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Temas de redação

Temas IMPORTANTES: Política – Ambiental – Conquistas femininas –


Questão indígena

1) Jovens e drogas
2) Língua ensinada na escola X Língua do dia-a-dia / Dificuldade de
aprendizado das regras gramaticais X facilidade de comunicação
3) Violência urbana no Brasil
4) Enchentes X Seca no nordeste
5) Questão indígena atual no Brasil
6) Importância da água
7) Favela e cidade: as distancias sociais desapareceram?
8) Lei anti-fumo
9) Importância da doação de órgãos
10) O trânsito como indicador da situação da sociedade brasileira
11) Violência contra a mulher
12) Aspectos positivos e negativos do texto publicitário
13) Causas e conseqüências da pirataria
14) Importância de uma conscientização ambiental para o futuro do
nosso planeta
15) Globalização – Influencia da tecnologia na identidade cultural
16) Questão política no Brasil – eleições, poder de voto, democracia e
ética.
17) Aborto
18) Eutanásia
19)Pena de morte
20) Redução da maioridade penal
21) Alcoolismo e lei seca
22) Distribuição de preservativos nas escolas
23) O processo eficaz da comunicação em situações específicas
24)Importância do censo para o desenvolvimento do Brasil
25) Educação a distância
26) Existe desenvolvimento econômico e social sem educação?
27) Obesidade
28) Conquistas femininas ao longo da história do Brasil
29) Discutir o perfil econômico do Brasil
30) Os investimentos de pesquisas no Brasil e seus efeitos no
processo sócio-econômico do país.
31) Folclore, culinária, costumes, raças e credos diversos fazem parte
da história do nosso povo. Vantagens e desvantagens de se viver em
um país pluricultural.
32) Diversidade lingüística no Brasil – diferenças entre grupos sociais,
regiões, temporais e históricas.

1) JOVENS E DROGAS

Por que é difícil dizer não às drogas

Quem usa drogas pela primeira vez não vê os amigos se acabando


nas sarjetas e não acredita que vai ser um viciado.

As campanhas contra o uso de drogas e a exibição na televisão do


efeito devastador que elas têm sobre a vida dos viciados deveriam
ser suficientes para riscar esse mal da superfície do planeta. Não é o
que acontece. Num desafio ao bom senso, um número enorme de
adolescentes continua dizendo sim às drogas. Pesquisa recente
mostrou que um em cada quatro estudantes do ensino fundamental e
médio da rede pública brasileira já experimentou algum tipo de
droga, além do cigarro e das bebidas alcoólicas. A idade do primeiro
contato com esse tipo de substância caiu dos 14 para os 11 anos em
uma década. Tais dados sinalizam um futuro bem ruim. Quanto mais
cedo se experimenta uma droga, maiores são os riscos de se tornar
viciado. As pesquisas também revelam que a maioria dos jovens sabe
que as drogas podem se transformar num problema sério. Mas isso
não basta para mantê-los longe de um baseado ou de um papelote de
cocaína.

Por que é assim? É claro que quem experimenta pela primeira vez
não deseja virar viciado. Um estudo do Grupo Interdisciplinar de
Estudos de Álcool e Drogas da Universidade de São Paulo (Grea) diz
que a curiosidade é a motivação que leva nove em cada dez jovens a
consumir drogas pela primeira vez. Em seguida vem o desejo de se
integrar a algum grupo de amigos. No momento da iniciação das
drogas, o adolescente não vê os amigos morrendo, sendo
pressionados por traficantes nem se acabando nas sarjetas. Também
é difícil perceber a importância que a droga pode assumir em sua
vida no futuro. A maioria das drogas só provoca dependência depois
de algum tempo de uso. Ou seja, quem entra nessa só percebe tarde
demais que está num caminho sem volta. Apenas uma parcela dos
usuários se torna dependente grave, do tipo que aparece nas novelas
de TV. Apostar nesse argumento para usar drogas é uma loteria
perigosíssima, porque ninguém sabe ao certo se vai virar viciado ou
não.
Há alguns fatores que contribuem para que um jovem tenha maiores
probabilidades de se viciar. O primeiro é genético. Já se provou que
pessoas com histórico familiar de alcoolismo ou algum outro vício
correm maiores riscos de também ser dependentes. Os demais estão
relacionados com a personalidade. Adolescentes tímidos, ansiosos por
algum tipo de reconhecimento entre os amigos, apresentam maior
comportamento de risco para a dependência. Eles acreditam que as
drogas os ajudarão a ser mais populares entre os colegas ou que
serão uma boa maneira de vencer a travação na hora de se declarar
e namorar, tarefa sempre complicada para quem é introvertido.
Jovens inseguros, que sofrem de depressão ou ansiedade, costumam
procurar as drogas como alívio para seus problemas. É ainda uma
forma de mostrar aos pais que algo não vai bem com eles ou com a
vida familiar. No extremo oposto, aqueles que parecem não ter medo
de nada e que buscam todo tipo de emoções também correm grande
risco de se envolver com drogas.

O melhor jeito de dizer não às drogas é entender que ninguém


precisa ser igual ao amigo ou repetir padrões de comportamento para
ser aceito no grupo. É por isso que a prevenção em casa funciona
melhor que os anúncios do governo. "Dá para fazer uma boa
campanha doméstica sem falar necessariamente em droga", diz o
psiquiatra Sérgio Dario Seibel, de São Paulo. Em outras palavras: é
natural o adolescente repelir reprimendas e conversas formais sobre
esse assunto. Imediatamente fecha a cara e os ouvidos a quem lhe
diz em tom grave: "Precisamos conversar sobre drogas", seja o pai, a
mãe, seja o governo ou qualquer instituição. A situação ainda é pior
quando o pai bebe todo dia sob o pretexto de relaxar ou quando está
nervoso e deprimido. Ele pode passar para o filho a idéia de que a
bebida é um poderoso aliado para enfrentar obstáculos. A mãe que
toma comprimidos para dormir também está dando ao filho a falsa
idéia de que as substâncias químicas garantem a felicidade. Daí a ele
achar natural usar drogas é apenas um passo.
Elas fazem muito mal
Muita gente acredita que o consumo esporádico de drogas não
faz mal. Errado. Todas as drogas são de alto risco: prejudicam a
saúde, perturbam os estudos e alteram o humor para pior. E
ninguém sabe de antemão se vai ou não se tornar um viciado.

ÁLCOOL
Provoca cirrose e hepatite alcoólica, hipertensão,
problemas cardíacos. Causa danos cerebrais e provoca
perda de memória. Leva à dependência física, com
graves crises de abstinência e, em grandes doses,
provoca coma.

MACONHA
Causa apatia e perda de motivação, prejudica a
memória e o raciocínio. Estudos mostram que quem
fuma maconha está mais sujeito a sofrer de
insuficiência cardíaca e esquizofrenia.

Milton
COCAÍNA Carello
O risco de overdose é alto, o que pode levar à morte.
O uso contínuo causa degeneração muscular, perda
do desejo sexual, alucinações e delírios. Uma em cada
cinco pessoas que experimentam a droga se torna
dependente
Ricardo
D'Angelo
ECSTASY
Induz a ataques de pânico e ansiedade. Provoca danos nas células
nervosas, o que leva à depressão crônica.

A RELAÇÃO DOS JOVENS COM AS DROGAS

*Ana Lúcia Caetano da Silva


Atualmente, as drogas são o fator principal que está levando nossos
jovens à destruição. A dependência química leva-os a matar, roubar e
até mesmo a cometerem suicídios. Mas quem sofre com tudo isso é a
família, cujo lar foi destruído pelo vício de um dos seus membros.

Para este indivíduo que teve sua vida totalmente alterada pelo uso
das drogas, a família, os professores e os verdadeiros amigos têm um
papel fundamental para a sua recuperação.

As drogas estão desmoronando os sonhos e,


conseqüentemente, acabando não só com a infância, mas também
com a adolescência, que é a fase do desenvolvimento até o estágio
adulto.

Segundo uma pesquisa, a maioria dos jovens envereda nesse


caminho por curiosidade, para diminuir a ansiedade, ou, até mesmo,
para esquecer seus problemas.

A juventude está pedindo socorro!

Cabe a todos nós olharmos esse fator agravante com outros olhos,
sem criticá-los ou apontar-lhes o dedo dizendo: ”É vagabundo, é
bandido, é ladrão...” Nunca é tarde para começar!

* aluna do 2° Período de Letras


(CESEP/Machado-MG)

Os adolescentes e as drogas

s adolescentes de hoje estão mais sujeitos ao contato com as drogas. Ambiente,


companhias erradas, tudo favorece o contato e as primeiras experiências com as
drogas. A isso, acrescente-se a freqüente ausência dos pais, que cria condições
favoráveis para que os filhos adolescentes se sintam livres para aventuras deste tipo,
sem pensar muito nas conseqüências.

Nesta fase da vida, eles afirmam sua personalidade: novas descobertas, novo corpo,
explosões de emoção e temperamento contribuem para o surgimento de novos e difíceis
problemas.

Da própria sociedade, em rápida mudança, chega uma série de cobranças e de apelos


de consumo: como se mover, vestir e até mesmo como não ser tão “careta”. E o coitado
do adolescente, ainda inexperiente, só pode ficar na maior das confusões!
ELES PRECISAM DE AJUDA

O que queremos é que os adolescentes conheçam os riscos que os esperam, entre eles a
horrível possibilidade de experimentarem a droga e de entrarem na turma dos
dependentes. Os adolescentes precisam de alguém que os ame de verdade,
independentemente de suas indecisões e estranhezas.

Graças a Deus, nesta fase da vida eles podem descobrir Jesus como alguém que os
impressiona, o grande amigo de todas as horas, que não quer que ninguém se perca,
desperdiçando a vida e, até, induzindo outros a isso.

QUE DROGA ESSA DROGA!

Mas, o que leva um adolescente a usar drogas?

As causas são muitas: a solidão, a falta de formação, as más companhias, as


decepções, os desentendimentos com os pais e outros desconfortos de uma sociedade
injusta e excludente. Nesta situação, as drogas podem se apresentar ao adolescente
como a solução dos problemas que o aflige. É uma triste ilusão!

A doença, de fato, isola das pessoas, a não ser que precise delas para conseguir a droga.
Transforma os usuários em pessoas hostis, egocêntricas e egoístas. Para não adoecer ou
enlouquecer, chegam a sentir orgulho pelo seu comportamento às vezes ilegal e, quase
sempre, extravagante e esquisito.

Para conseguir as drogas, eles mentem, roubam. O fracasso e o medo invadem sua
vida e o espírito fica em pedaços.

Uma saída fácil. Eis o que eles querem e, não encontrando-a, algumas vezes pensam no
suicídio. E, se não houver uma reviravolta radical, uma opção forte do interessado..., o
uso de drogas acaba sempre subjugando o usuário.

DEPOIMENTO

Antes de se suicidar, Percy Partrick, dependente de drogas, endereçou uma carta


emocionante alertando os jovens.

Se alguém lhe oferecer algum tóxico, demonstre ser mais homem do que eu fui. Não se
deixe tentar, por nenhuma razão, e saiba responder com um “não”.

Talvez você encontre “amigos” que lhe ofereçam gratuitamente um pouco da coisa
(droga) para depois, sucessivamente, fazer você pagar por ela. No princípio o preço é
reduzido, mas quando perceberem que você se tornou viciado (dependente),
aumentarão os preços. Não esqueça que a mesma pessoa que lhe vendeu a maconha,
terá, em reserva para você, também a heroína.

E tudo isso, por quê? Não certamente pela sua felicidade, mas para obter dinheiro.
A droga pode oferecer momentos de felicidade, mas a cada um destes momentos
corresponde um século de desespero que jamais poderá ser apagado. A droga destruiu
todos os meus sonhos de amor, as minhas ambições e a minha vida no seio da família.

O QUE FAZER?

A dependência pode ser detida. Não há nada de vergonhoso em ser um dependente,


desde que este tome consciência de sua situação, deixe de justificar seu comportamento,
se preocupe com o seu bem-estar e comece a agir positivamente.

A recuperação é uma tarefa difícil e o tratamento médico é apenas uma parte desta
recuperação. A participação dos pais e a união da família são os maiores fatores de
combate ao tóxico, assim como a degradação da família é uma das causas do aumento
do número de usuários.

A terapia ocupacional. Deve-se descobrir o que o dependente de drogas gosta de fazer


(habilidades manuais, fotografia, dança, esportes...). Com estas ocupações surgirão em
sua vida outros interesses e outras formas de realização que o ajudarão a recuperar a
auto-estima perdida.

Desenvolver as forças interiores. São as qualidades positivas que todos nós


possuímos, e que, no caso dos dependentes, ajudam na recuperação. Esse trabalho deve
ser feito com acompanhamento de psicólogos e educadores.

A violência não recupera ninguém. Devemos evitar de rotular os dependentes de


drogas com frases como: Uma vez viciado, sempre viciado. Contudo, a experiência
mostra que quanto maior for o tempo do vício, mais difícil é a recuperação.

EDUCANDO PARA PREVENIR

A educação, bem planejada e assumida pela família e pelos órgãos competentes, é a


melhor forma de combater o tóxico.

Bem educada, a pessoa se sente bem, em harmonia com o próprio corpo, com a mente
e com o espírito, passando a viver bem com os outros e com o mundo em geral.

Sendo que a vida é o maior dom de Deus, estragar ou até acabar com a própria vida é a
maior “bobeira” que uma pessoa pode fazer. Devemos amar e cuidar da vida contra todo
tipo de drogas.

CONCLUSÃO

O adolescente, além de se preservar do uso das drogas, deve fazer algo para aqueles
que já são escravos deste vício.

O problema da droga será objeto de nossas reflexões ao logo do mês de maio. Que
Nossa Senhora nos ajude nessa reflexão e nos livre deste perigo.
2) Língua ensinada na escola X Língua do dia-a-dia / Dificuldade de
aprendizado das regras

COMUNICAÇÃO

Um homem entrou numa loja mas esqueceu o nome do que queria comprar,
ficou tentando descrever o objeto ao vendedor. Descreveu de diversas formas,
confundindo cada vez mais o vendedor. Se o homem soubesse desenhar, o
problema seria facilmente resolvido. Nesse caso, ele estaria utilizando um outro
código: o desenho.

Código é todo conjunto organizado de sinais utilizado na comunicação.

Os diversos códigos de que o homem dispõe para se comunicar constituem a


linguagem. Os diversos códigos que o homem dispõe para se comunicar
formam a Linguagem.

Linguagem é todo sistema de sinais que serve como meio de


comunicação entre os indivíduos.

Existem dois tipos de Linguagem: Verbal - Código que utiliza a linguagem


falada ou escrita (crônica, rádio, etc.). Não-Verbal - Qualquer código que não
utilize a palavra (quadro, dança, gestos, etc.).

Todas as mensagens utilizam a linguagem verbal, no entanto, os emissores


das mensagens utilizam-se de línguas diferentes de acordo com sua
nacionalidade.

Língua é a linguagem verbal utilizada por um grupo de indivíduos.

A utilização particular e individual do código lingüístico dá-se o nome de fala.

Fala é a utilização individual da língua.

