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Nada Yoga

O caminho do Som é chamado na Índia de Nada Yoga.


A arte do som ou música denomina-se Nada Upasana. Como parte e oferenda divina da
natureza, constitui um elemento essencial para o crescimento da consciência humana.
E ste pequeno livro tem como ambição apresentar, através de textos e definições sucin-
O Nada Yoga age diretamente no potencial criativo do aspirante, cobrindo as áreas fisi-
tas, a visão do Nada Yoga ou Yoga do Som.
ológicas, psicológicas, mentais e supramentais de forma simultânea.
Como todo o processo de Yoga (união) sugere, este é uma constatação da natureza div-
ina e sonora que anima todo o universo. Na Índia, existe pouca literatura tratando especificamente de Nada Yoga, podendo ser
considerado como a arte de recitar hinos vêdicos no Sama Veda, o canto de Bhajans
A percepção sensorial sonora opera um efeito profundo na formação e refinamento da (canções devocionais) dentro do Bhakti Yoga, ou a meditação na sílaba OM dentro do
consciência humana, deixando-nos bastante suscetíveis a esta influência no cotidiano. Raja e Jñana Yoga.
Atualmente, uma grande parte da humanidade vive em uma sociedade saturada de todo O fato é que o próprio Nada Yoga se encontra onipresente em todos os outros Yogas, já
o tipo de vibrações sonoras hostis. Desde a cacofonia das ruas da cidade até certos gêne- que o núcleo da filosofia do Nada Yoga é o próprio OM.
ros de música que podemos escutar na mídia, tudo contribui para que o nível vibratório
de Rajas (agitação) e Tamas (negatividade) aumente ao nosso redor, tornando cada vez Este Om é o mantra sagrado e esotérico por excelência, sendo formado pela contração
mais raro o conceito ou sensação de paz e silêncio (Sattwa). de três sons - A, U, M- simbolizados no Hinduísmo como a trindade cósmica de Brah-
ma, Vishnu e Shiva. Eles representam, por sua vez, os princípios de criação, preservação
Porém é neste conceito que reside a ancestral sabedoria dos Rishis e Yoguis da Índia, que e destruição do universo.
através de profundos estados meditativos receberam a preciosa revelação (Shruti) do
som, passando a utiliza-lo como instrumento indispensável dentro da prática do Yoga. Assim cada indivíduo na terra é uma testemunha desta trindade. Mesmo sem estar
consciente, a humanidade inteira está praticando o rito do OM enquanto fala, chora,
Subseqüentemente, todo o desenvolvimento da música clássica na Índia (Marga respira, pensa etc.
Sangueet) deve-se a este processo interno de auto-conhecimento.
A utilização da voz, dos Mantras, assim como o desenvolvimento dos mais diversos in-
A filosofia do Nada Yoga declara que todas as possibilidades sonoras, assim
strumentos musicais serve, na sua origem, como ferramenta complementar no caminho
como todas as línguas têm sua origem na sílaba sagrada OM.
do estado de união suprema entre o indivíduo e o Cosmos.
Que estas páginas possam servir como inspiração ao leitor no resgate desta maravilhosa Na música indiana, as notas (Swaras) são extensões de OM. O Nada Yogue
herança espiritual que nos é inerente. pratica diversos Ragas e Raguinis, que são combinações especiais de notas cor-
respondentes aos diversos matizes da alma humana, da natureza e do mundo
Om Sri Krim Parashaktie Namah
espiritual.
Julio Falavigna (Gopala)
Uma vez obtida maturidade neste processo, o Yogue é então capaz de sublimar
Sarvachintam parityajye savadhanena chetasa as emoções no plano mais elevado da consciência divina.
Nada eva-anusandheyo yoga-samrajyam-icchata Sri Hanuman

“Para aquele que deseja atingir perfeição no Yoga, em Nada, somente deve-se
meditar (escutar de perto), tendo abandonado todos os pensamentos e com
uma mente calma”.

