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ALTERAÇÕES DA CONSCIÊNCIA

-Definição de Consciência
. É um estado de conhecimento do próprio (Self) e do ambiente que o rodeia
. As Alterações da Consciência associam-se a Alterações de: Percepção,
Atenção, Comportamento, Pensamento, Memória e Atenção
. As Alterações da Consciência acompanham-se de Alterações da Orientação
inicialmente Alopsiquicas e posteriormente Autopsiquicas

-Diminuição ou Redução da Vigilidade


.Noção quantitativa, classificável em vários Graus: Obnubilação,
Sonolência, Estupor e Coma.

-Turvação ou Dissolução da Consciência


.Perda contínua ou intermitente da acuidade na apreensão do universo
interno e/ou externo, acompanhada de desagregação do campo da
consciência.
.Todos os processos mentais estão retardados
.O doente é incapaz de distinguir as suas imagens mentais das suas
percepções, pelo que as primeiras adquirem o estatuto das segundas.
Concomitantemente podem ocorer Alucinações, mais frequentemente
acústicas e cinestésicas, sendo que as visuais e verbais são mais raras. O
doente apresenta-se receoso e frequentemente interpreta o comportamento
daqueles que o rodeiam como ameaças. Pode também coexistir um Delírio
Ocupacional ou um Estado Delirante Sub-Agudo, que podem evoluir para:
Estado Amnéstico, Estupor ou Estado Crepuscular. Típicamente a actividade
delirante tem agravamento vespertino e melhoria matinal
.As representações e fronteiras dos estimúlos e situações tornam-se menos
nítidas

-Estreitamento da Consciência
.Diminuição selectiva dos estímulos que são apreendidos, com polarização
sobre os eventos de determinada experiência vivenciada internamente
(fascinação) ou externamente. Inclui os estados crepusculares. Embora tenha
significado oposto pode coexistir com Expansão da Consciência
.Concomitantemente ocorre habitualmente Desorientação no Tempo e no
Espaço
-Expansão da Consciência
.Aumento qualitativo e quantitativo dos estímulos apreendidos do universo
interno/externo. Inclui os êxtases.
.Surge habitualmente em: Esquizofrenia Incipiente, Mania, Alucinogéneos.
Embora tenha significado oposto pode coexistir com Estreitamento da
Consciência
.O campo da consciência alarga-se qualitativa e quantitativamente em
relação à natureza e proveniência dos diversos estímulos

-Estado Crepuscular
. A Consciência está restrita a algumas Ideias, Delírios ou Alucinações. O
Comportamento geralmente é adequado, embora possam ocorrer períodos de
Agitação.
.A remissão pode ocorrer abruptamente e o doente apresenta Amnésia total
para o episódio.
.Tipicamente é o estado em que fica um doente após um episódio de
epilepsia
. A definição foi introduzida por Westphal, sendo que a forma mais comum
é a que se segue a um episódio de epilepsia

-Fuga
. É um estado divagante acompanhado de Amnésia em algum grau. Não
existe uma distinção clara com o Estado Crepuscular.
.Surge habitualmente em: Perturbações Ansiosas, Fase aguda das doenças
orgânicas cerebrais, Histeria, Depressão com ideação suicida
.Nem todas as Fugas são Histéricas
ALTERACÕES DA ORIENTAÇÃO

-Definição de Orientação
. É a capacidade de se posicionar correctamente em relação a 4 eixos:
Tempo, Espaço, Situação e Pessoa

-Desorientação Temporal
. Incapacidade de posicionamento em relação às referências temporais
habituais, isto é ano, mês, dia da semana, hora
.Pode também traduzir-se por uma incapacidade de organizar
cronologicamente os acontecimentos pessoais

-Desorientação Espacial
.Incapacidade de posicionamento em relação às referências geográficas do
local

-Desorientação Alopsíquica
.Incapacidade de compreensão do contexto situacional presente

-Desorientação Autopsíquica
. O doente deixa de saber os dados da sua biografia pessoal

-Estado Confusional
.É a designação habitualmente dada a um doente que apresenta
simultaneamente Desorientação Temporal e Espacial.
.Por vezes, este termo é utilizado erradamente como sinónimo de
perplexidade. Na verdade a maior parte dos doentes confusos apresenta
simultaneamente perplexidade, são excepções a esta coexistência a
Ansiedade grave e a Esquizofrenia Aguda. Nestas situações apenas ocorre
perplexidade sem desorientação
ALTERAÇÕES DA ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO

-Atenção
.É uma função psicológica que consiste em focar a actividade consciente
num determinado estímulo ou experiência

-Concentração
.É a capacidade de manter um esforço de atenção ao longo do tempo

-Distratibilidade Fácil
.É uma perturbação a nível da capacidade de selecção e valorização dos
estímulos
.Frequente nos Estados Maniformes
ALTERAÇÕES DA MEMÓRIA

-Definição de Memória
.É a capacidade de reter, fixar e evocar as experiências da pessoa

-Perturbação da Fixação
.Incapacidade ou dificuldade na retenção imediata de novas percepções. A
Fixação está em relação directa com o estado afectivo

-Perturbação da Evocação
. Incapacidade ou dificuldade de recordar percepções e conhecimentos
adquiridos há mais de 10 minutos. Engloba as Hipomnésias e as Amnésias
que são Perturbações da Evocação limitadas no conteúdo e/ou duração

-Amnésia Psicogénea
.As recordações de determinado período de tempo ou a identidade pessoal
são conscientemente reprimidas. Pode acompanhar situações de
Estreitamento da Consciência.

-Amnésia Orgânica
.Engloba a Amnésia Retrógrada (recua a partir dum marco temporal, a
montante do dito marco) e a Amnésia Anterógrada (avança a partir dum
marco temporal, a jusante do dito marco). Pode acompanhar as situações de
traumatismo craneano, epilepsia e estados orgânicos agudos.

-Hipermnésia
.Engloba a Exaltação Incoercível da Evocação (Ex: estado febril) e a
Ecmnésia (perturbação da ordenação cronológica dos acontecimentos, em
que o passado é revivenciado como presente)
-Paramnésia
.É a deformação ou invenção de recordações
.É a distorção mórbida de uma recordação modulada por um estado afectivo.
Pode acompanhar as situações de: personalidade paranóide e perturbação do
humor
.Engloba a Recordação ou Fabulação Delirante (deformação ou invenção
de uma recordação num contexto delirante. Não deve ser atribuído um novo
significado a uma dada recordação exacta pois nesta situação os termos
Percepção Delirante ou Ideias Delirantes Não Sistematizadas seriam mais
adequados se a convicção foi súbita ou pelo contrário se a mesma convicção
foi secundariamente elaborada o termo Delírio Sistematizado será preferível
), a Mitomania ou Fabulação Não Delirante (produção imaginária de
falsos acontecimentos com crença na sua realidade), a Confabulação
(produção imaginária de uma recordação como fenómeno de substituição de
uma amnésia) e os Falsos Reconhecimentos (de pessoas e situações, ex:
dejá vu e jamais vu).
ALTERAÇÕES DA PERCEPÇÃO