Pedro Demo aborda os desafios da linguagem no século XXI

7/7/2008 11:50:00

Pedro Demo é professor do departamento de Sociologia da


Universidade de Brasília (UnB). PhD em Sociologia pela Universidade
de Saarbrücken, Alemanha, e pós-doutor pela University of California
at Los Angeles (UCLA), possui 76 livros publicados, envolvendo
Sociologia e Educação. No mês passado esteve em Curitiba para uma
palestra promovida pela Faculdade Opet, e conversou com o Nota 10.
O tema de sua palestra é “Os desafios da linguagem do século XXI
para a aprendizagem na escola”. Quais são os maiores desafios que
professores e alunos enfrentam, envolvendo essa linguagem?

A escola está distante dos desafios do século XX. O fato é que quando
as crianças de hoje forem para o mercado, elas terão de usar
computadores, e a escola não usa. Algumas crianças têm acesso à
tecnologia e se desenvolvem de uma maneira diferente - gostam
menos ainda da escola porque acham que aprendem melhor na
internet. As novas alfabetizações estão entrando em cena, e o Brasil
não está dando muita importância a isso – estamos encalhados no
processo do ler, escrever e contar. Na escola, a criança escreve
porque tem que copiar do quadro. Na internet, escreve porque quer
interagir com o mundo. A linguagem do século XXI – tecnologia,
internet – permite uma forma de aprendizado diferente. As próprias
crianças trocam informações entre si, e a escola está longe disso. Não
acho que devemos abraçar isso de qualquer maneira, é preciso ter
espírito crítico - mas não tem como ficar distante. A tecnologia vai se
implantar aqui “conosco ou sem nosco”.

A linguagem do século XXI envolve apenas a internet?

Geralmente se diz linguagem de computador porque o computador,


de certa maneira, é uma convergência. Quando se fala nova mídia,
falamos tanto do computador como do celular. Então o que está em
jogo é o texto impresso. Primeiro, nós não podemos jogar fora o
texto impresso, mas talvez ele vá se tornar um texto menos
importante do que os outros. Um bom exemplo de linguagem digital é
um bom jogo eletrônico – alguns são considerados como ambientes
de boa aprendizagem. O jogador tem que fazer o avatar dele –
aquela figura que ele vai incorporar para jogar -, pode mudar regras
de jogo, discute com os colegas sobre o que estão jogando. O jogo
coloca desafios enormes, e a criança aprende a gostar de desafios.
Também há o texto: o jogo vem com um manual de instruções e ela
se obriga a ler. Não é que a criança não lê – ela não lê o que o adulto
quer que ele leia na escola. Mas quando é do seu interesse, lê sem
problema. Isso tem sido chamado de aprendizagem situada – um
aprendizado de tal maneira que apareça sempre na vida da criança.
Aquilo que ela aprende, quando está mexendo na internet, são coisas
da vida. Quando ela vai para a escola não aparece nada. A linguagem
que ela usa na escola, quando ela volta para casa ela não vê em
lugar nenhum. E aí, onde é que está a escola? A escola parece um
mundo estranho. As linguagens, hoje, se tornaram multimodais. Um
texto que já tem várias coisas inclusas. Som, imagem, texto,
animação, um texto deve ter tudo isso para ser atrativo. As crianças
têm que aprender isso. Para você fazer um blog, você tem que ser
autor – é uma tecnologia maravilhosa porque puxa a autoria. Você
não pode fazer um blog pelo outro, o blog é seu, você tem que
redigir, elaborar, se expor, discutir. É muito comum lá fora, como nos
Estados Unidos, onde milhares de crianças de sete anos que já são
autoras de ficção estilo Harry Potter no blog, e discutem
animadamente com outros autores mirins. Quando vão para a escola,
essas crianças se aborrecem, porque a escola é devagar.

Então a escola precisa mudar para acompanhar o ritmo dos alunos?

Precisa, e muito. Não que a escola esteja em risco de extinção, não


acredito que a escola vai desaparecer. Mas nós temos que restaurar a
escola para ela se situar nas habilidades do século XXI, que não
aparecem na escola. Aparecem em casa, no computador, na internet,
na lan house, mas não na escola. A escola usa a linguagem de
Gutenberg, de 600 anos atrás. Então acho que é aí que temos que
fazer uma grande mudança. Para mim, essa grande mudança começa
com o professor. Temos que cuidar do professor, porque todas essas
mudanças só entram bem na escola se entrarem pelo professor – ele
é a figura fundamental. Não há como substituir o professor. Ele é a
tecnologia das tecnologias, e deve se portar como tal.

Qual é a diferença da interferência da linguagem mais tecnológica


para, como o senhor falou, a linguagem de Gutenberg?

Cultura popular. O termo mudou muito, e cultura popular agora é


mp3, dvd, televisão, internet. Essa é a linguagem que as crianças
querem e precisam. Não exclui texto. Qual é a diferença? O texto,
veja bem, é de cima para baixo, da esquerda para a direita, linha por
linha, palavra por palavra, tudo arrumadinho. Não é real. A vida real
não é arrumadinha, nosso texto que é assim. Nós ficamos quadrados
até por causa desses textos que a gente faz. A gente quer pensar
tudo seqüencial, mas a criança não é seqüencial. Ela faz sete, oito
tarefas ao mesmo tempo – mexe na internet, escuta telefone, escuta
música, manda email, recebe email, responde - e ainda acham que
na escola ela deve apenas escutar a aula. Elas têm uma cabeça
diferente. O texto impresso vai continuar, é o texto ordenado. Mas
vai entrar muito mais o texto da imagem, que não é hierárquico, não
é centrado, é flexível, é maleável. Ele permite a criação conjunta de
algo, inclusive existe um termo interessante para isso que é “re-mix”
– todos os textos da internet são re-mix, partem de outros textos.
Alguns são quase cópias, outros já são muito bons, como é um texto
da wikipedia (que é um texto de enciclopédia do melhor nível).

Qual a sua opinião sobre o internetês?

Assim como é impossível imaginar que exista uma língua única no


mundo, também existem as línguas concorrentes. As sociedades não
se unificam por língua, mas sim por interesses comuns, por
interatividade (como faz a internet por exemplo). A internet usa
basicamente o texto em inglês, mas admite outras culturas. Eu não
acho errado que a criança que usa a internet invente sua maneira de
falar. No fundo, a gramática rígida também é apenas uma maneira de
falar. A questão é que pensamos que o português gramaticalmente
correto é o único aceitável, e isso é bobagem. Não existe uma única
maneira de falar, existem várias. Mas com a liberdade da internet as
pessoas cometem abusos. As crianças, às vezes, sequer aprendem
bem o português porque só ficam falando o internetês. Acho que eles
devem usar cada linguagem isso no ambiente certo – e isso implica
também aprender bem o português correto.

O senhor é um grande escritor na área de educação, e tem vários


livros publicados. Desses livros qual é o seu preferido?

Posso dizer uma coisa? Eu acho que todos os livros vão


envelhecendo, e eu vou deixando todos pelo caminho. Não há livro
que resista ao tempo. Mas um dos que eu considero com mais
impacto – e não é o que eu prefiro – é o livro sobre a LDB (A Nova
LDB: Ranços e Avanços), que chegou a 20 e tantas edições. É um
livro que eu não gosto muito, que eu não considero um bom livro,
mas... Outros livros que eu gosto mais saíram menos, depende muito
das circunstâncias. Eu gosto sobretudo de um livrinho que eu
publiquei em 2004, chamado Ser Professor é Cuidar que o Aluno
Aprenda. É o ponto que eu queria transmitir a todos os professores:
ser professor não é dar aulas, não é instruir, é cuidar que o aluno
aprenda. Partir do aluno, da linguagem dele, e cuidar dele, não dar
aulas. O professor gosta de dar aula, e os dados sugerem que quanto
mais aulas, menos o aluno aprende. O professor não acredita nisso,
acha que isso é um grande disparate. Mas é verdade. É melhor dar
menos aulas e cuidar que o aluno pesquise, elabore, escreva -
aprenda. Aí entra a questão da linguagem de mídia: a língua hoje não
é dos gramáticos, é de quem usa a internet. Então a língua vai andar
mais, vai ter que se contorcer, vai ser mais maleável.

Então o professor gosta de dar aulas deve mudar esse pensamento?

É um grande desafio: cuidar do professor, arrumar uma pedagogia na


qual ele nasça de uma maneira diferente, não seja só vinculado a dar
aulas. A pedagogia precisa inventar um professor que já venha com
uma cara diferente, não só para dar aulas e que seja
tecnologicamente correto. Que mexa com as novas linguagens, que
tenha blog, que participe desse mundo – isso é fundamental. Depois,
quando ele está na escola, ele precisa ter um reforço constante para
aprender. É preciso um curso grande, intensivo, especialização, voltar
para a universidade, de maneira que o professor se reconstrua. Um
dos desejos que nós temos é de que o professor produza material
didático próprio, que ainda é desconhecido no Brasil. Ele tem que ter
o material dele, porque a gente só pode dar aula daquilo que produz
- essa é a regra lá fora. Quem não produz não pode dar aula, porque
vai contar lorota. Não adianta também só criticar o professor, ele é
uma grande vítima de todos esses anos de descaso, pedagogias e
licenciaturas horríveis, encurtadas cada vez mais, ambientes de
trabalho muito ruins, salários horrorosos... Também nós temos que,
mais que criticar, cuidar do professor para que ele se coloque a altura
da criança. E também, com isso, coloque à altura da criança a escola
– sobretudo a escola pública, onde grande parte da população está.

Comunicação e Expressão
Comunicação e Expressão

Antes de tecer algumas considerações referente à comunicação e


expressão, se faz necessário entender o significado etimológico de
cada palavra em questão. Segundo a definição do dicionário Aurélio
(1998), do latim expressione, o substantivo feminino expressão é o
ato de exprimir; representação escrita; palavra; frase; dito; gesto;
acentuação; caráter e importância. Já, o substantivo feminino
comunicação, do latim communicare; é o ato, efeito ou meio de
comunicar; participação; aviso; informação; convivência; trato; lugar
de passagem de um ponto para outro; comunhão (de bens);
atribuição mútua das propriedades da natureza divina à natureza
humana de Cristo.
Ponderadas tais definições é possível observar e diagnosticar quantos
significados se dá, às vezes, a mesma palavra ou expressão, seja
isoladamente ou numa estrutura de texto. Pois, conforme a Sabbag
(2006) no artigo “um olhar diferente para a escrita”:

“Escolhemos os significados que melhor nos exprimam e nos


vestimos de palavras e de uma estrutura de texto que melhor se
adequam ao nosso estilo”.

2.0 – O ato de escrever

O ato de escrever é um processo contínuo. Cada elemento novo que


percebemos no mundo exige uma palavra correspondente. Cada
leitura nos enriquece de novas possibilidades de expressão. Porém,
importa-nos que, ao se admirar com uma paisagem, transformar em
palavras nossa visão. Ao emocionar, colocar no texto nossa
sensibilidade. Ao criar, formar de nossa imaginação uma estória. Ao
pensar, defender nosso pensamento no papel.

A linguagem é um sofisticado meio de comunicação humana. Mas


não o único. Viver numa sociedade é participar de um universo
repleto de símbolos. A vida social está permeada dos mais variados
tipos de códigos. Alguns são universais; outros dependem da cultura
particular de determinado povo. Isto é, a linguagem é a expressão
máxima da capacidade do ser humano de criar e usar símbolos, pois
dependendo do lugar do nascimento, por meio da cultura que herda e
da língua que fala, adquire uma maneira particular de relacionar-se
com os outros e com o universo. Pois, segundo Vigotski (1896-1934):

“Na escrita, como o tom de voz e o conhecimento do assunto são


excluídos, somos obrigados a utilizar muito mais palavras, e com
maior exatidão. A escrita é a forma de fala mais elaborada”. -
(Vigotski, trad. 1993. p. 131-132)
Nossa linguagem nos releva a nós mesmos e ao outros. Escrevemos
baseados na nossa experiência de vida em casa, na escola, no clube,
na rua; no nosso convívio com o mundo e com as pessoas.
Escrevemos com base no que vemos no cinema e na televisão, nos
jornais e nas revistas, nos livros e nos cartazes; em todos os meios de
comunicação. Escrevemos a partir das informações que recebemos
em História, Biologia, Economia, Matemática, Geografia; em todos os
campos do conhecimento. Todavia, importa-nos que essas
informações e impressões sejam assimiladas e devolvidas para o
mundo, transformadas pela nossa experiência.

Não só escrevemos para nós mesmos, mas também para os outros.


Escrevemos para que nossas idéias sejam divulgadas, discutidas,
criticadas, enriquecidas. No entanto, importa-nos que a redação seja
uma experiência comum ao grupo, devendo provocar a discussão e a
reflexão. Todos nós somos escritores. Todos nós somos leitores.
Todos nós devemos saber defender o que pensamos.

Ler e escrever aprende-se lendo e escrevendo. Ultimamente a leitura


e a redação em classe, por exemplo, estão saindo de moda, pelas
mais diversas razões. Todavia, apesar de se tender a admitir, para tal
caso, um moto-contínuo, isto é, não se sabe escrever porque não se
sabe pensar e não se expressa bem o pensamento porque não se
sabe escrever, parece-nos que o processo define-se num sentido
único e irreversível: o não saber pensar é a causa do não saber
expressar-se.
Neste aspecto, o papel do educador é primordial. Seu objetivo deve
ser o de conseguir que o aluno saiba escutar bem, falar bem, ler bem
e escrever bem. Por escutar bem se entende a compreensão exata da
mensagem. Falar bem é atingir a facilidade de diálogo independente
do lugar onde se estiver. Escrever bem é capacitar o aluno a redigir
em linguagem correta e simples. Ler bem é uma necessidade do
mundo moderno para que o educando possa estar sempre atualizado.
Este ensino deve partir da prática para a teoria. O essencial para o
educando não é decorar regras gramaticais, mas saber expressar-se
em português correto. Portanto, o importante é o domínio da língua e
não o da gramática. A gramática servirá de reforço para os
conhecimentos lingüísticos já adquiridos.

3) Violência urbana no Brasil


É inegável que vivemos dias difíceis, a violência em toda sua
plenitude tem envolvido grande parte da sociedade mundial. No
Brasil, a violência tem feito milhares de vítimas, em alguns casos esse
ato é praticado pela própria família, além de inúmeros outros
ocorridos nas ruas.

Ao observarmos o quadro atual da violência urbana, muitas vezes não


nos atentamos para os fatores que conduziram a tal situação, no
entanto, podemos exemplificar o crescimento urbano desordenado.
Em razão do acelerado processo de êxodo rural, as grandes cidades
brasileiras absorveram um número de pessoas elevado, que não foi
acompanhado pela infraestrutura urbana (emprego, moradia, saúde,
educação, qualificação, entre outros); fato que desencadeou uma
série de problemas sociais graves.

A violência urbana tem ocasionado a morte de milhares de jovens no


Brasil, é o principal fator de mortandade dessa faixa etária.
A criminalidade não é um “privilégio” exclusivo dos grandes centros
urbanos do país, entretanto o seu crescimento é largamente maior do
que em cidades menores. É nas grandes cidades brasileiras que se
concentram os principais problemas sociais, como desemprego,
desprovimento de serviços públicos assistenciais (postos de saúde,
hospitais, escolas etc.), além da ineficiência da segurança pública.
Tais problemas são determinantes para o estabelecimento e
proliferação da marginalidade e, consequentemente, da criminalidade
que vem acompanhada pela violência.

