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Evolução da Comunicação Celular

Jackson Luiz Silva

Resumo

A comunicação móvel revolucionou o mercado das telecomunicações. A demanda por


serviços de voz e dados sem fio, com cobertura satisfatória, tem crescido
demasiadamente e com perspectivas de evolução constante. Entretanto, esta revolução
tecnológica só tornou-se possível graças ao conceito de comunicação celular.

A primeira geração dos sistemas móveis, que ficou caracterizada pela modulação
analógica de sinal, logo foi substituída pela era digital. No entanto, antes mesmo de ser
explorado todo o potencial desta fase evolutiva, deu-se início ao desenvolvimento da
terceira geração, com o objetivo de fornecer aos usuários taxas mais altas de
transmissão com maior qualidade.

Este artigo tem por objetivo apresentar, de forma clara, o processo evolutivo da
comunicação móvel celular ao longo das gerações, identificando suas principais
características e contribuições nas etapas deste avanço tecnológico.

Palavras-chave: celular, comunicação móvel, geração de sistemas móveis.

Primeira Geração - 1G

Com a primeira geração o serviço móvel passou a funcionar através da divisão de


uma cidade ou região em pequenas áreas geográficas denominadas células, origem do
nome “celular”. Cada uma dessas células é servida pelo seu próprio conjunto de rádios
transmissores e receptores de baixa potência. Quando a chamada de um celular alcança
uma torre de transmissão e recepção, a mesma é transferida para o sistema de telefonia
fixa regular. Cada célula possui diversos canais com o objetivo de prover serviços para
muitos usuários simultaneamente. À medida em que um usuário se movimenta na área
de cobertura, o sinal do seu telefone celular passa automaticamente de uma célula para
outra, sem sofrer interrupções, técnica chamada de handoff. O primeiro sistema
telefônico celular ficou conhecido pela sigla AMPS.

AMPS (Advanced Mobile Phone Service):

A tecnologia AMPS entrou em operação comercial no início no ano de 1983. Neste


tipo de rede, um circuito de voz é alocado permanentemente enquanto dura a chamada,
ou seja, trata-se de um serviço orientado a conexão, que só permite transmissão de voz.
O AMPS opera na faixa dos 800MHz e ainda é utilizado no Brasil por operadoras
de banda A com 13 mil terminais ativos1. Porém, com a demanda de novos usuários, o
sistema de telefonia analógica foi rapidamente exaurido. Novos sistemas com novas
tecnologias seriam necessários.

Segunda Geração - 2G

O sistema analógico havia atingido o limite de sua capacidade. A necessidade de


sistemas digitais com maior capacidade dá início às tecnologias da segunda geração,
apresentando diversas vantagens sobre os analógicos: codificação digital de voz mais
poderosas, maior eficiência espectral, melhor qualidade de voz, facilidade a comunicação
de dados e a criptografia.

1
Fonte: Agencia Nacional de Telecomunicações - ANATEL, Março/2008.
O sinal, que agora é digital, é ainda transportado sobre rede com tecnologia
comutada a circuito, assim como no 1G.
A primeira tecnologia 2G implantada o Brasil foi a TDMA, logo em seguida a
CDMA. Entretanto, dois grandes grupos evolutivos se formam, o CDMA e o GSM.

TDMA (Time Division Multiple Access):

Essa tecnologia de sistema de celular digital opera em 800MHz. Os canais de


freqüência são divididos em até 6 intervalos de tempo diferentes e cada usuário usa um
espaço específico, para impedir problemas de interferências. Cada portadora TDMA
(AMPS) possui a largura de 30KHz.
Aproximadamente 4,5 milhões de pessoas ainda utilizam celulares TDMA no
Brasil, mas a médio prazo essa tecnologia deverá ser extinta comercialmente, pois a
operadoras que ainda a usam, já migraram para o padrão GSM ou CDMA.

