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I – A tragédia repete-se
Cerca de um mês após o desastre com o Sacadura Cabral, a 18 Dezembro 1977 o povo
de Santa Cruz é novamente abalado com mais uma tragédia aérea.
Era o voo charter 730 operado pela SA de Transport Aérien - SATA de Genève-
Cointrin para Santa Catarina, com uma aeronave de fabrico francês Sud Aviation SE-
210 Caravelle 10R. Era o HB-ICK, construído em Dezembro 1965 com número de série
200. O proprietário inicial foi a Alia que o matriculou JY-ACT em Fevereiro de 1966,
vendendo-a á SATA em 1973, não tendo esta qualquer relação com a transportadora
açoriana.
O piloto comandante fazia o seu primeiro voo piloto como comandante á Madeira, e o
acidente deveu-se a um erro inacreditável seu. O altímetro na aviação é um barómetro
que converte uma diferença de pressão atmosférica entre o seu ponto e o valor ao nível do
mar, numa altitude. Para que se atinja um valor correcto, necessita de ser calibrado em
função da zona e condições atmosféricas em que se está. Existe um valor, o QNH, que é
fornecido pelo controle de tráfego aéreo. O piloto colocou um valor errado e o avião
Meio aéreos também nem ver. Apenas 10 minutos antes tinha um pequeno avião da TAP
(que faria a linha de Porto Santo) descolado para ajudar a localizar os sobreviventes,
apesar de nem ter meios para iluminar os destroços. Não havia helicóptero algum da FAP
(nem civil) destacado na Região Autónoma da Madeira, e o Aviocar nem chegou a
descolar.
III - Rescaldo
No total pereceram 36 pessoas das 57 (5 tripulantes) a bordo, uma delas um tripulante.
Do comandante dizem os boatos que anos depois foi visto como taxista num aeroporto na
Suiça. Conta-se que no bote que o salvou estava em desespero e só falava do erro de
altímetro. O piloto da TAP que sobrevoou o sítio do sinistro afirmou ter sentido uma forte
corrente descendente que certamente não terá ajudado num voo em que aproximação era
nocturna e visual pelo mar. Aqui o Comandante já em terra no Funchal.
Num aeroporto tão recente foi na altura o segundo Caravelle a ter um fim trágico, já que
a charter espanhola Aviaco tinha tido um acidente em 1973 em voo para a Madeira, num
voo só com tripulação cujas causas nunca foram bem apuradas.
Que lógica tinha vir uma navio do Funchal tentar resgatar pessoas que já estariam na
água há uma hora ou mais? O Enquanto o tema quente continuou a ser o acidente da
TAP, passou a estar localizado junto a pista um navio de salvamento dedicado aos
assuntos aéreos. Felizmente até ao presente dia, nunca foi preciso para a função a que foi
destinado.
IV - O Caravelle
O Caravelle foi o primeiro jacto regional europeu. Montado em Toulouse, no que agora é
a Airbus, voou pela primeira vez em 1955 e entrou ao serviço em 1959 com a Air France
num voo Paris-Roma. Era muito peculiar com as janelas em forma de gota e o
estabilizador horizontal a meia cauda. As asas eram longuíssimas o que o fazia parecer
um planador. Foi também um marco importante a nível comercial pois a United Airlines
comprou e operou alguns exemplares. Como de costume a British Airways fez ouvidos
de mercador a produtos franceses, mesmo com motores ingleses. Anos mais tarde a Sud
Aviation seria partner lançador do consórcio Airbus, sob o nome de Aerospatiale, e a
esmagadora maioria dos Airbus que por esse mundo voam são construídos na mesma
fábrica em Toulouse de onde saiu o Caravelle.
Na TAP, foi o primeiro jacto, nos tempos do grande Engº Vaz Pinto. Costumava ter nos
motores escrito "Caravelle" mas a TAP teve uma autorização especial do fabricante para
Infelizmente nunca se pôde ver o Caravela na Madeira. Eram da versão 6R, com
motorização Rolls Royce Avon que não tinha potência suficiente para permitir uma
Fontes:
Diário de Notícias
Jornal da Madeira
http://www.aviation-safety.net/database/record.php?id=19771218-1
José L. S. Freitas