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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 4ª

UNIDADE DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA


COMARCA DE FORTALEZA – CE.

CONTESTAÇÃO

PROC. Nº 032.2010.906.337-3

REQUERENTE: DIANA ALVES DA SILVA


REQUERIDOS: SKYSERV LOCAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA LTDA E
OUTRO

SKYSERV LOCAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA LTDA,


pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º 04.271.959/0001-
12, estabelecida na Rua Deputado Moreira da Rocha, 41, Bairro Meireles,
Fortaleza-CE, vem, por intermédio de seus judiciais patronos que a esta
subscrevem (DOC. 01 – Instrumento procuratório), com endereço
profissional na Rua Vicente Leite, 885 – Altos, Meireles, CEP 60170-150,
Fortaleza–CE, para onde requer sejam enviadas as notificações e intimações de
estilo, apresentar CONTESTAÇÃO nos autos da AÇÃO DECLARATÓRIA
DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPARAÇÃO POR DANOS
MORAIS que lhe move DIANA ALVES DA SILVA, pelos motivos de fato e
de direito adiante alinhados:
I – SINOPSE FÁTICA

A promovente inicialmente alega que manteve atividades


laborais na ora contestante pelo período de 1 (um) ano e 5 (cinco) meses,
findando-se em 14/08/2009, quando houve rescisão involuntária do contrato de
trabalho.

Aduz que, na ocasião do pagamento das verbas trabalhistas,


a empresa Ré teria descontado o valor de R$ 76,24 (setenta e seis reais e vinte e
quatro centavos), referente a um débito junto à Oboé Card.

Assevera que o valor descontado não teria sido repassado


para a empresa credora que, por sua vez, efetuou inúmeras cobranças, bem
como incluiu o seu nome no Serviço de Proteção ao Crédito.

Relata que estaria sofrendo constrangimentos, pois estaria


impedida de efetuar compras fazendo com que sua filha ficasse desprovida de
material escolar.

Por tais motivos requer que seu nome seja retirado do


cadastro de inadimplentes, bem como pleiteia indenização por danos morais a
serem arbitrados por este Juízo.

Estes, em apertada síntese, são os pálidos argumentos que


se arrima a promovente para ver salvaguardado o direito que supõe estar
investida.

II – PRELIMINARMENTE

II.1 DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DESTE JUÍZO.


COMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

Trata-se a presente demanda de ação ajuizada pelo Sra.


Diana Alves da Silva, em face da empresa ora contestante, ex-empregadora, e da
empresa Oboé Card, requerendo indenização por danos materiais e morais.

Um dos danos alegados pelo autor é proveniente da


demissão, feita pela empresa SKY SERVICE, em decorrência de supostos
descontos efetuados nas verbas devidas à época da rescisão contratual.

Senão veja o trecho constante na petição inicial:

“Pretensão: A requerente, manteve atividades laborais para


a Sky Service por 1 ano e 5 meses e, em 14/08/2009,
houve rescisão involuntária do contrato de trabalho, como
se aufere do documento comprobatório anexo.

Por ocasião das restituições das verbas devidas e descontos


a serem efetuados foi descontado, pela ex-empregadora, o
valor de R$ 76,24 referente ao que devia à OBOE CARD,
entretanto, esta última vem cobrando, arbitrariamente, a
Sra. Diana por essa quantia que já pagou, pois já foi
descontado de sua última remuneração.

O grande problema advém do fato da Sky Service,


empresa para qual trabalhava, ter descontado esta
parcela ...”

Assim, Exa., resta claro que o pedido de indenização por


danos morais, pleiteado em face da empresa Sky Service, decorre, como o
própria autora afirma, de fatos totalmente ligados à rescisão contratual, o que
impediu o mesmo de galgar melhores cargos dentro da empresa ré. Portanto, os
danos morais requeridos pela autora é proveniente da relação de trabalho
existente entre a primeira demandada e ela.

Assim, analisando o artigo 114, VI, da Constituição Federal


vigente, sobressai insofismável a competência da Justiça do Trabalho para o
deslinde do caso em testilha. Veja o que afirma os citados dispositivos legais:

Art. 114 - Compete à Justiça do Trabalho processar e


julgar:
[...]
VI - as ações de indenização por dano moral ou
patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;

Resta clara a competência da Justiça do Trabalho nos


presentes autos, pois o dano moral pleiteado pela autora, em face de seu antigo
empregador, é decorrente de sua demissão, isto é, da própria relação de trabalho
existente.

