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Ana Luna
Carlos Sena
Cleómenes Oliveira
Diretor Presidente
Edjasme Tavares
Felipe Alapenha
Gildo Póvoas
Jameson Pinheiro
João Nelson
John Black
José Andando de Costas
José Fernandes Costa
Lucinha Peixoto
***
CIT Ltda – Caldeirões dos Guedes – Bom Conselho – PE

2009
Prefácio

Desde outubro de 2008 o Blog da CIT está no ar. Seu propósito fundamental se encaixa
naqueles da empresa de proporcionar risos e emoções através de imagem e som, e,
agora com as letras. Nosso objetivo é mover o mundo em direção a algo melhor para
todos. Nem sempre isto é possível mas, o uso da Internet permite-nos, pelo menos
sonhar.
O Blog foi criado para discutir Bom Conselho, nossa cidade natal, e de todos que nela
trabalham, de nascença ou coração. Como dizemos: Bom Conselho é a causa. E
seguindo o escritor Tolstoi que diz: “Se queres ser universal, começa por pintar tua
aldeia”, começamos por lá. Hoje as nossas atividades de imagem, som, letras, aliados a
tecnologia da informação, correm paralelas e já não podemos dizer se haverá um
vencedor. Neste mundo, tudo anda tão depressa que breve poderemos ter uns
robozinhos da CIT dançando na AABB e despertando paixões.
Enquanto este tempo não chega, temos que usar e cuidar do que podemos fazer hoje.
Durante este período foi escrito um bocada de coisas que versavam deste o Rio Sena até
o Papacacinha, passando pela Morada da Sexta Felicidade. Foram muitos os
colaboradores do Blog e leitores mais ainda. No momento em que escrevo, fim de
junho, tivemos nos últimos trinta dias a visita de mais de 2200 pessoas, com uma média
diária de mais de 70 leitores, com quase 9000 em todo o período. Isto para nós é
gratificante mas não suficiente. Por isso resolvemos lançar todo o produto do Blog em
forma de Livro.

Não pensem que é um livro de papel. Não gastaremos nenhuma árvore em sua
impressão. Será igual a quase tudo, hoje, uma livro virtual, no formato que é mais
usado, por ser o mais acessível por todos: PDF (Portable Document Format).
Este Volume 1, que ora apresentamos, abrange os escritos que vão até o fim do mês de
março de 2009. Outros volumes seguirão no devido tempo. Os seus atores são muitos e
envolvem aqueles da CIT que escrevem e os autores mais importantes que são nossos
colaboradores, a eles nossos sinceros agradecimentos.

Diretor Presidente – CIT Ltda.

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ÍNDICE

• CIT Esclarecimentos e Quejandos - Diretor Presidente

• Porque a CIT está deixando o Mural - Diretor Presidente

• Por que não PEDRO DE LARA? - Lucinha Peixoto

• Por que não Eleição? - Lucinha Peixoto

• O Gaspunzão Ladra e a Caravana Passa - Lucinha Peixoto

• Resposta a uma pessoa decente - Lucinha Peixoto

• Matriz de Bom Conselho – Fé e Arte - Diretor Presidente

• Falando para a Lua - Diretor Presidente

• A Mulher e a Serpente - Cleómenes Oliveira

• Reminiscências em torno do Entregador de Doces - Jameson

Pinheiro

• Fragmentos de Português - José Fernandes Costa

• Caminhos de Fé - John Black

• O Homem sem Nome - Diretor Presidente

• Eu já sabia - Lucinha Peixoto

• Quem Foram Meus Pais - Jameson Pinheiro

• Fragmentos de lucidez - Diretor Presidente

• Ecologia: Bom Conselho, Mesas e Pinicos - Cleómenes Oliveira

• A Favorita - Lucinha Peixoto

• DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

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• É de fazer chorar??? - Diretor Presidente

• Lendas Urbanas: O Marcador Nato - Jameson Pinheiro

• É de fazer chorar??? – Complemento - Vários Autores

• Bodas de Ouro e Festas Natalinas - Diretor Presidente

• Bodas de Ouro e Festas Natalinas – Complemento - Vários Autores

• Vamos aprender Brasileiro - José Andando de Costas

• Sonhei - José Fernandes Costa

• Sonhei – Complemento - José Andando de Costas

• Sonhei – Complemento 2 - Vários Autores

• O NONO ENCONTRO - José Fernandes Costa

• Eu Tenho um Sonho - Lucinha Peixoto

• O 10º Encontro - Lucinha Peixoto

• O 10º Encontro - Complemento – Vários Autores

• PESSOAS - Ana Luna

• Habemus Patrono - Lucinha Peixoto

• 10° Encontro Revisitado - Cleómenes Oliveira

• Acordo Ortográfico (1) - José Fernandes Costa

• CHIADO DO CARRO DE BOI - Ana Luna

• MEU CARUARU, CORRA, A VEZ É SUA - Edjasme Tavares

• NOSSA MÃE - Ana Luna

• Acordo Ortográfico (1) – Complemento – José Andando de Costas

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• Encontros e Desencontros - Jameson Pinheiro

• A M O R etc. - José Fernandes Costa

• Jovem atingido por bala perdida chora de tanto rir - Felipe Alapenha

e Diretor Presidente

• Carnaval - Ana Luna

• A M O R etc – Complemento - João Nelson e José Fernandes Costa

• 9º Encontro – Comentando um Resultado - Lucinha Peixoto

• SOBRE BOM CONSELHO, AS ORIGENS DAS ESPÉCIES E O

BOLSA FAMÍLIA - Cleómenes Oliveira

• Fascínio - José Fernandes Costa

• CADERNO DE RECEITAS - Ana Luna

• O Aniversário de Ana Luna e o Licor de Jenipapo - Lucinha Peixoto

• O Rio Sena e o Riacho Papacacinha - Jonh Black e Diretor

Presidente

• A Morada da Sexta Felicidade - Ana Luna

• O Rio Sena e Riacho Papacacinha – Complemento - Carlos Sena

• UMA OBRA DE ARTE QUE REPRESENTA A CRIAÇÃO:

MULHER - Marlos Urquiza Cavalcanti

• O Dia Internacional da Mulher - Lucinha Peixoto

• O Dia Internacional da Mulher - Complemento - Carlos Sena

• Dúvidas - Felipe Alapenha e Diretor Presidente

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• Chegando - José Fernandes Costa

• A “Arapongagem” - Diretor Presidente, José Andando de Costas e

Lucinha Peixoto

• A melhor bebida do mundo!!! - Ana Luna

• O Músico - Diretor Presidente

• O Músico – Complemento - Vários Autores

• PENSAMENTOS – Gildo Póvoas

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CIT Esclarecimentos e Quejandos
Foram muitas as mensagens antes de decidir prestar alguns esclerecimentos sobre a
participação de funcionários da CIT no Mural do saite de Bom Conselho. Umas eram
contra outras a favor como deveria dizer o conselheiro Acácio. O nosso ex-diretor
presidente (José Carlos Cordeiro) era contra e eu sou a favor, só para dar um exemplo.
Para mim, a liberdade de manifestação é fundamental para o ser humano se realizar
plenamente e isto pode e deve ser aplicado às empresas, principalmente àquelas como a
nossa que objetivam mexer com as emoções das pessoas. Já havia um grande desejo de
participação por parte de todos e aproveitaram minha forma de ser para se engajar neste
processo.
Aquiesci com a condição de que cada um fosse individualmente responsável pelas suas
manifestações e que gostaria de vê-las antes de publicadas em qualquer lugar. Assim
sendo, todas as manifestações emitidas por funcionários da CIT, até agora, foram vistas
por mim antes de serem publicadas. Muitas não tem minha concordância, outras tem, e
como tem!!! Todavia, sou o responsável para responder civil ou criminalmente por elas,
caso isto seja necessário. Da mesma forma que o Andarilho, não quero revelar minha
identidade, a não ser em juízo. A razão disto é uma pergunta: "Prá que?". A menos que
eu algum dia queira me tornar um imortal, como membro de alguma Academia, me
candidatar a vereador, deputado ou mesmo Presidente da República. Já pensou se
descobrem que Lula é realmente o Fernando Henrique com pseudônimo? Poderia até ser
melhor para o país, como o Alex (vendedor criado pelo Andarilho para justificar o
anomimato) daria mais lucro nas vendas mas será que isto seria aceitável para o
eleitorado ou mesmo bom para o país? Neste ponto sou contra e a favor de Lucinha
Peixoto. A favor quando ela diz que, numa Academia real, com cadeira e tudo, o
Andarilho deveria dizer quem é. Eu também diria se estivesse como ele à beira da
imortalidade. E sou contra, quando ela diz que na Academia Virtual pode participar com
pseudônimo. Não vejo diferença nenhuma entre uma e outra.
Não demitirei a Lucinha por isto nem ela ficará minha inimiga. Aqui temos um lema
que as pessoas deveriam sempre seguir:
"DISCORDÂNCIA NÃO É OFENSA PESSOAL E CONCORDÂNCIA NÃO É
SINAL DE FRAQUEZA, É APENAS UMA INDICAÇÃO DE QUE PENSAMOS E
TEMOS RESPONSABILIDADES MORAIS".
Um dos exemplos mais contundentes deste lema foi a participação do nosso diretor
Cleómenes Oliveira, em sua discussão com o Andarilho. Não concordamos em quase
nada com as posições religiosas, filosóficas e tais do Oliveira mas, a forma de tratar o
assunto do Andarilho, quando viu que não era mais uma unanimidade (Oliveira sempre
repete um dos seus autores preferidos, Nelson Rodrigues, nosso conterrâneo de
Pernambuco: A unanimidade é burra) no saite, desencandeiou sua ira religiosa em uma
cruzada contra o nosso pacato ateu. O motivo: Discordância. Não ofensa pessoal. Como
não é fraqueza dizer que o Andarilho é um bom escritor, e que, merece até ser um
imortal quando se revelar. Não é ofensa dizer que, depois que ele escreveu aquele artigo
sobre o mercado financeiro, seu índice de tendência à imortalidade (ITI) desceu muito.
Quando no artigo sobre um episódio na China ele coloca a propriedade privada quase
como uma dádiva divina, e diz: "Precisamos refletir que a Cultura da China é totalmente
diferente da nossa Cultura. Pela forte presença dos valores Cistãos(sic), a vida de um ser
humano no Brasil é levado(sic) em conta. (até quando não sabemos...Pois cada dia se
mata mais e se pergunta menos. E menos atenção se dá a vida).". Com este estilo morde
e sopra o índice de tendência à imortalidade (ITI) cai a zero. Por isso digo ao Andarilho,

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venha para o Mural, é tão bom aqui embaixo. Quando decidir se revelar então faça a
enquete entre os membros da Academia Virtual ou Real.
Mudando de assunto, desde o início da participação dos funcionários da CIT, eles
resolveram elaborar um livro, toda vez que houvesse material suficiente no Mural e,
agora na Academia, para ser divulgado no formato pdf (como sempre em inglês:
Portable Document Format). Como exemplo do seu uso vejam os excelentes aspectos
dos artigos do Jordalino Neto e agora Milton Cavalcanti. No entanto, surgiu um
problema que só o nosso Editor-Chefe Saulo pode resolver. O link que leva às páginas
anteriores do Mural está inoperante. E precisamos delas para fazer o livro. Esperamos
que isto seja resolvido para discutir com o Saulo os detalhes do projeto. Talvez
tivéssemos o nosso primeiro livro virtual. Nossa empresa, com os seus funcionários
fariam isto e seus pagamentos seriam poder participar deste debate maravilhoso que o
saite está nos proporcionando.
Algumas mensagens chegaram pedindo para conversar com nossos funcionários de
forma individual. Isto é muito simples. O e-email é o mesmo: cit.limitada@gmail.com.
No "assunto" comece com o nome de quem você falar, exemplo: "Cleómenes - Ateu
filho...", "Diretor Presidente - Fala sério Cara", etc. Aqui ninguém lê mensagens cujo
assunto é dos outros. Temos outros itens a tratar mas, por hoje, já abusei demais de suas
paciências.
Saudações Cordiais
Diretor Presidente - CIT Ltda.

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Porque a CIT está deixando o Mural
Diante do que vimos recentemente no Mural do saite de Bom Conselho, não nos restou
alternativa a não ser proibir nossos funcionários, qualquer um, de participação neste
grande painel de informações. Poderíamos começar por qualquer dos ítens dos que nos
influenciaram, eles são igualmente importantes.
Mas comecemos pela censura. Enviamos um e-mail para o editor do mural reclamando
de sua censura a um texto nosso publicado abaixo neste Blog. Pasmem, este e-mail foi
também censurado. Aqueles que o receberam (mais ou menos 100 pessoas da minha
pequena lista de bom-conselhenses) podem verificar que falta uma parte do texto,
considerado por nós de importância para entender a mensagem. Assim o texto não foi
retirado, foi mutilado. Conheci o Saulo, um homem correto, calmo, decente, e como ele
diz em mensagem por nós recebida, um homem simples e estudante de Direito. Ele não
pode ter feito isto. Deve ter sido mal assessorado. Reconheço que o desejo pela
imortalidade está tisnando os valores de alguns. Mas, ainda cremos que é melhor um
mortal decente do que um imortal alma sebosa. No entanto, não poderíamos continuar
como se nossas mensagens fossem Ulisses e nós fossemos a Penélope esperando seu
regresso no Mural.
Outro motivo foi o Andarilho. Não foi pelo o que ele disse ou porque ele é mau. Mas
pelo que não sabemos que ele é. Quando fala de religião ele deve inchar o pescoço ficar
vermelho, pressão nas alturas. E se ele for um senhor de idade e tiver um enfarte. Não,
não queremos este sentimento de culpa. Quando ele se revelar poderemos travar novos e
calorosos embates, ele lá e nós cá.
Ligado a este motivo, mas um tanto diferente, foi o que escreveu o senhor Paulo
Tavares sobre a Academia e sobre o Andarilho. Não o conheci pessoalmente, mas pelas
suas fotos ele já é um senhor de idade. No entanto parece forte e não corremos o risco
de ao respondê-lo causar qualquer problema à sua saúde. Se ele considerar, como
consideramos que discordância não é ofensa pessoal, estaremos livre desta ameaça.
Então vamos lá. Só quem fala hoje em Academia Bom-conselhense de Letras é o senhor
José Taveira Belo, repetindo um pouco os textos de um ou dois anos atrás. Até o
Andarilho, seu ídolo, só fala: Academia de Letras, Artes, Ciências e Tecnologia de Bom
Conselho, uma corruptela do título sugerido pelo nosso ex-diretor José Carlos Cordeiro.
Academia só de letras é apenas uma tentativa de macaquear nossa Academia Brasileira
de Letras que macaqueou a francesa. Hoje, estas letras que escrevemos aqui são
formadas de 0's (zeros) e 1's (uns). Outras formas de expressão e conhecimento devem
ser abordadas e terem os seus espaços. Onde deverão estar os excelentes músicos que
temos? Os Artesãos? Os cantores? Os cientistas? E os xilógrafos (leram a bela e
oportuna informação do imortal Jordalino Neto na Academia Virtual sobre Dila?). Isto
tudo é para perguntar: Por que não PEDRO DE LARA como patrono? Foi um homem
sério, trabalhador honrado, grande artista, divulgador de nossa terra, não matou nem
mandou matar, nem bateu a bota na saída da cidade para não levar a terra de Bom
Conselho. Devemos esperar um teatro? Não. Elitismo tem limite.
Depois o senhor pergunta: quem foi o "fraco das idéias" que "bolou" o afastamento do
Andarilho da academia? Pelo que pesquisamos, o primeiro foi Alexandre Tenório, o
segundo o José Arnaldo Amaral com a anuência do José Taveira Belo, depois nós no
artigo em que fomos censurados. Confesso que destes só nós nos consideramos fracos
das idéias, os outros três deveriam ser imortais de nossa academia. Um já é imortal.
Dois deles saíram, porque ficarmos? Ou o senhor sabe quem é o Andarilho? Para nós, é
um ex-seminarista jesuíta que anda perguntando se chinês tem alma.
Enfim, a CIT se retira do mural e vem para o seu Blog, mas não esquece Bom

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Conselho, isto é impossível. Está no sangue.

Cordiais Saudações
Diretor Presidente

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Por que não PEDRO DE LARA?
Sempre é bom ver alguém com amor filial assim. Teresa Tavares, penso ser filha de
Paulo Tavares (ou neta? vi você nas fotos do saite de Bom Conselho e não deve ter mais
de 30 anos. Acertei? Desculpe se errei para cima) e vem concordar com o seu pai. É
menos específica do que ele. Ainda não sabe qual a homenagem digna para Pedro de
Lara. Desde que não seja a Academia, que é lugar de homens de letras, então tudo bem.
E isto acontece em qualquer lugar do mundo. Vamos por partes. Qual a homenagem
digna para Pedro de Lara? Se não temos sugestões, ainda, passemos adiante.

Academia é um lugar de homens de letras. Será? Você sabia que a Academia original
foi uma escola fundada em 387 a.C., próxima a Atenas, pelo filósofo Platão. Nessa
escola, dedicada às musas, onde se professava um ensino informal através de lições e
diálogos entre os mestres e os discípulos, o filósofo pretendia reunir contribuições de
diversos campos do saber como a filosofia, a matemática, a música, a astronomia e a
legislação. Platão, que homem inteligente, que sentimento nobre. Já naquela época
sentia que outros conhecimentos além das letras puras eram essenciais ao ser humano.

A Academia Francesa - que serviu de modelo à Academia Brasileira - foi fundada, em


1635, por iniciativa do Cardeal Richelieu que obteve a autorização para seu
funcionamento do rei Luís XIII, com a principal finalidade de tornar a língua francesa
"pura, eloqüente, e capaz de tratar das artes e ciências. Tudo isto está escrito no saite:
http://www.casadobruxo.com.br/ com pouquíssimas modificações. Vejam que as artes
outras e ciências eram para ser contempladas.

Veio então a Academia Brasileira de Letras macaqueando a Francesa, no seu estatuto


diz:

Art. 1º - A Academia Brasileira de Letras, com sede no Rio de Janeiro, tem por fim a
cultura da língua e da literatura nacional, e funcionará de acordo com as normas
estabelecidas em seu Regimento Interno.

Por que isto? Porque quando de sua fundação, no final do século XIX, as outras artes
além da literatura, e a ciência eram incipientes. Hoje mudamos. Existe Teatro, existe
Televisão, também existe Ciência e até e Enganação (Esta última palavra foi usada só
porque estou treinando para ser poeta rimista, quem sabe se só teremos letras na nossa
Academia).

Então, porque privilegiar só as letras, como o faz o senhor José Taveira Belo no seu
projeto? Eis um trecho do Estatuto proposto por ele em caráter embrionário:

OBJETIVO – Parágrafo § 1.1 – ACADEMIA BOMCONSELHENSE DE LETRAS –


ABCL, tem como objetivo congregar toda classe literária de Município de Bom
Conselho a fim de divulgar estudos literários, como romance, poesias, artigos,
conscientizando e motivando o desenvolvimento o potencial literário.

Peço mil desculpas ao senhor José Taveira, porque pesquisei o seu empenho na criação
desta Academia e leio sua coluna com interesse e emoção porque sou de Bom Conselho
e moro, atualmente, em Recife, mas, isto só me lembra os Grêmios Literários que
curtíamos muito nas aulas de D. Diva Albuquerque no Ginásio São Geraldo (por favor

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não fiquem fazendo contas sobre minha idade, eu fui a mais nova da turma, precoce
mesmo).

Com a ousadia que é peculiar aos ex-alunos daquele educandário sugiro que o parágrafo
fosse assim reescrito:

OBJETIVO – Parágrafo § 1.1 – ACADEMIA DE BOM CONSELHO - ABC, , tem


como objetivo congregar toda classe intelectual do Município de Bom Conselho a fim
de divulgar e incentivar a produção de estudos e obras que foram ou sejam de
importância para o desenvolvimento humano, feitos por pessoas de nossa cidade.

O restante do Estatuto seria adaptado a este parágrafo. Quanto a isto só mais uma coisa.
A idéia da Academia ser completamente desvinculada do poder público parece-me ser
"um tiro no pé, ainda sem sapato". Talvez tenha sido influência do nosso conterrâneo
José Arnaldo Amaral, quando era anarquista. Penso que não é mais. Sendo ou não, lia
muito ele no saite. Volte ou venha para o nosso Blog, Bom Conselho é uma boa causa.

Todo este gasto de bites para dizer o seguinte: Uma academia


como esta pode e deve ter como patrono uma pessoa que foi um
grande intelectual, sério, trabalhador, amante da terra, artista em
várias frentes (tem até livros escritos, embora não fosse sua
atividade principal), ator (esta sim sua atividade principal),
homem de televisão, e, principalmente, o maior divulgador de
Bom Conselho.

Quem reuniria todas estas condições? PEDRO DE LARA. Os mais velhos lembram
muito bem, Teresa não, porque é jovem. Quando nos perguntavam de onde éramos e
respondíamos: De Bom Conselho. O ignorante perguntador sempre dizia: Ah! Bom
Conselho de Papacaça, a terra de Pedro de Lara? Não há excesso em dizer que ele
lançou o nome de Bom Conselho no mapa do Brasil como nenhum outro.

Chegaram alguns e-mails na CIT, depois que o


lançamos para patrono, dizendo que ele
trabalhou em filmes pornográficos, etc, etc. A
estes eu pergunto: Vocês já leram "A Casa dos
Budas Ditosos", do nosso mais recente imortal
da Academia Brasileira de Letras, João Ubaldo
Ribeiro? Eu recomendo que todos leiam, é um
livro excelente, e João já deveria esta a mais
tempo na Academia. Tenho certeza que aqueles
que leram não me disseram mais nada. Se o
Pedro de Lara o leu, ficou corado junto aos
seus lírios brancos de pureza.

No saite eu era censurada por prolixismo, me


descupem, mas tem um assunto a mais. Você
fala do seu tio Di. Como admiro este amor
familiar! Li os escritos de Di no saite, são bem escritos e ele deve ser um canditado forte
à ABC por isto. No entanto, como ex-aluna da Escola Pratt de datilografia, se fosse

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votar, o Di seria imortal pela exímia habilidade na tecnologia da máquina de escrever.
Lembro, passávamos, eu e algumas colegas (naquela época moça não andava com rapaz
pela rua, ficava falada) e no cartório ficávamos observando suas habilidades com a
Remington (ou era outra marca?). Se ele hoje domina o teclado de um computador
como o fazia com as velhas máquinas, é imortalidade certa.

Saudações Cordiais

Lucinha Peixoto.

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Por que não eleição?
Recebi alguns e-mails sobre o artigo no Cit Blog
(http://citltda.blogspot.com/2008/11/por-que-no-pedro-de-lara.html) no qual defendi o
Pedro de Lara como patrono da Academia de Bom Conselho (ABC). Alguns acertaram
meu endereço colocando no assunto Lucinha e depois o assunto. Estes, somente eu li.
Outros mandaram para CIT em geral e quase todas da empresa leram. Como sempre,
alguns merecem resposta e outros não. Meu critério de escolha é quase sempre o de
relevância para assunto tratado. Alguns podem ser classificados como escritos por
Analfabetos Funcionais neste mundo de internet. Eles quando vêem escrito "naum", em
vez de entenderem "não", fazem um discurso para se escrever correto. Mas sempre tem
um lugar para eles neste mundo, menos para eu responder seus e-mails.

Alguns outros, como a mensagem do Carlos Sena, me comoveram deste o início.


Primeiro um jovem, pela foto, pois não o conheço pessoalmente e não me lembro dele
enquanto vivi em Bom Conselho. Mas, Carlos (como gosto deste nome, posso chamá-lo
assim?), ainda não sou um velha coroca, e entendi muito bem a inversão do título do
nosso escrito anterior. Por que Pedro de Lara? Tentei explicar as razões e fiquei tão feliz
que você tenha gostado que por uns momentos esqueci até o Andarilho. Fugimos do site
mas ele continua nos assediando. Ainda se fosse assédio sexual, eu o repeliria
veementemente, mas, como qualquer mulher ficaria um pouco vaidosa. Todavia, o
deixemos de lado por enquanto.

Confesso, fazendo já um pouco de


campanha política, que lancei o
nome de Pedro de Lara porque,
além de ser para mim o melhor
nome, achava-o também melhor do
que os outros lançados
anteriormente: Coronel José Abílio
e o Marechal Dantas Barreto. Agora
você lança o nome de Waldemar
Gomes de Santana. E deu a idéia
genial de uma eleição. (O Andarilho
- aqui está ele de novo, oh karma -
deu uma idéia de votar para escolher
os primeiros imortais, fiquei um pouco em dúvida pela dificuldade de escolher os
votantes). Mas numa eleição para patrono todos os Bom-conselhenses podem votar. E
porque não todo o Brasil? Se alguém, porque não o saite de Bom Conselho, promover
uma eleição pela internet (orkut, e-mails,etc.) isto pode ser feito. E aí, a idéia de
Democracia, e a idéia por trás dela de "deselitizar" um pouco mais nossa sociedade, que
você defende, e eu também, seja sobejamente contemplada (o que será meu carro chefe
de campanha da candidatura Pedro de Lara).

Você diz que o saite está bombando e eu espero que nossos blogs também, para
promovermos e operacionalizarmos (este cargo na CIT me deixa usando termos como
estes, desculpem) esta votação. Inicialmente temos quatro candidatos, em ordem
alfabética: Dantas Barreto, José Abílio (quando José Arnaldo lançou a idéia da
Academia, lançou-o como patrono, já que faz um tempo, não sei se ele ainda mantém a
indicação, decidi que é melhor deixar por enquanto), Pedro de Lara e Waldemar Gomes.

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Espero que outras pessoas se manifestem e lancem seus candidatos. Até o fim de
novembro eles serão aceitos. Enquanto proponho a Carlos Sena que pensemos como
fazer a eleição.

Por hoje é só, aguardo respostas. (Meu e-mail é cit.limitada@gmail.com , e não


esqueçam, no assunto coloquem Lucinha antes dele).

Cordiais Saudações
Lucinha Peixoto
Coordenadora Administrativa

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O Gaspunzão Ladra e a Caravana Passa
Em meu artigo anterior, concordei com a idéia do Sr. Carlos Sena de fazer uma eleição
que nos desse uma indicação para o patrono da Academia de Bom Conselho. Enviei
uma mensagem a ele sobre isto. Recebi uma resposta. Uma resposta nos dando apoio
para ir em frente com o projeto de eleição, dentro do modelo apresentado. Tentando ser
justa, como sempre, tudo foi elaborado pelo Jefferson da Silva, um dos nossos técnicos
em informática. Passo a palavra a ele publicando sua resposta ao meu memorando
pedindo ajuda:

"Dona Lucinha, eh sempre um prazer coloborar c/ seus projeto. pra este caso q a
senhora diz, o melhor eh fazer pelo orkut. Naum intendo bem o q eh plebiscit, mais
penso ser um eleção. A senhora deve pidir permição ao diretor, e criar uma
comunidade no orkut e fazer uma enquete. Tudo muito simples mais eh bom testar
antes. Depois falo pessoalment com a senhora. Tchau."

Pensei em colocar o nome deste artigo de PlebisCIT em homenagem ao Jefferson, mas


fatos novos aconteram. Todavia, falar do Jefferson é essencial. Ele é de Bom Conselho,
mais precisamente de Caldeirões dos Guedes. Começou no nosso escritório de lá agora
está no de Recife. De estudo formal, foi até o terceiro primário. De estudo para vida é
Doutor. Grande técnico grande pessoa. Com ambições que só os grandes homens (pelo
amor de Deus mulheres, não precisamos modificar frases consagradas para provar que
somos iguais a eles) tem.
Desculpem, mas esta eu tenho que contar. Alguém pediu a ele uma orientação sobre um
assunto de informática. Ele escreveu como sempre escreve, muita coisa errada dentro
dos padrões ou chavões linguísticos tradicionais. A pessoa ficou surpresa quando ele
resolveu o problema, mas não com o seu nível de educação formal. Logo o aconselhou a
fazer 1° e 2º graus, Supletivo, Faculdade, etc. O Jefferson disse para ela mais ou menos
isso: Quando vim do interior vinha pensando nisto. Fui no sindicato porque gosto
daqueles movimentos e de lutar pela minha classe. Falei aos companheiros de meus
planos para estudar. Então o Tonho perguntou: mas tu não tavas dizendo que tinhas
sonhos políticos, e querias ser até Presidente da República? Então para com este troço
de estudo e te concentra no essencial. Agora eu já sou primeiro secretário do meu
sindicato.
Voltemos ao que nos interessa aqui. Resolvemos criar um modelo de votação, eu e o
Jefferson sempre, quase não entendo nada disso. Primeiro vamos testá-lo com uma
pergunta menos polêmica - Qual o nome da Academia de Bom Conselho? - e depois
passaremos para a que causou mais celeumas até agora - Quem deve ser o patrono da
Academia?
Criamos, no Orkut, uma comunidade chamada Academia de Bom Conselho. Quem for
cadastrado no Orkut pode acessá-la digitando no lugar onde se pesquisa: Academia de
Bom Conselho. Abre-se a página da comunidade e nela está a enquete como três
alternativas:

- Academia Bom-conselhense de Letras

- ABCL- Academia de Letras, Artes, Ciências e Tecnologia

- Academia de Bom Conselho - ABC.

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Perguntei ao Jefferson porque não pode ser colocado o nome completo da segunda
alternativa. Ele explicou que o modelo adotado só permite um certo números de
caracteres. Pedi para ele
colocar uma observação
sobre isto e ele o fez. O
prazo que escolhemos
para o término da
enquete é o mesmo que
demos para que
sugestões sobre nomes
de patronos sejam
apresentados e ai, se der
certo, faremos uma
nova eleição.
O Jefferson me garante que cada conta do Orkut só pode votar uma vez. Não pode haver
influência do dono nos resultados, a não ser apagar toda a enquete. Todos podem
acompanhar dia a dia o resultado. Penso que o modelo é sólido do ponto de vista da
segurança. No entanto, observem e fiscalizem. Se alguém da CIT correr com a urna.
Prenda-o.
Este é apenas um teste
para outras perguntas,
mas, não é uma
brincadeira. Observem
que por trás de cada
nome está um objetivo
declarado do que será a Academia de Bom Conselho, que, talvez influenciará na escolha
do patrono. Tenho certo que os bom-conselhenses que estão em Bom Conselho, e bom-
conselhenses que estão fora de lá nos indicarão um caminho.
Mudando só um pouquinho de assunto, artigos atrás tive a ousadia, que digo ser de ex-
aluna do Ginásio São Geraldo, de escolher, um conjunto de imortais, seguindo um
critério específico e indicando o critério da idade para assumir a presidência desta
academia. Até me precipitei, correndo o risco de ofendê-lo dizendo que o José Tenório
seria o presidente,
cargo que ele, com sua
gentileza que só os
poetas possuem,
recusou. Alguém
chegou a escrever que
idade não era um bom
critério. Eu repito, é o
único no momento para
fazer as coisas
andarem. Quando os
imortais se reunirem
podem escolher outro,
levando em conta
outros critérios. Lá vai eu correr o risco outra vez de usar o critério sem conhecer os
dados completos dos imortais. Penso que o próximo da lista de idade é o José Taveira
Belo (não estou levando em conta alguns que entraram como colunistas depois de

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15/10/2008). Caso assim seja, pela recusa de José Tenório, ele é o presidente. Com o
seu empenho, que tenho visto, para que as coisas caminhem, o senhor tem todas as
condições para fazer acontecer. Desculpem mais uma vez a ousadia.Peço a todos que, se
houver algum problema, contate-me (Lucinha - Assunto tal) ou contate o Jefferson
(Jefferson - Assunto tal), que estaremos dispostos a esclarecer dúvidas sobre o
PlebisCIT, se pudermos, é claro.

Saudações Cordiais
Lucinha Peixoto

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Resposta a uma pessoa decente
Tenho recebido várias sugestões de nomes para serem candidatos a patrono da nossa tão
sonhada (agora literalmente depois do sonho do senhor José Taveira) Academia, e,
dentre as pessoas que me escreveram houve uma a que não pude deixar de responder.
Como se dizia no nosso tempo, uma pessoa de caráter sem jaça. Ou, enfantizando aquilo
que diz nosso poeta Carlos Sena, uma singularidade, singular. Era minha intenção
publicar neste Blog o diálogo completo, entretanto, não recebi sua autorização para tal,
então publico somente minha resposta. Não sei os motivos, mas, se o veículo de
comunicação (nosso Blog) não for interessante, ela poderia autorizar ao Site de Bom
Conselho sua publicação. (O Diretor Presidente da CIT proibe terminantemente a
publicação de qualquer mensagem sem autorização das pessoas que a escrevem, o que
acho a política correta, um e-mail é como nós usávamos antigamente: Uma carta). Na
mensagem abaixo foram retirados todos termos e sentenças que identificassem meu
interlocutor. Ilações podem surgir, mas, elas são livres.

"Caro Interlocutor,

Em primeiro lugar devo manifestar a satisfação que me envolve por receber uma
mensagem sua. Esperei tanto e toquei tanto no seu nome (com todo o respeito que você
merece) naquilo que escrevi anteriormente que você deve pensar que eu estaria doida
para receber um mensagem sua. Se você pensou isto, está absolutamente certo. As vezes
converso com os meus familiares e conto algumas das estórias que vivi em Bom
Conselho e, quase sempre, fatos que o envolvem estão presentes. Perdoe-me este
intróito tão longo, mas sou prolixa mesmo.
Concordo inteiramente com você que devemos levar a sério as indicações para patrono
da Academia de Bom Conselho. Como você diz, a história nos julgará. Foi por isso que,
escritos atrás, atrevi-me a lançar para este posto o nome do nosso conterrâneo Pedro de
Lara, que é o nosso canditado ainda.
Neste ínterim surgiram indicações de outros candidatos além daqueles que eu conhecia
na época, que eram o Marechal Dantas Barreto e o Coronel José Abílio. Como Pedro,
eles tem seus méritos e seus deméritos. Mas ainda prefiro Pedro. Depois que o
conterrâneo Carlos Sena lançou a idéia de uma consulta, a qual estamos tentando
colocar em prática, surgiram muitos outros e outros surgirão. Entre eles já estavam o
professor Waldemar Gomes de Santana mas não o do Dr. Joaquim Cirilo de Araújo
Pereira (confesso que não sabia o nome dele completo, obrigada pela informação).
Devo dizer que o nome destes dois grandes homens de Bom Conselho, além do de
Florisbello que você menciona, de quem não tive a honra de ser amiga, mas apenas
admiradora, mostram que nossa eleição, plebiscito, enquete, pesquisa ou que nome
tenha, se pecar, será por excesso de candidatos e não por falta.
De forma alguma aproveitarei esta resposta para fazer campanha para Pedro de Lara
(Meu Deus, nunca pensei que a esta altura da vida, me tornaria uma política em
campanha, mas quem sabe estarei treinando para cabalar voto dos imortais para galgar a
uma cadeira na nossa academia) todavia, li os motivos que você deu para suas
indicações. Sei quanto tem de verdade nisto, pois como já declarei muitas vezes, sou ex-
aluna do Ginásio São Geraldo, e ouvia as reclamações feitas pelo prof. Waldemar. Não
alcancei o auge desta luta (sou um pouquinho, só um pouquinho mais nova do que
você) mas sei muito bem da história. Na minha época, nossa luta já era para fazer o
curso científico ou clássico. Devo ao São Geraldo e a D. Lourdes Cardoso (a quem
proporei como patronesse de uma cadeira em nossa Academia) o primário e o ginasial.

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Talvez este mínimo lapso de tempo tenha nos feito indicar diferentes candidatos.
Menina pobre fui. Dificuldades para estudar fora, tive mais do que os meninos, você
sabe bem porque. E não pertencia à chamada sociedade de Bom Conselho. Elite da
época. Nunca cheguei a ter vergonha de ser pobre, mas mesmo no ginásio, a farda única
vestida a semana inteira quase sempre não era um motivo de satisfação. A "sociedade"
muitas vezes sabe ser cruel. Paixões juvenis esbarravam na falta de um curso de pintura
ou de corte e costura. Fico pensando se hoje estaria aqui escrevendo se tivesse feito um
curso destes. Mas, foi muito duro.
Muito tempo depois ouvi falar em Pedro de Lara. Gaita de padaria. Homem do povo.
Emigrante. Lutador. Artista. Vencedor. Pensei. Num empreendimento de caráter tão
elitista, só um homem do povo, para torná-lo mais humano. Machado de Assis era um
negro pobre do Rio de Janeiro. Melhor escritor do que Pedro de Lara? É claro que sim.
Como seria na época de hoje, o nosso Machado de Assis? Melhor jurado de calouros do
que Pedro? Não sei. O que sei, é que não podemos perder a oportunidade de tornar
nossa Academia uma organização cultural que, pela primeira vez pensa em povo na sua
criação. Indicando alguém que escreva sem tristeza nem remorso:
"O filho quando não presta é espermatozóide estragado."
"Corrigir o incorrigível é buscar o impossível."
"É melhor doer na carne do que arder na consciência."
"A mulher quando é direita nem canhota perde a linha."
"O cinema ensina matar, a tevê ensina depravar, a droga ensina viciar e a JUSTIÇA
ensina deixar pra lá." "Casar só pra casar é prato feito pra outro usar."
"No mercado da vida o homem é sempre um produto de oferta."
"Quanto mais dízimos, mais igrejas. Quanto mais igrejas, menos fé."
"O forte enfrenta a morte, o fraco vive correndo dela."
"Tapar a velhice com plástica é esquecer que a natureza é drástica."
Estes entre outras frases são do Livro da Sabedoria de Pedro de Lara. Faria Machado de
Assis enrubecer, como deveria ficar enrubecido por ser negro e nunca ter dito palavra
contra a escravidão. Na certa era um "preto de alma branca" como se dizia em Bom
Conselho sobre negros que foram grandes homens de bem em nossa cidade. Meu caro
Interlocutor, já fiz campanha demais por hoje. Mas devo dizer. Suas indicações são de
pessoas que todo Bom Conselho deveria referenciar e lembrar. E serão sérios
concorrentes em nosso plebiscito.
Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.

Lucinha Peixoto

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Matriz de Bom Conselho – Fé e Arte
Saimos do saite de Bom Conselho mas continuamos seu frequentador. O seu mural, o
útero da Academia Virtual Pedro de Lara, dita a tendência dos bom-conselhenses em
termos de movimentos artísticos e culturais. Alguma meses atrás foi a nostalgia que
tomou conta das pessoas, provocada pela passagem do sexagésimo aniversário do
Ginásio São Geraldo e por fotos antigas da cidade e de ex-alunos, as quais a CIT, vendo
o filão mercadológico, transformou em produto gerando alguns vídeos, pelos quais
fizemos grandes lucros para enfrentar este mundo em crise.
O Mural e a Academia Virtual vivem um novo momento. A palavra correta para defini-
lo foi escrita pelo Sr. Gildo Póvoas: Reminiscência. Termo tão bonito quanto nostalgia
mas, sem muita dor. O grande iniciador do movimento foi o sonho do Sr. José Taveira.
Passando pela união de Freud e Pedro de Lara feita pelo Carlos Sena, levando à emoção
do Gildo Póvoas e Pedro Ramos, terminando, por enquanto, com o choro do
"amarelinho magrelo", o conterrâneo Beto Guerra.
Alguns da CIT se emocionaram, outros riram e ainda choraram. No entanto, como
enfrentar este momento novo? O que fazer? Reunimos todos.
Quando falamos em reunião, significa cada um sentado à frente de um computador,
ouvindo, falando, perguntando, respondendo, gritando, provocando. Uma profusão de
bites difícil de imaginar pouco tempo atrás. Um teclou: alguém pode me dizer aqui o
que é "reminiscência"? Teclamos todos: Usa um dicionário, idiota. Numa reunião
presencial poderia até haver alguns sopapos, mas o que houve foi uma abundância de
palavrões nas telas e alto-falantes. Reminiscência é uma imagem do passado que fica na
memória e de vez em quando sai com as devidas emoções. Então vamos provocar mais
as reminiscências. Se isto acontecer teremos muito fácil uma história sentimental de
Bom Conselho.
Será que existe algum lugar em Bom Conselho que provoque imagens em nossa
memória mais do que qualquer outro? Nove entre dez dos presentes responderam: Tem
sim, a Igreja Matriz.
Não sabemos muito sobre ela. Mas estamos instando aqui os bom-conselhenses mais
sabidos, para que, vendo o filme abaixo, lembrem e escrevam suas reminiscência da
nossa Igreja de Jesus, Maria e José.

Se quiser, veja no YouTube:


Matriz de Bom Conselho - Fé e Arte

Diretor Presidente
CIT Ltda

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Falando para a Lua
Um grande poeta da nossa língua cantava (poetas não dizem, cantam música para os
nossos olhos e ouvidos):

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,


Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda


Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Bem que gostaríamos de ter um poeta na CIT, um, que tivésse um coração para entreter
a razão. Ainda fingiríamos mas, não tão completamente. Chegamos a fingir que somos
nós, e, não sendo poeta sabemos que a dor é nossa sem fingir. Felizmente, para aqueles
que nos lêem, tentamos não passar a dor para ninguém.
Ana Luna escreveu um artigo em
sua coluna do saite de Bom
Conselho, e pergunta: Cadê a
CIT????? Só a citação da nossa
empresa por esta - pensamos,
pensamos, pensamos e os bons
adjetivos são tantos que resolvemos
arredondar - linda mulher, nos
enche de orgulho, mesmo se mal de
nós falasse. Apenas nos procura.
Estamos aqui, noutro endereço, com
os mesmos objetivos de antes.
Vender, em nossa própria moeda,
risos e emoções. Não somos uma
pessoa só. Não sabemos fingir que somos, não podemos, como o poeta, fingir uma
solidão que deveras não sentimos. Temos muitas cabeças pensantes, que não cabem
numa só, e todas elas querem se expressar, gritar, discordar, ... em muitos temas. Não
somos uma "singularidade" do Carlos Sena, mas, uma "pluralidade" de coisas. O chefe,
administrador, diretor, animador, ou que seja, de uma "pluralidade" como a CIT,
reescreveria assim o poema acima:

O Diretor é um fingidor
Finge tão completamente

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Que chega a dizer que é
Aquilo que ele não sente

E os que ouvem o que ele fala,


Na fala se sentem bem,
Não a fala que ele ouve,
Mas aquela que faz bem

E, assim nas altas rodas


De nossa sociedade
É díficil de engolir
Esta tal "pluralidade".

Que fazer? Ficar sem as cabeças ou reduzí-las, ficticiamente, a uma? A decisão tomada
foi, dentro dos padrões éticos que permeiam nosso coletivo, dar o direito de expressão
para todos. Ocorreram algumas desavenças dentro do nosso querido saite devido a
multiplicidade de opiniões. Previmos outras, quando aumentassem nossos participantes
(temos muita gente querendo participar ainda, aguardem) e resolvemos escolher um
lugarzinho nosso para fazer a mesma coisa. Não temos, nem nunca tivemos intenção de
concorrer com ele, e sim gerar um espaço a mais para expressão de idéias e que é de
todos. Sabemos que brevemente teremos a Gazeta "On-line". Não falamos com o nosso
conterrâneo Luis Clério sobre isto, mas é a tendência natural dos órgãos de informação.
E, como acontece com o site(sic), estamos aqui para colaborar com ele. Afinal de contas
para os três, como deveria ser para todos: Bom Conselho é a causa.
Continuamos com a mesma idéia sobre a Ana, desde que ela nos autorizou o uso do seu
filme para exibição no nosso Projeto na Praça. Seu único defeito é não ter nascido em
Bom Conselho, porém, isto é um mero acidente geográfico que pode ser sanado
facilmente por uma boa Câmara de Vereadores.

P.S. :
a) Em tudo que escrevemos fizemos a suposição de que o que está na coluna de Ana
Luna, CTI, tenha sido um erro de digitação para CIT. Esta suposição é justificável, pois
a procura de uma CTI seria para Alexandre e Zé Arnaldo. Pelo que sabemos estão
vendendo saúde. Mas, mesmo se fosse assim, tudo que escrevemos é válido. O poeta
está certo, fingir é fundamental.
b) A paráfrase do poema acima foi feito por Lucinha Peixoto a partir de nossa idéia.
Entre a distribuição de um santinho e outro de Pedro de Lara em sua campanha para
patrono da Academia, ela cometeu estas rimas.

Saudações Cordiais
Diretor Presidente

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A Mulher e a Serpente
Em entrevista a uma revista da Perdigão (Nº 74 - Novembro/Dezembro 2008) a futura
prefeita do município Judith Alapenha declara, depois de ver com entusiasmo a chegada
da empresa ao município que:

“No entanto, Bom Conselho ainda não está inteiramente


preparada para receber um projeto desse porte. Vai ser
preciso trabalhar muito e criar um plano diretor para dar
condições para isso.”

