à sexualidade constituem direitos de cidadania sim na medida em

que fazem parte deste maravilhoso conjunto chamado ser humano”; “A sexualidade

é parte integrante do indivíduo e não pode ser considerada uma coisa à parte”.

Todas essas manifestações apontam o entendimento de que a sexualidade é

dimensão indissociável do ser humano.

Outras pessoas já partem do pressuposto de que a sexualidade é uma

escolha como vemos na seguinte frase: “Todo o ser humano tem direito de definir

sua sexualidade”. Aponta essa manifestação para um viés que confunde

sexualidade com orientação sexual.


77

Uma outra fala interessante passa a idéia de sexo com a finalidade de

reprodução e prazer: “Lembro-me de uma música, que há anos atrás era a vinheta

do fantástico (heeergg) que dizia assim:” sexo, sem ele o mundo não vive “- Nada

mais HUMANO!!”. Equipara-se a esta outra: “Sexualidade é humanidade”.

Contempla esse visitante a inter-relação de sexo com sexualidade numa perspectiva

mais holística.

Já esta visitante faz uma relação com a cultura: “A sexualidade está

intimamente ligada com a condição humana em todos os sentidos. A expressão

humana sexual está ligada à expressão cultural de cada um de nós”. Esta visitante

estabeleceu diferenças: “A sexualidade é inerente ao ser humano, desta forma não

há forma de dicotomizar o ser sexual do ser social.”

Em Costa (1997) encontrei a seguinte afirmação, que corrobora muitas das

manifestações na pesquisa:

“A concepção freudiana, ao definir que o homem é um animal que


se auto-reprime através das organizações sociais, abandona os
pressupostos de construção de uma sexualidade afirmativa e
adentra na instrumentalização da repressão sexual. Dessa forma
deixa de servir como um instrumento educacional, capaz de livrar o
gênero humano da angústia de uma sexualidade frustrada e
desprezível”.(COSTA, 1997, p.48).

Werebe (1998), também afirma:

“Cada sociedade, em todos os tempos, procurou controlar a vida


sexual de seus membros, tentando colocar limites e barreiras para o
seu prazer sexual. Assim foram estabelecidas juridicamente regras e
normas para assegurar o caráter politicamente conservador e a
utilidade econômica da sexualidade. (WEREBE ,1998, p.3).

As possibilidades de Mediação Emancipatória de um Site sobre Educação

Sexual, frase que faz parte do título, e é objetivo geral da pesquisa foram tornando-

se cada mais claras neste capítulo. Não se pode falar de sexualidade num site na

Internet, ou num livro, sem que possamos contextualizá-la devidamente. Há quem


78

acredite que a sexualidade “sempre foi assim”, há quem nem sabe definí-la, há

quem não sabe identificá-la ou localizá-la. Prestar esclarecimentos, organizar grupos

de debates acerca do tema, enfim, é uma das funções do site. Dependendo da ótica,

o site é uma ferramenta para alavancar novas reflexões ou um instrumento que pode

se prestar a contribuir com a desalienação humana.

Portanto nesta perspectiva a categoria “sexualidade como dimensão humana” é

fundamental para subsidiar o entendimento da próxima categoria desvelada na

pesquisa: o respeito a diversidade.

Respeito à Diversidade

A presente categoria esta entrelaçada às categorias anteriores e trouxe o

reconhecimento da existência de uma diversidade sexual e, por conseguinte, a

existência de inúmeras orientações sexuais.

O emergir desta categoria brotou da questão de que a preservação da

individualidade e não apenas da individualização, deve ser observada. Todavia,

julgo necessário deixar clara a linha de raciocínio coadunada com o objetivo

principal de deste trabalho. Ou seja: o respeito à diversidade é prerrogativa básica,

quando se trata de uma educação que se pretende emancipatória e libertadora em

qualquer instância educativa, inclusive em um site na Internet sobre educação

sexual.

Para que a categoria emergida flua com facilidade, sinto que algumas reflexões

ainda são necessárias, para que não ocorram outros entendimentos se não aqueles
79

que desejo transmitir nessa caminhada e que tratem das manifestações dos

visitantes do site que participaram da pesquisa.

Vejamos a primeira reflexão em relação ao termo “identidade”: de acordo com

Houaiss (2001), a palavra identidade é o conjunto das características próprias e

exclusivas de um indivíduo. Para Japiassú e Marcondes (1996) há várias

possibilidades de leitura em relação a este termo:

"(lat. Tardio identitas, de idem: o mesmo) Relação de semelhança absoluta


e completa entre duas coisas, possuindo as mesmas características
essenciais, que são assim a mesma[...]. Na lógica, o princípio da identidade
, uma das três leis básicas do raciocínio para Aristóteles, se expressa pela
fórmula “A=A”, ou seja, todo objeto é igual a si mesmo”.

E, continuam Japiassú e Marcondes:

“A questão da identidade e da diferença, do mesmo e do outro, é uma das


questões mais centrais da metafísica clássica em seu surgimento (Heráclito,
Parmênides, Platão). Temos por um lado, a busca de um elemento único, a
essência, o ser, que explique a totalidade do real (Parmênides); por outro
lado, o pluralismo de Heráclito vê o real como reino da diferença, da
mudança e do conflito, sendo que em um sentido dialético algo pode ser e
não ser o mesmo, já que está em mudança. Platão busca, de certo modo,
conciliar ambas as posições que o influenciaram em sua metafísica dualista,
segundo a qual a mudança pertence ao mundo material, ao mundo das
aparências, sendo o mundo das formas, fixo, eterno, imutável.” (JAPIASSU
e MARCONDES, 1996, p.136,).

Na Proposta Curricular de Santa Catarina (1998), no capítulo relativo a

Educação Sexual, na seção destinada a comentar a respeito das “Manifestações da

Sexualidade Adolescente” (p.27), há a seguinte afirmação:

“Em seus estudos, Freud fez uma analogia com a tragédia de Sófocles na
passagem em que Édipo não compreende o que está escrito no oráculo:
“Conhece-te a ti mesmo”. Ou, seja, a identidade é o conhecimento que cada
um de nós buscamos em nós mesmos como unidade pessoal que, por sua
vez, se distingue de todos os outros indivíduos”.(SANTA CATARINA, 1998,
p.27).
80

Neste sentido veremos a seguir o quão importante é a identidade para alguém,

principalmente para alguém que não tem sua cidadania reconhecida pelo

hegemônico. Você se lembra quando falei de sobre “”Teoria da Curvatura da Vara?”

Vejamos isso com maior riqueza de detalhes e a linha de correlação que pretendo

estabelecer:

Relembrando meu diálogo com Saviani (1977, pp.136-138) quando descreve a

“Teoria da Curvatura da Vara” (observe a página 10, quando Saviani fala de

Althusser, dizendo que tal teoria pertence a Lênin) vejo que identidade e diversidade

estão intimamente ligadas. Portanto, na linha de raciocínio que adotei, o respeito à

diversidade passa por uma afirmação identitária, por um momento necessário de

“curvatura” do não-hegemônico contrapondo-se com a excessiva curvatura do

hegemônico.

Mas, o que é afirmação identitária? Partindo do pressuposto que toda a cultura

hegemônica hoje ainda celebra a heterossexualidade como padrão e não a

diversidade da sexualidade e suas demais facetas, e que nos desdobramentos, que

são expressões de um positivismo arcaico e ultrapassado, vão sendo apropriados

indevidamente, conceitos soltos, para fazer valer a sua dominação, sob uma ótica

reducionista da “naturalidade” e “normalidade”, etc. A afirmação identitária que

proponho no site procura resgatar a humanidade (entendida aqui em sua dimensão

social) também das pessoas não incluídas nas regras padronizantes que regem a

sociedade, regras essas que buscam naturalizar “a verdade dos que dominam”.

Desta forma, a afirmação identitária é, antes de tudo uma atitude política,

inclusiva e resgatadora da cidadania, visando à emancipação pelo esclarecimento,

usando do contraste entre os indivíduos que se constituem socialmente (grifo meu)


81

num primeiro momento, como pertencentes a uma ou mais categorias e não

somente a uma.

A idéia é que, a partir da abstração e do entendimento de que as pessoas

diferentes têm tantos direitos quanto deveres, conforme todas as outras, ocorra a

inclusão. E isto vai além do campo da sexualidade, mas certamente não a exclui.

Assim tem sido com a mulheres, com pessoas não-brancas, de etnias diversas,

portadoras de necessidades especiais, pessoas que atingiram a maturidade (ou,

velhice), pessoas ditas portadoras e portadores de doenças ou necessidades

especiais etc. e com as diferentes orientações sexuais.

A leitura capitalista de que os indivíduos só têm utilidade, só são “gente”,

enquanto economicamente ativos (produtivos) e reprodutivos da espécie, é

completamente desfocada da realidade e dificulta afirmações identitárias que

possibilitem aos seres humanos serem contemplados em sua tão rica diversidade.