O art 133 dispõe que cabe ao réu alegar, na contestação, a


incompetência absoluta:

Art. 113 - A incompetência absoluta deve ser declarada


de ofício e pode ser alegada, em qualquer tempo e
grau de jurisdição, independentemente de exceção.
§ 1º - Não sendo, porém, deduzida no prazo da
contestação, ou na primeira oportunidade em que lhe
couber falar nos autos, a parte responderá integralmente
pelas custas.
§ 2º - Declarada a incompetência absoluta, somente os atos
decisórios serão nulos, remetendo-se os autos ao juiz
competente.

Diante disso, devem a presente demanda ser extinto sem


resolução, uma vez que devem correr no juízo competente, qual seja, as varas da
Justiça do Trabalho, haja vista que os danos alegados pelo autor é decorrente da
relação de trabalho.

III – DO DIREITO

III.1 – DO ÔNUS PROBANDI

No sentido de atribuir à ora Ré a responsabilidade pelo fato


motivador do presente embate, a autora se valeu de uma série de considerações
acusatórias que calharam por restar vagas, dado o fato de estas não terem sido
provadas pela Patrocinadora da Ação. Os documentos trazidos aos autos,
conforme há de se frisar mais à frente, nada provam acerca do suposto dever que
teria a Ré de reparar. Alegar sem provar é o mesmo que não alegar!

Ao Juiz, para garantia das próprias partes, só é lícito julgar


segundo o alegado e provado nos autos. O que não se encontra no processo,
para o julgador não existe. Voz uníssona é dos doutrinadores a esse respeito,
veja-se um exemplo:

“Às partes não basta simplesmente alegar os fatos. Para que


a sentença declare o direito, isto é, para que a relação de
direito fique definitivamente garantida pela regra de direito
correspondente, preciso é, antes de tudo, que o juiz se
certifique da verdade do fato alegado, o que se dá através
das provas”. (Júnior, Humberto Theodoro, curso de direito
processual civil vol. I, 37ª Edição, Rio de Janeiro, Editora
Forense, 2001, pág 367).

In hoc casu, o que se vê é que a demandante não se vale de


meios de prova hábeis que possam confirmar ao Douto Julgador deste processo
que o alegado dano por ela sofrido foi causado pela ora contestante, o que de
fato não foi, uma vez que o protesto foi realizado pela Oboé Card e não pela
contestante. Na verdade, observando os documentos não se pode jamais
concluir qualquer responsabilidade da acionada no caso em tela, senão veja-se:

 Ato Ilícito em discussão: Protesto supostamente indevido de título


devido.
 Agente Causador do alegado dano: Se há que se falar em algum dano,
este não foi causado pela Skyserv, mas, tão somente pela Oboé Card.

Neste diapasão, não pode o Magistrado levar em


consideração as alegações autorais sem, no entanto, verificar a procedência
destas. O Código Buzaid é inequívoco em apregoar o seguinte:

Art. 333. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
(Grifos da Ré).

Portanto, uma vez que a autora se propõe ao ajuizamento


de uma ação, sem, contudo, justificar o fato e o direito que lhe garantiriam o
pleito inicial, vaga é sua investida por carência de substrato jurídico suficiente a
amparar-lhe em sua pretensão.

Destarte, verifica-se que não se encontram presentes


quaisquer dos elementos indispensáveis a conferir direito a reparação de danos à
postulante, pelo menos por parte da ora contestante.

Diante do exposto, evidencia-se a necessidade de que a


presente demanda não prospere, razão pela qual o feito em questão não merece
prosseguimento.

III.2 – DA FALTA DE COMPROVAÇÃO DO ALEGADO

Sobre o Boletim de Ocorrência, traz-se à baila o


entendimento do E. Ruy Rosado de Aguiar, Ministro do STJ, que didaticamente
dispôs sobre a hipótese e extensão em que tal presunção pode ser aceita, conforme
se constata na ementa do REsp n° 135.543/ES, in litteris:

Prova. Boletim de ocorrência. Acidente de Trânsito.