CDMA (Code Division Multiple Access):

A proposta do CDMA, ao contrário das utilizadas até então, defendia a técnica de


espalhamento espectral (spread spectrum), na qual, para um determinado canal, seria
usada toda a largura de banda disponível (1,23MHz), muitas vezes maior do que
necessária, a princípio, para a transmissão de um único sinal.
O que parece ser uma desvantagem, se torna uma vantagem poderosa, quando
se consideram as condições em que esse canal de banda larga é utilizado. Como diversos
assinantes podem utilizar exatamente a mesma banda e ao mesmo tempo, a
diferenciação entre cada assinante no sistema CDMA é feita por códigos especiais
associados a cada transmissão, do móvel para a ERB (Estação Rádio Base) e da ERB para
o móvel. Cada ligação em andamento porta um código específico, não ocorrendo o uso
do mesmo código para ligações diferentes.
Esse código permite a separação eficiente entre todas as chamadas que estão
utilizando a mesma banda. A capacidade máxima alcançada depende, entre outros
fatores, principalmente do controle de potência de cada chamada e dos sinais
interferentes. Quanto menor a potência, maior é a capacidade (número de chamadas
simultâneas) do sistema.
Essa tecnologia opera nas freqüências de 800 e 1900MHz e compete diretamente
com a GSM. No Brasil, a única operadora que adota essa tecnologia é a Vivo, sendo
responsável por 19,3 milhões de acessos.

GSM (Global System for Mobile Communication):

Desenvolvida na Europa e adotada em boa parte do mundo, diferencia-se das


outras tecnologias pelo uso de cartões de memória "SIM Cards" nos aparelhos, o que
possibilita levar as características do assinante para outro aparelho ou rede GSM.
O GSM opera nas faixas de 850, 900, 1800 e 1900MHz. Utiliza uma combinação
das técnicas de acesso FDMA e TDMA onde uma portadora de Rádio Frequência do GSM
(denominada ARFCN) possui largura de banda de 200kHz que, por meio da técnica
TDMA, é subdividida em oito intervalos de tempo. Até 8 conversações simultâneas
compartilham uma única portadora ou canal de 2 x 200kHz.
No Brasil é a tecnologia líder de mercado, responsável por mais de 100 milhões de
acessos e ainda em expansão.

Entre Segunda e Terceira Geração - 2,5G

O grande advento que o 2,5G trouxe foi uma técnica avançada de modulação
(comparado ao 2G), permitindo a comutação por pacotes ao invés de circuitos, a mesma
técnica de transmissão adotada pelo IP da arquitetura TCP/IP.

GPRS (General Packet Radio Service):


O Padrão de Transmissão de Rádio por Pacote (GPRS) é a evolução da tecnologia
GSM em 2,5G. Essa tecnologia oferece velocidades máximas de dados de 115kbps e um
throughput (taxa de transferência) médio de 30 a 40kbps.
Os dados são divididos em pacotes para transmissão, o que favorece os usuários
pois provê uma conexão permanente de dados e assim não há necessidade de entrarem
no sistema cada vez que desejarem ter acesso a serviços de dados. Outra vantagem é
que os usuários só pagam pelos dados e não pagam pelo tempo de permanência no ar
em que se faz a conexão e nem pelo tempo de carregamento.
É o GPRS que permite a conexão da maior parte dos smartphones e celulares à
internet. Atualmente, o GPRS é o padrão que oferece a maior cobertura móvel para
aparelhos de mão com acesso à internet.

EDGE (Enhanced Data Rates for Global Evolution):

A classificação da EDGE como como uma tecnologia 2,5 ou 3G é bastante


controversa. A EDGE é uma tecnologia de transmissão de dados e acesso à Internet de
alta velocidade, que transmite dados em até 384kbps, na prática, e taxa média entre 110
e 120kbps. As taxas médias são rápidas o suficiente para permitir serviços de dados
avançados, como streaming de áudio e vídeo, acesso rápido à Internet e download de
arquivos pesados. A EDGE também suporta serviços "push-to-talk".
Essa tecnologia também é chamada de GPRS ampliada (E-GPRS; de Enhanced
GPRS), pois aumenta em três ou quatro vezes a capacidade e o throughput de dados da
tecnologia antecessora, a GPRS. A EDGE também é um serviço baseado em pacotes que
oferece aos clientes uma conexão permanente para transmissão de dados.