Shankaracharya,
Yoga-taravali
Nada e Bindu Nada Yoga Sadhana
“Nada é som, é a vontade de Brahman.
Havia um Sat-Sankalpa. O M ou Pranava é considerado como o som primordial que está na origem do Univer-
Uma vibração ou Spandana surgiu. so. Também é chamado de Shabda Brahman, ou a forma sonora do conceito Vedântico
Veio a vibração de OM. Isso é Nada. do Absoluto.
Nada é Shiva-Shakti. Dentro dos mantras, ele é o que origina todos os outros, que são compostos das subse-
A união e relação mútua de Shiva com Shakti é Nada. qüentes cinqüenta sílabas do alfabeto sânscrito.
Nada é ação.
Nada significa som, que não é o som grosseiro captado pelo ouvido. A prática desse OM, verbal ou mentalmente, assim como o ato de escutá-lo com atenção,
Nada é o aspecto mais sutil de Shabda. faz vibrar automaticamente todos os centros energéticos do nosso corpo sutil (chakras).
Nada se desenvolve em Bindu. Limpando as veias astrais (nadis) ele prepara o despertar da energia latente (Kundalin-
Nada é o primeiro estágio emanatório na produção do Mantra. iShakti).
O segundo se chama Bindu. O processo do Sadhana (prática espiritual) dentro do Nada Yoga consiste em recon-
Nada e Bindu existem em todos os Bija-Mantras. hecer e realizar essa vibração sonora tanto interior quanto exteriormente.
Nada é aquele aspecto da Shakti que evolui em Bindu.”
Os sons podem ser classificados como Ahat (produzidos exteriormente) ou Anahat (in-
Swami Sivananda ternos). Estes últimos só podem ser percebidos com o avanço da prática. A meditação
em Nada no anahata chakra leva o nome de Nadanusandhanam.
A primeira vibração ou som primordial a partir da qual emana toda criação chama-se Nada.
Os pré-requisitos essenciais para esse tipo de prática são os mesmos que em qualquer
É o primeiro estágio que cria ou emana a projeção do universo. Nada é a emanação do outro ramo do Yoga (Ashtanga Yoga). Ética e moral são os primeiros. Também é impor-
absoluto não manifesto. É o Omkara ou Shabda Brahman. tante possuir domínio na prática de asanas e pranayamas (posturas físicas e respira-
É também o místico som de concentração interno utilizado pelos Yoguis. ções), pois eles ajudam muito no processo de concentração interior e meditação.

Bindu em sânscrito significa ponto, centro ou gota. Pode-se fazer o japa (repetição) de So ham com a respiração, inspirando So e expirando
Ham, que levará progressivamente à percepção dos sons sutis no Anahata Chakra (cen-
Porém, num sentido mais amplo, Bindu não deve ser tomado como sendo apenas uma tro vital cardíaco).
gota ou força vital.
A música clássica indiana é uma das formas mais eficientes para o aspirante iniciar-
É aquele ponto sutil e inconcebível, verdadeira raiz de toda manifestação. É o ponto a se no Nada Yoga, devido a sua natureza essencialmente sáttwica (pura, elevada). Ela
partir do qual é projetado o universo fenomenal dos nomes e formas. é constituída por uma linda variedade de modos melódicos específicos (Ragas), que
Deste Bindu é emanada toda a criação, sendo ele a própria fonte vital da manifestação. produzem efeitos energéticos e terapêuticos, tanto no indivíduo como no meio etéreo
(Akasha) que o cerca.
Dentro da ciência dos Yantras (diagramas geométricos) e Mandalas, o bindu é represen-
tado como o ponto central ao redor do qual se configura a deidade. Grandes santos yogis da Índia eram capazes de operar feitos extraordinários através da
manipulação correta das ondas sonoras.
Sri Tansen conseguia fazer chover através do raga Megh. Da mesma maneira, ele acen-
dia lâmpadas de óleo cantando o raga Deepak, de tão poderosa que era a emanação do
som de sua voz.
Sri Tyagaraja, grande músico, compositor e santo do sul da Índia, dizia que a músi-
ca é um alimento não apenas destinado aos sentidos, porém à alma. Ele chegou a
ponto de declarar que Moksha (liberação) é impossível para aquele que não pos-
sui música dentro de si! A música cativa à mente, elevando-a às sublimes alturas do
esplendor divino. Ela causa Laya (dissolução) da mente em Brahman, o Absoluto. Os 4 níveis de Nada
A combinação de Ragas e Mantras é sem dúvida um meio maravilhoso de se conseguir
facilmente elevar o nível de consciência.
Podemos tomar Moksha Mantras como OM NAMAH SHIVAYA ou OM NAMO
E m Nada Yoga acredita-se que o som ocorre em quatro dimensões - quatro níveis de
som que se relacionam à freqüência, sutileza e à força.
NARAYANAYA, e cantá-los com uma melodia simples e agradável. Mesmo sem o con-
hecimento técnico musical ou da língua sânscrita, obteremos ótimos resultados se a 1.Som grosseiro - Vaikhari
motivação for pura e sincera. 2. Som mental - Madhyama
3. Som visualizado - Pashyanti
4. Som transcendental - Para

Estes quatro estágios representam a evolução do som a partir da vocalização verbal de


um mantra (Japa) até a sua realização no plano transcendental.
Vamos agora estudar em mais detalhe cada um destes estados, a partir do mais elevado:

Para Nada
O som transcendental, detentor da mais alta freqüência chama-se Para Nada.
Para significa mais alto ou elevado, o que transcende, no sentido de estar além do alcance
dos sentidos. Este som só pode ser escutado em outros planos ou estados de consciência.
Dentro da música cada tom possui um certo número de vibrações por segundo, o que
chamamos de freqüência. O caráter dos tons varia de acordo com a extensão, força,
altura e harmônicos.
Podemos visualizar isto através de um analisador de freqüências, que configura grafica-
mente um único som em suas várias ondas componentes, evidenciando a sua estrutura
harmônica.
Na música indiana as vibrações recebem o nome de Andolana
Existem sons que são emitidos em altas freqüências. Alguns deles nos são familiares, tais
como os apitos para cães, sons produzidos por morcegos e algumas tonalidades geradas
eletronicamente, apesar de não os ouvirmos.
O ouvido humano não é capaz de captar freqüências que vibram acima de uma veloci-
dade de 20.000 Hz.
Uma vez alcançada tal freqüência, os sons se tornam inaudíveis, só podendo ser perce-
bidos de forma subjetiva como um som interno.
Ondas como as registradas pelo eletroencefalograma (EEG) para medir os impulsos
bioelétricos do cérebro, por exemplo, estão entre 1 e 60 Hz. O ouvido humano não
consegue percebe-las por estarem abaixo de 16Hz. As tonalidades bem graves (ou sub-
graves), por exemplo, podem ser sentidas diretamente no corpo embora não sejam
audíveis.
Os Nada Yoguis definiram que o som Para ou transcendental é aquele que possui a mais anti. Também pode ser chamado de som mental.
alta freqüência. A intensa vibração de Para o torna inaudível.
É um som subconsciente que é interligado primeiramente com as suas características
Vários textos mencionam que este som Para não possui vibrações, sendo um som sem mentais e não com os seus órgãos vocais (língua, garganta ou boca). Ele não é escutado
movimento ou freqüência. Mas é ainda assim um som. através do ouvido físico, mas através do ouvido interno.
Este paradoxo é necessário para se compreender a natureza transcendental e primordial Se cantarmos o mantra Ram, Ram, Ram em voz alta e então logo em seguida fecharmos
de Para. os olhos e boca, continuando a repetição mental do mantra, enquanto ao mesmo tempo
visualizando a forma e a cor de Ram, será Pashyanti.
Quando ele atinge a sua máxima intensidade ou altura, é que alcança então a quietude
que o torna Para Nada. O Nada yogui que atinge este estado consciencial de total qui- Quando um som ou palavra é escutado em uma esfera onde o indivíduo não está con-
etude se torna um com Para Nada. sciente do ambiente ou sons ordinários que o cercam, é chamado de pashyanti.
Nos Upanishads o mantra OM é considerado como a manifestação de Para. O som OM Quando todos os outros sons desaparecerem e você escutar um outro som especial,
audível que nós cantamos não pode ser classificado como Para, por ser um objeto da completamente diferente dos outros, ele será Pashyanti Nada.
nossa percepção sensorial auditiva ou um objeto da nossa lógica e compreensão.
Para é, ao mesmo tempo, silencioso e eterno. Madhyama
Ele possui uma forma e a sua natureza é de pura luz (Jyoti). Ele é diferente dos sons que
podem ser escutados ou compreendidos pelo indivíduo. A palavra Madhyama significa “entre” ou “no meio”.
Os Upanishads fazem a seguinte declaração a respeito de Para Nada: O som que possuir menos vibrações que Para e Pashyanti, porém sendo mais sutil que
Vaikhari, é chamado Madhyama.
“Isto é OM. Este som é OM.” Madhyama é o som que quase não pode ser escutado.
Normalmente, quando dois objetos colidem, um determinado som é produzido. Isto
não acontece em Madhyama. Quando batemos palmas ainda é um som grosseiro.
Em madhyama as vibrações seriam mais semelhantes a um sussurro, um som inter-
mediário. São harmônicos mais sutis que os audíveis.

Vaikhari
O quarto e mais grosseiro nível de Nada é conhecido como Vaikhari. Estes sons são
perfeitamente audíveis e podem ser produzidos fisicamente.
Vaikhari é o som falado, podendo ser produzido através da fricção ou colisão entre dois
Pashyanti objetos. As suas vibrações são limitadas a uma gama mais restrita que os outros três
precedentes.
O segundo nível sonoro possui menos vibrações e é mais tangível do que Para. Ele é
Para possui a qualidade da alma e Pashyanti, da mente. Madhyama tem a qualidade
chamado de Pashyanti.
mais sutil relacionada aos órgãos vocais e Vaikhari à qualidade mais grosseira ligada aos
Pashyanti em sânscrito significa: “Aquilo que pode ser visto ou visualizado”. As antigas órgãos físicos.
escrituras mantém que o som também pode ser visto. Como poderia ser este som? Você
já escutou alguma música em sonhos?
Esta dimensão particular do som que ocorre no estado de sonho é considerada Pashy-
Nada e o Universo Meditação em Nada Yoga