Prova. O documento público faz prova dos fatos que o
funcionário declarar que ocorreram na sua presença (art.
364 do CPC). Três são as hipóteses mais ocorrentes: (I) o
escrivão recebe declarações e as registra, quando então
‘tem-se como certo, em princípio, que foram
efetivamente prestadas. Não, entretanto, que seu
conteúdo corresponda à verdade’ (REsp 55.088/sp, 3ª
Turma, Rel. Em. Min.Eduardo Ribeiro); (II) policial
comparece ao local do fato, e registra o que observa,
quando então há presunção de veracidade (‘o boletim de
ocorrência goza de presunção juris tantum de
veracidade, prevalecendo até que se prove o contrário’ –
REsp 4.365/rs, 3ª Turma, Rel. em. Min. Waldemar
Zveiter), e tal se dá quando consigna os vestígios
encontrados, a posição dos veículos, a localização dos
danos, etc.; (III) o policial comparece ao local e
consigna no boletim o que lhe foi referido pelos
envolvidos ou testemunhas, quando então a presunção
de veracidade e de que tais declarações foram prestadas,
mas não se estende ao conteúdo delas (‘o documento
público não faz prova dos fatos simplesmente referidos
pelo funcionário’ – REsp 42.031/RJ, 4ª Turma, Rel. em.
Min. Fontes de Alencar). Em todos os casos, a
presunção é apenas relativa. Hipótese em que o boletim
da ocorrência foi confirmado pelo testemunho do
policial por outras provas, fundamentando o julgado.
Recurso não conhecido (unânime, DJU de 09.12.1997)
Grifou-se.

Ocorre que a situação seria igual a retratada no item “I” da


ementa supra transcrita: o Boletim de Ocorrência limita-se a reproduzir as
declarações exclusivas da vítima de suposto furto, as quais não foram
corroboradas por quaisquer investigações policiais ou periciais.

Deveras, em momento algum restou comprovada a existência


de algo, pelo menos semelhante com o relatado no B.O., sendo esta uma tentativa
inútil da promovente em convencer esse D. Juízo.

Portanto, conclui-se pela completa inconsistência dos


argumentos narrados, vez que o referido documento não prova coisa alguma diante
das infundadas argumentações da autora.

III.3 – DA INEXISTÊNCIA DOS DANOS ALEGADOS

Requer a autora a condenação da ré ao pagamento de uma


indenização a título de danos morais, em valor a ser fixado por este Juízo.

É certo que para a concessão de indenização devem estar


caracterizados, para tanto, a ofensa ou a indicação do que se entende por ofensa,
bem como os prejuízos morais e/ou materiais advindos da conduta culposa.

Com base no artigo 927, do Novo Código Civil, verifica-se


que tem o dever de reparar o dano “aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”, devendo restar caracterizados a culpa do
agente, o dano efetivamente provocado e a relação de causalidade entre a sua
conduta e o dano experimentado pela vítima.

Nesse sentido, mister esclarecer, primeiramente, que


se restarem comprovados os danos sofridos pela autora, o que não se
vislumbra da narrativa contida na inicial, o ressarcimento de tais prejuízos
não pode ser suportado pela ré, pois esta cumpriu com sua obrigação,
repassando os valores descontados para a empresa Oboé Card, conforme
atesta recibo em anexo (DOC. 2) e transferência de recursos nº 002367472
(DOC. 3).

Certo é que para que se evidencie a obrigação de indenizar,


deve estar presente o elemento subjetivo culpa, que decorreria de atos de
imprudência, imperícia ou negligência da parte imputada. Assim, indispensável a
demonstração de tal elemento pela parte que se diz vítima, sob pena de não ter
sua pretensão acolhida em Juízo.

No caso em tela, não se verifica a conduta culposa da


demandada/contestante!

Verifica-se, portanto, a inexistência de nexo causal entre a


conduta da ora contestante e o dano supostamente sofrido pela demandante, vez
que aquela somente estava cobrando um débito vencido.

Nesse ponto, impende consignar que a demandante


não trouxe aos autos qualquer prova de humilhação ou constrangimento
sofrido por conta de atitude da ré. Ou seja, inexiste, também,
comprovação dos supostos danos causados à autora.