Como todos já sabem, quase todos da CIT são originárias


deste grande município, que me acolheu muitas vezes
durante meu trabalho, mesmo não sendo de lá. Não sou um
bom-conselhense da gema, como se diz, e talvez por isto,
vendo um pouco de longe, ou pelo menos numa distância
segura para não perder o foco, fiquei sem entender direito a frase. Alguém já disse que
política é a arte do possível. Os prefeitos são pessoas políticas, ou deveriam ser. Será
que nossa Prefeita usou sómente sua arte na frase?
Com a primeira parte é difícil deixar de concordar. Pelo que vejo lá atualmente, a cidade
não está preparada nem para receber um carro a mais, uma escola a mais, um hospital a
mais. Até mesmo alguém de fora, turista ou não, não cabe no município, sem muito
sofrimento. E a Prefeita está falando de um uma empresa de razoável porte, para
qualquer cidade média no Brasil.
Na segunda parte da citação temos duas questões
diferentes. Uma provocada pela afirmação de ser
preciso trabalhar muito, que ninguém pode contestar.
A outra que determina criar um plano diretor para dar
condições para isso (Bom Conselho preparada,
imagino).
Eu pertenço a uma época, embora não seja tão velho,
a qual, no serviço público, não se dava um suspiro
sem que houvesse uma plano para isto, e
normalmente tinha uma sigla, por exemplo, nesta caso
poderia ser PPIEE (Plano Para Inspirar e Expirar Eficientemente). Depois esqueciam até
o significado e, quando alguém perguntava, o que é PPIEE, era logo tachado de
ignorante. Será que algum jovem hoje sabe o que é DNOCS?
Hoje estamos na época dos planos diretores. Depois da Lei 10257/2001 que
regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição, e determina obrigatoriedade de
planos diretores para cidades com mais de 20000 habitantes, todos, no município
querem planejar tudo. Primeiro contrata-se uma equipe de técnicos que trazem debaixo
do braço um modelo padrão no qual mudam-se apenas os nomes e os números das
planilhas. Alguns técnicos locais reunem-se com a população, em encontros onde, fora
os técnicos, quando vão, aparecem duas ou três pessoas. Fazem-se um breve histórico,
colhem-se alguns dados e mapas (quando há), elabora-se um documento bem
encadernado e envia-se a Câmara de Vereadores.
Este documento contém, ou deveria conter, idéias sobre o que será o município nos
próximos 10 anos quanto ao seu desenvolvimento. Onde deverão ser instaladas as
escolas, hospitais, fábricas, comércio, atividades rurais e outras, além de quando isto
poderia ser feito e como. Não cairia uma folha de mato se não fosse pela vontade do

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Estatuto da Cidade e seu plano diretor. Iria atuar sobre cada pessoa ou coisa dentro do
município com orientações e regras sobre projetos e obras públicas e privadas.
Normalmente vai ser aprovado e haja solenidades. São tantas que não se percebe o
Plano Diretor ir para o arquivo e sómente ser olhado na hora de criar argumentos para
impedir a construção de um empreendimento de algum adversário político.
Eu não sei em que pé estar o Plano Diretor para Bom Conselho. Não sei se já existe ou
não. Pela declaração da Prefeita, acho que não. Mas noto sua legítima preocupação,
levantando a idéia de um Plano. Isto pode mostrar que, se hoje a Perdigão é um sonho
em via de realização, pode-se tornar um pesadelo. Devemos deixar de sonhar por medo
de pesadelos? Penso que não. No entanto, deve ser uma preocupação permanente do
homem público (a Lucinha Peixoto já avisou, e eu concordo, que não devemos mudar
os hábitos de escrever quando estamos falando especificamente sobre um mulher e
colocamos o genérico como homem, neste caso pega até mal) tratar dos pesadelos que
podem surgir, no final dos sonhos.
Fazendo um rápido e caricatural histórico, até 1824 Bom Conselho era uma fazenda de
criação, passando a distrito em 1837 e chegando a vila em 1848. Em 1898 tornou-se
cidade. Em 2008 elegeu para prefeito a primeira mulher. E aí chegou a Perdigão. Bom
Conselho não era um paraíso antes da Perdigão, não o é agora. A não ser no encontro de
papacaceiros, no qual este ano estarei presente, onde a cidade se transforma no paraíso
pela força dos odores etílicos. Todavia, não permitamos que a primeira mulher submerja
à tentação da serpente pela segunda vez. Prefeita Judith, mesmo que não a esmague,
controle a cabeça da serpente (salcicha?). Um plano diretor sério é uma ajuda, mas
tenho certeza a senhora precisará de muito mais.

Cleómenes Oliveira
Diretor de Operações

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Reminiscências em torno do Entregador de Doces
Faz algum tempo estou tentando escrever alguma coisa para ser publicado pela CIT.
Desde a época do site, desculpem, saite (que saco este negócio de seguir manual), eu
tentava. O Diretor presidente dizia, depois de lê meus escritos, nem que a vaca tussa,
será censurado, não adianta. Agora, sem censura - sómente do saite, porque a censura da
direção continua - resolvi tentar de novo. Apresentei um rascunho do que vem abaixo
colocado e, graças a Deus foi aprovado.
Pensei em não dizer quem sou. Neste nosso mundo de fantasmas, seria mais prudente,
pois poderia até ir a Bom Conselho, e na primeira reunião da Academia, me apresentar
como O Andarilho. Provas? Começaria meu discurso assim: Comunidade de Bom
Conselho, representada pelos cidadãos e cidadãs de boa estirpe. Na Dignidade. Ética e
Postura Honrada. Ficarei aqui na porta, recebendo os que aqui adentram e dizendo-lhe
da felicidade de ler algum coisa sua, mesmo que não tenham escrito, e já sei que são
boas. Bom Conselho é uma cidade sem problemas. Boas vindas, benvenute, welcome.
Bom Conselho conta com praças limpas e aconchegantes, bancos higienizados. Bom
Conselho conta com Parque agradável e arborizado. Bom Conselho conta com hoteis
familiares e agradáveis. Bom Conselho conta com Igrejas atuantes, limpas e bem
cuidadas. Bom Conselho conta com Escolas bem estruturadas. ..... (fico pensando
porque a oposição ganhou as eleições para prefeito, que povo louco). Tenho certeza
nem precisaria terminar, assumiria minha cadeira. Desconfiem também se aparecer por
lá alguém dizendo que é o nosso Diretor Presidente. Pode mandar prender que é falso.
Sucintamente, meu nome é Jameson Pinheiro. Sou natural de Bom Conselho de onde saí
com, não sei ao certo, mas acho que tinha uns 20 anos. O lugar onde a gente nasce
nunca esquecemos. E quando nos tocam na mente como o saite de Bom Conselho nos
faz, a saudade se aguça, o peito aperta e vamos lá dar uns bordejos. Hoje, não
conhecemos quase mais ninguém, salvo Zezinho Ponta Baixa sentado na porta de
Jordalino, ninguém mesmo. Só nos resta falar do passado. E aqui começa meu rascunho.
Li o excelente escrito do nosso, agora imortal, Gildo Póvoas: O Entregador de Doces.
Meu Deus, apareceram tantas pessoas que comeram das cocadas sujas do Gildo que
fiquei com uma bruta inveja. Não me lembro de ter comido delas. Mas vejam senhores
o nosso destino, uma pequena peripécia de criança contribui de maneira decisiva para
imortalidade de uma homem. O Gildo merece a imortalidade pela peripécia e pelo que
escreveu dela. É pena que não comi. Sou mais velho. Na época já deveria comer
mariola. Que pena.
Todavia, tive uma coisa que
também fiz. Já fui na barraca de seu
Belon. Comprava balas com
figurinhas. Todo dinheirinho que
ganhava era para isto. Álbuns e mais
álbuns imcompletos. Também
joguei "bafo" para trocar figurinhas.
Quem não souber o que é "bafo"
não continue a lê. Não vale a pena.
O problema de reminiscências é que
é um produto datado. Tem prazo de
validade por idade.
Mas o que me fez escrever não foi
só isso. É a outra barraca. A barraco do Neco. Era um pouco maior do que a de seu
Belon e o estoque era mais variado. Mas, não é isto. Gostaria de escrever sobre o Neco.

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Onde estará o Neco. Eu era um adolescente. E o via numa cadeira de rodas. Rosto
bonito, de óculos, branco-vermelho, dando ordens aos que trabalhavam na barraca e
falando com os clientes em potencial. Um comerciante de nossa terra. Inteligente e
conversador. Senso de humor à flor da pele. Vejam um exemplo. Na passagem de ano
de 1959 para 1960, começo de uma nova década, surgiam sempre boatos de que o
mundo ia acabar, etc. etc. Neste ano surgiu um boato a mais. Na virada do ano todos os
negros -não me forcem dizer afro-decedentes, é melhor respeitar todas as raças, se
existirem, do que ser políticamente corretos - iam virar macacos. Foram raras as vezes
que ouvi a voz de Neco. Ia passando em frente sua barraca, ainda menino, ele me
chamou e disse: Menino! Sabe que hoje, meia noite, todos os negros vão virar macacos.
Com o meu espanto de sabedor o mesmo completou: Mas, tome cuidado que todos os
brancos vão virar bananas. E começou a rir. Naquela época, não entendi muito o motivo
do riso. Será que ele estava pensando no Barack Obama? Onde estará o Neco? Sua
família. Um filho dele que ainda vi
bebê. Um grande empreendedor.
Eu trabalhava no comércio.
Acordava cedo. Não o cedo da
capital, mas o cedo da roça do
interior. Três da matina. Era eu que
abria a mercearia ou venda, como
dizíamos. Encontrava com outro
bom-conselhense (será que ele
nasceu em Bom Conselho?)
famoso, Zé Bebinho. Quando
chegava nas vendas, já tinha ido
levar as malas de alguns passageiros no ônibus das cinco horas, para Recife. Ganhava
alguns trocados. No balcão dizia: Bota uma ai prá mim. A resposta quase sempre era:
Não, Zé eu não vou contribuir pra te matar. Ele, com as mãos trêmulas e ar de
apavorado dizia: Pelo amor de Deus. Só hoje. E isto se repetiu e repetiu por muito
tempo. Dizem que um dia parou de beber. Era um alcoólatra e trabalhador.
Na hora do almoço encontrava com outro famoso. Zé Bias. Trabalhando na Sapataria
Confiança de Dona Teté. Deste, também deficiente físico, temos histórias maravilhosas,
algumas contadas por Alexandre Tenório no saite de Bom Conselho.
E aqui eu devo abrir um parêntese, espero que breve, para dizer algo que me estar
entalado a muito tempo. Sempre lia os artigos do Alexandre. De repente, por motivos
que não vem ao caso aqui, ele deixa o saite. Procurei estes artigos já escritos e lidos por
mim. Simplesmente eles sumiram de lá. Eles foram publicados. Depois sumiram. Quem
tem a culpa? Podem perguntar, culpa de que? Meu Deus, este lugar onde hoje fluem
informações de Bom Conselho para lá e para cá é uma fonte para os historiadores do
futuro. Não se pode simplesmente, pela vontade de um ou de outro, desaparecerem.
Vejam o mal que nosso Rui Barbosa fez à historiografia deste país queimando papéis
relativos à escravidão. Quando escritos se tornam públicos não pertencem mais ao
editor e sim à comunidade (me ajudem os historiadores de Bom Conselho, Celina Ferro,
Jordalino Neto, Manuel Galdino, entre outros). Eu adoraria reler as históris do Zé Bias
contadas pelo Alexandre como gostaria de ler sobre a Cristiania do Zé Arnaldo. Onde
posso conseguí-los? No Arquivo ou Biblioteca Municipal? Fecha parêntese.
Outra figura que conheci foi Seu Carlos. Era cego. Hoje, diríamos, deficiente visual.
Passava por ele e as vezes ia com ele. Cedíssimo. Seu Carlos, como o senhor consegue
vir sozinho de casa até aqui? Deus dá o jeito, respondia ele. E lá ia ele com uma
bengalinha, paletó, chapéu e alegria. Conheci também alguns dos seus filhos (se disser

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que um deles já trabalhou aqui comigo, vão dizer que eu estou querendo puxar saco,
mas é verdade), que o vinham buscar do trabalho para casa. Nesta época não se falava
em melhorar a acessibilidade para o deficiente. Quando não eram empreendedores ou
mesmo tinha um pouquinho de chance ia pedir esmolas.
Quantos passavam em minha casa na sexta-feira: Uma esmolinha pelo amor de Deus!
Perdoe, meu bom homem, hoje não tem. Alguns aceitavam a resposta de bom grado,
outros resmungavam. Nisto o Brasil melhorou e Bom Conselho também. Ainda temos a
Casa da Caridade, mas hoje, tenho certeza, ela é financiada pelos internos. E viva a
aposentadoria para deficientes e idosos. O Bolsa Família não tanto, mas isto, já é outra
estória.
Quem leu até aqui está cansado, e perguntando, o que este cara quer dizer? Eu só queria
falar dos doces de Gildo e terminei entrando em suas Reminiscências. Desculpem.

Jameson Pinheiro
Analista de Sistema

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Fragmentos de Português
Certa vez, eu disse a um colega que discordava de alguns pontos de vista da professora
Maria Tereza Piacentini. Alguém pode perguntar-me: "Quem és tu para discordar
dela?”.

Reporto-me aos verbos adequar e explodir, tratados na lição 218, da nossa mestra. Diz
ela que o verbo adequar comporta a conjugação na 1ª pessoa do singular do presente do
indicativo. Estudiosos do nosso idioma, a quem tenho acesso e com alguns me
comunico, afirmam que o verbo adequar, no presente do indicativo , só é conjugado nas
1ª e 2ª pessoas do plural: adequamos, adequais.

Como não tem a 1a. pessoa do singular do presente do indicativo, por conseqüência, não
tem o presente do subjuntivo. Assim, não existem adequo, adéqüe, adéqües etc., como a
professora Maria Tereza defendeu. O mesmo vale para explodir. Não existe "eu
explodo", tampouco "que eu exploda". Explodir não tem a 1a. pessoa do presente do
indicativo. Por isso, não tem, também, o presente do subjuntivo, porque este deriva
daquela. A mesma regra vale para abolir, implodir.

Desse modo está no Aurélio Século XXI. E é isso que afirmam Maria Aparecida Ryan,
Evanildo Bechara, Pasquale Cipro Neto* e outros .

Diz ainda Maria Tereza que o trema é pouco usado em jornais e revistas. Desconheço
essa prática. Mas, se jornalistas não usam trema, é grande equívoco, porque o trema
existe e é de uso obrigatório onde lhe cabe: freqüência, eloqüência, agüentar, argüir etc.
Até que o novo Acordo Ortográfico passe a vigorar. E há até quem se exceda em
bobagens ao escrever e pronunciar inqÜérito, qüestão etc. (?).

* Pasquale até admite que, na linguagem linguagem informal, certas formas defeituosas
são usadas. E dá como exemplo o " eu expludo, explodo". A seguir, ressalva ele que, "o
que conta é o registro culto , formal ."

Tereza Piacentini invoca Antônio Houaiss como defensor do "eu explodo, que eu
exploda". Mas se o Houaiss registra essas formas hoje, poderá mudar numa próxima
edição .

Isso já ocorreu com o Aurélio, que em determinada edição, também ensinou, de modo
tortuoso, essa conjugação de adequar. Mas corrigiu na edição seguinte.

E ela mesma, Piacentini, recomenda que se evitem essas conjugações em concursos,


vestibulares etc. - Por quê? Naturalmente porque o candidato perderia os pontinhos tão
almejados. - Então, amigos (as), quando se depararem com a possibilidade de empregar
adéqüe / adéqüem, não tenham dúvidas e substituam essas formas esdrúxulas. Lancem
mão de um sinônimo ou recorram aos verbos auxiliares: - Em vez de eu adequo ou eu
me adéquo, digam eu me adapto, amoldo-me, vou adequar, ajusto-me, quero me
adequar.

A regra é simples: - O verbo adequar só é conjugado nas formas arrizotônicas, isto é,


aquelas em que a sílaba tônica recai fora do radical . Ex. Adequarei, adequarias,
adequamos, adequasse, adeqüei etc.

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NOTAS – 1. Os criadores de modismos estão lançando o falso adjetivo massivo.
“Desenvolvimento massivo; presença massiva” etc. Não existe massivo em nenhum
dicionário. O adjetivo é maciço. Assistência maciça; comparecimento maciço,
investimento maciço, desenvolvimento maciço; presença maciça etc.

2. Vossa Excelência , Vossa Senhoria , Vossa Reverendíssima etc. são pronomes de


tratamento da 3ª pessoa do singular . Portanto, erra quem diz: “V. Exª foi injusta na
vossa decisão!” O certo é: “V. Exª foi injusto na sua decisão”. Só caberia injusta se
fosse uma juíza. Mas, vosso ou vossa, jamais.

3. No Sudeste do Brasil impera a moda desta pronúncia : contróle (quando substantivo),


éxtra, féchar, subzídio, gratuíto. Também: "eu falei pra ele..." (em vez de: eu disse a
ele...) - Não é por aí! A pronúncia é : controle (trô), extra (ê), fechar ( fê ), subsídio (ssí)
– {o S está entre consoante e vogal } –, gratuito , fortuito (tui), eu disse a ele, e assim
por diante .

Quem fala, fala de, fala sobre, fala para, fala em, etc. Falar exige sempre preposição. -
Dizer é dar recado certeiro. Falar, muitas vezes, é blablablá. Daí o adágio: “falou, falou
e nada disse”.

Mais: constitui vício bobo a pronúncia naicer, creicer, naicimento etc. Escreve-se e
pronuncia-se deste modo: nascer (nacer), crescer (crecer), nascimento (nacimento). O S
é mudinho da silva .

José Fernandes Costa – jfc1937@yahoo.com.br

30
Caminhos de Fé
Continuamos nosso trabalho no Velho Mundo. Confessamos, um trabalho cada vez
mais difícil. A vantagem de sempre crescer explorando o mundo foram claras, pelo
menos para alguns países europeus, como a Inglaterra onde está nossa sede. O processo
começou a se reverter quando, decadentes, começamos a ser explorado pela nossa mais
pujante colônia: O Estados Unidos da América (EUA). Conseguimos nos últimos anos
minorar um pouco esta exploração, unindo nossas forças. Agora somos a Europa.
Deixamos de sofrer um pouco com a exploração americana, no entanto, não porque
ficamos mais fortes e sim por eles ficaram mais fracos.

Nos últimos anos todos nós esperávamos o estouro, no mau sentido, da economia
americana. Nos iludimos tanto com a sua criatividade (não há como negar) que
pensamos que ela funcionasse mais uma vez. Descobrimos, a duras penas, ser seu
estoque de criatividade um recurso não renovável. Como foi para nós um belo dia,
depois da segunda guerra.

Os EUA deram um flato e estamos caindo com o mau cheiro. Com a globalização,
estamos num quarto fechado, onde a melhor solução é todos cheirarmos juntos para
acabar depressa. Estamos cheirando, todavia, muitas vezes, o cheiro é insuportável.

Nosso escritório em Canterbury -


Inglaterra quase fechou. Tivemos
que diminuir nossa equipe e dar
férias coletivas ao que sobrou. A
crise pegou a CIT aqui. Quando
sabemos que no Brasil, isto ainda
não está ocorrendo, ficamos alegres
no momento, mas preocupados, se
nossos governantes pensarem que
ela não chega lá. Mas estamos vivos
e enviando parabéns pela criação do
Blog.

O trabalho abaixo mostra Fátima, em Portugal. Podemos dizer que é uma cidade que
nasceu por milagre. E ainda hoje se mantém pelo milagre. Somos Anglicanos, temos
divergência da Igreja Católica, porém, jamais duvidamos da força da fé. Mesmo em
períodos não festivos, nos quais foram feitas nossas filmagens, aquele local passa uma
energia positiva difícil de não sentir. A fé está nos rostos das pessoas que pagam suas
promessas com a devoção dos gratos.

Veremos no futuro outros trabalhos em outros países mas com tamanha emoção
pensamos que é impossível.

Quando nosso cinegrafista filmou a igreja do santuário, nem notou a luz belíssima que
foi produzida pela câmara. Na edição alguém disse, isto é obra divina, obra de Nossa
Senhora de Fátima. Será? Vejam, homens de pouca fé.

31
John Black

Chefe de Equipe - Canterbury - Inglaterra

(*) Tradução: Lucinha Peixoto.

32
O Homem sem Nome
Aqui, na sede da CIT em Recife temos quase a Hora do Mural. Talvez por isso Ana
Luna nos disse que sentíamos
saudades do saite de Bom Conselho.
Sendo isto ou não, como tudo gira em
torno de Bom Conselho, pelo menos
em nosso Blog, podemos dizer que ele
nos inspira. Numa dessas horas vi
uma nota do José Fernandes Costa,
que muito nos honrou, e, espero nos
honrará com sua colaboração em
nosso Blog, onde ele dizia: "Foi-me
encaminhado pelo diretor-presidente
(o homem não tem nome) da CIT, um
pedido seu.", dirigindo-se a um
interlocutor, que admiramos, e agora
não vem ao caso citá-lo.
Vejam bem nossa sorte. Por um longo período, desde que assumimos a diretoria da CIT,
explicamos e reexplicamos porque não assinamos nosso nome nas comunicações da
empresa. Logo agora, quem nos dar a deixa, para mais um esclarecimento, é o poeta e
estudioso de nossa língua o conterrâneo Jose Fernandes Costa. Para começar citamos
um colega dele, o Fernando Pessoa, poeta português:

"A obra pseudónima é do autor em sua pessoa, salvo no nome que assina; a heterónima
é do autor fora da sua pessoa; é duma individualidade completa fabricada por ele, como
seriam os dizeres de qualquer personagem de qualquer
drama seu".

Mantivemos o texto em português de Portugal. Os que


gostam de literatura, prosa e poesia, já leram autores
maravilhosos e se emocionaram com pseudônimos e
heterônimos. Quem já leu Policarpo Quaresma Neto,
Julinho de Adelaide, Alvaro de Campos, Lara, Piolho
Viajante, Susana Flag, Cora Coralina, talvez nunca
tenha pensado que estaria lendo Carlos Drummond de
Andrade, Chico Buarque, Fernando Pessoa, Machado
de Assis, D. Pedro II, Nelson Rodrigues e Ana Lins
dos Guimarães Peixoto, respectivamente. E vejam isto:

"Temos, inclusive, histórias curiosas a respeito de pseudônimos, como é o caso do


lançamento de O Quinze, onde muitos acreditaram que Rachel de Queiroz era o
pseudônimo de algum escritor. Inclusive Graciliano Ramos teimou, diante da linguagem
do romance, e quase não aceitou a idéia de que o drama sobre a tão devastadora seca de

33
1915, no Ceará, tivesse sido escrito por uma mulher." (Eugenio Brauner - PPG-LET-
UFRGS – Porto Alegre – Vol. 01 N. 01 – jul/dez 2005).

Algum tempo atrás, depois de convidado, sómente aceitamos a direção da empresa se


mantivéssemos nossa identidade reservada. Em nosso saite, não fomos o primeiro.
Temos um nome, como todos os acima citados tem, escrevemos e assinamos com outro
nome por muitos e variados motivos como eles. Chico Buarque para fugir da censura.
D. Pedro II para defender a abolição da escravatura. Fernando Pessoa, usando o
heterônimo Alvaro de Campos, para escrever uma obra que não era do mesmo estilo da
que escrevera, e que, pela sua genialidade estava dentro dele. Nossos objetivos eram
mais modestos. Levar a empresa a cumprir os objetivos, que eram, produzir risos e
emoções nas pessoas, de Bom Conselho, e de outros lugares, sem aparecer, sem querer
imortalidade, sem ofender (pelo menos para aqueles que entendem que discordância não
é ofensa pessoal), mas discordando de opiniões que só prejudicam nossa cidade,
debaixo de um manto de puxa-saquismo e falso moralismo.
A forma de fazer isto vem mudando. Tivemos que construir o nosso próprio espaço de
divulgação, pois o que tínhamos estava se tornando pequeno para o número de pessoas
que estavam querendo se manifestar. Todos aqui tem liberdade de expressão no mesmo
veículo e não queríamos entrar em querelas internas em consequências de
discriminações externas.
O Blog da CIT é aberto para todos que não firam a ética e bons costumes de nossa
sociedade (ás vezes ferimos o bom português e pedimos perdão ao José Fernandes por
isto, mas ninguém é perfeito), e não nos consta que pseudônimos ou heterônimos em si
estejam fora destes padrões. Temos que observar mais o conteúdo do que está escrito ou
feito, e não quem fez ou escreveu. Temos certeza que o interlocutor citado acima, pelo
que conhecemos dele, pelo que fez e pelo que escreve, jamais usaria um pedido de
filiação para bisbilhotar a vida dos outros, mas nem todos assim procedem.
Sempre reconhecemos que o Saulo, diretor do nossa saite tinha o direito, e as vezes o
dever de censurar quem quer que fosse. Mas, tínhamos também o direito, e o usamos de
procurar um veículo alternativo. Alguns, muito poucos, pensam que agimos errados, e
muitos menos ainda, torcem contra, mas cada um pensa como quiser..
Continuaremos nosso trabalho. Aqueles que quiserem saber quem somos perguntem a
cada um individualmente. Eles são livres para dizer quem são. Mas não serão demitidos
se não o quiserem dizer. Nosso pseudônimo ou heterônimo é
Diretor Presidente. Talvez a CIT seja única no mundo que tem
um Diretor Presidente que se chama Diretor Presidente.
Sabemos que o José Fernandes Costa, agora sabendo nosso
nome, continuará escrevendo suas maravilhosas poesias, as
quais, sem fazer nenhum favor a ele porque tem qualidade,
publicaremos em nosso Blog, quando ele quiser. Oxalá todos
tivessem a mesma idéia inteligente dele ao descobrir que a boa
arte mostrada em dois lugares diferentes, produz mais de duas
vezes mais emoções. Estamos aberto para todos
Como o Enéias dizemos: Nosso nome é Diretor Presidente!
Mas pode nos chamar de Tristão de Ataíde. Não iremos nos
zangar.

Saudações Cordiais
Diretor Presidente. - diretorpresidente@citltda.com

34
Eu já sabia
Aquilo que nosso Diretor Presidente falou, sobre a Hora do Mural, é verdade. Aqui em
Recife todo dia abrimos o saite de Bom Conselho e o discutimos. Eu estava viajando a
trabalho nos últimos dias e acumulei matéria. Duas me chamaram atenção. Não sei se
começo pela ruim ou pela boa. Bem, vamos terminar bem.
Nunca mais havia falado do Andarilho. Mas ele não me tira da cabeça. Traduzi um
simples texto do John Black, jovem educado, fino, inteligente e lá estou eu na boca do
andante sem causa, a não ser a sua, de se tornar um imortal. Defendi antes que ele
pudesse participar na Academia Virtual, quase estou mudando de idéia. No início seus
artigos tinham conteúdo, hoje parece que o fôlego acabou, ou só existe para elogiar
todas as pessoas que entram no mural, como se tivesse medo de discordâncias ou
críticas. Será que o artigo sobre os espiões é um texto humorístico? Porque se é, atingiu
seu objetivo, ri muito ao ler. Só faltou o nosso andante dizer que o John Black é um
ignorante por que não sabe escrever em português. Só estou aqui respondendo a este
senhor, pelo John. Ele não merece. Passei o texto para o inglês e mandei para ele. Outra
vez, ele riu a beça. Ele e todos os espiões da realeza inglesa, o 007, 008, 171, 172, até
onde nosso andante saiba contar. Ele mesmo lhe dará a resposta devida se achar que
vale a pena. Me poupe.

Corramos para a notícia boa. O Di é um imortal. Isto justifica o título deste escrito e
também meu prazer de ler todos os seus artigos tanto na Gazeta, no saite, e, (seria
sonhar demais?) no nosso Blog, no futuro. Não é necessário repetir tudo que todos já
disseram no Mural sobre a pessoa de Di. Ele poderia se tornar uma unanimidade. Já
escreveram e eu concordo, isto pode se se tranformar em burrice. No entanto, como
posso fugir dela? Lembrei, o Di não tecla mais no computador com a rapidez que fazia
nas máquinas de datilografia. Ufa. Consegui uma falha dele e ao mesmo tempo me
penitencio de haver dito, alguns escritos abaixo, que este seria um sério ponto para ele
atingir a imortalidade. Pelo amor amor de Deus não me desminta quanto a velocidade
de teclar.
Pareço muito íntima do Edjasme Tavares mas não sou. Tenho certeza nunca falei com
ele. Só o vi, no cartório quando passava vindo da Escola Pratt. Chamá-lo de Di vem de
alguns e-mail trocados e, principalmente, daquela relação professor aluno que marca um
pouco as pessoas, que tiveram a sorte de estudar, pois o considero meu mestre de
datilografia. Portanto, Di, me perdoe.
Parabéns, pela imortalidade. Pela sua crença, que também é a minha, e pela sua fé, isto
não tem muita importância, você já sabia, independente de murais, academias virtuais
ou não. Para qualquer tipo de coisa você é imortal. Eu já sabia.

Lucinha Peixoto - lucinhapeixoto@citltda.com


Coordenadora Administrativa

35
Quem Foram Meus Pais
Me foi perguntado, através de e-mail que a direção da CIT nos repassou, os nomes dos
meus pais e profissão do meu genitor. Já agradecendo ao nosso interlocutor por ter
gostado do meu artigo, digo-lhe, meu pai não era do SNP (Serviço Nacional da Peste).
Posso dizer, pela suas condições sócio-econômicas, estava mais para usuário do serviço.
Graças a Deus nunca precisou.
Meu pai se chamava Júlio, minha mãe se chamava Maria. Morreu de parto. Meu parto.
Nestes casos de assassinato onde o assassino não tem intenção de matar. Homicídio
culposo. Não fui condenado por nenhum juri, e a nossa sociedade, neste tipo de
ocorrência, também nos perdoa. O difícil de ser perdoada era a pobreza do meu pai. Era
padeiro. Também fazia artesanato de couro, que vendia nas feiras livres para sobreviver
melhor com a segunda mulher. Não me lembro muito de sua vida. Fui criado em Bom
Conselho, mas em outra casa. O contacto com ele era mínimo. Lembrei um pouco de
mim quando li recentemente o artigo do senhor José Tenório de Medeiros, sobre o
contacto com os seus pais, "mutatis
mutandis".

Poderia ficar por aqui. Não sei se


satisfiz o seu desejo, mas tentei.
Prolongo minha descrição de mim
mesmo falando da nossa terra, e de
outros assuntos que possam
interessar a todos, já que estamos
ansiosos para participar deste seu
redescobrimento. Nasci na Rua da
Cadeia, hoje Rua José do Amaral,
que ficou famosa por hospedar por
alguns tempos nossa imortal e
conterrânea Ana Luna. Eu não a conheci na época. Vendo o seu retrato, se a visse seria
paixão a primeira vista. A casa onde nasci, se não me engano, era a última da rua. Como
se dizia, e talvez se diga até hoje, na ponta da rua. Se dissesse sómente isto, seria o
bastante para dizer, que nasci pobre. Hoje quem mora na ponta da rua, que é a entrada
de Bom Conselho, com suas casas maravilhosas são os ricos. Naquela época não.
Aqueles que nasciam no "meio" da rua eram mais ricos, ou classe média, e os mais
aquinhoados nasciam na cabeça da rua.
Cheguei a completar o curso primário, já orientado por uma tia que morava no "meio"
da rua, que tinha um filho besta, que só dizia que morava na cabeça da rua. Nem sempre
as meninas levavam isto em conta. Eu era mais eu. Depois do primário, já existia o
Ginásio São Geraldo, meu primo foi, eu não. Só restava o óbvio, trabalhar no comércio,
o que fiz até quando saí de lá já rapaz.
Fui para São Paulo (o motivo porque fui é uma longa história, conto depois). Quem
tinha o curso primário, em São Paulo, naquela época, podia até ser metalúrgico. Não
gostava muito, mas já casado, tinha que sobreviver. Eu era esforçado. Cheguei até ao
trabalho de escritório na fábrica. Neste tempo apareceram por lá umas coisas estranhas
enormes, que tomavam uma sala inteira. Eram computadores. Ninguém entendia
daquilo. "Curiosando", pensei, é uma chance. Fiquei junto de quem sabia e fui
aprendendo, aprendendo e aprendendo. E aquela coisa crescia de importância. E eu
junto. Fiz um exame que me deu o curso médio e curso (não superior) que dizia
Analista de Sistema. Adotei isto até hoje e evolui com os computadores. Hoje ninguém

36
me cobra o diploma de "bacharé" porque, quem me conhece sabe que manjo da coisa.
Mas já sofri muita discriminação. O Brasil, com sua grande tradição bacharelesca, que
está mudando, graças a Deus, leva os pais a, em vez de mandarem os filhos aprenderem,
mandarem obter um diploma.
Chega de falar de mim. E a Rua da Cadeia? Como tive amigos lá. Na melhor fase da
vida. Zé de Olga, Jurandir, Miguelzinho, Rubens de Miguel Gordo, Rui, Geraldo de
Alves (ou Alvares), Zézinho de Anália, Carlinhos Mouco. Quase todos da ponta para o
"meio" da rua. Do "meio" para cabeça, só conhecidos com jeito de amigos ou vice-
versa. João de Vitinho, Zé Carlos, Damuriez, Damário, Zé Piulinha, Tanzinho, João
Antônio Amaral e alguns que não me lembro. Veja bem. Isto é antes da década de 70.
Portanto, não perguntem se eu só gostava de homem. Naquela época ter amizade com
mulheres era mais difícil, devido aos preconceitos. Se alguém com menos de 60 ler isto,
por favor, peçam ajuda aos pais para entenderem direito.
Já que estou tentando satisfazer o desejo de alguém, deixem eu satisfazer o meu
contando um causo. Quem viveu na Rua da Cadeia, neste período, ouviu falar em
Melquizedeque (não sei se é assim que se escreve). Ele era filho de militar reformado,
sargento Moisés. Sua mãe, que não me recordo o nome, usava sempre óculos escuros,
diziam que ela tinha uma doença nos olhos que as pálpebras caiam sempre e ela usava
uns esparadrapos para segurar,( não sei se é verdade, nas nada desabonava sua conduta).
Tinha uma irmã, muito bonita chamada Inês e um irmão, que também era militar
chamado Benone. Melquizedeque (Melqui daqui por diante), foi uma das pessoa mais
briguentas que eu conheci. Eles moravam em Garanhuns, e quando Melqui vinha a Bom
Conselho, era para brigar. Os meninos e rapazes
da cidade se reuniam, para escolher quem era
que ia brigar com ele quando chegasse. Era
difícil encontrar uma vítima. Certa feita,
Geraldo de Alves, também metido a valentão e
que contava, quando em Recife, enfrentou até a
Rádio Patrulha, com detalhes de locais e tudo
(só quando uns amigos vieram ao Recife
procurar estes lugares, viram que tudo era
invencionice), decidiu enfrentar Melqui na
próxima visita. Veio menino até da Praça da
Bandeira para saber os detalhes. Quando Melqui
chegou, mandaram avisar Geraldo. Os dois compareceram ao local da luta. Parecia luta
de profissionais de boxe, "comparando má". Alguns concordavam com a luta outros
não. Mas começou. Os contendores se estudavam a turba se agitava. Geraldo de Alves
aproveitou um descuido de Melqui e tacou-lhe um murro nos dentes que ele caiu. Nisto
apareceram alguns adultos moradores das proximidades. Quase de frente da casa de D.
Noca e de seu Domingos Guarda. Apartaram a briga. Melqui se levantou e saiu andando
normalmente. Fomos brincar juntos de "lonha" (o termo usado era este, outros diziam
brincar de bicho) no Correio. Melqui, ao pular o muro, caiu, e disse que tinha quebrado
um dente na queda. Ele morreu anos depois assassinado num bar de Bom Conselho.
Dizem que ainda possuia o dente quebrado. Zezinho de Anália, jurava que quem
quebrou o dente dele foi Geraldo. Entrou por uma perna de pinto saiu por um perna de
pato, senhor rei mandou dizer que você contasse quatro.

Jameson Pinheiro (jamesonpinheiro@citltda.com)

37
Fragmentos de lucidez
"Ele procura mel no traseiro da vespa."

"O chacal engoliu a foice; ouçam seus uivos depois para expeli-la."

"Bastou elogiarmos a limpeza do gato, e ele foi e


defecou no depósito de farinha."

"Não aconselhes o tolo: em qualquer caso ele te


culpará depois."

"Não dá trela ao desocupado: ele fará de ti a sua


ocupação."

"Com a mentira se consegue o almoço, mas não o jantar."

"Só se atiram pedras em árvores carregadas de frutos."

"Os cães ladram e a caravana passa."


(Provérbios Árabes)

"Gente ruim é como dor de dente; quanto mais se presta atenção a ela, mais incomoda."
(Provérbio Brasileiro)

"Quem quer colher rosas deve suportar os espinhos."

"Se parares cada vez que ouvires o latir de um cão, nunca chegarás ao fim do caminho."
(Provérbios Chinêses)

"O sapo do poço, não conhece o oceano." (Provérbio Japonês)

"Se você quer que as pessoas pensem que você é muito inteligente, simplesmente
concorde com elas." (Provérbio Judaico)

--------------------------
P.S.

- a) Junto com estes fragmentos de lucidez, Lucinha nos pede para apresentar nossa
enquete sobre o nome de preferência para ser Patrono da Academia de Bom Conselho.
As opções se encontram no início do nosso Blog, à esquerda. Estes foram os nomes
indicados por e-mail, ou retirados do saite de Bom Conselho, e outras fontes. Tem todos
os seus méritos e deméritos. Cada um deve julgá-los e votar. Esta é uma enquete aberta
para todo Brasil. Esperamos que o seu resultado sirva como uma boa indicação para a

38
escolha definitiva, quando a Academia se reunir. Fizemos a nossa parte, desde a
sugestão do nosso conterrâneo Carlos Sena, alguns dias atrás.

- b) Ainda aproveitando os fragmentos, vi que alguns não suportam meu pseudônimo:


Diretor Presidente. Quando fiz opção preferencial pelo anonimato, quis adotar outro:
Sílvio Santos. Descobri que ele já era um pseudônimo do grande empresário brasileiro
Senor Abravanel. Confesso que nem o conhecia. Isto não o impediu, sendo chamado de
Sílvio Santos, produzir muito mais do que alguns que amam a claridade só para
aparecerem. Minha segunda opção foi O Andarilho. Mas, quanta pouca sorte, já havia
um militando no saite, saudando as pessoas e pedindo passagem. Então fiquei mesmo
como Diretor Presidente, mas podem me chamar de Barão de Itararé, pseudônimo de
Apparicio Torelly, outro empresário de sucesso, e não ficarei zangado. Tanto que o cito
aqui em mais uns fragmentos de lucidez:

"De onde menos se espera, daí é que não sai nada. "

"Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo. "

"Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades. "

"Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua


ignorância."

Saudações Cordiais
Diretor Presidente –
diretorpresidente@citltda.com

39
Ecologia: Bom Conselho, Mesas e Pinicos
Por quase todo tempo de existência do homem sobre a face da terra, usando todos os
recursos que, alguns dizem, Deus nos deu, nunca se pensou que chegaríamos o dia em
que pudéssemos dizer: Se não soubermos usá-los eles vão faltar. Recentemente, para o
tempo da ciência, surgiu o que se chama Ecologia. Ela tenta dar explicações sobre o
relacionamento dos seres vivos entre si, e destes com o meio ambiente, que nada mais é
do que o conjunto de coisas que cerca estes seres vivos. Hoje ela já é um ramo de estudo
avançado, prenhe de termos complicados para nós, quase leigos. Não precisaremos
deles aqui, com algumas exceções. Um deles é ecossistema. Esse palavrão indica tudo
que existe na terra (e talvez fora dela quando formos lá). Animais (inclusive nós
humanos), plantas, bactérias, (tudo que é vivo ou é considerado vivo), água, solo, gelo,
vento, (considerados não vivos).
Desta forma definido podemos observar que
toda atividade humana e sua relação com o
meio ambiente pode ser visto como uma
forma de sobrevivência do homem, e outros
seres vivos, sobre a terra. Grande parte dos
recursos necessários para que fossem
satisfeitas as necessidades humanas proveio da
natureza, ou recursos naturais, desde sempre.
Para sermos enfáticos, durante toda sua
história o homem usou a natureza como sua
mesa e seu pinico. Se o que ele comesse em
sua farta mesa e quando, o que, em
consequência, fosse devolvido ao seu pinico
não causasse a degeneração de nossos
recursos naturais, teríamos um equilíbrio que
garantiria sua vida na terra para sempre. Como
se diz modernamente, teríamos um
desenvolvimento auto-sustentável. Ou seja "comer" e "descomer" deveriam ser ações
que, em conjunto, mantivessem um equilíbrio entre seres vivos e natureza, preservando
nossa vida de forma perene, salvo acidentes de percurso, principalmente a partir de
causas externas a este relacionamento.
Alguns economistas que estudam esta relação dizem que o uso da mesa e do pinico não
podem ser do tipo que "causem estresse", em sua relação com a natureza. Não se pode
exceder no que retiramos da natureza para satisfazer nossas necessidades, nem, devido a
isto sujá-la em excesso com os dejetos da nossa ação. Um filósofo inglês, A. N.
Whitehead (A Função da Razão - UNB, 1988), desde de 1929, onde preocupações
ecológicas eram, praticamente inexistentes, já nos dizia que, nesta luta ou relação do
homem com a natureza, temos três etapas, ou três formas de ação: Viver, viver bem e
viver melhor. Viver, para todos os seres vivos, é uma "imposição". Talvez esta etapa
seja a mais fácil de conciliar com a natureza, e com a não geração de estresse, porque é
quase institivo. Os animais, fora o homem a usam para encontrar sua comida, se
reproduzir, e viver sem desequilíbrio por muito tempo. Viver bem, já é uma noção que
foge do simples instinto, nela entram decisões que devem ser tomadas para redução do
estresse, que pertencem, em grande parte ao gênero humano. Mas é na etapa onde se
pretende viver melhor, que a razão é um recurso supremo, e que só o homem tem.
São as opções modernas para viver melhor que nos causam aqui preocupação.
"Lamentavelmente, o reducionismo de nossa visão de mundo tem feito com que essa

40
busca haja se convertido na idéia exclusiva do crescimento econômico: aumento do
PIB a qualquer custo."(Clóvis Cavalcanti - DP - 09/11/2008). O PIB é o que se produz
de bens e serviços numa sociedade durante certo período. Esta hoje é quase a única
medida de felicidade. O Brasil cresceu 4%, quer dizer hoje temos mais 4% de bens e
serviços do que no ano passado, o PIB cresceu 4%. Quem os comeu ou os usou? Isto,
quase sempre não tem muita importância. Quanto disto tiramos da natureza ou de nós
mesmo, e que não podemos devolver no futuro? Menos importância ainda. E nossos
filhos, nossos netos, poderão ter o mesmo que nós? Nenhuma importância.
Com esta mentalidade, onde podemos chegar? Ao lugar que estamos chegando hoje.
Alguns cientistas estão apavorados, em pânico mesmo. Nosso estilo de vida, nossa
forma de comermos e jogarmos o pinico fora, tem um custo de tal ordem, em termos de
depredação do mundo físico, que qualquer tentativa de generalizá-lo levará
inexoravelmente ao fim da raça humana como a conhecemos até hoje. Chegamos a um
estágio, do ponto de vista do meio ambiente, que a crise pela qual passa o mundo
atualmente, se torna benquista pela suas consequências de diminuir o nível de algumas
atividades, e, desta forma, diminuir o tamanho da depredação. A pergunta importante é:
O que está errado em nossa tentativa de viver melhor? A resposta completa é muito
complicada, não a temos, e se tivéssemos o espaço aqui não seria suficiente para
destrinchá-la.
Usaremos um exemplo do acontece e aconteceu na cidade de Bom Conselho, para
triscar a resposta. Bom Conselho como forma físico-geográfica existe a milhões de
anos. Na linguagem ecológica, seu ecossistema ou ecossistemas existem desde ai, e
sofreram e sofrem transformações ao longo do tempo. Chegou o homem. Onde existiam
florestas, matas, arbustos, rios e córregos foram criadas fazendas de gado. "O gado era
criado solto no pasto. Contava apenas com a marca de uma flor-de-lis, que identificava
a propriedade da família. Os escravos trabalhavam na lavoura nas proximidades da
mata e da lagoa do Bulandin, que derramava suas águas entre as serras até
desembocar no riacho Lavapés, que recebeu este nome porque os trabalhadores tinham
como hábito lavar os pés quando voltavam do trabalho diário. O curioso era que estas
águas serviam também para atividades domésticas, para beber e cozinhar." (De
Capacaça a Bom Conselho - Celina C. Ferro) . Fora os escravos, isto é uma descrição de
uma bela paisagem. Além disto, a fauna e a
flora eram tão previsíveis que os habitantes
castravam os veados e caititus, certos de que
um dia voltariam menos felizes e mais gordos
para a mesa. Isto deu até nome ao povoado,
Capacaça, depois Papacaça e..... O importante
aqui é que aumentou a mesa e aumentou o
pinico. Com a abundância existente os
desequilíbrios gerados no ecocossitema era
mínimos, e despreocupantes, inicialmente.
O tempo foi passando, a população
aumentando, e, consequentemente, mudando a
forma de se relacionar com a natureza. Uma
próxima etapa neste aspecto foi a construção do Colégio N. S. do Bom Conselho,
liderada por Frei Caetano de Messina. "Povo de Papacaça, faz penitência! Quem não
carregar pedra e tijolo para fazer a casa de Deus está nas profundas do inferno! Faz
penitência povo! Deita na rua e te cobre para a procissão passar por cima!" (ibidem).
O frei foi atendido ao ponto de Bom Conselho ser um dia chamado Cidades das
Escolas. Já barrando rios, canalizando água, novos métodos de caça, fauna escasseando,

41
o nível de estresse ecológico aumentava a cada dia. Talvez se passasse da etapa de viver
para a de viver bem. Água ainda em abundância, secas um fenômeno não localizado,
clima ameno e agradável dentro de uma comunidade feliz, apesar da cólera.
Com o desenvolvimento das comunicações a cidade descobriu o "progresso" dos outros
e passou à tentativa de viver melhor. Bom Conselho se transformaria na Cidade do
Leite. O café, as matas, os rios, quase tudo, eram eliminados para sustentar a fama da
cidade com a maior bacia leiteira do estado. O nível de estresse ecológico chegou ao
máximo. Chove pouco, a água é escassa, caça sumiu, a temperatura aumentou. Mas
havia o leite. O ouro branco. Foi a fase onde um colega meu aqui na empresa me contou
a história de um fazendeiro que destruia todas as árvores de suas terras para plantar
capim. Uma árvore morta dava para criar mais um boi. Perguntado se não poderia estar
comprometendo suas terras no futuro, com a desertificação, altas temperatura, e
compromentendo a vidas dos filhos, ele
respondeu: Eles que cuidem dos filhos deles
como eu cuidei dos meus. Será que
conseguirão?
Atualmente, está mudando alguma coisa?
Parece que sim. Bom Conselho, deverá passar
a se chamar de Cidade do Chester, ou outro
nome qualquer que o identifique com uma
grande empresa que lá se instala, a Perdigão.
Esta empresa promoveu um evento na cidade
cujo tema é: Preservar o meio ambiente:
Responsabilidade de todos nós. Que, seguindo
nosso argumento, poderíamos chamá-lo de
Vamos ter cuidado com o pinico. Nada contra.
Além disso promete em seu saite todo cuidado
com a sustentabilidade e ecologia da região. Que bonito. Que responsabilidade social.
Pode-se comparar a vinda da Perdigão para a cidade à construção do Colégio por Frei
Caetano. A partir dela tudo será diferente. Pode-se dizer, Bom Conselho decidiu viver
melhor e decidiu isto de uma forma racional? Será que foi feito um estudo ou pelo
menos perguntaram qual a maneira com que esta empresa vai se relacionar com o meio
ambiente além das promessas do saite? Sua atuação vai melhorar ou piorar o
desequilíbrio com os ecossistemas? Teremos água amanhã? Teremos rios limpos e
bonitos? Teremos ar puro para respirar, ou deveremos comprar oxigênio caro?
Alguns, talvez a maioria, dirão. Se não tivermos, temos emprego e renda suficiente para
comprar ar puro em Garanhuns. Esquecem que outras perdigões invadiram Garanhuns e
seus habitantes querem comprar também. Vamos para Caruaru. Lá é que tem perdigões
a mancheias. E assim por diante.
Os mais práticos, aqueles que seguiram as regras para viver melhor dirão: Se não
pudermos viver melhor, é melhor não viver. Como passarei sem uma TV de plasma de
42 polegadas? E sem um carro novo na garagem? Sem uma viagem ao exterior? Mais
modestamente, sem a geladeira, sem fogão a gás, sem o celular GSM com banda larga,
sem computador (ai até eu morrerei)? Será que esta é a única saída? Morrer, sucumbir,
escafeder-se se não pudermos viver melhor. Para mim, existe uma, embora não perfeita
e imcompleta. Uma sociedade mais igualitária. Isto só pode ser conseguido de forma
coletiva, através de órgãos públicos que se conscientizem do problema, e passem a
tentar resolvê-lo. Para que isto ocorra, uma mobilização social é fundamental, mas não
só a partir das empresas.

