Seis Sigma é um sistema de gestão estratégica que objetiva acelerar mudanças e aprimorar todos os processos, produtos e serviços da organização, para torná-la mais competitiva. Sigma é a letra do alfabeto grego correspondente ao nosso S. Atualmente é um dos assuntos de maior interesse e relevância no mundo dos negócios especialmente nos Estados Unidos. O assunto não é novo porque há pelo menos 50 anos as técnicas estatísticas que lhe dão sustentação já estavam sendo utilizadas com sucesso, tanto pelos americanos quanto pelos japoneses. Nossa intenção neste trabalho é situar, historicamente, o assunto e avaliar sua utilização no contexto brasileiro. O quadro de Níveis Sigma abaixo, mostra a importância da utilização deste sistema: Nível Falhas por Custo da falta de Sigma milhão Perfeição % qualidade 3,4 Menos de 10% do valor 6 (0,00034%) 99,99966 das vendas 233 De 10% a 15% 5 (0,02335%) 99,97665 idem 6.210 De 15% a 20% 4 (0,62100%) 99,37900 idem 66.807 De 20% a 30% 3 (6,68070%) 93,31930 idem 308.537 De 30% a 40% 2 (30,85370%) 69,14630 idem 690.000 - 1 (69,00000%) - Fonte : Exame nr. 689, pág.78 – jul/99
A identificação do custo da falta de qualidade passou a ser crucial a partir da
entrada de novos concorrentes no mercado em, praticamente, todos os setores. Devido à possibilidade de significativa redução de custos com o aumento da qualidade, todos os tipos de indústrias podem se valer do sistema Seis Sigma, podendo-se destacar ênfase especial para os segmentos de computadores, produtos eletrônicos em geral, veículos e outros produtos industrializados de alta tecnologia, devido à possibilidade de significativa redução de custos com o aumento da qualidade. Os japoneses, para fazer frente a novos concorrentes (e novos entrantes), a partir da metade dos anos 70, passaram a competir oferecendo produtos de menor preço e de boa qualidade para surpresa geral. Tinham grande vantagem competitiva. Quais seriam os elementos componentes dessa vantagem? O que estaria acontecendo? Quais métodos de manufatura estariam sendo utilizados, para permitir maior redução de custos e, portanto, de preços e aumento da qualidade? Pesquisas sobre o assunto demonstraram ao mundo que a diferença não estava em novas técnicas de produção, nem em inovações tecnológicas em máquinas e equipamentos, mas na utilização da análise estatística aplicada em todos os processos que agregavam valor aos produtos e serviços, com a correção de desvios dos padrões estabelecidos. Em maio de 1980 a rede de televisão americana NBC exibiu um programa intitulado "If Japan Can, Why Can' t We ? (Se o Japão pode, por que nós não podemos ?). Estava lançado o desafio. Conduzido pela Motorola na década dos anos 80, um trabalho de "benchmarking" (busca do que há de melhor) utilizou dados estatísticos de desempenho de empresas conhecidas pelos níveis elevados de satisfação dos clientes e qualidade de produtos e serviços, comparados com empresas de desempenho médio que tinham taxas de falhas na faixa de 3.000 a 10.000 por milhão de procedimentos, equivalentes a um nível Sigma 3 ou 4. A conclusão indicou que as melhores empresas obtinham resultados na faixa de 3,4 falhas por milhão. Construiu-se então o quadro mostrado no inicio deste trabalho, incluindo-se uma estimativa do custo adicional que as empresas carregam pela falta de qualidade. A Motorola fixou como meta, a obtenção do Seis Sigma em 1993. A utilização deste sistema de medição e redução de falhas tornou-se mais conhecida quando a General Electric, a partir de 1995, sob a orientação de seu consagrado presidente John Welch, passou a analisar todas as suas operações, visando atingir o padrão Sigma 6 no ano 2000. Quando em 1997 foi anunciado o maior faturamento de todos os tempos da General Electric com aumento de lucros, foi grande a surpresa por ter sido creditado parte deste sucesso ao sistema da qualidade Seis Sigma. Até então Welch sempre fora cético quanto à eficácia dos programas da qualidade. O The Wall Street Journal de 13.01.97 publicou a seguinte nota: "John F. Welch, CEO (Chief Executive Officer) da General Electric, prevê que o programa Seis Sigma economize de 5 a 10 bilhões de dólares ao longo da próxima década, além dos lucros extras”. O mais curioso de tudo isso é que os americanos já utilizavam técnicas estatísticas de controle de manufatura industrial desde 1931, quando o Dr. W. A.Shewhart, da Bell Laboratories, publicou em New York seu famoso livro "Economic Control of Quality of Manufactured Products", onde expôs o CEP - Controle Estatístico de Processos e três gráficos de controle sigma. Estas técnicas foram levadas ao Japão em 1950 pelo Dr. William Deming e em 1954 o Dr. Joseph Juran as utilizou em cursos sobre controle da qualidade na indústria. Os japoneses passaram a utilizar estas técnicas e adicionaram novas praticas, através de seus mais renomados especialistas, como Ishikawa, Tagushi, Kondo e outros, inserindo-as no TQM - Total Quality Management (Gestão pela Qualidade Total). Mais tarde foram reunidas num conjunto denominado as Sete Ferramentas da Qualidade, incluindo as seguintes técnicas estatísticas: 1. Folha de Verificação (coleta de dados) 2. Estratificação (separação dos iguais em grupos distintos) 3. Diagrama de Pareto (identificação dos poucos essenciais) 4. Histograma (gráfico de barras para distribuição de freqüências) 5. Diagrama de Causa e Efeito (análise gráfica de Causas e Efeito) 6. Gráfico de Controle (controla os limites das especificações e o realizado) 7. Diagrama de Dispersão (análise da relação entre duas variáveis) Em nossa opinião também podemos aplicar a frase: "Se os japoneses e americanos podem, por que nós não podemos?". A SUNDFELD & Associados oferece entre seus treinamentos, cursos de Planejamento Estratégico e As Sete Ferramentas Básicas da Qualidade, visando disseminar estas práticas entre nossos profissionais para aplicação em empresas que busquem elevados padrões de desempenho.
A QUALIDADE, DESDE QUE RECONHECIDA PELOS CLIENTES, TORNA-
SE UMA VANTAGEM COMPETITIVA DURADOURA E LUCRATIVA. Devemos sempre estar conscientes da importância da qualidade em todos os processos para entrega de nossos produtos/serviços. A qualidade desde que reconhecida pelos clientes torna-se uma vantagem competitiva duradoura e lucrativa. Temos apenas que identificar e utilizar as técnicas adequadas aos casos específicos para transformarmos custos em lucros e atingirmos padrões de nível próximo ao Seis Sigma, para que a equação Lucro = Preço - Custos possa ser otimizada. (*) João Baptista Sundfeld: Economista, Mestre em Educação, professor de Planejamento Estratégico é Consultor da Sundfeld & Associados – Gestão Empresarial.