-Erro Perceptivo
.É aquele que ocorre na presença de um estímulo perceptivo real, cuja
representação é deformada sem que esta deformação se deva a lesões nos
orgãos sensoriais

-Ilusão
.É a deformação de um estímulo perceptivo real, no sentido de lhe ser
atribuído um significado ou interpretação errados
.Distingue-se da Pareidolia (Ilusões que resultam de um excesso de
pensamento fantástico associado a imagens mentais brilhantes e intensas, ex:
ver figuras humanas nas nuvens)por esta última não apresentar um carácter
inquietante e ameaçador como a Ilusão apresenta (para além disso a
pareidolia não pode ser explicada como resultante de um afecto ou
conjuntura ao contrário do que sucede com a Ilusão).
.Distingue-se da Alucinação por nesta última não existir um dado perceptivo
real como sucede na Ilusão.
.Distingue-se da Percepção Delirante por nesta última ser atribuído um
significado irreal ao dado perceptivo ao contrário do que sucede na Ilusão
em que este embora errado é real.
.Surge principalmente nos estados confusionais e na histeria, podendo
também estar presente na esquizofrenia e nos síndromes psico-orgânicos.
Ex: uma sombra é tomada por uma figura humana ameaçadora

-Distorção
.É a deformação de um estímulo perceptivo real no sentido no sentido de
uma alteração no seu tamanho e/ou intensidade

-Distorções Visuais
.Surgem principalmente em doentes com lesão cerebral temporal ou
occipital incluindo a epilepsia, podendo também surgir em estados
confusionais, ingestão de LSD, esquizofrenia e histeria

-Macrópsia
. Ao dado perceptivo é dado um tamanho maior do que o real

-Micrópsia
.Ao dado perceptivo é dado um tamanho menor do que o real
-Dismegalópsia
.Ao dado perceptivo é dada uma forma diferente da real
.Surge em doentes com anomalias dos meios refringentes do globo ocular,
anomalias da acomodação e convergência ocular, lesões temporais
posteriores ou occipitais, intoxicação por LSD

-Distorções Auditivas
. Comportam fenómenos semelhantes aos das distorções visuais. Devem ser
diferenciadas da hiper e hipoacúsia que representam alterações de etiologia
sensorial periférica

-Distorções da Imagem Corporal


.Surgem pricipalmente em doentes com lesão cerebral parietal, podendo
também surgir na histeria. Incluem a duplicação de membros e o membro
fantasma

-Pseudo Alucinações ou Alucinações EndoPsíquicas


.Fenómenos sem carácter sensorial, experimentados pelo doente como
provindo do interior ou ouvidos dentro da cabeça, e para os quais o doente
apresenta uma capacidade crítica mantida
.Surgem na esquizofrenia, histeria e em situações de intensa ansiedade
.Podem surgir no sujeito normal ao adormecer, acordar e na privação de
sono, tomando a designação de Alucinações Hipnagógicas e Alucinações
Hipnopômpicas

-Alucinoses
.O termo deve ser reservado para fenómenos psicosensoriais isolados sem
carácter delirante, mas que compartilham uma etiologia comum devida a
uma lesão focal do SNC.
.São vividos na periferia do Eu e reconhecidos como estranhos à
personalidade, sendo o doente capaz de criticar o sintoma e aceitar o seu
carácter mórbido
.O termo deve ser reservado para a Alucinose de Wernicke e para a
Alucinose Peduncular

-Definição de Alucinação
.Experiência perceptiva tomada por real na ausência de estímulo exterior
correspondente em que a crítica do seu carácter irreal está limitada ou
abolida
.O doente descreve o fenómeno como ocorrendo “fora da cabeça”
.Percepção sem objecto, 2º Esquirol

-Alucinações Auditivas Elementares ou Acuasmas


.São todas aquelas que não englobam vozes, ex: música, assobios
.Surgem na esquizofrenia e em alguns estados orgânicos
-Alucinações Acústico Verbais
.O doente refere de forma mais ou menos nítida vozes ou fonemas que falam
directamente para ele ou para uma terceira pessoa, podendo no conteúdo
destas encontrar-se comentários sobre a conduta do doente. As vozes podem
dar ordens, fazer comentários ou dialogar entre si.
.Deve ser distinguido do Eco do Pensamento, que consiste em o doente
ouvir vozes que relatam o seu pensamento à medida que este decorre, ou
mesmo vozes que respondem pelo seu pensamento antes de ter sido
verbalmente expresso pelo doente.
.Surge habitualmente na esquizofrenia e na melancolia em que são
geralmente palavras ou frases curtas que expressam ideias relacionadas com
o estado afectivo do doente ou seja comentários depreciativos ou ordens de
comando para suicídio e na epilepsia temporal

-Alucinações Visuais
. Surgem principalmente nos estados confusionais, Também podem surgir na
epilepsia e na ingestão de LSD, muito raramente na esquizofrenia
.São tão raras na esquizofrenia que devem levar a colocar em causa o
diagnóstico

-Alucinações Visuais Elementares ou Fosfenos


.Ex: cores, chamas, luzes, estrelas

-Alucinações Visuais de Figuras


.Habitualmente as figuras surgem contra um fundo correctamente
percepcionado

-Alucinações Visuais Cénicas


. Todo o campo perceptivo é envolvido pelo fenómeno alucinatório

-Zoopsias
.Implicam a representação de figuras animais, tendo habitualmente uma
tonalidade terrífica.
.Surge no delirium tremens e na intoxicação por cocaína
-Onirismo
.Qualidade aproximada aos sonhos com representações cénicas elaboradas.
.Surgem nos estados confusionais
-Alucinações Lilliputianas
.Diminuição do tamanho com que são percepcionadas as figuras humanas
inexistentes.
.São características da intoxicação por cocaína, podendo também surgir no
delirium tremens e em estados confusionais.
.Deve ser distinguido da micropsia que representa uma distorção na
percepção de um objecto real

-Alucinações Gulliverianas
.Aumento do tamanho com que são percepcionadas as figuras humanas
inexistentes.
.São características da intoxicação por cocaína, podendo também surgir no
delirium tremens e em estados confusionais.
.Deve ser distinguido da macropsia que representa uma distorção na
percepção de um objecto real

-Autoscopia
. O doente vê a sua própria imagem ou partes do seu corpo.
.Surge em lesões do lobo temporal e raramente na esquizofrenia

-Alucinações Olfactivas
.Sensação de odor com qualidade agradável ou desagradável. Surge na
esquizofrenia, epilepsia temporal e na melancolia.
.Dificilmente distinguível das Ilusões e das Ideias Delirantes

-Alucinações Gustativas
.Sensação de paladar com qualidade agradável ou desagradável. Surge na
esquizofrenia, epilepsia temporal e na melancolia.
.Dificilmente distinguível das Ilusões e das Ideias Delirantes