42
Todos não podem viver melhor. Mas todos podem viver. Se todos os que vivem melhor
hoje, pensarem que sua forma de vida é inadequada para todos, talvez haja uma chance.
Para isto Educação é fundamental. Se pudéssemos, com o desenvolvimento de formas
de conhecimento novas e convincentes fazer como Frei Caetano de Messina fez com
sua forma de conhecimento não mais muito aceita, dizendo: "Povo de Papacaça, chega
de tanta paciência! Quem não fiscalizar as empresas e órgãos público que não tratem
bem o meio ambiente está nas profundas do inferno! Chega de paciência povo!
Levanta-te e vai às ruas. Cobra dos seus governantes uma posição firme diante
daqueles que, em nome de viver melhor, esquecem do teus filhos e netos." Quem sabe
se assim, com o medo do inferno, um dia todos possam viver bem, diminuindo a
diferença entre o tamanho das mesas e pinicos dos pobres e dos ricos. Ora, dirão os de
pinico grande, isto só é possível se diminuirmos o pinico de todos. Ora, dirão os
cidadãos conscientes e responsáveis pelo nosso futuro, que sejam diminuidos, para
garantirmos que nossos filhos e netos tenha força para sentar numa mesa e usar um
pinico.

Cleómenes Oliveira - cleomenesoliveira@citltda.com


Diretor de Operações.

43
A Favorita
Dias atrás, depois de um dia de trabalho, estava vendo TV com meu marido e minha
filha mais nova, a única que os homens nos deixaram. Temos quatro filhos, só dois do
meu gênero. Os sogros dos nossos dois homens deverão estar dizendo e sentindo o
mesmo que nós. Hoje eu acordei família. Outros dias acordo Flora. Quem vê novela
sabe que estou falando do personagem de Patrícia Pilar na novela A Favorita. Quem não
vê esteja avisado. Não continue a ler, seria pura perda de tempo. Ou passe logo para
parte final.
A Favorita era o que estávamos vendo. Quando o
Halley ia ser informado pela Donatela que ele não era
irmão da Lara, o telefone tocou.
É óbvio que, nestes momentos, a diferença entre os
sexos fala mais alto. Para nós mulheres, pelo menos
nesta época dita moderna, em algumas ocasiões, não
atendemos telefone, nem que chova canivete ou as
esquerdas se unam. Sabemos de antemão que nenhuma
amiga terá o desplante de ligar numa hora crucial
destas, e se tiver, será só para antecipar o que vai
acontecer na novela. Não queremos saber. Isto é uma
função de homem. Querem o que? Não fazer nada? E lá
vai meu marido atender o telefone.
E com aquele ar de contrariado pelo risco de perder a
revelação da novela, atende (os ...... indicam o que não
estava ouvindo, era o outro).

- Alô!

......

- Oi, Oliveira, estava acabando de ler o teu artigo no Blog, sobre Ecologia e Pinicos,
mas ainda não terminei.

......

- Foi mesmo, rapaz?

......

- Tás brincando, não tás?

.....

- Não acredito que tu ficas perdendo tempo com estas bobagens. Sinceramente.

.....

- Eu, nunca. Eu sou espada, cara!

.....

44
Tá, vai te catar. Vai fazer alguma coisa de útil. Tchau!!!

Eu pergunto, quem era, filho? (Quando estou Flora só o trato de criatura prá baixo). Ele
responde. Era o Oliveira para dizer que no capítulo de ontem de Pantanal, o Tenório
pega a Maria Bruaca com o Alcides. Hoje, eu não posso perder.Vejam que disparate.
Papagaio come milho periquito leva a fama. Homem vê novela e mulher leva a culpa
sozinha. Foi sempre assim. Quantos feitos grandiosos foram devidos as mães e as
esposas. Mas elas não apareceram. No máximo eram homenageadas por cumprirem as
suas obrigações.
Lembro, quando menina, em Bom Conselho de uma festa na Igreja Matriz no dia das
Mães. Não sei se só houve um ano. Foi organizada por, entre outros, um homem
chamado Zé Coletor (não o conhecia bem, mas, pelo nome, deveria ser coletor). Seu
Gabriel na serafina, Dona Lourdes no coro e a igreja cheia. Eram homenageadas as
mães que participaram de feitos memoráveis em suas funções. A mãe mais nova, a mãe
mais velha, a com mais tempo de
casada, a que teve mais filhos (me
lembro até de quem ganhou neste
ítem, a mãe de Gervásio Matos, de
quem conheci mais de perto os
irmãos, Zé Matos Grande e Zé
Matos Pequeno, que era Zé Milton).
Mas, não me lembro de nenhuma
homenagem, por ter elas terem feito
alguma coisa fora das funções de
mãe. Foi sempre assim.
Hoje está mudando, mas não tanto.
Quando recebi um bando de
mensagens indicando pessoas para
patrono da nossa Academia, ficava torcendo para surgir um nome de mulher. Torci,
torci, torci e cansei de torcer. Não apareceu. Como organizadora do processo, fiz minha
campanha por fora destas escolhas, e todos sabem que meu candidato é também um
homem. Acabou a época de campanha, agora é eleição.
No entanto, nada me impede de fazer justiça a algumas mulheres que são de nossa terra
e poderiam muito bem terem sido indicadas como favoritas ao título de patronesse
(estamos querendo dizer o feminino de patrono, mas nem isto existe de forma clara,
patrona é algo muito diferente. A CIT está contratando um professor de português para
estes e outros casos, José Andando de Costas, dizem que ele é cobra.) da nossa
Academia. Jamais me lembrarei de todas. E nem as conheci todas. Outros lembrarão e
reportarão aos historiadores. Tentarei seguir uma ordem cronológica, mas para não
querendo ser tão explicíta quanto a idade, me desculpem se falhar, em alguns anos. -
Penso que este negócio de querer ser ou parecer jovem é um pouco de doença
hereditária. Uma hipótese, a ser verificada, é que isto se devia ao abandono a que eram
levadas as mulheres mais velhas, em priscas eras. Isto explicaria a lenda de que nós
mulheres éramos clientes da Avon desde a época das cavernas. - Calma, amigas, é só
uma hipótese, e depois da cirurgia plástica, ela é de somenos importância.

45
A que lembro primeiro, sem colocar mãe no meio, é D. Lourdes Cardoso. Foi minha
professora. Morava na Rua Joaquim Nabuco e a escola era lá. Dos meus colegas, nesta
época, me lembro sómente dos seus filhos, Zé Dário, Pedro, Maria, João Batista, uns
mais velhos outros mais novos do que eu.
O marido sapateiro, meu Deus, como posso esquecer seu nome? Isto não é velhice, são
lapsos de memória. As aulas eram dadas na sala da casa, dentro da maior simplicidade.
Qual a corrente pedagógica seguida? Racional-Tecnológica? Neocognitivista?
Sociocrítica? Ou Holística com
pitadas de Pós-Modernismo? Disto
eu me lembro muito bem, era o
Palmatorismo. Esta linha
pedagógica me acompanhou durante
quase toda a etapa de alfabetização
e primário, e teve o seu expoente
máximo em Dona Lourdes, com
alguns repiques no Ginásio São
Geraldo, com o professor
Waldemar. Muitas vezes havia
variantes como o Puxarcabelismo e
o Tapismo mesmo. Como era
eficiente aquela corrente
pedagógica. No primeiro ano
primário já sabia ler e escrever. Ler
correto e escrever correto. Fazia
conta e sabia a tabuada. Lucinha, 5 vezes 8? Ahn! Ahn! ... Maria? 40. Um bolo na
Lucinha e se der devagar, eu vou dar. Até hoje sei a tabuada. Mas não sei mais fazer
raiz quadrada que já aprendi com outros métodos, mas temos hoje as maquininhas
"Made in China". No final do ano havia exame oral, e num deles, lembro bem, até o
prefeito (João Felino) foi. As perguntas eram feitas na frente dele e as respostas
também. Isto já aconteceu quando a escola mudou para o Posto de Saúde, um pouco
mais acima na rua. Era uma forma do prefeito avaliar o emprego do dinheiro público.
Simples mas eficiente.
Lembro, em sua casa não havia banheiro, quando tínhamos necessidades, havia a Pedra.
Não, gente moderna, não era para fazer na Pedra. A pedra ficava em cima da mesa da
professora. Como o mato era o único local para atuar, não havia as divisões de hoje
entre feminino e masculino, nem se admitiam conversas nas horas de necessidade.
Professora, eu preciso ir fora. Lucinha você não está vendo que a pedra não estar
aqui? Espere. Isto indicava que outro estava fazendo suas necessidades. Se o caso fosse
de emergência, ela mesma iria ver porque a pessoa que estava fora demorava tanto. Se
estivesse flanando, o Palmatorismo era utilizado.
Entretanto, não seria sómente por ter sido minha professora, que indicaria D. Lourdes
para patronesse da academia (para patronesse de uma das cadeiras indicarei, quando e se
a Academia for criada). Ela foi de muita gente, uma grande educadora religiosa. Só que
nem enxerga a importância da religião para formação individual e social das pessoas são
estes ateus (como o Oliveira), que pensam, por serem eles homens de bem, isto
ocorreria com qualquer um, mesmo sem religião. Um fato me vem à mente. Quando
chego hoje nas igrejas vejo o comportamento, muitas vezes, relaxado e mesmo
desrespeitoso de certas pessoas dentros dos templos, sejam eles de que religião forem.
Até hoje, quando me sento num banco de igreja, não cruzo as minhas pernas. Porque?
Pelo beliscão que ela me deu certa feita numa igreja, por ter feito isto. (Esta é outra

46
variante do Palmatorismo, o Beliscaocionismo).
Além disto, era muito boa cantora sacra, e duvido que alguém no nosso tempo, não
conhecesse sua voz na igreja cantando: A nós descei divina luz.... (Caro Gildo Povoas,
nobre imortal, poderia ser o hino que você lembrou, Achei Jesus..., mas todos
conheciam a voz dela. Será que alguém teria estes hinos gravados? A CIT não tem só
ateus mandem prá cá e divulgaremos de alguma forma).
E eu queria falar de outras mulheres, falei de uma e olha onde já estou. Continuaremos
depois. Se escrever mais, ninguém ler, mesmo que veja a novela A Favorita.

Lucinha Peixoto - lucinhapeixoto@citltda.com

47
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Adotada e proclamada
pela resolução 217 A (III)da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro
de 1948

Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da


família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da
justiça e da paz no mundo,
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em
atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um
mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de
viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração
do homem comum,
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de
Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra
tirania e a opressão,
Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as
nações,
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos
direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na
igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o
progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em
cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e
liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mis alta
importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

A Assembléia Geral proclama

A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser
atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e
cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do
ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu
reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos
próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

Artigo I
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e
consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
Artigo II
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião,
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
qualquer outra condição.
Artigo III

48
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo IV
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos
serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo V
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
Artigo VI
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante
a lei.
Artigo VII
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da
lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a
presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo VIII
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo
para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela
constituição ou pela lei.
Artigo IX
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo X
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte
de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do
fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
Artigo XI
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até
que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público
no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não
constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta
pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato
delituoso.
Artigo XII
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou
na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito
à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
Artigo XIII
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras
de cada Estado.
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este
regressar.
Artigo XIV
1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em
outros países.
2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada
por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das
Nações Unidas.
Artigo XV
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar

49
de nacionalidade.
Artigo XVI
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer retrição de raça, nacionalidade
ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais
direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.
Artigo XVII
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Artigo XVIII
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito
inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa
religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou
coletivamente, em público ou em particular.
Artigo XIX
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a
liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Artigo XX
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo XXI
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de sue país, diretamente ou por
intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa
em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo
equivalente que assegure a liberdade de voto.
Artigo XXII
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização,
pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e
recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à
sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo XXIII
1.Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e
favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual
trabalho.
3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe
assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade
humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus
interesses.
Artigo XXIV
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de
trabalho e férias periódicas remuneradas.
Artigo XXV
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família
saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os
serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença,

50
invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de
seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as
crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
Artigo XXVI
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus
elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução
técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada
no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade
humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades
fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre
todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações
Unidas em prol da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito n escolha do gênero de instrução que será
ministrada a seus filhos.
Artigo XXVII
1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de
fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios.
2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de
qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.
Artigo XVIII
Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e
liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.
Artigo XXIV
1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno
desenvolvimento de sua personalidade é possível.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às
limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido
reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas
exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos
contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
Artigo XXX
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o
reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer
atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e
liberdades aqui estabelecidos.
---------------------------
Neste ano em que comemoramos tantos 60 anos, aqui vai mais um sessentão.
Esperamos que todos leiam e reflitam, sobre a situação do mundo e do nosso país, e,
principalmente, sobre a paróquia em que habitamos, e sobre cada um de nós em
particular. Àqueles um pouco mais velhos ou um pouco mais novos do que esta
Declaração, levem seus filhos e netos a lerem. Ela é um conjunto de palavras que influiu
no mundo moderno para sua melhoria, serão nossos filhos e netos que a farão influir
muito mais.

CIT Ltda - Uma homenagem aos 60 anos da Declaração Universal de Direitos


Humanos. - cit@citltda.com

51
É de fazer chorar???
Pouco tempo atrás a CIT era criada. De Companhia Inimiga do Trabalho, passando por
Coçando Intensamente os Testículos, Correta Informática e Tecnologia até,
simplesmente, CIT como é chamada hoje, ela se mantém. No pequeno povoado de
Caldeirões dos Guedes uma reunião de poucas pessoas a criou. Seu objetivo
fundamental, provocar emoções nas pessoas através de imagem e som, foi perseguido
até hoje, com pequenas variações. Desde um processo de distribuição anacrônico e
pouco eficiente de seus produtos por um período, há quase um ano, com a entrada no
YouTube, esta empresa deu um salto em quantidade e qualidade na sua produção. No
endereço http://br.youtube.com/citltda , quando lançamos nosso primeiro vídeo, C. na
Chuva (http://br.youtube.com/watch?v=nvWYvM3KlAY), lembramos bem,
comemoramos efusivamente os seus primeiros 50 acessos. (Concurso Público: Quem
descobrir o significado do C., no título deste filme, ganhará um curso de português
grátis com o nosso professor José Andando de Costas, no Recife).
Hoje, depois de mais de 30000 (trinta mil) acessos aos vídeos deste endereço, mais de
7000 (sete mil) acessos á subsidiária voltada para Bom
Conselho(http://br.youtube.com/citlimitada), com escritórios fixos em Recife e no
exterior, podemos dizer que tivemos sucesso na empreitada. Ainda, dentro deste tempo,
melhoramos nossa infra-estrutura, comprando equipamentos e construindo sedes
maravilhosas e condizentes com o nosso bom êxito, muitos deles apresentados aos
nossos clientes em filmes, fotos e mensagens. Nos tempos mais recentes criamos seu
Blog, por exigências das circunstâncias que exigem, no processo de comunicação, além
da imagem e do som, a velha e boa palavra. Não é nosso objetivo fazer aqui uma
história da CIT, deixemos isto aos historiadores. Nosso assunto é outro, e muito ao
contrário desse, um tanto
desagradável.
Para fazer isto, como todo
empresário numa economia
capitalista, recorremos ao crédito.
Fizemos o nosso PAC (Programa de
Acelereção da CIT), mas sem
recursos públicos. Isto não quer
dizer que não temos clientes no
setor público. Temos e muitos.
Nosso vídeo campeão de acessos até
o momento
(http://br.youtube.com/watch?v=u_z
1Cb1k0Qg) , onde mostramos nosso
nosso balão sobrevoando a Região Nordeste, (quase 4000 exibições) é visto em vários
Estados e, junto com outros mostrando as demais regiões são quase obrigatórios nas
escolas públicas. No entanto, neste afã de crescer, procuramos mais os bancos privados
nacionais e, mais ainda, bancos estrangeiros. E como todos fizeram, apelamos para as
transações exdrúxulas do mercado financeiro, que são ao mesmo tempo o benfeitor e o
algoz do sistema capitalista. Éramos subprime, os bancos sabiam. Mas a continuação da
farra americana parecia não ter fim. Corremos riscos e perdemos. Mas, com esta crise,
quem não perdeu?
Uma pequena e incompleta informação. A moeda usada pela CIT chama-se Risos e
Emoções ($RE), já conhecida, por quem transaciona com a empresa por RECIT.
Obviamente, a empresa, para se relacionar com o mundo exterior, tem que usar outras

52
moedas como Real, Dólar, Euros, etc. Temos uma taxa de câmbio que é normalmente
referida ao Dólar Americano. Hoje ela é de 2,50 Recit por Dólar. E quase sempre de 1
Recit para 1 Real. Tomamos empréstimos em Reais e em Dólares. Aqueles que estão
em Reais, puderam ser honrados até agora. Mas aqueles em Dólar, não. Pois os
empréstimos foram adquiridos quando a taxa de câmbio era 1,50 Recit por Dólar.
Alguns perguntarão porque não apelamos para o Mercado de Opções e outros, para
diminuir o risco. Respondemos, com outra pergunta: Quem apelou na medida certa?
Estamos esperando agora que o governo nos ajude. Este negócio de capitalismo liberal é
história para boi dormir. Por enquanto continuamos trabalhando, mas tivemos que tomar
decisões que afetaram nossa empresa no exterior (ver artigo do John Black -
http://www.citltda.com/2008/11/caminhos-de-f.html) e em Caldeirões. O que está
acontecendo neste povoado é o
motivo principal deste escrito.
A chegada da CIT a Caldeirões só
não pode ser comparada melhor
com a chegada da Perdigão a Bom
Conselho porque a CIT chegou e a
Perdigão ainda não. Mas tem e terão
muitos pontos em comum. Por isso
o primeiro caso merece uma análise.
O nosso povoado era uma
comunidade quase rural. Seus
habitantes gozavam de todas as
delícias e agruras deste tipo de vida.
Paz, silêncio, tranquilidade, trabalho
duro, maior taxa de analfabetismo, rios ainda quase limpos, ar puro, etc. Com a chegada
da CIT, ela começou a ser uma comunidade quase urbana, e a curtir também todas as
agruras e delícias deste modo de vida. Barulho, poluição, computadores, internet, mais
empregos, mais escolas, mais orgulho, mais crimes, menor comunicação pessoal e mais
via equipamentos de comunicação. Pelo que sentimos, ao trabalhar na nossa sede, tudo
gerava uma aparente sensação de orgulho e medo. Orgulho por ter tudo aquilo e medo
de suas consequências.
Um dia vimos um carro, dos muitos que chegaram ao lugarejo, buzinar para que um
habitante, que andava no meio da rua, desse passagem àquela máquina de ferro. Foi
grande o susto do homem, mas não o suficiente para evitar que ele puxasse sua peixeira
de 12 polegadas e partisse para a janela do veículo. O motorista fechou o vidro, já os
pneus, estavam sem nenhuma proteção. No posto policial o homem explica, diante da
reclamação do delegado pelo ocorrido. Se fosse um jegue que urrasse eu não faria a
mesma coisa por pena do animal. Com esta gerigonça, furei o que achei de mole.
Entretanto, vimos este mesmo homem, dias depois, vendo o filme da Ana Luna - Bom
Conselho: Ontem e Hoje - lá de um cantinho, evitando os carros, acompanhando a
música com o pé e sorrindo.
Hoje, depois da crise, o que vemos? Uma volta, forçada aos tempos rurais. O prédio da
empresa foi retirado (era de pré-moldados), o projeto de Cinema na Praça também. O
entusiasmo pelo novo deu lugar ao saudosismo por ele. E a pergunta é: É de fazer
chorar??? Será que quando chega a quarta-feira de crise, devemos chorar? Sabemos
que a comunidade de Caldeirões nunca mais será a mesma. Não sabemos se será mais
feliz ou menos feliz. O filme a seguir foi feito logo após decidirmos enxugar os quadros
da CIT em Caldeirões. O nosso prédio voltou para os bancos. Esperamos que não
tenham a quem vender. Alugamos uma pequena casa para o nosso escritório, que

53
aparece no filme, e possui só um funcionário e um computador. O povoado não ficou
feio por causa da crise. Tire um minutinho do seu tempo quando vier a Bom Conselho
(quem sabe nos Encontros de Papacaceiros) e visite-nos. Não podemos sair de lá. Nossa
sede ainda é lá. Continuamos da filial em Recife trabalhando dentro dos nossos
objetivos. Seus risos e emoções são a nossa realização e lucro. Quem sabe um dia a
crise acaba.

Diretor Presidente - diretorpresidente@citltda.com

54
Lendas Urbanas: O Marcador Nato

Lá pelo início da década de 50, o futebol era talvez o único esporte praticado em Bom
Conselho. Nesta época surgiram grandes jogadores em nossa cidade. Tivemos, Jorge
Torres, Naduca, Ananias, Natalício, Adnizio e Audizio Padilha, Manoel Luna e outros.
Queremos falar aqui de Natalício, esposo de dona Lourdes Cardoso. Pai de Zé Dário,
Pedro, Maria, Fátima, João Batista, Francisco. Sapateiro dos bons. Lembro-me dele
morando na Rua Joaquim Nabuco, na casa ao lado da de Vigário. Jogador de futebol de
primeira. Considerado um dos melhores do Estado na época.
Conta-se que no ano da graça de 1951 (ou por aí) esteve em Bom Conselho um time de
Maceió, cuja principal estrela era, nada mais nada menos do que Dida. Não confundam
com aquele goleiro do Milan, atualmente, ao qual não ensinaram a sair do gol. Dizem,
quando alguém quis ensiná-lo,
gritou, sai Dida, sai Dida, e ele
terminou nas cabines de rádio.
Este, de quem falamos, chamava-se
Edivaldo Alves de Santa Rosa
(1934-2002), conhecido como Dida,
ex-jogador do Flamengo e da
Seleção Brasileira. Foi o maior
artilheiro do Flamengo até chegar o
Zico, marcando 244 gols entre 1953
e 1966. Zico o tinha como um dos
seus maiores ídolos. Na seleção
brasileira, até a Copa de 58, ele era
titular absoluto. Uma contusão
deixou o caminho livre para sua substituição pelo jovem Edson Arantes do Nascimento,
nosso querido, Pelé.
Pois bem, no jogo mencionado entre o time de nossa cidade e o de Maceió, presenciado
por um bom público, para época, no nosso ex-estádio de futebol, que ficava em frente
da Boate Tio Patinhas (embora na época do
jogo ainda não existisse) e onde hoje é o
Centro Social Urbano, um fato aconteceu.
Dida não pôde jogar. Não por contusão ou
por outros fatores fora do campo, e sim pela
marcação exercida por Natalício ou Nato
sobre ele. Foi completamente anulado pelo
Nato. Ao ponto de quase pedir para sair no
segundo tempo, não o fazendo porque não
tinha muito o que alegar. Não faltou a
verdade ao declarar depois, que não havia,
até aquele jogo, encontrado um marcador tão bom quanto ele. O jogo terminou 0 x 0.
Dizem ainda, nos tempos do Flamengo e da Seleção, quando encontrava um bom
marcador dizia: Este foi quase igual a Nato. Será que Bom Conselho ainda tem um
marcador como este?
Quando já concluida a exposição desta estória, ao folhear números atrasados de A
Gazeta, encontrei a foto ao lado. É o time da ABA em 1967. Entre o risco de ser
processado pelo Luiz Clério por não ter pedido permissão para publicá-la e o risco de
privar aqueles que nos leem de apreciar um dos melhores times de Bom Conselho que
vi jogar, escolhi correr o primeiro risco. Defendam-me aqueles que jogaram com muitos

55
deles. Pela ordem em pé e agachados: Petrúcio, Adonis, Gena, Zezinho Macaxeira,
Zezinho Durinho, Everaldo, Géo, Neco, Zé Dileu, Tonho de Raul, Edmundo(ou seria
Eduardo mesmo?), Esdras(ou seria Deda
ou Dede?) e Elizênio. Timaço.

(*) A partir de uma informação inicial do


nosso conterrâneo Alberto Guerra.
Jameson Pinheiro -
jamesonpinheiro@citltda.com

56
É de fazer chorar??? - Complemento
No período de tempo em que CIT trabalha, procurando, na medida do possível, levar
emoções as pessoas, tem recebido mensagens de vários tipos. Com elogios, com
incentivo, com desdém, com críticas, com reclamações, etc. Depois que criou este Blog,
elas continuaram a chegar. Antes dele não cogitávamos de sua publicação, não tínhamos
espaço na mídia. Agora temos.
O seu prazer maior era publicar todas elas. Entretanto, a empresa mantém a política de
só publicar aquilo que nos autorizam publicar. Nem sempre os autores das mensagens
autorizam, por isso, quando isto acontece, ela não pode ser publicada.
Recebemos, esta semana, duas mensagens, que além de serem de elogio e de
agradecimento, são também um complemento ao filme, sobre Caldeirões dos Guedes,
apresentado sob o título: É de fazer chorar???
(http://br.youtube.com/watch?v=Li4P5PkAfNI). Os autores lembram de Caldeirões,
citando nomes que merecem ser lembrados por Bom Conselho, porque participaram de
sua vida, eles ou descendentes, de forma substanciosa. Pedimos permissão para publicá-
las aqui, e esta permissão nos foi dada, mostrando o espírito público elevado dos dois
autores em foco: Marlos Urquiza e o Diácono Edjasme Tavares, a quem
agradecemos a deferência já contando com suas participações em outras ocasiões.

Diretor Presidente

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Fiquei muito feliz quando recordei a minha infância quando vi Caldeirões que não via
faz uns 60 anos. Recordo que estive na casa do Sr. Paulo Tenório e do Sr. Tide Tenório,
pai da Dra. Joscelene, medica de uma grande capacidade profissional... Meu pai era
amigo e parente dos citados senhores.
Todas as crises passam, o que não podemos perder é a vontade de vencê-las...

Um afetuoso abraço...

Marlos Urquiza

----------------------------------------------------------
Respeitável Diretor Presidente da Cit Ltda
Caldeirões dos Guedes - Bom Conselho - PE

Sensibilizou-me bastante essa mensagem que, depois de uma longa esplanação, levou-
me, como se estivesse num sonho real dos meus tempos de jovem/adulto, voando sobre
meu admirável Caldeirões dos Guedes.
Distante, mais ou menos, 18 kms. da minha casa (cidade de Bom Conselho) estava
sempre ligado àquele segundo Distrito de nossa Comarca, devido a minha inesquecível
colega e amiga NICÉIAS TENORIO DE OLIVEIRA(nome de casada. Era casada com
meu velho amigo Amaury) e em solteira, quando logo lhe conheci, era NICÉIAS
TENORIO DE ALBUQUERQUE, titular do Cartório do Registro Civil daquela
comunidade. Eu, era cartorário na sede (Oficial do Registro Civil do primeiro Distrito
(sede) da Comarca de Bom Conselho, Pernambuco). Era uma criatura tão amiga de
minha família que era considerada membro da família. Por isso, andei muito por lá.
Muitas vezes era para instruí-la sobre a atividade profissional (notícias novas do
Tribunal de Justiça) outras vezes era passeio (canjicada, pamonhada, peru gordo, etc).

57
Minha presença por várias vezes, também, foi registrada na qualidade de acólito do Pe.
Alfredo (Pároco) que mensalmente
celebrava lá (vi a capela no seu
filme).
Certo dia, fui com meu amigo de
infância, concunhado, compadre e
confidente MARCOS QUIRINO
VILELA, a quem chamava,
familiarmente de Marcolino. Saimos
da cidade de bicleta. Imagine
Presidente, sair da cidade de Bom
Conselho até Caldeirões de bicleta
(o montão de ladeiras altas na
estrada)! Só a força da juventude
tem poderes para essas
imprudências. Contudo, foi muito
divertido. Também, como você
sabe, naquela época (outro montão) as cancelas que existiam. Na penúltima delas indo
para lá, era na fazenda/sítio do sr. Ursulino Pacheco, bom amigo, seus filhos eram
nossos colegas de Ginásio (o querido Ginásio São Geraldo). Ao transpormos a mesma,
pela manhãzinha, ele nos avistou do alpendre de seu casarão. Paramos,
cumprimentamos. Ele, conforme a tradição naquela época, não nos deixou passar sem
um cafèzinho. (nós com uma fome de lascar). Aceitamos o desafio porque estávamos
cansados da viagem. E o cafèzinho? E o diálogo na hora do cafèzinho? Foi o máximo!
Um mesa bem recheada de
alimentos: cuscus, macacheira,
tapioca, inhame, carnes, leite, café,
frutas, manteiga, queijos. É o que
me lembro agora. Quando "partimos
para avançar", foi outra coisa
interessante que nos chamou a
atenção: de tudo, o sr. Ursulino
Pacheco tinha uma explicação.
Quando pegávamos no prato do
cuscus, por exemplo, ele dizia: este
cuscus é da nossa roça, milho
plantado por nós lá na várzea
(vage); o leite, ao deslizar no nosso
bom pedaço de cusca, ele dizia: este
leite é da nossa vaca chamada... boa
de leite e dá ...tantos litros por dia; a macacheira e a batata doce, ele afirmava: essas
raizes arrancamos já hoje, bem cedinho, podem comer que merece confiança; lá vamos
nós partindo para a manteiga e os queijos (de coalho e manteiga), ele "em cima da
bucha", mostrava o armazém onde ele fabricava o queixo e a manteiga e dizia: fiz com

58
muito gosto e sei que é bem feito meu trabalho e as vacas são de qualidade. E assim por
diante. Depois, despedidas e seguimos para Caldeirões, casa de Nicéias a quem
devemos todo nosso carinho.
Chegado aqui em Garanhuns, deu-
se uma coincidência formidável.
Como Diácono da Igreja Católica,
tive a obrigação de me apresentar
ao sr. Bispo e em seguida ao
Pároco da Paróquia onde resido a
fim de prestar minha devida
colaboração e o dever de servir, e
logo depois, o Bispo e o Pároco,
pediram que escolhesse a
comunidade que deveria participar
(assim como o Padre tem sua
Paróquia o Diácono tem a sua
comunidade) e depois de visitar
quase sua totalidade, optei por uma
cujo coordenador e administrador
do centro de treinamento era o sr. Joaldi Tenório, filho legitimo de Caldeirões dos
Guedes, filho do sr. Paulo Tenório (Paulo Vigário), conheceu? E ele não se esquece
desse torrão. Pediu-me quando fosse por lá, ele desejaria ir para matar as saudades. Vou
levá-lo, sim.
Nas suas fotos, veja se descobre e aponte a casa de Tide Tenório, Paulo Vigário,
Nicéias, Jornes e outras lideranças! Lá pelos idos de 1963, Jornes Tenório foi vereador
comigo, representando essa comunidade.
Valeu sua reportagem. Parabéns.
Com a graça de Deus.

Diác. Edjasme

------------------ ------------------------------------

Adorei o vídeo sobre "Carderão dos Guede" - era como as pessoas mais simples
falavam quando era criança. Hoje eu só gosto assim, porque adoro o falar do povo, mas
admito e gosto do nome certo e do bom idioma falado e escrito.
Quanto ao "é de fazer chorar" é mesmo. Tive a sensação de que o progresso bateu a
porta de lá, mas as portas não foram abertas. Como ninguém abriu as portas, o
progresso se instalou em cima das casas, mesmo simpre, mas com sua PARABÓLICA.
Isso é "mara"!
Contudo, vi coisas lindas que precisava rever: o carro de boi com um cachorro mago em
cima, o bucolismo, o verde, a "casa rosada", contrastando com a buraqueira das ruas a
chão batido.
É de fazer chorar. Mas "toda araruta tem seu dia de mingau", enquanto isto, a CIT vai
Citando, CITando, CITando.

Carlos Sena

59
Bodas de Ouro e Festas Natalinas
Estive em Bom Conselho para cumprir uma obrigação social. Atender a um convite de
um amigo para assistir a suas Bodas de Ouro de casamento. Na frase anterior
escrevemos duas coisas estranhas. Primeiro, nunca é obrigação atender a um amigo, é
sempre um prazer, segundo uma festa de Bodas de Ouro de casamento. Antigamente,
completar 50 anos de casamento era difícil pela limitação na idade dos cônjuges.
Morria-se cedo. Hoje morre-se mais tarde, mas há muitos descasamentos. De qualquer
modo é difícil chegar lá, e por isso é estranho. O bom destas festas é ver quanto pode se
contruir em 50 anos. E como se “constrói” gente. Filhos, noras, genros, cunhados,
cunhadas, netos e de outros tipos. Eu ainda sou solteiro e portanto não posso pensar em
Bodas de Ouro de casamento, mas com minha idade ainda posso chegar lá aos 106 anos.
Embora, algum dia já me passou pela cabeça adotar o pseudônimo de Brás Cubas em
vez do que uso. Desisti pelas últimas palavras deste personagem magistral de Machade
de Assis, no romance homônimo: "...não conheci o casamento...Não tive filhos, não
transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria." Eu sou mais positivo.
Vou várias vezes a esta cidade, onde tenho muitos amigos. Todavia, numa festa assim
eles estão todos concentrados num pequeno espaço. Foram tantos com quem falei que
fatalmente, cometeria alguma injustiça ao citar alguns sem citar todos. Uns lembram de
nós outros não, e somos reapresentados. Não se lembra de mim? Eu me lembro de você.
Aquele carnaval onde dançamos o “pata-pata” com duas dose de rum no quengo! Ou,
lembra das estórias do papa-figo? Fulano ainda é vivo!? São tantas perguntas e
respostas que ficamos roucos. Como tocam alto estas orquestras. Temos que gritar todo
o tempo para nos fazer ouvir e cansar nossos tímpanos para ouvirmos os outros.
Lembram daquelas festas de vitrola onde todos conversavam sem gritos? Ah, que
saudade.
É óbvio que uma estada em Bom Conselho nunca se resume a uma festa, por melhor
que ela tenha sido, e esta foi das melhores. Mas, vejamos seu entorno. Ao chegar de
automóvel, vindo de Garanhuns, segui o curso que faço todas as vezes. Ao chegar ao
lado da prefeitura avistei algo assustador. Ao pé da ponte do Colégio um conjunto de
ferro retorcido jazia. Muitas idéias me vieram ao cérebro sobre aquilo. Um meteorito.
Um míssil. Um vulcão. Batidas de
vários automóveis envolvendo 31
veículos. Cheia no Papacacinha
trouxe estes dejetos para cima da
ponte. Alguém que vinha comigo
disse: É um Parque de Diversões.
Ali? Naquele local? Não pode ser.
Esperava encontrar parques de
diversão, é quase Natal. Mas, ali?
Não podia ser. Era.
Depois de me certificar da
veracidade da informação de que
aquilo era na verdade um Parque de
Diversões, e ter saudades dos
trivolis e das barcas, comecei a procurar uma forma de como chegaria ao centro da
cidade. Aquele era o meu caminho natural. Ponte do Colégio, Siqueira Campos, Sete de
Setembro e centro. Não havia placas sinalizadoras nem nenhuma indicação de como
pudesse fazer isto. Eu era de casa. E se fosse um turista? Será que nossa Prefeitura ainda
pensa que Bom Conselho não pode atrair turistas? Mesmo com problemas sérios de

60
infra-estrutura nesta área, eles, os turistas, existem, e, tenho certeza, serão cada vez em
maior número no futuro. Não deu tempo verificar se aquele estranho parque também
atrapalhava a entrada para o Colégio N. S. do Bom Conselho, uma das nossas grandes
atrações turísticas (quem viver verá). Se atrapalhar, é melhor colocar uma placa lá
naquele deslocado portal da entrada: Não aceitamos turistas. Se quiserem entrar, façam-
no por sua conta e risco.
Não podemos desprezar mais esta atividade. O turismo pode ser uma boa fonte de
renda, além das outras que crescerão com aumento do parque industrial, preservada a
sustentabilidade ambiental (física e cultural). No entanto, qualquer turista que passasse
pelo portal, em direção ao centro, como eu fiz, voltaria da prefeitura.
Isto me fez, depois de escolher vias diferentes, a inquirir as pessoas da cidade sobre a
causa daquela interdição de uma das vias mais movimentadas da cidade. Primeiro
disseram que a culpa era da Prefeitura. Claro. Se ela é o órgão público responsável pela
utilização do espaço urbano, ela será a principal culpada. Quando comecei a me
aprofundar sobre a culpa da prefeitura surgiu uma nova versão. Teria sido a Igreja ou o
padre que havia proibido o funcionamento do parque no centro, nas cercanias da Igreja
Matriz. Não indaguei sobre os motivos do pároco. Qualquer que tenham sido eles não
seriam justificativas para a prefeitura ter escolhido um local tão inadequado.
Dentro destas lucubrações, fui levado a uma estória antiga contada em Bom Conselho
que, mesmo diferente daquela citada anteriormente, tem como mesmo tema os atritos
entre autoridades públicas. Avisamos, no que vem a seguir qualquer semelhança com as
autoridades atuais será mera coincidência.
Certa feita chegou à cidade um delegado novo. Homem brabo e resolvedor de
problemas da lei e dos foras da lei. No Natal, como todos de minha idade sabem, havia
a “festa” cujas atividades eram exercidas no entorno da Igreja Matriz. Ao comércio já
existente, Sebastião Siqueira, passando por Zé Gordo, padaria de seu Vitinho, mercearia
de seu Marçal, bar de João Jararaca, indo ainda para venda de D. Etelvina, - não me
lembro se Ivan abria a Farmácia nas festas, mas sem os alto-falantes de João Prezideu
não passávamos, nem sem o picolés da sorveteria de Juarez, - repito, a este comércio
juntavam-se as barraquinhas onde se vendia de tudo, além daquelas fixas de Neco e seu
Belon, para quem não quisesse entrar na casa de D. Lila para ver o seu presépio
maravilhoso.
Mas, o que é importante para nós
aqui são as atividades de jogos de
azar que também invadiam a festa.
Roletas, jogo de dados (bozó), jogo
do jacaré (quase inocente mas de
azar, perdia quase todo meu
dinheiro tentando levar um perfume
horrível para casa, se o jacaré
parasse com a boca onde joguei),
caipira (jogo com dados de seis
números), e outros mais inocentes
como derruba latas, pescaria, etc.
Corria um bom dinheiro nestas
atividades. Elas animavam a festa, pelo menos para quem ganhava, que em 100% (cem
por cento) das vezes eram os donos dos artefatos da jogatina.
Num destes natais maravilhosos, o pároco da cidade decidiu proibir o jogo de azar na
festa. Os argumentos dele eram os normais para um bom católico aceitar e até para os
não católicos, porque o jogo de azar é proibido no Brasil desde 1946.

61
Os que não aceitavam isto eram os donos das roletas e aproximados. Procuraram o
delegado. Os argumentos também normais. Jogo quase inocente, animação para a festa,
anos anteriores na mais perfeita paz, pressão dos quase viciados para jogar, etc. O
delegado, resolveu procurar o padre para um diálogo franco e sério do poder de polícia
com o poder religioso. Ficou surpreso e cabisbaixo quando veio o sacristão (não me
lembro se era o Paulo), veio ao seu encontro e disse: O padre manda lhe dizer que, se
for a respeito da liberação do jogo, não há conversa possível. Ele espera que o senhor o
entenda por agir como protetor das festas religiosas e dos bons costumes da família de
Bom Conselho.
O delegado voltou e contou para os interessados na liberação do jogo seu quase diálogo
com o padre. Todos ficaram consternados e chateados. Um deles, mais esperto do que
os outros, disse: Mas logo agora que havíamos decidido dar uma boa contribuição para
a Igreja! Sem mais delongas, tendo entendido o sentido da frase o delegado partiu outra
vez para a casa paroquial.
Na porta, lá vem o sacristão outra vez. Antes que ele repita tudo o delegado diz: Quero
falar com o padre sobre a Igreja Matriz. O sacristão voltou, depois de alguns minutos
mandou o delegado entrar. Lá dentro conta-se que ouve o seguinte diálogo:

- Bom dia, padre, sua bênção.


- Deus te abençoe meu filho, o que o traz aqui fardado desta forma?
- A farda é do meu dia a dia padre, não a leve em conta. O motivo da minha presença é
trazer uma proposta das pessoas responsáveis pelo jogo de azar sobre as festas da
Sagrada Família.
- Caro delegado, eu o atendi porque o senhor mandou dizer que queria falar sobre a
Igreja e não sobre jogo de azar.
- Mas é sobre a Igreja mesmo padre. Eles estão dispostos a dar uma boa contribuição a
ela, depois das festas e estão contando com sua permissão para que o jogo possa
anima-los como tem feito, dentro da ordem, por muitos anos.
- Uma boa contribuição?
- É, padre.
- Assim a coisa muda de figura. Pois veja bem. Se não houvesse Igreja não haveria os
Santos, se não houvesse os Santos não havia festa e se não houvesse a festa não haveria
jogo. Então, é justíssimo que a Igreja receba alguma coisa deles. Comecem o jogo só
depois da novena, por favor.

Aquele parque de diversão, naquele local, sei não. Precisamos de um bom delegado.
Mas, o padre não é o mesmo.