Os bairros marginalizados das principais cidades brasileiras


respondem por aproximadamente 35% da população nacional, nesses
locais pelo menos a metade das mortes são provocadas por causas
violentas, como agressões e homicídios. Isso é explicado quando nos
deparamos com dados de São Paulo e do Rio de Janeiro, onde 21% de
todas as mortes são provenientes de atos violentos.
Essa situação retrata a ineficiência do Estado, que não tem
disponibilizado um serviço de segurança pública eficaz à sua
população. Enquanto o poder do Estado não se impõe, o crime
organizado se institui como um poder paralelo, que estabelece regras
de ética e conduta própria, além de implantar fronteiras para a
atuação de determinada facção criminosa.

Algumas cidades do país apresentam um percentual de mortandade


proveniente de atos de violência que equivale aos do Iraque, país em
guerra.
O Brasil responde por 10% de todos os homicídios praticados no
mundo, segundo dados de um estudo realizado a pedido do governo
suíço, divulgado no ano de 2008, em Genebra.

Causas da Violência no Brasil Outr


Causa
Violên
Nos últimos anos, a sociedade brasileira entrou no grupo das sociedades mais violentas do Amor
mundo. Hoje, o país tem altíssimos índices de violência urbana (violências praticadas nas ruas, Preco
como assaltos, seqüestros, extermínios, etc.); violência doméstica (praticadas no próprio lar); Apos
violência familiar e violência contra a mulher, que, em geral, é praticada pelo marido, justa
namorado, ex-companheiro, etc... Bem-
Capit
A questão que precisamos descobrir é porque esses índices aumentaram tanto nos últimos Criac
anos. Onde estaria a raiz do problema?... Drog
Preve
Desem
Infelizmente, o governo tem usado ferramentas erradas e conceitos errados na hora de entender Inflaç
o que é causa e o que é conseqüência. A violência que mata e que destrói está muito mais para Segur
sintoma social do que doença social. Aliás, são várias as doenças sociais que produzem desem
violência como um tipo de sintoma. Portanto, não adianta super-armar a segurança pública, Justiç
lhes entregando armas de guerra para repressão policial se a “doença” causadora não for Liber
identificada e combatida. Demo
Eleiçõ
Já é tempo de a sociedade brasileira se conscientizar de que, violência não é ação. Violência é, Censu
na verdade, reação. O ser humano não comete violência sem motivo. É verdade que algumas Femin
vezes as violências recaem sob pessoas erradas, (pessoas inocentes que não cometeram as Pagan
ações que estimularam a violência). No entanto, as ações erradas existiram e alguém as Pai-N
cometeu, caso contrário não haveria violência. Relig
Prote
Em todo o Mundo as principais causas da violência são: o desrespeito -- a prepotência -- crises
de raiva causadas por fracassos e frustrações -- crises mentais (loucura conseqüente de
anomalias patológicas que, em geral, são casos raros).

Exceto nos casos de loucura, a violência pode ser interpretada como uma tentativa de corrigir o
que o diálogo não foi capaz de resolver. A violência funciona como um último recurso que
tenta restabelecer o que é justo segundo a ótica do agressor. Em geral, a violência não tem
um caráter meramente destrutivo. Na realidade, tem uma motivação corretiva que tenta
consertar o que o diálogo não foi capaz de solucionar. Portanto, sempre que houver violência é
porque, alguma coisa, já estava anteriormente errada. É essa “coisa errada” a real causa que
precisa ser corrigida para diminuirmos, de fato, os diversos tipos de violências.

No Brasil, a principal “ação errada”, que antecede a violência é o desrespeito. O desrespeito é


conseqüente das injustiças e afrontamentos, sejam sociais, sejam econômicos, sejam de
relacionamentos conjugais, etc. A irreverência e o excesso de liberdades (libertinagens,
estimuladas principalmente pela TV), também produzem desrespeito. E, o desrespeito, produz
desejos de vingança que se transformam em violências.
Nas grandes metrópoles, onde as injustiças e os afrontamentos são muito comuns, os desejos
de vingança se materializam sob a forma de roubos e assaltos ou sob a forma de agressões e
homicídios. Já a irreverência e a libertinagem estimulam o comportamento indevido
(comportamento vulgar), o que também caracteriza desrespeito e produz fortes violências.

Observe que quando um cidadão agride o outro, ou mata o outro, normalmente o faz em
função de alguma situação que considerou desrespeitosa, mesmo que a questão inicial tenha
sido banal como um simples pisão no pé ou uma dívida de centavos. Em geral, a raiva que
enlouquece a ponto de gerar a violência é conseqüência do nível de desrespeito envolvido na
respectiva questão. Portanto, até mesmo um palavrão pode se transformar em desrespeito e
produzir violência. Logo, a exploração, o calote, a prepotência, a traição, a infidelidade, a
mentira etc., são atitudes de desrespeito e se não forem muito bem explicadas, e justificadas
(com pedidos de desculpas e de arrependimento), certamente que ao seu tempo resultarão em
violências. É de desrespeito em desrespeito que as pessoas acumulam tensões nervosas que,
mais tarde, explodem sob a forma de violência.

Sabendo-se que o desrespeito é o principal causador de violência, podemos então combater a


violência diminuindo os diferentes tipos de desrespeito: seja o desrespeito econômico, o
desrespeito social, o desrespeito conjugal, o desrespeito familiar e o desrespeito entre as
pessoas (a “má educação”). Em termos pessoais, a melhor maneira de prevenir a violência é
agir com o máximo de respeito diante de toda e qualquer situação. Em termos governamentais,
as autoridades precisam estimular relacionamentos mais justos, menos vulgares e mais
reverentes na nossa sociedade. O governo precisa diminuir as explorações econômicas (as
grandes diferenças de renda) e podar o excesso de “liberdades” principalmente na TV e no
sistema educativo do país. A vulgaridade, praticada nos últimos anos vem destruindo valores
morais e tornando as pessoas irresponsáveis, imprudentes, desrespeitadoras e inconseqüentes.
Por isso, precisamos, também, restabelecer a punição infanto-juvenil tanto em casa quanto na
escola. Boa educação se faz com corretos deveres e não com direitos insensatos. Precisamos
educar nossos adolescentes com mais realismo e seriedade para mantê-los longe de problemas,
fracassos, marginalidade e violência. Se diminuirmos os ilusórios direitos (causadores de
rebeldias, prepotências e desrespeitos) e reforçarmos os deveres, o país não precisará colocar
armas de guerra nas mãos da polícia para matar nossos jovens cidadãos (como tem acontecido
tão freqüentemente).

A violência urbana é o mal que assola as comunidades que vivem em


centros urbanos. Abrange toda e qualquer ação que atinge as leis, a
ordem pública e as pessoas. Muitas são as causas da violência, como:
adolescentes desregrados e ilimitados pelos pais, crise familiar,
reprovação escolar, desemprego, tráfico em geral, confronto entre
gangs rivais, falta de influência política, machismo, discriminação em
geral e tantos outros.

Apesar de todas as causas citadas acima, a mais importante delas é a


má distribuição de renda que resulta na privação da educação e
melhores condições de moradia. Todo esse círculo vicioso se origina a
partir da falta de condições de uma vida digna que faz com que as
pessoas percorram caminhos ilegais e criminosos.
Existem autoridades que acreditam na solução da violência por meio
de reforço policial, equipamentos de segurança e na invasão de
regiões onde o tráfico se localiza, porém tais situações somente
geram maiores problemas, pois nessas situações pessoas inocentes
que são vítimas dessa situação acabam sendo “confundidas” e
condenadas a pagar por algo que não cometeu.

A violência urbana engloba uma série de violências como a


doméstica, escolar, dentro das empresas, contra os idosos e crianças
e tantos outros que existem e que geram esse emaranhado que se
tem conhecimento. Inúmeras são as idéias e os projetos feitos para
erradicar a violência urbana, porém cabe a cada cidadão a tarefa de
se auto-analisar para que a minúscula violência que se tem feito seja
eliminada a fim de que grandes violências sejam suprimidas pela raiz.

A violência se manifesta por meio do abuso da força, da tirania, da opressão. Ocorre do


constrangimento exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a fazer ou deixar de fazer
um ato qualquer. Existem diversas formas de violência, tais como as guerras, conflitos
étnico-religiosos e banditismo.

A violência, em seus mais variados contornos, é um fenômeno histórico na constituição


da sociedade brasileira. Desde a escravidão, primeiro com os índios e depois, e
especialmente, a mão de obra africana, a colonização mercantilista, o coronelismo, as
oligarquias antes e depois da independência, tudo isso somado a um Estado
caracterizado pelo autoritarismo burocrático, contribuiu enormemente para o aumento
da violência que atravessa a história do Brasil.

Diversos fatores colaboram para aumentar a violência, tais como a urbanização


acelerada, que traz um grande fluxo de pessoas para as áreas urbanas e assim contribui
para um crescimento desordenado e desorganizado das cidades. Colaboram também
para o aumento da violência as fortes aspirações de consumo, em parte frustradas pelas
dificuldades de inserção no mercado de trabalho.

Por outro lado, o poder público, especialmente no Brasil, tem se mostrado incapaz de
enfrentar essa calamidade social. Pior que tudo isso é constatar que a violência existe
com a conivência de grupos das polícias, representantes do Legislativo de todos os
níveis e, inclusive, de autoridades do poder Judiciário. A corrupção, uma das piores
chagas brasileiras, está associada à violência, uma aumentando a outra, faces da mesma
moeda.

As causas da violência são associadas, em parte, a problemas sociais como miséria,


fome, desemprego. Mas nem todos os tipos de criminalidade derivam das condições
econômicas. Além disso, um Estado ineficiente e sem programas de políticas públicas
de segurança, contribui para aumentar a sensação de injustiça e impunidade, que é,
talvez, a principal causa da violência.
A violência se apresenta nas mais diversas configurações e pode ser caracterizada como
violência contra a mulher, a criança, o idoso, violência sexual, política, violência
psicológica, física, verbal, dentre outras.

Em um Estado democrático, a repressão controlada e a polícia têm um papel crucial no


controle da criminalidade. Porém, essa repressão controlada deve ser simultaneamente
apoiada e vigiada pela sociedade civil.

Conforme sustenta o antropólogo e ex-Secretário Nacional de Segurança Pública , Luiz


Eduardo Soares: "Temos de conceber, divulgar, defender e implantar uma política de
segurança pública, sem prejuízo da preservação de nossos compromissos históricos com
a defesa de políticas econômico-sociais. Os dois não são contraditórios" .

A solução para a questão da violência no Brasil envolve os mais diversos setores da


sociedade, não só a segurança pública e um judiciário eficiente, mas também demanda
com urgência, profundidade e extensão a melhoria do sistema educacional, saúde,
habitacional, oportunidades de emprego, dentre outros fatores. Requer principalmente
uma grande mudança nas políticas públicas e uma participação maior da sociedade nas
discussões e soluções desse problema de abrangência nacional.

N ão há dúvidas de que o maior problema social do país nos últimos


anos tem sido a violência e o fracasso do estado no provimento de
segurança à sociedade.

Apresentaremos dados que ilustrarão com muito objetivo o


verdadeiro quadro de insegurança que paira sobre o nosso país.

Por incrível que possa parecer nos últimos 20 anos o número de


assassinatos em nosso país cresceu 237% recente pesquisa divulgada
pela ONU indicou que todos os anos 40.000 pessoas perdem suas
vidas no Brasil vítimas da violência, isso representa 11% das vítimas
de todo o planeta.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) o Brasil


registra a segunda maior taxa de mortalidade por agressão do
mundo, estando atrás apenas da Colômbia, nação mergulhada numa
guerra civil há mais de 30 anos.

Apesar desses números assustadores o Brasil possuí em média um


policial para cada 304 habitantes, índice comparável ao de
democracias européias e ao dos Estados Unidos, nosso efetivo é de
535.244 policiais compreendendo as polícias estaduais (militar, civil e
corpo de bombeiros) e federais (rodoviária e federal). Entretanto, a
polícia brasileira não está distribuída de maneira uniforme pelo
território nacional, cinco estados concentram 55% do efetivo total,
São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul.

A insegurança do cidadão comum acabou incentivando o surgimento


de milhares de novas empresas de segurança privada, em 2000 os
registros da Polícia Federal apontavam a existência de 1.368, já em
2002 esses números chegaram à 2.920, nessas empresas
trabalhavam 833.361 vigilantes, ou seja, havia 60% mais vigilantes
particulares do que policiais em nosso país, isso sem contarmos os
quadros das empresas clandestinas.

O Sistema Nacional de Armas apresenta 2.276.517 armas registradas,


sua distribuição, no entanto, segundo outras fontes, no Brasil, é
bastante desigual: há 937.263 armas registradas no Rio Grande do
Sul (9,2 para cada 100 habitantes), 495.947 em São Paulo (1,3 para
cada 100 habitantes) e 493.343 no Rio de Janeiro (3,4 para cada 100
habitantes), se somarmos esses números chegaremos a 1.926.553
armas, ou seja, 3,1 para cada 100 habitantes, mAntida essa média
existiriam no país aproximadamente 5 milhões de armas de fogo.

Relatório do Instituto de Altos Estudos Internacionais de Genebra


mostra que há 550 milhões de armas de fogo de pequeno porte no
mundo, desse total 55% estão em poder da população e 41% nas
mãos dos órgãos de segurança dos estados. Como ilustração posso
citar que são produzidos no mundo 4,3 milhões de armas
anualmente, sendo 200 mil só no Brasil.

Hoje existe um grande debate na sociedade sobre o uso ou não das


Forças Armadas no combate à violência urbana, importante frisar que
essas são instituições permanentes, organizadas com base na
hierarquia e disciplina e tem como missão a defesa da soberania
nacional, a garantia dos poderes constitucionais e, quando
solicitadas, em situações emergenciais, também a manutenção da lei
e da ordem.

As Forças Armadas não tem poder de polícia, ou seja, não devem ser
empregadas em funções de segurança pública ou no combate a
movimentos sociais e ao crime organizado, até porque não possuem
armamentos nem treinamento para ações em áreas urbanas, não
podemos confundir jamais os conceitos de segurança pública e de
defesa nacional.
No Brasil, o Exército possui um efetivo de 202.993 militares, a
Aeronáutica de 65.043, e a Marinha de 61.067.

Numa ótica tradicionalista, a função do Estado é prestar segurança


(do latim secure, significa "sem medo") aos seus cidadãos,
garantindo-lhes a sua incolumidade física e moral, reflexo de uma
convivência pacífica e harmoniosa entre os indivíduos. Sob esse
prima, o conceito de segurança pública está ligado ao de poder de
polícia, estando a ordem pública assimilada à ordem interna do
grupo.