-Alucinações Tácteis
. Sensação de ser tocado, ter a pele percorrida por animais (Alucinações
Zoopáticas), ou experimentar prazer sexual (Alucinações Sexuais).
.Surge nos estados confusionais e na esquizofrenia -Alucinações
Cenestésicas
. Sensações corporais profundas com uma qualidade bizarra, dores estranhas
e intensas (Alucinações Álgicas), os orgãos estão alterados ou mudaram de
posição (Alucinações Somatognósicas).
.Surgem na esquizofrenia e nos estados confusionais
.As lesões do lobo parietal produzem alterações na percepção da imagem
corporal do hemicorpo contralateral

-Alucinações Vestibulares
.O doente tem a sensação de voar ou rodopiar no ar.
.Surge nos síndromes psico-orgânicos

-Alucinações Funcionais
.Um estímulo perceptivo desencadeia a alucinação que é experimentada
concomitantemente com a percepção do dito. Ex: Ouvir a voz de Deus no
tique-taque de um relógio ou no canto dos pássaros.
.Surge mais frequentemente na esquizofrenia crónica

-Alucinação Reflexa
.Um estímulo percepcionado numa modalidade sensorial desencadeia uma
alucinação noutra modalidade sensorial distinta da primeira. Ex: atribuir ao
barulho produzido por espirrar uma cefaleia

-Alucinação Extracampina
.É a alucinação que é percepcionada fora dos limites do campo perceptivo.
Ex: ouvir a voz de alguém em Londres quando se está em Lisboa.
.Este tipo de alucinações não tem valor diagnóstico, visto poder surgirnos
quadros confusionais ou na esquizofrenia
ALTERAÇÕES DA VIVÊNCIA DO EU

-Definição
.São perturbações que traduzem transtornos da unidade e identidade do Eu
ou das fronteiras que permitem delimitar o Eu do Mundo Externo

-Desrealização
.Sentimento de estranheza perante o mundo exterior que parece alterado com
uma característica de não familariedade devido à sua aparência irreal ou
fantástica.
.Pode estar associado ao Humor Delirante ou a situações que cursam com
uma diminuição da percepção e de que são exemplo a depressão, a histeria e
a neurose obsessiva

-Despersonalização
.Sentimento de já não ser o mesmo (no sentido de ter ocorrido uma
mudança) em relação a sentir-se uno ou integro (unidade) ou ainda de ter
mudado de identidade. Existe uma sensação de transformação ou
metamorfose.
.Deve ser distinguida das situações que cursam com integridade da
personalidade e de que são exemplo: Desdobramento da Personalidade
Heautoscopia), as Personalidades Múltiplas e Alternantes e as Perturbações
da Orientação Autopsiquíca
.Quando o doente experimenta pela primeira vez este sintoma tem uma
sensação muito assustadora porque interpreta como um sinal eminente de
loucura. O sintoma pode surgir com 3 qualidades diferentes nos seguintes
quadros: esquizofrenia, depressão e estados orgânicos

-Transitivismo
. O doente projecta no exterior aquilo que ocorre nele. Ex: ao ver uma
sombra emite um grito de terror e espanta-se que a sombra tenha gritado

-Apropriação
. O doente introjecta aquilo que sucede em seu redor. Ex: vê baterem num
tapete e queixa-se de que bateram nele.

-Síndrome de Influenciamento
. O doente sente que uma entidade externa exerce uma acção controladora
sobre os seus sentimentos, palavras, gestos, vontade. Esta acção leva-o
muitas vezes a actuar de modo determinado sem conseguir opôr resistência
-Difusão do Pensamento
.O doente queixa-se da falta de privacidade dos seus pesamentos. Engloba 3
subtipos: Leitura do Pensamento (os pensamentos do doente podem ser
lidos por terceiros), Divulgação do Segredo do Pensamento (os
pensamentos do doente são conhecidos de terceiros) e Eco do Pensamento
(os pensamentos do doente são ouvidos simultâneamente pelo próprio e por
terceiros)
.Surge habitualmente na esquizofrenia

-Roubo ou Subtração ou Expropriação do Pensamento


.O doente queixa-se de que terceiros se apoderam do seu pensamento.
.O doente queixa-se de que os seus pensamentos súbitamente desapareceram
e lhe foram retirados por uma entidade exterior
.Não deve ser confundido com Bloqueio do Pensamento
.Surge habitualmente na Esquizofrenia

-Influenciamento ou Imposição ou Intromissão do Pensamento


.O doente queixa-se de que os seus pensamentos, as suas ideias ou
representações lhe são impostas ou introduzidas abusivamente por terceiros
ou a partir do exterior
.Surge habitualmente na Esquizofrenia

ALTERAÇÕES DO CURSO DO PENSAMENTO

-Definição
. São alterações da velocidade de progressão, inflexões de direcção com/sem
perda da finalidade ou meta inicial

-Pensamento Inibido
.A progressão é lenta, hesitante e irregular, sendo esta dificuldade vivida
pelo doente que tenta em vão ultrapassá-la
.Ao observador é evidente o aumento do tempo de latência das respostas
.A dificuldade de progressão deve ser sentida pelo doente, ao contrário do
que sucede no Pensamento Lentificado em que este não sente
subjectivamente esta dificuldade
.Frequente nos estados depressivos
-Pensamento Lentificado
.Evidente pelo aumento do tempo de latência das respostas e pela lentidão do
discurso, o doente não sente subjectivamente esta dificuldade

-Pensamento Acelerado
.Existe uma rapidez anormal na sucessão de ideias e progressão do discurso,
a finalidade ou meta do pensamento é atingida ao contrário do que sucede na
Fuga de Ideias
.Frequente em Estados Ansiosos

-Pensamento Automático (“Mentismo”)


.Sucessão precipitada, incessante, sobretudo incoercível, por vezes sentida
pelo doente como penosa de uma multidão de imagens e ideias que podem
ou não ser estranhas às preocupações do momento
.Distingue-se do Pensamento Acelerado pela imposição e incoercibilidade
que apresenta

-Fuga de Ideias
.Existe uma perturbação na associação de ideias que passam a ser rápida,
superficial e fortuita originando um discurso que muda permanentemente de
direcção
.Geralmente associa-se a Pensamento Acelerado. Embora a Fuga de Ideias
esteja habitualmente associada a Pensamento Acelerado, este último pode
ocorrer sem que haja Fuga de Ideias. Tal sucede nos Estados Afectivos
Mistos
.Surge na mania, esquizofrenia aguda e estados orgânicos, lesões
hipotalâmicas
.Ao contrário do Pensamento Incoerente, o curso das ideias pode ainda ser
seguido pelo observador
.Se a Fuga de Ideias for vivida pelo doente como incoercível e imposta
deverá associar-se a designação de Pensamento Automático

-Pensamento Digressivo
.Por convenção é considerado como um grau ligeiro de Fuga de Ideias.
.Surge em doentes hipomaníacos ou com personalidades hipertímicas
-Pensamento Circunstanciado
.Incapacidade de distinguir o essencial do supérfulo ou acessório com
inclusão de pormenores irrelevantes mas em que o objectivo ou meta do
pensamento é atingido.Os pormenores incluídos são triviais ao contrário do
que sucede na Prolixidade em que os pormenores incluídos são arabescos
.Resulta dum défice de capacidade abstractiva ou de omissão do detalhe
mesmo quando reconhecido como acessório (este último designado como
Pedantismo). Distingue-se do Pensamento Digressivo porque a meta ou
objectivo do pensamento é atingida.
.Surge em doentes com epilepsia, lesão cerebral orgânica e em algumas
personalidades obsessivas
.É um achado chamativo na Personalidade Epileptóide e na Personalidade
Obsessiva