Saudações Natalinas
Diretor Presidente - diretorpresidente@citltda.com

62
Bodas de Ouro e Festas Natalinas - Complemento
Alguns dias atrás enviei para os clientes da CIT o primeiro e-mail abaixo. Recebemos
várias respostas. Como é nossa política no momento, tentamos publicá-las, quando
houver relevância para o tema, em forma de complemento ao artigo. Óbvio que surgem
mensagens polêmicas, as quais discutimos internamente a oportunidade de publicá-las.
Depois de feito isto decidimos pela publicação, recebidas as devidas permissões. Neste
caso particular não houve mensagens só de um lado mas, uma espécie de diálogo entre
eu e o CARLOS SENA e eu e JOÃO NELSON, nos quais minha participação foi mais
de forma do que de conteúdo. Publicamos deste modo para tornar mais claras as
mensagens além de manter suas formas originais (sem edição nenhuma), resguardando a
responsabilidade de cada um. Agradeço a ambos conterrâneos a permissão para
publicação, e estamos a disposição deles e de todos para outras participações.
Diretor Presidente
----------------------------
Caros Bom Conselhenses,
Estive por estes dias em Bom Conselho e cometi algumas frases. Estão no link:
http://www.citltda.com/2008/12/bodas-de-ouro-e-festas-natalinas.html
Lucinha Peixoto pede para avisar sobre a enquete. Placar de hoje: Pedro de Lara 22,
Waldemar Gomes 14, são os mais votados. Restam 5 dias para o término da votação, e
temos 53 computadores votantes, o que superou todas as nossas expectativas. Votem e
Bom Conselho agradecerá o interesse.
Saudações Natalinas
Diretor Presidente (diretorpresidente@citltda.com)
--------------------------
(DIÁLOGO COM CARLOS SENA)

Meu presidente Citeiro:


Adorei suas considerações sobre sua ida a terrinha. Lembrei de uma passagem que a
gente saiu daqui, do Recife, para a festa de São Sbastião exatamente por conta do
"baile", tipo "encontro de brotos", sei lá que nome tinha. Pra nossa surpresa, Pe. Carício
suspendeu a festa e a gente ficou lambendo o dedo. Coisas dessa igreja cujo dirigente
maior vive preocupado se homem trepa com homem e mulher com mulher, esquecendo
que grande maioria de padres estão jogados à mingua, com AIDS nos hospitais.
Como vês, macaco não olha pro rabo. Claro que há excessões que justificam a regra,
mas é demais esse tipo de preocupação quando o mundo vive em plena barbárie, que
ainda chamam de violência. Em janeiro estarei na terrinha. Espero encontrar muitos,
mas já me vejo como vc: não me conhece? E quem é você? Mas a gente repagina a vida
e os amigos.
abraços
csena
------------
Caro Carlos Sena,
Obrigado pelo comentário, como sempre preciso e oportuno. Eu, nunca na história desta
empresa tinha visto tanta polêmica, quanto a decisão de publicar uma mensagem, que
foi a sua. Como você sabe, temos pessoas de todos os tipos aqui, católicos, evangélicos,
ateus e até budistas, ficando na religião. De qualquer maneira, temos um passo anterior
a nossas brigas internas que é perguntar a você se podemos publicar a mensagem, como
o fazemos sempre como um complemento do tópico. Sabemos que ela já foi publicada
no seu Blog, de uma forma mais extensa e clara, que gostamos muito. Mas sempre

63
perguntamos se o permite fazê-lo em nosso Blog. Como sempre diga permito, se
permitir, e não diga nada se for ao contrário e fique certos que, independente de nossa
decisão interna, admiramos seus comentarios. Um abraço
Diretor Presidente
--------------
Caros Citeiros:
Eu não quero estar vivo um só dia se o que eu penso não puder ser publicado.
Evidentemente que considero sempre as excessões que, neste caso, são muitas. Até
porque não se trata de fé, mas de igreja. Aliás, esta expressão "igreja" anda tão
carregada de outros significados que, quando a gente quer se referir a um grupo sectário
ou similalr, fala "alí, só entra quem for da "igrejinha". Mera coincidência? Talvez.
Se interessar a alguém eu sou denominadamente, católico. Mas adoro a expressão
"Cristão", pois ela me congrega. Nesse mister, Dom Helder foi perfeirto:conta-se que
uma porstituta, em Fortaleza, teria lhe procurado com a seguinte indagação: "Dom
Helder, sou prostituta e todos os anos, por não ter dinheiro pra dar um presente de natal,
"deito" com um detento da cadeia pública de graça, como forma de presente de natal. O
que o senhor acha"? Ele respondeu: "é a tua consciência que tem que te responder"! Se a
prostituta foi ou não deitar com o detento, não sei. Mas sei que houve sabedoria na
resposta, pois tudo depende de como a gente se constrói por dentro. Se nos construirmos
com base no respeito, na noção de que todos têm o direito de fazer tudo, desde que não
ponha em risco a integridade do outro, que mal ha nisto?
Às vezes me pergunto: se Deus, grandioso como é, nos deu um corpo harmônico e cheio
de funções definidas, como podemos bloquear o "tesão", ou a "Pulsão" na linguagem
psicanalítica? Passa alguém por você e você sente que mexeu contigo por dentro e até
chegou a excitação. A pessoa é solteira (só pra falicitar a construção), independente
financeiramente, cidadã honesta, pratica o bem e faz caridade, enfim, vive uma vida
digna. Se for uma "pulsão envolvendo HOMEM X MULHER, dez! Se for
"HOMEMXHOMEMXMULHERXMULHER, safadeza! Por que Deus, oniciente,
onipresente e outros "ente" não "cortou" esse sentimento pecaminoso na fonte? Não
seria mais fácil e ajudaria enormemente a vida das igrejas "donas da verdade"?
Não! Deus de fato é grande. Ele deixou as pessoas livres para saber quais seriam
aqueles, mesmos os que se dizem defensores das sua palavras, que teriam a grandeza de
conviver com os diferentes. Que mérito existe nas pessoas que não querem construir um
processo político novo de igreja? Repetir antigas lições do passado na lógica dos
"sepúlcros caiados"?
A igreja católica está precisando de pastores legítimos, que botem a mão na "massa";
que saiam dos palácios e vivenciem o evangelho no cotidianos dos mais necessitados,
sem aquela história ultrapassada de "teologia da libertação", mas uma teologia da razão,
tipo: quem tá passando fome quer comida e depois a salvação da alma. Agora, entender
que quem passa fome seja conformado porque na "outra vida" terá a bênção de Deus,
me poupe, pois contra fatos não existem argumentos. Aqui eu coloco também o papel
do Estado, pois não podemos entender essas instituições tão importantes se digladiando,
nem uma se metendo na outra. Mas pdem muito bem se darem as mãos em função dos
mais necessitados, ou não?
Pra finalizar esta resposta que virou uma enciCLICAR ( de clicar no mouse ), adianto
aos meus amigos que adoro a igreja católica e o seu ritual me omociona, mas uma coisa
não justifica a outra, principalmente essa postura entediante de alguns membros ( será
que posso falar em membros? ) se metendo onde não devem. Outro dia vi numa padaria
lá em Maranguape onde mamãe mora: "se banco não vende pão, padaria não empresta
dinheiro". Fazer o que?Obrigado pela oportunidade e podem cortar o que quiserem e

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publicar o que não aceitarem. Ninguém poderá deixar de saber que esta é uma opinião
particular e "priu"!
csena
-------------
(DIÁLOGO COM JOÃO NELSON)

Presidente, academia de quê? De letras? Jogo de azar, luta livre, luta de classes? Voto
na última.
----------
Votaria, tâ(o)mbém, no diretor presidente cit@citltda.com pelo ótimo comentário
BODAS DE OURO FESTAS NATALINAS. Que seria excelente caso tivesse
acrescentado a desordem no trânsito (veículos), a falta de sinalização a buraqueira que,
decerto, afastariam os turistas ou os fariam morrer antes do tempo: o complexo do
avestruz, se cabe aqui. Se houver tempo nomei a ACADEMIA. Se possível acrescetem
ACADEMIA LUTA DE CLASSES, ACADEMIA DE ESTUDOS POLÍTICOS,
ACADEMIA DA INÉRCIA, DA CORRUPÇÃO. Se, antecipo meu voto: LUTA DE
CLASSES. Vão em frente. Um abraço grande. JN
----------------
Caro JN,
Penso ser JN as iniciais de João Nelson. Peguei seu e-mail no saite de Bom Conselho. A
CIT queria colocá-la em sua lista desde um seu comentário no mural: "Saulo, Sinais da
existência de Deus - ótimo. Agora te pergunto: o que Deus fazia antes de criar o
mundo? Um abraço grande, João Nelson", e que tanto chamou a atenção do nosso
companheiro Cleómenes Oliveira. Ele me disse, será que temos mais uma ateu? O
Oliveira andou discutindo com outros no saite, sobre suas descrenças e encontrou outra
ateu: Milton Cavalcanti. Ai ele disse que tinha pelo menos um leitor entre os nascidos
nesta cidade católica, apostólica e romana que é a nossa. Será que terá dois leitores
agora? Ele estava escrevendo, mesmo atrasado "O Natal do Bom Ateu", não sei se
publicará ainda este ano ou no próximo. Ele gosta destes temas, Deus existe não existe,
Luta de Classes que classes, etc. E adorou o seu Chico de Juvita, que passa bem perto
do Macunaíma, com um pouco mais de caráter.
Quanto a enquete quem está á frente é Lucinha Peixoto, ela diz que já lhe viu, mas
conhece bem Balinho. Torcedora fanática do Pedro de Lara para amainar um pouco o
elitismo do emprendimento, o qual ela defende, também eu, não só de letras mas de
muitas coisas. Pela religiosidade dela certamente não concordará com os nomes
sugeridos por você, mas os incluirá numa próxima enquete se a atual for levada em
conta por nossa elite pensante. Vamos ver o que é que dar.
Desculpe, se usei o seu e-mail em vão. Mas, não nos processe. Se não estiver gostando
de recebê-los, basta um clique, apague-os.Outra coisa, nossa empresa mantém um
política de publicação de comentários no seu Blog que não é a tradicional (com aqueles
quadradinhos horrorosos), mas ela gostaria de publicar comentarios recebidos por e-
mail que tem importancia para nossos temas, como é o caso deste seu agora recebido,
com o qual concordamos quanto a buraqueira e o trânsito. Se você permitir sua
publicação basta responder este e-mail, dizendo: Permito. Se não permite, não diga
nada, e tenha certeza de que agradecemos da mesma forma os seus comentários.
Abraços.
Diretor Presidente.
----------
CARÍSSIMO PRESIDENTE.
Boa madrugada para BONS DIAS séculos à frente amem.

65
Quanto ao companheiro Cleómenes Oliveira, ele permitindo tratá-lo-ei (kakaka) como
camarada. Ora, sobre os nascidos nesta cidade católica, apostólica romana faço uma
obseração: a maioria não são católicos apostólicos romanos; são católicos, apostólicos
do IBGE, pra rimar. isto é, somente por ocasião do censo. Quanto ao Balinho, a Lucinha
Peixoto conhece a figura mais impoluta, sem jaça, incorrobuvel e esquipática do mundo.
Vou dizer pra ele da lembrança dela. Até encontrá-la vai passar anos sem dormir
(kakaka). Pelo uso em vão do e-mail foi apropriado e no lugar certo. Usem e abusem.
Processo é com os tempos de chumbo. Já era. Volto a questão: DEUS. SAULO
(PAULO), o apóstolo de Jesus Cristo, em sua Epístola aos Colossenses diz: (CRISTO,
DEUS) "Vigiai para que ninguém vos apanhe no laço da filosofia, esse vão embuste
fundado na tradição dos homens, nos elementos do mundo e não mais em Cristo. Pois
neste habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e vós vos achais plenamente
cumulados naquele que é o chefe de toda Autoridade e de seu poder". O que Deus fazia
antes de fazer o mundo encontramos a resposta em JOÃO, "Eu te glorifiquei sobre a
terra, conclui a obra que me deste para fazer. E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a
glória que eu tinha junto a ti antes que o mundo existisse. João, 17 4-5. Einstein elucida:
"A ciência sem a religião é imperfeita, a religião se a ciência é sega". Ora, presidente,
nossa visão holística do mundo faz-nos duvidar de tudo, menos da existência de Deus. E
continuemos duvidando, perguntando, questionando e descobrindo novos mundos,
novos horizontes. Neste modo de pesquisar/questionar e agir até uma criança faz ciência
e encontra Deus que está conosco. "Estarei contigo até o final dos tempos". A categoria
ou denominação ateu está para nós como uma abstração. É parte do nossos
fundamentalismos, farisaismos. "Creu ou não crer eis a questão". As idiossincrasias
ideológicas ficam por conta de ZEBEDEU. Chico de Juvita num dorme
pensando/sonhando com vcs fazendo mundo. Ele manda abraços e um cheiro pras
PEIXOTAS. JN
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Mais duas contribuições ao tópico, dos conterrâneos Gildo Povoas e Carlos Sena.
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Ilustre Diretor Presidente

Muito engrandecedor este tipo de "diálogo", criado entre estes dois escritores da nossa
terrinha. Parabéns ao Carlos Sena pela bela 'desconstrução" do ego do deus da salvação
criado pela maioria das religiões.
Espero que mais e mais opiniões sejam projetadas.
E a todos vcs da CIT parabéns pela coragem. Imprensa livre é isso , não só elogios, mas
clareza e amplidão de visão.
Abraços fraternos

Gildo Póvoas
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Citeiros:

Passeei no Blog e adorei o que li: minhas repostas ali, literalmente transcritas como eu
gosto. Parabéns pela ousadia do ousado escri(dor) que não acha graça em textos que,
embora dizendo o que sabemos, não acrescentam nada. Sei que tudo tem que ser
responsável, respeitando pessoas e instituições, mas neste viés, lembro de um jóvem
que, dentro de um ônibus lotado, deu a seguinte resposta a um ancião:
após sentir-se ofendido pelo "velho", o jovem respondeu a altura e na ponta lingua. Um

66
outro passageiro tomou as dores do "velho" e disse: "deveria pelos menos respeitar os
mais velhos." "Os canalhas também envelhecem, respondeu o jovem"... E tudo ficou
quieto por alí, pois a atitude do senhor fora totalmente desrespeitosa para com o jovem.
Portanto, respeito é fundamental. Coerência é regra, decência, nem sempre se observa!
Mas comigo não, violão.

Carlos Sena
---------------------------

67
Vamos aprender Brasileiro
Começo me apresentando. Sou José Andando de Costas. José porque nasci laçado.
Não foi em Bom Conselho mas vou me esmerar para conquistar o tão sonhado título de
Cidadão Honorário. Pelo menos foi o que prometi ao Diretor Presidente da CIT, em
minha entrevista para este honroso cargo de revisor das bobagens escritas em seu Blog.
Isto quando forem escritas em Português, em Inglês a tarefa pertence a Lucinha Peixoto.
Andando pela minha mãe, de ascendência espanhola, mas especificamente de Cuba,
onde a família Andando, no período recente, orientou Fidel Castro a deixar o poder,
com o lema, vá andando na frente que atrás vem gente. De Costas pelo meu pai.
Família importantíssima em Portugal, da região de Monsanto, onde há tanta pedra que
não foi preciso muito esforço para ele se adaptar ao agreste pernambucano, onde vivi
grande parte da minha vida.
Estudei línguas neolatinas, com especialização em português, língua com a qual lido,
algumas vezes como professor e outras como revisor. Esta última, minha tarefa atual na
CIT. No entanto, tenho uma teoria e prática da língua portuguesa, sobre sua importância
e seu uso, as quais não considero tradicionais. Talvez tenha sido por isso que hoje sou
um contratado desta empresa inovadora e de nobres objetivos pela qual comecei a
trabalhar recentemente.
Desculpem-me se for óbvio demais. Mas, para algumas pessoas, se não falarmos o
óbvio ululante, eles pedem para desenhar senão não entendem. Usamos a linguagem
para nos comunicar uns com os outros. Os monólogos são formas de expressão onde
tentamos, e muitas vezes não
conseguimos, nos comunicar com nós
mesmos, vamos deixá-los de lado. A
comunicação através da linguagem,
foneticamente, envolve o falar e o ouvir, o
escrever e o ler. Quando o que falamos ou
escrevemos não é entendido por quem
ouve ou lê a comunicação é inexistente.
Se esta situação se repete, se repete e se
repete, a língua morre. Um exemplo
simples. Quando o Brasil foi descoberto a
língua mais falada nele não era o
português. Não imagino, na história,
Pedro Álvares Cabral ter dito para uma
índia: Tu és uma rapariga mui fremosa!
Nem tampouco a índia responder:
Rapariga é a tua mãe. Não sei como este
diálogo poderia ter acontecido em Tupi,
nem tem importância aqui. Para o Tupi, língua falada na época do descobrimento,
existiram muitos estudos e até gramáticas foram escritas pelos jesuítas. Mas, hoje é uma
língua morta (com algumas exceções na Amazônia). Por que? Falta de comunicação em
Tupi dando vez á língua usurpadora que era o Português. Mas como isto pôde
acontecer, se cada um falava uma língua diferente. Por que não ficaram cada um com a
sua?
Isto ocorreu por um período de tempo. Entretanto, não pôde perdurar. Em alguns
setores, a própria sobrevivência dependia do aprendizado da outra língua. Aquele que
sobrevivia melhor vencia até na língua ou, vice-versa. Quando a índia do exemplo
acima, compreendeu o que Cabral queria dizer, já respondeu em português: Castrar!

68
Castrar! Se ela tivesse dito castrar em Tupi, mesmo falando errado para Cabral ir
entendendo aos poucos, talvez castrar hoje fosse: Apiaocar, que é parecido com castrar
em Tupi. Mas, deve ter surgido um índio professor de Tupi, já tendo decorado as regras
gramaticais, prosódia, fonética, ortoépia e outras coisas que aprendemos para ser
professor, e disse, você está falando erradamente, fale corretamente, diga apiaók. Nem
é preciso dizer que a índia preferiu dizer castrar, porque era mais difícil o gringo
entender o que ela falava corretamente. Talvez, se tivesse dito apiacar, apiacar, a
língua estaria morta de qualquer jeito, mas a influência do Tupi seria muito maior, e
assim ela sobreviveria noutra, como sói acontecer.
Nossa teoria é que o a língua inglesa, contemporaneamente, saiu na frente porque a
civilização que a fala e escreve teve e tem um peso enorme sobre nossa economia,
sociedade e cultura e o inverso ainda não é verdadeiro.
Voltemos a meados do século XX período em que vim ao mundo. O que tínhamos em
nosso país? Uma população quase rural, onde imperava o coronelismo, mulher não
votava, o homem mandava, não havia luz elétrica, a taxa de analfabetismo chegava a
50% da população adulta, uma carta demorava um mês ou mais entre o Oiapoque e o
Chuí, e era privilegiado quem tinha um rádio ou um relógio de pulso de corda. Estamos
no século XXI. Não preciso citar muitos fatos e dados para ver como são tantas as
diferenças. Fomos redescobertos, agora pelo mundo digital. Vivemos num mundo
globalizado onde da rapidez da informação depende a sobrevivência. A língua inglesa
começou e domina neste mundo novo. Queremos manter nossa língua portuguesa mas,
nossos filhos aprendem primeiro inglês para teclarem no computador com os colegas
coisas que não entendemos. Isto quando são de classe média e tem acesso ao
computador. Nas classes menos favorecidas, onde o computador próprio ainda é um
bem de luxo, usa-se as Lan Rauses
para aprender inglês e não
português. O que fazem? Jogam
video geimes. Que só acabam
quando aparece na tela Game Over
(gueime ôver). Em breve cessa a
comunicação entre nós, pais e
filhos, igual ao que aconteceu aos
índios no passado. Novos
professores, novas gramáticas,
novas regras para que o português
seja preservado, preservado para
quê? Para fazer o vestibular,
ofícios para repartições públicas e
concursos públicos. Então alguns proclamam: “A língua é, depois do território, o maior
patrimônio de um povo. Como é dever inalienável defender a integridade territorial, não
é menor obrigação preservar o idioma do país. (Waldênio Porto – DP – 12/12/2008). Se
posicionando contra a reforma ortográfica. Ora, ele frisou bem, depois do nosso
território, e perguntamos, qual território? O do sul do país invadido por empresas
estrangeiras ou o do norte invadido por ONG,s internacionais? Qual a língua falada
pelos habitantes da amazônia atualmente? Inglês ou Português?
Vamos supor que se consiga não fazer nenhuma reforma ortográfica, não se aceite
nenhum neologismo ou estrangeirismo, e tudo continue como antes. O que ocorrerá? A
língua portuguesa, que ai está, com tremas, acentos, cedilhas, hífens, que tanto se
chocam com os computadores, será desprezada pelas novas gerações, sendo estudada,
sem nenhum entusiasmo, somente para fazer vestibular, ofícios e concursos públicos. E,

69
assim sendo, tenho convicção, em breve só se falará inglês nesta terra, abençoada por
Deus e bonita por natureza. Se usarmos termos como saite, internetes, blogues, mauses
(em Portugal é rato, parece piada de português), imeio, deletar (já consta de alguns
dicionários de autores mais realistas), baites, gigabaites, pendraive, agadê, cepeú ou
similares, serão portugueses, pelo menos foneticamente, e poderemos sobreviver mais
tempo com nossa língua. Hoje já existe o Português Brasileiro e outros Portugueses, no
futuro nossa língua poderá ser o Brasileiro. Todavia se continuarmos com nossa
tradicional rejeição ao novo, brevemente falaremos inglês nas ruas e estudaremos
português nas escolas, para os fins citados anteriormente. Quem sabe, se acordarmos
para o óbvio, o Brasileiro, um dia não será uma língua falada em todo mundo? Para isto
temos que avançar econômica, tecnológica e culturalmente com todas as influências
sem xenofobia lingüísticas baratas. O Latim morreu há muito tempo mas, vive em
outras línguas, inclusive no Português. Se o Português morrer, viva o Brasileiro.
Disse acima que minhas teorias sobre a língua portuguesa, pelo menos ao usá-la não
eram muito tradicionais. Retificamos em parte, porque nossa atitude já estava prevista
pelos lingüistas (o trema foi o processador de texto que colocou por conta própria, se a
função de professor de português fosse esta, eu estaria desempregado há muito tempo)
que orientaram a inclusão de estrangeirismos e neologismos de uso corrente no Brasil
ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) de 1942, aprovado por
unanimidade pela Academia Brasileira de Letras. Apenas o que estamos propondo é a
inclusão deles pela absoluta necessidade de comunicação entre as pessoas. Deve-se se
ter uma maior agilidade na atualização deste vocabulário oficial, antes que esta
comunicação seja feita somente em Inglês, enquanto nas escolas se estuda o Português.
Portanto, nossa filosofia de trabalho resume-se em deixar as pessoas se expressarem
com o potencial que têm. Ajudemos àquelas que querem usar o português de uma forma
mais tradicional. Mas, não ajamos feitos cães raivosos contra aqueles que cometem
erros gramaticais, prosódicos, fonéticos, ortoépicos e outros triviais, e, no entanto, se
comunicam bem, e mantém nossa língua viva. Ao invés de nos preocuparmos em
pesquisar se o indivíduo é doutor ou não, mestre ou não, analfabeto ou não, para corrigi-
lo, antes disto, tentemos entender o que ele diz. Se entendermos não o sacrifiquemos
com cultura inútil.
Vamos encarar a realidade. Um pessoa que não terminou o curso primário é considerada
como analfabeto funcional pelo IBGE (menos de quatro anos de estudos completos). No
Brasil em 1992 a taxa de analfabetismo funcional era de 36,9%, melhorando em 2002
para 26%. No Nordeste estas taxas eram de 55,2% e 40,8%, respectivamente, entre a
população acima de 15 anos
(http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pes
quisas/educacao.html). Vamos ouvir
o que eles falam, vamos ler o que
eles escrevem. Se quiserem nossa
ajuda para se enquadrar dentro da
gramática, prosódia, ortoépia e
outros nomes feios, devemos estar à
disposição.. Senão, critiquemos o
que disserem ou deixarem de dizer
de forma clara mais não vamos
criticá-los quando disserem ou
escreverem que “os companheiro
precisam trabalharem para o Brasil
comer melhor, o povo tão com fome”. Sabemos que estes jamais passarão no vestibular,

70
nem escreverão um ofício, nem farão concurso público. Mas, com inteligência e
argúcia, poderão até contribuir com a Reforma Ortográfica e falar à Academia
Brasileira de Letras começando a vislumbrar nossa língua num futuro bem próximo: O
Brasileiro. Um deles conseguiu e lançou recentemente um neologismo: Sifu, que
brevemente estará no Volp ou Volb (Vocabulário Ortográfico da Língua Brasileira -
Ver foto).
Poucos dias atrás Luis Fernando Veríssimo escrevia se sentindo culpado por nunca ter
usado o trema. Diz ele, quando começou a escrever para o público, continuou o
ignorando, deixava os trabalhos para os revisores, se eles quisessem botassem o trema.
Eu juro para todos neste momento, no meu trabalho como revisor da CIT, jamais
colocarei um trema em artigo de ninguém. E se alguém usá-lo eu não o tiro, pois tenho
certeza de que foi o processador de texto que colocou, e que ele desaparecerá com a
Reforma Ortográfica.
Conto uma estória ilustrativa do assunto. Num desfile de Sete de Setembro, em Bom
Conselho, o locutor que narrava a parada estudantil, vendo o povo invadir o local por
onde passariam as escolas, gritava: Polícia, polícia... o povo estão invadindo, o povo
estão invadindo! Eu estava perto de um colega, professor de português dos mais
conceituados da cidade. Então disse para ele: Por que você não corrige este locutor? Ele
com a calma que é peculiar aos bons professores de português, disse: Se ele falar correto
o povo não entende. Como eu aprendi naquele dia!
Resumindo e finalizando. O papel do revisor é melhorar a comunicação dentro dos
padrões lingüísticos de mais altos níveis. Mas, não os dele e sim dos de quem escreve
ou fala. Afinal de contas, se todos sempre seguissem os gramáticos, ainda estaríamos
falando Latim. Deixa o Brasil falar e escrever. Português nós já sabe. Queremos
aprender é Brasileiro.

José Andando de Costas - jad67@citltda.com


Revisor

71
Sonhei

Tive um sonho estapafúrdio. Pra mim. Para outros, seria legal paca. Sonhei que o jurista
Pontes de Miranda ainda era vivo. E havia botado fogo em tudo quanto havia na sua
biblioteca. Isto é, tudo que fora escrito em língua portuguesa. Obras e mais obras do
professor Pontes iriam de ponte abaixo. Sem contar as inúmeras coleções de autores
outros, que compunham a sua vasta biblioteca.

Por quê? - O professor Pontes de Miranda decidira morar em Quebrangulo, cidadezinha


das mais atrasadas(*) do Estado de Alagoas. E lá ele se dedicaria a ensinar inglês a
todos os habitantes daquela cidade.

(*) Com todo respeito e carinho por aquela gente injustiçada e vítima dos maus
políticos. Morei em Quebrangulo e ali tenho centenas de parentes.

Prosseguindo no meu sonho: sonhei que Waldênio Porto havia abandonado Recife.
Nem mais queria saber da Academia Pernambucana de Letras. E se mudara para
Caldeirão dos Guedes, onde iria ensinar inglês a toda aquela gente pacata.

Sonhei que o George Buche passara a presidência dos Estados Unidos da América do
Norte para Barack Obama e viera fixar residência em Nova Iguaçu, na baixada
fluminense. E a Margarete Tátixa havia vindo com o Buche. Mas a Tátixa iria morar no
Morro do Alemão, no Rio. Porque ela não encontrou o Morro do Inglês. Ambos, o
Buche e a táctica, iriam dar aulas de língua inglesa. Buche ensinaria a todos os
habitantes da baixada, até que não sobrasse um só sem dominar a língua inglesa. E a
Tátixa ficaria com toda a cidade do Rio de Janeiro.

Essa foi a parte mais chata do sonho. Logo o Buche e a Tátixa? Por que não a Britney
Spears e Buchetinha, a filha do Buche? Nesse ponto G (de gata), com a minha teimosia
em não aceitar o Buche e a Tátixa no Brasil, eu fazia inflamada argumentação oral para
trocar o Buche pela Britney e a Tátixa pela Buchetinha. Em vão. Vencia o mal. E
ficavam o Buche e a Tátixa, para minha tristeza.

O Buche e a Tátixa haviam trazido 69 aviões cargueiros, entupidos de teclados para


computadores - sem nenhum sinal gráfico -, para que os brasileiros se esquecessem logo
dos tremas, hifens e outros sinais da língua portuguesa, por demais inconvenientes.

Continuando o mesmo sonho: sonhei que o Evanildo Bechara, abandonara a Academia


Brasileira de Letras, a tudo renegando. E se mudara para Cornélio Procópio, no interior
do Paraná, a 440km de Curitiba, porque queria tão-somente ensinar inglês aos cornélios.

Além de ter de suportar mais uma das intromissões do Buche e da Tátixa - a de


teimarem em viver no Brasil -, a minha maior angústia era imaginar como todo esse
imenso contingente de brasileiros iria submeter-se a concursos vestibulares, sabendo-se
que centenas de faculdades estão com datas marcadas para seus exames, visto que
estamos no mês de janeiro.

E os que vão concluir defesas de teses, terminar dissertações ou elaborar seus relatórios?

72
Ter de refazer tudo isso, passando para o inglês! Com tempo tão curto para se modificar
tanta coisa, como iria ser isso possível?

Sem contar os milhares de inquéritos policiais já em andamento e com prazos exíguos


para a sua conclusão. Delegados de polícia, juízes togados e promotores de justiça
entraram em polvorosa. Porque, esses agentes, que devem fazer cumprir as leis, estavam
com seus inquéritos, sentenças e pareceres quase prontos. Todos haviam sido escritos
em língua portuguesa. E teriam de ser passados e repassados para a língua inglesa. Não
haveria tempo, porquanto muitas dessas peças continham cerca de 400 ou mais páginas.

A menor das peças era uma sentença de 112 páginas, do juiz Fausto de Sanctis, que
condenava o banqueiro coroinha, Daniel Dantas, a 108 anos de reclusão, por haver este
tentado subornar um delegado da polícia federal. No meu confuso sonho (e que sonho!),
aquela sentença, mesmo em português, já havia sido publicada. O processo transitara
em julgado, porque a defesa do sacristão Daniel Dantas havia cochilado e perdido o
prazo para ingressar com recurso.

Com a decisão de refazer tudo, aquele julgamento ficaria sem efeito. Os advogados de
Dantas estavam rindo à-toa. E Dantas, então, nem se fala. Era só alegria. Defecando e
andando. Pois Dantas sabia que, com essa reviravolta, o recurso impetrado por seus
advogados iria cair justo no colo do Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal
Federal. E aí seriam favas contadas.

Nessa confusão toda eu tentava lembrar-me de uma grande comunidade que dominava a
língua inglesa de cabo a rabo. Sem tirar nem pôr. Se eu me lembrasse onde habitava
essa grande família, tudo estaria resolvido. Porque, em 72 horas (no máximo,
estourando, em oito dias), o português já era! Não o português dono do bar ali da rua ao
lado. Mas, a língua portuguesa. Essa coisa ultrapassada. E tudo que necessário fosse,
doravante, seria processado na língua inglesa, sem nenhuma dificuldade. Graças a
sapiência daquela grande comunidade, cujo nome e endereço ora me escapavam.

Foi quando lembrei-me do meu tempo na Associação Brasil Estados Unidos, crente de
que eu mesmo seria gente para tamanha tarefa. Qual o quê? De pronto, entendi que sou
um analfabeto de carteirinha. A única palavra que decorei, em todo o aprendizado, foi
yes! Mas o sotaque e a pronúncia são horríveis!

E quem disse que eu me lembrei da briosa comunidade, que fala, escreve e traduz o
inglês, como quem toma sorvete lá na esquina? Na minha cabeça, só vinha a lembrança
do novo acordo ortográfico da língua portuguesa, que entrara em vigor, mesmo
insipiente, no dia 1º de janeiro de 2009. Outra ingrisia para os meus miolos. O que fazer
com tanta coisa que se discutiu e se escreveu em torno desse acordo ortográfico?
Acordo esse que é uma grande besteira. Acordo que não tem acordo. Porque não unifica
nada nos oito países que falam e escrevem em língua portuguesa. E que passaram 22
anos debatendo o pretenso acordo. Para, ao final, ele só trazer mais confusão do que
solução. Ou melhor, trazer muita confusão e nenhuma solução.

Nisso fui acordando. Olhei em volta e vi os meus livros velhos, com as mesmas frases
em português. Alguns já rotos, mas com a mesma serventia. Avistei um com o nome de
Eça de Queirós na capa. Fui ver de perto. Tratava-se de O primo Basílio. Aí cismei: essa
de Queirós!!!

73
Mais adiante, um punhado de papel que havia imprimido antes de me deitar. Eram
alguns sonetos de Raul de Leôni. Todos em português. Sãos e salvos.

Aqui, chegamos ao ponto G (de Giménez), isto é, da Lucianta Gimenez. Entendi que
havia sonhado. E o quanto aquele sonho fora nebuloso. Dei de ombros, guardei os
sonetos de Raul de Leôni e voltei a dormir, tranqüilo que nem um anjo. Não quero mais
sonhar com essas baboseiras, NÃO.

José Fernandes Costa.

74
Sonhei – Complemento

O bom filho à casa torna, já dizia o brocardo popular. O senhor José Fernandes Costa,
homem das leis e das letras, nos envia um tópico para publicação. Todos estão de férias,
aqui na CIT. Sendo eu a mais recente aquisição desta empresa, fiquei responsável pelos
recebimentos de imeios, ou mensagens eletrônicas se preferirem, em nossa caixa
comum, e se possível, providenciar o que foi pedido. No tópico abaixo ele, José
Fernandes, nos permite, caso queiramos, publicar o seu tópico. De minha parte, caro
colega das artes linguístiscas, você será sempre bem-vindo ao nosso blogue. Não o
conhecia nem aos seus escritos, por isso ganhei um tempo muito bom ao ler o que você
publicou no saite de Bom Conselho e uma parte, pequeníssima, de sua biografia, o que
foi o bastante para ver sua intimidade com as palavras e frases no uso do português,
digo, língua portuguesa.
Confesso, sem intenção nenhuma de fazer crítica literária, que gostei mais de sua linha
poética do que a prosística. Para ser sucinto, diria que você é um proeta. Um simples
neologismo que mostra uma pessoa com as mesmas habilidades na prosa e na poesia e
que odeia qualquer “libertinagem escrotora e poetera.” (Adorei os neologismos na prosa
Passos do Português, que comecei a ler pensando ser uma receita de como se dançava
uma música do Roberto Leal, mas não era. Era um libelo bem organizado contra os
maus escritores da língua portuguesa. Bravo).
Além disso, nesta leitura descobri suas amizades e inimizades na empresa, o que não me
dizem respeito. Numa delas sou acusado de ser um apelido pela similaridade dos sons e
grafias dos nossos nomes. Confesso-lhe que acho o seu de sonoridade mais agradável.
Mas o meu não é apelido.
Depois deste intróito, um pouco longo por necessidade, passemos ao ponto chave.
Minha função aqui é de revisor dos textos publicados no Blog da CIT – o diretor
presidente ainda não está convencido de minhas propostas quanto à grafia de palavras
estrangeiras muito usadas – e , seria o que deveria fazer com o texto do José Fernandes
Costa. Claro que para entender melhor o que proporei deve-se ler meu artigo: Vamos
Aprender Brasileiro no linke: http://www.citltda.com/2008/12/vamos-aprender-
brasileiro.html e, claro, o de José Fernandes no linke:
http://www.citltda.com/2009/01/sonhei.html . Isto ajudaria muito na compreensão deste
texto.
Antes de entrar no artigo propriamente dito vale um comentário sobre uso que ele faz da
palavra blogue. Perfeito. Maravilhoso. Só falta constar do Volb (Vocabulário
Ortográfico da Língua Brasileira). Duvido que alguém não entenda sua frase nos dias de
hoje, com exceção dos analfabites (veja bem, “i” tem som de “i” e não de “ai”. Em
inglês “bite” pronuncia-se “baites”, em brasileiro “bites”), que infelizmente ainda são
muitos em nosso país. Imaginem, ainda temos um alto grau de analfabetismo, e qual o
grau de analfabitismo (Analfabite é aquele que não tem acesso às modernas tecnologias
da informação digital, por não poder, não querer ou mesmo por pensar que dar câncer).
Quanto ao título, Sonhei, eu sugeriria, pelo teor do sonho, um novo título: O Pesadelo
de Policarpo Quaresma. O Policarpo é um personagem criado por Lima Barreto (se
alguém daqueles que nos lêem, lerem pelo menos um pouco de Lima Barreto, já valeu a
pena o que escrevemos neste blogue) continuando, Policarpo, era o burocrata exemplar,
pragmático, vivendo uma rotina rigidamente determinada. Funcionário público, patriota
nacionalista extremado. O interesse primordial de sua vida era o Brasil. Por isso, seu
desejo ufanista de aprender tudo sobre a sua terra. Monta uma biblioteca tipicamente
brasiliana. Começa estudar violão, modinha, folclore, e deseja fazer com que o o tupi-
guarani seja a língua oficial do Brasil. Eu fico imaginando se ele tivesse o mesmo

75
sonho, ou pesadelo, que teve o José Fernandes. Certamente, ele teria um fim mais triste
do que aquele que teve. (Que fim? Leiam o livro, vale a pena).
Pensei muito no Policarpo quando propus, não voltar, mas, avançar para o Brasileiro
como língua oficial do Brasil. Talvez tenha um triste fim como ele teve, mas alguém
tem que acabar com o nosso Complexo de Vira-Lata. Porque ter medo de palavras
estrangeiras e de outras culturas pensando que ao usá-las estamos nos subestimando?
Muito ao contrário. É o não uso das boas influências que nos fazem patinar, em termos
de desenvolvimento, na rabeira de outras nações, este é o verdadeiro Complexo de Vira-
Lata. O Japão descobriu isto a duras penas. A China, A Índia, os países asiáticos, e nós?
Com medo de anglicismos, francesismos, e ficando no latinismo dentro da nossa
tradição bacharelista retrógrada, quando os europeus aprendem Japonês e Chinês. Um
dia, se diminuirmos nossa xenofobia lingüística e tradição
bacharelesca, eles é que irão querer aprender o Brasileiro.
Continuando nossa análise do sonho, tarefa que seria mais
bem executada por Pedro de Lara ou por Freud, diríamos ao
José Fernandes que, os nomes próprios de pessoas e lugares
não devem sofrer modificações. Eles devem continuar
sendo escritos como o são no idioma de origem: Bush,
Thatcher, etc. Da mesma forma que o trema, que Deus o
tenha, deve ser usada em nomes de origem estrangeira, e.g.,
Gisele Bündchen, Müller, etc. O pesadelo se tornaria mais
palatável grafológicamente. No entanto, como ele é
terminantemente contra a recente reforma ortográfica, os
efeitos do pesadelo podem ser muito diminuído com a
participação, durante o carnaval, no bloco criado
recentemente, parece-me que em Boa Viagem: Os Órfãos do Trema. Li o excelente
tópico do blogue do Carlos Sena sobre o trema, (ver linke:
http://ca.sena.zip.net/arch2009-01-01_2009-01-31.html#2009_01-05_10_29_45-
128348707-27 ) não sei se foi ele quem criou o Bloco mas deverá ser um dos
componentes.
Quanto aos outros aspectos do artigo, digo, quem sou eu para criticar o colega ao
escrever usando a língua
portuguesa. Seriam apenas
humildes comentários dentro da
nossa visão de como ela deve se
comportar em novas reformas que
fatalmente virão. E virão, porque
um país não é só formado por
linguistas ou professores de
português. Existem fatos políticos,
econômicos, sociais e culturais que
nos levam a sermos práticos, sem
os exageros do Policarpo
Quaresma, mas tentando preservar
a unidade do país aceitando o fato de que não estamos sós, e os outros, inclusive na
língua, também contam. Não é à-toa que Portugal foi quase unanimemente contra à
reforma. O status quo (não quero voltar para o Latim) lhe favorecia. Como diz o
angolano, favorável à reforma, José Eduardo Agualusa: “Portugal acha que a língua é
dos portugueses, isso quando eles foram colonizados pelos árabes, esquecendo ainda
que o centro, hoje, é o Brasil, com 95% dos falantes.” Mesmo admitindo que esta é uma

76
defesa política da reforma, isto não deixa de ser um fato importante para acreditar que
sonhar com o Brasileiro ou Língua Brasileira, pode ser um sonho bom e não um
pesadelo.
Outros acordos virão e nossos netos – ou bisnetos? – nos agradecerão. Isto é um
trabalho de muitas gerações. O angustiante, e ao mesmo tempo importante, aspecto do
sonho mau do José Fernandes é o fato de tudo acontecer de repente. Na pena (que
saudade), na tecla dele, pela sua capacidade de escrever corretamente, ele leva
imediatamente Pontes de Miranda para Quebrangulo e Waldênio Porto para Caldeirões
dos Guedes. Não sou o diretor presidente da CIT, mas posso assegurar que os dois
seriam bem-vindos ao nosso humilde escritório em Caldeirões, pois nesta época já
estaremos falando a Língua Brasileira, e os dois, mesmos já velhinhos ou em espírito,
terão a capacidade de aprendê-la. Outros aprenderam a escrever farmácia ao invés de
pharmacia, e terão muitas ideias com a mesma força das
idéias que tiveram antigamente com menor gasto de tinta, e
o mais importante, atingindo de uma forma mais eficiente
um número maior de leitores.
Quando chegarmos a esta época, também já teremos
capacidade tecnológica para exportar os nossos teclados
com os nossos acentos, se necessários, e nossos
processadores de textos, sem trema, aos quais outros países
terão que se adaptar. Todos estarão aprendendo brasileiro.
Quem não aprender não toma banho e pode até morrer de
sede. Para fazer os pedidos de compra de petróleo, vindos
do pré-sal, só aceitamos escritos em brasileiro. Os turistas
devem saber a língua para pedir um sorvete de pitanga, e
este será muito caro. Quando exportado, a forma de usar
será em brasileiro. Quem não aprenderá a língua brasileira
para tomar um sorvete de pitanga?
Isto leva tempo. Mas quanto mais cedo despertarmos para o mundo em que vivemos,
melhor. Não é evitando o contágio de outras línguas e culturas que salvaremos a nossa.
É o contágio, a interação com elas, com confiança e alta-estima que criaremos uma
língua e cultura fortes. Basta olhar para história.
Meus Deus, pensei no Triste Fim do Policarpo Quaresma, e me lembrei da epígrafe
que o autor usou, originalmente, em francês, e cito uma tradução dela, para terminar:

“O grande inconveniente da vida real e que a torna insuportável para o homem


superior é que, se para ela são transportados os princípios do ideal, as qualidades se
tornam defeitos, tanto que muito freqüentemente aquele homem superior realiza e
consegue bem menos do que aqueles movidos pelo egoísmo e pela rotina vulgar.”

José Andando de Costas

77
Sonhei – Complemento 2
Eis um diálogo que é um verdadeiro complemento para o tópico: Sonhei, apresentado
abaixo. O João Nelson me dá oportunidade, através dele, de divulgar o Lima Barreto,
muitas vezes só lembrado nos vestibulares para marcar a questão c) Representante do
pré-modernismo brasileiro. Agora todos tem a indicação das fontes do TRISTE FIM
DO POLICARPO QUARESMA. Leiam-no e se sintam em alguma cidade do agreste na
metado do século XX. Ele parece descrever as relações sociais de minha cidade.
Obrigado João Nelson, só você phode.
José Andando de Costas

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Meu caro José, de Costa Andando rodopio e vou de banda como carangueijo. E fuçando
na lama. Li, debruçei os queixos nas maõs, acordei, sorvi com o Barreto lima com pitú.
Saimos pras bandas do Caboje cantarolando a POLÍTICA DE CURUZU.

Quaresma, meu bem, Quaresma!


Quaresma do coração!
Deixa as batatas em paz.
Deixa em paz o feijão.

Jeito não tens para isso


Quaresma; meu coçumbi!
Volta a mania antiga
De redigir em tupi.

Caríssimo de Costa andando, brilhante o texto. Um abraço grande. João Nelson

------------------------------------

Caro João Nelson,

Já havia lido alguns escritos seus nos saites e blogues da vida. Por isso sinto um prazer
enorme em receber estes seus comentários, mesmo com os trocadilhos com meu nome,
o que já aguento desde criança dizendo que estando de costas olho para trás, mas
quando ando vou em frente, vejo dos dois lados, mas não convenço.
O importante de sua mensagem foi ter me levado a tentar reler o Policarpo do Lima
Barreto. Com os anos, muda prá lá, muda prá cá, não encontrei o livro. No entanto,
nestes tempos de internete tudo é mais fácil para nós privilegiados alfabitizados.
Encontrei a obra no seguinte endereço:

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000013.pdf

Não sei se é um boa edição, mas dar para sentir o Lima (e melhor com pitú). Confesso
que não me lembrava das quadrinhas que você citou e as revi. Me senti na pele do
próprio Quaresma, quando nos próximos dias olhar o principal jornal do nosso Curuzu,
digo Bom Conselho, O Municipio, digo, A Gazeta e encontrar o seguinte:

De Costas, meu bem, De Costas!

78
De Costas do coração!
Deixa as batatas em paz.
Deixa em paz o feijão.

Jeito não tens para isso


De Costas, seu encrenqueiro!
Esquece esta mania
De escrever em Brasileiro.

Assinado por algum Olho Vivo de nossa terrinha católica do IBGE (gostei desta). Não
sei qual será o meu fim, se será triste como o do Policarpo. Penso que não, ele andava
de frente e eu ando de costas. Não sou também de Curuzu, digo Bom Conselho, e me
esforço para não me meter em política, igual a Policarpo.
Tudo isto para lhe pedir permissão para publicar em nosso blogue esta nossa conversa e
o que você puder e quiser acrescentar a ela.
Abraços ou choro à moda Tupinambá

José Andando de Costas.

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José de Viés Andando,

Phodendo, publique até o impublicável pros de CURUZU (BC). Dado o descambalho,


necessitam e merecem a partir dos VELHO TOMÉ DE SOUZA e PÉ DE MESA, Jorge
Amado; FABIANO, Velho Graça; ao JUIZ DE IGARASSU, Gregório de Matos. O
Quaresma encontrado no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br, a edição é
ótima. Na Livraria Cultura, Cais da Alfândega, Reciflis Antigo, tem TRISTE FIM DE
POLICARPO QUARESMA. Texto integral, edição Martin Claret. Sobre a entrada
escrita pelo filólogo e historiador francês Ernest Renan:

"Le grand inconvénient de la vie réelle et ce qui la rend insupportable à l'homme


supérieur, c'est que, si l'on y transporte les principes de l'idéal, les qualités deviennent
des défauts, si bien que for souvent l'homme accompli y réussit moins bien que celui a
pour mobiles l'egoisme ou la routine vulgaire";

ou seja

"O grande inconveniente da vida real e o que a torna insuportável ao homem superior é
que, se para ela transportamos os princípios do ideal, as qualidades se tornam defeitos,
de tal modo que frequentemente o homem íntegro aí se sai menos bem que aquele que
tem por causa o egoísmo e a rotina vulgar".

Uma referência brilhante a vida do Lima Barreto, a nossa aqui dos quebras(angulos), à
sociedade do Rio de Janeiro do Lima Barreto e para nossa imaculada de CURUZU.
Manuscrite cabo a rabo.

Um abraço grande. JN

79
O NONO ENCONTRO
Eis aí o 9º encontro papacaça
É riso, é graça
São abraços amigos
Sem perigos.
Agora, os avisos:
Somente sorrisos
Alegrias, enfim
Tim-tim por tim-tim
Nada de cara amarrada
Qual é, moçada?
Pra que viemos?
Aqui veremos.
Em Bom Conselho
Nosso espelho
Nosso chão
Nossa educação,
Começou aqui
E saiu por aí
Por outras terras
Por mares e por serras.
O que fizemos?
Aqui estamos.
Viemos
Pra rever e nos rever.
Conhecer mais recantos
Homens, mulheres e santos
Tudo é possível
O ser humano deve ser flexível
É a nossa missão
De coração a coração.
Nossos pais, irmãos
Quantas bênçãos
Parentes e mais parentes
Todas as gentes.
Viemos, chegamos
E aqui nos encontramos
Mais uma vez
Neste mês de janeiro
Poderia ser o ano inteiro.
Rever nossas terras
Ladeiras e serras
Padroeiro, padroeira
Coisa séria e também brincadeira
São Sebastião
A todos, a nossa gratidão.
E voltaremos noutros anos
Em festa, sem enganos
Tudo pela saudade

80
Que nos invade
Os corações, com amor
À vida, demos louvor.
Porque estamos bem vivos
Pra que mais motivos?
Temos o ar e as estradas
Os irmãos, camaradas
Temos o céu bem ali
E o sol por aqui.
Ao longe, temos o mar
É só querer e mirar
O firmamento
A cada momento.
A vida, pra ser vivida
Seja volta ou seja ida
Tanto faz
Estejamos em paz
É noite, é dia
É poesia.
Venha se divertir
Cantar, rir
Brinque, dance
Converse, alcance
Seja companheiro
Verdadeiro
Boa praça
Seja papacaça.

José Fernandes Costa

81
Eu Tenho Um Sonho

Quando os constituintes de nossa mais recente república escreveram as magníficas


palavras da Constituição Cidadã de 1988, estavam assinando uma nota promissória de
que também todos os bom-conselhenses seriam herdeiros. Esta nota foi a promessa de
que todos os seres humanos teriam garantidos os inalienáveis direitos à vida, liberdade e
busca de felicidade.
Mas existe algo que preciso dizer à minha gente, que se encontra no cálido limiar que
leva ao templo da nossa Academia de Letras. No processo de consecução de nosso
legítimo lugar, precisamos não ser
culpados de atos errados. Não
procuremos satisfazer a nossa sede
de felicidade bebendo na taça da
amargura e do ódio. Precisamos
conduzir nossa luta, para sempre, no
alto plano da dignidade e da
disciplina. Precisamos não permitir
que nosso desejo gere violência.
Muitas vezes, precisamos elevar-nos
às majestosas alturas do encontro da
força física com a força da alma; e a
maravilhosa e nova combatividade
que engolfou a comunidade a favor
de sua criação não deve levar-nos à desconfiança de todas as pessoas que dela
discordam. Isto porque muitos de nossos irmãos discordantes, como ficou evidenciado
em sua presença no site de Bom Conselho e nos Encontro de Papacaceiros, vieram a
compreender que seu destino está ligado a nosso destino. E vieram a compreender que
suas metas estão inextricavelmente unidas à nossa. Não podemos caminhar sozinhos. E
quando caminhamos, precisamos assumir o compromisso de que sempre iremos adiante.
Não podemos voltar.