Com o surgimento do chamado Estado de Direito, o poder de polícia


sofreu limitações, mas o Welfare State fez ressurgir a segurança
preocupada com todos os campos da vida humana, em níveis
nacional e internacional. O poder de polícia, que incorporou valores
sociais, assim passou a ser definido:

"…atividade administrativa do Estado que tem por fim limitar e


condicionar o exercício das liberdades e direitos individuais visando a
assegurar, em nível capaz de preservar a ordem pública, o
atendimento de valores mínimos da convivência social, notadamente
a segurança, a salubridade, o decoro e a estética" (NETO, 1998:71).

Moldou-se, pois, um novo conceito de segurança pública. Dentre as


várias correntes, firmou-se como consenso "ausência de perturbação
e disposição harmoniosa das relações sociais" (NETO, 1998:71).
Então, segurança pública foi conceituada como a garantia da ordem
pública interna, em outras palavras, segurança pública seria a
garantia dada pelo Estado de uma convivência social isenta de
ameaça de violência, permitindo a todos o gozo dos seus direitos
assegurados pela Constituição, por meio do exercício do poder de
polícia.

Como conseqüência da ação da polícia o número de encarcerados


cresce de maneira também assustadora sem que haja capacidade do
sistema prisional de absorver esses excluídos da sociedade.

Em junho de 2003 existiam 284.989 encarcerados em nosso país, nos


dias de hoje esse número ultrapassa os 340.000, ocorre que 77.774
encarcerados encontram-se detidos em delegacias de polícia,
enquanto deveriam estar em presídios. O déficit de no sistema
prisional brasileiro é de mais de 100.000 vagas, lamentavelmente o
estado conseguiu disponibilizar no último ano apenas 3.900 novas
vagas, uma perspectiva nada animadora.

Os investimentos em segurança pública estão muito aquém do


necessário, nos últimos anos crescem os gastos dos estados e
municípios no combate à violência enquanto diminuem os
investimentos federais.

Em 2002, estados e municípios investiram 22 bilhões de reais no


combate a violência, enquanto a união gastou apenas 2,5 bilhões; em
2003 o comprometimento de recursos federais com a segurança
pública representou apenas 0,16% do PIB.

Esses dados mostram claramente a falta de vontade política no


efetivo combate a esse mal que assola todos o país.

A Secretaria Nacional de Segurança Pública conta em 2004 com um


orçamento de 366 milhões de reais, aproximadamente 36 milhões a
mais que 2003, porém 56 milhões a menos que 2002.

Apesar dos poucos recursos os mesmos ainda sofrem cortes e


passam por contingenciamentos, no exercício fiscal de 2002 foram
executados 72% do previsto e em 2003 apenas 28%. Não há de se
falar em justiça social quando o estado busca um superávit à custa de
vidas, ou seja, os recursos não investidos no combate a violência só
aumentam as estatísticas de vítimas por morte violenta em nosso
país.

Proporcionalmente, es Estados Unidos investem 70 vezes mais que o


Brasil no combate à violência, nossos índices nos apontam como um
país 88 vezes mais violento que a França.

O combate à violência é um clamor social, faz-se necessária à


implementação de uma série de ações governamentais voltadas à
solução desse imenso problema, por óbvio que a vontade política é o
ponto de partida dessa luta.

O governo federal deve repensar sua responsabilidade na gestão de


políticas públicas eficientes na área da segurança pública, isso jamais
acontecerá enquanto não houver um órgão com forte e autônomo
responsável pela elaboração e execução dessa política, não nos
parece razoável que a Secretaria Nacional de Segurança Pública
continue como mais um órgão da estrutura do Ministério da Justiça,
dividindo espaço e atenção com a FUNAI e o CADE, por exemplo, é
passada a hora da segurança pública merecer um ministério próprio,
voltado única e exclusivamente para o combate à violência e
implementação de políticas de segurança.

Mutatis mutandis, é o que pretendemos demonstrar aqui. Não há um


modelo pronto e acabado que resolverá de vez o problema da
violência. Há, sim, vários caminhos a serem percorridos, todos eles
priorizando a ação conjunta do governo e sociedade, calcada na
solidariedade e na cooperação.

A insegurança não pode mais ser utilizada como argumento em


discursos políticos e jurídicos ou devo dizer jurídico-políticos, como
instrumento de manipulação da população para acrescentar mais fios
à teia de aranha legislativa que possuímos.

Nunca é demais recordar que a Segurança Pública é posta como


direito e responsabilidade de todos pela própria Constituição Federal
em seu art. 144, caput.

4) Enchentes X Seca no nordeste

A seca no Nordeste

Última atualização: 09/10/2007 13:04:46

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Índice "Você Sabia?"

Trata-se de um fenômeno natural,


caracterizado pelo atraso na precipitação
de chuvas ou a sua distribuição irregular,
que acaba prejudicando o crescimento ou
desenvolvimento das plantações agrícolas.

O problema não é novo, nem exclusivo do Nordeste brasileiro. Ocorre


com freqüência, apresenta uma relativa periodicidade e pode ser
previsto com uma certa antecedência. A seca incide no Brasil, assim
como pode atingir a África, a Ásia, a Austrália e a América do Norte.
No Nordeste, de acordo com registros históricos, o fenômeno aparece
com intervalos próximos a dez anos, podendo se prolongar por
períodos de três, quatro e, excepcionalmente, até cinco anos. As
secas são conhecidas, no Brasil, desde o século XVI.

A seca se manifesta com intensidades diferentes. Depende do índice


de precipitações pluviométricas. Quando há uma deficiência
acentuada na quantidade de chuvas no ano, inferior ao mínimo do
que necessitam as plantações, a seca é absoluta.

Em outros casos, quando as chuvas são suficientes apenas para


cobrir de folhas a caatinga e acumular um pouco de água nos
barreiros e açudes, mas não permitem o desenvolvimento normal dos
plantios agrícolas, dá-se a seca verde.

Essas variações climáticas prejudicam o crescimento das plantações


e acabam provocando um sério problema social, uma vez que
expressivo contingente de pessoas que habita a região vive,
verdadeiramente, em situação de extrema pobreza.

A seca é o resultado da interação de vários fatores, alguns externos à


região (como o processo de circulação dos ventos e as correntes
marinhas, que se relacionam com o movimento atmosférico,
impedindo a formação de chuvas em determinados locais), e de
outros internos (como a vegetação pouco robusta, a topografia e a
alta refletividade do solo).

Muitas têm sido as causas apontadas, tais como o desflorestamento,


temperatura da região, quantidade de chuvas, relevo topográfico e
manchas solares. Ressalte-se, ainda, o fenômeno "El Niño", que
consiste no aumento da temperatura das águas do Oceano Pacífico,
ao largo do litoral do Peru e do Equador.

A ação do homem também tem contribuído para agravar a questão,


pois a constante destruição da vegetação natural por meio de
queimadas acarreta a expansão do clima semi-árido para áreas onde
anteriormente ele não existia.

A seca é um fenômeno ecológico que se manifesta na redução da


produção agropecuária, provoca uma crise social e se transforma em
um problema político.

As conseqüências mais evidentes das grandes secas são a fome, a


desnutrição, a miséria e a migração para os centros urbanos (êxodo
rural).

Os problemas que sucedem as secas resultam de falhas no processo


de ocupação e de utilização dos solos e da manutenção de uma
estrutura social profundamente concentradora e injusta.

O primeiro fato se manifesta na


introdução de culturas de dificil
adaptação às condições climáticas
existentes e do uso de técnicas de
utilização dos solos não
compatíveis com as condições
ecológicas da região. O segundo
ocasiona o controle da
propriedade da terra e do processo político pelas oligarquias locais.

Esses aspectos agravam os resultados das secas e provocam a


destruição da natureza, a poluição dos rios e a exploração por parte
os grandes proprietários e altos comerciantes, dos recursos
destinados ao combate à pobreza da região, no que se denomina de
"indústria da seca".

A questão da seca não se resume à falta de água. A rigor, não falta


água no Nordeste. Faltam soluções para resolver a sua má
distribuição e as dificuldades de seu aproveitamento. É "necessário
desmitificar a seca como elemento desestabilizador da economia e da
vida social nordestina e como fonte de elevadas despesas para a
União ...desmitificar a idéia de que a seca, sendo um fenômeno
natural, é responsável pela fome e pela miséria que dominam na
região, como se esses elementos estivessem presentes só aí".
(Andrade, Manoel Correia, A seca: realidade e Mito, p. 7 ).

Com uma população muito inferior à nordestina, a Amazônia, que


possui água em abundância, também apresenta condições de vida
desumanas, assim como diversas outras regiões brasileiras. Lá o
problema é outro, pois o meio ambiente mostra-se inóspito, devido às
enchentes, aos solos pobres, à proliferação de doenças tropicais.

Crises climáticas periódicas, como enchentes, geadas e secas,


acontecem em qualquer parte do mundo, prejudicando a agricultura.
Em alguns casos tornam-se calamidades sociais. Porém, só se
transformam em flagelo social quando precárias condições sociais,
políticas e econômicas assim o permitem. Regiões semi-áridas e
áridas do mundo são aproveitadas pela agricultura, por meio do
desenvolvimento de culturas secas ou culturas irrigáveis, como
acontece nos Estados Unidos, Israel, México, Peru, Chile ou Senegal.

Delimitado pelo Governo Federal, em 1951 (Lei n° 1.348), o Polígono


das Secas, com uma dimensão de 950.000 km2, equivale a mais da
metade do: território da região Nordeste (52,7%), que vai desde o
Piauí até parte do norte de Minas Gerais. O clima é semi-árido e a
vegetação de caatingas. O solo é raso, na sua maior parte, e a
evaporação da água de superfície é grande. Essa é a área mais
sujeita aos efeitos das secas periódicas.

Além do aspecto natural, surgiu um fenômeno político denominado


indústria da seca.

Nordeste - Indústria da seca

Última atualização: 09/10/2007 13:04:33

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Índice "Você Sabia?"

O fenômeno natural das secas no


nordeste ensejou o surgimento de um
fenômeno político denominado indústria
da seca.

Os grandes latifundiários nordestinos,


valendo-se de seus aliados políticos,
interferem nas decisões tomadas, em
escala federal, estadual e municipal.
Beneficiam-se dos investimentos realizados e dos créditos bancários
concedidos. Não raro aplicam os financiamentos obtidos em outros
setores que não o agrícola, e aproveitam-se da divulgação dramática
das secas para não pagarem as dívidas contraídas. Os grupos
dominantes têm saído fortalecidos, enquanto é protelada a busca de
soluções para os problemas sociais e de oferta de trabalho às
populações pobres.
Os trabalhadores sem terra (assalariados, parceiros, arrendatários,
ocupantes) são os mais vulneráveis à seca, porque são os primeiros a
serem despedidos ou a terem os acordos desfeitos.

A tragédia da seca encobre interesses escusos daqueles que têm


influência política ou são economicamente poderosos, que procuram
eternizar o problema e impedir que ações eficazes sejam adotadas.

A questão da seca provocou diversas ações de governo. As primeiras


iniciativas para se lidar com a questão da seca foram direcionadas
para oferecer água à zona do semi-árido. Nessa ótica foi criada a
Inspetoria de Obras Contra as Secas (Decreto n°-7.619, de 21 de
outubro de 1909), atual Dnocs, com a finalidade de centralizar e
unificar a direção dos serviços, visando à execução de um plano de
combate aos efeitos das irregularidades climáticas. Foram, então,
iniciadas as construções de estradas, barragens, açudes, poços, como
forma de proporcionar apoio para que a agricultura suportasse os
períodos de seca.

A idéia de resolver o problema da água no semi-árido foi,


basicamente, a diretriz traçada pelo Governo Federal para o Nordeste
e prevaleceu, pelo menos, até meados de 1945. Na época em que a
Constituição brasileira de 1946 estabeleceu a reserva no orçamento
do Governo de 3% da arrecadação fiscal para gastos na região
nordestina, nascia nova postura distinta da solução hidráulica na
política anti-seca, abandonando-se a ênfase em obras em função do
aproveitamento mais racional dos recursos.

Com o propósito de utilizar o potencial de geração de energia do Rio


São Francisco, foi fundada (1945) a Companhia Hidroelétrica do São
Francisco (Chesf). Em 1948, criou-se a Comissão do Vale do São
Francisco (CVSF), hoje denominada Companhia de Desenvolvimento
do Vale do São Francisco (Codevasf) e, em 1952, o Banco do Nordeste
do Brasil (BNB). A idéia era de criar uma instituição de crédito de
médio e longo prazos especifica para o Nordeste.

Em dezembro de 1959, foi criada a Superintendência do


Desenvolvimento do Nordeste -Sudene (atualmente extinta e com
projetos de ser recriada em novos moldes), organismo constituído
para estudar e propor diretrizes para o desenvolvimento da economia
nordestina, com o objetivo de diminuir a disparidade existente em
relação ao Centro-Sul do país. Procurava-se estabelecer um novo
modelo de intervenção, voltado tanto para o problema das secas
quanto para o Nordeste como um todo.

A partir da seca de 1970, surgiu o Programa de Redistribuição de


Terra e de Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste (Proterra),
em 1971, com o objetivo de promover uma reforma agrária pacifica
no Nordeste, pela compra de terra de fazendeiros, de modo
espontâneo e por preço de mercado. Em 1974, foi instituído o
Programa de Desenvolvimento de Terras Integradas do Nordeste
(Polonordeste), para promover a modernização da agropecuária em
áreas selecionadas da região. O Projeto Sertanejo, lançado em 1976,
viria atuar nas áreas do semi-árido visando a tornar a sua economia
mais resistente aos efeitos da seca, pela associação entre agricultura
irrigada e agricultura seca.

Com o propósito de incorporar os projetos anteriores, considerados


fracassados, foi implantado o Programa de Apoio ao Pequeno
Produtor Rural (Projeto Nordeste), em 1985, propondo-se a erradicar
a pobreza absoluta, inovando com a destinação de recursos para os
pequenos produtores.

Como ações emergenciais, tem-se apelado para a distribuição de


alimentos, por meio de cestas básicas e frentes de trabalho, criadas
para dar serviço aos desempregados durante o período de duração
das secas, dirigidas para a construção de estradas, açudes, pontes.

Os problemas das secas somente serão superados por profundas


transformações sócioeconômicas de âmbito nacional. Várias têm sido
as proposições formuladas:

- Transformar a atual estrutura agrária, concentradora de terra e


renda, por meio de uma Reforma Agrária que faça justiça social ao
trabalhador rural.

- Estabelecer uma Política de Irrigação que adote tecnologias de mais


fácil acesso aos trabalhadores rurais e que sejam mais adaptadas à
realidade nordestina.

- Instituir a agricultura irrigada nas áreas onde houver disponibilidade


de água e desenvolver a agricultura seca, de plantas xerófitas (que
resistem à falta de água) e de ciclo vegetativo curto. Alimentos como
o sorgo e o milheto, como substitutos do milho, seriam importantes
para o Nordeste, a exemplo do que ocorre na Índia, China e no oeste
dos Estados Unidos.
- Estabelecer uma Política de Industrialização, com a implantação de
indústrias que beneficiem matérias-primas locais, visando à
diminuição de custos com transporte, bem como oferecer
oportunidades de trabalho à mão-de-obra da região.