É cediço que o dano moral não pode ser presumido. Ele


deve ser efetivamente comprovado, o que não foi feito pela autora em sua
petição inicial.

Ademais, Excelência, prevalece o entendimento de que o


dano moral não é o simples transtorno, decorrente do dia-a-dia do homem, que
são consequências inafastáveis da sua vida em sociedade. Para que se configure o
dano moral é necessário que o agravo sofrido cause uma dor profunda, que deixe
marcas na sua vida, como a dor pela perda de um membro, uma deformidade, ou
uma vergonha profunda. Ora, nada disso se assemelha ao ocorrido no caso
vergastado, mesmo que houvesse qualquer participação da ré.

Nesse azo e com base nesse fundamento, pergunta-se: qual


a agressão injusta desferida pela contestante contra a autora? A resposta é única:
nenhuma.

Na realidade, para nascer o direito do demandante à


indenização por danos morais, seria imprescindível que este demonstrasse:

a) a ocorrência do fato ilícito (culpa);


b) o dano sofrido;
c) o nexo causal.

Tomando por base posições doutrinárias, cumpre


mencionarmos Cahali, em sua costumeira proficiência:

“Como em qualquer área da Responsabilidade Civil, põe-se em


evidência como pressuposto da obrigação de reparar o dano moral o
nexo de causalidade entre a ação ou omissão voluntária e o resultado
lesivo; neste sentido, aliás, a regra geral do art. 159 do CC, sendo
mais explícito o Código Civil Peruano de 1984, em seu art.1.985:
‘La indemnización compreende las consecuencias que derivam de la
acción u omisión generadora del daño, incluyendo el lucro cesante, el
daño a la persona Y EL DAÑO MORAL, dibiendo existir uma
relación de causalidad adecuada entre hecho e el daño producido’.”

E continua o ilibado mestre:

“em sede indenizatória por danos patrimonial e moral, mesmo


levando-se em conta a teoria da distribuição do ônus da prova, a
cabência desta está ao encargo da Autora a provar o
nexo causal constituidor da obrigação ressarcitória,
pois, inexistindo causalidade jurídica, ausente está a
relação de causa e efeito, porquanto actore non probante, reus
absolvitur.” (g.n.).

Segue, Yussef Said Cahali, discorrendo, sem medo de errar:

“no plano do dano moral não basta o fato em si do


acontecimento, mas sim, a prova de sua repercussão,
prejudicialmente moral.” (g.n.).
(CAHALI, Yussef Said. DANO MORAL. 2. ed. São Paulo,
RT, 2000. pp 32-33 e 701-704.)

Observe-se, Excelência, que a doutrina e a jurisprudência


são uníssonas em proclamar a inexistência do dano moral sem a cabal
demonstração da culpa, exigindo, inclusive, em muitos casos, o dolo. Vejamos:

Área: CIVIL - Orgão: 3ª CÂMARA CÍVEL - Relator:


Raimundo Bastos de Oliveira - Ementa:
RESPONSABILIDADE CIVIL - MORTE DE RECÉM
NASCIDO - NEGLIGÊNCIA HOSPITALAR - AÇÃO
DE REPARAÇÃO DE DANO MORAL. Improcede o
ressarcimento, a mingua de comprovação do nexo
causa e efeito, vale dizer, do elo entre ato lesivo
imputado a parte promovida e o dano experimentado
pela parte promovente. Recurso impróvido. Sentença mantida.
(98.01784-8 - Fortaleza - 3ª Câmara Cível - Rel. Des. Raimundo
Bastos de Oliveira. - D.J.E.- 88 27/05/98, pág.32). Grifamos.
Área: CIVIL - Orgão: 2ª CÂMARA CÍVEL - Relator: João
de Deus Barros Bringel - Ementa: DANOS MORAIS -
RESSARCIMENTO. No plano moral não basta o fato
em si do acontecimento, mas a prova insofismável de
sua repercussão, prejudicialmente moral. Em
inocorrente a prova telada não se há de cogitar de
ressarcimento. Recurso impróvido. (SIC) (g.n.).