Digo-lhes hoje, meus amigos, embora nos defrontemos com as dificuldades de hoje e de
amanhã, que eu ainda tenho um sonho. E um sonho profundamente enraizado no sonho
bom-conselhense.
Eu tenho um sonho de que um dia, este município
se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus
princípios: "Achamos que estas verdades são
evidentes por elas mesmas, que todos os bom-
conselhenses são criados iguais e com direito a
almejar um lugar na Academia".
Eu tenho um sonho de que, um dia, nas verdes
colinas de nossa terra , os filhos de fazendeiros e os
filhos de seus empregados poderão sentar-se juntos à mesa da Academia.
Eu tenho um sonho de que, um dia, até mesmo empresas como a CIT, e seu blog, até
agora um antro de maus escritores, será transformada num paraíso de bons artistas, que
possam escrever com pretensões acadêmicas.
Eu tenho um sonho de que meus quatro filhos, um dia, poderão viver num município
onde não serão julgados pelos cargos que ocupam e sim pelo conteúdo de seu caráter,
com chances de serem acadêmicos.

82
Quando deixarmos soar as trombetas da educação, quando a deixarmos soar em cada
povoação e em cada lugarejo, em cada sítio e em cada casa, poderemos acelerar o
advento daquele dia em que todos os filhos de Bom Conselho, homens ricos e homens
pobres, religiosos e não religiosos, aqueles que veem o programa da Ana Luna e os que
não veem, os que leem o Blog da CIT e os que não leem, os que votaram em Judith e os
que não votaram, poderão dar-se as mãos e gritar com as palavras do Andarilho:
"Academia quae sera tamem".
----------------------------

Esta é uma paráfrase do grande discurso de Martin Luther King, Jr., de 28/08/63, em
Washington, na luta pela igualdade racial nos Estados Unidos. A tradução que usamos
para fazê-la está no endereço:

http://www.english-zone.com/holidays/mlk-dreamp.html

Fiz isto porque o debate sobre a Academia parece que parou. Onde estás Andarilho, que
não falas mais nisso?

(Este artigo foi enviado para publicação no mural de site de Bom Conselho desde a
indicação de Barack Obama como candidato do Partido Democrata nos EEUU. Por
alguns motivos, não foi possível a sua publicação. Ao relê-lo agora, dia de sua posse,
com algumas pequenas modificações, vi que ele era ainda atual. Resolvi pedir ao José
Andando que fizesse a revisão e o publicasse. Ainda estou de férias mas, louca para
voltar. Soube de babados fortíssimos do encontro de papacaceiros. )

Saudações Papacaceiras

Lucinha Peixoto
Coordenadora Administrativa

83
O 10º Encontro
Dias atrás, os colegas que participaram do 9º Encontro de Papaceiros, me deram um
endereço de uma página do Orkut onde havia uma carta de duas jovens, filhas do José
Quirino Filho. Li o que estava lá escrito com atenção e no final fiquei possessa. Aquela
missiva de extrema importância para Bom Conselho jazia lá num endereço difícil sem a
devida divulgação. Sou muito apegada aos filhos que defendem os pais. Certa feita
discordei de uma jovem, Tereza Tavares, que defendeu as ideias do seu pai, agora só
posso concordar com as filhas do Quirino, se o que elas dizem for verdade. Com este
“se”, falando com o nosso Diretor Presidente, este ofereceu nosso Blog para, se elas
quisessem, publicar qualquer coisa que esclaresse o episódio.
Hoje, ao entrar no saite de Bom
Conselho, estava lá o que as
meninas (desculpem pelo tratamento
carinhoso, é coisa de mãe) pediam
na carta: Uma relação dos
participantes e um resumo de ata, e,
além, disto fotos e mais fotos. Foi
um momento de prazer no meu
contínuo espanto com os fatos. Revi
Ivan, Walfrido (que cabelo lindo,
rapaz!), Ismênia, e, meu Deus,
Maria de Dona Lourdes Cardoso.
Não sei se eles lembram de mim,
mas me lembro de todos eles, dos
mais velhos é claro, e não cito outros porque sei que as conjecturas sobre idade, são
fatais. Voltando ao assunto, o que eu gostaria de saber é muito simples, e já sei a
resposta se as meninas contaram tudo direitinho na carta: O Quirino foi convidado para
esta reunião? Pelo menos na lista de presença e fotos não consta seu comparecimento.
Não o conheço pessoalmente mas pelas outras fotos onde aparece, daria para identificar.
Talvez tenha mandado um representante. Não sei.
Estes encontros de papacaceiros já pertencem ao calendário turístico e sentimental da
cidade e está se tornando uma festa,
cada dia, mais popular. Não se
incomodem aqueles que a propõem
incluir em algum calendário oficial.
Os políticos sabem quando isto deve
acontecer. Eles tem um olfato
bastante apurado.
Dizem que Deus escreve certo por
linhas tortas. O Andarilho, que na
maioria das vezes escreve torto por
linhas certas, desta vez escreveu
certo por linhas certas sugerindo
uma reunião deste tipo. Mas, ainda
admitindo que as filhas de Quirino
estejam corretas, ninguém, de bom senso, proporia deixar o Quirino de fora. Eu não sou
uma fiel frequentadora de todos os encontros, fui a alguns, mas como boa bom-
conselhense, os acompanhei por notícias, amigos e saites. Penso que desde seus
primeiros anos, ouvi falar do Quirino. Poderia até ser chamado o encontro do Quirino.

84
Como não ouvi-lo nas horas em que deve ser ouvido? Se a reunião foi uma tentativa de
ajudá-lo nos próximos encontros, como diz o saite, porque suas filhas escreveriam uma
carta, falando em processo, calúnia, difamação e golpes? Será que o Quirino não queria
ser ouvido? O fato é que, sem ele, esta reunião, independentemente do que foi discutido
e sugerido, foi um caso de paralasia infantil. Os seus pais não tiveram os cuidados de
vaciná-la no seu nascedouro. Porque isto é a volta de um vírus que ataca Bom Conselho
desde que eu era menina. O Cinema deu certo, pau no cinema. O Ginásio deu certo, pau
no ginásio. A praça deu certo, pau na praça. O encontro deu certo, pau no encontro.
De todos os relatos que li sobre o encontro (o do Andarilho não vale, porque, para ele,
mesmo não tendo participado, foi ótimo), todos fizeram ressalvas a alguns aspectos de
organização, mas sempre acentuaram momentos de alegria e contentamento da
população. O senhor Etiene Miranda, novo imortal do saite, chega até a ser mais
explícito quando escreve: “Mas, apesar de tudo de negativo que narrei aqui, o POVO de
Bom Conselho não desanima nunca. É um povo alegre que gosta de festas, a alegria
contagia a todos chega a lembrar os velhos tempos da "Turma do Funil" e, acima de
tudo, é hospitaleiro, haja visto, que os reclamantes da desorganização, na sua maioria,
foram os Papacaceiros visitantes.” Aí eu pergunto, este não será o segredo da
persistência, durante anos, deste encontro? Há alguma coisa mais chata do que uma
festa muito organizada? Vocês
viram o Barack Obama dançando
com sua bela mulher Michelle (é
duro admitir mas é verdade)? O
presidente desorganizou a festa ao
falar no ouvido da mulher. Foi
lindo. Turma do Funil com
organização? Caro Ivan, já pensou
se o criticassem por querer levar um
menino dentro do Funil? Eu vi.
Quanto aos visitantes, que eu
considero aqueles que não moram
lá, como o nosso Diretor Presidente,
que chegou reclamando horrores
porque o “tour rural” não passou em Caldeirões e ele, Oliveira e Jameson ficaram a ver
navios com sua mesa de bebidas na frente da CIT, adorou outras partes da festa. O
Oliveira ainda perguntou se os encontros eram uma festa exclusivamente católica. Se há
uma missa na programação, porque não um culto evangélico ou mais ecumênico? Os
ateus divertem-se de qualquer jeito, segundo ele, mas sem exageros, ele é um bom ateu,
toma cachaça como qualquer católico. Mas, criticou a organização do evento por isto
também. O caso que li de mais insólito de denúncias das falhas organizatícias foi o caso
do senhor Gildo Povoas. Foi realmente lastimável que tenha havido um desencontro do
público procurando as consultas que ele daria (e se o Gildo é um pediatra, pelo número
de crianças precisando de consultas, isto é mais grave) e não houve comunicação
adequada de qual o local, nem o local apropriado (o denunciante o senhor Pedro Ramos
não nos dar detalhes), para estas consultas. Isto foi sério, mesmo assim ele declara ter
curtido muito a seresta e outros momentos da festa. O mais importante do seu
depoimento foi ele declarar que é vegetariano e abstêmio, mesmo assim fruiu a festa até
altas horas. Para um encontro que tempos atrás foi chamado de Encontro dos
Pacachaceiros, isto foi um elogio e tanto.
Em suma, o que quero dizer é que entre mortos e feridos, todos se divertiram no 9º
Encontro. Todos devemos ao Quirino. O elefante está enorme mas andou, cantou,

85
serestou (o pessoal da CIT voltou encantado com José Povoas. Oliveira disse: Este está
com o fôlego em dia e sabe das notas). O problema é que o Encontro está tão grande
que cada um (como a estória dos cegos que definem um elefante) viu só uma parte.
Espero que alguns não tenham ido para sua traseira de propósito para fazer críticas
infundadas e gratuitas.
Diante de tudo isto, longe de superação ainda, estamos lançando uma nova enquete no
Blog, onde os participantes do encontro podem avalia-lo. O saite de Bom Conselho
poderia também fazer o mesmo. Vamos ver o resultado. Intuitivamente, como qualquer
mulher que se preza, digo: O 10º Encontro vai ser melhor do que o 9°, ajudem o Quirino
a fazer isto.
Em tempo, como não conheço o noivo de Ana Luna fiquei sem saber o sentido preciso
da sugestão da Reunião no resumo de ata publicado: “Faltou explorar o noivo de Ana
Luna”. Dependendo... Ana, cuidado!!!

Lucinha Peixoto
Coordenadora Administrativa

86
O 10º Encontro - Complemento
Os comentários dos conterrâneos Edjasme Tavares, Carlos Sena e Ana Luna (de
coração), numa forma de diálogo comigo, onde eu falo mais do que eles (desculpem,
todos já conhecem minha prolixia) são publicados como contribuição valiosa ao meu
artigo.

----------------------
Ana Luna

Lindo....lindo......é tão maravilhoso o que acontece na festa , que as mazelas não são
esquecidas mas amenizadas......bjussssssss
Ana Luna ...chegando de Pe e....lendo tudo .....observando....analizando....ah! amei o
texto da Lucinha, bem escrito, atenta e delicada.

Ana,

Recebi seu e-mail encaminhado pelo Zé Andando e mais uma vez lhe agradeço a
gentileza dos seus comentários. O encontro foi uma festa supimpa. Infelizmente não
pude ir. Só as notícias chegam, e as más chegam mais rápido. Mas enfim somos
humanos. Peço-lho perdão se, ao aproveitar uma má redação de uma boa intenção não
resisti em comentar sobre o seu noivo, numa forma carinhosa de humorismo. Peço
perdão a seu noivo também, embora sabendo que um "pão" daqueles (com todo o
respeito, o vi nas fotos) jamais deixaria de perdoar a esta pobre escriba. No próximo
encontro o exploraremos (no bom sentido) sim.Tudo isto é para pedir autorização (são
normas da empresa) para publicar o seu comentário e mais qualquer coisa que você
tenha a dizer. Basta dizer, permito. Se não permitir, não precisa responder, pois fique
certa que já nos proporcionou as devidas emoções. Obrigada e Abraços.

Lucinha Peixoto.

Querida sim, Lucinha!

Jamais pensei em você fazendo algo que me aborrecesse....ao contrário , adoro a forma
como se expressa. Comentei no site sobre a "exploração" do meu Portuga, como
carinhosamente o chamo, para explicar o porque da nota. Sempre que quiser publicar o
que escrevo, fique a vontade, não precisa pedir , eu sim, agradeço todas as vezes que
gentilmente vocês me citam. E.....olha, quem "explora" o noivo sou eu.....de carinho ,
atenção, afagos....hahahaha
beijos sinceros

Ana Luna

------------------------

Diácono Edjasme Tavares

Lucinha
Até que sua mensagem valeu, pois, botou o nosso juizo para funcionar, despertando
várias ideias, dando "regulagem" em uns e aplaudindo outros. Lamentei demais não

87
termos terminado o circuito rural. Tinha muito interesse em passar em Calodeirões,
pois, na minha juventude fui dezenas e dezenas de vezes por lá. Agora, ao tomar
conhecimento que o seu PRESIDENTE estava com a "barraca armada" para receber os
amigos, fiquei triste porque além de não ter ido com meu irmão Paulo Tavares visitar a
sua tenda em Caldeirões, não completei meu prazer e nem do meu estimado irmão. Tem
o velho costume, tradicional de nossa terra que diz "o coração pediu, o coração opinou,
o coração bem que me disse". Pois, aconteceu comigo, quando meu coração apitou: - vá
de carro, chame seu irmão e seus amigos; você não tem carro? - mas, aconteceu a
acomodação.
Querida (com todo respeito) Nicinha, nada a reclamar, já estamos mais próximos de
2010 para um novo encontro. Vamos juntos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Com a graça de Deus

Diác. Edjasme

Caro Edjasme,

Sempre é um prazer e uma honra receber um comentário seu às nossas mal traçadas
linhas. Entendi o porque de sua não passagem por Caldeirões, mas não faltará
oportunidade. O único problema foi, segundo o Diretor Presidente, controlar o pessoal
com a quantidade de álcool sobrante. Ele teve que levar o povo da localidade a cometer
o pecado, venial eu penso, de tomar umas pequenas doses. Às crianças, só refrigerantes.
Fizeram o seu encontro particular, e ficou conhecido como o 1º

Encontro de Caldeireiros. Espero


que no próximo ano possa realizar o 2º, agora com a sua presença e a minha.Tudo isto é
para lhe pedir permissão para publicar seus comentários como complemento do meu
artigo. Como sempre, basta dizer permito, ou pode escrever o que quiser a mais. Se não
permitir, fique certo que agradecemos do mesmo jeito. As emoções já foram sentidas,
agora só queremos que os outros as sintam.
Que Deus nos proteja, abraços

Lucinha Peixoto

Está permitido

Com a graça de Deus

Diác. Edjasme

88
-------------------------
Carlos Sena

Pois é, Lucinha. Estive lá e gostei. Só que gosto é meio como "C" cada um tem o seu.
Agora bom gosto é outra história que a gente pode filosofar. Considero-me de bom
gosto e, como gosto do bom senso, asseguro que gostei, pois é muito bom "fazer
cortesia com o chapéu dos outros". Quirino, bom ou ruim, fez a festa acontecer. Quem,
por acaso tenha algo a acrescentar, pois o faça. Claro que houve senões, mas tudo na
vida é processo, pois enquanto a festa não integrar o calendário turístico da cidade, via
prefeitura, será sempre assim. Pessoa ´física tem limites e fazer eventos requer norrau
(falo assim mesmo) e este é próprio dos profissionais de eventos o que não é o caso do
meu amigo Quirino, posto que seu labor é engenharia.
Juntemos todos e façamos melhor, se for assim.

csena

Caro Carlos,

O nosso colega Zé Andando adorou "norrau". A proposta dele de implantar o Brasileiro,


em vez do Português, no país passa por aí. Estou aqui para agradecer os seus
comentários. Cometerei a grosseria de discordar um pouquinho de você quando diz que
o labor de Quirino é engenharia. Eu penso que ele já é turismólogo pela experiência
adquirida no Encontro, embora isto seja só uma hipótese, não o conheço pessoalmente.
E, repito, os políticos estão despertando para festa, não se apoquente, ela breve estará no
Calendário. O nosso Diretor Presidente, ao ficar em Caldeirões esperando o "tour rural",
e deparar-se com a quantitade de bebida que sobrou, resolveu, junto com o povo, criar o
1º Encontro de Caldeireiros. Sendo a CIT uma pessoa jurídica espero o 2º no próximo
ano. Espero que você esteja lá e eu também.
Carlos, mesmo dentro das discordâncias, não desisti ainda de formar a nossa dupla
sertaneja. Como sempre ocorre, esta xaropada toda é para lhe pedir permissão para
publicar seus comentários (norma da empresa). Basta dizer permito, ou escrever o que
você quiser a mais. Se não permitir fique certo que adorei os comentários. Abraços

Lucinha Peixoto.

pOIS É, LUCINHA. NÃO GOSTO MUITO DESSE EXAGERO DE INGLÊS QUE


INVADE NOSSA LINGUA. ADORO NORRAU E OUTROS QUE SEMPRE FALO.
AUTORIZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZO PUBLICAR
O MEU E-MAIL SOBRE A FESTA DOS PAPACACEIROS.
A DE CALDEIRÕES DOS GUEDES VAI FERVER, POIS CALDERÃO BOM NÃO
NEGA FOGO.

-----------------------
Depois de pronto este tópico recebemos um e-mail do nosso grande músico José Póvoas
que publicamos com os nossos sinceros agradecimentos. Devido a pressa em publicar
este tópico não pedimos autorização para publicá-la. Caro Póvoas se houver qualquer
problema, desculpe-nos, avise-nos e a retiraremos do ar. Muito obrigada.

José Póvoas

89
LUCINHA PEIXOTO, ME PERMITA TRATA-LA COMO AMIGA: GOSTEI MUITO
DO CONTEÚDO DESSA MENS, PRIMEIRO: MOSTRASSE UM Q.I. ALTO,
RELATANDO TODO EVENTO, SEM FERIR A OU B. PARABENS A VOCÊ, E A
TODOS DA CIT..MUITA GARRA;;;;

---------------------

Lucinha Peixoto
Coordenadora Administrativa

90
PESSOAS
" Para Ana Luna,
pelo encontro e pelo
encanto desta festa ! " 18/01/2009

Assim, Carlos Sena entra em cena para um encontro inesquecível de amizade, sorrisos,
risos, alma! Assim ele lançou seu livro que roubo o nome nesse artigo ,não me
importando se existe um CPF em nossas vidas e sim
vidas em nossos CPFs..........assim também, outros
entraram em minha vida da forma mais bonita que
existe, com sinceridade.....sem esquecer , e como?
Dos que já moram aqui dentro do peito. Foram
chegando , na praça, devagar e os abraços apertados,
as efusões de carinhos gritando bem alto!
A festa foi boa sim. Também , como não ser? No
rosto de cada um estampava a beleza do momento.
Em cada olhar , aperto de mão , abraço ou
simplesmente um cumprimento gentil, o sucesso do encontro. Comovente , porque
envolve muita emoção. Ver Pedro e Póvoas tocando seus instrumentos como a tocar a
festa....é gratificante! Assim como rever parentes e amigos......chegar a Bom Conselho é
sempre reconfortante, já disse em outras ocasiões....rever a terra adorada por meus pais ,
é torná-la minha também. É minha. Sem dúvida ! Subir a serra e olhar lá de ciiima com
olhos que já fizeram anos alí.....quantas emoções vividas , que paisagem tão familiar,
que saudade de tudo! Do abrigo do lar.
Li as notas , e-mails , falas , sobre o encontro. Todos têm razão. A festa melhorou muito
desde a primeira que fui. São quatro anos! Mas.....há muito a melhorar ainda ,
indiscutível! Li algumas notas agressivas e creio que não
precisamos agir assim. Sem ataques nem intenções de Madre
Paulina ou Calcutá.....foi boa sim MAS precisa melhorar. É
fato. E isso se faz com calma. A cidade precisa também dar
condições para essa melhoria: bom clube, banheiros
químicos na praça ....chega de correr pra casa da
tia.........boas lanchonetes....aos poucos, a organização
acrescentando algo aqui , algo acolá e a Festa dos
Papacaceiros Ausentes , não é assim o título? Ficará tão
presente que será presente no calendário oficial. Seja ou não,
o que importa são as PESSOAS.
Pessoas tem sentimento , emoção. Vamos cuidar sempre
para sermos melhores. Como diz Carlos Sena,

" A palavra dita


Não basta apenas,
Além é o gesto,
o jeito,
o olhar ! "

Meu gesto.... agradecimento


Meu jeito...... franco
Meu olhar......diz tudo.

91
A festa foi um encanto !
Saio de cena.
boa semana
bjusssssssssssssss

Ana Luna

--------------
(*)As fotos foram retiradas do saite de Bom Conselho, que fez uma cobertura
fotográfica excelente do 9º Encontro. Aos autores (Alfredo Camboim, Niedja Camboim,
Saulo Bezerra, Priscilla Bezerra, Ana Luna, Gloria Fernandes, Camila Póvoas, José
Povoas e Rafaela Ramos) a CIT agradece e está pronta para pagar pelos seus direitos
autorais em sua moeda: $RE (Risos e Emoções). Contacte-nos:
diretorpresidente@citltda.com

92
Habemus Patrono
Desde o ano passado, por uma sugestão de um conterrâneo, tentamos usar as
tecnologias de informação para obter algum indício de como aferir a opinião dos bom-
conselhenses, sem se limitar a grupinhos, grupelhos ou grupões. Depois de tentativas e
erros chegamos ao formato de enquete. Opções são dadas ao público e eles escolhem,
no nosso caso, através dos computadores e internet as opções desejadas. Dizer que isto
leva à representatividade total de uma comunidade é forçar a barra. Isto nem o sistema
de urnas eletrônicas ou não, na base de uma pessoa um voto, consegue. Mas o sistema a
que chegamos, temos certeza, é mais representativo do que opiniões isoladas (inclusive
a nossa) ou de grupos específicos.
Nossa surpresa não foi o desempenho do sistema
de enquete já bastante difundido na mídia, mas sim
o número de pessoas que acorreram a ele, através
de seus computadores para externar sua opinião
sobre um nome.
No primeiro turno, tivemos 96 computadores
envolvidos. Conjecturando, se para cada voto de
um computador tivemos uma troca de opiniões de
4 pessoas de uma família, em média, tivemos a
participação de quase 400 pessoas. No segundo
turno, com 11 candidatos saindo do páreo, e não
sendo o voto obrigatório como na democracia
brasileira, ainda tivemos 47 computadores
participantes.
O resultado, no primeiro turno, foi realmente
inusitado. Um empate entre os candidatos Pedro de
Lara e Waldemar Gomes de Santana. Foi tão não
usual que pensamos em proclamar ambos vencedores. E realmente o foram (veja
resultado na foto). No entanto, como só deveremos ter uma Academia, deveríamos ter
somente um patrono. Abrimos as urnas de novo, agora com os mais votados.
Obviamente, não esperávamos tantos votantes mas, ainda tivemos um número
expressivo de computadores envolvidos. Produzindo o resultado apresentado na
segunda imagem.
A ninguém podemos esconder nossa preferência por Pedro de Lara manifestada muito
antes neste Blog e, confessamos, no primeiro turno, pedimos votos para ele de maneira
frenética, em particular, evitando o Blog para não sermos acusada de fazer boca de
urna. Para esta preferência já expliquei os motivos, sucintamente, a importância do
Pedro na divulgação do nome de Bom Conselho e a inclusão de uma pessoa do povo
num empreendimento que considero elitista. Quando houve o empate, com seu
Waldemar, meu professor de História, sério, competente, disciplinador, batalhador pela
causa da Educação em nosso município, ficamos mais feliz ainda. Se realmente o
conhecemos, ele pertencia a elite, mas não era elitista, e seu esforço pela educação fez
Bom Conselho aparecer através dos seus alunos e do Ginásio São Geraldo. Votamos em
Pedro de Lara mas aqui na CIT deu Waldemar. Mas o resultado está aí. Pedro de Lara é
o escolhido para Patrono.
Paramos em patrono para perguntar: Patrono de que? Nestes últimos tempos, o tema
“academia” desapareceu dos órgãos de informação da cidade, com exceção do nosso
Blog, porque havia a enquete, e em alguns sonhos do Zetinho. Parece até que, com o
sucesso da Academia Virtual Pedro de Lara, a Academia real além de sumir do

93
noticiário, sumiu dos corações e mentes dos bom-conselhenses. Talvez seja o que
possamos ter agora, uma Academia Virtual, e já
é muito. Mas, deveremos parar por aí? Temos
excelentes escritores e poetas de nossa terra, e
poderemos ter músicos, artesãos, cineastas,
escultores e tantas outras formas de arte e
tecnologia. Vamos dar imortalidade plena a eles
e não só a hoje existente “imortalidade virtual”.
Zetinho teve vários sonhos, o da votação se
realizou, e, agora, nós temos os nossos. Ver em
pleno funcionamento a Academia de Bom
Conselho – aguardem outra enquete para um
nome pois a primeira falhou por falta de tecnologia adequada – com sede, apoio da
sociedade, apoio do poder público, sem fantasmas, com ajuda dos meios eletrônicos
para sua viabilização e uma placa na porta, abaixo do nome da Academia, Patrono:
Pedro de Lara.
Será este nosso sonho grande demais, ambicioso demais, irreal demais? Será que
Alexandre Tenório estava certo em suas considerações sobre este assunto? Talvez, mas,
lembrem-se, a utopia nos ajuda a progredir, no entanto, com cetecismo e sem liderança
não há utopias. A falta de liderança leva ao “mesmismo” social. Escrevo de longe, e de
longe não tenho força para liderar um processo destes. Que falem os líderes da terra,
com a terra ou pela a terra, e, principalmente que morem na terra. Sem citar nomes,
seguindo o conselho de um sábio de nossa terra, o Di Tavares, “vamos aguardar que
apareça um espontaneamente, porque se convocar ou adular, ninguém sai do canto”.
No entanto, com ou sem Academia, temos convição de que ganhamos todos, filhos da
terra.
Por enquanto damos por encerrada nossa missão quanto ao patrono. Obrigada a todos
pela participação e apoio.

Lucinha Peixoto
Coordenadora Administrativa

94
10º Encontro Revisitado
Estive em Bom Conselho no 9º Encontro de Papacaceiros. Menos no segundo dia, dia
do “tour rural”, no qual fiquei esperando pela caravana em Caldeirões, na sede da CIT
com o Diretor Presidente, Jameson e Jefferson – nosso funcionário lá no escritório.
Quando eu era menino e adolescente, lembro que havia, em meu quarto um desses
azulejos, que são brancos, com uma frase, “Saber esperar é uma grande virtude”. Vi
isto durante muitos anos ao acordar e ao deitar. Não sei como me tornei alguém tão
impaciente. Fui o primeiro a dizer, depois de algumas horas de espera, eles não veem
mais.
O que fazer? – título de livro de Lênin, já elogiado e criticado mais do que o próprio
Encontro a que me refiro. Para entender melhor o que fizemos devo relatar alguns
acontecimentos desde o primeiro dia do Encontro.
Estava eu no Hotel Raízes, lotado, como fica nestas ocasiões, mostrando que os
papacaceiros de dentro tem bons lucros com os papacaceiros de fora, quando um amigo
disse: “Olha, vai haver uma entrevista na Rádio Papacaça com os papacaceiros.”
Pensei, será que eu, por não ter nascido em Bom Conselho, não sou considerado um
papacaceiro? Então, comprei uma camisa! Peguei meu carro e fui piorar ainda mais o
tráfego da cidade, normalmente, já um pouco caótico. Imaginei uma multidão em frente
à Radio Papapaça. Não havia. Os papacaceiros restringiam-se a algumas pessoas da
Colônia do Rio de Janeiro, seu regional e o José Arnaldo, cumprindo com brio, sua
profissão de político, dizem, um bom político. Outros, de outras plagas eram poucos,
como o Luiz Clério, Saulo e alguns de quem, me desculpem, não sei os nomes.
Alguém me fala novamente: “Eles ainda serão recebidos pela prefeita Judith Alapenha
na Prefeitura”. Foi aí que perguntei com aquele ar de ateu inocente: Mas só este grupo?
Com uma resposta afirmativa parti de volta para o meu Hotel, em cujo trajeto liguei o
rádio e o sintonizei na Rádio Papacaça onde José Povoas se sobressaia com seu Sax, o
que aconteceu outras vezes onde vi o Regional se apresentar.
O problema dos hotéis, ou dos seus quartos, é esgotar rapidamente o que temos para
fazer, e começarmos a pensar. E não achem que isto se aplica apenas a pequenos hotéis.
O problema é que, quando os hotéis são pequenos os pensamentos se agigantam. Cadê o
José Quirino? Será que ele já estará esperando lá na Prefeitura? Deve estar sim. Como
alguém que organizou toda a festa, não está lá, na linha de frente? Quirino foi? Agora,
muito tempo depois, não o encontro nas fotos do encontro da Prefeitura. Por que? Ah! O
fotógrafo não o quis captar. E porque só aquele grupo? Agora sei. Foi a Colônia
Papacaceira do Rio de Janeiro, cujos membros “resolveram conversar com ela (a
prefeita) tendo em vista que há muito não se viam e para intervir e pedir junto ao
governo solução para problemas que o município enfrenta de água nas torneiras. Após
colocar a conversa em dia, em um rápido encontro. A Colônia Papacaceira do Rio de
Janeiro convidou Judith para ir ao Rio de Janeiro e colocaram-se a disposição do
governo municipal. O Trio sacou instrumentos e tocou música para a ilustre
conterrânea, a música chamou a atenção dos funcionários da Prefeitura e a todos
contagiou por sua beleza e alegria.”(Fonte: Saite de Bom Conselho). Ou seja, eu fui
enganado desde o início por quem me disse que todas estas atividades envolveriam os
papacaceiros em geral. Como fui burro em acreditar no primeiro papacaceiro que passa.
Perdi o resto do primeiro dia. Bem feito!
Antes de viajar para Caldeirões, tenho um comentário a fazer. Não sei quem foi que deu
a ideia de colocar naquela camisa do Encontro uma representação da Virgem Maria.
Todos sabem sou um ateu convicto e praticante, mas sou um bom ateu e não critico a fé
daqueles que a tem, seja de qualquer crença, religião, credo, seita ou outra. Mas quando

95
olhava para a camisa que comprei, e que me dava a honra de me tornar um papacaceiro,
parecia estar vestindo uma bandeira de uma festa religiosa em minha cidade, que ficava
num mastro, no centro da praça. Compreendo que Bom Conselho é uma cidade de
maioria católica. Mas, esta camisa, além de não beneficiar em nada os verdadeiros
católicos, reforça a crença, esta errônea, de que na cidade não há outras religiões,
algumas até provenientes da católica, que gostariam e deveriam participar da festa.
Lucinha Peixoto já falou num artigo o que disse a ela sobre a missa na programação.
Repito aqui, porque não uma cerimônia mais ecumênica? Evangélicos, Muçulmanos,
Hindus, Budistas, Judeus, Espíritas, Umbandistas, Logosofistas (desculpe senhor
Marlos Urquisa, de quem leio todos os artigos, em não estar certo se a Logosofia é uma
religião ou não), outras, e até Ateus (porque não? Todos somos filhos de Deus, é o que
dizem). Além disto, isto pode incentivar uma espécie de Fundamentalismo Católico,
com o qual não concordo, mas que alguns poucos ainda teimam em divulgar. Vamos
ampliar a festa.
Finalmente em Caldeirões. Na janela esperando o cortejo festivo. Deu nove. Deu dez.
Deu onze. Deu três horas da tarde e nada. Retomo minha impaciência do início deste
escrito. Eles não veem mais. Ou virá
somente a Colônia Papacaceira do
Rio de Janeiro? Fui enganado outra
vez?
Enquanto remoia os pensamentos da
véspera os outros preparavam as
comidas e as bebidas que
ofereceríamos à comitiva. Nada de
comitiva. A resposta ao que fazer
foi dada pelo Jameson, quando na
porta do nosso escritório já estava se
formando um pequena multidão,
para os padrões populacionais da
localidade. Vamos fazer nossa
festa!!! Festa morta, festa posta. O Jefferson da Silva, jovem, farreiro e inteligente disse,
será o 1º Encontro de Caldeireiros. Quem poderia ser contra. Ao anunciar ao povo a
boa nova, naquele linguajar simples daquela boa gente, foi um alarido geral. Alguém
avisou ao senhor Jornes em sua casa, que mesmo dando apoio à festa não pôde
comparecer. Outras lideranças locais apareceram e, apesar do não planejado, a festa foi
um sucesso.
Isto não indica, como deu a entender a Lucinha, em artigo anterior, que, festa, quanto
menos planejada melhor. Já falei com ela sobre isto. Qualquer atividade humana sem
planejamento é fadada ao fracasso e à volta do método da tentativa e erro que já era
usado no tempo das cavernas ou nas paqueras das praças do interior. É óbvio que
coincidências acontecem e desta vez, a falta de planejamento deu um gostinho especial
à festa. Brincamos até à noite. Um cartão de Caldeirões by night, não venderia muito.
Quem sabe num próximo encontro. Jefferson disse que vai ser seu organizador. No
futuro poderá ser chamado o Quirino de Caldeirões.
No terceiro dia houve a feijoada. Nesta estavam todos, ou quase todos os papacaceiros.
Devo dizer que não conheço muitos. Não sou da cidade. Conheço apenas os que nela
habitam por força de meu emprego na CIT. Fui apresentado a alguns mas, apresentações
de festa e no último dia não atam nem desatam. Bom mesmo foram as conversas
anônimas e com os jovens ou não tão jovens.

96
- Está gostando da festa?
- Tá massa!!! As músicas é que deveriam ser mais para jovens, ou pelo menos
mesclada... Só dar forrozão. Tou fora!!!
- Mas tem outros ritmos, não tem?
- Até agora não vi nada que preste.

- Está gostando da festa?


- Não muito, deveriam ter trazido a Super Ohara. Aquilo sim.
- Esta eu não conheço.
- Não conheces? Estás por fora, cara!!

E por aí vai. A festa tocando, o feijão passando pela garganta, conduzido pela cerveja
não estupidamente gelada, os casais dançando, as pessoas se encontrando e fazendo
aquele barulho que torna impossível qualquer conversa maior. E para mim terminando o
9º Encontro. Quando cheguei no Hotel o feijão resolveu sair de forma mais rápida e
desorganizada, e com dor.
Terminada a festa vem a quarta-feira. Hora de avaliá-la e avaliar suas conseqüências.
Houve falhas graves de organização e isto é dito por todos. Para o próximo encontro
deve-se planejar mais. Profissionalizar mais a festa. Isto não quer dizer, como dão a
entender alguns, que deva fatalmente ter o dedo do poder público. Muitas vezes isto
desorganiza mais ainda. O poder público deve se ater àquilo que é sua obrigação, prover
os bens públicos para realização da festa. Sua infra-estrutura básica. Para sua
organização, deve-se formar um equipe de bons profissionais e que entendam do
traçado. Isto pode muito bem ser feito sob a coordenação do José Quirino Filho, e aliás,
deve ser. Esta estória de formar comissão de organização, depois da festa, cheira a luta
pelo poder. Qualquer comissão de organização do 10º Encontro deve ser formada pelo
José Quirino, ou com sua concordância. Bem ou mal, com interesse ou sem interesse
(político, financeiro ou qualquer outro) ele vem organizando isto por muito tempo.
Vamos passar isto para outros? Para quem? Apresentem-se os candidatos para o 11º
Encontro, que tal uma eleição em janeiro de 2010? Todos votariam e seria uma forma
de avaliar a gestão anterior, como acontece normalmente nas democracias ocidentais.
Mas, uma comissão de organização agora, sem a concordância do José Quirino, para
gerir o próximo encontro, é querer cuspir no prato em que comemos a ótima feijoada.
Mesmo que ela tenha tido alguns efeitos adversos, estes não foram sentidos por todos.

Cleómenes Oliveira
Diretor de Operações

97
Acordo Ortográfico (1)
"No Brasil, escreve-se português com açúcar."
Eça de Queiroz.

Reportando-se ao acordo ortográfico que sentou praça em nossas praças, o Millôr


Fernandes diz que teme perder o chapéu, ops!, o circunflexo no Millôr. Eu lhe disse que
sossegue, porque o circunflexo é nosso. Depois me lembrei de que o circunflexo
também é de muitas outras línguas.

Vêem, antevêem, revêem, dêem, crêem, descrêem devem perder o circunflexo. Mas
vêm, intervêm, provêm, têm, mantêm, detêm não vão perdê-lo. Vão mantê-lo.

Porém, sempre há um porém. O Millôr tem outras indagações: se houve plebiscito nessa
história de acordo; se alguém ouviu um grande escritor ou algum dedicado professor de
português, dos tantos quanto existem por aí. Segundo o Millôr, só os velhinhos da ABL
daqui e de lá (Portugal) foram auscultados.

Mas eu ouvi alguns professores. E senti a preocupação deles com as dificuldades que
advirão para os seus alunos. Até porque a muitos professores, que não sejam tão
dedicados, faltam conhecimentos e sensibilidade para lidar com essa problemática. E
ninguém pensou como será a capacitação desses professores já meio capengas.

Pois precisam preparar-se para dizerem aos seus alunos que eles podem escrever das
duas maneiras - a de antes e a pós-acordo. E dizerem que nenhum professor, nem banca
nenhuma pode tirar ponto de aluno ou candidato que escreveu paranóia,
antiinflacionário, idéia, heróico, freqüente, argüir, vêem, crêem, auto-escola numa prova
ou concurso público. Que eles, os alunos e nós todos, temos quatro anos para nos
adaptar a essa barafunda.

E a confusão se vai instalar na cabeça de muitos: ao dizer que idéia, heróicos, Coréia,
paranóico não têm mais acento agudo, o professor tem que dizer por quê. Ao explicar
que papéis, heróis, anéis, carretéis, anzóis, caracóis vão manter seus acentinhos, também
precisa ele dizer por qual razão. Deixar claro que o acento só morreu para os ditongos
abertos das palavras paroxítonas. E está vivinho da silva para os das oxítonas.

Haja dúvidas por cima de dúvidas. Porque nós vamos continuar escrevendo em língua
portuguesa. E os alunos têm que escrever muito vida afora.

Agora mesmo o Instituto Rio Branco está abrindo inscrições para concurso de admissão
à carreira de diplomata. O concurso abrange quatro fases de provas. Quem lograr êxito
na primeira fase, que consta de várias matérias, vai para a segunda fase, somente de
língua portuguesa escrita, com caráter eliminatório e classificatório. Se passar, submete-
se às outras duas fases.

Pergunto: quem não quer melhorar de vida? Todos queremos, novos e velhotes. Mas,
para isso, é preciso saber escrever na língua-padrão. Do contrário, o Itamaraty dá-lhe
um pé-na-bunda.

98
Quem já tinha dificuldades com a língua, vai ficar pior. Então, dentro do Brasil, nenhum
ganho para nós. Só há ganhos para os comerciantes de livros didáticos, dicionários,
manuais de redação etc.

Assim, chamamos isso de grande acordo comercial. Se houver um pequeno ganho nas
relações internacionais, isso não justifica os gastos, que serão lançados na coluna de
prejuízos. Prejuízos para nós, pagantes de impostos. Não tenham dúvidas: sobrou pra
nós, os macaquinhos que votam e pagam impostos!

E se é certo que outros medalhões não foram consultados, também é certo que foram
muitas as viagens para seminários, congressos, conferências etc., para tratar dessa
minirreforma. As conversações começaram em 1986. Portanto, foram 22 anos de
proveitosas (para quem?) viagens e convescotes. E os países africanos, que falam o
português, quase nem foram ouvidos.

Pra que ouvir africanos? - Devem ter pensado os grandes reformadores. Ocorre que há
bons escritores nos países africanos de língua portuguesa.

Gastaram-se alguns milhões nessas idas e vindas. Mas os milhões já gastos com os
convescotes, não são nada, se comparados com os milhões e milhões que se vai começar
a gastar para reeditar tudo. O Ministério da Educação pode falar sobre o material escolar
que se deve importar, satisfazendo os editores, que são pouquíssimos, mas vão ganhar
muitíssimo, à custa desse acordo. Muito dinheiro nosso vai rolar por baixo e por cima
desse miniacordinho.

Portanto, os velhinhos de lá e de cá, obraram muito bem quando puseram o nome


acordo. Porque se trata de um acordo financeiro. Acordo comercial. E em acordo
comercial, ninguém se une. Apenas existem os ganhos financeiros. Cada qual defende
os seus. Ou seja, ninguém deixa o seu na reta. Depois, havendo civilidade (se é que há
civilidade entre comerciantes) - havendo civilidade, comemora-se o resultado com o
perdedor. E sai-se pra outra. Esse é o jogo das finanças!

O que se contém nesse esboço de acordo, que teve uma gestação de 22 anos, é um
fiasco. Veio mais para confundir do que para explicar. Isso não é teimosia, nem apego a
velhos costumes, nem radicalismo, nem saudosismo, nem conservadorismo. É
constatação!

Tenho encontrado esse texto em vários veículos de comunicação. Do "Estadão" ao


portal de internet "Corto cabelo e pinto". Muitos o reproduzem. No Corto cabelo e
pinto, há comentários de leitores. Alguns deles se viram contra o presidente Lula que
assinou o acordo. Dizem que o presidente da República é semi-analfabeto e, por isso, tal
aberração haveria de ter a sua chancela.

Apesar de dicionários registrarem semi-analfabeto, eu nem concordo com esse termo.


Porque ou você é alfabetizado, ou semi-alfabetizado ou é analfabeto. Mas, deixa pra lá.
O danado é que os que dão essas opiniões usam o português sinuoso e subnutrido.

Por essas e outras, resolvi dar os meus palpites sobre o acordo que se diz ortográfico e
que está aí na praça. Nunca vislumbrei nele mudanças para melhor. Também não
acredito que ele vá unir coisa nenhuma. Então, julguei-me no direito de me intrometer.

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Antes, porém, quero citar alguns pontos de vista de quem entende do assunto.

Leiam o que escreveu a respeito, Marcelino Freire, escritor e ganhador do Prêmio


Jabuti, pelo seu livro "Contos negreiros":

“Essa coisa é, repito, mais financeira. Não acredito que seja para melhorar. Nunca
acredito nisso. Em projeto para unificar. Eu quero desunificar a língua. Como
escritor, deixem que eu mesmo mexa nela. Requebre e rebole. Bote ou não bote
trema. Deixem que eu trema. Que eu junte ou não junte. Minha pátria é minha
língua. Logo, única. Viciada. Por que, ora, em vez disso, atenção e aviso: o pessoal
não se preocupa em banir o estrangeirismo excessivo pelas ruas e 'shoppings'? Pelos
edifícios. Xô, MacFish. Quero o peixe, o tubarão. Certo? Chega de 'all right', meu
irmão."

E o escritor angolano, Ondjaki, autor de "Os da minha rua", pensa do mesmo jeito de
Marcelino.

O escritor e jornalista português, João Pereira Coutinho, que tem excelente coluna no
jornal Folha de São Paulo, considera o acordo "um brutalíssimo erro". E notem que
Coutinho, nos seus artigos assinados, procura usar os vocábulos empregados na nossa
escrita e não os de uso em Portugal.

O professor e estudioso da nossa língua portuguesa, Pasquale Cipro Neto, disse:


"Estamos fazendo a reforma no susto." Pasquale ainda acredita nesse ensaio de reforma.
Mas nem deveria acreditar.

Os retoques finais desse acordo, saíram da luneta do renomado professor e acadêmico


da ABL, Evanildo Bechara. Na redação do miniacordo, há impropriedades de colocação
pronominal e redundâncias. Mas isso é de somenos. Não é a redação que está em
debate. É a essência do projeto; é o que ele poderia representar de avanço. Mas, não
houve avanço. Trocamos seis por meia dúzia.

Basta que o leitor atento veja a quantidade de observações e pendências que estão no
texto. São exceções que não vieram para confirmar a regra. Essas exceções vieram para
mostrar os desacertos.

Se ao menos houvessem escrito Chico em vez de Francisco, haveria um ganho: menos


letras no texto. Mas, do jeito que está posto, quem não sabia usar hífen, vai continuar
sem saber. Porque o hífen continua existindo. Apenas mudou de lugar. Ele não sumirá
das nossas penas, nem dos nossos teclados. Até o trema permanece nos nomes próprios,
de língua estrangeira, e seus derivados: Müller,mülleriano,Jünger,Bündchen.

Mas o trema praticamente nos abandonou. O hífen, teimoso que é, não nos vai
abandonar. E como ficam as mentes de quem mal acabou de se alfabetizar, ao deparar-
se com quente e frequente; com aquilo e arguir; com banquete e consequente? Como
pronunciar?

Os defensores do miniacordo dizem que o espanhol é falado por 400 milhões de pessoas
e tem escrita única. Matreiramente, esses defensores não dizem que dentro da Espanha
existem quatro idiomas: o castellano (oficial); o gallego; o catalán e o bascuense. São

100
idiomas com escritas diferentes. Não são dialetos.

Deixemos o espanhol, para nos ater às incongruências do pretenso acordo. Basta-nos


observar o emprego do hífen. Na forma anterior, pouca gente sabia usá-lo. Na forma
hoje pretendida, tornou-se o samba do crioulo doido: muitas palavras mantêm o hífen;
muitas outras das que o tinham, deixaram de tê-lo; e outras que não o tinham, adotaram-
no.

Ora, quem corta o trema / que diz onde está o fonema / e que dá o tom da pronúncia do
que é conseqüente / e mostra tudo quanto é quente. Por que manter o hífen em vice-
presidente?

É muita desordem num só pacote!

Exemplos de palavras que mantêm o hífen: ano-novo (o ano entrante: feliz ano-novo);
bom-dia, boa-tarde, bem-vindos, guarda-chuva, recém-nascido, recém-iniciado, pré-
histórico, pré-natal, pós-graduação, pós-acadêmico, pró-reitor, conta-gotas, azul-claro,
pró-empresários, cor-de-rosa, segunda-feira, sexta-feira, erva-doce, vice-rei, mal-me-
quer, sem-vergonha, sem-terras, além-fronteira etc.

Agora, cantem comigo:

Eu estava em Pernambuco / e um velho maluco me apareceu. Vinha com um acordo


enrolado, emaranhado e dizia: "Toma, que ele é teu."