- Proporcionar o acesso ao uso da água, com o aproveitamento da


água acumulada nas grandes represas, açudes e barreiros,
perfuração de poços, construção de barragens subterrâneas, de
cisternas rurais, por parte da população atualmente excluída.

- Corrigir as práticas de ocupação do solo, no que se refere à


pecuária, eliminando-se o excesso de gado nas pastagens, que pode
ocasionar sérios danos sobre pastos e solos; a queima de pastos, que
destrói a matéria orgânica existente; e o desmatamento, por conta da
venda de madeira e lenha.

- Estimular o uso racional da vegetação nativa (caatinga) para carvão


e comercialização de madeira-de-lei.

- Implantar o Projeto de Transposicão das Águas do Rio São Francisco


para outras bacias hidrográficas do semi-árido regional.

Não é possível se eliminar um fenômeno natural. As secas vão


continuar existindo. Mas é possível conviver com o problema. O
Nordeste é viável. Seus maiores problemas são provenientes mais da
ação ou omissão dos homens e da concepção da sociedade que foi
implantada, do que propriamente das secas de que é vítima.

O semi-árido é uma região propícia para a agricultura irrigada e a


pecuária. Precisa apenas de um tratamento racional a essas
atividades, especialmente no aspecto ecológico. Em áreas mais
áridas que as do sertão nordestino, como as do deserto de Negev, em
Israel, a população local consegue desfrutar de um bom padrão de
vida.

Soluções implicam a adoção de uma política oficial para a região, que


respeite a realidade em que vive o nordestino, dando-lhes condições
de acesso à terra e ao trabalho. Não pode ser esquecida a questão do
gerenciamento das diretrizes adotadas, diante da diversidade de
órgãos que lidam com o assunto.

Medidas estruturadoras e concretas são necessárias para que os


dramas das secas não continuem a ser vivenciados.

Esse termo vem sendo utilizado nos últimos anos para explicar o que
aconteceu com os investimentos realizados pelo governo federal;
atenderam os interesses de uma minoria, que se apropriaram
ilicitamente das verbas ou as utilizaram em beneficio próprio. Essa
"indústria" aumentou ainda mais as disparidades entre proprietários e
trabalhadores rurais. Essa situação serviu para preservar o
coronelismo e muitas vezes reforçar o clientelismo. Já naquela época,
tudo indicava que qualquer solução para o problema teria,
necessariamente, que passar por uma reformulação do sistema de
posse e uso da terra, o que era, e continua sendo, em larga medida,
inaceitável para os grandes proprietários de terra. Entrava em cena o
poder das elites locais com o objetivo de bloquear qualquer ação do
poder central que pudesse vir a ameaçar o statu quo.

Os problemas sociais existem em todo o Nordeste, mas a culpa pela


miséria da região sempre recaiu sobre o fenômeno das secas. De
fato, elas muitas vezes inviabilizam as atividades econômicas no
sertão, dizimando o gado e fazendo com que os sertanejos deixem
suas terras em busca de melhores condições de vida. Mas a seca não
é a única responsável por toda a situação. Questões como a
distribuição de renda e de terras costumam ser deixadas de lado nas
discussões. Grupos políticos e econômicos aproveitam-se do flagelo
da região em benefício próprio. Divulgando uma situação de
calamidade pública, essa elite consegue ajuda governamental – como
anistia das dívidas, verbas de emergência e renegociação de
empréstimos. Tais auxílios nem sempre beneficiam a população
afetada pela estiagem. Muitas vezes, o dinheiro público é usado para
a construção de açudes e para o desenvolvimento de projetos de
irrigação. Tudo isso caracteriza a chamada "indústria da seca", ou
seja, uma série de medidas que eternizam o problema para impedir
que o auxílio desapareça.

O sertão nordestino sempre conviveu com a seca, embora, até


meados do século XIX, seus governantes e a elite local não a
encarassem como um problema. As atenções na época voltavam-se
para a Zona da Mata e para os engenhos de açúcar. Na segunda
metade do século XIX, quando o café plantado no Sudeste se
transformou no principal produto de exportação do país, dirigentes e
proprietários da região logo previram o término de seus dias de
glória. Por isso, voltaram seus olhos para a seca e para a miséria do
sertão. Afinal, em função dos problemas ali existentes, eles poderiam
pleitear auxílio ao governo central. Embora sofresse com a seca há
tempos, o sertão transformou-se, a partir do século XIX, na principal
imagem do atraso do Brasil.

Antes da ocupação portuguesa, as secas sucediam-se com maior ou


menor intensidade. A pecuária acentuou seus efeitos e a Grande Seca
(1791 a 1793) tornou a vida na região bem mais difícil. A vegetação
não se recuperou. Homens, mulheres, crianças e bois morreram em
grande número. Além disso, o Rio Grande do Sul passou a vender seu
charque aos mercados que antes adquiriam a carne-seca sertaneja.

Durante a estiagem de 1877 a 1880, pela primeira vez o governo


procurou instituir uma política de salvação para a região. D. Pedro II,
encantado com uma visita que fizera ao Egito, mandou importar
camelos do Saara, pois pretendia criá-los para salvar o sertão. Os
problemas, entretanto, eram muito mais graves. Um número de
sertanejos quase quatro vezes maior do que o da população de
Fortaleza ocupou a capital cearense, buscando fugir da seca. O
resultado disso foram epidemias, fome, saques e crimes. Com a seca
criou-se o conceito do retirante – o homem que deixa sua terra para
escapar dos efeitos da estiagem.

Na estiagem seguinte, em 1915, para impedir que os retirantes se


dirigissem à capital, o governo cearense criou campos de
concentração nos arredores das grandes cidades, nos quais recolhia
os flagelados. A varíola fez centenas de mortos no Campo do
Alagadiço, próximo a Fortaleza, onde se espremiam mais de 8 mil
pessoas na seca de 1915. A falta de condições sanitárias e de comida
completou o trágico quadro.

A seca de 1932 foi tão catastrófica quanto a de 1877. Foram


organizados sete campos de concentração no Ceará, onde ficaram
reunidos mais de 105 mil retirantes. Eles eram recrutados para
trabalhar de forma compulsória nas obras públicas. Nas secas
seguintes, o governo abandonou a formação dos campos de
concentração e começou a estimular o sertanejo a abandonar em
definitivo suas terras. Passou a planejar a migração maciça dos
sertanejos para o oeste, a fim de povoar os sertões do Mato Grosso.
Essa retirada ficou conhecida como a "Marcha para o Oeste". Pelo
Censo de 1950, verificou-se que mais de 2 milhões de nordestinos
haviam migrado para outras regiões do país. Entre 1950 e 1980, as
grandes metrópoles do Sudeste tornaram-se o destino da maioria
desses retirantes.
Os municípios nordestinos passaram a contratar, em 1979, retirantes
para trabalhar em obras públicas. Mesmo assim, o problema do
sertanejo jamais foi solucionado. Só em 1993, a Comissão Pastoral da
Terra identificou 146 ações de multidões (invasões ou saques) em 55
cidades do Ceará.

Depois de séculos observando as condições do clima, os sertanejos


concluíram que, se a chuva cair até 19 de março, haverá água
suficiente para suas plantações; caso contrário, o ano será seco. Pelo
calendário católico, esse é o Dia de São José, que por isso se tornou
objeto da devoção popular sertaneja. Gilberto Gil compôs, em 1964, a
letra de Procissão. Em seus primeiros versos, ele reproduz parte da
prece na qual os sertanejos pedem a mediação do santo para trazer a
chuva.

No Nordeste, Enchentes Devastadoras Estão Ligadas a Rompimento de Barragens

Fri, 07/09/2010 - 10:54am


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By:
Lilian Alves and Brent Millikan

Este post foi escrito pela Estagiária do Programa da Amazônia Lilian Alves e pelo
Diretor do Programa da Amazônia Brent Millikan.

Dam burst on Mundaú River, Rio Largo town, in the state of Alagoas (Leo
Caldas/Revista Veja)

O Nordeste do Brasil é conhecido por seus periódicos episódios de seca, que assolam
uma população que já sofre com pobreza extrema, especialmente na região do sertão.
No entanto, em junho, o Nordeste brasileiro foi atingido por enchentes arrasadoras,
deixando mais de 50 vítimas fatais e uma estimativa de 150,000 desabrigados. O centro
da tragédia tem sido as bacias dos rios Mundaú e Paraíba nos estados do Alagoas e
Pernambuco, onde uma inesperada enchente descomunal, comparada a um tsunami por
pessoas da região, devastou cidades, fazendas, pontes e até fábricas. Na cidade de
Branquinha, AL, estima-se que 80% das residências foram destruídas.
Além das chuvas intensas e um índice anormal de alta pluviosidade, esta enchente sem
precedentes está diretamente ligada a uma série de rompimento de barragens ao longo
dos dois rios e seus afluentes (embora políticos locais tenham negado inicialmente tal
informação). O rompimento dessas represas reflete a falta de precauções adequadas
durante a construção e manutenção de barragens públicas e privadas, no segundo caso
tipicamente para grandes plantações de cana-de-açúcar. Na região Nordeste, é estimado
que haja no mínimo 100.000 pequenas e médias represas, tanto antigas quanto novas, a
maioria delas construídas com muito pouco ou mesmo nenhum cuidado com segurança
ou impactos ambientais.

As enchentes devastadoras no Nordeste também estão ligadas ao desmatamento da


vegetação nativa de encosta, especialmente para a monocultura da cana, resultando na
perda da capacidade de retenção de água, erosão do solo e sedimentação do curso de
rios. Outro problema sério é a falta de planejamento urbano adequado em pequenas e
grandes cidades, ao longo de áreas inundáveis que são ocupadas pelos rios durante
episódios periódicos de intensa chuva. Tais fatores, somados a chuvas extremas
relacionadas a mudanças no sistema climático, significam que a probabilidade de um
acidente com represas é muito maior, especialmente onde as represas mais antigas
predominam.

Os últimos rompimentos de barragem no Nordeste evocam um problema que continua a


se repetir. Nos últimos cinco anos, ao menos seis episódios foram registrados em
diferentes partes do país, do estado do Pará no Norte à Minas Gerais e Rio de Janeiro no
Sudeste. Ano passado, o rompimento da represa de Algodões I no Piauí foi comentado
no blog de Glenn Switkes, que citou um estudo recente alertando que mais de 200
represas no Brasil correm sério risco de acidentes.

Segundo Renata Andrade, especialista em risco ambiental e gerenciamento de bacias


hidrográficas na Universidade Católica de Brasília, “Frequentemente, as populações
vivendo rio abaixo de represas são altamente vulneráveis às enchentes, devido à falta de
precaução nas barragens e programas de preparo para emergências. No caso do rio
Mundaú, não havia sequer um sistema de alerta para informar as populações locais dos
riscos eminentes do rompimento de represas e a enchente que veio em seguida.”

Evidências apontam o mal uso de dinheiro público para a prevenção de enchentes e


resposta de emergência no Nordeste. Segundo a ONG Contas Abertas, o Ministério de
Integração Nacional investiu apenas 14% dos US$ 279 milhões no último orçamento
para prevenção de disastres na região. Mais da metade dos fundos foram destinados ao
estado da Bahia, onde o ex-Ministro Geddel Vieira está concorrendo ao cargo de
governador. Alagoas, um dos estados devastados pela enchente dos rios Mundaú e
Paraíba, aparentemente não recebeu dinheiro algum.

Segundo a Professora Andrade, “Temos que encarar essa situação por meio de ações de
prevenção e de precaução para evitar desastres com efeito dominó de rompimento de
represas, como aconteceu ao longo do rio Mundaú. Também precisamos pensar sobre
como estamos desenvolvendo nossas bacias hidrográficas dentro de novos cenários de
mudança climática, para evitar que se continue aumentando ameaças à população, às
propriedades e ao meio-ambiente como um todo. Precisamos urgentemente melhorar a
segurança das represas e repensar a situação atual de uso da terra, antes que outro
desastre aconteça.”

Observação: em abril, um projeto de lei criando o Programa Nacional de Segurança de


Represas (PLC 168/09) foi finalmente aprovada pelo Congresso Brasileiro. O projeto de
lei foi proposto após o desastre causado pelo rompimento de Algodões I no Piauí. A
nova lei propõe a criação de uma comissão nacional para a segurança de represas, um
sistema de gerenciamento de risco com inspeções de segurança e procedimentos e um
plano de emergência para represas, incluindo regras para responsabilização em caso de
rompimento de represas. O nível de implementação da nova lei e a sua efetividade ainda
precisam ser avaliados.

Enchentes: governo gastou apenas 14% dos recursos de prevenção Leandro Kleber
Do Contas Abertas
Apesar das constantes tragédias ocorridas em decorrência das chuvas que
atingem estados de Norte a Sul do país há décadas, os governos federal,
estaduais e municipais ainda gastam pouco com ações de prevenção. O
Ministério da Integração Nacional, por exemplo, responsável pelo programa de
“prevenção e preparação para desastres”, desembolsou apenas 14% (R$ 70,6
milhões) dos R$ R$ 508,3 milhões previstos para serem usados neste ano.
Enquanto isso, a pasta aplicou R$ 535 milhões no programa de “resposta aos
desastres e reconstrução”; sete vezes mais.

O montante autorizado para a rubrica de prevenção aumentou R$ 158 milhões


entre março e junho. Mas, mesmo até março, somente R$ 39 milhões haviam
sido aplicados em obras e serviços de caráter preventivo em áreas de risco,
incluindo contenção de encostas, drenagem superficial e subterrânea,
desassoreamento, retificação e canalização de rios e córregos.

O programa também prevê a proteção superficial com materiais naturais e


artificiais, muros de gravidade, aterros reforçados, barreiras vegetais e obras
como pontes e viadutos de pequeno porte. Além disso, há ainda previsão de
recursos para a realocação provisória de famílias afetadas pelos desastres.

Já o programa de “resposta aos desastres e reconstrução” inclui ações de


socorro e assistência às pessoas afetadas por calamidades, restabelecimento
das atividades essenciais e recuperação dos danos causados pelas tragédias.
Estão previstos R$ 2,1 bilhões no orçamento de 2010 para custeá-lo, ou seja,
três vezes mais do que a quantia autorizada ao programa de prevenção. Os R$
542,6 milhões desembolsados nas ações de resposta equivalem a 26% do
autorizado para o ano.

Para o professor de geologia do Instituto de Geociências da Universidade de


Brasília José Oswaldo Filho, existe no Brasil um descaso generalizado nas
ações preventivas. “É como diz o velho ditado: o brasileiro só fecha a porta
depois que é roubado. É muito mais fácil prevenir do que remediar. E se esse
planejamento orçamentário fosse realmente seguido, talvez tivéssemos evitado
muitas lágrimas e muita dor, que são recorrentes em todos os anos”, lamenta.

De acordo com o geólogo, existem ciclos naturais que não permitem evitar os
desastres. No entanto, argumenta que em todos os anos diversas regiões são
castigadas com chuvas e secas decorrentes da desorganização urbana. “Uma
ocupação desordenada às margens de um rio, por exemplo, onde se sabe que
há um nível mínimo e máximo de cheia das águas, é um ato irresponsável e
isso pode ser evitado. A ocupação urbana faz com que as áreas de
impermeabilização do solo aumentem. Assim, como a água tem de escorrer
para algum lugar, ela vai acumular mais em determinados pontos”, alerta
Oswaldo Filho.