CDMA-2000 1x ou 1xRTT (1xRadio Transmission Technology):

É a evolução do cdmaOne, muitos o consideram como tecnologia de 2,75G ou 3G,


segundo o padrão da ITU-T, por possuir taxas de transmissão superiores a 144Kbps. De
qualquer forma, o CDMA2000 1X abriu mercado para as altas taxas de velocidade de
dados hoje disponíveis em todo o mundo e que oferecem aos consumidores e
profissionais total conectividade sem fio. Sua velocidade teórica é de 153,6Kbps
A nomenclatura CDMA contida na sigla diz respeito apenas à técnica de modulação
usada na interface aérea de sistemas celulares e não quer dizer que sejam totalmente
compatíveis entre si.
Na maioria dos casos, os sistemas 2,5G são implementados diretamente sobre as
redes 2G existentes. Como resultado, um sistema 2,5G não é uma rede comutada a
pacotes “pura”. Na verdade, pacotes de dados são transmitidos sobre redes de circuitos
comutados. Redes wireless comutadas puras a pacotes só serão mesmo disponibilizadas
com o advento da geração 3G.

Terceira Geração - 3G

Os sistemas 3G provêm serviços de telefonia e comunicação de dados a


velocidades maiores que seus antecessores. O padrão 3G especifica, mais exatamente,
144kbps em ambientes móveis, 384kbps em ambientes de pedestres e 2Mbps em
ambientes fixos.

UMTS (Universal Mobile Telecommunications Service):

É a evolução do GSM mas que ainda se baseia nessa tecnologia (GSM), embora o
seu acesso por rádio seja diferente. Essa tecnologia usa uma técnica CDMA chamada
Direct Sequence Wideband (DS-WCDMA), por isso é comum o uso intercalado de UMTS e
WCDMA, embora a sigla UMTS se refira ao sistema inteiro. Opera principalmente em
1900MHz mas em algumas regiões opera em 850MHz.
A UMTS é uma tecnologia baseada em IP que suporta voz e dados em pacotes
oferecendo taxas máximas de transmissão de dados de até 2Mbps e velocidades médias
de 220 a 320kbps quando o usuário está andando ou dirigindo. Essa tecnologia foi
desenvolvida para prover serviços com altos níveis de consumo de banda, como
streaming, transferência de grandes arquivos e videoconferências para uma grande
variedade de aparelhos como telefones celulares, PDAs e laptops.
A UMTS é compatível com a EDGE e a GPRS permitindo ao usuário sair de uma
área de cobertura UMTS e ser automaticamente transferido para uma rede EDGE ou
GPRS, dependendo de fatores como disponibilidade de rede e o consumo de banda do
seu aplicativo. Assim, os usuários UMTS têm sempre assegurados um nível de serviço de
pacotes de dados em casa e em viagem.

Fig. 01 - A Evolução das tecnologias celulares até o padrão 3G (DOMIGUES, 2006).

CDMA 1xEV-DO: (Evolution, Data-Optimized):

O CDMA 1xEV-DO é a tecnologia 3G do CDMA, que possui alta performance para


transmissão de dados com picos de até 2,4 Mbps.
Portadoras distintas são necessárias para dados e voz neste sistema. O enlace de
subida permanece praticamente inalterado em comparação com o cdma2000, mas no
enlace de descida os usuários são multiplexados em tempo.
Essa tecnologia está sendo utilizada no Brasil para telefonia fixa pela Vésper. A
taxa de transmissão de dados teórica é de 24Mbps e taxa de transmissão média de 300 a
500kbps. Opera em 800 e 1900MHz.

