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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

LARISSA MATIOSKI BRASIL E CRISTIAN CAMPOS

FUTURISMO

CURITIBA
2010
INTRODUÇÃO

Vários acontecimentos, importantes para os estudos literários, influenciaram a


literatura brasileira no século XX. Ocorreram muitas mudanças na arte, provocado
pelo chamado movimento modernista. As chamadas vanguardas européias
trouxeram inovações, tais como, o expressionismo, o dadaísmo, o cubismo,
surrealismo e o futurismo. Sendo este ultimo o objeto de estudo deste trabalho.
Mas qual a origem do termo Vanguarda Européia? Segundo Helena (1993,
p.08), o termo “... vem do francês avant-garde e significa o movimento artístico que
marcha na frente, anunciando a criação de um novo tipo de arte. Esta denominação
tem também uma significação militar (a tropa que marcha na dianteira para atacar
primeiro), que bem demonstra o caráter combativo das vanguardas, dispostas a lutar
agressivamente em prol da abertura de novos caminhos artísticos”.
Percebe-se, então, o caráter revolucionário, de rompimento das tradições da
arte Belle Époque que era sempre “igual”, “certinha”, "comportadinha". Através de
uma luta avançada, voltada ao futuro, para a modernidade, com o intuito de
encontrar formas inéditas expressão da arte.

FUTURISMO

O Futurismo foi o primeiro movimento de vanguarda, literário e artístico, que


surgiu na Europa na primeira década do século XX. Influenciados com o novo
espírito da era das máquinas eles buscavam uma ruptura com o moralismo e a
tradição expressa nas produções artísticas da época. Teve início após a publicação
do Manifeste du Futurisme, em 1909, pelo escritor italiano Filippo Marinetti no Figaro
de Paris, o qual havia sido influenciado pela filosofia de Nietzsche, Sorel e Bergson,
e por poetas e literários do final do século XIX, tanto decadentistas quanto
simbolistas. Ele, então, começa a se interessar pelo verso livre, do qual tornar-se,
mais tarde, um grande defensor.
Como expressa Argan ( 1992, p.313) , “os futuristas se consideram anti-
românticos e pregam um arte que expresse “estados de alma”, além de possuirem
como forte lema a “liberdade para a palavra”, e desenvolverem as suas obras com
foco principal na velocidade e no movimento.
Foram também conhecidos pelo lado político do nacionalismo exaltado e a
valoração da guerra e da violência, julgando estas como maneira de se “higienizar”o
mundo, o que mais tarde resultou em uma relação equivocada entre futurismo e
facismo (Enciclopédia, p.395).
Num dos trechos do manifesto, Marinetti afirma: “Nós afirmamos que a
magnificência do mundo enriqueceu-se de uma beleza nova: a beleza da
velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre enfeitado com tubos grossos,
semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que parece
correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia” (apud
Bernardini, 1980, p. 34).
No Manifesto Técnico Marinetti descreve alguns princípios da literatura
futurista: a destruição da sintaxe, o emprego do verbo infinitivo, a abolição do
adjetivo, a abolição do advérbio, a valorização do “duplo” do substantivo, a abolição
da pontuação, a valorização das analogias, a criação de uma rede de analogias, a
valorização da “desordem”, abolição do “eu” na literatura.

No Brasil, o movimento foi o desencadeador do chamado Modernismo


Brasileiro, influenciando principalmente artistas como o Oswald de Andrade e Anita
Malfatti, e teve grande repercução na Semana de Arte Moderna de 1922. No
entanto, não seguiu os moldes do futurismo de Marinetti.
Segundo Helena (1993, p.18), nossos poetas não foram futuristas, mas
captavam as tendências da época. “Suas obras são bem posteriores à década de
1920 ao início do futurismo, mas apresentam belos exemplos de algumas das
inovações propostas por essa vanguarda européia e aclimadas pelos poetas
brasileiros, à sua visão de arte e do Brasil”. (1993, p.18).
Por aqui, houve manifestos diferentes, como o Pau-Brasil em 1924 e o
Antropofágico em 1928 - mais importantes do que os manifestos italianos. Mas, de
todos os manifestos, o “Prefácio Interessantíssimo”, e “Paulicéia Desvairada” do
precursor Mário de Andrade, publicado meses depois da Semana de Arte Moderna,
junto com o poema “Antropófago” de Oswald de Andrade, foram os que iniciaram a
estética modernista.
Mário de Andrade utilizou-se do estilo futurista no poema “Ode ao burguês”,
criando palavras, tais como: “burguês-níquel”, “homem-nádegas”, a fim de criticar a
burguesia.
No poema Inspiração, Mario já no título insinua liberdade para criar, os versos
são desconexos, fazendo um paralelo com o caos de São Paulo, cuja influência
européia, o galicismo é anacrônico. Há, também, o contraste verão e inverno, como:
cinza (inverno) e ouro (verão), bruma (inverno) e luz (verão), forno (verão), e inverno
morno, que não é frio.

INSPIRAÇÃO - Mário de Andrade


São Paulo! Comoção de minha vida...
Os meus amores são flores feitas de
original...
Arlequinal!...Traje de losangos... Cinza
e ouro...
Luz e bruma... Forno e inverno morno...
Elegâncias sutis sem escândalos, sem
ciúmes...
Perfumes de Paris... Anys!
Bofetadas líricas no
Trianon... Algodoal!...
São Paulo! Comoção de minha vida...
Galicismo a berrar nos desertos da
América!
Assim, se torna fácil perceber que o futurismo foi um movimento que teve
grande repercussão no Brasil pelo fato de seus ideais propagados terem se
adaptado perfeitamente às mãos dos jovens artistas nacionais na época, os quais já
estavam cansados de ter que imitar e seguir os padrões artísticos da Europa. Com
uma multiplicidade cultural gigante como a nossa, foi fácil criar uma “nova”
identidade artística, se é que algum dia já havia possuído essa “identidade” cultural,
renovando as letras e as artes.
REFERÊNCIAS

ENCICLOPÉDIA Barsa. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica, 1978. v.6.

ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna: do Iluminismo aos movimentos


contemporâneos. 5. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

BERNARDINI, Aurora Fornoni (org.). O Futurismo Italiano. São Paulo, Perspectiva,


1980.

HELENA, Lúcia. Movimentos da vanguarda européia. São Paulo: Editora


Scipione,1993.

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