O Nada yogue experimenta o universo macrocósmico como uma projeção de A prática da meditação (Dhyana) no Nada Yoga tem muito em comum com
vibrações sonoras, como se o mundo emergisse a partir do som. técnicas encontradas em outras escolas de Raja Yoga como:
Hatha Yoga, Kundalini Yoga, Laya Yoga, Kriya Yoga, Tantra Yoga, Mantra Yoga,
Na Bíblia encontramos a referência de que “no início havia o Verbo e este Verbo etc.
era Deus”. Este verbo ou palavra é chamado Shabda ou Nada em sânscrito.
Todas estas vias almejam o mesmo objetivo, sendo que o Nada Yoga propõe
Os súfis o chamam de Surat. Certos místicos muçulmanos também acreditam uma ênfase especial na descoberta do som, a partir do plano físico e audível até
que o mundo emergiu a partir do som e da forma. os níveis mais profundos.

Na Austrália os povos aborígenes contam que seus ancestrais trouxeram a ex- Para isto um processo de purificação interna é necessário. As técnicas medi-
istência deste mundo através de canções. tativas são várias, desde a utilização de um mantra ou raga até o emprego de
diversos Pranayamas, Bandhas e Mudras, como:
Os Yogues dizem que os cinco elementos (Terra, água, ar , fogo , éter), os cinco Anuloma Viloma (Nadi Shodhana) Pranayama, Brahmari Pranayama, Mula,
sentidos, os órgãos de ação e percepção, e a mente (composta de Manas, Chitta, Udhyana e Jalandara Bandha, Shambavi e Yoni Mudra.
Buddhi, Ahamkara), assim como os três Gunas (sattwa, rajas, tamas), todos
foram desenvolvidos a partir do som eterno. Pode-se concentrar internamente em um dos Chakras ou centros de energia
psíquica, principalmente o Anahata, Ajna ou Sahasrara Chakras. Para um Nada
Isto significa que o universo físico, mental, psíquico e intelectual tem na sua Yogue avançado existe a localização de um ponto muito sutil chamado Bindu,
origem o som universal (Nada Brahman,). onde se produz uma vibração constante de Nada. Esse ponto estaria situado na
parte superior traseira do crânio.
Neste contexto há uma referência, em especial no Nada Bindu Upanishad e no
Hansa Upanishad descrevendo que no início não havia absolutamente nada, A mais importante forma de meditação em Nada Yoga é a meditação no Ana-
uma total não existência no universo onde apenas o som estava presente. hata Nada ou som interno. Este som provém da vibração do prana no chakra
cardíaco (Anahata chakra).
Este som era interminável e a partir dele foi fundamentada a estrutura do uni-
Segundo Swami Sivananda podemos começar esta prática sentando-nos em uma
verso, baseada em vibrações sonoras (Nada).
posição confortável com as pernas cruzadas(Shukha, Padma ou Siddhasana).
O próprio movimento da energia vital (Prana) no corpo humano é uma ex- Em seguida, tapamos ambos os ouvidos com os polegares prestando atenção
pressão deste Nada. nos sons produzidos internamente. No início ouviremos os batimentos cardía-
cos, a respiração, a corrente sangüínea, etc.
Com o tempo perceberemos alguns sons distintos sendo produzidos através do
ouvido direito. Isto ocorre devido à influência do canal condutor solar (Pingala
Nadi).
Estes sons podem aparecer como a sonoridade de címbalos, concha do mar,
sinos, flauta, tambores e trovões. Aos poucos estes se tornarão cada vez mais
sutis, eventualmente desaparecendo e cedendo lugar ao surgimento do Anahata
Nada.
Com a prática constante sob a orientação de um instrutor ou Guru competente, Mantra
os vários blocos de tensão e impurezas(Kleshas) são dissolvidos, levando o med-
itador à experiência de bem aventurança no estado de Samadhi.
Yogue Goraknath, discípulo de Yogue Matsyendranath escreveu:
O Som, constituído de vibrações é energia. Um mantra sânscrito é uma energia
mística contida dentro de uma estrutura sonora. Para liberar a energia do som,
“Oh aspirante, continue com o Japa do mantra So Ham. Porém, este Japa não nós aprendemos a repetir o mantra com métrica e entoação precisas. Os man-
deve ser conduzido pela mente. Ele deve ser experimentado através do fluxo tras são uma ciência exata, por isso é importante pronunciá-los corretamente.
respiratório, de uma forma que você esteja consciente das 21.600 respirações
feitas no período de um dia”. O processo de repetição de um mantra denomina-se Japa. Essa prática, assim
Quando o seu subconsciente se unir ao seu consciente, através da respiração, como outras formas de Yoga, regula o fluxo vital (Prana) em nosso organismo,
durante as 24 horas do dia, estes 21.600 ciclos serão experimentados na veloci- proporcionando bem estar físico, psíquico e espiritual.
dade de 15 a 19 voltas por minuto resultando, em média, a 900 respirações por
Os Moksha Mantras (mantras que conduzem à liberação) são subdivididos em
hora.
Só então o Anahata Nada se manifestará. Haverá luz na espinha dorsal. A en-
duas categorias: Nirguna e Saguna, os quais estudaremos logo abaixo:
ergia solar que é conectada ao lado direito do cérebro despertará o Surya Nadi.
Você vai sentir a indescritível vibração ressoando em cada poro de seu corpo,
que será como OM ou SoHam.”
Saguna Mantras
Para a maioria das pessoas é mais fácil referir-se a um nome ou forma (Saguna) do que
ao absoluto além destes (Nirguna).
Neste caso utiliza-se o suporte das diferentes deidades existentes no panteão Hinduísta.
Estas deidades simbolizam diferentes aspectos de Brahman ou Deus.
Podemos escolhê-las de acordo com uma atração baseada no som proveniente do Man-
tra assim como pelos atributos sugeridos na sua imagem.
Uma vez escolhida, a deidade (Ishta Devata) torna-se o foco da prática meditativa, de-
vendo permanecer sempre a mesma para que a concentração mental (Dharana) e sub-
seqüente meditação (Dhyana) sejam alcançadas.