Enquanto promove a educação sexual na Internet, o www.glssite.net no sentido

vygotskyano, pretende ser mais um agente de mediação. Utiliza-se, dentre outras 49

dimensões, da discussão política também, oportunizando a discussão de temas

relacionados às sexualidades.

Tornou-se (o site) um fórum de debates, com centenas de mensagens (a lista de

distribuição de e-mails, lista de discussão chamada listagls, circulou 4.710

mensagens só no primeiro semestre de 2003, o que equivale a 783 mensagens por

mês ou quase 27 mensagens por dia, lidas por mais de trezentos participantes/dia).

49
Outras dimensões poderiam ser: sexual, econômica, etc. mas a que se mostra mais eficiente é a política.
82

Desde 13 de janeiro de 1999 o site foi visitado por 188.401 pessoas.

Infelizmente os dados do contador que datavam a partir da criação do site e, no dia

primeiro de setembro de 1996 foram perdidos quando o próprio provedor foi atacado

por crackers50.

Mas a estimativa é que os números já devem estar além dos duzentos e

cinqüenta mil (250.000) acessos. As pessoas que mais visitam o site provem dos

seguintes lugares (por ordem de freqüência): 1) Brasil, 2)Portugal, 3)Espanha,

4)Japão, 5)Alemanha, 6)Estados Unidos, 7)Arábia Saudita, 8)Países da América

Central, 9)Itália e 10)França.

Informações completas com números e percentuais podem ser obtidos no

seguinte endereço: http://www.nedstatbasic.net/s?tab=1&link=3&id=155565, ou nos

anexos 9, 10 e 11.

Portanto, no sentido de oportunizar um espaço político-pedagógico

emancipatório, de respeito à diversidade para gays, lésbicas, bissexuais,

transgêneros e heterossexuais o www.glssite.net agrega capital intelectual às

pessoas, desconstruindo mitos e tabus, por exemplo, no sentido que Furlani (1998)

comenta:

“Sem dúvida a sexualidade constitui-se “numa questão social, estrutural,


histórica” e, discutí-la, compreendê-la, recriá-la e re-significá-la passa por
transitar, não só na Biologia, mas na contribuição de estudos nas áreas da
História, da Antropologia, da moral, da evolução social e da política
econômica. Isto porque “as relações sexuais são relações sociais,
construídas historicamente em determinadas estruturas, modelos e valores
que dizem respeito a determinados interesses de épocas diferentes”, que
consolidam modelos sociais hegemônicos de vivência e, mais do que isso,
ditam as “verdades” sobre a sexualidade individual e coletiva.” (FURLANI,
1998, p.16).

50
Pessoas que desenvolvem programas com o intuito de invadir e destruir conteúdo.
83

A questão de um site voltado para a Educação Sexual de GLBT51 e a tantas

outras letras que podem a vir e existir e significar todas as orientações possíveis,

significa socializar que existem “n” possibilidades de ajuntamentos afetivos, eróticos,

sexuais e sabe lá mais o quê, entre as pessoas.

Por que parece haver tanta necessidade em afirmar sua identidade e o seu

contraposto, a diferença tratado como desigualdade? Para estabelecer os limites,

diria Friedrich Nietzsche, ou pelo menos a noção de fronteiras (borderlines) entre os

indivíduos.

Usarei o signo, a linguagem, para demonstrar essa noção. Senão, vejamos a

última palavra que escrevi no parágrafo anterior, “indivíduos”. Indivíduo significa

próprio do ser. Pode-se referir a um grupo de indivíduos mulheres ou homens,

todavia trata-se “do indivíduo”, trata-se “do ser” e, não, “da indivíduo”, ou “da ser”.

Esta construção de linguagem possui toda uma justificativa gramatical que acentua a

diferença entre os gêneros feminino e masculino e, por extensão, de todas as

possíveis variações que não fazem parte do que está hegemonicamente

estabelecido como normal e natural. Estes substantivos-sujeitos não incluem o

feminino.

Sintetizando, a questão da produção social da identidade tem a ver, conforme

Silva (2000) com o estabelecimento da diferença, ou seja, parametrizar, localizar o

outro, que não é igual a mim. Ao fazê-lo, eu o estabeleço no tempo e no espaço, na

forma de uma construção cultural, atribuindo-lhe um valor.

51
Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros.
84

É neste sentido, então, por exemplo, que as pessoas não-heterossexuais

precisam afirmar, estabelecer as suas identidades sociais, para demonstrarem que

existem enquanto agentes político-sociais.

Entendo que não-heteros, paradoxalmente, não precisam de muito esforço para

se afirmarem como tal, uma vez que o Estado, quando lhes nega as mesmas

condições previstas na legislação e as aceita somente para as pessoas

heterossexuais, os (as) reconhece legitimamente.

Mais adiante, este mesmo Estado cobra deveres de todas as pessoas:

heterossexuais ou não. Mas, os direitos são apenas na medida que atendem as

prerrogativas do hegemônico. Ou seja, só tem direitos em sua plenitude quem é

heterossexual. Esta negação dos direitos aos outros e outras não-heterossexuais

lhes dá a ferramenta exata para afirmarem suas identidades como seres humanos

diversos, constituídos (as) que são, culturalmente. Portanto, na negação, a

afirmação!

Conforme Silva (2000),

“Em uma primeira aproximação, parece ser fácil definir ”identidade”. A


identidade é simplesmente aquilo que se é: “sou brasileiro”, “sou negro”,
[...]A identidade assim concebida parece ser uma positividade (“aquilo que
eu sou”), [...] um “fato” autônomo [...] ela é auto-contida e auto suficiente. Na
mesma linha de raciocínio, também a diferença como uma entidade
independente [...]é aquilo que o outro é: “ela é homossexual”, “ela é
velha”[...] A diferença tal como a identidade, simplesmente existe.” (SILVA,
2000, p.74).

Mais adiante, ele afirma:

“Além de serem interdependentes, identidade e diferença partilham de uma


importante característica: elas são o resultado de atos de criação lingüística.
Dizer que são o resultado de atos de criação significa dizer que não são
85

“elementos” da natureza, que não são essências, que não são coisas que
estejam simplesmente aí, à espera de serem reveladas ou descobertas,
respeitadas ou toleradas[...].Elas não são criaturas do mundo natural ou de
um mundo transcendental, mas do mundo cultural e social.” (SILVA,
2000.p.76).

E, para se ter uma noção da contribuição firme de Silva, volto a citá-lo num

ponto que considero crucial:

“A identidade normal é ”natural”, desejável, única. A força da identidade


normal é tal que ela nem sequer é vista como uma identidade, mas
simplesmente como a identidade. Paradoxalmente, são as outras identidades
que são marcadas como tais: Numa sociedade em que impera a supremacia
branca, por exemplo, “ser branco” não é considerado uma identidade étnica
ou racial. Num mundo governado pela hegemonia cultural estadunidense,
“étnica” é a música ou a comida dos outros países. É a sexualidade
homossexual que é “sexualizada”, não a heterossexual. A força
homogeinizadora da identidade normal é diretamente proporcional a sua
invisibilidade.” (SILVA, 2000. p.83, grifo meu).

Seria mais ou menos aquilo que Foucault (2002) pretendia dizer, se

devidamente contextualizado, quando deu a aula inaugural no Collège de France em

2 de setembro de 1970, ou seja, dentre outras coisas de que, o discurso tem o poder

de excluir, porque está investido de um poder que nós delegamos a outrem.

Eis aqui algumas frases das pessoas que responderam ao questionário on-line,

selecionadas para esta categoria, Respeito a Diversidade: “Todos temos direito de

ser diferentes”.

A questão da identidade dita “normal” é tão forte que a visitante não se deu

conta da obviedade de suas palavras, ou seja, somos sempre pessoas diferentes.

“Igualdade perante todos”. Pretendeu dizer que todos somos iguais perante a Lei, e

não perante um determinado grupo social. Trata-se da igualdade de direitos em

relação as demais pessoas, equiparando-se as heterossexuais.


86

Se não vejamos como o visitante virtual que se identifica como homossexual,

manifesta-se: “Todo ser humano independente da identidade sexual tem o direito de

se expressar seja qual for sua preferência sexual”; outro visitante virtual diz: “Todos

têm o direito de serem iguais e diferentes”. O discurso aqui embutido é de total

inclusividade.

O mesmo ocorre na mesma linha de pensamento nas seguintes frases: “A

diversidade sexual é um fato real da natureza humana”; “Por que antes de sermos

gays, lésbicas, bissexuais ou transgêneros, somos tod@s seres humanos”.

Aqui temos outra frase interessante que, ao seu final, recorre ao respeito à

diversidade: “Assim, porque como o sexo envolve grande parte de nossas vidas e

deve ser considerado o direito humano a opção de uma vida sexual satisfatória e

equilibrada, com respeito às expressões alheias”.