CDMA 1xEV-DV: (Evolution, Data and Voice):

É a segunda etapa na evolução do CDMA 1xEV onde uma mesma portadora pode
ser utilizada para voz e dados. A primeira, o 1xEV-DO, uma portadora de 1,25 MHZ é
dedicada apenas para dados.

HSDPA (High Speed Downlink Packet Access) / HSUPA (High Speed Uplink
Packet Access):

O HSDPA/HSUPA permite que as pessoas enviem e recebam e-mails com grandes


anexos, joguem interativamente em tempo real, recebam e enviem imagens e vídeos de
alta resolução, façam download de conteúdos de vídeo e de música ou permaneçam
conectados sem fio a seus PCs no escritório – tudo usando o mesmo dispositivo móvel.
HSDPA refere-se à velocidade com a qual as pessoas podem receber arquivos de
dados, o "downlink".
HSUPA refere-se à velocidade com qual as pessoas podem enviar arquivos de
dados, o "uplink."
Conclusão

O mercado de telecomunicações cresce em ritmo acelerado. Inovações


tecnológicas impulsionam, cada vez mais, este crescimento. Em todo o mundo, essa
evolução tecnológica traz facilidade e conforto para as pessoas, principalmente quando
pensamos em telefonia móvel.
Constantemente novos serviços são agregados aos terminais móveis. Acesso a
banda larga, vídeo-chamada, entre outros que já são realidades em mercados como o
asiático e europeu, começam a conquistar o mercado brasileiro. No Japão, por exemplo,
já fala-se em tecnologias de quarta geração. A empresa NTT DoCoMo realizou com
sucesso os primeiros testes desta tecnologia, alcançando taxas de transmissão de
100Mbps, em movimento.
Conforme divulgado pela Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel, o Brasil
atingiu em março de 2008 o impressionante número de 125,8 milhões de assinantes no
Serviço Móvel Pessoal. Nos últimos 12 meses, foram 23,6 milhões de novos assinantes, o
que representa um crescimento de 23,16% e uma densidade de 65,9 celulares para cada
100 habitantes.
Como mostram os números, há muito espaço no mercado. Existe uma forte
demanda por mais recursos de rede, devido à entrada de novas tecnologias e à
sofisticação dos serviços. Caberá às operadoras de telecomunicações e fabricantes de
tecnologia para comunicação móvel, explorar todo esse potencial de mercado.
Referências

ANATEL - Agência Nacional de Telecomunicações: http://www.anatel.gov.br/.

DOMINGUES, Alexandre B., “Comunicação Celular, A”. Disponível em:


http://www.projetoderedes.com.br/artigos/. Acessado em: março de 2008.

PINHEIRO, P. R. G., “Ciclos Evolutivos das Telecomunicações”. Disponível em: Portal


Teleco. Acessado em: abril de 2008.

SOUZA, José Luis De e TUDE, Eduardo. “Telefonia Celular no Brasil”. Disponível em:
Portal Teleco. Acessado em: março de 2008.

Teleco: http://www.teleco.com.br/. Portal brasileiro de informação em telecomunicações.


Seção: Artigos e Tutoriais.

TUDE, Eduardo. “AMPS/TDMA (IS-136)”. Disponível em: Portal Teleco. Acessado em:
março de 2008.

TUDE, Eduardo. “CDMA (IS-95)”. Disponível em: Portal Teleco. Acessado em: março de
2008.

TUDE, Eduardo. “GSM”. Disponível em: Portal Teleco. Acessado em: março de 2008.

ULBRICH, Henrique Jorge Guimarães. “Formação e Ocupação de Bandas para Telefonia


Celular”. Disponível em: Portal Teleco. Acessado em: abril de 2008.

WALDMAN, Hélio e YACOUB, Michel Daoud. “Telecomunicações - Princípios e Tendências”,


Editora Érica, 1997.

WirelessBRASIL: http://www.wirelessbrasil.org/. Portal brasileiro de divulgação de


tecnologia. Seção: Artigos sobre tecnologias móveis.

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