-Pensamento Empobrecido
.Redução dos conteúdos ideativos secundária a uma diminuição dos pólos de
interesse. O doente muda com dificuldade de tema e mesmo quando
solicitado retorna sempre ao tema inicial
.Deve ser distinguido da Perseveração de Conteúdos em que o mesmo
tema ou ideia inicialmente relevante para a comunicação é repetido várias
vezes não implicando a repetição de palavras ou frases. A Perseveração de
Conteúdos pode ser entendida como um grau intenso de Pensamento
Empobrecido
.É particularmente característico dos doentes com Síndrome Demencial,
podendo também surgir em doentes depressivos

-Perseveração Verbal
.Falta de fluidez das ideias com repetição de palavras ou frases que já
deixaram de ter sentido no momento actual da entrevista embora o tenham
tido num momento anterior
.Não constitui uma perturbação da volição e deve ser distinguido da
Estereotípia Verbal em que a repetição de frases é independente da
situação, ao contrário do que sucede na Perserveração Verbal em que a
repetição ocorre em contexto adequado embora não seja relevante
.Surge habitualmente nas lesões cerebrais localizadas ou difusas, podendo
considerar-se quase patognomónico destas. Pode também surgir em
síndromes psico-orgânicos e raramente na esquizofrenia
-Pensamento Bloqueado ou Interrompido ou Interceptado
.É uma suspensão brusca e aparentemente imotivada que pode ser
vivenciada pelo doente e/ou objectivada pelo observador (para Scahrfetter
fala-se de Pensamento Interrompido se o bloqueio é simultâneamente
vivenciado pelo doente e objectivado pelo observador, sendo preferível a
designação de Pensamento Bloqueado se apenas o observador objectiva o
bloqueio)
.O doente interrompe-se no meio duma frase, cala-se , e retoma em seguida
o seu discurso eventualmente com outro tema. Quando o doente retoma o
discurso, fá-lo com outro tema totalmente desconexo em termos de
associação lógica com o anterior
.Estes bloqueios que ocorrem na ausência de Alterações da Consciência
devem ser distinguidos das ausências epilépticas
.Quando claramente presente é um sinal quase diagnóstico de esquizofrenia,
embora também possa surgir nos doentes ansiosos

-Pensamento Incoerente
.Um pensamento é seguido por outro sem qualquer relação lógica com o
anterior
.Mantém-se a estrutura gramatical das frases mas não existe sequência lógica
entre elas. Ao contrário da Fuga de Ideias, as ideias saltam de tema em
tema sem que exista uma relação associativa aparente
.É particularmente característico dos doentes com Síndrome Confusional,
surgindo habitualmente nas psicoses agudas exógenas e nos estados mistos
com perturbação da consciência

-Pensamento Desagregado
.Ocorre perda da estrutura gramatical das frases não existindo sequência
lógica entre elas.
.Alterações formais habitualmente associadas a este tipo de pensamento:
Contaminação (fusão de conteúdos heterogéneos), Condensação
(contracção numa única ideia de várias ideias não necessáriamente
contraditórias), Substituição (troca de conceitos usuais por outros), Perda
da Direcção (desvio do eixo principal do pensamento para eixos acessórios
que interferem desordenadamente nesse eixo principal), Pensamento
Lacunar
.É particularmente característico dos doentes com esquizofrenia, surgindo
nas fases avançadas desta ou nos estados com defeito
-Prolixidade
.O discurso é complementado por pormenores arabescos com intuito
estético. Representa um estado de transição entre o pensamento normal e a
Fuga de Ideias
.Surge na hipomania e na personalidade hipertímica

ALTERAÇÕES DO CONTEÚDO DO PENSAMENTO

-Ideias e Crenças Irracionais


.Acessíveis à compreensão do observador, reconhecidas como mórbidas pelo
doente.

-Fenómenos Delirantes
.Inacessíveis à compreensão do observador, não reconhecidas como
mórbidas pelo doente às quais adere com convicção absoluta.

-Ideias Obsessivas
.Ideias persistentes sentidas como penosas, dado o seu carácter forçado,
parasita, repetido, incoercível. O doente esforça-se em vão por as expulsar
do domínio da consciência dado o seu carácter intrusivo e o seu frequente
conteúdo absurdo e imotivado
.A característica principal é a de a Ideia Obsessiva ocorrer contra a vontade
do doente, embora seja sentida como proveniente do próprio Pensamento do
doente. Se as ideias Obsessivas conduzirem a um comportamento este é
denominado Compulsivo
.Surge em: Perturbação Obsessivo-Compulsiva, Depressão, Esquizofrenia e
Estados Orgânicos (principalmente nas situações pós-encefalíticas)

-Ideia Sobrevalorizada
.É a ideia que em virtude da sua tonalidade afectiva toma primazia em
relação às demais. Pode ser verdadeira ou falsa pelo que a distinção com
uma Ideia Delirante nem sempre é clara
-Fobias
.Medo irracional, incoercível, recurrente e exagerado face a um ser, objecto
ou situação determinada que origina habitualmente um comportamento de
evitamento e/ou fuga. Distingue-se dos medos habituais pelo carácter
incoercível associado à tomada de consciência da sua desadequação e à
consequente resistência que o doente lhe oferece

-Hipocondria (Não Delirante)


.Atenção exagerada nas sensações e funções corporais que passam a ser
examinadas com uma preocupação angustiante e sobrevalorizada. Pode
exprimir-se pelo receio infundado de ter ou vir a contrair uma doença. A
forma delirante surge quando o receio, suposição ou suspeita se transformam
em convicção. São frequentes as formas de transição
.Deve distinguir-se das diferentes Nosofobias, ex: cancerofobia, excepto se
estas forem alimentadas por uma análise excessiva das funções e sensações
corporais

-Definição de Ideia Delirante


.É um erro de apreciação da realidade, de origem mórbida, que surge como
uma evidência à priori (convicção independente da experiência), mesmo
quando está em contradição com a realidade, crenças e opiniões colectivas
.É o resultado de um processo mórbido interno que o torna imune às
influências externas. A sua característica de irrealidade embora facilite o seu
reconhecimento, não é primordial
.A ideia delirante deve ser distinguida da Ideia Deliriforme pois enquanto a
primeira é uma experiência primária que não é dedutível a partir de nehum
processo mórbido prévio, a segunda é compreensívelmente originada a partir
dum processo mórbido prévio
-Delírio Primário
.Baseia-se numa evidência à priori, não resultando de elaboração psiquíca a
partir de vivências ou experiências prévias
.Num sentido essencial o termo Delírio Primário seria o significado anormal
que sem motivo apropriado uma percepção, representação ou cognição
passariam a ter para o doente
.Devido à emergência de um novo significado a partir do nada, Conrad
utilizou a designação de apofania para as experiências delirantes primárias
.As formas de delírio primário são geralmente diagnósticas da esquizofrenia
(ocorrem nas formas agudas e estão ausentes nas formas crónicas), embora
também possam surgir nos estados orgânicos, sobretudo nas psicoses
epilépticas. As ideias deliriformes por seu lado ocorrem em todas as psicoses
e nas reacções psicogénicas
.Para Schneider existem apenas 2 tipos de Delírio Primário: Percepção e
Intuição Delirante. O Humor Delirante seria uma forma precursora destes
fenómenos

