O Natal é festejado de formas diferentes no mundo, dependendo da
nacionalidade, da cultura e da religião e contém em si a grandiosidade da festa mais famosa de todas. As celebrações natalícias, tal como as conhecemos, são comemorações essencialmente cristãs pois celebram o nascimento de Jesus Cristo. Mesmo outras religiões que não a cristã, ainda mantêm alguma relação com esta data, mesmo de forma indirecta.
O dia 25 de Dezembro na verdade não é o verdadeiro dia do
nascimento de Cristo, mas sim uma apropriação da data pelos cristãos. Era uma data já celebrada 7 mil anos antes do nascimento de Jesus marcando a noite mais longa do ano, o solstício de Inverno. Os romanos tinham uma festa que também coincidia com esta época do fim de Dezembro, a Saturnália – homenagem ao deus Saturno – onde haviam grandes banquetes e trocas de presentes. Quando o cristianismo se estabeleceu como religião principal, a Saturnália foi proibida e o culto ao solstício foi substituído pela comemoração do nascimento de Jesus. Porém, a tradição da troca de prendas manteve-se até hoje.
Os portugueses foram desde sempre um povo
habituado à interacção com outras culturas, país de longa tradição emigrante, apenas num passado algo recente começou a receber de forma manifesta cidadãos de outras origens. É bem visível esta afirmação quando visitamos as escolas do nosso país onde convivem diversas nacionalidades. Na EBI da Mexilhoeira Grande existem alunos de países como Inglaterra, França, Alemanha, Brasil e Filipinas. Neste contexto actual de multi e interculturalidade fui procurar saber quais as tradições natalícias destes alunos.
Aluna do 9.º A da EBI da Mexilhoeira Grande, Holly é originária das
Filipinas, a sua família assume a religião Católica e por isso celebrações muito idênticas às vividas nas famílias portuguesas. Segundo a Holly, na noite de 24 de Dezembro alguns filipinos vão à igreja para rezar, segue-se a ceia com galinha, esparguete, legumes e bolos, todos ficam acordados até à meia-noite para abrir os presentes. As decorações são muito parecidas com as nossas, no dia 25 há um jantar com toda a família e mesmo em Portugal os familiares vindos das Filipinas a habitar cá reúnem-se nesta data. É tradição ir-se à missa durante nove dias seguidos a partir do dia 16 de Dezembro até à noite de Natal. Nas vésperas do dia 25, crianças percorrem a s casas a entoar cantos alusivos à época. Vladimir tem 15 anos e é aluno do 8.º A, nascido no sul da Rússia na região de Omsk, onde os habitantes se dividem entre as religiões ortodoxa e muçulmana, há muito que vive em Portugal com os pais, pelo que já assimilaram muitas das nossas tradições, até o bacalhau, contudo não deixa de apontar a grande diferença entre a Rússia e Portugal nesta época, a neve e o frio, com temperaturas que atingem os 40 graus negativos a patinagem no gelo e os bonecos de neve são diversões obrigatórias da quadra.
Em Inglaterra, país onde nasceu Abby do 9.ºA, existe algo obrigatório
em qualquer casa: um grande pinheiro de Natal, “the biggest , the better” ou seja quanto maior melhor, Abby é de uma vila perto de Liverpool onde como é costume há um grande pinheiro decorado no centro da vila onde os habitantes cantam à sua volta. A árvore é decorada cerca de duas semanas antes do dia de Natal e deve ser desmontada antes de duas semanas após o dia de Natal sob a pena de “bad luck”. A noite de Natal é passada em casa a assistir-se filmes alusivos à quadra, as crianças dormem cedo “para passar mais rápida a noite” e na manhã seguinte acordam bem cedo para abrir os presentes. É ao almoço que se reúne a família onde a ementa inclui peru, diversos legumes, mint pie (tarte doce) e pudim de Natal de brandy flamejado. São quebrados os crackers, um objecto natalício, em forma de rebuçado, em que duas pessoas puxam e quem fica com a parte maior recebe o prémio escondido o seu interior.
Todas estas formas de celebrar o Natal têm em comum a família
solenemente sentada em volta da mesa a comer as tradicionais iguarias da época mas para o povo cigano a festa não é um dia ou dois, dura pelo menos uma semana e é para ser vivida e gozada sem limites. ”Muita comida, bebida e música” – foram as primeiras palavras de Paulo Santos do 5º B acerca da festa natalícia. Camarão, sapateiras, bacalhau, galinha, cabrito, e até ouriços são servidos em grandes quantidades. Uma grande tenda é montada perto da aldeia, são instaladas grandes colunas e aparelhagens para cantar e dançar aos sons de música típica cigana. De acordo com o Paulo todos se vestem muito bem nos seus trajes adquiridos propositadamente para esses dias, o Paulo diz que já tem um fato e gravata a postos para a celebração. Há trocas de prendas, há árvores decoradas e chocolates em forma de pai-natal como é costume em todas as casas de Portugal mas para a comunidade cigana esta é sem dúvida a época mais importante do ano e deve ser vivida intensamente até ao dia raiar.
Feliz Natal…
Em Inglês, Merry Christmas…
Em espanhol, Feliz Navidad…
Em francês, Joyeux Nöel…
Em italiano, Buon Natale…
Em holandês, Vrolijk Kerstfeest…
Em japonês, Merii Kursumasu.
Poder dizer esta frase em tantas línguas e noutras mais é o que
confirma que o Natal é uma festa universal onde todos partilham o espírito de paz e união.
Liliana Águas
Estagiária de Serviço Social da EBI da Mexilhoeira Grande