Numa análise das Constituições Brasileiras, Pinto (1999), escreveu um artigo

denominado “Foucault e as Constituições brasileiras: quando a lepra e a peste se

encontram com os nossos excluídos”. Ela mostra no artigo que, na medida da

necessidade, durante a promulgação das oito (08) constituições, o Brasil teve

períodos históricos em que, às vezes, foi mais interessante incluir que excluir,

obviamente, de acordo com a conveniência de cada época.

Novamente voltamos à questão de que a diversidade, inclusive a de orientação

sexual. É uma construção cultural e, como tal, deve ser entendida e trabalhada em

qualquer processo intencional, emancipatório, de educação sexual.

Nesta minha reflexão sobre diversidades encontro com Bhabha (1998), que

possui diversos estudos quanto a multiculturalismo e hibridismo. Trata das culturas


87

que se encontram num determinado momento histórico, podendo dar origem a uma

terceira cultura que pode, por sua vez, temporariamente, carecer de identidade e

ficar limítrofe (ou, borderline); esta somente se firmará quando forem vivenciadas

ações afirmativas eficazes.

Especialmente em seu texto “O Local da Cultura”, Homi Bhabha levanta diversas

categorias, dentre as quais, “identidades” e deixa antever o papel importante da

educação nas questões de gênero, por exemplo, no enfrentamento da questão do

respeito à diversidade.

Nenhuma análise das categorias que são apresentadas nesta dissertação pode

se caracterizar como pronta, acabada, fechada em si mesma porque todas fazem

parte de um processo. Mas certamente servem de momentos, de ações afirmativas

sobre a questão das possibilidades de mediação emancipatória do site

www.glssite.net.
88

CAPITULO 5
89
90

Considerações Finais

Começo este parágrafo com uma interrogação: “Incluir” o excluído será inserí-lo

na mesmice? Acredito que, não! Todavia, exemplos do oposto não faltam.

Incluir o excluído no processo de oportunidades que são oferecidas a outras

pessoas é oferecer-lhe, pelo menos, a chance de fazer uma escolha. As mulheres,

por exemplo, são pessoas que supostamente estão inclusas num processo de

normalidade, mas, nem por isso todas as mulheres resolveram ter uma identidade

profissional “essencialmente masculina”. Muitas delas entendem que, embora

tenham uma jornada dura de trabalho não remunerado como domésticas, muitas

vezes mães, não são reconhecidas socialmente. Muitas mulheres heterossexuais

principalmente estão num outro patamar de valores que lhes possibilita reivindicar

uma série de benefícios e a justiça assim as entende.

Um artigo que deixa isto muito bem claro, porque não vou entrar no mérito desta

questão antropológica, está numa entrevista feito por Diogo Schelp (2003) com o

autor de “O Sexo Oprimido”52, Van Creveld, cujo título é:” Historiador diz que os

discriminados são os homens e que eles têm menos direitos que as mulheres”. Ora!

Homens e mulheres heterossexuais sempre puderam fazer escolhas sob a égide

que contém as regras do hegemônico que sempre lhes favorece.

Já as pessoas não-heterossexuais, não estão sob a proteção de qualquer égide

e têm grandes dificuldades de se articularem entre si e usufruírem o que a há de

melhor e, mais, este – “não poder articular-se” - é criado pelo poder hegemônico

que, no sentido marxista, é mais que uma estratégia de um grupo totalmente

52
Disponível em:<http://veja.abril.com.br/011003/p_070.html> acessado em 04/10/2003.
91

reificado53, alienado e que prefere as mesmices que conservam o que está exposto

como “normal”.

O filósofo francês, Pierre Lévy, em entrevista a Revista Nova Escola (2003, p.22-

26), sob o título “Estamos Todos Conectados”, revela a possibilidade de

construirmos uma inteligência coletiva.

Para o entrevistado, inteligência coletiva:

“É a capacidade de trocar idéias, compartilhar informações e interesses


comuns, criando comunidades e estimulando conexões. Para começar, tome
o cérebro humano. Fazemos infinitas conexões, que se intensificam à medida
que envelhecemos. Agora, imagine que podemos, graças ao computador,
integrar essa “constelação de neurônios” com a de milhões de outras
pessoas. Essa é a comparação que faço. A Internet nos permite hoje criar
uma superinteligência coletiva, dar início a uma grande revolução humana”
(LÉVY, 2003, p.24).

Nesta ótica, as possibilidades de mediação emancipatória de um site sobre

Educação Sexual, que é o título desta dissertação de mestrado, visam demonstrar

que é possível quebrar determinados paradigmas ditos hegemônicos, porque,

citando Wanderley (1999), “Fazendo um recorte ”ocidental” poder-se-ía dizer que

“excluídos são todos aqueles que são rejeitados de nossos mercados materiais ou

simbólicos, de nossos valores”.

Warken e Warken (2003), fazem a seguinte colocação:

“Quanto à Educação Sexual propriamente dita, posso afirmar que a Internet


possibilitou e possibilita um trabalho de sucesso em larga escala junto ao
público. Essa afirmação é corroborada pelas estatísticas que venho obtendo
junto ao GLSSITE.NET, site destinado à Educação Sexual de gays,
lésbicas, bissexuais, transexuais e simpatizantes, espaço que criei em 1996,
com a finalidade de divulgar informações sobre formas de prevenção contra

53
Segundo a teoria marxista, a reificação é o último estágio da alienação do trabalhador, no sentido de que sua
força de trabalho se transforma em valor de troca, escapando a seu próprio controle e tornando-se uma “coisa
autônoma”.(JAPIASSÚ, 1996, p.233).
92

a AIDS [...] e que hoje é também referência no que se refere a Direitos


Sexuais e Direitos humanos.” (WARKEN e WARKEN, 2003, p.92).

Então, vislumbro sim possibilidades promissoras na Internet, principalmente para

educadoras e educadores, por exemplo, que gostariam de compartilhar

conhecimentos através da publicação de seus materiais em livros reais, mas que,

dados os elevados custos, não podem fazê-lo. Já que a Internet está aí, podem

aproveitá-la.

Neste sentido é que o próprio www.glssite.net também possui uma área

destinada a trabalhos de pesquisadores e pesquisadoras, uma outra área para

colunistas voluntários, e assim por diante.

Adorno (2000, p.19), juntamente com Horkheimer já diziam: “O

desenfeitiçamento do mundo é a erradicação do animismo”, quando conceitua

iluminismo. Em “Dialética do Esclarecimento”, Horkheimer e Adorno (1985, p.144),

citavam: “Na indústria, o individuo é ilusório não apenas por causa da padronização

do modo de produção. Ele só é tolerado na medida em que sua identidade

incondicional com o universal está fora de questão”. De acordo com Adorno, citado

por Zuin:

“De um certo modo, emancipação significa o mesmo que


conscientização, racionalidade...A educação seria impotente e
ideológica se ignorasse o objetivo de adaptação e não preparasse
os homens para se orientarem no mundo.” (ZUIN,1999, p.119).

Esta é a ótica na qual procuro trabalhar no www.glssite.net. Acredito que a

emancipação se dá com o processo contínuo de esclarecimento da pessoa, que vai

se libertando de velhas amarras, ao tomar contato não só com a realidade visível,

mas com o significado histórico e cultural de sua realidade, ou seja, porque sua
93

realidade é do jeito que é. Esse processo é um auxílio precioso na construção do

protagonismo de cada cidadão, de cada cidadã.

Num artigo escrito para o caderno Mais!, do jornal Folha de São Paulo,

(17/10/99, p.8), o sociólogo Pierre Bordieu escreveu um artigo intitulado: “Bordieu

desafia a mídia Internacional”. Neste artigo Bordieu demonstra sua preocupação

quanto a mídia no sentido que já deixamos claro, de certa forma, aqui na

dissertação, ou seja, a mídia também se presta ao poder na sua face desumanizada.

Há um momento em que ele declara que gostaria de fazer uma pergunta aos donos

de negócios na mídia global: “senhores do mundo, vocês têm domínio de seu

domínio? Ou, mais simplesmente, sabem realmente o que fazem, o que estão

fazendo, todas as conseqüências do que estão fazendo?”. Mais adiante, ainda

referindo-se as mídias ele cita:

“[...] em suma, tudo o que se agrupa sob o nome de “catch all” de informação,
deve ser tratado como uma mercadoria igual às outras, a que se devem
aplicar as mesmas regras que a qualquer outro produto; e que esse produto
industrial padronizado deve assim obedecer à lei comum, a lei do lucro, imune
a qualquer exceção cultural sancionada pelas limitações regulamentares[...].
Dizem-nos enfim que a lei do lucro, isto é, a lei do mercado, é eminentemente
democrática, já que sanciona o triunfo do produto que é plebiscitado pelo
maior número de pessoas.” (BORDIEU,1999, p.8).