-Humor Delirante (anteriormente designado por Pressentimento


Delirante)
.Sentimento estranho e impreciso de que algo mudou no mundo exterior e/ou
no próprio doente, sem que este consiga atribuir um significado preciso a
essa mudança. O doente vivencia estes acontecimentos habitualmente com
ansiedade e perplexidade. Verbalizado como ”Passa-se qualquer coisa à
minha volta” ou “Está para acontecer qualquer coisa”
.Vivência de transfiguração do mundo ou do próprio à qual este não
consegue atribuir um significado particular. Acompanhada habitualmente
por sentimentos de mal-estar, perplexidade, inquietação, ameaça ou
desconfiança
.O indivíduo sente que algo de estranho se passa à sua volta e tem a ver de
alguma forma consigo, sem que este consiga saber do que se trata em
particular. O Humor Delirante cessa habitualmente quando surgem as
Percepções ou as Intuições Delirantes, embora possa também desaparecer
espontâneamente na ausência de surgimento destas entidades
.Raramente o Humor Delirante é identificável pela comunicação verbal,
devido à sua característica de ser uma experiência nova no limite do
vivencial. Habitualmente a identificação é feita duma forma vaga através da
expressão mimíca, gestual ou motora observável no denominado por Rumke
“Praecox Gefhuhl”
.A designação anterior tinha a vantagem de não se prestar a confusões com a
implicação afectiva do delírio ou seja com o seu dinamismo. (I-178)
-Percepção Delirante
.Atribuição imediata de um significado anormal, em geral falso e no sentido
do auto-relacionamento (referência a si próprio), a um dado perceptivo
adequado. Consiste numa interpretação errónea e delirante de uma
percepção real. É uma experiência imediata e convincente sem precursor
nem explicação. Ex:”o médico abanou a cabeça logo eu tenho cancro”
.O significado anormal que é atribuído ao dado perceptivo não pode ser
compreendido como consequência de um estado afectivo prévio ou de um
comportamento. .Deve ser distinguida da interpretação Delirante em que o
significado novo que é atribuído à percepção é compreensível à luz quer do
estado afectivo prévio ou dos comportamentos anteriores do doente
.Para Schneider a Percepção Delirante seria diagnóstica de esquizofrenia,
desde que esteja excluída a etiologia orgânica

-Intuição ou Ocorrência Delirante


.Evidência ou revelação independente de qualquer dedução ou dado
sensorial. Convicção delirante imediata, na ausência de suporte perceptivo,
de um sentimento, ideia ou facto. Ex:”finalmente compreendo tudo”
.Também pode ser denominada Delírio Autóctone
.Embora sejam mais frequentes na esquizofrenia, também podem ocorrer em
personalidades patológicas e perturbação bipolar
VIVÊNCIAS DELIRANTES PRIMÁRIAS

O CONTRIBUTO DE JASPERS

-Descreve o delírio no capítulo intitulado “Fenómenos subjectivos da vida


psíquica mórbida”, explicando o delírio como um processo psiquíco.

- Considera o delírio uma tríade composta por:

1. Certeza subjectiva - referindo-se à convicção extrema com que o delírio é


mantido
2. Incorrigibilidade - referindo-se à impermeabilidade destas convicções
relativamente à contra-argumentação
3. Conteúdo impossível - referindo-se ao facto de o delírio invocar sempre
representações absurdas ou evidentemente erróneas

.Valoriza principalmente a incorrigibilidade como característica distintiva


das verdadeiras ideias delirantes.

.Distingue os fenómenos delirantes primários dos secundários, por estes


últimos poderem ser relacionados com o estado afectivo ou experiência
prévia, ao contrário dos primários, que seriam significados anormais
atribuídos sem motivo adequado.

.Considera três tipos de fenómenos delirantes primários: cognição,


percepção e representação delirante.

O CONTRIBUTO DE GRUHLE

.Explica o delírio como um fenómeno determinado por um suposto processo


orgânico cerebral

.Considera o humor delirante como uma forma básica e precursora do delírio

.Define a percepção delirante como uma interpretação auto-referencial sem


motivo
O CONTRIBUTO DE KURT SCHNEIDER

.Retendo a influência do trabalho de Jaspers, mantem a distinção entre


delírio primário (aquele que não tem origem numa fonte identificável e é
incongruente com o humor) e delírio secundário (aquele que surge no
contexto de uma alteração do humor ou da personalidade e é congruente
com o humor).

.Reconhece apenas duas formas de experiências delirantes primárias: a


percepção delirante e a ocorrência delirante, por considerar o conceito de
cognição delirante de Jaspers demasiado vago.

.Cria uma distinção importante: as experiências delirantes primárias dos


psicóticos residiriam numa alteração patológica da estrutura cerebral, ao
contrário das restantes experiências delirantes, que resultariam da
experiência prévia e seriam enquadráveis no grupo das denominadas
reacções vivenciais anormais.

.Inclui assim as percepções delirantes no seu grupo de critérios de primeira


ordem, que, embora não específico da esquizofrenia, assumiria um valor
pragmático no estabelecimento do diagnóstico.

O CONTRIBUTO DE LOPEZ IBOR

.Propõem a designação de Esquizoforia, em substituição de Humor Delirante

.Propõem a designação de Inspiração Delirante, em substituição da de


Ocorrência Delirante
O CONTRIBUTO DE CONRAD

-Pressupostos

.Tentativa de análise fenomenológica do delírio da esquizofrenia, feita com


base na perspectiva Gestaltica

.Amostra constituída por militares em tempo de conflito e em surto inicial ou


recente

.Esta análise incide sob duas das formas de esquizofrenia: paranóide e


catatónica

-Trema

. Ocorre um conjunto de vivências, (pressão, tensão, inquietação) ou (culpa,


condenação) ou (abandono, ausência de esperança, falta de vontade própria)
ou mais raramente (ânimo, alegria). Em qualquer destes casos o doente
sente-se isolado e incapaz de comunicar com os outros.Sem que o doente
faça um esforço interpretativo, vivencia os achados do campo perceptivo
como possuindo uma qualidade particular ou distinta que não consegue
pormenorizar.”Passa-se algo mas não sei o que é , diga-me você”

. Equivalência relativa ao humor delirante

-Apofania

.Vivência da consciência de significado anormal que comporta duas


dimensões: o espaço exterior-aquilo que é encontrado (equivalência relativa
à percepção delirante), e o espaço interior-aquilo que é actualizado
(equivalência relativa à difusão do pensamento)

. O doente vivencia-se num mundo alterado de forma estranha em que tudo


parece estar organizado de forma a avaliá-lo, submete-lo a uma prova ou
enganá-lo.
-Anástrofe

.O doente vivencia o conjunto de acontecimentos do universo como girando


em torno de si, tudo o que sucede em seu redor tem conexão com ele
(equivalência relativa a auto-relacionamento)

-Interrelação Apofania/Anástrofe

.Sempre que ocorre uma vivência apofânica o doente transforma-a


anastróficamente e vice-versa.

