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FACULDADE DE TECNOLOGIA INTENSIVA - FATECI

DISCIPLINA DE IMUNOLOGIA BÁSICA

DOENÇA CELÍACA

GILBERTO PINHEIRO SOARES


BIOMEDICINA – 5º SEMESTRE

FORTALEZA
2010
Introdução

Samuel Gee em 1888 descreveu pela primeira vez a doença celíaca (DC)
como uma “indigestão crônica encontrada em pessoas de todas as idades,
especialmente em crianças entre 1 e 5 anos”. Hoje a DC é descrita como uma
intolerância permanente ao glúten, caracterizada por atrofia total ou subtotal da
mucosa do intestino delgado proximal e conseqüente má absorção de
alimentos, em indivíduos geneticamente susceptíveis, de acordo com
SDEPADIAN et al.

Epidemiologia

Atualmente através de um rastreamento sorológico com anticorpos antigliadina


e antiendomísio permitiu-se a identificação de outras formas de manifestação
clínica da doença, além da digestiva aumentando portanto a especificidade nas
informações a níveis epidemiológicos. Não há indícios de preferencia da
doença por sexo, cor ou idade, onde esses fatores dependem diretamente da
população estudada. Porém há uma prevalência de aproximadamente 1
indivíduo com DC para cada 300 na maioria dos países.

Etiopatogenia

O glúten está diretamente associado a DC, estando presente no trigo, centeio,


cevada e aveia, porém apenas alguns fragmentos polipeptídicos do glúten,
chamados prolaminas estão associados a DC, sendo comprovada a toxicidade
da gliadina presente no trigo e da secalina presente no centeio.

Outros fatores contribuem para a existência da DC, tais como:


Fatores genéticos: como por exemplo a associação da DC com antígenos de
histocompatibilidade como HLA-DR3 e HLA-DQ2;
Fatores imunológicos: pesquisadores apontam para uma resposta imunológica
alterada nos pacientes com DC, tanto na imunidade celular como humoral,
cogitando a possibilidade de que o interferon-gama e outras citocinas
produzidas pelas células T ativadas da mucosa do intestino delgado, estejam
envolvidas no desenvolvimento da lesão celíaca;
Fatores ambientais: alguns pesquisadores associam a presença do antígeno
adenovírus sorotipo 12, determinando reação de anticorpos cruzada à proteína
do vírus (fragmento 12-amino ácido alfa-gliadina) à gliadina.

Quadro Clínico

A DC apresenta quatro formas clínicas: clássica, não clássica, latente e


assintomática.
A mais frequente é a forma clássica iniciada nos primeiros anos de vida e que
apresenta diarreia crônica, vômitos, irritabilidade, falta de apetite, déficit de
crescimento, distensão abdominal, diminuição do tecido celular subcutâneo e
atrofia da musculatura glútea.
A forma não-clássica caracteriza-se por quadro mono ou paucisintomático, com
ausência das manifestações digestivas na maioria dos casos e apresentando
um ou outro sintoma, tais como baixa estatura, anemia por deficiência de ferro
refratária à ferroterapia oral, artralgia ou artrite, constipação intestinal,
hipoplasia do esmalte dentário, osteoporose e esterilidade.
A DC assintomática foi identificada através de marcadores séricos específicos,
especialmente antigliadina, antiendomísio e antireticulina, apontando parentes
em primeiro grau de pacientes celíacos com esta forma da DC.

A figura acima descreve de forma prática e visível a DC, e abaixo a legenda da


imagem dando significado para cada evento explicitado.

1. Alimentos com gluten são quebrados no trato digestório


2. passando para o jejuno
3. onde a digestão continua
4. o gluten se adere às vilosidades. Porém os peptídios 33-MER do glúten não
conseguem ser digeridos nos celíacos.
5. Mesmo assim o 33-MER é absorvido atingindo a lâmina própria. Lá o
sistema imunológico, que não reconhece estes peptídios, é ativado. Células
apresentadoras de antígeno (APC, que contém a proteína DQ2) se ligam ao
33-MER.
6. Esta ligação é um sinal para os leucócitos atacarem o 33-MER. Porém o
resultado é a inflamação local e a eventual destruição das vilosidades e de sua
capacidade absortiva.