O mestre parece estar muito aborrecido por estar assistindo a coisificação do

conhecimento e com a falta de indignação das pessoas, ou talvez por elas se

encontrarem aparentemente, numa forma de catarse.

Quem assistiu aos três filmes dos irmãos Wachonski, Matrix (1999) e Matrix

Reloaded (2001), Matrix Revolution (2003) deve entender melhor onde Bordieu quer

chegar. Afinal de contas, é a minha realidade apenas uma virtualidade que vivifico
94

enquanto estou narcotizado, enquanto que minha realidade “real” é algo mais

obscuro da qual preciso me alienar e, que não me ajuda numa emancipação?

Em seu artigo “Mediação Pedagógica e o Uso da “Tecnologia”, Masetto (2001)

pergunta, criticamente: “Para que se preocupar com tecnologias que colaborem para

um ensino e uma aprendizagem mais eficazes? Não basta o domínio do conteúdo

como todos apregoam?” Para o autor, a tecnologia é uma ferramenta de mediação

entre quem ensina e quem aprende (e vice-versa).

Mesmo se o site deixar de estar acessível por algum motivo, acredito que a

mensagem de que esta mídia é possível de ser utilizada para uma Educação Sexual

Emancipatória, mesmo que seja numa outra oportunidade, continuará a ecoar.

Isto porque o www.glssite.net é um espaço virtual que vive um processo

constante de transformação. Ele se reconstrói e vai se adequando às necessidades

das pessoas em sua busca de emancipação. Nessa perspectiva, um dos espaços

mais dialéticos dentro do site, fora a parte de documentação e educacional são as

chamadas, listas de discussão, sempre dinâmicas e realimentadoras do site. E

certamente essa perspectiva dialética é uma indicação de uma prática educativa

crítica.

Em “Pedagogia da Autonomia” do Mestre Paulo Freire, encontrei diversos

tópicos sobre o que ele pensa ser o conjunto de valores para que se tenha uma boa

prática educativo-crítica. Insisto nisto porque educar é o ponto focal do

www.glssite.net. Educar para a cidadania, para os direitos humanos, com um recorte

na área da educação sexual. O item 1.7 de seu livro, diz:


95

“É próprio do pensar certo a disponibilidade ao risco, a aceitação do novo


que não pode ser negado ou acolhido só porque é novo, assim como o
critério de recusa ao velho não é apenas cronológico. O velho que preserva
sua validade ou que encarna uma tradição ou marca uma presença no
tempo continua novo.[...] A prática preconceituosa de raça, de classe, de
gênero ofende a substantividade do ser humano e nega radicalmente a
democracia.“ (FREIRE, 1995, p.35-36).

É possível mudar? Esta dissertação é quase uma proposta, um desafio. E, digo

isto não pensando somente na educação sexual, mas nas “educações”. Desde a

mais generalista aquela mais específica.

Há vários caminhos ainda não trilhados na Internet. Outros, já trilhados, podem

ser revistos, reinventados. Mas devem os e as que educam ocupar também esses

espaços.

Isto porque precisamos estar atentos (as) também para o fato de que, muito

mais que servir para diminuir distâncias, a Internet e seus sites educacionais servem

e devem servir cada vez mais para à inclusão digital, antes que estas ferramentas

sejam utilizadas apenas para aumentar as distâncias sociais entre as pessoas e o

conhecimento. E, conhecimento não pode ser um privilégio e, sim, uma

oportunidade.

Aceite o risco. Tente! Você pode.

Eu estou tentando.
96

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<http://www.cce.ufsc.br/lle/alemao/markus/internet.html>. Acesso em 20 de dez.

2001.

ZUIN, Antônio A . S. Indústria, cultura e educação – o novo canto da sereia.

Campinas: Autores Associados, 1999.

ARTIGOS DE JORNAIS

BORDIEU, Pierre. Bordieu desafia a mídia internacional. Jornal Folha de São

Paulo, São Paulo, 17/10/1999. Caderno Mais, p.5/8.

SANTOS, Avelar L.. O futuro da sociedade. Jornal A Notícia, Joinville-SC,

02/06/99.Caderno AN Informática, p.d-2.

FILMES
10

BROTHERS, The Wachonski. Matrix, Warner Bros, 1999

BROTHERS, The Wachonski. Matrix Reloaded, Warner Bros, 2002

BROTHERS, The Wachonski. Matrix Revolutions, Warner Bros, 2003


10

ANEXOS

1 - PNDHU – Plano Nacional de Direitos Humanos

Referencias AOS Homossexuais no PLANO NACIONAL DE DIREITOS

HUMANOS II

http://www.mj.gov.br/sedh/index.htm

Orientação Sexual

114. Propor emenda à Constituição Federal para incluir a garantia do

direito à livre orientação sexual e a proibição da discriminação por

orientação sexual.

115. Apoiar a regulamentação da parceria civil registrada entre pessoas do

mesmo sexo e a regulamentação da lei de redesignação de sexo e mudança de

registro civil para transexuais.

116. Propor o aperfeiçoamento da legislação penal no que se refere à

discriminação e à violência motivadas por orientação sexual.

117. Excluir o termo 'pederastia' do Código Penal Militar.

118. Incluir nos censos demográficos e pesquisas oficiais dados relativos à

orientação sexual.

No capítulo GARANTIA DO DIREITO A IGUALDADE, estão referidas as seguintes


10

minorias sociais com o total de propostas afirmativas:

CRIANÇAS E ADOLESCENTES: 45

MULHERES: 19

AFRO-DESCENDENTES: 28

POVOS INDIGENAS: 23

GAYS, LESBICAS, TRANSEXUAIS E BISSEXUAIS: 10

ESTRANGEIROS E MIGRANTES: 9

CIGANOS: 6

PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIENCIA: 17

IDOSOS: 13

Gays, Lésbicas, Travestis, Transexuais e Bissexuais - GLTTB

231. Promover a coleta e a divulgação de informações estatísticas sobre a

situação sócio-demográfica dos GLTTB, assim como pesquisas que tenham como

objeto as situações de violência e discriminação praticadas em razão de

orientação sexual.

232. Implementar programas de prevenção e combate à violência contra os

GLTTB, incluindo campanhas de esclarecimento e divulgação de informações

relativas à legislação que garante seus direitos.

233. Apoiar programas de capacitação de profissionais de educação,

policiais, juízes e operadores do direto em geral para promover a


10

compreensão e a consciência ética sobre as diferenças individuais e a

eliminação dos estereótipos depreciativos com relação aos GLTTB.

234. Inserir, nos programas de formação de agentes de segurança pública e

operadores do direito, o tema da livre orientação sexual.

235. Apoiar a criação de instâncias especializadas de atendimento a casos

de discriminação e violência contra GLTTB no Poder Judiciário, no

Ministério Público e no sistema de segurança pública.

236. Estimular a formulação, implementação e avaliação de políticas

públicas para a promoção social e econômica da comunidade GLTTB.

237. Incentivar ações que contribuam para a preservação da memória e

fomento à produção cultural da comunidade GLTTB no Brasil.

238. Incentivar programas de orientação familiar e escolar para a resolução

de conflitos relacionados à livre orientação sexual, com o objetivo de

prevenir atitudes hostis e violentas.

239. Estimular a inclusão, em programas de direitos humanos estaduais e

municipais, da defesa da livre orientação sexual e da cidadania dos GLTTB.

240. Promover campanha junto aos profissionais da saúde e do direito para o


10

esclarecimento de conceitos científicos e éticos relacionados à comunidade

GLTTB.

2 - Declaração de Valência sobre os Direitos Sexuais, em 29-7-97.

Tradução de Sonia Melo

As pessoas participantes no XIII Congresso Mundial de Sexologia “Sexualidade

e Direitos Humanos” declaram que:

A sexualidade humana é dinâmica e mutável, se constrói continuamente pela

mútua interação do indivíduo e as estruturas sociais, está presente em todas as

épocas da vida, como força integradora da identidade e contribui para fortalecer e/ou

produzir vínculos interpessoais. O prazer sexual, incluindo o auto-erotismo, é fonte

de bem estar físico, psíquico, intelectual e espiritual. É parte de uma sexualidade

livre de conflitos e angústia, promotora do desenvolvimento pessoal e social.

Portanto, propomos que a sociedade crie as condições dignas onde se possam

satisfazer as necessidades para o desenvolvimento integral da pessoa e o respeito

aos seguintes Direitos Sexuais inalienáveis, invioláveis e insubstituíveis de nossa

condição humana:

Direito à liberdade que exclui todas as formas de coerção, exploração e abusos

sexuais em qualquer momento da vida e em toda condição. A luta contra a violência

constitui uma prioridade. A criança tem direito de ser desejada e querida.