Mantra - Aspecto invocado

OM GAM GANAPATAYE NAMAHA - Ganesha

OM NAMAH SHIVAYA - Shiva

OM NAMO NARAYANAYA - Vishnu

OM SRI RAMAYA NAMAHA - Rama

OM NAMO BHAGAVATE VAASUDEVAYA - Krishna

OM DUM DURGAYE NAMAHA - Durga

OM SHRIM MAHA LAKSHMIE NAMAHA - Lakshmi

OM AIM SARASWATIE NAMAHA - Saraswati


Nirguna Mantras Bhakti e Nada Yoga
Representam a nossa natureza absoluta e não-dual, utilizados principalmente na escola
Vedanta , requerem um nível de percepção mais sutil. B hakti é o processo no qual o Yogue busca a sublimação de suas emoções em um es-
tado de profunda devoção ao aspecto pessoal de Deus (Ishwara).
OM - Brahman
Quando um Bhakti Yogue utiliza um mantra, seu primeiro aprendizado consiste em fo-
SO HAM - Brahman car a atenção no som produzido pelo mesmo. Essa técnica é denominada Vaikhari Japa,
ou constante repetição em voz alta do mantra.
Depois de um certo tempo o praticante passa a ter uma percepção cada vez mais nítida
e profunda do som do Mantra, chegando a cessar a produção de ondas sonoras audíveis.
Ele então intensifica a sua experiência do mantra através da repetição labial ou sussurrar
(Upamsu Japa).
Finalmente ele passa à repetição puramente mental ou Manasika Japa. Neste estágio
mais profundo o próprio mantra se transmuta em Nada.
No texto a seguir, temos uma linda exaltação de Swami Sivananda sobre a combinação
entre Bhakti e Nada através do canto devocional (Sankirtan):
Sankirtan Yoga Maya (ilusão) é tão potente que o ilude a cada instante. A cada momento ela lhe dá a
sensação de que o prazer existe somente nos objetos dos sentidos e em nenhum outro
lugar. Você troca a dor pelo prazer. Esse é o trabalho de Maya. Fique atento! Lembre-se:
Sankirtan é a Swarupa ou natureza essencial de Deus. Janma mrityu jara vyadhi duhkha dosha (este mundo é cheio de dores conseqüentes do
nascimento, morte, velhice, doença e miséria). Não existe prazer nesses objetos finitos.
Dhvani é Sankirtan.
Yo vai bhuma tat sukham (você obterá felicidade somente no infinito). Sankirtan o ca-
Os quatro Vedas têm a sua origem no som. Existem quatro tipos de som: Vaikhari (vo- pacitará a realizar esse infinito aqui e agora. Ele o libertará da ilusão. Dessa maneira,
cal), Madhyama (da garganta), Pasyanti (do coração) e Para (do umbigo). O som parte cante então os nomes do Senhor. Cante o Maha Mantra:
do umbigo. Os Vedas também se originam do umbigo.
Hare Rama Hare Rama
O Sankirtan e os Vedas provêm da mesma fonte. Rama Rama Hare Hare
Hare Krishna Hare Krishna
As pessoas sentam-se juntas e cantam os nomes do Senhor com harmonia e acordo, com
Krishna Krishna Hare Hare
Shuddha ou Bhava (sentimento divino). Isso é Sankirtan.
Esse é o grande mantra para as pessoas do Kali Yuga (época moderna de destruição). O
O Sankirtan é acompanhado pelo toque de sons musicais da mesma maneira em que a
Rishi Narada foi visitar o senhor Brahma e disse:
palavra San precede Kirtan. Sankirtan é uma ciência exata. Ela eleva a mente, além de
intensificar o Bhava, ou sentimento divino, a um grau máximo. “Ó Senhor, as pessoas neste Kali Yuga não serão capazes das austeridades, nem de con-
duzir os Yajnas (sacrifícios e oferendas), nem de percorrer a via do Vedanta”.
Nama e Nami são inseparáveis. Nama quer dizer o nome de Deus. Nami significa aquilo