-Fase Apocalíptica

.Concerne principalmente à forma catatónica e representaria um grau


extremo de apofania.

. Substituição das vivências do campo perceptivo por vivências do campo


onírico

-Fase de Consolidação

.Movimento de retrocesso com uma desintegração gradual da apofania e


sobretudo da anástrofe, voltando o doente a reassumir o seu posicionamento
correcto no universo com o esvanecimento do delírio

-Estado Residual

.Não tem nehuma relação com os conteúdos temáticos do delírio anterior,


sendo antes caracterizado por: incapacidade de decisão, dificuldades de
concentração e vivências de falta de interesse e energia.

.Para o autor, o estado de defeito esquizofrénico é entendido como uma


forma grave de estado residual. Outras explicações (Berze- Hipotonia da
Consciência, Beringer-Relaxamento do Arco Intencional, Stranski- Ataxia
Intrapsiquíca)
-Delírio Secundário ou Sistematização
.Estabelece-se como resultado de um trabalho de elaboração psíquica em
função do estado de humor, das atitudes e das motivações do doente
.Podem ser classificadas em 3 referenciais distintos: Sistematização,
Dinamismo e Conteúdo

-Sistematização
.Ideias Delirantes Não Sistematizadas- Ideias irreais, isoladas ou
combinadas que podem tornar-se enraízadas e extensivas
.Delírio Sistematizado- Elaboração de um sistema delirante dotado de
lógica interna graças ao trabalho do delírio e constituído por associações,
relacionamentos, deduções e conexões. Esta construcção pode ser baseada
em novas percepções, intuições, interpretações ou outras experiências
delirantes. No entanto pode também basear-se apenas na primeira e única
premissa delirante
.O grau de sistematização parece estar correlacionado directamente com a
retenção duma personalidade integra. Assim no esquizofrénico agudoem que
a doença tem um efeito desvastador na personalidade o grau de
sistematização é reduzido. Pelo contrário no doente crónico este grau é
habitualmente elevado

-Dinamismo
.Corresponde ao grau de envolvimento, compromisso e implicação afectiva
bem como ao carácter actuante do delírio. Classifica-se em Ausente ou
Ligeiro (as experiências delirantes são relatadas sem emoção nem propensão
à extensão), Intenso (ideias delirantes numerosas e mutáveis no contexto de
uma psicomotricidade ou de uma energia exacerbada, ainda que
discordantemente vivenciada)
-Conteúdo
.O conteúdo das ideias delirantes pode estar em concordância com o estado
de humor deprimido, situação em que estas assumem a designação de
catatímicas
.Ideias Delirantes de Auto-Relacionação ou Auto-Referência- O doente
sente-se o centro das atenções dos outros, de acontecimentos insignificantes
ou fortuitos retira a convicção inabalável de que existem sinais que lhe
dizem respeito. Esta atitude pode ocorrer isoladamente ou ser pano de fundo
de outras formas de delírio, principalmente de perseguição e grandeza
.A erotomania constitui uma forma particular desta Auto-Referência. Outro
exemplo típico é o Delírio Sensitivo de Auto-Relacionação de Krestchmer
.Ideias Delirantes de Prejuízo ou Perseguição- O doente acha-se alvo da
animosidade de terceiros, objecto de ameaças ou conspirações ou injúrias.
Um exemplo particular é o delírio de revindicação ou querulância que
corresponde a uma forma de prejuízo irreal que leva a um combate
processual pela restituição da justiça
.Frequente na esquizofrenia paranóide, podendo também ocorrer no
síndrome depressivo, síndrome psico-orgânico e psicopatia
.Ideias Delirantes de Ciúme- Convicção delirante de ser enganado ou
traído pelo parceiro amoroso ou conjuge. São a forma com maior
probabilidade de passagem ao acto
.Deve distinguir-se da Erotomania em termos de etiologia, embora a escola
francesa agrupe ambos sobre a designação de Delírios Passionais de
Clérambault
.Frequente no alcoolismo crónico. Pode também ser encontrado na
esquizofrenia e na paranóia
.Ideias Delirantes de Culpabilidade- O doente tem a convicção de ter
cometido uma falta irreparável sendo por isso merecedor de punição. Pode
ser uma ideia sem qualquer fundamento real ou corresponder a uma
hipervalorização de um episódio de importância menor ocorrido no passsado
.Pode tratar-se de um exagero delirante de faltas reais. O doente sente-se
irremediavelmente mau, degradado, rejeitado ou indigno de perdão. Raras
vezes se apresenta uma culpa existencial, sendo a existência como Homem
em si mesma condenável ou então o indíviduo não ter estado à altura de
realizar o seu próprio projecto existencial
.É mais frequente nas depressões graves
.Ideias Delirantes de Ruína- Convicção delirante de se encontrar num
estado desesperado de pobreza ou miséria com ameaça da segurança
económica ou social
.Observável nas depressões graves
.Ideias Delirantes Hipocondríacas- Convicção inabalável e irreal de estar
ameaçado na saúde, sofrer de uma doença incurável ou mesmo de estar
morto. A temática do delírio pode incidir sobre patologia corrente ou
cenestesias delirantes (ex: “Todas as noites os meus pulmões secam”).
Incluir aqui os delírios de negação e enormidade
.Estas ideias são muito frequentes na perturbação depressiva, embora
também possam ocorrer na esquizofrenia e nas personalidades patológicas
.Podem levar ao suicídio ou mesmo homicídio, caso a família esteja
envolvida
.Ideias Delirantes de grandeza- Baseiam-se numa sobrevalorização
delirante do papel do doente. Existe a convicção de ser dotado de poderes ou
qualidades especiais ou então possuidor de enorme riqueza. Inclui o Delírio
Místico (o doente julga ser Deus ou um enviado Deste), o Delírio de
Filiação ( o doente julga-se aparentado por laços de sangue com figuras
proeminentes da vida pública) e o Delírio Fantástico (produção imaginária
exuberante) próprio das parafrenias
ALTERAÇÕES FORMAIS DO PENSAMENTO

-Definição
. São um conjunto de alterações em que existe compromisso das funções de
conceptualização e abstracção
.São sinónimo das alterações da conceptualização e abstracção que ocorrem
na esquizofrenia e nos estados orgânicos
.Representam uma incapacidade de abstracção na ausência de doença
orgânica, embora existam provas de que o doente possuiu essa capacidade
no passado
.Na visão de Bleuler a esquizofrenia seria uma doença caracterizada por uma
perturbação das associações em que a característica principal é uma ausência
de conectividade ou sequência lógica entre as associações estabelecidas pelo
doente. Isto seria o resultado de 3 processos: Condensação (duas ideias com
algo comum são reunidas num só falso conceito), Deslocação (uma ideia é
utilizada em substituição doutra ideia), Utilização Imperfeita da
Simbologia (ao símbolo é atribuido o seu significado concreto em vez do
seu valor simbólico)
.Não considerando as alterações que ocorrem nos estados orgânicos, isto é
restringindo o âmbito à esquizofrenia existem 2 tipos de alterações:
Positivas (formação de falsos conceitos por associação de elementos
incongruentes traduzindo erros lógicos) e Negativas (perda da capacidade de
abstracção sem formação de falsos conceitos)