Direito à autonomia, integridade e segurança corporal. Este direito abrange o

controle e desfrute do próprio corpo, livre de torturas, mutilações, e violências de

toda índole.
10

Direito à igualdade e à equidade sexual. Refere-se a estar livre de todas as

formas de discriminação. Implica respeito à multiplicidade e diversidade das formas

de expressão da sexualidade humana, seja qual for o sexo, gênero, idade, etnia,

classe social, religião e orientação sexual a qual se pertença.

Direito à saúde sexual. Incluindo a disponibilidade de recursos suficientes para o

desenvolvimento da investigação e conhecimentos necessários para sua promoção.

A AIDS e as DST requerem há tempos mais recursos para seu diagnóstico,

investigação e tratamento.

Direito à informação ampla, objetiva e verídica sobre a sexualidade humana que

permita tomar decisões a respeito da própria vida sexual.

Direito a uma educação sexual integral desde o nascimento e ao largo de toda a

vida. Neste processo devem intervir todas as instituições sociais.

Direito à livre associação. Significa a possibilidade de contrair ou não

matrimônio, de dissolver dita união e de estabelecer outras formas de convivência

sexual.

Direito à decisão reprodutiva livre e responsável. Ter ou não ter filhos, o

espaçamento entre os nascimentos e o acesso as formas regulares de fecundidade.

Direito à vida privada que implica na capacidade de tomar decisões autônomas

com respeito à própria vida sexual dentro de um contexto de ética pessoal e social.

O exercício consciente racional e satisfatório da sexualidade é inviolável e

insubstituível.
10

A sexualidade humana constitui a origem do vínculo mais profundo entre os

seres humanos e de sua realização efetiva depende o bem-estar das pessoas, dos

casais, da família e da sociedade. É portanto, seu patrimônio mais importante e seu

respeito deve ser promovido por todos os meios possíveis.

A SAÚDE SEXUAL É UM DIREITO HUMANO BÁSICO E FUNDAMENTAL

6.2.1 – Declaração de Hong Kong

3 - Declaração dos Direitos Sexuais

WAS - World Association for Sexology

Durante o XV Congresso Mundial de Sexologia, ocorrido em Hong Kong

(CHINA), entre 23 e 27 de agosto p.p., a Assembléia Geral da WAS - World

Association for Sexology)aprovou as emendas para a Declaração de Direitos

Sexuais, decidida em Valência, no XIII Congresso Mundial de Sexologia, em 1997.

Sexualidade é uma parte integral da personalidade de todo ser humano. O

desenvolvimento total depende da satisfação de necessidades humanas básicas tais

quais desejo de contato, intimidade, expressão emocional, prazer, carinho e amor. A

sexualidade é construída através da interação entre o indivíduo e as estruturas

sociais. O total desenvolvimento da sexualidade é essencial para o bem estar

individual, interpessoal e social.

Os direitos sexuais são direitos humanos universais baseados na liberdade

inerente, dignidade e igualdade para todos os seres humanos. Saúde sexual é um

direito fundamental, então saúde sexual deve ser um direito humano básico. Para
10

assegurarmos que os seres humanos e a sociedade desenvolva uma sexualidade

saudável, os seguintes direitos sexuais devem ser reconhecidos, promovidos,

respeitados e defendidos por todas sociedades de todas as maneiras. Saúde sexual

é o resultado de um ambiente que reconhece, respeita e exercita estes direitos

sexuais.

1 - O DIREITO À LIBERDADE SEXUAL A liberdade sexual diz respeito à

possibilidade dos indivíduos em expressar seu potencial sexual. No entanto, aqui se

excluem todas as formas de coerção, exploração e abuso em qualquer época ou

situações de vida.

2- O DIREITO À AUTONOMIA SEXUAL, INTEGRIDADE SEXUAL E À

SEGURANÇA DO CORPO SEXUAL Este direito envolve a habilidade de uma

pessoa em tomar decisões autônomas sobre a própria vida sexual num contexto de

ética pessoa e social. Também inclui o controle e o prazer de nossos corpos livres

de tortura, mutilação e violência de qualquer tipo.

3- O DIREITO À PRIVACIDADE SEXUAL O direito às decisões individuais e aos

comportamentos sobre intimidade desde que não interfiram nos direitos sexuais dos

outros.

4- O DIREITO À IGUALDADE SEXUAL Liberdade de todas as formas de

discriminação, independentemente do sexo, g6enero, orientação sexual, idade, raça,

classe social, religião, deficiências mentais ou físicas.

5- O DIREITO AO PRAZER SEXUAL O prazer sexual, incluindo o autoerotismo,

é uma fonte de bem estar físico, psicológico, intelectual e espiritual.


11

6- O DIREITO À EXPRESSÃO SEXUAL A expressão sexual é mais que um

prazer erótico ou atos sexuais. Cada indivíduo tem o direito de expressar a

sexualidade através da comunicação, toques, expressão emocional e amor.

7- O DIREITO À LIVRE ASSOCIAÇÃO SEXUAL Significa a possibilidade de

casamento ou não, ao divórcio, e ao estabelecimento de outros tipos de associações

sexuais responsáveis.

8- O DIREITO ÀS ESCOLHAS REPRODUTIVAS LIVRES E RESPONSÁVEIS É

o direito em decidir ter ou não ter filhos, o número e o tempo entre cada um, e o

direito total aos métodos de regulação da fertilidade.

9- O DIREITO À INFORMAÇÃO BASEADA NO CONHECIMENTO CIENTÍFICO

A informação sexual deve ser gerada através de um processo científico e ético e

disseminado em formas apropriadas e a todos os níveis sociais.

10- O DIREITO À EDUCAÇÃO SEXUAL COMPREENSIVA Este é um processo

que dura a vida toda, desde o nascimento, pela vida afora e deveria envolver todas

as instituições sociais.

11- O DIREITO À SAÚDE SEXUAL O cuidado com a saúde sexual deveria estar

disponível para a prevenção e tratamento de todos os problemas sexuais,

preocupações e desordens.

4 - Declaração Universal dos Direitos Humanos

Proclamada em 10 de dezembro de 1948, pela Assembléia Geral das Nações

Unidas (ONU)
11

CONSIDERANDO que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os

membros da família humana e seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da

liberdade, da justiça e da paz no mundo,

CONSIDERANDO que o desprezo e o desrespeito aos direitos do homem

resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade, e que o

advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença

e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade,

CONSIDERANDO ser essencial que os direitos do homem sejam protegidos

pelo império da lei, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à

rebelião contra a tirania e a opressão,

CONSIDERANDO ser essencial promover o desenvolvimento de relações

amistosas entre as nações,

CONSIDERANDO que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua

fé nos direitos do homem e da mulher, e que decidiram promover o progresso social

e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,

CONSIDERANDO que os Estados Membros se comprometeram a promover, em

cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades

fundamentais do homem e a observância desses direitos e liberdades,

CONSIDERANDO que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é

da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

A Assembléia Geral das Nações Unidas proclama a presente "Declaração

Universal dos Direitos do Homem" como o ideal comum a ser atingido por todos os
11

povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da

sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino

e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela

adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar

o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os

povos dos próprios Estados Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua

jurisdição.

Artigo 1

Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados

de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de

fraternidade.

Artigo 2

I. Todo o homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades

estabelecidos nesta declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça,

cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou

social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

II. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política,

jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se

trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a

qualquer outra limitação de soberania.

Artigo 3

Todo o homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.


11

Artigo 4

Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de

escravos estão proibidos em todas as suas formas.

Artigo 5

Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel,

desumano ou degradante.

Artigo 6

Todo homem tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como

pessoa perante a lei.

Artigo 7

Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual

proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação

que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8

Todo o homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes

remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam

reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo 9

Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10
11

Todo o homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência

por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e

deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo 11

I. Todo o homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido

inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em

julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias

necessárias a sua defesa.

II. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no

momento, não constituam delito perante o direito nacional ou internacional. Também

não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era

aplicável ao ato delituoso.

Artigo 12

Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu

lar ou na sua correspondência, nem a ataques a sua honra e reputação. Todo o

homem tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo 13

I. Todo homem tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das

fronteiras de cada Estado.

II. Todo o homem tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a

este regressar.
11

Artigo 14

I. Todo o homem, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar

asilo em outros países.

II. Este direito não pode ser invocado em casos de perseguição legitimamente

motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e

princípios das Nações Unidas.

Artigo 15

I. Todo homem tem direito a uma nacionalidade.

II. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de

mudar de nacionalidade.

Artigo 16

I. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça,

nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família.

Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.

II. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos

nubentes.

III. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à

proteção da sociedade e do Estado.

Artigo 17
11

I. Todo o homem tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.

II. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo 18

Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião;

esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de

manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela

observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Artigo 19

Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui

a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir

informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras.