CIVIL – DANO MORAL INCONFIGURADO –


SIMPLES COMUNICAÇÃO DE DÍVIDA PENDENTE
– FATO ENSEJADOR NÃO DEMONSTRADO – 1. O
dano moral, não obstante dar-se na esfera íntima do indivíduo,
necessita, para sua configuração, da prova do fato a lhe dar ensejo e a
justificar a pretensão indenizatória. 1.1. Não pode constituir-se
em ofensa, a causar dano moral ressarcível, a
comunicação feita, de forma discreta e sem
estardalhaço, a consumidor, sobre a existência de
pendência financeira em seu nome, sendo este aviso,
ato corriqueiro e de cunho preventivo, eis que informa
ao inadimplente o seu atraso, dando-lhe oportunidade
de quitar seu débito 2. Não havendo nos autos provas
hábeis a alicerçar o convencimento do juízo e, ainda,
não se mostrando verossímeis as alegações autorais,
desacolhe-se essa pretensão. 3. Recurso conhecido e provido
para reformar a sentença recorrida. (TJDF – ACJ
20010710150204 – DF – 2ª T.R.J.E. – Rel. Des. Benito
Augusto Tiezzi – DJU 10.04.2002 – p. 44) (gn)

Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo


PROCESSO: 0436534-2
RECURSO: Apelação Cível
ORIGEM: São Paulo
JULGADOR: 16ª Câmara
JULGAMENTO: 25/10/1990
RELATOR: Raphael Salvador
DECISÃO: Unânime
PUBLICAÇÃO: JTA 126/176 - MF 632/152
RESPONSABILIDADE CIVIL - ACIDENTE DE
TRANSITO - INDENIZACAO - DANO MORAL -
IMPOSSIBILIDADE DE QUE SEJA PRESUMIDO -
NECESSIDADE DA DEMONSTRACAO DA DOR
MORAL - INOCORRENCIA - VERBA INDEVIDA -
SENTENCA MANTIDA.
DSE/DG Anotacoes da Comissao No mesmo sentido: AC
446.101-6 - Rel. Oscarlino Moeller - MF 638/577 (rmt/dg). (g.n.)

Válido é colacionarmos outras decisões, confirmando a


inexistência de qualquer dever reparatório por parte da Contestante:

“8a Câmara do TJSP: É de se excluir a indenização por


danos morais, por absoluta falta de prova do prejuízo
sofrido. Não logrou a Autora provar houvesse sofrido
qualquer dano moral, e, até mesmo, deixou de
demonstrar a repercussão desfavorável do processo de
que foi vítima. Em que pese a dificuldade de fixar-se um
parâmetro indenizável, para a chamada “dor moral”, dado o seu
extremo subjetivismo, não seria impossível demonstrar-se o dano
sofrido. O que não tem cabida é aceitar-se a tese da
indemonstrabilidade da vergonha por que passou o apelado. Se a
Autora entende que o dano moral desaparece com uma paga em
dinheiro, cumpre-lhe demonstrar no que consiste, fixando-lhe limites,
permitindo, inclusive, ao juiz estabelecer um quantum satisfatório à
parte e exeqüível ao mesmo tempo; caso contrário, poder-se-ia requerer
qualquer soma, por mais absurda que fosse.”
(RJTJSP 110/169)

“INDENIZAÇÃO – DANO MORAL – Mudanças da Escala


de vôo com conseqüente atraso – Verba indevida. Não cabem no
rótulo de dano moral os transtornos, aborrecimentos
ou contratempos que sofre o homem no seu dia a dia,
absolutamente normais na vida de qualquer um, tais
como: mudanças de escala de vôo com o conseqüente
atraso. A simples sensação de desconforto ou
aborrecimento, ocasionado pela perda ou extravio de
bagagem, não constitui dano moral, suscetível de ser
objeto de reparação civil. O dano moral tem origem no
que Polacco chama de “lesão da personalidade
moral”. Os danos morais passíveis de indenização são
aqueles traduzidos mais especificamente pela dor
intensa, pela elevada vergonha, pela injúria moral,
etc.” (AC 217.320-2/5, 11A. Cam Cív. , Rel Des Pinheiro
Franco.) (g.n.).

