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ALEXANDRE DE MORAES

IGREJA E SOCIEDADE

Trabalho da disciplina de Igreja e Sociedade


apresentado ao Profº Wesley Fajardo Pereira, Noite,
do Curso de Teologia da Faculdade de Teologia-
Universidade Metodista de São Paulo.

São Bernardo do Campo — dezembro de 2010


TRABALHO DE TEOLOGIA1

O homem não satisfeito com o mundo biológico construiu um mundo a parte e esse
mundo chama-se cultura. Um mundo que se torna uma realidade objetiva influenciando o agente da
sua própria criação. Mas nesse processo dialético a interiorização esbarra nas individualidades e
assim, decorre a importância das religiões para dar plausibilidade, legitimidade e uma aparente
ordem ao mundo social. Enquanto uma das dimensões culturais a religião segue os princípios
antropológicos referentes as diferentes culturas existentes. Entre os latino-americanos esse
pluralismo religioso é uma característica marcante. Somos frutos do expansionismo mercantil e
capitalista dos Estados Nacionais Europeus que em busca de uma nova rota comercial para as Índias
promoveram as Grandes Navegações Marítimas (séculos XV e XVI) e conseqüentemente o
“descobrimento do Novo Mundo”. E mais do que isso, levou ao encontro ou (des) encontro entre
diversas culturas em terras latino-americanas, a saber: dos ameríndios, dos europeus (espanhóis e
portugueses) e dos africanos ou das diversas “Áfricas” que aqui desembarcaram. Assim, notamos as
diversas influências dessas culturas tanto em seu aspecto material (rituais, cultos, objetos sagrados,
oferendas, manifestações, lugares sagrados, instrumentos, vestes, casas, entre outros) e também em
seu aspecto imaterial (crenças, fé, orações, valores, conhecimento, normas, os costumes,
comportamentos entre outras). Em particular nas religiosidades percebemos que o catolicismo
romano não é a única forma de religiosidade presente no continente, pois existem matrizes
religiosas que vieram com com os africanos escravizados e ainda, existiam aqui formas peculiares
de cultuar o sagrado. E mesmo entre o ramo cristão outras manifestações aqui vieram (protestantes
históricos de imigração ou missão, pentecostais ou neopentecostais) e colaboraram para a
pluralidade religiosa tão vasta. Por outro lado, tal diversidade muitas vezes foi ressignigficada
gerando nosso peculiar sincretismo (Santeria em Cuba, Candomblé no Brasil Vodu na República
Dominicana entre tantos outros). Além das tradicionais religiões judaica, islâmica, ortodoxa,
manifestações orientais, esoterismo entre outras.
No Brasil a pluralidade religiosa também é imensa, pois recebemos ao longo de nossos
500 anos de história as mais diversas contribuições culturais, a saber: no período colonial (1500-
1822) destacam-se as influências dos diversos grupos indígenas, do branco colonizador e o
catolicismo ibérico, das etnias africanas e por fim, de duas efêmeras experiências protestantes: 1557
no Rio de Janeiro com calvinistas franceses e entre 1630 e 1657 com a presença dos holandeses
reformados no nordeste. Nesses três séculos o catolicismo e os valores cristãos católicos foram
inculturados no gentio da terra e nos africanos, pois as manifestações religiosas desses dois grupos
foram silenciadas; no período monárquico (1822-1889) o monopólio católico começou a sofrer as
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ALEXANDRE.MORAES MAT.159914 TEOLOGIA POLO LONDRINA NOITE
influências de outros ramos do cristianismo. A partir, da fuga da familia real das tropas
napoleonicas (1808), dos acordos comerciais de 1810 com os ingleses e com a imigração o redil
católico-romano abria-se ao protestantimo. Primeiro ao protestantimo de imigração (anglicanos e
luteranos) e a partir da segunda metade do século XIX veio o protestantismo de missão sendo a
maioria oriunda dos EUA (congregacionais, presbiterianos, metodistas, batistas e episcopais) que
também desempenharam notáveis empreendimentos educacionais. Nessa fase a religiosidade
africana e indígena ainda eram muito reprimida pelas autoridades do império do Brasil; no período
republicano (1889 até a atualidade), principalmente a partir da 1ª constituição laica, a religião
católica já não era mais oficial, embora ainda sendo relevante. O certo é que com o advento da
república as diversas tradições históricas do protestantismo estavam presentes no solo brasileiro, e a
partir de 1910 surgiam as primeiras igrejas pentecostais de influências estadunidenses (CCB e
IEAD), posteriormente surgiram outras denominações (1940 e 1950) e por fim, a partir das décadas
de 1970 e 1980 desenvolveu-se o neopentecostalismo (IURD e IIGD). Ou seja, mesmo dentro dos
cristâos acatólicos existem grande diversidade eclesiológicas e teológicas, sem contar as influencias
no catolicismo da comunidade RCC e religiosidades afro-brasileiras (candomblé, umbanda e
tambor-de-mina), sem religião, espíritas, indígenas, budistas, mórmons, messiânicos, judeus,
muçulmanos entre outras formas de mediação com o sagrado. Em suma, toda essa pluralidade
religiosa contribui para as seguintes caracteristicas no campo religioso brasileiro: a duplicidade de
crença, a individualização do religioso, o descrédito institucional tradicional, as indecisões e a
recusa das verdades prontas, a busca incessante pelo sagrado, o crescimento de igrejas midiaticas e
de massa, a difícil conceitualização do termo protestante (crentes, evangélicos ou evangelical), além
da mobilidade e expressivo trânsito religioso.

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