Artigo 20

I. Todo o homem tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.

II. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21

I. Todo o homem tem o direito de tomar parte no governo de seu país

diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.

II. Todo o homem tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
11

III. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; essa vontade será

expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto

ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo 22

I. Todo o homem, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e

à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com

a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e

culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua

personalidade.

Artigo 23

I. Todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a

condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

II. Todo o homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por

igual trabalho.

III. Todo o homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e

satisfatória, que lhe assegure, assim como a sua família, uma existência compatível

com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de

proteção social.

IV. Todo o homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para

proteção de seus interesses.

Artigo 24
11

Todo o homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das

horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.

Artigo 25

I. Todo o homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a

sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados

médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de

desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda de meios

de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.

II. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais.

Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma

proteção social.

Artigo 26

I. Todo o homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos

nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A

instrução técnica profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior,

esta baseada no mérito.

II. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da

personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e

pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância

e amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as

atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.


11

III. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será

ministrada a seus filhos.

Artigo 27

I. Todo o homem tem o direito de participar livremente da vida cultural da

comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de fruir de

seus benefícios.

II. Todo o homem tem direito à proteção dos interesses morais e materiais

decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Artigo 28

Todo o homem tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos

e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente

realizados.

Artigo 29

I. Todo o homem tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno

desenvolvimento de sua personalidade é possível.

II. No exercício de seus direitos e liberdades, todo o homem estará sujeito

apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar

o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de

satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma

sociedade democrática.
12

III. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, serem

exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 30

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o

reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer

atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer direitos e

liberdades aqui estabelecidos.

5 - CONTEÚDO DA LEI ESTADUAL 12.574/2003 - APROVADA EM SANTA

CATARINA

Lei 12.574/2003

Dispõe sobre as penalidades a serem aplicadas à prática de discriminação em razão

de orientação sexual e adota outras providências.

A Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina decreta:

Art. 1º Serão punidos, nos termos desta Lei, toda e qualquer manifestação

atentatória ou discriminatória praticada contra qualquer cidadão ou cidadã

homossexual, bissexual ou transgênero.

Art. 2º Consideram-se atos atentatórios e discriminatórios aos direitos individuais e

coletivos dos cidadãos e cidadãs homossexuais, bissexuais ou transgêneros, para

os efeitos desta Lei:


12

I - submeter o cidadão ou cidadã homossexual, bissexual ou transgênero a qualquer

tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória, de ordem moral,

ética, filosófica ou psicológica;

II - proibir o ingresso ou permanência em qualquer ambiente ou estabelecimento

público ou privado, aberto ao público;

III - praticar atendimento selecionado que não esteja devidamente determinado em

lei;

IV - preterir, sobretaxar ou impedir a hospedagem em hotéis, motéis, pensões ou

similares;

V - preterir, sobretaxar ou impedir a locação, compra, aquisição, arrendamento ou

empréstimo de bens móveis ou imóveis de qualquer finalidade;

VI - praticar o empregador, ou seu preposto, atos de demissão direta ou indireta, em

função da orientação sexual do empregado;

VII - inibir ou proibir a admissão ou o acesso profissional em qualquer

estabelecimento público ou privado em função da orientação sexual do profissional;

VIII - proibir a livre expressão e manifestação de afetividade do cidadão ou cidadã

homossexual, bissexual ou transgênero, sendo estas expressões e manifestações


12

permitidas ao demais cidadãos e cidadãs.

Art. 3º São passíveis de punição o cidadão ou cidadã, inclusive os detentores de

função pública, civil ou militar, e toda e qualquer organização social ou empresa,

com ou sem fins lucrativos, de caráter privado ou público, instaladas neste estado,

que intentarem contra o que dispõe esta Lei.

Art. 4º A prática dos atos discriminatórios a que se refere esta Lei será apurada em

processo administrativo, que terá início mediante:

I - reclamação do ofendido;

II - ato ou ofício de autoridade competente; e

III - comunicado de organizações não governamentais de defesa da cidadania e

direitos humanos.

Art. 5º O cidadão e a cidadã homossexuais, bissexual ou transgênero que for vítima

dos atos discriminatórios poderá apresentar sua denúncia pessoalmente ou por

carta, telegrama, telex, via internet ou fax ao órgão estadual competente e/ou a

organizações não governamentais de defesa da cidadania e direitos humanos.

§ 1º A denúncia deverá ser fundamentada através da descrição do fato ou ato

discriminatório, seguido da identificação de quem faz a denúncia, garantindo-se, na

forma da lei, o sigilo do denunciante.


12

§2º Recebida a denúncia, competirá à Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania

promover a instauração do processo administrativo devido para apuração e

imposição das penalidades cabíveis.

Art. 6º As penalidades aplicáveis aos que praticarem atos de discriminação ou

qualquer outro ato atentatório aos direitos e garantias fundamentais da pessoa

humana serão as seguintes:

I - advertência;

II - multa de R$ 1.000 (um mil Reais);

III - multa de R$ 3.000 (três mil Reais);

IV - suspensão da licença estadual para funcionamento por trinta dias; e

V - cassação da licença estadual para funcionamento.

§ 1º As penas mencionadas nos incisos II a V deste artigo não se aplicam aos

órgãos e empresas públicas, cujos responsáveis serão punidos na forma do Estatuto

dos funcionários públicos.

§ 2º Os valores das multas serão corrigidos a partir da data da publicação dessa Lei

pela taxa de juros SELIC, podendo ser elevados em até dez vezes quando for

verificado que, em razão do porte do estabelecimento, resultarão inócuas.


12

§ 3º Quando for imposta a pena prevista no inciso V supra, deverá ser comunicada a

autoridade responsável pela emissão da licença, que providenciará a sua cassação,

comunicando-se, igualmente, a autoridade municipal para eventuais providências no

âmbito de sua competência.

Art. 7º Aos servidores públicos que, no exercício de suas funções e/ou em repartição

pública, por ação ou omissão deixarem de cumprir os dispositivos da presente lei,

serão aplicadas as penalidades cabíveis nos termos do Estatuto dos funcionários

públicos.

Art. 8º O Poder Público disponibilizará cópias desta Lei para que sejam afixadas nos

estabelecimentos e em locais de fácil leitura pelo público em geral.

Art. 9º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 10. Revogam-se as disposições em contrário.

6 - A História da Internet

1957 - A União Soviética lança o foguete Sputnik , o primeiro satélite artificial

terrestre. Como resposta, os Estados Unidos formam a Advanced Research Projects

Agency (ARPA), dentro do Departamento de Defesa para estabelecer a liderança

norte-americana em ciência e tecnologia aplicáveis militarmente.


12

1965 - A Arpanet patrocina um estudo intitulado “A Competitive Network of Time

Sharing Computers” (ou Uma Rede Competitiva com Computadores Interligados

Simultaneamente);

1967 - Os primeiros planos de packet-switching sobre princípios de

operatividade são apresentados em um simpósio da ACM (Association for

Computing Machinery), uma organização científica e educacional, dedicada as

pesquisas na área de tecnologia da informação; a ARPA discute um protocolo para a

troca de mensagem entre computadores; é desenvolvido o conceito da Arpanet

Packet Switch, o IMP;

1969 – O Departamento de Defesa dos EUA contrata um time de pesquisadores

nas áreas de negócios, acadêmica e do governo para colaborar com a Arpanet;

quatro lugares são escolhidos como os lares dos primeiros IMPs da Arpanet:

Universidade de UCLA, em Los Angeles, o SRI (Stanford Research Institute), a

UCSB (Universidade da Califórnia em Santa Barbara) e a Universidade de Utah,

também nos EUA;

1970 – É criado o network Control Protocol (NPC), precursor direto do TCP;

1971 – Os computadores estão conectados a cerca de 24 lugares; o NWG

define os protocolos para acesso de terminal remoto (Telnet) e para transferência de

arquivos (FTP);

1972 – Na International Conference on Computer Communication, em

Washington, é feita a primeira demonstração pública da Arpanet; Ray Tomlinson, da

BBN Tecnologies envia o primeiro e-mail;


12

1973 – É feita a primeira conexão internacional da Arpanet, entre Inglaterra e

Noruega;

1974 – Vintion Cerf e Bob Kahn, da ARPA, publicam “A Protocol for Packet

Network Interconection”, definindo o Transmission Control Protocol (TCP), que

permite a comunicação por computadores via um sistema de redes; é feita a

primeira grande revisão no protocolo da Telnet;

1975 – A Arpanet alcança 63 IMPs, o que demanda mais uma grande revisao

nos padrões de endereçamento de redes; a direção da Arpanet passa da ARPA para

a Defense Communicatios Agency;