Importante destacar, também, que está praticamente


pacificado por nossos Tribunais o entendimento de que deve ser comprovado o
dano, seu autor e o prejuízo advindo do ato lesivo, pressuposto essencial
para o pedido de reparação, conforme se depreende de acórdão proferido pela
3ª Câmara Especial do 1º Tribunal de Alçada Civil, inserto na Revista dos
Tribunais nº 714/161, do qual pede-se vênia para transcrever alguns trechos:

“INDENIZAÇÃO – PERDAS E DANOS –


INEXISTÊNCIA DE PROVA – MERAS
ALEGAÇÕES – INADMISSIBILIDADE –
OBRIGATORIEDADE DA DEMONSTRAÇÃO
PARA JUSTIFICAR A CONDENAÇÃO. Não basta
que as perdas e danos sejam alegadas: devem ser
cabalmente demonstradas para justificar a
condenação, ainda que se pretenda a sua apuração em
liquidação de sentença.” (grifou-se).

Ainda nesse sentido são os nobres ensinamentos do jurista


Agostinho Alvim em sua obra “Responsabilidade Civil”, Editora Saraiva, 5ª
edição, págs. 27/28, dos quais pede-se vênia para transcrever o seguinte trecho:

“Dano – Sem a prova do dano, ninguém pode ser


responsabilizado civilmente. O dano pode ser material
ou simplesmente moral, ou seja, sem repercussão na
órbita financeira do ofendido. O Código Civil consigna
um capítulo sobre a liquidação do dano, ou seja, sobre
o modo de se apurarem os prejuízos e a indenização
cabível. Ainda mesmo que haja violação de um dever
jurídico, e que tenha existido culpa e até mesmo dolo
por parte do infrator, nenhuma indenização será
devida, uma vez que não se tenha verificado o
prejuízo. A inexistência de dano é óbice à pretensão de
uma reparação, aliás sem objeto.” (Grifou-se)

Assim sendo, verifica-se que a pretensão da requerente em


receber indenização pelos danos sofridos encontra-se absolutamente deficiente
no tocante à prova da ocorrência do dano. E, uma vez ausente o prejuízo,
nenhuma reparação é devida.

Por tais razões e pela completa inexistência de culpa por


parte da ré/contestante e do necessário nexo causal, não merece acolhimento a
pretensão da autora.

III.4 – DA PROVA E INDEVIDA MAXIMIZAÇÃO DO DANO MORAL

Acerca da responsabilidade civil, dispõe o Código Civil o


seguinte, in verbis:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor
do dano implica, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.

Por conseguinte, o Emin. Prof. Rui Stocco conceitua dano


moral como sendo “tecnicamente um não-dano, onde a palavra dano é empregada em
sentido tranlato ou como metáfora: um estrago ou uma lesão (este o termo jurídico genérico), na
pessoa mas não no patrimônio.

Ressalta ainda a R. doutrinadora Maria Helena Diniz que


dano moral vem a ser a lesão de interesse não patrimonial de pessoa física ou jurídica.

Por fim, conclui Ayrton Pinassi que “dano moral é aquele que,
direta ou indiretamente, a pessoa física ou jurídica, bem assim a coletividade, sofre, no aspecto
não econômico dos seus bens jurídicos.”

Não provado o dano, ainda que exclusivamente moral,


nenhuma indenização é devida.

A Jurisprudência declina a favor da fundada tese aqui


vergastada, in verbis:

132049610 – CIVIL E PROCESSO CIVIL – DANOS –


REPARAÇÃO – NEXO CAUSAL – ONUS PROBANDI
– 1- Inexistente o nexo causal entre a ação e o resultado
lesivo, desautorizada a reparação por danos morais. 2. Cabe
ao interessado provar o fato constitutivo do seu direito.
Apelo não provido. Unânime. (TJDFT – APC
20010110940644 – 1ª T.Cív. – Rel. Des. Valter Xavier –
DJU 11.11.2004 – p. 36) (Ementas no mesmo sentido) –
Grifo nosso.

41043303 – APELAÇÃO CÍVEL – INDENIZAÇÃO


POR DANO MORAL – Instalação de linha telefônica a
pedido de estelionatário, utilizando-se de dados pessoais de
terceiro inocente. Inscrição indevida junto aos órgãos de
proteção ao crédito. Delineada a culpa da companhia
telefônica, surge o dever de indenizar. No que concerne à
prova do dano moral, está assentado na jurisprudência
do STJ que: não há falar em prova do dano moral, mas,
sim, na prova do fato que gerou a dor. Negou-se
provimento ao recurso retido. Recurso improvido. (TJBA –
AC 13.627-6/06 – (11852) – 2ª C.Cív. – Relª Juíza Conv.
Ruth Santa Bárbara Abreu – J. 11.07.2006) – Grifo nosso.