Voltarei ao assunto. - José Fernandes Costa - jfc1937@yahoo.com.br

101
CHIADO DO CARRO DE BOI
Assim, sem mais delongas, aqui entre carros de última geração, lembrei que não ouvi
dessa vez o som triste do chiado do carro de boi......será que mataram todos os bois em
nome do progresso? Será que todos eles se modernizaram e são agora carros
silenciosos? Que coisa mais sem graça! Lembro das
idas ao sítio de tia Osana , nossa, que nome mais
moderno hoje, lembra
Obama....Osama....Osana.....bem, íamos eu, meus pais,
minha irmã e meu irmão mais novo. Lembro de olhar
pela janela dos fundos da casa, isso mesmo, aquelas
casas típicas dos sítios de Pernambuco e admirar a
imensa quantidade de pés de manga do
"quintal".Quintal? Era muita manga, lembro também
que minha mãe e minha irmã quase se perdiam de
tanto chupar as doces mangas.......voltavam com mãos e bocas amarelas...então me
pareciam sujas, hoje, de um colorido incrível, difícil de esquecer e que nenhum pintor
imitaria tal nuance......seria a cor da saudade?
Lembro da tarde caindo......uma mansidão que não tem explicação e....
lá longe, uma mancha e um gemido tão sofrido, tão agudo , que nem sei porque lembrei
dele agora. Ficava olhando aquele quadro como a saber que muitos anos depois ele
renasceria em minha mente! O carro se aproximava e
na frente um homem com uma vara? Um pedaço de
madeira? Um bambú? Vinha confiante, como a
comandar uma tropa! E o carro gemia e aquele chiado
entrava em meus ouvidos a marcar para sempre aquele
momento. Houve outros carros, muitos! E dessa vez
não os ouvi.........
Soube que os bois se acostumam tanto com o condutor,
que com um simples chamado dele, já se alinham para
serem encangados...a eterna parceria.....pesquisei um
pouco:

"O carro é composto por duas rodas, uma mesa de madeira e um eixo. As rodas são
feitas de madeira de boa qualidade, com um anel de ferro de forma circular nas
extremidades, para garantir maior resistência. Primitivamente, o carro não era ferrado e
as pessoas diziam que “o carro andava na madeira”. A grade possui cerca de três metros
de comprimento por um e meio de largura, com duas peças mais resistentes de cada lado
e uma terceira no meio, mais comprida, destinada a
atrelar o carro à canga, uma peça, também de
madeira, com mais ou menos um metro de
comprimento, contendo um corte anatômico para
assentar bem no pescoço do boi, sendo segura por
uma correia de couro chamada de brocha. A grade é
apoiada sobre um eixo. O ponto de apoio da grade
sobre o eixo são duas peças de madeira chamadas
cocão. O chiado ou cantiga característica do carro
de boi é produzido pelo atrito do cocão sobre o
eixo."

102
É isso mesmo....a cantiga..... esse é o nome certo ...a cantiga do carro de boi. Tenho uma
foto em algum lugar , em pé, feliz no carro de boi, em Calderões. Naquele tempo , o
chiado não era melancólico....nem triste. Era lindo! O chiado do carro de boi se mistura
a saudade e a beleza de tudo que vivi. Deus, me livre de no próximo encontro não
procurar um carro de boi.....e cantar êeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee boi!!!

boa semana
bjussssss Ana Luna - São Paulo

-------------------
(*) Fotos da CIT e uma de Gildo enviada por Ana Luna. Todos dos arredores de Bom
Conselho.

103
MEU CARUARU, CORRA, A VEZ É SUA!
De alguns anos para cá, vimos alimentando uma convicção absolutamente viável. Não
sabemos quanto aos demais leitores ou observadores essa convicção já chegou em si,
tão forte. Nosso Pernambuco, líder na região, famoso pelos seus filhos, forte pelo seu
patriotismo, não pode mais, de maneira alguma ter sua Capital (sede do Governo) onde
está. O progresso, as lideranças interioranas e o poder de comunicação social e
implantação industrial, já reclamam isso. Estamos na fase das mudanças. A civilização e
o comércio, já não suporta mais a absorção da nossa Capital onde se encontra.
Estruturalmente falando, está insuportável.
Será, ilustrados amigos e
conterrâneos, que a lição de Brasília
não satisfez? Até nisso, precisamos
mudar, tendo em vista, sua posição
estratégica para quaisquer fins, que
nos leva a tal providência.
Sabe quem está positivamente
pronto para receber essa inevitavel
mudança? É o MEU CARUARU.
Podem acreditar, todos aqueles
tradicionalistas, acomodados,
insensíveis ou coisa que o valha,
mais cedo ou mais tarde, irão ver
isso acontecer.
Esse sonho, desta oportunidade, abrindo os olhos das autoridades, já vem de muitos
anos como já dissemos no início. Hoje uma realidade que muita gente não quer aceitar,
mas vai acontecer. Por isso, começamos a tecer os fios da esperança com essas palavras
simples, sem tanta tecnologia, sem tanta ciência política, pois, nossos olhos enxergam
uma verdade nua e crua.
Estamos espantados com o progresso do MEU CARUARU. No comércio, na indústria,
na tecnologia, no ensino é uma coisa fantástica. MEU CARUARU, está forçando o
Governo Federal, o Governo Estadual e o Poder Judiciário a andar com ele, sinão o
povo e o seu crescimento vão
embora e eles ficam.
Observemos bem, se não é
verdade: no Poder Judiciário
(Justiça comum) veio o aumento de
Varas, prédio novo, bonito e
confortável. Veio a Justiça do
Trabalho, aumentando suas Varas.
Veio a Policia Federal, instalou-se
aqui e não vai durar muito tempo,
terá seu efetivo aumentado com
suas instalações modernamente
implantadas na nossa cidade e
maior número de Delegacias para
atender todo interior do Estado. MEU CARUARU é geográficamente o coração de
Pernambuco. As duplicações das estradas, Recife/Caruaru por Jarbas Vasconcelos.
Agora vem o jovem Eduardo Campos, Governador atual "taca" a estrada do jeans,

104
Caruaru/Toritama/Santa Cruz do Capibaribe, e apostamos "todas as fichas", no próximo
Governo sai Caruaru/Garanhuns. É isso ai, queridos amigos leitores.
Em turismo, nem se fala, MEU CARUARU, é raça, já está conhecido no mundo todo. É
grande fonte de atração até para empresários estrangeiros conhecer a verdadeira "Boa
Terra" que os nossos colonizadores já afirmavam.
No mundo dos remédios, já temos bons e famosos fabricantes, queremos dizer, indústria
ou laboratório. Os nomes ficam para os seus profissionais, o importante saber é que já
temos. Será que pecaríamos em dizer: raramente são levados pacientes para os hospitais
recifense; mas, que temos bons hospitais e casas de saúde, temos.
Agora, não é mais só a bonita e adequada letra/música de Onildo Almeida (nosso bom e
querido amigo), não. Além do que ele disse da feira, hoje é muito mais forte, é tudo
aquilo que dissemos acima, é somente para provar que MEU CARUARU tem condições
físicas, estratégicas e econômicas para absorver a Capital do Estado.
Vamos esperar qual o Governador e seus Deputados, "topam essa parada". Precisamos
de líderes para dá o ponta pé inicial,
o povo pernambucano aceita o
desafio.
Falamos em desafio, porque é de
nossa índole, lutar pela
independência, pela liberdade, pelo
progresso e pela segurança. Com
fortes e contundentes campanhas de
convencimento e hábeis
esclarecimentos, o agrestino, o
sertanejo,também,os irmãozinhos da
zona da mata, estariam a postos, por
uma só razão: ser mais fácil e mais
perto, mais cômodo e mais
econômico para eles no atendimento pelas autoridades que oferecem seus serviços bem
mais fácil àqueles menos providos de condições de locomoção, de finanças e de
oportunidade ao acesso as mesmas. Esperamos ser estimulados nessa ideia, nesse
projeto, nessa oportunidade, a fim de podermos voltar ao assunto, insistentemente, até
que o Poder Legislativo abrace a causa, junto com o Poder Executivo. Precisamos de
alguém que assanhe (no bom sentido) a causa.

Com a graça de Deus


Diác. Edjasme Tavares Lima
-----------------------
(*) A CIT publica este artigo porque concorda com o que ele pleiteia e, caso se realize,
Bom Conselho será um dos grandes beneficiados.

105
NOSSA MÃE
Adoro tomar vinho.Tinto. Seco. Uma taça ao dia, apenas.....Para o coração, para o
prazer, seja qual desculpa eu queira dar.......Hoje tomei na taça da minha mãe. Presente
de meu irmão, fiquei como lembrança.Como se disso precisasse....Ele trouxe para ela ,
se recordo bem,de Minas Gerais. É de estanho , retém o frio e é dos frades...
Ele sempre trazia algo para ela.TODOS nós,sempre
trazíamos um mimo, algo para ela. NOSSA MÃE.
Como o título do livro da Senhora Leandro Dupré, "
Éramos Seis".Um se desgarrou e voou em outubro de
2006 e ela, valente pernambucana, foi cuidar dele 04
meses depois. Seria muito ficar sem o seu
caçula,nosso pequeno.
Fiquei com ela por 08 meses em Bom Conselho.
Morei nas terras entre as serras , por 02 vezes: em 1965 por um ano, ano esse que me
deu tudo o que amo hoje nesse lugar, amigos , parentes , chão. E em 2007 por 08 meses.
Camaleoa, a readapdação foi fácil. Venham Calderões, Bom Conselho,
Cingapura,China, Estados Unidos....tudo igual !!! Mas o que conta é a essência. O ser.
Humanamente possível.
Dediquei a ela, minha mãe, cada momento desse período.Fiz comidinhas especiais,
levei, trouxe, pintei cabelo, joguei "RUMIKUB" e a fiz , sutilmente,
ganhar.....Conhecem esse jogo? Recomendo. Ela amava. Dancei para ela com a bengala
que se recusava usar....ou timidamente usava com meus incentivos....das terras de
papacaça como a caçadora tornou-se caça? Em que momento crescemos?
Ao menor desejo, uma ordem.O céu era perto.Peça , mãe , como mágica realizamos.Ela
mereceu.Contei com o apoio sincero, profundo , amigo , de meus irmãos.Sem eles, não
poderia ser fada. Contei com toda nossa família : São Paulo, Brasilia, Recife, Atibaia ,
Surubim, Caruarú...Com afeto , presença.
Lembrança.
Contei com a gente amiga de Bom Conselho: na
praça, no hospital,nas visitas...lá estavam eles,
sinceros, solícitos , carinhosos......Precisava
aferir a pressão? Era só telefonar. Rapidamente
chegava a providência. Remédio? Fisioterapia?
Milho verde?Pamonha? Manga? Tudo se provia.
Bolos deliciosos chegavam .....presenças , doces
palavras. Confie! Creia, em Deus!!!!
Tenho muito a agradecer. Tudo isso para dizer
que hoje faz 02 anos que a dona Josefa de Miranda Luna se foi... encontrou nosso pai ,
nosso irmão e hoje vivem felizes para sempre! Assim os sinto. O sentimento é um só:
GRATIDÃO. A mãe das virtudes.
"Obrigado, minha mãe, por tudo que sou. Obrigado , mãe, que se sacrificou.
Muito obrigado por me amar assim.
Obrigado pelos beijos e conselhos que me deu e a vida que você me ofereceu." beijos
dos seus filhos.
boa semana bjussssssss

Ana maria miranda Luna - São Paulo

106
Acordo ortográfico (1) - Complemento
Recebi do Diretor Presidente um artigo enviado pelo José Fernandes Costa
(http://www.citltda.com/2009/02/acordo-ortografico-1.html ). Antes de qualquer
escaramuça devo esclarecer que Diretor Presidente é o pseudônimo do nosso dirigente
maior, ou nosso diretor-presidente, por isso não tem o famigerado hífen. Confesso que
tenho minhas dúvidas se o hífen continua e se o próprio hífen mantém o acento ou não.
Dizem que é uma exceção das paroxítonas, mas no plural perde o acento. Já começo
concordando com o articulista que existe uma
certa confusão mas, temos quatro anos para
saná-la.
No artigo sobre a reforma ortográfica o José
Fernandes mostra ser um verdadeiro proeta.
Se antes arrasou na poesia, agora arrasou na
prosa. Muito bem escrito, o artigo. No entanto,
como se dizia no interior, não há bom sem
faias, mesmo que pequenas. Farei algumas
lucubrações sobre tópicos específicos com a
devida vênia dele.
Logo no início há uma constatação. O acordo
só vigorará plenamente em 2013. Até lá, além
de termos sido campeões de futebol
novamente, já deveremos estar em campanha
para que Lula volte ao poder e assine nova
reforma. Esta, a atual, já terá sido ensinada
normalmente, pelos professores que
ensinaram, antes dela, por que idéia tinha
acento, e estarão aptos a ensinar por que agora não tem mais. Os alunos que, por esta
época, queiram melhorar de vida fazendo o teste do Itamarati, “podes crer”, já estarão
com a nova língua portuguesa na ponta da língua (sem trocadilho). Os que hoje estão
reclamando que a reforma foi sómente um acordo comercial, hoje devem estar pensando
no custo de aprender coisas novas, no futuro próximo já terão verificado que estes não
eram tão grandes assim.
Concordo com o articulista quando diz que tudo isto gera muita confusão. Discordo
quando diz que isto não traz nenhum benefício. A simples ideia de unificação da língua
já é um benefício imenso para o nosso país e para aqueles países que não querem ter a
hegemonia dela como forma de manter privilégios ultrapassados, como é o caso de
Portugal, com seus históricos ranços colonialistas. Os outros benefícios virão como
consequência.
Por estas e outras dos portugueses é que radicalizamos e propomos que a próxima
reforma seja feita para implantar o Brasileiro. Como dizia o Eça de Queirós, tão bem
citado por José Fernandes, o Português com açúcar. De qualquer forma chegaremos lá.
Mas com estudo, ousadia, e a verve dos nossos linguistas, chegaremos mais cedo. A
reforma que está sendo implantada é muito modesta e restrita. Isto gera mais exceções
do que regras compreensíveis e claras. Já está na hora de nos libertarmos do jugo
português, novamente, agora na língua.
Talvez estejamos esperando (olha o nosso complexo de vira-lata aí, gente!) que os
linguistas americanos criem o Americano a partir do Inglês Americano. Aí aparecerão
os Juracis Magalhães da vida para justificar : ...o que é bom para os Estados Unidos é
bom para o Brasil. Aparecerão centenas de jovens professores pedindo bolsas para lá

107
estudarem e sorverem a experiência deles. E continuaremos na rabeira,
tecnologicamente, a eles pagando royaltes (Este já é uma palavra do Brasileiro, pois
agora temos o y. Em Inglês era royalties, economizamos uma letra). Partamos na frente.
Eliminamos o trema. Que Deus o tenha. Não mudamos nada na pronúncia, que é o guia
para a escrita e não o contrário. Aquele que pronunciar frequente como fre-quente, é
porque não fala nem ouve frequentemente. E este hífen, porque deve continuar?
Realmente a reforma foi muito tímida. Mas chegaremos lá. Sem hífen e sem acento, e
quem sabe com ideogramas como os chineses.
Se ainda não chegamos ao Brasileiro, o que nos resta é divulgar e ensinar a todos como
se escreve, com a Reforma. Hoje vejo em tudo que é jornal, saites, televisões,
comentários contra e a favor da reforma. Muitos incorrem no erro de criticá-la sem
mencionar que ela já foi aprovada em 29 de setembro de 2008 em decreto assinado pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Deste erro o José Fernandes está isento de culpa,
ele avisa que não se pode cobrá-la de ninguém, oficialmente, até dezembro de 2012.
Mas a reforma foi tão pequena que os meios de comunicação escritos, pelo menos os
mais lidos, já a adotaram. Até já nos mandaram imeios com o resumo desta reforma.
Agora me lembrei de como me ensinaram o catecismo. Nasci católico mas não posso
me considerar um verdadeiro praticante, todavia dar para lembrar, quando meu pai
perguntava: Quantos são os Mandamentos das Leis de Deus? Eu respondia na lata: Os
Mandamentos das Leis de Deus são dez mas, se encerram em dois: amar a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Agora pergunto, quantas coisas
mudaram na Reforma Ortográfica? Resposta: Foram umas vinte mas estas quase vinte
se encerram em três: O trema morreu, alguns acentos foram seqüestrados e o hífen nos
fez reféns do novo Volp (Vocabulário Ortográfico da Língua Português) que deve sair
em breve. Se isto não ocorrer logo alguns escritores mais conservadores invadirão a
Academia Brasileira de Letras e sequestrarão o Evanildo Bechara. Enquanto se espera
com calma use o saite desta instituição para tirar dúvidas: http://www.academia.org.br/,
no linque, ABL Responde ou no próprio Volp (que ainda não foi atualizado).
Vamos caminhando para a grande reforma, o Brasileiro: o Português com açúcar. Eça
ficará mais doce do que o Primo Basílio.

José Andando de Costas - Imeio: jad67@citltda.com


Revisor

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(*) Foto da internete. Uma barbearia em Portugal.

108
Encontros e Desencontros
Chega de avaliação dos encontros. Tal qual a Procissão do Encontro, que eu presenciei
algumas vezes na Matriz de Bom Conselho, onde havia um misto de tristeza pela perda
próxima e alegria pelo momento, o 9º Encontro, para mim foi feito de bons momentos.
Mesmo tendo ficado chateado pela espera em Caldeirões, transformei o limão em
limonada, e haja festa e alegria. Muitos descreveram e continuam descrevendo o evento,
penso que chegou a minha vez. Serei atemporal, pois a narração linear não condiz com a
própria festa.
Encontrei Zé Piulinha, quando o cumprimentei, pelo seu olhar, não me reconheceu,
talvez pelo fato de eu ser um pouco mais novo. Como
em todas outras situações
destas, eu não disse quem eu era. Guardei minha
felicidade em ver as pessoas só pra mim num ato de
egoismo, algumas vezes, e noutras num gesto de
altruísmo ao ver que tanto eu quanto elas sofreram
com o passar do tempo, pelo menos fisicamente. Vi
Marinho mas não o abordei. Como também não o fiz
com Beto Guerra com sua indefectível camisa vermelha e sua bela esposa. Tinha
prometido falar com ele, devido uma troca de e-mails no passado, sobre o futebol em
nossa terra. Como se dizia em nossa época, fiquei com vergonha, ainda sou muito
matuto. Conversei com Solinge.
De longe avistei Terezinha Miranda. Moramos na mesma rua. A casa de Dona
Mariazinha, sua mãe, era minha passagem obrigatória para o trabalho. Avistei outra
pessoa, que também morava nesta casa. Será que só o animal homem lembra do
passado? Será que um burro lembra o tempo em que ainda não levava carga? Acho que
não. Esta dádiva divina Deus deu só ao homem.
Houve uma época em que a casa de Dona Mariazinha virou mais do que um ponto de
passagem para mim. Se alguém me visse olhando para lá, pensaria que eu estava
olhando o paraíso. E estava. Principalmente, quando no
pequeno terraço, uma jovem ficava sentada numa cadeira
de balanço. Nunca me notou, nem mesmo as batidas do
meu coração que eram tão altas quanto o som do Paga-
Nada em dia de carnaval. Não importava. Falei com Zé
Carlos, que morava numa casa quase de frente, para me
deixar ficar ali no terraço esperando alguma coisa, só
como pretexto para olhar a jovem. Neste 9º encontro a vi
várias vezes, de longe. Mesma beleza, mesmo sorriso mas com os cabelos grisalhos,
lindos. Morri de vergonha por ter aplicado um acaju básico no meu. Mas, até hoje,
quando ouço: “Índia teus cabelos nos ombros caindo. Negros como a noite que não tem
luar...”, relembro aqueles momentos.
Encontrei Bastinho, nunca havíamos nos falado, mas eu o via em Bom Conselho. Hoje
qualquer pessoa menos avisada pensará que é um sósia do Roberto Carlos, se não o
próprio. Pela aparência, estava com os irmãos mais jovens, que não cheguei a conhecer.
Conheci Zé Oião, desculpe, Dr. José Tenório, o responsável por eu ainda ter alguns dos
dentes meus. Vi Daniel Brasileiro, que conheci menino, é mais novo do que eu. Nem
tentei falar com ele. Desde pequeno tinha pinta de doutor. Só poderia ser médico ou
prefeito. Foi os dois. Uma ótima pessoa.

109
Também vi Lourdinha Amaral. Apesar de morarmos na mesma rua, nunca nos falamos,
mas a vi várias vezes saindo de casa para o ginásio. O tempo só passou para seu esposo,
Zé Milton, do qual me lembro, além de suas crônicas sobre nossa cidade nos jornais,
dos nossos encontros no futebol, como jogador (talvez não chegasse a uma Seleção
Brasileira se continuasse no ramo) e como juiz, enérgico, raciocínio rápido, entendedor
das regras e muito mais (nesta carreira, se continuasse, certamente hoje estaria nos
quadros da FIFA). Vi Lourdinha e me lembrei de João Antônio, seu irmão, que não vi
no encontro. Conto um causo, desculpem, não resisto.
Certo dia, lá pelos anos 60, vinha do trabalho, e como
sempre tinha que passar pela Rua José do Amaral. Ao
chegar na frente da casa de seu Júlio Porqueiro (assim
chamado por comercializar, em todas as etapas de
produção, a carne de porco, e que carne, uma
verdadeira tentação para vegetarianos e adeptos de
algumas religiões), estava formada uma pequena roda
de pessoas, e no meio delas dois cachorros brigavam
feio. Pareciam uma bola de pelo cor de cachorro. Um mordia o outro e outro mordia, o
um, e rolavam no calçamento pra lá e pra cá. Logo mais um pouco para dentro da roda
de pessoas encontrava-se João Antônio que dizia gritando: “Para com isso Tupã. Para
com isso...” Do outro lado, Zé Cocó (funcionário de seu Júlio), com um cinto na mão
batia nos dois cachorros e gritava: “Para... fi da peste”, aos berros. Me explicaram
depois: a rixa entre Tupã (cachorro de João Antônio) e Darru (cachorro de seu Júlio) era
antiga. Não se sabe o motivo. Uns dizem que era mulher, digo, cadela. Outros dizem
que era devido a diferença de raças. Tupã era um cachorro grande raciado com Pastor
Alemão, enquanto Darru era um quase vira lata, raciado com Pitt Bull. Outros ainda
dizem que era um problema de classe social, Darru era mais pobre do que Tupã, e
resolveu distribuir renda na tapa, digo, na mordida. Penso que não foi nada disto. É
porque cachorro gosta mesmo de brigar, estar no sangue. Não existem as guerras?
Finalizando, os cachorro se separaram. Tupã saiu um pouco ferido e Darru saiu na dele.
João Antônio culpou o cinto de Zé Cocó pelos ferimentos de Tupã. No entanto, conta-se
que não registrou queixa.
Falei em Zé Carlos, acima, também não o vi no encontro. Trabalhamos juntos
recentemente na CIT. Agora diz que não quer mais nada com a vida. Está aposentado,
curtindo o neto. Segundo ele, dizer que ser avô é ser pai com açúcar, é só uma meia
verdade. Para a verdade ser completa tem que acrescentar a cachaça e o limão. Avô é
pai com caipirinha.
Foram tantos encontros e desencontros que peço desculpas por não ter citado todos com
quem falei. Quem sabem num número 2 da série eu fale desses outros amigos, ou não.
Por hoje já foi muito grande o prazer destas lembranças.

Jameson Pinheiro - E-mail: jamesonpinheiro@citltda.com


Analista de Sistemas
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(*) Fotos do saite de Bom Conselho e da internet.

110
A M O R etc.

Procuro os lábios. Imito os sábios. No amor. Sem nenhum favor.

A mão desce. Tudo estremece.

Os olhos se fecham. Corpos: que se mexam!

E nesse embalar. Sem nada mais importar

Nesses momentos, esquecem-se outros eventos

Acaso existam. Que o bem-bom e o doce tom, persistam.

Passando pelo lindo colo. De pólo a pólo

A mão esbarra na concha cheiínha. De amor. E calor.

Há bem pouco, tão calminha.

Porém, viva, impulsiva. À espera, que tal?

Do que é real. Não da quimera.

Do tudo que têm. Assim, vêm. E chegam mais carinhos

Nesses ninhos alucinantes. Circunstâncias e circunstantes

Entrâncias sem atenuantes. Reentrâncias abundantes.

Corpos que se dão, de coração. Amor carnal, que não admite rival

Como disse o poetinha, sem sair da linha: Vinícius - de Moraes

Com ou sem vícios, poeta mais e mais.

Suspiros, gemidos, beijos não contidos.

Enfim, extasiados, corpos suados.

Felizes, calam por instantes.

Os amantes, ficam abraçados, colados.

Pronunciam palavras puras, doçuras

E se afagam. Mas não se apagam.

111
E dormem. Agarradinhos, num só cantinho

Até que outras ondas se formem.

Acordam na madrugada, nova chamada

Do amor puro, bem maduro. E recomeçam-se as carícias

Delícias, intensas, densas, vibrantes

Estonteantes, até que enfim

Assim, assim, alcançam o previsto

Naquele doce e misto. Amor vivo, altivo, gostoso, carinhoso

Bulindo, explodindo. Descargas, na excitação. Coroam essa relação.

José Fernandes Costa - jfc1937@yahoo.com.br

112
Jovem atingido por bala perdida chora de tanto rir
A CIT existe há alguns anos. Assumimos sua direção há quase um. Além do seu
trabalho com sons e imagens, há pouco tempo, resolvemos atender o pleito de nossos
funcionários para se expressarem de outra forma: com palavras. Começamos no
valoroso saite de Bom Conselho, no seu mural, do qual sentimos saudade, e voltamos lá
de vez em quando. Resolvemos criar nosso próprio espaço: O Blog da CIT. Todos na
empresa gostaram e nem todos fora dela tiveram o mesmo sentimento. Dizer que uma
imagem vale mais do que mil palavras é subestimar o poder da palavra. Para o bem e
para o mal.
Durante o período em que estamos no ar (José Andando diria "onlaine"), recebemos
muitas mensagens, com elogios e críticas. Faz parte. No entanto, poucos dias atrás,
recebemos uma que nos chamou atenção pela importância que deu ao nosso trabalho.
Mas isto, outras mensagens já tinham feito. O que havia de novidade nesta?
Simplesmente, ela nos foi enviada por um jovem , pela idade. Já recebemos mensagens
de jovens de 80, 70, 60, 50, 40, 30 anos, mas achamos que este tenha menos anos de
idade do que todos os anteriores. Aqui na empresa foi uma alegria.
Não tinha outra coisa a fazer a não ser pedir permissão para publicar o nosso diálogo.
Aproveitamos para mostrar o que é a CIT, da forma como mostramos a outros de uma
maneira isolada. Todavia, o mais importante é que agora nossa responsabilidade
aumentou, pois o nosso interlocutor quer divulgar o nosso trabalho, principalmente,
com os jovens de sua idade. Não tenho a menor dúvida que ele conseguirá. Abaixo o
nosso diálogo, sem nenhum revisão, propositalmente, como se todos estivessem dele
participando como quando escrevemos as mensagens eletrônicas: apressados.

Diretor Presidente.

************************
************************

Fenomenal!

Fantásticas são as postagens no blog do CIT! É pena que só fui descobrir essa semana
que ele existia (perdoem-me a minha ignorância), mas agora me sirvo das postagens
antigas pra satisfazer a minha vontade de ler os textos, até que apareça algo novo, todos
os dias. Vocês estão de parabéns.
Perdoem-me a ignorância mais uma vez, mas por que o blog não é tão divulgado?
Descobri ao acaso em uma pesquisa no Google. Esse trabalho tem que ser conhecido
por todos os Bom Conselhenses!!! E o que é a CIT na verdade? Ainda não entendi essa
parte também!

Um cordial abraço
e parabéns mais uma vez pelo trabalho

Felipe Alapenha

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113
Caro Felipe,

Não o conheço, mas pelo o e-mail e pelo sobrenome deve ser de Bom Conselho. Em
primeiro lugar, agradeço os parabéns. A CIT vive disto. O "Fenomenal" causou
comoção de risos e emoções aqui na nossa modesta empresa. Abaixo transcrevemos um
e-mail enviada a alguém que tinha a mesma pergunta que você. O que é a CIT?. De vez
em quando alguém nos pergunta isto e é com prazer que o atualizamos. Espero que ele
seja esclarecedor para sua pergunta.
-------------
O que é CIT?

Algum tempo atrás eu tinha um e-mail pronto para explicar o que é CIT. Em termos de
sigla, hoje CIT é CIT, porque ninguém, ha muito tempo havia me perguntado isto. Um
dos primeiros a perguntar isto, mandou também um possível significado: Companhia
Inimiga do Trabalho. Fiquei chateado até ele me explicar porque havia chegado a ele.
É que via tanto os filmes da CIT que estava faltando ao trabalho. Por isso a CIT lançou
a campanha: Veja com Moderação. Outro, mais ousado, interpretou como: Coçando
Intensamente os Testículos. Enfim, eram tantos os significados que a Diretoria,
resolveu mudar os estatutos, e agora CIT é só CIT. Mais precisamente CIT Ltda. Muitas
pensam que as letras finais significam a figura jurídica de Companhia Limitada. Não é
isto. Elas são a abreviatura de Limitada porque, no início, nossa empresa era muito
limitadinha mesmo. Hoje, com sede em Caldeirões, e filiais no Recife e na Inglaterra
(Canterbury), não é mais tão limitada, mas o nome pegou.
Fora da sigla a CIT é uma empresa com fins lucrativos como qualquer outra dentro do
nosso capitalismo selvagem e socialismo besta. A única diferença é não receber em
moeda do país. Ela usa uma moeda própria: Risos e Emoções ($RE). Sua receita é
proveniente dos clientes que, ao consumirem ser produtos, se emocionem de alguma
forma (o riso vale mais, mas não tanto quanto chorar de tanto rir). Temos despesas
também e muitas. Hoje temos mais de 100 pessoas trabalhando para a empresa e
recebem nesta moeda. Muitas vezes usamos filmes dos outros e pagamos royalties na
mesma moeda. Não temos do que nos queixar neste ano de 2008. O nosso risômetro
contabilizou um lucro extraordinário nos mais de 20000 acessos a nossos produtos no
YouTube. Claro que houve indiferença, pela qual não recebemos nada, e até críticas
ácidas que são receitas negativas, mas não foram o suficiente para nos abalar. Basta um
sorriso bonito e nossos lucros voltam a crescer.
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Escrevi o texto acima meses atrás, para responder a um pergunta similar a que você faz .
Tudo continua verdade exceto alguns números, por exemplo já temos quase 50.000
acessos aos nossos filmes no YouTube (http://www.youtube.com/citltda e
http://www.youtube.com/citlimitada) e já não temos mais de 100 pessoas trabalhando
para nós. A crise nos pegou em cheio no velho mundo e tivemos que restringir nossa
sede em Caldeirões dos Guedes a um simples escritório. Mas estamos trabalhando.
O Blog da CIT ( http://www.citltda.com/ ) nasceu de uma necessidade de expressão. O
ser humano tem isto. Quer falar, quer ser ouvido, quer participar e, nem sempre isto
pode ser feito com a linguagem que usávamos, e ainda usamos, de imagens e sons. A
palavra tinha que ser usada. Com a mudança de Diretor (eu assumi há um ano atrás,
mais ou menos) resolvi deixar que nossos funcionários e técnicos escrevessem para o
site de Bom Conselho. Por motivos que agora não vem ao caso, porque foram expostas
em postagens antigas do Blog, resolvemos ter um espaço nosso, dando ênfase a coisas

114
relativas a Bom Conselho (motivos: somos de lá, os nossos funcionários quase todos
são de lá, a empresa nasceu lá e tem sede lá).
Veio o problema da divulgação. Temos uma lista de e-mails que não é grande. Quando
lançamos uma postagem, avisamos por esta lista. Mas nem todos abrem. Não sabem o
que é CIT, nem me conhecem, Diretor Presidente, que é um pseudônimo de uma pessoa
de Bom Conselho, e que por um capricho (alguns dizem que é covardia, medo, etc,)
quero ter incógnito o meu nome. Então muitos pensam que é vírus neste tempo de
maldades. No entanto, o Blog está andando, já temos uns 20 acessos diários, já
lançamos enquetes bem sucedidas, etc. E contamos com pessoas como você, que
gostaram do Blog, para divulga-lo.
Não podemos satisfazer a todos. Deus tentou, mas Eva queria a maçã. Todavia o nosso
objetivo essencial ainda é provocar risos e emoções nas pessoas. Se há choro ou
emoções ruins por nossos escritos, é porque achamos que alguns, às vezes tem que
chorar. Podemos estar errados, e quando descobrimos choramos também. Mas, fique
certo, a CIT quer é que todos chorem de rir.
Meu Deus, olha o tamanho deste e-mail. Fui escrevendo e nem vi que você deve ser
uma pessoa ocupada. Mas, leia por etapas. Qualquer dúvida mais sobre a CIT,
pergunte...
----------
A partir de hoje você estará incluido na nossa lista. Espero que continue gostando do
nosso trabalho.

Saudações Cordiais
Diretor Presidente.
*******************
Só de ler sua resposta, já gastei toda a minha cota de $RE diária! Principalmente na
parte do "Veja com moderação" kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Mais uma vez, FENOMENAL! O mais fenomenal de tudo isso é a capacidade de vocês
escreverem um humor inteligente, diferenciado, misturando com coisas da nossa terra,
nossa Bom Conselho! Sou de lá sim, você acertou. Reparando bem no meu endereço de
correio eletrônico, o "F", como você já deve imaginar, é de Felipe. Já o "ALIRA"
corresponde à Alapenha de Lira. Sou o filho mais novo de Judith Alapenha e Dr. José
Alípio. Nascido e criado em Bom Conselho, papacaceiro com orgulho, que veio morar
no Recife pela necessidade de buscar um futuro melhor. Mas só por causa disso mesmo,
porque sempre que posso eu volto pra terrinha! E quando não, eu mato as saudades
pelas postagens de vocês e pelo excelente site do Saulo Bezerra.
E não se preocupe com meu tempo! Li todo o e-mail, porque pra mim é uma grande
diversão acompanhar o trabalho da CIT. Pode contar com esse cliente assíduo, porque
que gasta $RE com o blog e os vídeos da CIT tem muito a ganhar! É a única empresa,
mesmo entre tantas do capitalismo selvagem, que dá lucros prazerosos para o
consumidor.
Continuem esse trabalho, porque além do entretenimento, sem se dar conta vocês estão
resgatando e preservando a memória de nossa terrinha, e isso é muito importante!
Ah sim, gostaria de, se possível, visitar as instalações da empresa quando for à
Caldeirões, conhecer a equipe...

Um grande abraço a todos que fazem a empresa!


Do mais novo cliente da CIT

Felipe Alapenha

115
----------------
Só um detalhe: Vou começar a divulgar o blog no meu profile do orkut e no msn.
Também já estou indicando pros amigos. Não pode uma raridade dessas ficar restrita a
tão poucas pessoas!

Felipe Alapenha

*******************

Caro Felipe,

Mais uma vez a CIT agradece suas palavras gentis e até carinhosas com seu trabalho e
agradece também seu esforço de divulgação. O nosso risômetro disparou quando você
se identificou. Conheci seus pais de vista, nunca com eles falei pessoalmente. Sua mãe,
hoje, na posição que ocupa, temos que conhecer, afinal de contas devemos ter a quem
reclamar quando pagarmos nossos impostos. O IPTU em Caldeirões está escorchante.
Mas, não foi pelo seus pais em si que o risômetro disparou e sim, porque sendo seus
filhos, só pode ser um jovem.
Se um jovem gosta do que fazemos temos certeza de um futuro promissor. Não divulgo
a idade média dos que escrevem no Blog da CIT, porque a Lucinha Peixoto me mata.
Mas tentamos atingir os jovens. Quem sabe se os seus amigos, da mesma idade ou
similar também não se interesse pelo nosso trabalho?
O seu primeiro e-mail nos deixou um pouco tristes, porque você dizia ter encontrado a
CIT no Google e por acaso. Dai pensamos, queremos atingir os jovens e, em vez deles
serem atingidos por uma divulgação pertinente os atingimos pelo mecanismos de busca.
Ou seja, caro Felipe, lançamos balas de risos e emoções e você foi atingido por uma
"bala perdida".
Para que outros não sejam atingidos somente desta forma, peço a você que divulgue
nosso trabalho, se gostar, e peço sua permissão para publicar este nosso diálogo em
nosso Blog. Já tenho uma sugestão para o título: "Jovem atingido por bala perdida chora
de tanto rir" (sugira a vontade). Se você não nos permite publicar não diga nada, porque
o que você nos disse já aumentou nossos lucros.

Saudações Cordiais
Diretor Presidente
******************
Sobre o diálogo, já está autorizado a divulgar! Gostei do título! kkkkkkkkkkkkk
E sobre o público jovem, tenho certeza que se realmente eles conhecessem o trabalho da
CIT, com certeza acompanhariam as postagens. Uma boa leitura não tem idade, porque
se fosse assim os clássicos nunca seriam clássicos. Basta a vocês que fazem a CIT, e a
nós leitores, calibrar a mira e dar um tiro de cheio nesse público, pra que essa história
aconteça diferente, e que eles não fiquem esperando por uma bala perdida! Mas agora
chega de metáforas!!!

um grande abraço

Felipe Alapenha

116
Carnaval
Foi na Grécia que ali pelos anos de 600 a 520 a.C., que tudo começou...pois é....... o
carnaval tem veia grega.Através dessa festa os gregos realizavam seus cultos em
agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção.
Então , entraram eles, os romanos e a coisa começou a esquentar.Ai...ai...ai.. Gregos e
romanos juntos inseriram bebidas e práticas sexuais na festa, tornándo-a intolerável para
a igreja.Com o passar do tempo, o carnaval passou a ser uma
comemoração adotada pela Igreja Católica, o que ocorreu de fato
em 590 d.C. Até então, o carnaval era uma festa condenada pela
Igreja por suas realizações em canto e dança que aos olhos
cristãos eram atos pecaminosos. Hummmmmm, não é que eles
sabiam das coisas?
A partir da adoção do carnaval por parte da Igreja, a festa passou
a ser comemorada através de cultos oficiais, o que bania os “atos
pecaminosos”. Tal modificação foi fortemente espantosa aos olhos do povo já que fugia
das reais origens da festa como o festejo pela alegria e pelas conquistas.
Em 1545, durante o Concílio de Trento, o carnaval voltou a ser uma festa popular. Foi
assim nesse vai e volta, nessa coisa de festa da igreja ou pagã , que o carnaval se
fortalecia , tomava forma, se chegava... Em aproximadamente 1723, o carnaval chegou
ao Brasil sob influência européia. OBAAAAAAAA! Ocorria através de desfiles de
pessoas fantasiadas e mascaradas. Somente no século XIX que os blocos carnavalescos
surgiram com carros decorados e pessoas fantasiadas da forma semelhante à de hoje.
Hoje?? Bem , fantasias sim em algumas partes do Brasil. Nudez em outras... Recife se
destaca com um carnaval tradicional, com blocos, fantasias e muito folclore.....eu sei, eu
sei, Olinda exagera um pouco mas....nada que não possamos reverter....a voz do
povo.....
Bem , voltando,pesquisei sobre a origem da palavra CARNAVAL e achei bem
interessante......."A palavra carnaval significa adeus à carne e sua origem remota os
tempos antigos nos quais por falta de métodos de refrigeração adequados, os cristãos
tinham a necessidade de acabar, antes do inicio da Quaresma, com todos os produtos
que não podiam consumir durante esse período (não somente carne, mais também leite,
ovos, etc.)
Com este pretexto,em muitas localidades se organizavam na terça-feira anterior à
quarta-feira de cinzas, festas populares chamadas de carnavais nos quais se consumiam
os produtos que podiam estragar durante a Quaresma." Pronto. Foi o suficiente. De
pretexto em pretexto..............Exagere quem quiser , prerrogativa do ser humano, mas
hoje , o carnaval continua bom...........para quem pula ,brinca,dança, desfila , assiste na
TV ou simplesmente aproveita e descansa. O bom é que reina uma alegria no ar, a
energia contagia , algo de bom acontece , sorrisos aparecem.........mesmo que você ,
assim como eu , não vá brincar no salão, nas ruas , brinque no seu
colchão.....opa...opa...opa.......como você pensou ...ou não. Uma boa soneca , um
cochilão pode ser boa desculpa para começar o ano de verdade. Bommmmm.
Ou alguém duvida que no Brasil o ano começa só após o Carnaval??
boa semana
bjussssssssssssss

Ana maria miranda Luna - São Paulo

117
A M O R etc. - Complemento
Transcrevemos a comunicação entre pessoas interessadas em Amor etc.
---------------------

Caríssimo José Fernandes Costa.

Teu amor excitado leva-me a refletir sobre o seguinte: "o amor é um fogo que arde sem
se ver/ é ferida que dói e não se sente" (CAMÕES). "O amor é a forma mais radical de
"ir ao outro", de se reconhecer intimamente num ser humano diferente" (GOETHE). "O
amor é aquilo que une, que reduz a cisão, que reduz, também, o medo e a insegurança" (
HEGEL). "O amor, a despeito de suas manifestações mais requintadas e sublimes,
possui sempre um substrato físico, corporal, libidinial" (FREUDE). "O amor essencial é
aquele que une duas almas perpetuamente", disse Simone de Beavoir a respeito de seu
amor por Sartre. "Amar é negar a própria individualidade a fim de viver intensamente e
(...) inserir-se ativamente na comunidade humana" (CARLINHOS (MARX). "Amai,
jóvens, as mulheres bonitas" (MACHADO DE ASSIS). "Eu amo as mulatas dos freges/
de São Sebastião do Rio de Janeiro./ A mulata cor de canela/ que tem tradição, que tem
vaidade/ que tem bondade./ Essa bondade que faz com que ela abra/ as suas coxas
morenas/ fortes serenas/ para a satisfação dos instintos insatisfeitos/ dos poetas pobres e
dos estudantes vagabundos. Nestas noites mornas do Brasil/ quando ha muitas estrelas
no céu/ e muitos desejos na terra. (JORGE AMADO). E haja amor, José.
João Nelson

------------------
Caro José Fernandes Costa,

O e-mail abaixo chegou para nós quando deveria ir para você. Não sei se ele mandou
para você também. É do nosso conterrâneo João Nelson. Estamos lhe repassando. Caso
queira que nós a publiquemos como Complemento ao tópico Amor etc. avise-nos e o
faremos com todo o prazer pois gostamos também do estilo João Nelson. Isto depois de
pedir-lhe a devida autorização.

Saudações etc.
Diretor Presidente.

------------------
Meu Caro Presidente,

O João Nelson não me mandou esse imeio. Mas você mandou e eu gostei muito.
Também, das citações que ele fez. PODE PUBLICAR, SIM. E MUITO OBRIGADO.

Caso queira, pode publicar este trecho, também:

NOTA: - Agradeço ao João Nelson, pela referência ao meu nome e ao meu amor
excitado e verdadeiro. Inteiro. É o amor imune, que une. Amor que dá e recebe
segurança. É o amor na sua pujança. - Agradeço-lhe também pelas citações, aos
montões, sobre o amor, com louvor e destemor.

Abraço,

118
José Fernandes Costa

-----------------
Caro João Nelson,

Estou sendo só a ponte entre você e o José Fernandes Costa. Enviei a ele seu e-mail, e
estou pedindo permissão para publicá-la em forma de complemento ao tópico como
sempre. Agradeço, desde já sua resposta.

Diretor Presidente.

-----------------
Diretor Presidente,
publique. Até porque tornarmo-nos público é cidadania que não rima com maçonaria.

João Nelson

119
9º Encontro – Comentando um Resultado
Em artigo anterior ( http://www.citltda.com/2009/01/o-10-encontro.html ) eu propus à
CIT, e foi aceito, o lançamento de uma enquete para as pessoas que quisessem avaliar o
9º Encontro de Papacaceiros. Hoje temos o resultado exposto na imagem ao lado. Ele
não requer uma análise detalhada pois os resultados obtidos não são nada diferentes das
análises mais qualitativas feitas, aqui por nossos colegas, e em outros lugares.
Aproximadamente 66% acham que a festa foi boa e ótima, sem ninguém chegar a votar
no nível de excelência. Dos restantes, 23% gostaram menos e apenas 9% consideraram-
na um péssima festa.
Achei baixo o número de votantes. Talvez não
achassem este fato importante ou, simplesmente,
hipótese mais provável, não sabiam como avaliar a
festa com um conceito único. Já citei o caso do
elefante ao ser avaliado por três homens cegos.
Dependendo do que cada um responda, é muito
difícil se compor o elefante inteiro com
fidedignidade. Mas, valeu a tentativa e o resultado.
Se, mesmo com estas restrições queira-se usá-lo
para alguma ação posterior, não há como fugir, da
idéia defendida por mim e por alguns outros de
entregar o próximo encontro ao José Quirino Filho.
Não sabemos se houve ou não consequências práticas da reunião feita logo após o
encontro, e comentada por mim. Espero que não, a não ser o de ter despertado o José
Quirino para o aumento de sua responsabilidade no próximo encontro. A idéia do nosso
colega, Cleómenes Oliveira, de fazer eleições no próximo ano, para o 11º Encontro, me
parece importante e viável.
Só uma coisa ainda me intriga nisto tudo e penso que deveria ser esclarecida. O poder
público participou ou não da reunião acima? Primeiro O Andarilho nos diz: Não sei
quem fez a pauta da reunião. Mas, como se trata de algo sério, além de envolver o
poder público, sugira que vai retirar o item que se refere ao noivo da Ana Luna ou
peça para que fique melhor esclarecido e complemente. Depois vem Bia Ferro (não a
conheci Bia, mas penso que você é a moça que está, talvez, no centro da reunião e assim
posso lhe chamar de Bia, pois minha idade permite esta ousadia) e diz: Acho que está
havendo um mal entendido, em relação a reunião que houve, primeiro o poder Público
não tem nada com isso, e a reunião poderia ter sido até na Praça, com a intenção de
um bate papo, ninguém foi avisado pessoalmente, foi um convide feito pelo carro de
som, para que pudesse ter a participação de todos, e também a do organizador do
evento. E mais recentemente, o Sr. Pedro Ramos, depois de uma romaria ao Juazeiro
onde já fui uma vez há muito tempo, e ainda recomendo, diz, referindo-se a artigo
escrito por Etiene Miranda, no saite de Bom Conselho: Acabei de visitar a ACADEMIA
e lá vi sua excelente matéria sobre o 9ºENCONTRO DOS PAPACACEIROS. Achei
muito importante porque foi um testemunho de tudo que comentamos na reunião
promovida pela secretária de Cultura da prefeitura de Bom Conselho BIA FERRO,
onde fiz comentário de alguma falha que você descreveu com muita clareza e com isso
prova o que eu disse e que não foi só eu que percebi a desorganização, a ponto de
receber recados que eu teria que provar o que todos perceberam.
Pergunto outra vez: o poder público participou ou não participou da reunião?
Alguns poderão pensar que isto não tem nenhuma importância, que só uma velha coroca
como eu poderia se importar com isto. A estes eu diria, se tivesse em dias bons e

120
tranquilos, que é de grande importância. Ora, se o poder público participou, já
reconheceu o evento oficialmente, como muitos querem, e melhor, já participa de sua
organização. Cobraremos o próximo encontro da prefeita Judith Alapenha, que é
responsável pelos atos de sua secretária de Cultura. Se não participou, ela, a prefeita,
tem a ver com o encontro de outra forma. Cuidando para que, mesmo sendo um evento
de natureza privada, ela possa colocar o poder público para ajudar no evento naquilo
que é sua obrigação pela Lei Orgânica do Município. Poderá ser cobrada ainda, mas de
uma forma totalmente diferente.
Eu, pessoalmente, torço para que não tenha havido nenhuma participação do poder
público, e se houve, já se tenha reconhecido o engano disto. Primeiro, porque a
principal pessoa que deveria estar presente (o José Quirino), não estava, segundo, tenho
certeza, o poder público de Bom Conselho, e aqui eu incluo outros poderes, tem muito
mais o que fazer do que organizar encontros de papacaceiros, por melhores que eles
sejam. No entanto, só quem pode esclarecer isto tudo são as pessoas que compõem o
poder público.
Bem, o resultado da enquete está aí. Espero ter colaborado com a nossa terra e com o
próximo encontro, que farei tudo para estar presente.