que é denotado pelo nome ou Nama. Nama é ainda mais grandioso que Nami. Mesmo Por favor, tenha compaixão para com eles e indique um modo fácil com o qual eles pos-
na experiência ordinária o Homem pode morrer, porém seu nome é lembrado durante sam alcançar Deus”.
muito tempo. Kalidasa, Valmiki, Tulsidas, Gauranga e outros são personagens lembra-
O Senhor Brahma, na sua infinita compaixão e piedade, concedeu esse Maha Mantra,
dos até hoje na história da Índia. Nama não é nada mais do que Chaitanya. Sankirtan é
com o qual as pessoas do Kali Yuga pudessem alcançar a auto-realização. Cante então os
cantar os nomes divinos com Bhava e Prema (amor puro). nomes de Deus. Sirva, ame, dê, medite, realize, seja bom e piedoso. Pergunte “quem sou
Sankirtan Yoga é o caminho mais rápido, fácil, seguro e barato para atingir a realização eu?”. Conheça o Ser e seja livre.
de Deus nesta era. Que Deus abençoe vocês todos com saúde, vida longa, paz, prosperidade e felicidade.
As pessoas não conseguem mais praticar duras austeridades hoje em dia. Elas não têm Swami Sivananda
mais a força de vontade necessária para a prática do Hatha Yoga. São incapazes de per-
manecer toda uma vida em Bramacharya (celibato). Elas não têm os pré-requisitos psi-
cológicos para o Raja Yoga. Não possuem tampouco o intelecto afiado para a prática do
Jñana Yoga ou Sadhana Vedântico.
Porém, esse Sankirtan Yoga ou Yoga do canto dos nomes divinos está ao alcance de
todos. Existe um poder (Shakti) infinito nos nomes de Deus. Ele removerá todas as
impurezas da sua mente. Os vedantins dizem que existem três tipos de obstáculos para
a auto-realização:
Mala, Vikshepa e Avarana. Para removê-los eles prescrevem Nishkamya Karma (serviço
desinteressado), Upasana (adoração) e Nididhyasana vedântica (busca intelectual).
Sankirtan sozinho pode obter todos os três juntos numa só tacada. Assim, ele remove
as impurezas da mente (Mala), acalmando-a e controlando sua tendência de vacilar
(Vikshepa). Finalmente ele rasga o véu da ignorância (Avarana), levando o aspirante
(Sadhaka) face a face com Deus.
Música e Nada Yoga muna e Saraswati - acontece em um lugar chamado Trikuti.
Oh, este é o encontro de Ganges e Yamuna... O som flui desde o norte, as Gopis
“Nada é encontrado internamente. É a música sem cordas que é tocada dentro escutam o som da flauta ficando todas hipnotizadas pelo Nada supremo...”
do corpo. Ela penetra o interno e o externo, levando-o para longe da ilusão.”
Kabir
Kabir

A relação entre a música e o Nada Yoga é ilustrada através de uma linda história do
Srimad Bhagavatam, escritura clássica que narra os Lilas divinos de Sri Krishna:
“Krishna havia deixado o seu palácio por volta da meia noite, indo em direção
à floresta. A lua cheia brilhava durante os primeiros meses do inverno. Ele
começou a tocar a sua flauta (Bansuri) e o eco produzido se espalhava do-
cemente sobre a calma atmosfera. Esta música viajava desde a floresta até o
vilarejo, onde foi escutada pelas Gopis. E, quando escutaram este som, elas Veena Pakhawaj
repentinamente deixaram suas casas e maridos, esquecendo-se completamente
do que estavam fazendo ou estivesse acontecendo.Elas correram em direção ao
lugar de onde fluía o Nada daquela flauta. Elas começaram a dançar ao redor
do tocador da flauta. Depois de pouco tempo descobriram que cada uma delas
se encontrava dançando com o próprio Krishna em pessoa.”