2066258 – APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME DE


SENTENÇA – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS – DANO MORAL PURO – NÃO-
OCORRÊNCIA – AUSÊNCIA DE PROVA DO DANO
– MERO DISSABOR OU ABORRECIMENTO –
IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO – SENTENÇA
REFORMADA – RECURSO A QUE SE DÁ
PROVIMENTO – Afastada a ocorrência do dano moral
puro, não há falar em desnecessidade da prova do
dano, imprescindível para configurar o prejuízo na
esfera moral da parte que o alega. O mero dissabor ou
aborrecimento não gera dano moral passível de
indenização. (TJMS – AC-O 2005.003414-7/0000-00 –
Campo Grande – 1ª T.Cív. – Rel. Des. Joenildo de Sousa
Chaves – J. 08.05.2007) – Grifo nosso.

A necessidade da prova do eventus damni se mostra imperiosa


para configuração da responsabilidade civil. A ocorrência de dano moral ou
imaterial não inibe a possibilidade de prova do mesmo que poderá ser feita por
todos os meios em direito permitidos.

A comprovação da certeza do prejuízo e sua


individualização são requisitos para o deferimento do pedido de indenização.

Destarte, em momento algum se mostrou comprovado


o prejuízo (a dor) da parte, pertinente ao dano moral, e tampouco o nexo
causal entre o fato e o dano, requisitos necessários à caracterização da
responsabilidade civil.

É indiscutível a tentativa por parte da promovente de


ludibriar o Órgão julgador para que assim consiga lograr êxito na sua tentativa
astuciosa de obter o enriquecimento sem causa, requerendo a este Digno Juízo a
condenação da demandada em danos morais, jamais verificados.

O que se observa, Excelência, é que nos dias atuais, como


de curial sabença, existe uma tendência nefasta e ardilosa de algumas pessoas,
sempre em busca de um enriquecimento ilícito diante do poderio econômico de
algumas empresas, de litigarem indevidamente, buscando alcançar uma reparação
econômica nos patamares quantitativos mais elevados.
Para lograr êxito nessa citada busca pelo enriquecimento
sem causa, alguns indivíduos de caráter contestado, fantasiam ou até mesmo
criam fatos que possam porventura respaldar o seu suposto direito ao
ressarcimento ilícito. É a indústria do dano moral.

Enquadrando-se na situação mensurada no parágrafo


antecedente, a autora tenta ludibriar a máquina estatal, valendo-se de artifícios
maliciosos, para assim locupletar-se às custas do empobrecimento indevido de
outrem.

Absurdo seria a condenação da parte ré ao pagamento de


dano moral, seja no valor que for, já que em momento algum restara
comprovado, e mesmo que o fosse, de maneira alguma poderia concorrer a
promovida para tal.

III.5. DOS SUPOSTOS DANOS MORAIS: EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE.


ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL:

Requer a Reclamante a condenação da empresa Ré ao


pagamento de uma indenização por dano moral, indenização esta sem qualquer
embasamento jurídico ou fático.

É certo que para a concessão de indenização, a título moral,


devem estar caracterizados, para tanto, a ofensa ou a indicação do que se entende
por ofensa, bem como os prejuízos morais advindos da conduta culposa.
Contudo, Exa., no caso em tela não houve qualquer atitude ilícita por parte da
Empresa Sky Service, empresa ora contestante, conforme já foi vastamente
demonstrado no corpo desta peça contestatória.

Patente está, portanto, que a empresa ré agiu acobertada


pela excludente do exercício regular de um direito, tornando, assim, sua conduta
completamente lícita, conforme prevê o art. 188, I do Código Civil:

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:


I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de
um direito reconhecido;
[...]