Saudações Cordiais
Lucinha Peixoto (lucinhapeixoto@citltda.com)

121
Sobre Bom Conselho, as Origens das Espécies e o Bolsa
Família

Recentemente se comemorou o 200º aniversário de nascimento do


cientista inglês Charles Darwin (1809-1882), conhecido,
principalmente, pelo seu livro Sobre a Origem das Espécies*.
Nele, depois de viajar pelo mundo colhendo evidências e fazendo
hipóteses, Darwin levantou a mais polêmica de todas: os
ancestrais do homem são mais parecidos com os macacos do que
com Adão. Aqueles que achavam que Deus fez o homem à sua
imagem e semelhança começaram a dar algum valor aos
chimpanzés, mesmo que todas as afirmações a este respeito, até
agora, tenham seus prós e seus contras, sem conclusões fatais para
um lado ou para o outro.
O que todos sabem de fato, sobre
esta viagem, é de sua passagem,
entre outros lugares, pelo Brasil,
pelas cidades de Salvador (Bahia) e
Rio de Janeiro. Em Salvador o
SMS Beagle, navio em que
viajava, aportou em 29 de fevereiro
de 1832, local onde ele ficou
maravilhado com a floresta
tropical, e mostrou sua
sensibilidade ao classificar a
escravidão como uma atitude
humana ofensiva e, por isso, quase
foi banido da expedição.
O que muitos não sabem é que durante esta parada na Bahia, ele fez uma esticada pelo
interior do Brasil, - ver roteiro no Mapa - atingindo Sergipe, Alagoas, e depois, indo até
uma área com as
seguintes
confrontações: “as
terras ao Sul de
Alagoas (Palmeira do
Índios, Tanque d’Arca,
Campo de Anadias);
em Pernambuco ao
Norte faziam divisas
com o município de
Garanhuns, próximo ao
povoado de Brejão de
Santa Cruz, a Leste
com o Poço do Veado e
a Oeste com o
município de Águas
Belas.” Esta região foi a ele indicada por pessoas que, ao saber dos seus objetivos como
estudioso, havendo passado por ela, souberam de algumas espécies, parecidas com
veados e caititus (porco-montês), que já nasciam gordos e castrados. Na época a

122
localidade em lide já se chamava de Papacaça.
Ao chegar lá, com sua curiosidade à flor da pele, como convém aos cientistas, ele
perguntou a origem daquele nome. Foi lhe contado por um morador local (poderia ser
um ancestral de Zé Bias, fala-me alguém no ouvido) ser um costume antigo pegar os
animais que serviam de alimentação, castrá-lo e soltá-lo para que depois, pela sua
abundância, fossem pegos mais gordos. Daí, começaram a chamar aquela localidade de
Capacaça. Já mais tarde, continua o respondente, por volta de 1774 o povoado, que
tinha à frente Matias da Costa Villela, que construiu uma igreja sob a invocação de
Jesus, Maria e José, se tornara um homem influente entre os colonos e os comerciantes.
Não era só o chefe da família patriarcal. Era também chefe político da região e muito
conhecido pelo nome de Comandante. Possuidor de grande autoridade e por não gostar
do nome Capacaça, mudou o nome do povoado para Papacaça.***
A mente brilhante de Darwin logo deduziu, de sua ideia fundamental sobre a origem e
evolução das espécies, a seleção natural, uma explicação para os acontecimentos. Os
pais dos animais castrados, ao verem a judiação que se fazia com os menos afortunados
de sua espécie, sofreram mutações casuais, e algumas modificações dos seus genes (isto
só se descobriu modernamente) fazendo com que seus filhos já nascessem castrados e
gordinhos, evitando o sofrimento posterior. Isto foi corroborado pelo fato de, cada vez
mais, aumentar a escassez destas espécies na região. Os castrados não podiam se
reproduzir.
Não se sabe o que as hipóteses feitas pelas observações nesta região, onde hoje fica o
município de Bom Conselho, influenciaram nas conclusões de seu brilhante livro. O
fato comprovado é que não temos mais veados ou caititus nesta área. Aqui o mecanismo
da seleção natural funcionou às avessas, pelo menos para os bichos.
Num salto no tempo, como convém a quem escreve sobre a Teoria da Evolução das
Espécies, lá pelos anos de 2000, nesta mesma região, de Bom Conselho, o que
preocupava era a existência de muitas pessoas com rendimento tão baixo, a ponto de
não se atingir um nível de reprodução adequado da sua força de trabalho (Karl Marx
mexeu com estes conceitos e foi contemporâneo de
Charles Darwin, mas nada indica que tenha estado em
Bom Conselho). Isto poderia ter sido provocado pela
escassez da flora e fauna, provocada pela castração dos
animais e seu consequente desaparecimento? Eram
hipóteses a serem levantadas pelo agora forte setor
público com todas suas pesquisas, planos e programas,
mais conhecidos nesta época como políticas públicas.
Depois de alguns estudos, com o apoio da CODEAM,
uma associação de prefeitos da região, descobriu-se
então que se estes trabalhadores tivessem escolas
dignas, remuneração decente, alimentação farta e de qualidade, seria melhor para o
futuro de todos. Os governos, os empresários e os homens que pareciam ser de boa
vontade, começaram a fazer esforços no sentido de prover tudo isto a partir de políticas
públicas voltadas para os pobres. Todos ficaram maravilhados com o sucesso das
medidas adotadas. O analfabetismo quase acabou. Os indicadores de mortalidade
infantil quase foram a zero. O número de pobres quase contraria as Sagradas Escrituras
quando Jesus diz que “pobres sempre existirão na face da terra”. Parecia que todos
seriam felizes para sempre, ou pelo menos por um bom tempo, ao ponto de se desmentir
o dito popular de que “alegria de pobre dura pouco”.
Com outro salto no tempo, agora no ano de 2056, um cientista inglês, por nome de
Joseph Darwin, bisneto do Charles Darwin, visitou Bom Conselho. O motivo de sua

123
visita inusitada a este município fora uma estória, ouvida por ele ou lida em The
Economist, que, nesta região, todos nasciam magros e continuavam magros pelo resto
da vida. Isto era importante para ele, pois não sendo mais um cientista interessado
apenas nos estudos, como seu bisavô, uma fórmula da magreza geral deveria render um
bom dinheiro, já que ainda persistiam os padrões estéticos do século anterior que
privilegiavam os magros. E vinda da terra que um dia teve Gisele Bündchen, era tudo de
bom.
Chegando lá, encontrou uma população vivendo ao nível de subsistência, isto
significando que o que eles comiam era apenas o suficiente para permanecerem vivos.
No entanto, ele também constatou que todos comiam três vezes ao dia. Todos
trabalhavam numa empresa chamada Perdigão, que era produtora de alimentos, e por
motivos óbvios, era inteiramente voltada para exportação, já que todos consumiam o
mínimo dentro do Município.
Curioso como seu
ancestral, procurou
então alguém para
esclarecê-lo sobre este
fenômeno. Dirigiu-se
então à Academia de
Letras da cidade. Nem
é necessário dizer que
diante das pessoas
que encontrava,
mesmo se
considerando magro,
ele se sentia um Jô
Soares. Quando
entrou na casa, sede
da Academia, de
arquitetura quase
colonial, com varandas e alpendres, tendo pertencido a um Coronel de muita
importância no passado político da cidade, se viu diante de uma cadeira grande de estilo
Luis XV. Nela, sentado, de óculos e com seu fardão inconfundível, o seu presidente, A.
Tenório Vieira Neto. Deu para o visitante observar, acima da cadeira, na parede, um
retrato grande, quase como se fosse uma pintura, de um senhor com bigodes e cabelos
longos segurando um ramo de lírios brancos que dava paz e
serenidade àquele ambiente de sapiência e cultura. Soube
depois ser o Patrono da Academia.
Ao ver entrar o visitante, o presidente levantou-se para
cumprimentar aquele representante de Sua Majestade o Rei
Charles II, bisneto da Rainha Elizabeth II, que reinara no
Reino Unido no início do segundo milênio, tendo abdicado
em favor do seu filho Charles. O Joseph Darwin foi logo ao
que interessava, indagando-lhe se havia uma explicação
plausível para aquele fenômeno peculiar a algumas regiões
do Brasil.
Tudo começou, disse o Presidente da Academia, lá pelos
anos de 2003, quando um governante criou um mecanismo chamado de Bolsa Família.
Era um auxílio financeiro às famílias de baixa renda. Na sua língua poderíamos chamar,
numa tradução livre, de Family Benefit. Como promessa de campanha ele tinha a meta

124
de fazer com que todas as pessoas tivessem pelo menos três refeições por dia. E este
auxílio foi a solução encontrada por ele.
Pelo menos para esta região do Brasil, esta promessa foi cumprida. Dentro de 10 anos
todos já comiam três vezes ao dia. A comida não era muita. Seria impossível engordar
com ela. Entretanto, as horas de trabalho, exigidas de quem participava do programa,
eram as mínimas possíveis. Conta-se que pessoas antes trabalhadoras tenazes ganhavam
um pouco mais, no entanto, achavam que seu trabalho era demasiado para aquilo que
ganhavam, então se tornaram cada vez mais invejosas daqueles que ganhavam o Bolsa
Família, e trabalhavam muito menos. Estes, participantes do programa, diziam: o pouco
com Deus é muito, e o
muito sem Deus é nada.
E cada dia faziam mais
inveja aos poucos
remanescentes de fora
do programa. Todos
que trabalhavam, certo
dia, deixaram de faze-
lo, e reivindicaram o auxílio. Até que todos aderiram a ele. Ganhavam pouco, comiam
pouco e portanto todos eram magros. Dizem que até aumentou a expectativa de vida na
área e o número de "modelos", desta região, trabalhando nas passarelas no exterior
aumentou muito.
Isto passou de geração para geração. Antes que o nosso cientista visitante apelasse para
suas hipóteses biológicas sobre a permanência da magreza pela a transmissão de genes,
mutações, etc. nosso respondente, que havia aderido também recentemente ao
programa, disse: os genes, mutações, adaptação ao meio, e outras causas biológicas não
tem nada a ver com isso. O fato principal foi que, ao longo do tempo, os políticos
descobriram que, sem o programa do Bolsa Família jamais seriam eleitos. E todos o
apoiaram, da situação ou da oposição. Agora todos defendem com unhas e dentes o
auxílio. Quando chega algum político propondo que se deve voltar ao trabalho ou com
promessas mirabolantes como, vamos engordar de novo, ou vamos comer mais, tem
seus 3 ou 4 votinhos e logo que podem, deixam para lá estas idéias, e aderem ao
programa. Eis ai, caro cientista, a explicação é simples assim. É um processo de seleção
natural da classe política ou poderia dizer espécie política. Os políticos dizem que as
crianças já nascem com um cartãozinho de filiação ao
programa, embora não ouve até agora comprovação
empírica desta hipótese. Na última pesquisa feita
descobriu-se que sempre que isto ocorria, havia
entrado um político na maternidade. Temos muitos
estudos pela frente ainda.
Até agora, não houve desmentido do governo
britânico à notícia de que, ao chegar em Londres, o
cientista, ia lançar o livro: Sobre o Destino das Espécies.** Com isto, ele estaria
tentando influenciar os pilares da ciência moderna na área de beleza e emagrecimento
propondo, à moda inglesa, o Bolsa Família.
Já se foi a nossa biodiversidade agora se vai também nossa magreza.

--------------------
* "On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of
Favoured Races in the Struggle for Life" - Sobre a origem das espécies através da
selecção natural ou a preservação de raças favorecidas na luta pela vida

125
**"On the Destiny of Species by Means of Family Benefit or The Preservation of
Favoured Political Classes in the Struggle for Life" – Sobre o destino das espécies
através do Bolsa Família ou a preservação da classe política favorecida na luta pela
vida.

***Alguns trechos que soem como algum fato histórico real deve-se a várias fontes, e
aqueles relacionadas com Bom Conselho, deve-se a Celina Ferro no livro: De Capacaça
a Bom Conselho. As fotos são da CIT, Internet (vários sites) e do Saite de Bom
Conselho (Agradecemos a Saulo Neto, administrador do saite em 2056 pela
autorização).

------------------
Cleómenes Oliveira (cleomenesoliveira@citltda.com)
Diretor de Operações.

126
Fascínio
Ao fitar os teus olhos lindos e miúdos

Num arremate que me vem e me arremete

Belos olhos nesse tom tal qual veludos

Cristalinos como água que no calor derrete.

Os teus braços roliços sempre abertos

E eu chegando, vinha vindo a te encontrar

Meu corpo vibra e com os olhos bem espertos

Vejo a noite e a lua clara pra te amar.

Que fascínio teu olhar tem sobre mim

Na jornada que por ora se inicia

Sinto-me preso ao teu corpo até o fim

E numa prece me dirijo à Mãe Maria.

Peço ajuda dos poderes da Mãe Santa

Pra esse amor que não mede conseqüências

Sinto a força de um poder que se alevanta

Salve amor sereno e supremo em eloqüências.

Que tem a marca dos eternos namorados

Que se apegam e se amam sem rodeios

Que se querem e bem assim são afagados

Que descobrem essas coisas sem receios.

Por mais tempo que sejamos bons amantes

Não cansamos desse amor que arrebata

127
Que reflete como espelho esses semblantes

Nessas noites de cantiga e serenata.

Por que tu me trouxeste esse feitiço?

Nem pensei que pudesses fazer tanto

Com teu corpo carregando tanto viço

Tive sorte e recebi teu amor santo.

José Fernandes Costa

128
CADERNO DE RECEITAS
Uma amiga me presenteou certo dia, algo que me trouxe muitas lembranças. Um
caderno de receitas!! Achei de muito bom gosto , porque ali ela colocou as melhores
receitas que ao longo de sua vida foram provadas e apreciadas. Não poupou segredos ,
nem mesmo aqueles famosos , de família. Foi generosa. Durante nosso convívio,
sempre admirava aqueles vidros de conservas que ela tinha em casa. E claro , os
saboreava também.....mas sempre existiu um certo mistério a envolver aqueles quitudes.
As receitas.....uma conserva em especial me atraia. Eram dentes de alho enormes, e que
derretiam na boca , com um sabor diferenciado e sem aquele ardor ou gosto típico
......Alho sim, mas suave, saboroso, podia até beijar depois!
Agora a receita estava alí , em minhas maõs!!
Devorei com os olhos.........
Um caderno de receitas.
Lembrei como eu adorava passar as tardes
vendo a anotando tudo ,nos programas de
culinária na TV. Essa memória afetiva me
levou , é claro, as receitas da minha mãe, que
estão fora de qualquer julgamento para nós,
óbvio....comidinha de mãe??
Não tem preço.
Aprendi a cozinhar com ela.....
Primeira memória.
Depois, com a então sogra e como toda boa
mamma italiana, pratos saborosos...e aprendi
também com a vida! Gosto de cozinhar.
De inovar , ousar. Bebericando um vinho
então.....coisa de louco !!! Fui buscar e não
procurar meu caderno de receitas. Sempre
soube exatamente onde ele se encontrava , apenas não mais o utilizava. Meu Deus!! O
tempo teima em passar ...até manchas de ovo? Óleo? Manteiga? Não importa. Houve
um breve momento de passado. Retorno. Era muito mais que um simples caderno de
receitas. Era a minha vida! Percebi alí as várias fases que passei. Tem receitas do tempo
que casei , depois com os filhos crescidos , conhecidas que o tempo levou , amigas que
o tempo fortificou, receitas dos típicas dos lugares onde morei, que não foram
poucos....meu lado cigana é forte! A maioria tem data. E como hábito meu, muitas vezes
observações do momento.....cada momento ! Jamais poderia imaginar que encontrando
o caderno de receitas da minha amiga, iria pegar o meu caderno e mais que isso,
resgatar momentos lindos! Afinal, comida é celebração ! De vida!!! Feita com o
tempero do carinho , do amor, transfórma-se em energia.
Se você tem um caderno de receitas ....daqueles ,
antigos , prepáre-se para grandes emoções. Se voce
não tem um , pegue o da sua mãe, irmã , tia , amiga e
descubra um pouco sobre os gostos, momentos e vida
dessa mulher e sem qualquer tipo de discriminação ,
homem também vale, viu????
Ah!!!! tenho a certeza que voces gostarão de saber a
receita , aquela , do alho que pode até beijar depois,
lembram???? Pois bem , eis aqui .

129
RECEITA DA VALÉRIA
Atibaia, 1990
Querida comadre

Aí vai a receita. É uma receita austríaca. Quem me ensinou disse que era para colocar
os ingredientes na dosagem exata, pois se tratava de uma espécie de "alquimia". Pelo
sim, pelo não, sempre fiz a receita exatamente como me foi dito.
E sempre ficou muito bom.
CONSERVA DE ALHO
Ingredientes:

- 1/2 k de alho espanhol descascado


- 1/2 litro de vinagre de3 maçã
- 1/2 copo de vinho branco seco
- 1 copo de água
- 4 folhas de louro
- 2 cravos
- 3 colheres de sopa de orégano
- 20 grãos de pimenta jamaicana
- 20 grãos de pimenta branca
- 2 colheres de sopa de azeite de oliva
- 4 colheres de sopa de açúcar
- 1 colher de chá de sal

PREPARO:Colocar todos os ingredientes, menos o alho, em uma panela e levar para


ferver. Após a fervura, colocar o alho e desligar após 2 minutos. São 2 minutos mesmo!
Escaldar o vidro bem lavado com tampa. Colocar o
alho com o caldo. Deixar de cabeça para baixo até
esfriar.
* Para fazer a conserva de cebola ( aquelas bem
pequenas) , acrescentar ao caldo 1 colher de sopa de
molho inglês e proceder da mesma maneira.

É isto!
Espero que fique bom e que todos comam com muita
saúde.
Com carinho
Valéria

Nota de Ana Luna


Não se esqueçam dos cuidados especiais para os vidros que armazenam conservas.
Vejam quanto afeto pode existir em uma simples receita.....ela colocou nesse caderno
um tributo a
VIDA e a AMIZADE !

Boa Semana
bjussssssssssssssss

Ana Luna - São Paulo

130
O Aniversário de Ana Luna e o Licor de Jenipapo
O nosso Diretor Presidente sempre nos avisa para não personalizar nosso Blog de forma
extrema evitando, pelo menos, títulos com nomes de pessoas, fotos que possam
comprometer ou ferir alguém, citações maliciosas sobre pessoas, etc. Eu concordo em
parte, mas, como convém, não em tudo. Se Ana Luna, minha amiga, embora não nos
conheçamos pessoalmente, e, só não confidente pela distância que nos separa –
confidência tem que ser ao pé do ouvido, por e-mail perde a graça – nos manda uma
mensagem dizendo que seu aniversário é hoje (28/02), não posso repetir aquele artigo
dele: Falando para a Lua (http://www.citltda.com/2008/11/falando-para-lua.html),
desculpe-me.
Este, que agora escrevo, foi motivado pelo o aniversário de Ana. Tratarei de outras
coisas para não perder o ensejo.
Ana nos brindou, poucos dias atrás, com uma
receita culinária. Confesso que tentei fazer o seu
Alho em conserva. Deve ficar divino. Mas,
esbarrei na falta de alguns ingredientes aqui
nestas terras de Recife, mais chegadas a Galinha
de Cabidela. Começou com o alho espanhol e
empacou mesmo na pimenta jamaicana, que nem
no Mercado de São José tinha. Cara amiga,
cozinho direitinho, no entanto, não tenho o
mínimo de criatividade na substituição de ingredientes. Deixei para fazer depois.
Meu contacto com a cozinha vem do interior, como acontecia com todas as moças
casadoiras da minha época. Minha mãe vivia repetindo: Como queres te casar se não
sabes nem fritar um ovo? Hoje quando tenho a petulância de dizer às minhas filhas uma
coisa como esta, elas dizem: Mamãe, hoje as mulheres não fritam mais ovos de
ninguém, às vezes, chutam neles. Penso em
ralhar com elas, mas me lembro de que já está
na hora de pedir um Frango Xadrez num
restaurante chinês qualquer. Oh vida!
Voltando ao assunto, aprendi a cozinhar o
básico: feijão, arroz, um bife, e até um
macarrão no domingo. Saladas e verduras não,
ninguém comia naquela época. Meu pai dizia
que não era boi prá comer capim. Quando
conto isto hoje, a uma amiga de minha filha,
que é nutricionista, ela fica perguntando como cheguei a esta idade. Mas, vê logo,
gorda. O meu nível de renda familiar não ajudava na diversidade culinária. Demorei
mais a aprender a fazer o bife do que o feijão com arroz. Atualmente, não estaríamos
engajados num Bolsa Família, mas só fui para o Ginásio com uma Bolsa de Estudo. Era
estadual mas foi o prefeito, Dr. Raul, que falou com seu Waldemar. Muitas vezes
criticam o Programa Bolsa Família, eu, nem sempre. Só os desvirtuamentos. Meus pais
não votaram no canditato A ou B porque me deram a bolsa, e se eles pedissem isto seria
inútil. Ambos eram analfabetos e ainda não votavam.
Dentro desta realidade o que me propus, neste artigo, foi tratar de uma receita de um
licor que meu pai fazia. Antes, porém, uma explicação.
Na minha época de criança e adolescente, em Bom Conselho, havia uma tradição de
oferecer uma bebida aos visitantes das mulheres paridas recentemente. A mais
conhecida era o “cachimbo”. Tenho dúvidas se o “cachimbo” se referia ao

131
acontecimento de tomar a bebida, qualquer bebida (hoje vou a casa de fulano tomar o
“cachimbo”, a mulher dele deu à luz, foi “corno”, é mulher), ou, se era referente à
mistura de cachaça com açúcar ou mel de abelha que se oferecia.
Lá em casa, meu pai ia além. Ele gostava de servir um Licor de Jenipapapo.
Pesquisando, com as facilidades de hoje, descobri que o jenipapo é o fruto do
jenipapeiro, árvore nativa das Américas do Sul e Central, chega a medir 14m de altura e
60 cm de diâmetro. A fruta de polpa aromática, ácida, de cor marrom clara que chega a
ter 10 cm de comprimento e 7 cm de diâmetro. Pode ser usada em compotas, doces,
xaropes, bebida, refrigerante, licor. O jenipapo é utilizado como fortificante, estimulante
do apetite, indicado contra a anemia e doenças do baço e do
fígado. É rico em ferro, contém cálcio, hidratos de carbono,
calorias, gorduras, água, vitaminas B1, B2, B5 e C. Nunca
pensei que tivesse tantas utilidades.
Assumo que não sei onde meu pai encontrava os jenipapos que
usava na sua produção doméstica e de parturição. Será que em
Bom Conselho mesmo? De qualquer forma, procurei e encontrei
também uma receita de Licor de Jenipapo. Aqui vai:

Ingredientes:
4 jenipapos grandes --
1 litro de água;
1 kg de açúcar;
1/2 litro de aguardente (cachaça),de boa qualidade.

Preparo:
Lavar bem os jenipapos, cortá-los ao meio e deixá-los durante 10 dias, num vidro
fechado, juntamente com a aguardente.
Passado esse período, fazer uma calda grossa, misturando o açúcar e a água — em
fogo alto, gastam-se aproximadamente 45 minutos. Deixar ferver bastante.
Retirar do fogo, esperar esfriar, e despejar a cachaça (aguardente) na calda, apertando
os frutos com as mãos.
Retirar os pedaços do jenipapo e passar a bebida num coador de flanela e depois num
coador de papel.
Se o processo estiver muito lento, trocar o filtro. Depois de pronto, guardar em
garrafas, bem fechadas.

Não sei também se o processo de preparo era bem este, mas é muito
parecido. A única coisa diferente é que vi meu pai usar mel de
uruçu, e dizia ser o seu segredo. Se era o seu segredo, morreu com
ele. E aquele ficou sendo o nosso Licor de Jenipapo. Parabéns Ana
e tintim com o nosso licor.

P.S. – Antes da publicação mostrei este artigo ao Diretor Presidente,


ele ficou um pouco reticente com medo de transformar o Blog da
CIT num blog de receitas. Só quando o ameacei de mudar seu
pseudônimo para Louro José ele concordou.

Lucinha Peixoto ( lucinhapeixoto@citltda.com )


Coordenadora Administrativa

132
O Rio Sena e o Riacho Papacacinha
Quase toda grande cidade tem um grande rio. Sempre este acidente geográfico tem uma
influência muito grande no seu crescimento e na vida do seu povo. Londres tem o
Tâmisa, que já morreu e ressuscitou pelo milagre do conhecimento humano e seu uso
como um auxiliar na conservação da Natureza. Bonn tem o Reno. Quem já não apreciou
a beleza de suas margens, com seus castelos majestosos e suas barcaças belas e
funcionais como tudo que é alemão? Em Lisboa vemos o Tejo que, para os brasileiros,
tem um significado especial, por ser o ponto de partida para o início da história do seu
país. Em Roma, o Tibre e sua importância validam ainda mais esta afirmação.
Muitas vezes os rios revelam mais das cidades do que todos os outros aspectos juntos.
Por exemplo, em São São Paulo temos o Tietê, em Recife o Capibaribe e o Beberibe, e
em Bom Conselho, o Riacho Papacacinha, onde aprendi a nadar sem aprender a pescar.
Quando somos crianças todas as cidades são grandes, e os riachos tornam-se rios
caudalosos. Lembro muito bem das viagens secretas (para os pais) ao Papacacinha. O
trajeto, o mesmo, Rua XV de Novembro, passagem pela casa do Major Zé Pedro,
Maneléu, e em frente para o açude de Seu Lírio. Sebastião Preto cobrava “deztões” de
cada um, mas, chorando um pouquinho, saia por “quinhentos réis”, e, às vezes, até de
graça, se fosse muito conhecido.
Ainda recordo muito bem do dia em que consegui “boiar”. Não sei se isto representa
alguma coisa na vida de outras pessoas: “boiar”. Para aqueles que não sabem, porque
nunca “boiaram” e para aqueles que não se lembram, “boiar” é o ato de se manter
dentro d’água sem afundar. Para eles este ato nada representa. Para mim, o dia em que
“boiei” pela primeira vez, foi um dos mais felizes da minha vida. A sensação de
dominar a água, de impor nossas regras a ela, dizendo, agora você não vai ter que me
engolir. Meu corpo reagia a qualquer ação dela, até a véspera deste dia, minha inimiga,
que poderia ser até mortal, assim dizia minha mãe. Era a vitória do meu corpo e mente
sobre um notório adversário, que parecia me discriminar, pois, até então só engolia a
mim. Todos os meus amigos já “boiavam”, impávidos, majestosos e, pasmem, dando-se
ao luxo de mexer braços e pernas sem serem levados pela goela abaixo deste
pantagruélico inimigo.
Além disto, neste dia específico, não tive que pagar entrada no açude de seu Lírio.
Entramos escondidos no trecho do Papacacinha que ficava na fazendo de seu Artur
Gordo, bem pertinho de Chico de Antunino. Vejam bem o que é o ápice da felicidade
humana, aprender a “boiar”, e de graça, livre de qualquer tarifa ou taxa. Até hoje penso
e repenso minha vida, e tento encontrar um dia mais feliz. Fico sempre com a mesma
convicção da importância dos rios em nossas vidas. Será que uma criança, atualmente,
com o nível de poluição e descaso por eles, conseguiria “boiar”, pela primeira vez, onde
eu “boiei”?
Abaixo, a CIT apresenta um filme produzido pelo seu escritório na Europa onde mostra
um passeio pelo Rio Sena. Não estaríamos exagerando se disséssemos que há uma
confusão entre Paris e o Rio Sena. Eles estão ligados de uma forma que não se pode
imaginar um sem o outro.
O Sena é um rio francês que tem 776 Km de extensão e, um dos seus principais méritos,
corta Paris. É também conhecido como o Rio dos Namorados. O transporte turístico de
passageiros, pelo Rio Sena, é uma atividade tradicional em Paris, com seus famosos
Bateaux Mouches, barcos moscas. O número de turistas na França supera os 80
milhões, e a grande maioria visita Paris.
O romantismo que cerca este rio levou a equipe de produção a optar por uma música
francesa que é um resumo perfeito deste sentimento. Não resisto, e cito aqui o belo

133
poema que é a sua letra. E, tenho que confessar, ao ouví-la, cheguei quase a esquecer
que, algum dia, eu “boei” no Papacacinha.

“E se você não existisse,


Diga-me porque eu existiria.
Para andar por esse mundo sem você,
Sem esperança e sem saudades.

E se você não existisse,


Eu tentaria inventar o amor,
Como um pintor que vê de seus dedos
Nascer as cores do dia.
E que não voltam.

E se você não existisse,


Diga-me porque eu existiria.
Pessoas adormecidas em meus braços,
Que eu jamais amaria.

E se você não existisse,


Eu não seria mais que um ponto a mais,
Nesse mundo que vem e que vai,
Eu me sentiria perdido,
Teria necessidade de você.

E se você não existisse,


Diga-me como eu existiria.
Poderia fingir que seria eu,
Mas nunca seria verdadeiro.

E se você não existisse,


Eu acredito que eu teria encontrado,
O segredo da vida, o por quê,
Simplesmente para te criar,
E para te olhar.”

John Black e Diretor Presidente


(*) A tradução das informações enviadas por John Black foi feita por Lucinha Peixoto.

134
A Morada da Sexta Felicidade
Para a maravilhosa filosofia chinesa, existem seis (6) felicidades:

1/ RIQUEZA
2/ LONGEVIDADE
3/ SAÚDE
4/ VIRTUDE
5/ MORTE TRANQUILA NA
VELHICE
6/ ???? E a sexta ? Bem , essa
felicidade , cada pessoa DECIDE
qual é a morada da sua sexta
felicidade.
Segundo o dicionário , felicidade é
qualidade ou estado de ser feliz;
contentamento , ventura. Convido você a assistir ao filme " A morada da sexta
felicidade" , onde para a personagem , a sexta felicidade é morar e ser missionária na
China ! Vale a pena ver o quanto ela se empenha em ser feliz. Não mede esforços e não
desiste até realizar sua felicidade. Creio que essa conquista vem no aprendizado diário
de saber aceitar e expressar desejos e metas , construindo e indo atrás dos projetos.
Percebi também que o foco da sexta felicidade muda com o tempo, e tem significado
diferente , de acordo com o momento......
Qual será minha sexta morada agora?
A riqueza é uma bênção de DEUS. Estar de bem com o dinheiro é bom e importante !
Alguém pode negar isso? Em sentido lato é tudo quanto pode satisfazer um desejo ou
uma necessidade. Ponto. Não entraremos em má distribuição de renda.....
A longevidade ...feliz de quem consegue envelhecer. Isso vale para todos os tempos. As
guerras , doenças,epidemias , desastres e muitos fatores não me deixam mentir ! Em
todas as épocas , envelhecer foi problema e meta. Envelhecer bem , então...dádiva!
A saúde , vai bem , obrigada!
Tentando uma alimentação sadia , um vinhozinho tinto, natação , caminhadas , bom
humor.....você é bem humorado? Ri muito? Eu sou. Procuro sempre ver o lado positivo
das coisas , o lado bom das pessoas. E a maturidade , o envelhecer , me presenteou com
a aceitação das coisas que antes teimavam em me incomodar.
A saúde mental e a física se unem , se confundem...procuro ver coisas boas, ler bons
livros, mensagens positivas...mas claro vivo em um mundo cheio de coisas ruins...fazem
parte de meu aprendizado....
Qual será minha sexta morada agora?
Penso na quarta felicidade chinesa............VIRTUDE. A virtude , em seu mais alto grau,
é o conjunto de todas as qualidades essenciais que formam um homem de bem. A
virtude tem origem na Grécia e segundo o filósofo Aristóteles é uma disposição
adquirida de se fazer o bem.
Você procura fazer o bem? Ser bom ,caridoso, paciente, modesto, ter honra...e muitas
outras.... A virtude é um traço de caráter que é valorizado socialmente. É sempre
sublime.
A quinta felicidade, morte tranquila na velhice, é muito desejada.
É realização. Lembram de " morreu" como um passarinho? Teve uma morte tranquila?
Suspirou e morreu? Pois é........quando isso acontece, é a comprovação que a pessoa
percorreu seu tarefa aqui na terra. Nasceu , construiu , viu seus frutos e.....morreu

135
tranquilo na velhice ! Que glória!
Qual será minha sexta morada agora?
E a sexta morada é a completa realização de cada um. Os chineses sabiam que a
filosofia não era vã. Feliz de quem chega no ponto da vida que pode se dar ao luxo de
pensar e realizar a sexta felicidade ! Ir buscar!!
Sabia que minha sexta morada não seria simplesmente um desejo material , uma viagem
, uma compra! É mais , muito mais! A sexta morada para mim, é uma lista de coisinhas
gostosas, até escrever aqui e melhor, você ler o que escrevo. Minha sexta morada é
viver, agradecer, ter consciência que as coisas mais lindas da vida são as mais simples!
Ninguém tem felicidade garantida.....
Onde está a felicidade?
Aprendi que sou feliz simplesmente porque estou vivendo.
Gostaria de saber......
- Qual é a sua sexta felicidade??

boa semana
bjussssssss Ana maria miranda Luna

136
O Rio Sena e o Riacho Papacacinha – Complemento
Mais uma vez o conterrâneo Carlos Sena comenta nossos artigos
(http://www.citltda.com/2009/03/o-rio-sena-e-o-riacho-papacacinha.html).
Modestamente, ele diz no seu e-mail, que podemos publicar se quisermos.
Perguntamos: como não publicar um comentário que é muito melhor do que o artigo?
Inclusive corrigindo seus erros, como usar seu Lírio em vez do correto seu Liro e
ampliando a real saga do nosso Papacacinha. Além de tudo, me envergonhando e ao
mesmo tempo me curando do trauma juvenil, ao ter que confessar finalmente que:
aprendi a nadar, depois de "boiar", mas nunca tive coragem de atravessar o açude de seu
Liro, mesmo diante dos xingamentos, de molenga prá cima. Isto tudo, escrito dentro do
padrão literário de qualidade que ele possui, como vocês podem ver abaixo. Obrigado,
Carlos Sena.

Diretor Presidente

****************************************

Aceitei o convite. Passeei pelo rio Sena, lembrando os dias em que lá estive e percorri,
naquele mesmo barco, aqueles mesmos caminhos. Remiti ao rio Papacacinha e adorei a
proeza do "boiar". Comigo foi semelhante e no mesmo açude de seu Liro: a gente era
cobrado em função de saber nadar ou não. Mas saber nadar, implicava em atravessar o
açude de seu Liro e isto pra mim era
um desafio que me consumia por
dentro. Afinal, a vaidade humana está
presente em nós em todas as idades.
Pois bem: um belo dia fui atravessar o
açude de seu Liro e quando cheguei
mais ou menos mo meio, tive medo e
quis retornar. Em tempo, com a
inteligência de bom papacaceiro,
raciocinei "SE EU TIVER QUE
RETORNAR, MELHOR SEGUIR EM
FRENTE, POSTO QUE A
DISTÂNCIA É A MESMA". Fui e atravessei o rio e fui eleito, entre os amigos, como
mais um que sabia nadar. Que felicidade, tal qual a que foi "boiar", para o Diretor
Presidente da CIT. Igualmente me senti feliz e cheio de mim, pois parecia que eu tinha
ganho um troféu. Coisas de um tempo que em nós não se apaga, mas que nos remete aos
atuais, pois os jovens de hoje precisam de muitas outras coisas para serem felizes e, não
raro, "viajam" na fumaça dos cigarros lícitos e ilícitos em busca de emoções e sentido
pra vida. A minha vida, bem como dos meus amigos contemporâneos era feliz
naturalmente, calcada no simples, na profundidade das mais ingênuas atitudes e
atividades lúdicas.
Sem saudosismos, pois que cada idade tem seu encanto, mas nos sentimos privilegiados
por ter vivido um tempo em que a gente se bastava no sobe-desce ladeiras, serras, ruas,
becos, etc, da nossa terrrinha, bem como nadando no açude da nação, no de seu Liro,
como que navegando sonhos que mais na frente nos serviriam de inspiração literária.
Bendito tempo que em nós restou e deixou pegadas fortes na relação do tempo, das
pessoas e dos acontecimentos.

137
A relação com os rios é, sem sombra de dúvidas, visceral. As grandes cidades como
Paris e aquelas não tão grandes como Bom Conselho se nivelam na lógica antológica
dos seus rios. Neste passeio que o vídeo proporciona por Paris, senti-me duplamente
pleno: afinal, sou Sena; afinal, sou de Bom Conselho e do Papacacinha. Afinal, sou
sonhos e sou realidade. Inteiro e metade,
aceno e saudade, caro e caridade. Sou viola,
jamais violência; do "quero", nunca da
mal-querência; da vida e da vidência -
pela capacidade real de me ver em ti, Sena, aos
pés da torre Eifel, da ponte de Neuf (penso que
se escreve assim), margeando a Notre Dame,
mas na completude de ti, Papacacinha
- sorrateiro, estilete de água a desfilar
ingênua irrompendo a solidão da terra seca
que a estiagem provoca.
Pelo prazer de um dia ter aprendido nadar no açude de seu Liro e pela frustração de não
saber "boiar", como bem descreveu o articulista que me provocou esta prosa em final de
noite.
Valeu.

Carlos Sena

138
UMA OBRA DE ARTE QUE REPRESENTA A CRIAÇÃO:
MULHER
Essa Obra de Arte chamada de mulher que traz dentro de si a
Natureza Feminina Deverá descobrir os defeitos se houver e
eliminá-los com virtudes que façam surgir nos seus gestos, nas
suas palavras, nos seus sorrisos e em todos os encantos
femininos: o equilíbrio de sua natureza psicológica e de sua
natureza espiritual.
A mulher há várias décadas, por
incontáveis necessidades, foi saindo do
lar para trabalhar, com a intenção de
colaborar com o companheiro e familiares. Nas décadas mais
recentes, conquistou o direito de possuir novos conhecimentos
profissionais.
Essas lutas, pelas novas conquistas materiais e espirituais, e
pela sua liberdade de pensar e de expressar a sensibilidade,
fizeram desse SER FRÁGIL FISICAMENTE, mas dotado de
uma vontade e de uma fortaleza espiritual extraordinárias, um ser
capaz de vencer os preconceitos seculares. Porém por falta de certos
conhecimentos, muitas vezes, o seu ser delicado, afável, sensível,
carinhoso no falar, suave no andar, delicado nos seus gestos femininos e
a sua feminilidade, foi sofrendo dentro dos ambientes de trabalho a
influência de pensamentos frios, pensamentos pobres de delicadeza, pobres
de afeto, pobres de gentileza e pobres de atitudes e gestos de bondade.
A mulher não pode esquecer de sua graciosidade, a sua feminilidade e a sua
doçura não deve desaparecer de sua alma feminina e não deve esquecer de
que trouxe dentro de si a representação da beleza, e da harmonia
dos encantos da Natureza...
O que fica deste estudo é algo que traz muita felicidade. A
mulher é o grande jardim da Criação, onde as flores do seu
caráter devem exalar o aroma inesquecível e puro das virtudes,
mas para as flores e o aroma serem constantes será necessário
um bom e capaz jardineiro que saberá podar no tempo certo, com
delicadeza os galhos prejudiciais à vida e assim poder colher
flores perfeitas de essência inebriantes.
A mulher deverá conquistar para ser a mulher IDEAL, a perfeição contida no seu
arquétipo DIVINO.
A Obra Divina foi completada com a criação da mulher que trouxe o encanto da
Natureza em sua Natureza Feminina. Deus a dotou com uma grande sensibilidade que
simboliza o aspecto Divino da existência do homem.

Salve o dia da Mulher


Marlos Urquiza Cavalcanti

139
O Dia Internacional da Mulher
Estava eu ajeitando minha bolsa e apetrechos na CIT, para ir curtir mais uma noite no
meu sacrossanto lar, quando veem em minha direção o Diretor Presidente e o Oliveira.
- Lucinha, amanhã é o Dia Internacional da Mulher
Disse o Diretor, secundado por Oliveira que falou:
- Você não gostaria de escrever alguma coisa para nosso Blog?
Eu, na lata:
- E por que vocês não escrevem? Por acaso, só mulher pode escrever sobre o seu dia?
Quem deveria escrever, sobre ele, eram os homens. Por falar nisso, existe um Dia
Internacional do Homem? Não. Por que? Eu mesmo respondo. Durante toda a história
vocês nos exploraram, nos humilharam, nos submeteram a uma vida de subserviência,
ao mesmo tempo que foram responsáveis por todas as mazelas de nossa sociedade.
Agora descobriram que sem nós, mulheres, como
pessoas inteligentes, criativas, sensíveis e
trabalhadoras que sempre fomos, vocês não darão
mais conta do recado, querem nos agradecer e
pedir perdão criando um dia prá nós, e ainda
querem que escrevamos sobre ele?
Simplesmente, os homens nos tiraram todos os
dias, todos os dias eram deles. Então pra que Dia
de Homem? Eles sempre tiveram todos.
Agora nos querem dar um só, e para que ninguém
note a burla, dizem que é Internacional. Será? E as mulheres castradas na África? E os
pés aleijados das Gueixas no Japão? E aquelas mortas na China e na Índia, pelo simples
fato de serem mulheres? E as mulheres de Pernambuco que estão sendo dizimadas pelo
machismo doentio e reinante durante anos?
Eu não sou uma feminista. Com a minha idade (não pensem besteira) e nascida em Bom
Conselho, seria muito difícil sê-lo. O que fui foi
muito mulher. Mulher no sentido de ser gente de um
sexo, e que sempre exigiu respeito do outro. Isto não
implica sair por aí queimando sutiãs, só porque
os homens não queimam cuecas. Implica sim, batalhar
pela sobrevivência e lutar por uma vida digna da
mesma forma que devem fazer todos os
gêneros, e junto com todos eles, mesmo que
admitamos a existência de mais de dois. Estou
lembrada de uma nota que escrevi no Mural do site
de Bom Conselho (agora o Mural cabe poucas letras,
cruzes!) logo após a vitória de nossa atual prefeita,
Judith Alapenha, criticando o fato de alguns artigos
louvarem seu feito, não pelo o feito em si, mas por ela
ser uma mulher. Quando ser mulher, era apenas um detalhe. E assim ainda penso hoje.
Ser mulher é apenas um detalhe, em nossa época moderna e, talvez, mais civilizada. Isto
não ocorre ainda com todos os povos e citamos alguns lugares acima, como exemplo,
muito atuais. Voltemos à Índia (o que a novela da Globo mostra, é só uma caricatura da
mulher indiana, na realidade é muito pior. Desculpem, todos sabem, adoro novelas e
meu marido também) onde as mulheres ainda sofrem uma terrível discriminação, este
detalhe se torna chocante e mesmo revoltante. Basta ir na internet para encontrar
citações como a seguinte:

140
“Não são poucas as mazelas sofridas pelo sexo feminino aqui na Índia. Supondo que a
menina escapou do aborto seletivo, ela corre o risco de receber um “nome frase”, ou
um nome pejorativo, ridículo ou humilhante, que indique o descontentamento do pai em
ter tido uma filha ao invés de um filho; algum destes nomes próprios são: ‘espero que
seja a última’, ‘nossa que castigo’, ‘o que fiz pra merecer isso?’, 'meu karma é muito
mau', 'devo ter sido mau na encarnação passada' e coisas do gênero.
Na casa de uma pessoa aqui na Índia vi a empregada limpando bem, o que é raridade,
então perguntei o nome dela e a pessoa respondeu “empregada”. Pensei não ter
entendido bem e tornei a perguntar e a resposta foi a mesma. Para esclarecer eu
perguntei ‘o nome da moça é “empregada”?’ e a
pessoa respondeu SIM, o nome dela é
Empregada!!!! “:(
http://indiagestao.blogspot.com/2007/03/trajetria-da-
vida-da-mulher-na-india.html)

Alguém pediria à mulher indiana, vivendo nesta


situação, para escrever sobre o seu dia, só porque ela
é mulher? Claro que não, mesmo porque ela não
saberia escrever, nem ler. Lá, ser mulher, não é,
ainda, apenas uma detalhe como aqui. Será no
futuro, mas não por causa do nosso dia. E sim
porque, com o avanço das comunicações, as
mulheres indianas descobrirão que para serem mulheres, devem antes ser gente, como
algumas de nós ocidentais aprendemos, a duras penas.
E vocês vem ainda pedir para escrever sobre o meu dia? Escrevam vocês homens, como
Marlos Urquiza fez, num belo texto, abaixo publicado, apesar de algumas pequenas
discordâncias. Mas, pelo amor de Deus, não me venham com aquela estória de rainha
do lar (me desculpem as majestades), aqui em casa temos o rei do lar, também.

P.S. - Para sua reflexão: Se você descobrisse que sua filha ou neta, de 9 anos de idade,
foi estuprada e está esperando filhos gêmeos, de quem você aceitaria um conselho, do
bispo ou do médico?

Lucinha Peixoto - E-mail: lucinhapeixoto@citltda.com

141
O Dia Internacional da Mulher - Complemento
*****************************************

Caro Carlos Sena,

Mais uma vez agradecemos sua participação em nosso Blog. Penso que foi Voltaire
quem disse, ou talvez tenha visto na folhinha de algum calendário: "Discordo daquilo
que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito de o dizeres". Isto se eu discordasse
totalmente de você. Imagine o que penso, concordando parcialmente. Lucinha, quando
ler seu comentário deve se sentir honrada sendo colocada como símbolo de Mulher,
principalmente porque ela não é muito fã do nosso bispo, embora se considere uma
católica praticante tentando cumprir todos os ritos da Igreja. Obrigado.