O significado esotérico dessa história só é compreendido


pelos Yogues. Neste sentido, Krishna representa o mais alto Tablas Sitar
plano de consciência de onde flui o som divino no mais pro-
fundo estado de Nada-Sadhana. Assim que despertados pelo
som da flauta, os sentidos deixam seus respectivos objetos de
O desenvolvimento da música indiana nas suas mais variadas formas tal como a con-
hecemos hoje, deve-se a um processo de popularização ocorrido durante o período
prazer e experiência, refugiando-se no local de onde provém das cortes dos imperadores mongóis e muçulmanos, que trouxeram ao público uma
o fluxo de Nada. Lá todos os sentidos passam a dançar ao re- tradição até então confinada aos templos e Gurukulas hinduístas ortodoxos.
dor de Nada, cortando completamente a sua conexão com os
objetos externos. Desta forma, Dharana (capacidade de ver ou Assim, na Índia existem dois gêneros distintos de música: um chamado Deshi ou folclo-
experimentar algo internamente) inicia, permitindo a entrada re popular, destinado basicamente ao entretenimento; e outro gênero conhecido como
no estado de Dhyana (meditação). Marga Sangueet, ou música clássica propriamente dita. Essa música subdivide-se em
duas correntes principais: Hindustani no norte da Índia e Karnatic no sul da Índia.
Em sânscrito a palavra Krishna significa “aquilo ou aquele que atrai”, sendo derivada da
raiz Karshan. Ambas as correntes desenvolveram a perfeição a arte dos Shrutis, Swaras e Ragas, como
veículo de Nada Yoga.
Gopi em linguagem popular significa “a filha de uma família que cuida das vacas”. Em
sânscrito Gopi se relaciona simbolicamente aos sentidos. Entre as mais fortes e antigas expressões musicais da tradição do norte da Índia temos
o canto Dhrupad,onde o cantor se faz acompanhar somente pelo som da Tampura e do
Quando ouvia o som da flauta, o sentido da audição se abstraía de todas as outras fontes Pakhawaj.
sonoras, fundindo-se no Nada interior. Esse processo de abstração chama-se Pratya-
hara. Esse estilo desenvolveu-se mais tarde no canto Khayal.

“Quem é que toca a flauta no meio do céu? Aflauta é tocada onde os rios Gan- A música instrumental que tem sua origem nos antigos templos como forma de adoração,
ges e Yamuna convergem. A confluência dos três rios sagrados - Ganges, Ya- utiliza uma grande variedade de instrumentos como a Veena, o Sitar, o Sarod, o Santoor, o
Sarangui, a flauta bansuri, o Shenhai, o Mrdangam, as Tablas, o Sarangui e outros.
O aprendizado da música indiana, assim como dentro do Yoga, passa por uma relação terminar a exata freqüência de cada centro energético, por estarem em um plano sutil
entre mestre e discípulo (Guru-Shishya), sendo que os mestres só revelam os segredos de onde o ouvido físico não alcança.
sua arte aos discípulos que forem merecedores de portar o nome da sua escola (Ghara-
na). Por essa razão a transmissão é feita de forma oral, levando muitos anos de esforço e
prática constantes para alcançar maturidade na execução dos Ragas. Muitos dos grandes Raga
músicos da Índia são considerados como Nada Yogues, por sua total maestria do som.
Raga é a base melódica da música Indiana. Traduzido literalmente do sânscrito significa
“O que colore a mente”. Raga é mais do que uma escala. É um conjunto de notas cha-
Shruti mando frases musicais nas quais o músico cria uma pintura sonora.
Um Raga deve possuir no mínimo cinco notas (Swaras), interpretadas em ciclos ascen-
É um termo sânscrito que significa ouvir ou ser ouvido.
dentes (Aroha) e descendentes (Avaroha).
Origina-se a partir de Nada (som). A literatura musical descreve 22 Shrutis.
Os Ragas podem ser associados com a vasta gama dos sentimentos humanos (Bhava),
Os shrutis têm sido definidos como pequenas frequências sonoras que podem ser facil- assim como às diferentes estações do ano ou períodos do dia.
mente captadas e reconhecidas pelo ouvido humano.
Logo abaixo estudaremos três progressões (Thatas) de Ragas conhecidos:
Os Shrutis não são diferentes das Swaras (notas), ambos estão intimamente conectados
tal qual as marcas dos anéis sobre o corpo de uma serpente.
1. Raga Bhairav
Experts em Nada Yoga fazem um paralelo entre os 22 Shrutis e os canais condutores do
Prana no corpo astral (Nadis). S R G M P D N S (<)