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Integração Nacional para


saber se houve contingenciamento de recursos no programa de prevenção a
desastres. A assessoria de imprensa informou que não houve nenhum bloqueio
de recursos.

Em entrevista ao Contas Abertas no começo do ano, a secretária Nacional de


Defesa Civil, Ivone Valente, afirmou que as exigências dos convênios que
devem ser firmados entre os entes federativos interferem na aplicação dos
recursos do programa de prevenção a desastres. “Os recursos de prevenção
estão na modalidade de convênio, na qual a legislação é muito clara. O
município convenente precisa apresentar o projeto básico, a licença ambiental,
o responsável técnico e uma lista de 14 documentos, além de parecer jurídico,
para que, em seguida, possamos pagar a primeira parcela. Há ainda as
dificuldades administrativas das prefeituras na elaboração dos projetos”,
argumentou.

Ivone Valente ressaltou ainda que a Secretaria de Defesa Civil Nacional, ligada
à Integração Nacional, não tem a missão de realizar grandes obras de
prevenção. "Nosso orçamento é muito em função dos próprios desastres. O
Ministério do Planejamento entende que não há como prever que volume será
preciso, porque a demanda é em função das ocorrências. Então, nossos
recursos vêm por meio de medidas provisórias, ou seja, quando acontecem os
eventos”, disse. De acordo com a descrição oficial do programa de prevenção a
desastres, há previsão de recursos para construção de pontes e viadutos de
pequeno porte, bem como obras para abrigar provisoriamente famílias que se
encontram em situação de risco.
Meteorologista fala sobre a importância das matas ciliares para
conter chuva

Aquecimento do Atlântico e nuvens trazidas por 'Onda de


Leste' causaram as chuvas no Nordeste

Plantão | Publicada em 25/06/2010 às 11h40m

Anderson Hartmann, O Globo

SÃO PAULO - As fortes chuvas que causaram destruição no Nordeste foram causadas
por ventos que sopraram da costa da África para o Nordeste brasileiro. O fenômeno,
conhecido como Onda de Leste, que arrasta as nuvens sobre o Atlântico é comum nos
meses de abril a julho, período de chuvas no Nordeste. Este ano, porém, as nuvens
ficaram mais carregadas por conta do aquecimento das águas do Oceano.

- As águas do Atlântico estão mais quentes que o normal, entre 1,5 e 2 graus acima do
comum. A consequência disso é que águas mais quentes provocam maior evaporação, o
que favorece a formação de mais nuvens carregadas de chuva - explica a meteorologista
Fabiana Weykamp, da Climatempo.

" As águas do Atlântico estão mais quentes que o normal, entre 1,5 e 2 graus acima do
comum "

O resultado foi um volume acima do normal de chuva. Em três dias, choveu o que
deveria chover no mês todo. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, das 9 horas
do dia 15 e às 9 horas do dia 18 - foram acumulados aproximadamente 350 mm de
chuva. O volume normal para todo o mês de junho na cidade é de 389,6 mm.

A mudança nos padrões climáticos também tem feito com que as frentes frias vindas do
Sul do país alcancem o Nordeste com mais frequência. Este ano, duas frentes frias já
conseguiram ultrapassar as regiões Sul e Sudeste e chegar à região - uma na primeira e
outra na terceira semana de junho.
Por causa disso, houve uma mudança na direção dos ventos, soprando da costa para o
continente, o que também contribuiu para o aumento do volume de chuva.

" Nós não somos preparados, à exceção da região Norte do país, para suportar um
evento extremo de chuva como esse "

Em Alagoas, a chegada da primeira frente fria reforçou as nuvens carregadas sobre o


estado, o que provocou uma chuva de 270 mm em Maceió, entre os dias 3 e 5 de junho.
A segunda frente fria, que chegou na semana passada, levou mais chuva para Alagoas e
também intensificou as nuvens carregadas sobre Pernambuco.

- Nós não somos preparados, à exceção da região Norte do país, para suportar um
evento extremo de chuva como esse. E a situação piora com o aumento da população,
com a urbanização, com mais asfalto - opina Fabiana.

Segundo a meteorologista, a previsão é de que volte a chover na região neste fim de


semana.

- Uma frente fria já está na Bahia e causa chuva no estado. Ela deve se mover e chegar
ao Pernambuco, na Zona da Mata, Agreste e Litoral, onde deve chover entre 20 e 50
mm e também a Alagoas, onde o volume de chuva pode ficar entre 30 e 60 mm - prevê
Fabiana.

Não é a primeira vez que o estado de Alagoas foi atingido por intensas chuvas. Em
2004, os totais acumulados de precipitação no mês de junho excederam os 500 mm em
Maceió, Natal e Recife. Em Alagoas, o saldo dos prejuízos foi de 31 mortos, mais de 20
mil desabrigados e danos materiais estimados em R$ 200 milhões.

5) Questão indígena atual no Brasil

A QUESTÃO INDÍGENA
Marina Azem*

A atitude mais antiga e profundamente enraizada nos humanos,


quando colocados em uma situação inesperada, como é a situação de
estar frente a uma sociedade distinta, é a de repudiar as formas
estéticas, sociais, religiosas, morais e culturais mais distintas
daquelas com as quais se identificam (etnocentrismo),
Passados quase quinhentos anos da chegada da esquadra de Pedro
Alvares Cabral ao que hoje é a costa brasileira, ainda é difícil precisar
quantos povos nativos existem. Nós ainda desconhecemos e
ignoramos a sócio diversidade nativa contemporânea dos povos
indígenas.
O conhecimento da diversidade sociocultural no Brasil de hoje se
encontra restrito aos muros das Universidades e a limitados círculos
académicos especializados, dedicados ao estudo das sociedades
indígenas.
De maneira geral, nós sociedade dita "nacional' brasileira, somos
preconceituosos. segregacionistas e desinformados em relação às
outras identidades étnicas que compartilham conosco o mesmo
território.
Em relação às questões indígenas nosso desconhecimento é grande.
A maioria da população não sabe que:
¨ na chegada dos portugueses ao Brasil, 2000 grupos sociais distintos
existiam nessa parte do mundo e que hoje foram reduzidos a
aproximadamente 215 sociedades indígenas.
¨ Estimativas da população indígena desta parte do continente do
final do século XV variam de 1.100.000 a 2.430.000 indivíduos, e que
hoje ela se encontra em tomo de 270.000 a 325.652 indígenas.
¨ Com a chegada dos portugueses falava-se em tomo de 1800
línguas distintas nessas terras e que hoje se falam 180 línguas
distribuídas em 41 famílias genéticas.
¨ Que por ocasião da chegada dos colonizadores, as sociedades
indígenas aqui existentes ocupavam todo esse nosso território, e que
hoje ocupam apenas 11% da extensão total do território definido
como brasileiro.
¨ Alguns anos após a chegada dos europeus ao continente que hoje
chamamos de americano, enviaram-se comissões de investigação
para pesquisar se os indígenas possuíam ou não alma. Questão essa
que só foi resolvida em 1537, quando o Papa Paulo III declarou numa
Bula que os indígenas eram entes humanos como os demais homens.
Como podemos observar houve prejuízo trazido pela dominação :
depopulação e perda da sócio diversidade nativa, efeito genocida da
colonização.
Talvez, devêssemos Ter em mente que o contato é que explica o
povo e não o contrário - ou seja as distinções de categorias étnicas
não dependem de uma ausência de mobilidade, contato e informação
- mas acarretam processos sociais de inclusão e incorporação pelas
quais categorias discretas são mantidas. apesar das transformações
na participação e na presença no decorrer de vidas individuais. As
interações étnicas não dependem de uma ausência de interação
social e aceitação. A interação não leva a seu desaparecimento; as
diferenças culturais podem permanecer apesar do contato e da
interdependência dos grupos.
Por ocasião do contato produzo cultura, pois me afirmo em contraste
com o outro -minha cultura vai ser fortalecida, juntamente com
minha identidade. E o contraste que faz com que as fronteiras étnicas
permaneçam. com processos de inclusão e exclusão que estabelecem
limites entre tais grupos. definindo o que integra ou não, provocando
ações e reações entre esses grupos. em uma organização social que
não cessa de evoluir.
Podemos e devemos adquirir novos conhecimentos, pois esse é o
processo natural das sociedades humanas. Se o homem não tivesse
crescimento material e espiritual não experimentaria o sabor das
conquistas, das vitórias.
Uma das nossas conquistas e desafios é a nossa consciência de que
podemos e devemos ser construtores de nossos destinos. E nossa
tarefa e responsabilidade parar de agir como tutores colonizadores.
Não podemos tratar como estrangeiros aqueles que já estavam aqui
há bem mais de quinhentos anos...
Dentro desse nosso vasto território nacional existem inúmeros grupos
distintos com costumes, língua, hábitos, valores morais e
econômicos, relações de parentesco e trabalho, crenças, fé. orgulho.
honra, os mais variados possíveis, e que quando indagados. sabem
dizer o que é necessário e pertinente para que se pertença a cada
uma dessas identidades,
E que o contato entre essas inúmeras etnias não leva a extinção,
como querem alguns. que nenhum sai perdendo com essa troca, mas
que na diversidade e no contato com o outro eu me fortaleço, e que o
isolamento e o fechamento tende a conduzir ao desaparecimento.

Está na hora de pararmos e começarmos a escutar essas


sociedades com sabedoria secular e descobrir dentro de cada
um o que nos torna únicos e indestrutíveis.

Entender e responder à questão indígena é um desafio social,


acadêmico e espiritual. Especialmente quando tratamos de aspectos
culturais conflitantes como identidade e cidadania, a prática do
infanticídio, alcoolismo, bem como a atuação missionária. A Questão
Indígena -- Uma Luta Desigual foi escrito por autores engajados
integralmente nessas diferentes áreas.

Iniciativas públicas e privadas são conduzidas pelas mais diversas


motivações -- humanitárias, políticas, financeiras, entre outras -- e
geram nas etnias indígenas expectativas cada vez mais associadas ao
universo não indígena. Esta obra observa de perto a sociedade
indígena brasileira, plural e dispersa, e também pondera sobre a
atuação missionária em tal contexto.

***

O indígena colombiano Graciliano Lino, falando sobre a missionária


Sophie Muller, afirma: “Assim ela morou muito tempo conosco, até eu
ver o seu cabelo ficando branco”.

Em Trevas no Eldorado, John Walden afirma: Se continuarmos a


apenas estudar os Ianomâmi, eles vão morrer [...]. Quais as opções?
[...] Você pode arrancar os cabelos, pode ranger os dentes, mas, no
final, os únicos que vão persistir na selva para cuidar dos índios são
os missionários.

A Questão Indígena -- Uma Luta Desigual foi escrito por autores cujo
envolvimento com a questão indígena abarca, de maneira integrada,
as áreas acadêmica, sociopolítica, emocional e espiritual. Aponta as
ações acadêmicas contra as iniciativas missionárias, bem como
reflete sobre a identidade e cidadania do indígena, os aspectos
culturais conflitantes -- como o infanticídio --, o valor da presença
missionária entre as populações indígenas, além de uma estatística
atualizada dos grupos com presença e ausência missionária.

Ainda não se sabe quem e quantos são os índios brasileiros


Antonio Carlos Olivieri*
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

Índio guarani kaiowá, de Mato Grosso do Sul


Não são poucos os problemas relacionados à questão indígena no
Brasil de hoje. Na semana em que se comemora o dia do índio, é
importante nos lembrarmos de alguns deles. Afinal, para isso teriam
sido criadas essas datas comemorativas, mais do que para os
inocentes festejos das crianças do primeiro ciclo do ensino
fundamental.

No que se refere ao índio, em primeiro lugar, chama a atenção a


incerteza e o desconhecimento que paira sobre ele. Sem falar na
visão idealizada que se tem dos indígenas nas metrópoles, ou da
imagem preconceituosa que prevalece nas regiões onde eles e as
populações sertanejas se confrontam, hoje não se tem certeza sequer
do número de índios existentes no país.

As estimativas - não existe um censo indígena - oscilam entre 350 mil


e 700 mil indivíduos, reunidos em cerca de 200 sociedades, além de
mais ou menos 60 grupos isolados, nunca contatados pelo homem
branco.

Fontes e critérios
As informações variam tanto, pois provêm de fontes diversas, sejam
governamentais (IBGE, Funai, Funasa ou não-governamentais, como a
Igreja católica (Conselho Indigenista Missionário, Cimi) ou o Instituto
Socioambiental (Isa), cujos critérios nem sempre coincidem. Há
números contraditórios até numa única e mesma página da internet,
como pode constatar quem fizer uma visita ao site da Fundação
Nacional do Índio - Funai.

Quando se fala em critérios que variam, porém, é bom deixar claro


que não se fala apenas em termos quantitativos. Também se deve
levar em conta a questão qualitativa, lembrando que "índio" é uma
designação genérica e errônea criada pelos europeus que aqui
chegaram no século 16 para designar os povos autóctones ou
aborígines americanos.

E definir quem é o índio, sua(s) etnia(s) e cultura(s), é de fundamental


importância, uma vez que isso vai estabelecer sua condição perante
as leis brasileiras - a que eles também estão submetidos.

Da legislação indígena em vigor, além do capítulo 8 ("Dos índios"),


título 8 ("Da ordem social"), da Constituição Federal, o ordenamento
jurídico principal é o Estatuto do Índio, Lei 6.001, de 19 de dezembro
de 1973. A definição que ela dá ao índio é semelhante à que deu o
antropólogo Darcy Ribeiro:

"(...) aquela parcela da população brasileira que apresenta problemas


de inadaptação à sociedade brasileira, motivados pela conservação
de costumes, hábitos ou meras lealdades que a vinculam a uma
tradição pré-colombiana. Ou, ainda mais amplamente: índio é todo o
indivíduo reconhecido como membro por uma comunidade pré-
colombiana que se identifica etnicamente diversa da nacional e é
considerada indígena pela população brasileira com quem está em
contato".

Tutela estatal
O Estado brasileiro assumiu o papel de responsável pela proteção da
integridade física e cultural dos diversos povos indígenas que vivem
em nosso território. É orientado pela noção de tutela, que define os
índios como relativamente incapazes de exercerem seus direitos
civis. Mas o próprio texto do Estatuto do Índio tende a dificultar o
acesso do indígena à justiça.

Por exemplo, só têm direito de recorrer aos tribunais brasileiros os


índios que satisfaçam a quatro exigências expressas no artigo 9 do
Estatuto: 1) ter pelo menos 21 anos; 2) conhecer a língua portuguesa;
3) qualificar-se para uma atividade útil na comunidade nacional; 4)
compreender os hábitos e costumes da comunidade nacional.

Se não houvesse a intenção de dificultar aos indígenas o acesso à


proteção legal, poder-se-ia facilmente, como vários países o fazem,
prever a colaboração de intérpretes e dispensar os índios da
exigência de conhecer a língua oficial da população brasileira.