-Pensamento Assindético (Cameron)


.Perda da capacidade de excluir elementos desnecessários com condensação
de várias ideias não necessáriamente contraditórias numa única ideia. O
doente utiliza aproximações imprecisas e pessoais com que substitui
palavras ou frases

-Pensamento Metonímico
.Ocorre uma substituição de conceitos correntes por conceitos imprecisos,
denominados metonímias, que são subjectivos e privados do
doente.Metonímia

-Hiperinclusividade
.As fronteiras dos conceitos são ignoradas com consequente generalização
abusiva
-Neologismos
.Atribuição pelo doente de significados diferentes a palavras correntes ou
criação de novas palavras
.Utilização de palavras novas que não condizem com as convenções da
linguagem ou criação e utilização de uma língua artificial totalmente nova.
Deve ser distinguido dos Paralogismos que são palavras de utilização
corrente a que o doente atribui uma nova acepção semântica

ALTERAÇÕES DA VIVÊNCIA DO EU

-Definição
.São perturbações que traduzem transtornos da unidade e identidade do Eu
ou das fronteiras que permitem delimitar o Eu do Mundo Externo

-Desrealização
.Sentimento de estranheza perante o mundo exterior que parece alterado com
uma característica de não familariedade devido à sua aparência irreal ou
fantástica
.Pode estar associado ao Humor Delirante ou a situações que cursam com
uma diminuição da percepção e de que são exemplo a depressão, a histeria e
a neurose obsessiva

-Despersonalização
.Sentimento de já não ser o mesmo (no sentido de ter ocorrido uma
mudança) em relação a sentir-se uno ou integro (unidade) ou ainda de ter
mudado de identidade. Existe uma sensação de transformação ou
metamorfose
.Deve ser distinguida das situações que cursam com integridade da
personalidade e de que são exemplo: Desdobramento da Personalidade
(Heautoscopia), as Personalidades Múltiplas e Alternantes e as Perturbações
da Orientação Autopsiquíca
.Quando o doente experimenta pela primeira vez este sintoma tem uma
sensação muito assustadora porque interpreta como um sinal eminente de
loucura
.O sintoma pode surgir com 3 qualidades diferentes nos seguintes quadros:
esquizofrenia, depressão e estados orgânicos

-Apropriação
. O doente introjecta aquilo que sucede em seu redor. Ex: vê baterem num
tapete e queixa-se de que bateram nele
-Transitivismo
. O doente projecta no exterior aquilo que ocorre nele. Ex: ao ver uma
sombra emite um grito de terror e espanta-se que a sombra tenha gritado

-Difusão do Pensamento
.O doente queixa-se da falta de privacidade dos seus pesamentos. Engloba 3
subtipos: Leitura do Pensamento (os pensamentos do doente podem ser
lidos por terceiros), Divulgação do Segredo do Pensamento (os
pensamentos do doente são conhecidos de terceiros) e Eco do Pensamento
(os pensamentos do doente são ouvidos simultâneamente pelo próprio e por
terceiros)
.Surge habitualmente na esquizofrenia

-Roubo ou Subtração ou Expropriação do Pensamento


.O doente queixa-se de que terceiros se apoderam do seu pensamento.O
doente queixa-se de que os seus pensamentos súbitamente desapareceram e
lhe foram retirados por uma entidade exterior
.Não deve ser confundido com Bloqueio do Pensamento
.Surge habitualmente na Esquizofrenia

-Influenciamento ou Imposição ou Intromissão do Pensamento


.O doente queixa-se de que os seus pensamentos, as suas ideias ou
representações lhe são impostas ou introduzidas abusivamente por terceiros
ou a partir do exterior
.Surge habitualmente na Esquizofrenia

-Síndrome de Influenciamento
.O doente sente que uma entidade externa exerce uma acção controladora
sobre os seus sentimentos, palavras, gestos, vontade. Esta acção leva-o
muitas vezes a actuar de modo determinado sem conseguir opôr resistência
ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES E AFECTOS

-Definição de Emoção
.É o estado interno que corresponde à vivência agradável ou desgradável dos
acontecimentos e estímulos. Caracterizam-se pela transitoriedade

-Definição de Humor
.É um estado emocional duradouro durante o qual a globalidade da vida
psíquica (percepção, cognição..) é influenciada pela emoção prevalecente.
Caracteriza-se pela constância

-Indiferença Emocional
.O doente perde a capacidade de reagir emocionalmente aos estímulos
. Diz-se de alguém que é frio de sentimentos ou afectivamente apagado. O
doente não manifesta sentimentos em relação aos estímulos e é incapaz de
experimentar sensações de culpa, arrependimento, vergonha ou orgulho
.Surge na Psicopatia, estados orgânicos, toxicodependência e na
esquizofrenia deficitária
-Belle Indifference
.O doente apresenta uma completa indiferença em relação à ocorrência de
sintomas somáticos
.Característica da perturbação conversiva

-Monotonia Emocional ou Rigidez Afectiva


.O doente apresenta uma prevalência de um único sentimento como forma
de resposta independentemente da qualidade do estímulo
.Surge na depressão e nos estados orgânicos
.Deve distinguir-se da monotonia afectiva conscientemente deliberada que se
denomina Impassibilidade

-Hiperemotividade ou Incontinência Afectiva


.Desproporção entre a intensidade dos estímulos e da correspondente
resposta emocional, observando-se um exagero e perda de controle da última
.Surge na depressão, histeria e estados orgânicos

-Labilidade Emocional ou Labilidade Afectiva


.Oscilações frequentes, rápidas e de curta duração dos estados emocionais
.O carácter rápido da oscilação permite distingui-la da Hiperemotividade
.Surge na depressão, histeria e estados orgânicos

-Discordância Emocional ou Discordância Afectiva ou Paratímia


.O doente expressa emoções desadequadas em relação à situação reportada
ou vivenciada
.Falta de adequação entre a expressão de um sentimento e a vivência do seu
conteúdo, respeitando a afectos paradoxais
.Surge na esquizofrenia (principalmente hebefrénica), podendo também
surgir na ansiedade intensa e nas depressões

-Ambivalência Emocional ou Ambivalência Afectiva


.Coexistência consciente de sentimentos contraditórios em relação a algo,
que o doente vivencia de uma forma simultânea e na maior parte das vezes
penosa
.Deve ser um fenómeno consciente para poder ser evocado o sintoma
.Deve distinguir-se da Perplexidade
-Humor Depressivo
.A perturbação nuclear é a tristeza cuja qualidade e intensidade podem ser
variáveis. Esta tristeza é acompanhada de sentimentos de: desânimo,
pessimismo, perda de iniciativa e interesse e incapacidade de sentir prazer
.Deve valorizar-se apenas o aspecto da hiperestesia afectiva, já que os
restantes são cotáveis noutras alíneas