As ramificações nervosas situadas no plexo cardíaco são envolvidas por três Nadis prin- S N D P M G R S (>)
cipais - Ida, Pingala e Sushumna. Em número de 22 elas aparecem oblíquas, sendo que
2- Raga Malkauns
os Shrutis correspondentes surgem a partir de uma leve pressão de ar (Vayu) sobre as
ramificações. S G M D N S (<)
Os Shrutis podem ser melhor compreendidos através do estudo do Sitar, instrumento S N D M G S (>)
que demonstra claramente os microtons entre as notas fundamentais.
3. Raga Shivaranjani:
Swaras
S R G P D S (<)
São as notas musicais propriamente ditas. S D P G R S (>)
As Swaras foram extraídas a partir dos shrutis, sendo formadas pela combinação de As notas que aparecem em negrito representam Koma (bemol) quando movidas para
vários destes. baixo (RE, GA, DHA, NI) ou Tivra (sustenido) quando movidas para acima (MA).
Na tabela abaixo veremos os seus respectivos nomes e correspondências: As notas em sua escala normal - SA, RE, GA, MA, PA, DHA, NI - são denominadas Shud-
Swara Sânscrito Shrutis Chakra * dha ou puras.
Shadaj SA 4 Muladhara
Rishabh RE 3 Swadisthana SA e PA são notas fixas (achal swar).
Gandhar GA 2 Manipura
Madhyam MA 4 Anahata
Pancham PA 4 Vishudda
Dhaivat
Nishad
DHA
NI
3
2
Ajna
Sahasrara
Tala
*A associação entre Chakras e notas é de cunho comparativo apenas, sendo difícil de- Tala (tempo) é um importante fator regulador na duração relativa dos sons musicais.
Tala é constituído de vibrações que são baseadas na marcação do pulso humano. Desta Fontes bibliográficas:
forma, ele é o marcador do pulso da vida.
A palavra Tala provém da contração de Tandava e Lasya. Tantra, Nada and Kriya Yoga - Swami Sivananda
Theory of Indian Music - Ram Avatar Vir
Tandava representa a dança cósmica do Senhor Shiva e Lasya a resposta de sua consorte Garland of Letters - Arthur Avalon
Parvati. Autobiography - Ravi Shankar
Os Talas são geralmente tocados, dentro da música Indiana, por uma variedade de in- Meditation and Mantras - Swami Vishnu Devananda
strumentos de percussão que incluem o Pakhawaj, o Mridang e as Tablas. Laya Yoga - Shyam Sundar Goswami
Bindu Magazine - Swami Janakananda
A unidade de medida dos Talas denomina-se Matra, sendo que a velocidade de ex- Hatha Yoga Pradipika - Yogui Swatmarama.
ecução é chamada de Laya ou ritmo.Eles subdividem-se em Vilambit Laya (lento), Mad- Srimad Bhagavatam - Sri Vyasa Deva
hya Laya(médio) e Drut Laya(rápido). Alguns artistas que podem servir como referência musical:
Abaixo veremos alguns dos Talas mais populares : Ravi Shankar, Shahid Parvez, Nikhil Banerjee (Sitar)
G.S. Sachdev, Hari Prasad Chaurasia (Bansuri)
Pandit Jasraj, Lakshmi Shankar, Mallikarjun Mansoor, Pandit Bhimsen Joshi, Guirija
1. Tin - Tala (16 Matras): Devi(canto Khayal,Bhajan)
Dagar Brothers, Pandit Vidur Mallik,(canto Dhrupad)
DHA DHIN DHIN DHA Swapan Choudry, Anindo Chaterjee, Zakir Hussein, Pandit Kishan Maharaj, Allah Ra-
DHA DHIN DHIN DHA kha (Tabla)
Pandit Shiv Kumar Sharma (Santoor)
DHA TIN TIN TA Ustad Sultan Khan,Pandit Ram Narayan (Sarangui)
TA DHIN DHIN DHA Ustad Ali Akbar Khan, Pandit Brij Narayan(Sarod)
Ustad Bismillah Khan(Shenhai)

2. Dadra-Tala 6 (Matras):

DHA DHIN NA

DHA TIN NA

3. Rupak-Tala ( 7 Matras): Gostaria de manifestar minha gratidão à inspiração espiritual de Sri Swami
Sivanandaji Maharaj, grande Yogue contemporâneo, e seu discipulo Swami
TIN TIN NA Vishnu Devanandaji Maharaj, fundador do International Sivananda Yoga
Vedanta Centers, onde recebi toda minha formação e amparo na prática do
DHIN NA DHIN NA
Yoga.
Dedico esta pequena obra aos pés de meu Guruji Sri Hanuman, excelente
4. Jap-Tala ( 5 Matras): músico e Nada Yogue, que me iniciou nesse caminho, assim como a Sri Anand
Kumar Mallik, com quem completei meus estudos em Tabla, Pakhawaj e can-
DHIN NA DHIN DHIN NA to.
Aqui no Brasil, meu carinho aos companheiros do projeto musical Shabda
TIN NA DHIN DHIN NA
Rasa - Totti Lima (Ganapati) e Fábio Mentz (Shantireva) , com quem tive o
prazer de gravar dois lindos CDs de música Indiana
OM SHANTI
Gopala

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