You are on page 1of 6

Análise crítica ao Modelo de Auto-avaliação

das Bibliotecas Escolares

- O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria. Conceitos


implicados

O modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares enquadra-se na


estratégia global de desenvolvimento das bibliotecas escolares, pretendendo-
se que se constitua como um instrumento pedagógico capaz de avaliar o
funcionamento global das bibliotecas e o seu impacto nas aprendizagens dos
alunos, ou seja, que através de evidências, os professores bibliotecários e sua
equipa, os órgãos directivos e pedagógicos da escola e professores, em geral,
sejam capazes de identificar pontos fortes e pontos fracos nas acções
desenvolvidas pela BE, tendo em vista cumprir a sua missão como centro de
aprendizagem, melhorando ou inflectindo as suas práticas e criando um plano
de acção de melhoria contínua.

“Vários estudos internacionais têm identificado os factores que se podem


considerar decisivos para o sucesso da missão que tanto o Manifesto da
International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA)/
UNESCO como a Declaração da International Association of School
Librarianship (IASL) apontam há muito para a BE. Entre esses factores
destacam-se os níveis de colaboração entre o professor bibliotecário e os
restantes docentes na identificação de recursos e no desenvolvimento de
actividades conjuntas orientadas para o sucesso do aluno; a acessibilidade e a
qualidade dos serviços prestados; a adequação da colecção e dos recursos
tecnológicos. Esses estudos mostram ainda, de forma inequívoca, que as
bibliotecas escolares podem contribuir positivamente para o ensino e a
aprendizagem, podendo estabelecer-se uma relação entre a qualidade do trabalho
da e com a BE e os resultados escolares dos alunos.” - Modelo de Auto-
Avaliação da Biblioteca Escolar - Rede de Bibliotecas Escolares, Outubro de
2010

Tendo por base estes estudos internacionais, foi criado um modelo de auto-
avaliação da BE, de forma a que a escola conheça o impacto das suas
actividades no processo de ensino e aprendizagem dos alunos; este
instrumento permitirá à BE a construção de um plano de desenvolvimento mais
eficaz e também maior articulação com escola, afirmando assim o seu papel no
contexto escolar. Importante, é que a escola entenda que a auto-avaliação da
BE deva ser incorporada no processo de avaliação da escola em geral, dado
que a missão e os objectivos da BE devem fazer parte do Projecto Educativo
da instituição escolar.

Subjacentes a este modelo existe um conjunto de conceitos implicados: 1-


noção de valor – tem a ver com o facto da BE ser capaz de produzir benefícios
que contribuam para a melhoria dos objectivos da escola; 2- a auto-avaliação
da BE pretende ser um processo pedagógico e regulador das acções inerente
à gestão da BE na procura de melhoria, pretende-se medir a eficácia e a
qualidade da BE e não o desempenho do professor bibliotecário ou da sua
equipa, mas para isso é necessário mobilizar a escola; 3- o modelo tem de ser
utilizado de forma flexível, adaptando-o à realidade escolar; compreende-se,
que os modos de organização e funcionamento de uma BE de uma escola
secundária sejam diferentes da de uma do 1º ciclo. Deve-se, portanto,
seleccionar e adaptar indicadores e instrumentos de avaliação em função da
tipologia da escola.

- Pertinência da existência de um modelo de avaliação para as bibliotecas


escolares

Considero importante e muito pertinente a sua aplicação. Sem dúvida, que este
modelo através da definição de domínios a avaliar, que constituem as áreas
essenciais para que a BE cumpra a sua função no processo educativo dos
alunos, é uma mais valia para a gestão da BE, sendo um auxiliar fundamental
para a melhoria da acção em cada domínio. Permite também tornar a escola
mais ciente do papel da BE e aplicando alguns dos instrumentos propostos, a
análise passa a ser mais objectiva e clara e necessário envolvimento da
comunidade escolar.

Os quatro domínios são importantes e devem ser vistos como um todo


interligado entre si. Não haverá bom apoio ao Desenvolvimento Curricular se a
Gestão da Biblioteca não prestar os serviços necessários ou não tiver
determinadas condições, por exemplo. Mas a proposta de em cada ano, dos
quatro que constituem o mandamento do professor bibliotecário, ser testado
apenas um dos domínios, tem a sua razão de ser, atendendo à multiplicidade
de indicadores e de factores críticos de sucesso inerentes aos quatro domínios.
Permite também uma observação e recolha de evidências mais analítica e
portanto mais eficaz. Analisando as fraquezas e os sucessos e fazendo
avaliações intermédias, de cada domínio, possibilita a sua melhoria, e assim de
forma faseada, vai-se aplicando o modelo nas diversas áreas.

Talvez se corra o risco de no ano em que é avaliado um determinado domínio,


os outros três serem um pouco descurados. Mas a visão de conjunto do
professor bibliotecário e da sua equipa devem evitar isso. O que se pretende é
melhorar a acção da BE no seu conjunto e todas as áreas são importantes.
Trata-se somente de em cada ano dar mais ênfase a uma delas, para que com
o tempo necessário, da análise realizada resulte práticas efectivas de melhoria.