Conflitos insolúveis?
Outra questão grave se refere às terras indígenas. Atualmente,
existem 554 reservas reconhecidas pela Funai, que ocupam uma área
total de 946.452 km2, que corresponde a aproximadamente 11,12%
do território brasileiro e é equivalente à soma dos territórios da
França e da Grã-Bretanha. A demarcação, o registro e a homologação
dessas terras, porém, ainda está longe de chegar à conclusão.

Dados do Cimi, de 2004, revelam que providências não haviam sido


tomadas nesse sentido em 226 dessas reservas. Além disso, a
questão da terra é uma fonte perene de conflitos entre as populações
índias e as empresas ou populações rurais que se interessam em
explorar os territórios indígenas e seus recursos (madeiras e minérios,
por exemplo).

As soluções para esses conflitos não são difíceis somente na prática,


mas até na teoria, uma vez que não há consenso sobre diversos
elementos envolvidos, como a extensão das reservas (seriam maiores
do que devem ser?), a preservação das culturas indígenas (ela é
efetivamente possível?), a integração entre os índios as comunidades
que lhes são vizinhas (como vencer o preconceito e a hostilidade?).

Funai
Em meio a tudo isso, você pode estar se perguntando o que é e o que
faz a Fundação Nacional do Índio - Funai - entidade vinculada ao
Ministério da Justiça, que foi fundada em 1967, em substituição ao
antigo Serviço de Proteção ao Índio, que datava de 1910.
Entre as várias tarefas de sua responsabilidade, podem-se citar o
próprio processo de reconhecimento e regulamentação jurídica das
terras indígenas, bem como a organização do atendimento à saúde
dos índios; a formulação de políticas educacionais específicas e
diferenciadas; a proteção e defesa de grupos ameaçados por frentes
de expansão econômica, como madeireiros, posseiros, garimpeiros,
etc.

O desempenho da Funai é, contudo, um alvo constante críticas. Em


geral, grupos missionários religiosos e ONGs questionam o monopólio
estatal dos cuidados com o índio, em função dos problemas crônicos
que o Estado brasileiro demonstra diante de diversas outras questões
sociais: sua incapacidade de dar respostas eficientes e rápidas às
ações sob sua responsabilidade.

Novo Estatuto, novos índios


A política indigenista oficial deve passar por mudanças importantes.
Já ocorre uma grande discussão em torno de um novo Estatuto dos
Povos Indígenas, que trataria, entre outras medidas, de implementar
e regulamentar modificações já definidas na Constituição de 1988.
Entre outros temas polêmicos, o novo estatuto levanta a questão do
fim da tutela dos índios pelo Estado, o que terá certamente
implicações importantes para o destino dos índios e dos grupos que
procuram defendê-los.

Aliás, é interessante lembrar também que, nos últimos anos, o critério


da auto-identificação étnica vem sendo o mais amplamente aceito
pelos estudiosos da temática indígena. Com isso, tem aumentado o
número de populações que passam a reivindicar pública e
oficialmente a condição de indígenas no Brasil.

O fenômeno, também complexo e polêmico, tem sido denominado


como "identidades emergentes", ou "etnogênese" e se caracteriza
basicamente por três elementos: 1) aparece, quase sempre, ligado a
pleitos territoriais; 2) resulta de complexos processos históricos
regionais de relacionamento entre índios e não-índios; e 3) os povos
que adotam essas identidades não possuem traços claramente
distintivos em relação às populações não-indígenas das regiões onde
vivem.
A questão indígena no Brasil e no Espírito Santo

No Brasil - Os povos indígenas brasileiros são descendentes de grupos caçadores


originários da Ásia, que se instalaram no Brasil vindos da América do Norte
atravessando o istmo do Panamá.

Os primeiros contatos com os portugueses ocorreram há pouco mais de 500 anos, à


época do descobrimento do Brasil (1500), quando na Europa predominava a doutrina
mercantilista, que tinha como duas das principais características a posse de colônias e o
acúmulo de metais preciosos. Foi nesse contexto que os portugueses chegaram ao
território brasileiro. Inicialmente o interesse era principalmente o da exploração de
riquezas mas, com o passar dos tempos, o território passou a ser ocupado e colonizado.

Calcula-se que no século XVI havia no Brasil uma população em torno de 4 milhões de
índios espalhados por todo o território. No entanto, os grupos mais afetados pela
ocupação foram aqueles localizados na faixa litorânea. As guerras de conquista e a
própria ocupação territorial reduziram, através dos séculos, a população indígena no
Brasil.

A primeira iniciativa governamental para proteger as populações indígenas surgiu em


1910 com a criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) que, em 1967, foi substituído
pela Fundação Nacional do Índio (Funai). A Funai é um órgão governamental
subordinado ao Ministério da Justiça e atua de acordo com a Lei 6001/73 (o Estatuto do
Índio).

Em 1988, foi promulgada uma nova Constituição no país, contendo dois artigos
dedicados aos direitos das populações indígenas. Ao mesmo tempo em que assegurou
maiores direitos aos índios, a nova Constituição deixou sem solução a forma de
compatibilizar os direitos dos índios com os dos não índios, o que vem dando margem a
inúmeros conflitos no país.

A partir da promulgação da Constituição de 1988, o Governo Federal ampliou as


demarcações de áreas indígenas em todo o território nacional.

Conforme levantamentos da Funai, no Brasil vivem hoje cerca de 460 mil índios,
distribuídos entre 225 sociedades indígenas, que perfazem cerca de 0,25% da população
brasileira. Este dado considera tão-somente aqueles indígenas que vivem em aldeias,
havendo estimativas de que, além destes, há entre 100 mil e 190 mil vivendo fora das
terras indígenas, inclusive em áreas urbanas. Há também 63 referências de índios ainda
não-contatados, além de existirem grupos que estão requerendo o reconhecimento de
sua condição indígena junto à Funai. Ocupam atualmente 105.673.003 hectares,
perfazendo 12,41% do total do território brasileiro. Essa área extensão equivale a
aproximadamente às áreas dos estados do Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas,
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará juntos Para efeito de comparação
com outros países, o percentual de terras ocupadas por populações indígenas no Brasil
equivaleria, em outros continentes, a um território da França, Alemanha, Bélgica,
Holanda e Suíça juntos.
A educação e a promoção dos direitos das
populações indígenas sobretudo das crianças e dos jovens

Senhor Presidente

No período em que a Organização das Nações Unidas está a celebrar a Década


Internacional das Populações Indígenas Mundiais, a Santa Sé aprecia a decisão do
Fórum Permanente, de escolher "As crianças e os jovens indígenas" como tema da sua
segunda sessão. A criação deste Fórum Permanente, que realizou a sua primeira e
histórica sessão em Maio de 2002, inseriu este importante tema no seu justo lugar, no
contexto da agenda internacional. A minha Delegação está convicta de que o debate e as
deliberações sobre este assunto ajudarão a revigorar os vínculos da solidariedade
internacional, salvaguardando a identidade e os direitos das populações indígenas.

Senhor Presidente

A Convenção sobre os Direitos da Criança, da qual a Santa Sé faz parte, é o primeiro


tratado internacional de direitos humanos que reconhece as crianças indígenas como um
grupo de indivíduos possuidores de direitos e, de maneira específica, identifica as
populações indígenas como um grupo que sofre em virtude da discriminação, no que se
refere à maioria dos direitos inseridos nessa Convenção.

O artigo 30 da Convenção confirma, de modo particular, o direito que as populações


indígenas têm de dispor da sua própria cultura, afirmando que às crianças indígenas
"não se deveria negar o direito, em comunhão com outros membros do seu grupo, de
dispor da cultura que lhes é própria, de professar e de praticar a sua religião ou de usar a
sua própria língua". De maneira semelhante, os artigos 17 e 29 referem-se
explicitamente aos direitos de todas as crianças à educação e à informação. Os
princípios gerais da mencionada Convenção incluem, inter alia, a não-discriminação
(art. 2), o melhor interesse da criança (art. 3) e o direito à vida, à sobrevivência e ao
desenvolvimento (art. 6).

Apesar dos diversos compromissos internacionais, as crianças continuam a ser


particularmente vulneráveis às violações do direito à educação, e para as crianças e os
jovens indígenas este desafio está vinculado ao racismo, à xenofobia e às relativas
intolerâncias, que continuam a atingi-los na base das suas próprias especificidades e
singularidade. Contudo, o direito à educação forma o fundamento para usufruir de
numerosos outros direitos humanos e constitui uma componente para alcançar as
chamadas Finalidades de Desenvolvimento do Milénio, como por exemplo a diminuição
da pobreza. Com efeito, a Organização de Dacar para a Acção afirma que "a educação
é um direito humano fundamental. É a chave para o desenvolvimento, a paz e a
estabilidade sustentáveis no interior e entre as diversas nações".

Senhor Presidente
O direito à educação diz respeito não apenas às questões de acesso, mas visa assegurar
uma satisfação que garanta um futuro às crianças indígenas. A este propósito, a
comunidade internacional deveria reconhecer e respeitar a responsabilidade primária
que a família indígena, como unidade básica da sua própria sociedade, tem de educar os
seus filhos desde a infância até à adolescência, na língua que lhes é própria e em
conformidade com as suas culturas e os seus valores, fundamentados em pedagogias
indígenas eficazes. Onde for possível, o acesso à educação deveria incluir estruturas
alternativas de escolarização, formação vocacional difundida e métodos inovativos,
destinados a aumentar as capacidades práticas e profissionais dos jovens indígena.
Para cada uma das crianças indígenas, uma educação fundamentada nos valores
espirituais, morais e éticos centrais constitui um instrumento indispensável para o seu
desenvolvimento integral. Na ausência de tais elementos, as crianças indígenas correm o
risco de extraviar a rica diversidade das suas tradições, no meio de uma cultura
globalizada que tudo abarca. Por sua vez, as populações indígenas deveriam pôr à prova
e rejeitar os falsos valores, que porventura desvirtuassem um estilo de vida
autenticamente humano, e abraçar somente os valores nobres e oportunos, que os hão-
de ajudar a modelar o futuro segundo o seu estilo característico, em conformidade com
a sua própria herança indígena. Procurando salvaguardar a educação das crianças e dos
jovens indígenas, a comunidade internacional pode, efectivamente, oferecer a sua
contribuição para os esforços realizados pelas comunidades indígenas, com vista a
defender a sua herança e a identidade que lhes é própria.

Senhor Presidente

As crianças e os jovens são "membros preciosos da família humana, uma vez que
encarnam as suas esperanças, expectativas e potencialidades" (Mensagem do Papa João
Paulo II para o Dia Mundial da Paz de 1996, n. 9). O desafio que está a ser enfrentado
tanto pelas pessoas singularmente como pelas organizações e, na realidade, por toda a
comunidade internacional, consiste em assegurar que as crianças e os jovens indígenas
não sejam privados do seu presente e do seu futuro, mas que se lhes ofereça a
possibilidade de crescer em paz, felicidade e liberdade. Assim, também eles serão
construtores de paz, edificadores de um mundo promissor, de fraternidade, de harmonia
e de solidariedade.

Obrigado, Senhor Presidente!

Questão indígena: limpeza étnica e racial no Brasil


Por Florêncio Vaz 10/02/2006 às 20:11

Ora, o neto do branco é branco, o neto do negro é negro, mas o neto do índio é apenas
“descendente”. As outras raças se reproduzem, se perpetuam, mas a nossa raça indígena
degenera e logo desaparece. Destino ingrato que querem nos impor.
“Alto lá! Esta terra tem dono!”
(Sepé Taiaraju, a quem ofereço este texto-homenagem)

Seguramente os indígenas representam hoje no Brasil o movimento social mais ativo e


radicalizado em defesa dos seus direitos frente ao Estado. Estão diariamente em
evidência por ocupações de prédios da Funasa e Funai, retomadas dos territórios
invadidos e, neste momento, as mobilização pelos 250 anos da morte de Sepé Tiaraju,
no Sul do país. Os índios têm sido notícias também pela caótica situação da assistência
à saúde ou quando a Polícia Federal, a mando da Justiça Brasileira, os expulsa de forma
violenta das suas terras em favor de poderosas empresas ou fazendeiros. O que está
acontecendo com os índios e por que tanta repressão?

Certamente as últimas declarações do presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes,


conseguiram deixar explícita parte da resposta. O que ele disse já se suspeitava que era a
idéia-mestra da política indigenista do Governo, mas nunca antes nenhuma autoridade
teve a desfaçatez de assumir tão claramente atitudes antiindígenas e racistas. Os índios
estão precisando de um “basta” nas suas reivindicações impertinentes, foi o recado. E
não adiantou o seu desmentido tardio e pouco convincente: “Fui mal interpretado”.
Melhor seria dizer “Foi um descuido, um ato falho”.

“Terra demais para pouco índio” foi um argumento que crescemos ouvindo, sempre da
parte dos setores contrários aos povos indígenas. Eles é que gostavam da estúpida
comparação do conjunto das Terras Indígenas (TI) com o tamanho de países europeus,
sempre mostrando o absurdo dos índios terem terras demais. Os antropólogos em coro
argumentavam que os índios tinham outro modo de vida e que não podiam ser avaliados
pelos mesmos critérios usados para os não-indígenas. Mas aqueles tempos eram outros.
E aqueles antropólogos eram outros. Eram poucas ou inexistentes as associações
indígenas, os próprios índios não chegavam a 200 mil e o perigo de extinção era real e
iminente. A demarcação das terras seria uma forma de garantir a sobrevivência de povos
e culturas “primitivos”. Quanto mais “primitivo” era um povo, maiores as razões para
demarcar suas terras.

Os tempos foram mudando. Começaram os primeiros encontros entre líderes indígenas


na década de 1970. As associações indígenas vieram em torno da Constituinte, a partir
de 1985. Antes, quem falava pelos índios eram líderes aguerridos e carismáticos, como
Ângelo Kretã Kaigang e Marçal Tupã-I Guarani (ambos assassinados em início dos
anos 80) e Mário Juruna, que mesmo chegando a ser deputado federal, era mostrado
geralmente como “engraçado” pela imprensa. Não havia ainda uma retaguarda de
organização. A Constituição de 1988 provavelmente marcou um divisor de águas e o
início de aceleradas mudanças. Graças ao esforço de índios, religiosos, parlamentares
aliados e antropólogos, entre outros, conseguimos um texto avançado que rompia com a
tutela sobre os índios e a idéia de índio “incapaz”, e que deixava ao Estado a
competência para demarcar e proteger as TI.

Após 1988 aumentaram as reuniões e encontros indígenas. Mais associações foram


criadas, e até articulações regionais de peso, como a Coordenação das Organizações
Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e a Articulação dos Povos Indígenas do
Nordeste, Minas E espírito Santo (Apoinme). Os índios eram cada vez menos tutelados
e comandados pelo Governo. Povos que estavam desorganizados e nem se
apresentavam mais como “índios” emergiram como sujeitos políticos e passaram a
reivindicar os direitos garantidos na Constituição. Comunidades enfraquecidas
numericamente começaram também a apresentar grande crescimento. A ameaça de
extinção ficou para trás – ainda bem.