1976 – Os primeiros roteadores Internet são desenvolvidos pena pela BBN, pela

Universidade de Stanford e pela Universidade College, em Londres; a CCITT

(International Telegraph and Telephone Consultation Comitee) define o protocolo

X.25 para redes públicas de pacotes; AT&T Bell Labs desenvolve o UUCP(Unix to

Unix Protocol);

1977 – A BBN desenvolve o primeiros TCP para Unix;

1979 – Surge a Usenet;

1980 – A Arpanet se espalha rapidamente pelos EUA, conectando mais de 400

hosts em universidades, no governo e em organismos militares; mais de dez mil

pessoas tem acesso a Rede;

1981 – Começa a CSNET (Computer Science Network); os computadores em

mais de 200 lugares são conectados via Arpanet; a mudança de NCP para TCP é
12

programada para 1° de janeiro de 1983; a BITNET, (Because It’s Time Network)

começa como uma rede cooperativa na City University, de Nova York;

1982 – O Departamento de Defesa dos EUA resolve montar uma rede de dados

de defesa, baseada na tecnologia da Arpanet;

1983 – O TCP/IP é estabelecido. A internet começa a surgir; é desenvolvido o

Name Server da Universidade de Wisconsin; estações de trabalho se tornam

acessíveis e há uma explosao de redes locais;

1984 – É estabelecido o DNS (Domain Name Server); o número de hosts da

Arpanet ultrapassa mil;

1986 – A National Science Foundation implementa a NSFNET, um sistema de

redes regionaois de roteadores conectados por meio de um backbone; a Arpanet

começa a ser denominada Internet;

1987 – Mais de mil BBSes estão ligados em rede; o crescimento da rede dificulta

o acesso da comunidade acadêmica – era o embrião da Internet2;

1988 – É registrada a marca de 77.448.692 pacotes transmitidos pela Arpanet,

por dia; começa o desmantelamento da Arpanet; o Internet Relay Chat (IRC) é

desenvolvido por Jarkko Oikarinen;

1989 - A Arpanet desaparece; o número de hosts Internet passa de 100 mil; o

número de requisiçòes de arquivos, via FTP chega a mil por mês;

1990 – O Brasil(.br) se conecta à NSFNET juntamente com a Argentina (.ar), a

Áustria (.at) , a Bélgica (.be), o Chile (.cl) a Grécia(.gr), a Índia (.in) a Irlanda (.ie), a
12

Coréia do Sul (.kr), a Espanha(.es), e a Suíça (.ch); A Eletronic Forntier Foundation

(EFE) é fundada;

1991 – São lançados a World Wide Web, o Gopher e o PGP (Pretty Good

Privacy), criado por Philip Zimmermann;

1992 – A Internet une 17 mil redes em 33 países; a Internet Society é fundada;

mais de 1 milhão de hosts ligados à Internet; o número de requisiçòes por arquivos

via ftp chega a 50 mil por mês; a expressão “Surfando na Internet ”é cunhada por

Jean Armour Polly;

1993 – a NSF cria a InterNIC; já existem mais de 1,5 milhão de hosts na Internet

e mais de 100 países estão conectados a Rede;

1994 – O número de usuários comerciais explode; já são dois para cada usuário

acadêmico; em julho, são mais de 3 milhões de hosts existentes na Internet; o

Mosaic se torna o aplicativo cm maior taxa de crescimento;

1995 – Serviços de acesso discado tradicionais, como o Prodigy, a America On-

line (AOL) e a CompuServe tornam-se provedores de acesso; no mês de julho a

estimativa é de que cerca de 30 milhões de pessoas já estejam conectadas à

Internet; usuários fora das universidades começam a ter acesso à Internet no Brasil;

1996 – Começa a Guerra dos Browsers entre a Netscape e Microsoft; é lançado

o ICQ pela empresa israelense Mirabilis; numa reunião em Chicago, representantes

de 34 universidades americanas iniciam a Internet2;


12

1997 – Na manhã de 17 de julho, um erro humano na Network Solutions

interrompe o tráfego nos endereços com terminações ".com" e “.net” , tornando

inatingíveis milhões de sistemas no mundo todo;

1998 – Em abril, O Departamento de Justiça dos EUA abre um processo contra

a Microsoft para impedir a prática de cartel: a Microsoft queria instalar o Internet

Explorer em todas as máquinas equipadas com o Windows (quase 80% do mercado

mundial de computadores pessoais); a AOL compra a Mirabilis em junho e, em

novembro, a Netscape. A união das empresas com a Sun Microsystems indica para

a formação de uma frente anti-Microsoft. Já são 151 milhões os usuários ligados a

internet.

(FONTE: LEIRIA, Luis. Enciclopédia da Rede. Manual integrante da revista guia

da Internet.br n° 32. Rio de Janeiro/RJ: Ediouro publicações S/A 1999 , 112p

NOTA: Em novembro de 1999, a Microsoft é considerada culpada pela justiça

norte-americana de estar praticando monopólio e forçando usuários a comprarem

seus produtos

7 – Procedência dos cem (100) últimos acessos, até 08/11/03

Conforme http://www.nedstatbasic.net/s?tab=1&link=3&id=155565&cou=all,
acessado em 08/11/03
13

País de procedencia

13207 67.1
1. Brasil
4 %

4.7
2. Estados Unidos 9286
%

2.1
3. Portugal 4069
%

0.8
4. España 1624
%

0.8
5. Japón 1526
%

0.7
6. Alemania 1436
%

0.7
7. EEUU Comercial (.com) 1336
%

0.6
8. Arabia Saudí 1278
%

0.6
9. Red 1145
%

0.6
10. Italia 1134
%

0.5
11. Francia 992
%

0.4
12. México 806
%

0.4
13. Canadá 792
%

0.4
14. Argentina 737
%

0.3
15. Reino Unido 558
%

0.2
16. Emiratos Árabes Unidos 422
%

0.2
17. Chile 411
%

0.2
18. Uruguay 406
%

0.2
19. Corea del Sur 402
%

0.2
20. Países Bajos 358
%
13

0.2
21. Suiza 335
%

0.2
22. Bélgica 300
%

0.1
23. China 295
%

0.1
24. Australia 284
%

0.1
25. Suecia 192
%

0.1
26. Taiwán 175
%

0.1
27. Polonia 172
%

0.1
28. Venezuela 155
%

0.1
29. Austria 155
%

0.1
30. Perú 139
%

0.1
31. República Checa 119
%

0.1
32. Israel 118
%

0.1
33. Colombia 116
%

EEUU Instituciones 0.1


34. 114
Educativas (.edu) %

0.1
35. Grecia 106
%

0.1
36. Noruega 103
%

0.1
37. Finlandia 100
%

0.1
38. Turquía 99
%

0.1
39. Dinamarca 99
%

0.0
40. Kuwait 96
%

41. Nueva Zelanda 91 0.0


13

0.0
42. Bolivia 90
%

0.0
43. Tailandia 79
%

0.0
44. Malasia 78
%

0.0
45. Hong Kong 76
%

0.0
46. Túnez 73
%

0.0
47. Antigua USSR 65
%

0.0
48. Indonesia 60
%

0.0
49. India 58
%

0.0
50. Hungría 50
%

0.0
51. Singapur 49
%

0.0
52. Rúsia 48
%

0.0
53. Croacia 41
%

0.0
54. Sudáfrica 38
%

0.0
55. Arpanet Antiguo 35
%

0.0
56. Costa Rica 33
%

0.0
57. Irlanda 31
%

0.0
58. Egipto 30
%

0.0
59. Filipinas 30
%

0.0
60. Omán 30
%

0.0
61. República Dominicana 27
%
13

0.0
62. Panamá 27
%

0.0
63. Irán 25
%

0.0
64. Letonia 25
%

0.0
65. Paraguay 24
%

0.0
66. Chipre 23
%

0.0
67. Qatar 23
%

Organización sin fines 0.0


68. 22
de lucro %

0.0
69. Eslovaquia 21
%

0.0
70. Estonia 21
%

0.0
71. Luxemburgo 21
%

0.0
72. Vietnam 19
%

0.0
73. Yugoslavia 19
%

0.0
74. Eslovenia 18
%

0.0
75. Bulgaria 18
%

0.0
76. Puerto Rico 16
%

0.0
77. Ucrania 16
%

0.0
78. Cabo Verde 15
%

0.0
79. Rumania 15
%

0.0
80. Islas Cocos 14
%

0.0
81. Ecuador 13
%

82. Jordania 11 0.0


13

EEUU Instituciones 0.0


83. 11
Gubernamentales (.gov) %

0.0
84. Guatemala 11
%

0.0
85. Lituania 10
%

0.0
86. Islandia 9
%

0.0
87. Angola 9
%

0.0
88. Mozambique 9
%

0.0
89. Yemen 9
%

0.0
90. Marruecos 8
%

0.0
91. Nicaragua 8
%

0.0
92. El Salvador 7
%

0.0
93. Macao 6
%

0.0
94. Pakistán 6
%

0.0
95. Bahráin 5
%

0.0
96. Bosnia y Hercegovina 4
%

0.0
97. Líbano 4
%

0.0
98. Mónaco 4
%

0.0
99. Seychelles 3
%

0.0
100. Cuba 3
%
13

8 – Número de visitante por dia ao site www.glssite.net, até 08/11/03

Conforme http://www.nedstatbasic.net/s?tab=1&link=1&id=155565&name=GLS,
acessado em 08/11/03