- Organização estrutural e funcional. Adequação e constrangimentos

Parece-me que o modelo se apresenta bem estruturado e se torna mais


funcional, propondo a avaliação de um domínio por ano. Os quatro domínios
definidos e respectivos subdomínios parecem-me suficientemente abrangentes
para aferir da acção da BE em relação à sua missão. Não obstante, pela sua
abrangência em alguns aspectos os domínios colidem, o que gera por vezes
algumas hesitações. As propostas apontadas para a recolha de evidências
parecem-me úteis e exequíveis e os perfis de desempenho permitem-nos
apercebermo-nos melhor e de forma mais objectiva, da situação em que nos
encontramos e a definir metas possíveis para a melhoria.

Parece-me um modelo ambicioso e algo idealista para certas comunidades


escolares, que de uma maneira geral, não aplicam de forma sistemática
modelos de avaliação interna nas diversas estruturas. A resistência de alguns
elementos da comunidade escolar em cooperar, nomeadamente participando
em reuniões com o professor bibliotecário e sua equipa, não disponibilizando o
tempo necessário, na falta hábitos que existe em registar as acções comuns
com a BE, poderão constituir alguns constrangimentos. A multiplicidade de
competências e de solicitações do professor bibliotecário, a ausência de
assistentes operacionais que o auxiliem na sua prática, bem como a existência
de uma equipa da BE com poucas horas, normalmente lançadas na
componente não lectiva e dedicadas na sua maioria à BE da Escola sede, pode
constituir um constrangimento ao nível da falta de disponibilidade para a
aplicação do modelo. No entanto, penso que se deve começar e o modelo
apresenta pistas muito concretas.

- Integração/ Aplicação à realidade da escola

No presente ano lectivo, o domínio que pretendemos avaliar é o B. Leitura e


literacia. Escolhemos este domínio em parceria com a direcção da escola e
porque nos parece um grande desafio. O papel desempenhado pela leitura, no
mundo de hoje, aparece a cada passo questionado. Neste campo o papel da
BE é determinante, como tal é fundamental que detenha um entendimento
cada vez mais alargado do seu universo de leitores e que o acompanhe. “ (…)
os alunos estão a vivenciar um grande leque de dilemas de aprendizagem
associados à World Wide Web. Qualquer um destes dilemas de aprendizagem
proporciona uma boa oportunidade para o professor bibliotecário intervir e,
através de abordagens colaborativas e centradas em pesquisa, demonstrar que
a sua prática faz uma diferença real para a aprendizagem do aluno.” Todd,
Ross (2002) O desenvolvimento de actividades que motivam para a leitura e
escrita terão de certo impacto a médio e/ou a longo prazo nos resultados
escolares dos alunos, tal como o comprovam diversos estudos já realizados. “
O importante é que as necessidades de aprendizagem sejam identificadas, que
as estratégias de ensino sejam desenvolvidas e que sejam dadas as
orientações de como isto será avaliado.” Todd, Ross (2002) Neste sentido a
acção da B.E será cada vez mais eficaz se houver uma efectiva interacção com
os diversos departamentos e docentes. Esta vai com certeza, proporcionar à
comunidade escolar uma tomada de consciência maior do papel da BE e dos
desafios que actualmente se lhe apresentam, como centro de aprendizagem
numa escola. Como professora sempre me preocupei em diversificar os
contextos de aprendizagem bem como em proporcionar aos meus alunos
experiências de aprendizagem enriquecedoras. Contudo penso que esta não é
ainda uma prática comum da maioria dos docentes. Julgo que muitos docentes
ainda não apropriaram bem o papel da BE nas efectivas aprendizagens dos
alunos. Alguns deles ainda recorrem pouco à biblioteca escolar e seus
serviços. Neste sentido foram já sendo pedidos aos professores e alunos
sugestões de actividades conjuntas. Estas serão avaliadas de forma escrita e
sistemática tendo em vista receber feedback da parte destes, em relação às
actividades desenvolvidas pela BE, o que é fundamental para se avaliar a
validade das acções, a sua pertinência e, ao mesmo tempo, implicá-los num
trabalho em parceria para se atingir resultados pretendidos em conjunto.

- Competências do professor bibliotecário e estratégias implicadas na sua


aplicação

O professor bibliotecário deve liderar o processo de auto-avaliação da BE,


saber envolver a sua equipa, os departamentos curriculares, o conselho
pedagógico, a direcção escolar, assim como os encarregados de educação.

Uma das estratégias é dar a conhecer o modelo proposto pela RBE, à


direcção, ao conselho pedagógico e às outras estruturas educativas, dando
conta da sua pertinência e necessidade de aplicação.

Deve através das evidências a recolher, reforçar a importância da BE no


contexto escolar e nas aprendizagens dos alunos, e procurar demonstrar que a
avaliação da BE está ligada à avaliação escolar.

Porém, há alguns factores críticos a vencer: comprovar que o modelo de auto-


avaliação da BE, mais do que uma burocracia acrescida é um instrumento
regulador da sua acção, tendo em vista a qualidade do seu serviço para a
melhoria do processo de ensino e de aprendizagem dos alunos. Convém
também que haja na escola uma reflexão sobre os novos contextos e conceitos
de aprendizagem, em que o aluno seja visto como construtor do seu
conhecimento, em que a introdução das TIC na sociedade actual e o
surgimento de novas fontes de trabalho e de informação sejam encaradas
como novos desafios, que obrigam ao desenvolvimento de novas literacias e à
criação de novos ambientes de trabalho, conceitos este vêm dar um maior
ênfase ao papel da biblioteca escolar.

A formanda

Ana Sílvia Marques Pinto Alves Gomes

- Integração/ Aplicação à realidade da escola

bibliotecária estreante

You might also like