Diretor Presidente

*******************************************

Dia Internacional de mulher é um dia de reflexão. Penso que Lucinha pode, sem sombra
de dúvidas, simbolizar essa mulher genérica deste dia. Claro que não a conheço
pessoalmente, pois é por isto que imagino assim. A mulher que queria neste dia
homenagear seria Mãe Jó, ou dona Maria Jó, como era mais conhecida no alto do
colégio. Também Dona Pretinha, minha mãe, poderia ser esse símbolo. A própria
Gonga (uma mulher tida como ´"de vida fácil" dos meus tempos de adolescente), ou
essa mulher que a gente não sabe ao certo seu nome, mas que MARIA já basta -
diferente de "empregada", "secretária", ou assemelhados títulos reducionistas da
condição de gente. Apenas Maria. Apenas Lucinha. Apenas Pretinha. Apenas Mãe Jó.
Sem penas, mas com louvores às atitudes de mulheres fortes, decididas, que sabem fazer
a diferença.
Neste dia Internacional das Mulheres, quem mais deveria comemorar era o HOMEM.
Ele, afinal, tem sobrevidido na sombra delas, haja vista que no carnaval do Recife só dá
homem se vestindo de mulher. Neste tempo todo de Recife, nunca vi mulher vestida de
homem, exceto aquelas que são, naturalmente, masculinizadas. Se elas forem felizes é
tudo que importa. Afinal gente feliz é o que precisamos em todos os lugares, inclusive
nos altos cargos da igreja.
Portanto, neste dia, invoco às mulheres que nos deem esse presente: "façam uma
revolução na igreja caótica, digo, católica" no sentido de que um dia a gente possa ter
uma mulher como arcebispa de Recife e Olinda. Pois se assim já fosse a gente não
estaria passando por esse vexame desse bispo antipático que só provoca a discórdia em
nossa arquidiocese: fechou o seminário teológico, persegue padres que eram amigos de
Dom Hélder, suspendeu Padre Edvaldo de Casa Forte, meteu-se em fuxico com um
padre e uma suposta amante que até hoje nada ficou provado e por aí vai. Agora se sai
com essa pérola da excomunhão de pessoas que são conscientes do dever profissional
como os médicos que fizeram o aborto induzido da menina de 9 anos já alardeado pela
imprensa do mundo inteiro.
Mas como falar desse "bispinho", mais espinho do que bispo, é "gastar vela boa com
defunto ruim", retomo a prosa das mulheres neste dia de REFLEXÃO.
Portanto, Lucinha, a bola é sua. Na verdade é de todos, posto que toda mulher tem um
homem dentro de si e todo homem uma mulher, não necessariamente nesta mesma
ordem. Parabéns, portanto, a todas a mulheres que são felizes independente da condição

142
que tenham. Afinal, são fiéis representande de Maria, mãe de Jesus, aqui na terra.
Afinal, representam a grande frustração dos homens que, por mais fortes que se digam
ser; por mais sábios e inteligentes que se digam ser, jamais irão conceber dentro deles
(de nós) uma criança - missão delegada por Deus às MULHERES.

Carlos Sena

143
Dúvidas
O que segue é mais um diálogo, bem humorado, com um jovem, mais jovem do que eu
supunha, maduro e inteligente de nossa terra: Felipe Alapenha. Sua publicação tenta
atrair pessoas de sua idade ao prazer da escrita, da discussão e da reflexão sobre os
problemas do mundo, com ênfase no nosso que é Bom Conselho. Espero que a CIT
esteja no caminho certo. Como disse anteriormente, já temos aqui jovens de 40, 50, 60,
70 e até de 80 anos, agora temos um jovem de 20 anos, que venham os precoces de 10.
Se os jovens mais velhos divulgarem o Blog com os filhos e netos (não posso esquecer
de nosso conterrâneo Zé Tenório, que além de ter uma linda neta, escreveu A Floresta
das Garças que resume a situação de quase todas fazendas de Bom Conselho, brilhante)
conseguiremos.

Diretor Presidente

********************************************

Dando uma esticadinha no carnaval, tive a oportunidade de passar por Bom Conselho e
aproveitar o final de semana pós folia na terrinha. E chegando lá eu tive a alegria de
receber um convite de minha mãe, pra acompanha-la em uma festa num distrito:
Caldeirões dos Guedes! Festa do padroeiro da localidade. Logo me veio a cabeça a idéia
de passar pelas instalações da CIT e conhecer todo o pessoal. Estávamos em 6: eu,
minha mãe, minha irmã do meio Natália, a vereadora Ivete, secretário Washington e a
Drª Izabel Lima. Uma comissão bem animada e uma viagem divertida até aquele lugar.
Eu não conheço muito Caldeirões, mas confesso que não foi dificil andar por lá! Pelos
vídeos postados por vocês da CIT, eu pude me familiarizar com aquele lugar e fui me
localizando... Logo procurei a sede da empresa.
Descendo por uma ladeira, logo depois da praça, pude ver de longe a casa bege que eu
tanto conheço pelas fotos. Ao não ver o letreiro da empresa, que agora eu sei que só é
virtual (kkkk), já pude perceber que alguma coisa estava errada! E ao ir cumprimentar
as pessoas daquela casa, pensando que ia lidar com um cenário Hightec, como eu
sempre imaginei ser a sede da empresa, me deparei com uma gente muito boa e simples,
que de longe se parecem com programadores de um blog.
Aí me veio a dúvida na cabeça: A CIT existe mesmo, digo, fisicamente? Ninguém
melhor que o Sr. Diretor da empresa pra me responder essa também!
Agora eu penso se tratar da CIT uma organização secreta! Niguém sabe, ninguém viu,
mas todo mundo sabe que funciona! Acredito que isso seja para manter o anonimato,
mas confesso que fiquei meio decepcionado por não conseguir falar com vocês
pessoalmente. Quer dizer, até desconfio que conheci um dos integrantes da empresa
nesse mesmo dia, na casa do vereador Vavá Caréu, em uma conversa descontraida
acompanhada de uma cerveja servida pelo nosso anfitrião. Mas como eu disse, é só uma
desconfiança! Desconfio de tudo e de todos agora quando se tratar da CIT, no bom
sentido, é claro! kkkkkkkkkkk

um grande abraço
Felipe Alapenha

**********************************************
Caro Felipe,

144
Em primeiro lugar agradeço o e-mail. Receber notícias suas, mesmo antes de ler, já é
um momento bom. Lendo então, só tenho a agradecer à visita em nossa sede em
Caldeirões. Se vocês tivessem me avisado eu teria pelo menos mandado contratar, se
não uma banda de música mas, pelo menos, um conjunto de forró para recebê-los.
Infelizmente, o Jefferson, nosso funcionário único, tinha ido para Bom Conselho curtir
seu Carnaval. Você tem razão, mandamos retirar o letreiro da casa, pelo motivo que
você presenciou a gente muito boa e simples que divide a casa conosco. Apareciam
muitas visitas, alterando sua rotina. O nosso funcionário só ocupa um quarto que fica
fechado. Lá você iria encontrar um cenário mais Hightec, como você diz. Um
computador em forma de pinico. É uma criação nossa. Um monitor em forma de um
retrato na parede. Um mouse em forma de faca peixeira. Você precisava ver o Jefferson
usando o pinico olhando para o monitor com a faca na mão. Isto causava muita
confusão na casa e resolvemos ficar
num quarto mais isolado.
Diante deste desencontro, você e a
comitiva tem toda razão para
perguntar: a CIT existe mesmo,
fisicamente? Para responder a esta
pergunta estou enviando os anexos
com fotos de sede em Recife e na
Inglaterra. Nestas subsedes você
poderá encontrar uma tecnologia
mais desenvolvida. Por exemplo,
em Recife, criamos uma impressora
em forma de Galo. Alguns a
chamam de Galo da Madrugada
mas, é só para chatear seu criador (Cleómenes Oliveira). Coloca-se o papel no bico,
comanda-se a impressão, e o texto impresso sai perfeito pelo outro lado. Adaptamos
uma câmera de vídeo com um aparelho que tira foto como uma espécie de raio X. Esta
foi uma invenção do Jameson Pinheiro. Aplica o princípio que todo "corrupto" vem com
uma placa no corpo que pode ser detectada pela nossa câmera. Recentemente,
emprestamos uma destas a Jarbas Vasconcelos. Dizem que ele a usou numa reunião do
PMDB e, vendo as fotos, resolveu dar um entrevista à revista Veja. O problema é que
estas fotos ainda não podem ser usadas como prova. No futuro, quem sabe.
Diante disto tudo, a CIT não pode
ser uma organização secreta. Pelo
contrário, ela tenta ser
transparente. Mas, de quaquer
maneira, sendo você um jovem,
pode não só desconfiar mas, tem
que desconfiar, inquirir, pesquisar
e tentar melhorar a vida do nosso
povo, nem que seja
proporcionando-lhes Risos e
Emoções. Tenho certeza que, as 6
pessoas que foram a Caldeirões,
depois de terem visto aquelas
pessoas simples e boas que
dividem a casa com a CIT, lutarão pela Inclusão Digital do povo mais simples de Bom
Conselho, também como Vavá Caréu e outros de Caldeirões farão, independentemente

145
de credos políticos. Aí sim, a CIT ganhará ainda mais $RE.
Pedindo desculpas pela decepção em não nos encontrar pessoalmente, digo, não faltará
oportunidade. Colabore com nosso Blog e com nossa empresa divulgando-os, como
vem fazendo, e também com suas idéias, que teremos o prazer de publicar. Já peço
permissão para publicar este nosso novo diálogo, acrescido de sua permisão e de
qualquer outra coisa que queira escrever. Isto serve para seu colegas e amigos
principalmente, os jovens.

Saudações Cordiais
Diretor Presidente.

****************************************

As imagens e suas descrições já responderam ao meu questionamento principal!


kkkkkkkkkkkkkkkkk
Sobre a permissão, já está dada para publicar o nosso diálogo.

Obrigado pela atenção mais uma vez


Felipe Alapenha

****************************************
Caro Felipe,

Que bom você ter se convencido de nossa existência física e transparência. Devo
confessar que a foto mostrando a sede e Recife já não mostra mais nossa realidade. A
prefeitura (o novo prefeito) mandou desmontar nosso prédio alegando o mesmo não
seguir as normas arquitetônicas para o local. Mas estamos no mesmo endereço no
prédio que foi restaurado. Quando quiser, visite-nos, será um prazer recebê-lo. A sede
na Inglaterra continua no mesmo lugar, parece que não mudou o prefeito (notou a
Bandeira de Bom Conselho ao lado da Brasileira, os ingleses morrem de curiosidade).
Como disse, no outro e-mail, nosso Blog precisa de colaboradores jovens, (não o
conheço mas, tenho certeza você deve ter abaixo de 30). Sempre que tiver algum artigo
interessante sobre nossa temática principal, que é Bom Conselho, mande prá gente e
temos o prazer de submetê-lo ao nosso Conselho Editorial. Atualmente só temos
colaboradores jovens com mais de 50, e eu me incluo entre eles, no entanto queremos
ouvir as opiniões de jovens mais jovens. Este convite é extensivo aos seus amigos,
colegas e demais jovens de nossa cidade. Pagamos a todos em $RE. Os nossos
colaboradores atuais estão muito satisfeitos com o que ganham.
Agradecemos pela divulgação e pedimos: continue divulgando, tenha certeza, Bom
Conselho é a causa maior.

Diretor Presidente

*****************************************

Eu fico lisonjeado pelo convite de ter essa honra de escrever para o blog. Confesso que
a minha criatividade não me permite isso agora, mas certamente vou fazê-lo em breve,
assim que tiver alguma inspiração sobre as coisas da nossa terra. Vou estender o convite
também aos meus amigos.
Ah sim, e só por curiosidade, acredito que eu seja o mais novo da turma mesmo! Sou

146
um jovem de 20, que não canso de aprender e apreciar as histórias dos jovens de 50,
60...

um grande abraço
Felipe Alapenha

*****************************************
Saudações Juvenis
Diretor Presidente - E-mail: diretorpresidente@citltda.com

147
Chegando
E a Maria Caliel
vem chegando de mansinho
como abelha que faz mel
começa devagarinho.

Vem chegando pro Mural


sem nem apressar o passo
numa prosa sem igual
vem estreitar esse laço.

De pouco em pouco nós vamos


aumentando essa corrente
por isso que aqui estamos
cercados de tanta gente.

A vida é quem nos ensina


a vivê-la intensamente
ser mulher é ser menina
para que ser diferente?

Caliel já nos honrou


com sua nobre chegança
na Academia aportou
com tempero e temperança.

Veio emprestar seu valor


e juntar-se a outros tantos
na mão trazia uma flor
no coração seus encantos.

Trouxe prosa com doçura


juntou-se a seus semelhantes
trouxe o traço da ternura
veio dócil, sem rompantes.

E por que ser diferente


nessa vida passageira
onde a vontade da gente
é ser gente a vida inteira.

Seja bem-vida, Maria


nesse espaço que é de tantos
tua estréia me alumia
e alumia a não sei quantos.

Trilhando pela humildade


nós só queremos saudá-la
saudar com maturidade

148
e agora és tu quem fala.

E eu fico por aqui


cheio de contentamento
deixo um abraço pra ti
no meu arrebatamento.

Só quis fazer um lembrete


da tua ilustre chegada
vou deixar-te um ramalhete
vou ouvir a passarada.

Deus te ilumine a estrada


onde haverás de passar
usa a porta de entrada
pois vieste pra ficar.

José Fernandes Costa - jfc1937@yahoo.com.br

149
A “Arapongagem”
Deixaram-me um pacote na sede da CIT, em Recife. Ao Senhor Diretor Presidente.
Trouxeram-me o pacote. Abri-o com cuidado, mas sem susto. Um pacote é um pacote.
Havia uma fita gravada e um bilhete. Neste estava escrito
com letras de forma, tiradas de algum jornal ou revista:
“Vejam o que estão conversando em sua empresa”. Logo
abaixo duas letras: P.Q. Se houvesse mais um P. no final,
bastava o “vá para” na frente para fazer sentido. Mas eram só
duas letras. Fui ouvir a fita para ver se achava algum sentido
nas letras.
Havia algum chiado, porém, era absolutamente audível.
Distinguiam-se bem as vozes de Lucinha Peixoto e de José
Andando de Costas. Vi também que a conversa era na mesa
da Lucinha, que tem o hábito de levar um radinho de pilha
que fica tocando baixinho (ela diz que são “Clássicos”
relaxantes), mas não tanto para escapar do gravador clandestino. Ouvi a fita até o fim. O
que foi conversado entre os dois era quase lugar comum na empresa, já discutido em
outras reuniões mas, longe de mim dizer que o que se conversou ou foi dito represente a
posição da CIT, aqui cada um é livre para opinar. Chamei Lucinha e Zé Andando
mostrando-os a gravação. A reação de Lucinha foi
taxativa e veemente:
- Então estão gravando conversas aqui na CIT? Isto só
pode ser uma brincadeira de mau gosto. Grampos na
CIT? Meu Deus aonde estamos?
Eu os acalmei e disse: como castigo para vocês, por
conversar na hora do expediente, vocês vão
transcrever, sem cortes nem edição todo o teor desta
fita, e o publicaremos. Assim foi ordenado e assim foi
feito. A transcrição da fita está aí em baixo, sendo
assinada pelos dois. Lucinha diz que continuará
conversando, embora, agora na hora do almoço, e
olhando para os lados.
No entanto, fiquei encafifado por não saber o que
significava o bilhete e principalmente as letras P.Q.
no final. Ainda quero saber quem é o autor da
brincadeira de “arapongagem”.
No dia seguinte li em num jornal: “Prorrogada pela
quinta vez, a CPI dos Grampos começou ontem novo
capítulo de atividades convocando para prestar
depoimento o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz....”
As iniciais, meu Deus, a ABIN, nãoooooooooo....

Diretor Presidente
*****************
C O N V E R S A:

- Bom dia, Lucinha!


- Bom dia, Zé Andando, como estão as coisas?
- Mais ou menos. O pessoal está reagindo aos meus conselhos, como revisor. Não

150
querem mais saber de Reforma Ortográfica, nem mesmo para os erros crassos que
alguns cometem de concordância ou regência. Inclusive você, Lucinha.
- Zé, pelo amor de Deus, eu escrevo há séculos, todo mundo me entende, já fui até
convidada uma vez para Academia Virtual Pedro de Lara, no site de Bom Conselho.
Falando nisso, agora chegou outra escritora lá. Maria Caliel, dizem que é boa, mas
ainda não tive tempo de lê-la; o Zé Fernandes escreveu um poema em homenagem a
ela, o Diretor aprovou a divulgação. Apesar de alguns desentendimentos, no passado,
acho Zé Fernandes um ótimo poeta. Como estava falando, com este tempo de escrita
você vem me dizer que devo escrever “saite” em vez de site. Me poupe, né Zé.
- Por falar em Academia, a quantas anda a Academia de Verdade, não a virtual, mas a
outra para a qual Pedro de Lara venceu a eleição para patrono?
- Sei lá. Já estou pensando que aqueles que disseram que tudo isto não passaria de uma
fogueira de vaidades, é que estavam certos. Zé Arnaldo que lançou a ideia, sumiu do
site. O Andarilho, quando chegou lá só falava em Academia, agora só fala em
encontros de papacaceiros, que acontecerão apenas no próximo ano, saúda os
visitantes do mural, e lança candidatos a deputado. Só este ano escreveu mais de 100
artigos, li alguns, academia zero. O único que atualmente demonstra ainda um certo
interesse é o Zetinho mas, penso que ele não mora em Bom Conselho nem consegue um
líder da terra para tocar o projeto. O único que eu achava capaz de faze-lo é o
Alexandre Vieira, mas é contra a Academia. Não vejo muita saída não.
- Por que você não vai a Bom Conselho conversar com os intelectuais que moram lá,
como Geraldo Guedes, Fernando Benjoino, João Nelson, Edjasme Tavares que agora
está morando em Garanhuns, e outros, que agora não lembro?
- Até parece que tu não conheces minha vida aqui. Eu, por acaso, tenho algum tempo
para sair daqui? Lembra que agora não temos mais nem hospedagem em Caldeirões?
Se eu lutar mais um pouquinho por esta Academia, tem que ser no virtual mesmo. E lhe
confesso, caro amigo, só o faço por causa do Pedro de Lara. Não só pela pessoa que
foi mas pelo que ele representa para Bom Conselho. Vivi em Bom Conselho durante
anos. Gente do povo era considerada maluca. Um vez fui entrar num baile de carnaval
lá no Centro, até hoje não sei porque chamavam de Centro, pois lá havia um baile de
clube chamado O Amigo da Onça, onde só entravam os meninos da chamada
sociedade. Me barraram, porque eu não estava fantasiada. Se fosse hoje eu dizia como
Joãozinho Trinta: estou fantasiada de pobre. Sendo Pedro de Lara o patrono, nossa
elite intelectual tirou o corpo fora. Para ser justa, menos o Zetinho, que apesar de lutar
pelo Dantas Barreto, aceitou o veredicto da nossa enquete. Dos outros interessados,
ninguém mais deu um pio.
- E aquela tua ideia de começar pela Academia virtual? Pensastes alguma coisa mais?
- Não tem jeito. Ninguém quer botar o guizo no gato. Mesmo começando pela
Academia Virtual, alguém tem que tomar a iniciativa. Existem bons escritores lá, mas
grande parte escreveu alguns artigos há muito tempo, outros entraram porque
escreveram quatro linhas no mural, e daqueles que realmente tem participação, a
maioria gosta mesmo é de escrever e não coordenar um processo de criação de uma
Academia Real, via Academia Virtual. Agora, com o Mural do site, eletrônico, não há
mais censura às mensagens, mas há a limitação de caracteres, e se torna um meio
perigoso de escolha de Imortais. Poderão ficar conhecidos como Imortais de 1000
toques. Confesso que não sei mais qual o processo de escolha.
- Por que você não propõe ao Diretor Presidente que a CIT entre neste processo de
organização?
- Você não estava aqui na época em que deixamos de escrever para o Mural do site de
Bom Conselho. A forma como saímos, e tivemos nossas razões, deu a impressão,

151
principalmente para aqueles que, quando tem contrariados os seus interesses de
aparecer, ficam botando cabelo em ovo, que estávamos brigando com o site e com a
academia virtual, quando nunca tivemos esta intenção. Hoje já conseguimos convencer
alguns que o Blog da CIT foi criado para complementar o site, e não para substituí-lo.
Alguns já publicam seus artigos nos dois veículos, e também na A Gazeta. Isto só pode
mais do que triplicar o que a arte de escrever pode fazer por Bom Conselho. No
entanto, alguns, felizmente uma minoria tão pequena que quase passa à categoria do
Eu Sozinho, ainda teima em boicotar nossas ações. Ao invés de verem o que escrevemos
ficam o tempo todo indagando quem somos nós. Dizendo que eu não sou eu, você não é
você, o Diretor Presidente é outro, como se houvesse importância que a pessoa que
escreveu o Evangelho de São Marcos se chamasse Plínio, ou que Moisés teria menos
méritos em escrever o Pentateuco por se chamar Davi. Defendo que mesmo O
Andarilho só deve ser criticado pelo que escreve e não porque é um Capelão e se
chama Osório. Mas, o Blog da CIT, está cumprindo o seu papel de ser mais um órgão
cultural e informativo para Bom Conselho sem fugir do objetivo maior da empresa de
proporcionar aos seus clientes Risos e Emoções. São quase 1000 acessos por mês, até
agora. Lembre-se Zé, existem emoções de todo tipo.
- Em suma......?
- Seria difícil mesmo que alguns não fossem tão vaidosos ao ponto de colocar em risco
os desejos de uma comunidade inteira para aparecer, e havendo estes, meu amigo, a
coisa torna-se ainda mais complicada. Mas, como dizia meu pai, quando eu queria um
vestido novo no dia de ano: Se não tiver o vestido novo, vista um velho e faça uma cara
nova, alegre, confiante e tranqüila.
- Lucinha, vendo você falar quase perdi a hora, tem um artigo do Jameson pra ler. See
you later!
- Zé, tu vistes algum ruído aqui por perto, parecia um gravador? Não, nada...Té.

José Andando de Costas - jad67@citltda.com


Lucinha Peixoto (Protestando contra a "Arapongagem") - lucinhapeixoto@citltda.com

152
A melhor bebida do mundo!!!
Não há vinho raro, whisky de quantos anos mesmo? Sucos, refrigerantes, licores, nada
disso chega perto da boa e velha.....água de beber, camarada! Muitas pessoas continuam
com a visão infinita da água. As previsões
internacionais dizem que em 2025 , dois terços da
população mundial, não terão acesso a água potável.
Parece distante? Não, não é . Está aí, ó. É para se
preocupar sim. É preciso uma mobilização mundial.
Não é um problema estatal. A sociedade deve estar
atenta! Eu, você , nossos filhos, os vizinhos, as pessoas
em geral....... Água não se repõe portanto .......cuidado
! Ela é para o nosso século , o que o petróleo foi no
século 20 : fator determinante de riqueza das nações.
Surpreso? Acho que não. Atenção! ÁGUA , water,
acqua....a vida na terra depende totalmente dela.
Curiosamente, na interpretação dos sonhos, a água é o símbolo da vida! Portanto ,
dependendo do tipo de água , você terá um significado para seu sonho........acredite ou
não. Fonte de vida , que hoje precisa de um controle social, é foco de estudos,
campanhas , incentivos. Você ainda lava a louça sem fechar a torneira? Faz a barba com
a torneira aberta? Lava seu quintal sem varrer, usando toda a água que bem entender?
Sua vassoura é a mangueira? Escova os dentes com a torneira escancarada?? E seu
banho? Faz dele um relaxamento ou é para se "banhar" como se diz ? É preocupado
com vazamentos? Não só em sua
casa , mas também no trabalho ,
academia, escola, ou seja onde
você enxergar um , aponte,
cobre, exija solução! É problema
nosso sim. As indústrias também
se preocupam. A evolução
técnica de alguns tipos de
chuveiros e torneiras acionam
menos água. Dê preferência para
descarga com caixa. Economiza
água. Os modernos prédios hoje
são construídos com reutilização
de água. Além de cooperar com o
ambiente, coopera com o bolso dos moradores, pois diminue o condomínio. Já
decretaram até,os 10 mandamentos para usar bem a água. Pode ler, reler , mas
principalmente , fazer uso deles. Adote esses hábitos,se já é adepto, divulgue. Se
imprimir,imprima só o necessário. Consumo consciente de água !!!! Água na natureza,
na vida e no coração dos homens !! Isso sim é de dar água na boca!!!!!
bjussssssss boa semana
Ana Luna , São Paulo
Evite o desperdício, seguindo os dez mandamentos.
1.No banho: Se molhe, feche o chuveiro, se ensaboe e depois abra para enxaguar. Não
fique com o chuveiro aberto. O consumo cairá de 180 para 48 litros.
2. Ao escovar os dentes: escove os dentes e enxágüe a boca com a água do copo. Assim
você economiza 3 litros de água.

153
3. Na descarga: Verifique se a válvula não está com defeito, aperte-a uma única vez e
não jogue lixo e restos de comida no vaso sanitário.
4. Na torneira: Uma torneira aberta gasta de 12 a 20 litros/minuto. Pingando, 46
litros/dia. Isto significa, 1.380 litros por mês. Feche bem as torneiras.
5. Vazamentos: Um buraco de 2 milímetros no encanamento desperdiça cerca de 3
caixas d’água de mil litros.
6. Na caixa d’água: Não a deixe transbordar e mantenha-a tampada.
7. Na lavagem de louças: Lavar louças com a torneira aberta, o tempo todo, desperdiça
até 105 litros. Ensaboe a louça com a torneira fechada e depois enxágüe tudo de uma
vez. Na máquina de lavar são gastos 40 litros. Utilize-a somente quando estiver cheio.
8. Regar jardins e plantas: No inverno, a rega pode ser feita dia sim, dia não, pela
manhã ou à noite. Use mangueira com esguicho-revólver ou regador.
9. Lavar carro: Com uma mangueira gasta 600 litros de água. Só lave o carro uma vez
por mês, com balde de 10 litros, para ensaboar e enxaguar. Para isso, use a água da
sobra da máquina lavar roupa.
10. Na limpeza de quintal e calçada USE VASSOURA - Se precisar utilize a água
que sai do enxágüe da máquina de lavar.

ANA LUNA
--------------------------
(*) A segunda foto é do distrito de Rainha Isabel (Gildo Póvoas) do site de Bom
Conselho.

154
O Músico
Como alguns já sabem, nasci em Bom Conselho, mais especificamente na Praça Lívio
Machado. Livio Machado pertence à nossa história, foi um grande comerciante e
prefeito da cidade. Durante minha infância ele
era um busto no meio da praça que tinha o seu
nome. Hoje a praça continua lá mas, não sei
qual o nome dela. Onde está o busto? Parece
que está numa praça no Corredor. Sobre ela
lembro, minha mãe contava, eu a chamava a
“peste” preta, mas não me lembro o porque de
“peste”, só do preta, porque era a sua cor.
Algumas vezes colocavam um auto-falante em
cima dela. Era a Voz da Verdade? Ajudem-me,
historiadores. “Mãe, a peste preta tá falando”. Minha mãe ouviu isto várias vezes.
Não é sobre Livio Machado nem sobre onde nasci, que estou tentando escrever. No
entanto, viver ali um período, sem muita consciência disto, mas, olhando a Matriz de
Jesus, Maria e José, foi um privilégio, que poucos tiveram. Era do centro, Jameson da
periferia. Quando digo isto hoje a ele, rimos muito, e comentamos: a Lucinha é dos
“arredores” (obrigado, Carlos Sena), da Praça da Bandeira. Sorry, periferia! Escrever
sobre coisas do passado dar nisso, queremos ir ao ponto e ficamos parado na praça.
Como todo pré-adolescente, caminhava pelas redondezas. Uma delas me era muito
familiar. A Rua da Cadeia. Como temos
história naquela rua. Não me lembro bem do
episódio todo mas contavam:

- Vim soltar fulano de tal! Disse Padre


Alfredo subindo as escadas da cadeia.
- Se o senhor subir eu atiro! Disse o soldado
apontando o fuzil para ele.
- Atire soldado, mas cuidado para não errar,
pois se errar eu solto o preso.

O padre levou o homem com ele. Eu ouvia aquilo e cada vez mais o admirava como
cristão.
Mas, já estou perdendo a paciência comigo mesmo. Vamos ao ponto. Ele tem a ver com
a Sede da Música. Alguém já ouviu falar disto? Se não ouviu, é muito jovem ou não é
de Bom Conselho. Era uma casa que ficava na
Rua da Cadeia, hoje José do Amaral, e abrigou,
durante muito tempo a maior fábrica de artistas
que Bom Conselho já teve. Ficava ao lado da
casa de Seu Carlos Cordeiro (pai de Zé Carlos
que muitos confundem comigo, nada contra, mas
sou mais jovem) e pegado com a Casa de Dona
Teté, mãe de Tanzinho, quase de frente da casa
de D. Júlia, mãe de Naduca, avó de Jorge.
Eu sempre ia lá, na época em que Zé de
Apolinário, Zé de Puluca, José Duarte Tenório ou seu Zé, era o maestro e o grande
“fazedor” de músicos de nossa terra. Ficava olhando os ensaios. Cito de cabeça, e me
desculpem se esquecer alguém, me lembro de Zé de Dinda, Zezé Não me Mui, Mané

155
Guadêncio, Artur de Paizinho, Seu Abdon (não sei se se escreve assim. Ele vendia o
melhor arroz doce que já comi, no recreio do Ginásio), Seu Luis, Zé Delicado, Zé
Povoas, Reginaldo e outros.
Presenciei um diálogo do mestre Zé de Puluca (que recebeu uma homenagem da CIT
um tempo atrás ver: http://www.youtube.com/watch?v=tpYoav-2uEc ou ver filme no
final), com um futuro artista que me chamou a atenção. Seu Abdon queria aprender
música. Penso, como todos que se iniciam, começam pensando no instrumento que
querem tocar, influenciados pelo que acham belo e importante. Ele queria tocar
clarinete.

- Por que o senhor que tocar clarinete, seu Abdon?


- Porque é o que mais gosto de ouvir.
- O senhor vai tocar para o senhor mesmo ou para os outros?
- Pros dois, disse seu Abdon.
- Então vamos tirar a dúvida. Vamos começar aprendendo as notas.

Depois vi seu Abdon marchar garbosamente, na linha de frente da Banda Villa Lobos,
tocando Tuba.
Certo dia, estava olhando outros rapazes aprenderem com ele. Ele virou-se pra mim e
disse: E você não quer aprender? Tinha pensado nisto algumas vezes, gostava do
resultado, mas não sabia se estava disposto a algum dia participar na produção daquele
resultado tão bonito. Falei com meus pais, minha mãe foi silenciosamente a favor. Meu
pai ainda disse: é melhor do que ficar jogando sinuca em João Jararaca. Decidi começar.
Primeiro dia, primeira aula. Seu Zé: já conhece alguma coisa de música? Não, respondi.
Aprendi os nomes das notas e algumas outras coisas e chegamos numa aula que ele
dizia ser de solfejo. Eu tinha que levantar e baixar a mão numa determinada cadência
dizendo: dó, sol, lá, fá, sol, dó por exemplo,
vendo uma pauta. Quando comecei a fazer isto
não agüentei, tive um ataque de riso, destes que
você não consegue parar mesmo que esteja na
frente de um pelotão de fuzilamento, e morre
sorrindo. Óbvio que seu Zé ficou uma fera
comigo e me mandou embora. Minha música foi
morta pelo meu riso.
Apesar disto, ainda rio quando lembro deste
“causo”. O riso salvou Bom Conselho de um
músico que, certamente, iria desonrar a Sede da Música. Todos os outros alunos, pelo
menos os que acompanhei, a honraram. Gosto de ouvir música, boa música. Existe uma
má música? Será o Brega ou a Ópera? Na dúvida, aqui na CIT, mando outros
escolherem. O riso matou o músico.

Diretor Presidente.
----------------------------------
(*) Todas as fotos foram obtidas no Site de Bom Conselho ou Orkut de Niedja
Camboim (belo trabalho), todos serão devidamente pagos. Esperem os cheques em
$RE.

156
O Músico - Complemento
Abaixo estão alguns comentários ao nosso escrito: O Músico, e algumas respostas do
autor.

Diretor Presidente

****************************

[Ana Luna]

Muito bonita a forma exposta do meu artigo , agradeço mais uma vez.

Gostei do Músico , muito bem colocado, adoro a rua da cadeia, já leu meu artigo "Rua
José do Amaral"? Frequentei e ouvi muito o som da casa citada....saudades!

Ah!....mas onde estah o busto? Vamos procurar?

bjussssssssssLa Luna

----------------------------

Ana Luna,

Temos é que agradecer a você pela oportunidade de publicar seus textos. Já li seus
artigos sobre a Rua José do Amaral. O Jameson nasceu por lá. Eu realmente não sei
onde foi parar o busto. Durante este tempo muita coisa se perdeu em Bom Conselho.
Mas, vamos procurar o busto e as outras coisas, que poderia se chamar Busto, com
maiúscula. De vez em quando escreveremos sobre outros Bustos.

Saudações

Diretor Presidente

----------------------------

Sr. Diretor

Busto um caminho para encontrar muitas coisas perdidas em BC.

157
Gostei da idéia...

bjussssss Ana Luna

*************************

[Gildo Póvoas]

Senhor Diretor Presidente:

Muito me sensibilizou a sua crônica sobre a escola de música, pois eu também a


frequentei. Como ouvinte a princípio, depois aprendendo a rabiscar as notas, nesta
época auxiliado pelas aulas da professora Iracema Braga-Canto Orfeônico- se não me
falha a memória. Recordar Bom Conselho é sempre prazeroso, mesmo que saibamos
que aquela Bom Conselho, só existe na nossa memória, por isso sempre louvo quando
alguém resolve abrir a sua memória e compartilha-la conosco.

Não fui bem sucedido na minha empreitada com a música, naquela época. Enfim o
tempo foi passando e as nossas células vão aos poucos se revelando sobre o que querem
ser e os nossos dons vão se revelando, enfim descobri que a minha vocação na época
não era para tocar qualquer instrumento mas para ouvir os instrumentos.

E eu estava certo, naquela época, senão, seria hoje um soprador de instrumento. E veja a
ironia do destino: Hoje estou numa aula de música. Estou aprendendo a "bater" no
teclado. Ai chega-se a uma conclusão : Uma vez começado algo nunca deve se deixar
pela metade. Conclua-o

Abraços fraternos

Gildo

-----------------------------

Caro Gildo,

Não me lembro de você lá na sede da música, talvez, talvez pela idade. Lembro do seu
irmão, Zé Póvoas. Dona Iracema foi minha professora no Ginásio, bons tempos. Mas, se
mesmo com ela e Zé de Puluca querendo me ensinar eu não aprendi música, já tenho
sinal dos deuses suficiente para não mais tentar. Sou só um ouvidor, mas admiro muito

158
quem faz mais do que isto. Parabéns pelo teclado. Com sua capacidade demonstrada em
outras áreas, Frank Aguiar que se cuide.

Aqui na CIT quase todos (dos que escrevem em nosso Blog) são de Bom Conselho.
Sempre que podemos relembramos o passado, falamos um pouco do presente, e do
futuro, mesmo pertencendo a Deus, Ele mesmo nos deu a capacidade de influir, e o
fazemos, ou tentamos fazer para o bem. Dentro do nosso estilo, vamos tirando Bom
Conselho do armário, no bom sentido, é claro, e o mostrando a nós mesmos e aos
outros.

Obrigado pelo comentário, que nos incentiva, e, estamos a sua disposição.

Saudações Fraternais

Diretor Presidente

************************

[Felipe Alapenha]

Excelente o artigo do nosso Diretor Presidente, seguindo bem a tônica da CIT.

Apesar de não ter vivido nessa época, é como se eu estivesse lá! Confesso que fiquei
decepcionado por não ter continuado a discussão sobre as praças, pois já estava
começando a viajar pelas ruas daquela Papacaça, quando subitamente interrompeu-se a
história para contar uma tão interessante quanto a outra. Mas mesmo assim fica a
sugestão de escrever uma continuação dessa história das nossas praças. Muitas delas
tem muito o que contar, e eu tenho certeza absoluta que você, Diretor, sabe fazer isso
como ninguém! Uma dose de saudosismo sempre é bom, para nós jovens também
valorizarmos o que a gente vai guardar para o nosso futuro, e também contar na forma
de um passado bom para as gerações que vêm por ai. um

grande abraço

Felipe Alapenha

----------------------------

Caro Felipe,

159
Obrigado pelo comentário cortês e animador. Que bom que a juventude goste das
nossas lembranças. Quanto às praças, se formos escrever sobre o que vivenciamos
nelas, passaremos todo o tempo fazendo isto. Agora, parece que Jameson Pinheiro está
preparando alguma coisa do tipo. Aguarde.

Chega dar vontade de escrever. Quando eu tinha menos um pouco do que a sua idade, a
política em Bom Conselho, envolvia a todos, até de forma bastante inusitada. Você
sabia, que eu nem votava mas não faltava a um comício? Eu e mais alguns colegas, que
como você, se interessavam pelas coisas da terra. Sem televisão, nem Internet e sem
rádio, para nós, ir aos comícios, além da diversão (algumas jovens iam também), para
nós, era ficar ouvindo os candidatos, prestando atenção aos erros de português que eles
cometiam. Depois de cada comício discutíamos aqueles discursos dos mais letrados e
perguntávamos o que os outros estavam fazendo alí. Hoje, este elitismo "letrista" não
existe mais, e talvez, com razão. Mas, naquela época!

Lembro de um panfleto em que um canditado discutia se o plural certo para cidadão, era
cidadãos ou cidadões. Fomos procurar o Dr. Cirilo (seus pais devem ter conhecido).
Nesta época de Reforma Ortográfica, o nosso revisor José Andando diria: O importante
é o que os cidadãos fazem e não como se escreve os seus plurais. Mas, não o leve em
conta, é um radical da linguística.

Vamos contando aos poucos...

Saudações

Diretor Presidente

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Sobre o artigo do Jameson, já estou aqui na expectativa para ler...

Mas o nobre Diretor lembrou um assunto que me interessa muito, e não precisa nem
dizer o porque, que é a política! Se não bastasse o proprio ambiente da minha casa, que
trasnpira política, a gente tem que reconhecer que a política em Bom Conselho, e em
qualquer interior, é mais que um processo de escolha, é uma manisfestação popular!
kkkkkkkkkkkkkk

Dando um poquinho de substrato a essa nossa conversa eu consigo me lembrar de um


sem número de histórias vividas sobre política. Ela entrou na minha vida mais
diretamente por ocasião da candidatura de minha mãe para vereadora, em 2000 (ainda
lembro do número... 23.611). Quem conhece hoje o quanto eu gosto de política nem
imagina que no começo não era assim! kkkk Eu era mais jovem ainda, uns 12 anos de
idade eu devia ter, e política pra mim era uma obrigação chata de acompanhar meus pais
no comicio pra não ficar sozinho em casa, além de ter uma noite de sono bem
desconfortável, no banco do carro, enquanto não acabava os discursos. Mas aquilo
mudou naquele ano mesmo! Percebi, mesmo bem jovem, a importância da política e
começava a ver uma esperança de mudança pra nossa cidade naquela candidatura, a
política como a arma mais poderosa de mudança da vida das pessoas (para os bem

160
intencionados, mudança de vida do povo, e para os maus intencionados, mudança de
vida dos políticos). No dia da eleição, eu estava na casa da minha avó, anotando os
resultados, ouvindo escondido pela rádio... Tão logo foi anunciada a vitória, tanto de Dr.
Daniel como a eleição dela pra vereadora, a campainha já estava tocando. Era meu
irmão e alguns amigos: "Corre rapaz, a gente ganhou! A festa tá grande lá embaixo,
vamos embora!". Eita que alegria!!! Confesso que nesse dia eu estava torcendo mais pra
que o prefeito ganhasse do que minha própria mãe, porque representava uma mudança
maior, um pensamento de quem ama Bom Conselho e queria ver as coisas mudando...
pena que não aconteceu daquela vez...

Se for pra falar de política, pode ter certeza que essa conversa será mais longa que as
suas histórias sobre as praças! kkkkkkkk E olhe que eu nem falei dos bastidores dessa
campanha, além das histórias de 2004 e 2008, essa ultima com um gostinho especial.
Quando fui convidado pelo Diretor a escrever para o blog, eu falei que quando buscasse
uma boa história até faria isso. Pensei em escrever sobre o 5 de outubro de 2008, numa
visão de quem viveu intensamente aquele dia, sob o olhar de alguém da família da
candidata, um dia inesquecível pra mim. Até comecei a escrever, ainda há algo salvo
aqui no computador, mas depois recuei na idéia, por não conhecer as bandeiras políticas
que frequentam o Blog da CIT, e assim parei, temendo uma repercussão negativa para o
blog. Mas depois faço questão de terminar essa, ao menos pra que o senhor leia, se
assim interessar...

um forte abraço

Felipe Alapenha

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Caro Felipe,

Você me dá uma oportunidade de esclarecimento. O Blog da CIT não pensa, é um


descerebrado. Quem pensa são os que escrevem nele, que são responsáveis pelos seus
pensamentos palavras e obras. Mas o Blog pode ter influência política como qualquer
órgão de comunicação, sabemos e estamos cientes disto. Aí o meu pode ir prá seringa,
está pronto. Por isso que raras vezes não publico alguns textos, mas eles não são
separados aqui por política, religião, sexo, futebol ou qualquer outro critério, e sim pela
minha consciência (e a de alguns a quem ouço). Ao longo da minha vida ela foi se
abrindo, se abrindo, e abriu tanto que agora, posso dizer que o Blog publicaria um artigo
com o título: Viva Hitler, se o autor me autorizar a publicar um em seguida, com o
título: Morra Hitler. Vão os dois, e que julguem os leitores. O mesmo se aplica aos
títulos: D. José está Certo e D. José está Errado. No entanto, não publicaremos um com
o título: Atirei o Pau no Gato, se minha consciência julgar que levará os animais a
serem maltratados.

161
Portanto pode enviar seus artigos sobre política desde que permita opiniões distintas, e
se responsabilize pelas suas idéias. Será um grande prazer publicá-las. Isto, como lhe
disse, se aplica a todos.

Aqui na CIT as bandeiras políticas são de tantas cores, que se você disser que é um arco
íris não está longe da verdade, sem insinuações preconceituosas, por favor.

O lema maior que usamos certas horas, quando as dúvidas e discordâncias imperam, é
aquele dito de Voltaire: "Discordo daquilo que dizes, mas defenderei até à morte o teu
direito de o dizeres".

Saudações

Diretor Presidente

162
PENSAMENTOS

Tem dias que o processo criativo entra em greve... Sento-me em frente ao computador,
olho a tela branca do visor, um sinalzinho piscando
como a me dizer: "pode começar a escrever". Mas,
nada me vem à mente...branco e vazio como a tela a
minha frente. Tento começar...Uma palavra - pausa-
Mais uma... e mais uma...Eis que consigo formar uma
frase e diante desta frase fico a meditar....e de repente
como num lampejo as idéias começam a fluir e a
escrita vem toda formatada em minha mente e ai
torna-se fácil, fácil coloca-las na telinha. Foi assim
com este texto que você está lendo. Em
tibetano, a palavra "chog shes", significa aceitação da vida simplesmente como ela é,
isto é manter um relacionamento direto com nossas experiências sejam de alegria,
medo, expectativas ou ressentimentos. "Chog Shes" é, portanto, a ausência de neurose,
pois, quando estamos neuróticos, fazemos exatamente o contrário: rejeitamos a vida
como ela é. Em geral, quando algo nos desagrada nossa primeira reação é dizer: "não
acredito"!. Na tentativa de não sofrer, buscamos, sem nos dar conta, de métodos para
nos anestesiarmos da frustração eminente. Alguns destes métodos podem funcionar
temporariamente, mas quando somos tomados
pela indignação estamos fadados a sofrer mais,
pois estamos exagerando, pondo fogo no fogo das
emoções que já estão fervilhando dentro de nós.
Quando lidamos com as emoções tal como elas
chegam até nós começamos a atenuar nossa visão
neurótica da vida. O segredo está em não resistir
ao que emerge em nós e, ao mesmo tempo, saber
não adicionar algo a mais a esta experiência.
Mas não é tão simples assim, uma vez que fomos
educados para sermos bons e eficientes e, por isso,
aprendemos a ver nossos defeitos como
inaceitáveis.
Não aprendemos a nos auto-acolher ou a termos compaixão de nós mesmos. Como não
sabemos como lidar com nossos defeitos, passamos a rejeitá-los, e rejeitando a nós
mesmos, rejeitamos a vida.
Podemos reconhecer que estamos nos
perdendo quando exageramos nossas reações
emocionais. Por exemplo, quando nos
pegamos dizendo:" Eu não devia estar
sentindo isso", "Não acredito que fiz isso de
novo, "Que vergonha, nunca mais quero
mostrar a minha cara". Se algo é visto como
inaceitável, não tem reparo nem negociação.
Então instintivamente escondemos e negamos
estes impulsos inaceitáveis. Assim, mais uma
vez nos afastamos de nós mesmos.
O medo de não ser capaz de lidar com a nossa sombra ou de sermos excluidos pelo
outro, caso ele a veja, nos leva cada vez mais a negar nosso lado não desenvolvido. O
que não combina com o desenvolvimento do nosso ego ideal, torna-se sombra. Neste

163
sentido, na medida em que procuramos ser bons e fazer o bem, vamos reforçando uma
imagem idealizada de nós mesmos. Desta forma, vamos criando polarizações cada vez
mais distintas: " Sou assim e não assado". Vamos empurrando para longe de nós o que
não somos e sem nos darmos conta, deixamos de cuidar de nossas sombras!
Por isso quando surgem os sentimentos inadmissíveis, temos oportunidade de encarar
de frente o que, até então estavamos evitando.
Só quando aceitamos sentir o inadmissível, voltamos a ser "Um" em nosso mundo
interno.
Dizem que Jung teria perquntado a um de seus pacientes: "Você prefere ser inteiro ou
bom?".
Para refletir.

Gildo Póvoas

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