Diagnóstico

A DC de acordo com as várias formas de manifestação da doença descritas


hoje requer pelo menos três formas de diagnóstico para que se tenho um
resultado confiável, sendo estes o estudo da função digestiva/absortiva, exame
sorológico e histopatológico do intestino delgado.

• Estudo da função digestiva/absortiva


oA prova de absorção da D-xilose, dosagem de gordura nas fezes
e estudos hematológicos como determinação de folatos nos
glóbulos vermelhos, terão valor somente nos casos que
apresentam quadro clínico florido de síndrome de má absorção.
• Sorológico
o Foram desenvolvidos ao longo do tempo marcadores sorológicos
para determinação da atividade da doença, não se tornando
portanto determinantes da presença da DC. Dentre estes
destacamos a antigliadina da classe IgG, antigliadina IgA,
antireticulina IgA, antiendomísio IgA, antijejunal IgA,
apresentando alto nível de sensibilidade e especificidade.
• Histopatológico o intestino delgado
o Para diagnóstico da DC é imprescindível a realização de biópsia
de intestino delgado, sendo preferencialmente a amostra da
junção duodeno-jejunal.

o O estudo histológico apresenta em pacientes com DC em dieta


com glúten evidencia mucosa cujas vilosidades intestinais
desapareceram na sua totalidade, atrofia total, ou que estão
reduzidas a pequenos esboços que não se destacam da
superfície da mucosa.

Tratamento

O tratamento da DC é basicamente dietético, devendo-se excluir o glúten da


dieta durante toda a vida, tanto nos indivíduos sintomáticos, quanto
assintomáticos. Vale ressaltar que no Brasil em 1992, através da Lei Federal nº
8.543, ficou determinado que nos rótulos de alimentos industrializados fosse
incluído a advertência contém glútem, sendo isto válido para aqueles derivados
de trigo, centeio, aveia e cevada.

Alimentos proibidos para pacientes celíacos:

• pão e farinha de trigo, centeio, cevada e aveia;


• bolos, doces, biscoitos, tortas e outras comidas feitas com estas
farinhas;
• massas italianas (espaguete, macarrão etc), sêmola de trigo;
• produtos industrializados que contenham estas farinhas (flan, cremes,
sorvetes, geléias etc);
• alimentos que contenham malte;
• bebidas contendo cereais (cerveja).

Alimentos permitidos para pacientes celíacos:

• laticínios;
• carnes, peixes, aves e ovos;
• arroz, milho, painço, trigo-sarraceno;
• qualquer alimento feito com as farinhas da linha acima;
• tapioca, bolos e doces caseiros que não contenham as farinhas
proibidas;
• feijão, lentilha, ervilha, grão de bico, soja;
• frutas, vegetais, batatas;
• manteiga, margarina, óleos e outras gorduras;
• sal, pimenta, vinagre;
• açúcar, mel, café.

Conclusão

A DC está presente de forma sintomática ou assintomática, pelo menos, no


meio da população em geral, cuidados específicos devem ser tomados quando
há presença de sintomas peculiares da doença e uma rápida busca pelo seu
diagnóstico, sendo que o tratamento prévio privará o paciente de posteriores
complicações e evitará a perda das vilosidades do intestino e assim não
prejudicará a absorção de alimentos do paciente.

Bibliografia

SDEPADIAN, Vera Lúcia. MORAIS, Mauro Batista de. FAGUNDES-NETO,


Ulysses. DOENÇA CELÍACA: a evolução dos conhecimentos desde sua
centenária descrição original até os dias atuais. http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0004-28031999000400013, acessado em 08/12/2010.

Vila Mulher - http://vilamulher.terra.com.br/andreia135325/doenca-celiaca-9-


3683852-93287-pfi.php, acessado em 08/12/2010.

Como Fazer Pão - http://www.ufrgs.br/alimentus/pao/curiosidades/celiaca.htm,


acessado em 08/12/2010.

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