-Humor Ansioso
.Medo difuso sem objecto concreto, sentimento de expectativa inquieta sem
causa precisa objectivável, estado de alerta desproporcionado em relação à
situação
.Surge na neurose ansiosa, esquizofrenia e estados confusionais

-Humor Eufórico ou Elacção do Humor


.Sentimento excessivo de bem-estar, de prazer, de alegria, de auto-confiança
ou de exaltação dos afectos vitais
.Surge na fase maníaca da perturbação bipolar, podendo também surgir em
alguns estados orgânicos e também na intoxicação por cocaína

-Humor Disfórico ou Disforia


. Sentimentos de irritabilidade, tensão interior, susceptibilidade exagerada e
agressividade
ALTERAÇÕES DA ENERGIA VITAL E MOTRICIDADE

-Energia Vital
. Força independente da vontade que determina o grau de interesse e
iniciativa, a atenção, a motivação, as atitudes e a capacidade de realização

-Diminuição da Energia Vital


. Lentificação geral da actividade e do comportamento motor
simultâneamente vivenciada pelo sujeito e evidenciada pelo observador
.Deve distinguir-se da Astenia, que sómente é vivenciada pelo sujeito
.Pode surgir em : Estados deficitários esquizofrénicos, Toxicodependência
opiáceos, Depressões, Demências

-Aumento da Energia Vital


. Exacerbação geral do psiquismo com aumento da iniciativa, ideação e
actividade motora
.Deve ser diferenciada da Agitação Psicomotora
.Surge habitualmente em : Ansiedade, Personalidades Hipertímicas,
Hipomania

-Hipercinésia
.Exacerbação geral da motricidade em que os movimentos são desprovidos
de intencionalidade e apresentam algum grau de descoordenação, incluindo
graus variados desde a Inquietação, passando pela Agitação Psicomotora,
até ao Furor
. A Inquietação pode observar-se nos estados ansiosos
. A Agitação Psicomotora pode observar-se habitualmente em: Surto
Psicótico (Mania, Esquizofrenia), Perturbação Histriónica da Personalidade,
e Psico-Síndrome Orgânico
. O Furor pode ocorrer em : Mania, Esquizofrenia Catatónica, Epilepsia

-Paracinésia
.O comportamento motor normal ou habitual é acentuado, deformado ou
substituído

-Movimentos Espontâneos Não-Adaptativos


.Há intromissão deste tipo de movimentos no comportamento normal, sendo
estes desprovidos de intencionalidade e adequação à circunstância presente
-Estereotipia
.Comportamento verbal ou motor repetitivo e persistente
.Surge habitualmente em: Esquizofrenia Catatónica, Síndrome Demencial

-Movimentos Anormais Induzidos


.Comportamento anormal que pode ser desencadeado pelo observador pela
solicitação verbal ou manipulação do corpo do doente
.Surge habitualmente em: Esquizofrenia Catatónica, Síndrome Demencial

-Obediência Automática
.O doente executa imediatamente e sem crítica as ordens do observador

-Fenómenos em Eco
.Imitação pelo doente dos comportamentos do observador: Gestos
(Ecopráxia), Mímica (Ecomímia), Palavras (Ecolália)

-Mitmachen
.O doente permite a mobilização do seu corpo, sem oferecer resistência,
reassumindo posteriormente, e de forma lenta, a postura inicial

-Oposição
.O doente oferece resistência, proporcional à força exercida pelo observador,
às tentativas de mobilização do seu corpo

-Negativismo
.O doente resiste activamente contra qualquer tentativa de modificação do
seu comportamento ou de mobilização do seu corpo, sejam estas efectuadas
por comando verbal ou mobilização motora

-Teatralidade
.Exagero com carácter demonstrativo da expressividade, dos
comportamentos ou da postura
.Surge na perturbação histriónica da personalidade

-Maneirismos
.Expressividade, comportamentos ou postura estranhos ou pouco habituais
na cultura em questão, embora sejam circunstancialmente adequados
-Bizarria Motora
.O comportamento é inintelegível ou incompreensível para o observador
.Surge na esquizofrenia catatónica

-Catalépsia
.Conservação de atitudes ou postura, ainda que incómodas ou
desconfortáveis, por períodos longos de tempo (ex: Almofada Psicológica)
.Surge em: Esquizofrenia Catatónica, Lesão do Tronco Cerebral

-Flexibilidade Cérea
.O observador pode mobilizar o corpo do doente, sentindo uma “resistência
em cano de chumbo”, para uma determinada postura que este conserva ao
longo de pelo menos um minuto
.Surge em: Esquizofrenia Catatónica, Lesão do Tronco Cerebral

ALTERAÇÕES DA VIDA INSTINTIVA

-Anorexia
.Redução da motivação e/ou capacidade para se alimentar, em relação aos
hábitos prévios do doente. Não implica que ocorra emagrecimento
.Surge em: Patologia Humor (Depressiva), Patologia Ansiosa, Esquizofrenia,
Abuso Estimulantes

-Bulímia
.Aumento motivação e/ou capacidade para se alimentar, em relação aos
hábitos prévios do doente. Não implica que ocorra aumento ponderal
.Surge em: Patologia do Humor (Maníaca), Patologia Ansiosa,
Esquizofrenia, Abuso Cannabis

-Polifagia
.Aumento da ingestão de sólidos
.Surge em: Diabetes, Tumores Hipotalâmicos

-Polidípsia
.Aumento da ingestão de liquidos
.Surge em: Patologia do Humor (Maníaca), Patologia Ansiosa,
Esquizofrenia, Diabetes, Tumores Hipotalâmicos
-Insónia Inicial
.O período entre o deitar e o adormecer é dificilmente superado
.Mais característico da Patologia Ansiosa

-Insónia Intermédia
.Se o doente acordar tem dificuldade em reconciliar o sono
.Surge na Patologia Ansiosa e Depressiva não sendo característico de
nenhuma

-Insónia Terminal
.O doente acorda mais cedo do que a sua hora habitual
.Mais característico da Patologia Depressiva (especialmente da forma dita
endógena)

-Insónia Total
.Ocorre a quase extinção do período de sono
.Mais frequentemente observado em: Mania, Abuso de Estimulantes,
Esquizofrenia (em fase aguda ou de agudização)

-Hipersonolência
.As actividades quotidianas durante a fase de vigília, são interrompidas por
períodos de sonolência. Não implica o adormecimento do doente
.Surge em: Patologia Depressiva, Lesões Ocupando Espaço de localização
hipotalâmica ou do tronco cerebral

-Narcolépsia
.Necessidade imperiosa de adormecer durante a fase de vigília. Implica o
efectivo adormecimento do doente independentemente da tarefa em
prossecução
.Surge em: Apneia do Sono, Lesões Ocupando Espaço de localização
hipotalâmica ou do tronco cerebral

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