Visualizaciones de página por día

12 octubre 2003 191

13 octubre 2003 212

14 octubre 2003 204

15 octubre 2003 166

16 octubre 2003 183

17 octubre 2003 174

18 octubre 2003 149

19 octubre 2003 156

20 octubre 2003 173

21 octubre 2003 182

22 octubre 2003 196

23 octubre 2003 230

24 octubre 2003 210

25 octubre 2003 168

26 octubre 2003 186

27 octubre 2003 182

28 octubre 2003 197

29 octubre 2003 203

30 octubre 2003 184

31 octubre 2003 165

1 noviembre 2003 205

2 noviembre 2003 91

3 noviembre 2003 162

4 noviembre 2003 163

5 noviembre 2003 168


13

6 noviembre 2003 153

7 noviembre 2003 150

8 noviembre 2003 119

Total 4922

9 – Plataformas e Navegadores usados pelos visitantes

por dia ao site www.glssite.net, até 08/11/03

Conforme http://www.nedstatbasic.net/s?tab=1&link=5&id=155565, acessado em


08/11/03

Navegadores
13

Sistemas operativos

1. Windows 98 42.5 %

2. Windows XP 37.7 %

3. Windows ME 9.6 %

4. Windows 2000 8.2 %

5. Windows 95 2.1 %

Total 100.0 %

10 – Glossário

Browser – Paginador – Navegador

Um programa que é usado para explorar a rede. O termos é mais costumeiramente

aplicado ao software utilizado para paginar a World Wide Web. Exemplos de

paginadores: Internet Explorer, MSN Explorer, Mozilla, Netscape Communicator,

Opera, Neoplanet, etc.

(N. A. No Brasil o termo mais empregado é navegador).

Chat- WebChat

Trata-se de um espaço destinado a conversas, bate-papos, localizado no interior de

uma página da internet – uma homepage –e que é composto a partir de uma

programação na linguagem java inserida em meio aos códigos HTML da mesma.

Design

Desenho, esboço, layout, projeto.


13

Download - Transferir

A transferência de um arquivo de outro computador para o seu.

E-Mail – Correio Eletrônico – Cartas Virtuais

Um método de envio de mensagens via computadores, ao invés do usual sistema de

postagem tradicional. Um dos mais populares e importantes usos das comunicações

digitais.

Formulário Eletrônico

Trata-se de uma página que contém espaços com a forma de quadrados a serem

preenchidos com dados que serão enviados posteriormente ao e-mail do dono da

página.

Frames - Quadros

Recurso para paginadores Web introduzido no Navigator 2 (Browser da Netscape)

que permite a uma página Web possuir várias janelas controladas e roladas

separadamente.

Hardware

A parte física de um computador ( material eletrônico, monitor, periféricos, placas

etc. )

Homepage- Página de apresentação.


13

O primeiro local visitado ao acessar um site World Wide Web. É possível estabelecer

que qualquer endereço WWW seja a sua página de apresentação padrão, através

dos paginadores Web; assim, você sempre iniciará sua navegação a partir da pagina

Web escolhida. (N. A . No mundo utiliza-se com freqüência estas duas palavras

unidas como, homepage) .

HTML – HyperText Mark-Up Language - Marcador de Hipertexto

É a linguagem usada para escrever um documento World Wide Web.

Internet

Rede de computadores de alcance mundial, conectados através do protocolo IP.

IRC – Internet Relay Chat ( bate-papo on-line)

O IRC - Internet Relay Chat permite que muitos usuários conversem em tempo real

através da Internet. (N.A .- O programa de IRC mais popular de todos é o mIRC).

Java

Linguagem de programação para Intranet, criada pela Sun Microsystems, que

estabelece interatividade adicional ao ser embutida em páginas Web. Os experts

aclamam-na como o mais significativo avanço da Rede, desde a invenção da Web

(http://java.sun.com).

JavaScript

É uma linguagem compacta para desenvolvimento de aplicações Internet. Seus

comandos São embutidos na página HTML e interpretados pelos navegadores. A


14

linguagem não é compilada, e sim executada dinamicamente pelo interpretador do

browser.

Link – Ligação –âncoras

As ligações de hipertexto que estão embutidas em um documento (HTML) da World

Wide Web. As âncoras permitem que o usuário salte de um pedaço da informação

para um item relacionado, não importando onde, na Internet, ele esteja armazenado.

Mailing List – Lista de Correspondências

Um grupo de discussão em que as mensagens são distribuídas por e-mail.

Mídia – Media – Mass Media

O conjunto dos meios de comunicação de massa (jornal, a rádio e, televisão, etc.).

Mídia também é entendido no meio profissional da área de Tecnologia da

Informação – TI com sendo também os meios pelos quais uma série de informações

pode ser carregada, por exemplo, um disquete de 1,44” (um vírgula quarenta e

quatro polegadas), ou seja, equivalente a um (1) megabyte e quarenta e quatro é

considerada uma mídia. Um disco rígido – HD descartável (externo, transportável) é

uma mídia, e assim outras tantas formas de armazenamento são, mídias. Não

confundir com o setor da área das agências de publicidade e jornais que lidam com

veiculação de anúncios,filmes, cartazes, etc.

Modem - Modulator/Demodulator

Modulador/Demodulador. Um dispositivo que converte informações binárias em um

sinal análogo, que pode ser transmitido pelos canais de telefone de voz, e

transforma aquele sinal novamente em dados que podem ser reconhecidos pelo
14

computador no seu destino. (N. A .- cada computador, para acessar a Internet,

necessita de pelo menos um modem. Quando em rede de computadores, todos eles

acessam a Internet através de um único modem).

Multimídia e Hipermídia

Multimídia é qualquer combinação de texto, arte gráfica, som, animação e vídeo

transmitida pelo computador. Se permite que o usuário, o visualizador do projeto,

controle quando e quais elementos serão transmitidos, passa a se chamar

multimídia interativa. Se fornece uma estrutura de elementos vinculados pela qual

o usuário pode mover-se, a multimídia torna-se hipermídia.

On-line (ou online)

Não há uma definição da comunidade científica quanto à forma de escrever este

termo. Muitas pessoas o utilizam separado por hífen, outros não. No momento

parece que a simpatia por online (junto) vem ganhando simpatia. Mas, enquanto a

simpatia não se torna rotina, escreveremos “on-line” e, em itálico, como os demais

termos estrangeiros. On-line significa conectado a Rede Mundial de Computadores,

também designado por WWW, que significa as iniciais de World Wide Web, ou seja,

a Internet.

Portal

Site que oferece uma série de serviços aos usuários (as) além de conteúdo, e-mail e

homepage.

Provedor
14

Um provedor de acesso a Internet é uma empresa que possui computadores

servidores que conectam o usuário a Internet. O provedor pode prover serviços de

hospedagem de homepages e/ou serviços de e-mail ao (a) usuário (a)final

Script

É uma linguagem compacta para desenvolvimento de aplicações Internet. Seus

comandos São embutidos na página HTML e interpretados pelos navegadores. A

linguagem não é compilada, e sim executada dinamicamente pelo interpretador do

browser. Uma das coisas que ela possibilita, por exemplo, é, ao acessar um

endereço na internet, abrir uma mini-página com uma enquete ou propaganda.

Servidor

Computador conectado permanentemente à rede. Proporciona acesso dos usuários

à rede e armazena as informações e programas que formam a Internet.

Site

Qualquer uma das redes individuais que, como todas, constitui a internet. *N. A . No

Brasil designa-se comumente que um site, ou sítio é um espaço fechado com

características próprias. O mesmo que lugar – Designação dos servidores a que se

tem acesso por meio da Internet. São os lugares por onde se navega. Qualquer uma

das redes individuais que, como todas, constitui a internet.

Software

Sistema de processamento de dados de um computador. Programa de computador.


14

URL – Uniform Resource Locator.

Uma tentativa de padronizar a localização ou os detalhes de endereçamento dos

recursos da Internet. Bastante utilizado para se referir a uma conexão World Wide

Web. *N. A . Basicamente significa o endereço de uma homepage, ou site.

Virtual

Que só existe potencialmente; simulado por programas de computador

Web - World Wide Web

Rede de Abrangência Mundial – Seção gráfica da Internet formada por páginas de

hipertexto.

WWW

Sigla que equivale a World Wide Web

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