Assim, se é certo que só responde perante o dano a


que tenha dado causa, neste caso, SE HOUVE DE FATO
NEGATIVAÇÃO DO NOME DA RECLAMANTE, ESTE FOI DADO
POR REQUERIMENTO DA OUTRA DEMANDA, sendo certo que
ninguém pode ser obrigado a indenizar por um resultado a que não tenha
causado, a outra demanda, OBÓE, é que deve ser condenada, excluindo-
se, assim, a ora contestante do pólo passivo da demanda.
Quem assim exerce um direito legítimo, não fica
obrigado a reparar o dano causado a outrem, sendo, pois, improcedente
qualquer pedido de indenização formulado pela prejudicada.

Além disso, NÃO HÁ QUALQUER PROVA nos autos


de que, realmente, a reclamante teria sofrido alguma dano material ou moral, por
tais fatos.

A RECLAMANTE NÃO TROUXE AOS AUTOS


QUALQUER PROVA DE CONDUTA DA EMPRESA REQUERIDA
QUE OCASIONASSE CONSTRANGIMENTO A ELE, QUANDO SÓ
ENTÃO, AINDA QUE FANTASIOSAMENTE, PODERIAM SE
CARACTERIZAR OS SUPOSTOS DANOS.

Nesse azo e com base no fundamento acima suscitado,


pergunta-se: qual a agressão injusta ou conduta reprovável desferida pela
contestante contra a autora? A resposta é única: NENHUMA!

Destarte, percebe-se, que no caso em comento, já que


em momento algum foi verificada a conduta da parte ré, até porque a
própria autora não foi capaz de trazer aos autos qualquer prova que viesse
a configurar a suposta conduta ilícita, fica impossível comprovar a
existência de um nexo causal de algo que não veio a efetivamente realizar-
se e não passa de infundadas e descabidas alegações aqui enunciadas
pelo autor, na tentativa de induzir este probo juízo a corroborar para o
sucesso de mais uma aventura jurídica.

Diante de todo o exposto, verifica-se que a pretensão da


autora em receber indenização por danos morais encontra-se absolutamente
deficiente no tocante a comprovação da ocorrência do dano. E uma vez ausente
o prejuízo, nada lhe será devido.

IV – DOS PEDIDOS

Ex positis, demonstrada a insubsistência do pleito autoral,


pelos fatos e fundamentos neste momento aduzidos, é a presente para requerer a
V. Exa., que:
a) que seja acolhida a preliminar de incompetência absoluta,
julgando EXTINTO a presente demanda sem análise do mérito.

b) se V. Exa. não acatar a preliminar arguida, o que se


vislumbra apenas a título de argumentação, que seja a presente demanda julgada
totalmente IMPROCEDENTE, haja vista que inexiste qualquer prova dos
danos materiais e morais ocasionados ao autor, condenando-o ao pagamento das
custas e honorários advocatícios, na base de 20% (vinte por cento) ao valor da
atribuído à causa, em caso de eventual recurso;

c) No caso de ser julgada procedente a presente demanda,


requer que seja a EMPRESA ORA CONTESTANTE, SKY SERVICE,
EXLCUÍDA DO POLO PASSIVO, considerando-se que não efetuou qualquer
ato ilícito que corroborasse com os supostos danos sofridos pela reclamante.
Devendo ser responsabilizada pelo protesto e negativação indevida, apenas a
outra demandada, OBOÉ CARD.

d) Caso, V. Exa., entenda que haja alguma responsabilidade


por parte da SKY SERVICE, que seja considerado seu grau de culpabilidade,
devendo a responsabilidade ser subsidiária, ou ao menos, proporcional aos atos
entendidos como provocados por esta empresa.

Requer provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal rol representante legal
da promovente, sob pena de confissão, juntada de novos documentos, oitiva das
testemunhas e, se necessário, pericial.

Nesses termos,
Pede e espera deferimento.

Fortaleza-CE, 25 de Novembro de 2010.

Cid Marconi Gurgel de Souza Karol Wojtyla Lima Carneiro


OAB/CE nº 10.007 OAB/CE nº 17.364

Marília Monteiro Ramos Sérgio de Freitas Carneiro Filho


OAB/CE nº 13.294 OAB/CE nº 21.302

Sávio Câmara Vieira de Andrade Lucas Esteves Borges


OAB/CE nº 22.946 OAB/CE nº 5738-E

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