O problema para os governantes passou a ser exatamente esse: a crescente autonomia


das organizações indígenas e o crescimento das reivindicações por demarcação de
terras. E pela lei competia ao Estado apenas demarcá-las. Os setores contrários aos
índios reagiram. Era preciso colocar um limite. Pelo Decreto 1.775/1996, o então
ministro da Justiça, Nelson Jobim, instituiu o direito de qualquer cidadão ou instituição
contestar os procedimentos demarcatórios das TI. Mesmo sob protestos das
organizações indígenas e indigenistas, e ainda que afrontasse o Artigo 231 da
Constituição, o Decreto passou. Provavelmente quando Nelson Jobim (já no STF) deu
razão às alegações de fazendeiros e ordenou a expulsão dos Guarani de Nhanderu
Marangatu (MS) às vésperas do último Natal, ele estava muito a vontade.

Com o Decreto 1.775/1996, realmente foi criado uma enorme barreira para a
regulamentação das TI, e os inimigos dos índios passaram a atravancar ou até fazer
retroceder inúmeros processos. Somente as TI já homologadas receberam 83
contestações até agora. Que dizer dos prejuízos para as terras cujo processo está por ser
concluído. É prejuízo também para a União, que já gastou R$10 milhões para custear
processos de revisão das homologações. O Ministério Público Federal (MPF) já entrou
no STJ com um pedido de nulidade do Decreto. O presidente Lula poderia reformulá-lo,
evitando esses danos todos. Aí, talvez ele poderia pensar em dizer sua frase predileta:
“nenhum governo como o meu fez tanto pelos...”.

Voltemos ao presidente da Funai. Ele deve ter concluído que esses limites impostos às
reivindicações dos índios não foram o bastante. A lentidão dos processos demarcatórios,
que desde 2003 estão praticamente parados, e a recusa sistemática de a Funai dialogar
com as organizações indígenas não foram suficiente para arrefecer as demandas
indígenas. A crescente radicalização das formas de pressão dos indígenas, a emergência
de povos que a Funai não admite serem “índios autênticos” e o crescimento do número
de cidadãos que se identificam como índios acenderam o sinal vermelho para os
latifundiários, políticos antiindígenas e a Funai. Demarcar todas as TI requeridas é
“terra demais”, que ficará indisponível ao agronegócio e à mineração. Vem daí a ira de
Mércio Gomes e a necessidade de alguém estabelecer novos e definitivos limites às
reivindicações indígenas.

Possibilidades: o ministro da Justiça assina portaria reduzindo as terras, como fez


Marcio Thomaz Bastos em 2003, com a TI Baú dos Kaiapó (PA), que foram roubados
em 317 mil ha – algo inconstitucional e sem precedentes nem na Ditadura Militar. Tem
a proposta do senador Mozarildo Cavalcanti (RR) de que o Congresso Nacional decida
sobre as demarcações e que as TI e Unidades de Conservação (UC) não passem de 50%
da área de cada Estado. Poderia ser ainda o STF, e ele já vem atuando bem nesse rumo.
Mas essas saídas dependem de alterações na Constituição, e a situação exige um basta
imediato. Então, Mércio Gomes definiu logo que o limite das Terras Indígenas (TI) será
de 13,5% do território nacional, 1% a mais dos atuais 12,5%, o que corresponderia a
100 TI aproximadamente (Estadão, 30.01.06). Em que critérios ele se baseou para
definir esse percentual? Os seus próprios. A esse comportamento, o antropólogo Guga
Sampaio chamou de “autoritário, arcaico, tutelista e antidemocrático”. Acertou em
cheio. E mais, essas terras serão demarcadas em uma lentidão de tartaruga: cinco anos
para terminar o serviço.

“Terminar o serviço” pode significa aqui, a julgar pela velocidade do processo e pelas
contestações judiciais, que em cinco anos a maioria dos índios já estará expulsa de suas
terras, mortos por jagunços ou sobrevivendo às margens das rodovias. Exagero? O que
o Estado fez em Nhanderu Marangatu foi um ensaio. E esse é o quadro previsto apenas
para as 100 TI com promessa de demarcação. E o que acontecerá com os índios que
reivindicam outras 235 TI? A Funai nega sistematicamente a sua simples existência. Se
não são índios, não têm direitos a nenhuma terra. Solução Final. A Coiab lembrou que o
antropólogo Mércio Gomes afirmou faz anos que a falta de terras pode levar um povo
indígena a se desagregar e até a desaparecer. Talvez ele também diga agora “esqueçam
tudo o que escrevi”.

Mércio decidiu de uma vez por todas que os índios no Brasil são apenas 450 mil, o
número dos aldeados conforme o censo da Funai. Mas em 2000 o IBGE contou 734 mil
índios no Brasil. O que fazer com os outros 284 mil? Mércio Gomes resolveu
exterminá-los, se não fisicamente, ao menos politicamente: não são índios
“verdadeiros”, por isso não podem exigir direitos como tais. O que é isso se não um
processo de “limpeza étnica”, herdeiro direto do mais descarado racismo nazista? Os
nazistas é que acreditavam em raça “pura”.

A explicação cínica do antropólogo: os dados do IBGE estão errados porque se pergunta


ao entrevistado qual sua raça. Ora, “ao falarmos de povos indígenas, não se trata de
raça, mas de etnia e de pertencer a uma comunidade” (Estadão, 31.01.06). Aí já é
demais. Mércio precisa largar o Governo e voltar a estudar Antropologia
imediatamente. O Brasil não é mais formado pelas três raças, como aprendemos? Então,
ficaria assim: os brasileiros são o resultado do cruzamento das raças branca e negra e
também das “etnias” indígenas. Porém, se brancos e negros continuam existindo como
“raças” após a miscigenação, os índios “étnicos” desaparecem misteriosamente. Eles
não podem reivindicar-se índios porque não pertencem mais a uma “comunidade”. Só
continuam sendo índios aqueles que permanecem na aldeia. Na cidade, numa simples
mágica do ilusionista Mércio Nazi, eles desaparecem. Não são índios porque não têm
aldeias e não podem se dizer índios porque índio não é “raça”. Acabou-se a raça
indígena. Com uma cajadada só se matam milhares de índios. E nem seria crime de
racismo, pois não está em questão uma “raça”.

Tal raciocínio sobre os índios está na mesma linha do Colonialismo brasileiro, que
sufocou a identidade indígena “geral”, seja de forma violenta ou mais sutil (como a
ideologia de que é preciso “civilizar-se” para se distanciar do índio “selvagem”) e
destruiu a identidade étnica dos índios “destribalizados”, que sofreram o processo da
catequese e depois passaram a viver nas vilas e cidades. Seus descendentes, os
“tapuios”, eram “índios amansados” ou “civilizados”, e já não podiam ser considerados
“índios verdadeiros”. E lhes foi negada uma identidade indígena “geral”. Na Amazônia,
no século XVIII, o Diretório dos Índios, do Marquês de Pombal, estimulou e forçou os
índios à “vida civilizada” através de vários artifícios, como, por exemplo, o casamento
de índias com brancos, proibição da língua Nheengatu e obrigatoriedade do Português e
a proibição de andar nu. “Índios” eram somente os que se embrenharam nas matas. O
“caboclo” é resultado desse processo de negação étnica. Mesmo com sua genealogia e
traços físicos, ele não se diz mais “índio”, e nem pode se dizer “branco” ou “negro”. Ele
fica num limbo racial.

Este modelo de negação da identidade indígena está desmoronando aos poucos. Em


toda a América Latina corre um vento novo de orgulho da ancestralidade, dos valores
culturais e da identidade indígena. A eleição de Evo Morales para presidente da Bolívia
é o exemplo mais visível da força desse movimento, que envolve o Brasil também.
Basta ver a emergência política de povos indígenas onde se pensava que estavam
extintos e o crescimento do número de pessoas que se identificam como indígenas,
mesmo estando longe do estereótipo do “aldeado-rural”. São os índios urbanos que se
manifestam em todas as regiões do país. As declarações de Mércio demonstram o
incômodo e o mal-estar diante dessa assustadora irrupção dos índios. Há um medo de
que mais “descendentes” passem a exigir seus direitos como “índios”, fazendo mais
cobranças. Se 0,3% de índios já fazem barulho, 10% deles assustam muito mais, podem
fazer manifestações, levantes e mostrar seu peso em eleições. A ameaça é real, pois o
processo está só começando.

Voltemos à questão de “raça” e “etnia”. Ainda há muita discussão sobre um


entendimento consensual desses termos. Em alguns contextos eles até parecem
semelhantes. Na França, evita-se falar em “racial” (por temor de conotações racistas), e
o “étnico” engloba tudo. Mas podemos dar uma idéia do que em geral se entende sobre
eles. Hoje “raça”, como um conceito usado nas Ciências Sociais, não tem mais o
significado de fiel hereditariedade biológica (puramente genética), mas é a forma como
as pessoas percebem suas diferenças físicas, e que influi na constituição identitária de
indivíduos e grupos e nas suas relações sociais. É uma construção social que se serve
muito da concepção que as pessoas têm das suas distinções fenotípicas e da genealogia,
é claro. Nesse sentido, em toda a América Latina se convencionou que “os índios”,
como uma raça, são diferentes de negros e brancos.

Se “raça” tem a ver com diferenças no fenótipo, os grupos étnicos se constituem acima
de tudo como “comunidades” organizadas que constroem sua identidade lançando mão
de um amplo conteúdo sociocultural comum (religião, língua, costumes, origem e
história.), em oposição a outras “comunidades”. Identidade étnica não tem a ver com o
sangue. Está mais ligada a um complexo processo ideológico onde entra decisivamente
o ato de afirmar-se e manter-se “diferente” em oposição a um “outro”, e também de ser
visto como diferente pelo “outro”. Nesse sentido, podem existir várias “etnias” de uma
mesma “raça”, e podem existir indivíduos que não pertencem a uma etnia particular,
mas pertencem a uma “raça”.

É a situação dos “negros” nas Américas. Devido à maneira como se deu a Colonização,
os africanos que chegaram aqui com várias e diferentes identidades étnicas foram
obrigados a abandoná-las, ficando apenas o sentimento de pertencimento à “raça” negra
e mais um conjunto de costumes e valores culturais de origem africana, que se somou a
outros valores não-africanos adquiridos. No Brasil, mesmo com algumas variações
internas, é possível falar de “povo negro” ou “afrodescendentes”. O Estado reconhece
os direitos dos negros-raça, tanto dos que pertencem a uma “comunidade” específica, os
quilombolas (mais próximo do aspecto “étnico”), como dos negros em geral. Seria
ridículo se uma autoridade dissesse que os Kalunga de Goiás (“comunidade”) são
negros mais “verdadeiros” ou “autênticos” do que aqueles que vivem nas cidades. É o
argumento de Mércio para os índios. Se todos os “descendentes” dos negros são
respeitados como uma só “raça”, por que com os indígenas tem que ser diferente? Índio
é étnico e é raça também, mesmo que os néscios não queiram.

A maioria daqueles que se assume como índios nas cidades sabe muito bem a que povo
(etnia) pertence, pois é gente que chegou recentemente das aldeias. E ainda que não
mantenham muito contato com a sua “comunidade”, eles continuam índios. Os outros
são indivíduos que têm consciência da sua origem indígena biológica e cultural, mesmo
que não consigam mais definir a etnia dos seus antepassados, e decidem identificar-se
como indígenas. Eles são tão índios como os índios aldeados. Mesmo “misturados”
biologicamente com outras raças, eles continuam índios. Afinal, não é a “pureza” de
sangue que define um índio, um negro ou um branco. Se fosse assim, seria difícil
encontrar algum representante das tais “raças” humanas, pois todos nós somos de
alguma forma miscigenados, inclusive grande parte dos índios aldeados.

Os indígenas que sofreram o processo colonizador e perderam sua identidade étnica


também podem dizer que fazem parte da “raça” indígena ou de uma “cultura indo-
brasileira”. Por que Salvador pode se dizer a cidade mais negra fora da África, e Belém
(PA) ou Manaus (AM) não podem se orgulhar de serem as “capitais indígenas” do
Brasil, se em todos os casos estamos tratando de “descendentes” de negros e de índios,
respectivamente? Porque a mentalidade racista da sociedade (a mesma que Mércio
Gomes quer perpetuar) nos informa que só são índios os que moram em aldeias na
floresta ou que têm “sangue puro”. Assim, os manauaras e belemenses “descendentes”
indígenas foram levados a crer que não são “índios”.

Daí a suspeita com índios que usam ternos, filmadora ou têm curso superior. Por isso,
em Belém e Boa Vista (RR), se você perguntar a alguém se ele é “índio”, ainda que
apresente traços físicos típicos “indígenas”, certamente ele responderá que “não”, ou no
máximo dirá que é “descendente”. Em Manaus alguns “caboclos” orgulhosamente
dizem-se “mestiços”, mas têm horror a serem chamados de índios.

Ora, o neto do branco é branco, o neto do negro é negro, mas o neto do índio é apenas
“descendente”. As outras raças se reproduzem, se perpetuam, mas a nossa raça indígena
degenera e logo desaparece. Destino ingrato que querem nos impor. E assim tinha sido
até agora, mas as mudanças que observamos apontam para o desmoronamento desse
modelo ideológico. É a realização da profecia de Tupak Katari, herói indígena nacional
na Bolívia, que liderou uma rebelião, esmagada pelos espanhóis, há mais de 200 anos.
Ele disse “A mim vocês só podem matar, mas eu voltarei, e seremos milhões”. É essa
volta que incomoda o Governo.

É crescente a tendência da auto-identificação indígena. Mas isso não significa que


“agora qualquer um pode ser índio”, como comentam os que querem banalizar algo que
é muito sério. Não, como não é qualquer um que pode ser “negro”. Existem os critérios
racial-genealógico e o racial-fisionômico, por exemplo. Se a cantora Fafá de Belém e as
atrizes Dira Paes e Eunice Baia (dos filmes “Tainá” I e II), entre outros, decidirem
identificar-se como índias, não podem ser acusados de mentirosas. Muito
provavelmente pertencem à raça indígena, ainda que não tenham uma “etnia” indígena.
Aliás, com isso fariam um grande serviço à causa indígena. A auto-identificação é um
direito garantido pela Convenção 169 da Organização do Trabalho (OIT), ratificado
pelo Brasil. Mas antes de tudo é fruto da consciência política de ser indígena.

O próprio movimento indígena, através das suas organizações e comunidades, terá que
explicitar seus critérios de indianidade. A sociedade envolvente também ajudará a
estabelecer as fronteiras raciais e étnicas, como acontece sempre em todas as
sociedades. Os antropólogos farão a reflexão crítica e teórica sobre o que está em jogo
nessa construção das diferenças identitárias. O que não pode é uma pessoa ou
instituição querer se arrogar o poder de decidir quem é e quem não é índio. Assim
caminha a humanidade.
O Censo do IBGE está provocando a libertação dos índios sufocados e negados ao
longo dos últimos séculos. Por isso a auto-identificação pelo critério de “raça/cor” deve
continuar e até ser estimulada através de campanhas motivadoras da auto-estima. As
igrejas, organizações indígenas e indigenistas, os ministérios ligados à cultura e
educação, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e
a Funai deveriam promover uma campanha massiva nesse sentido, como já aconteceu
com a população afrodescendente em censos anteriores.

Tal campanha, somada a outras políticas afirmativas pró-indígenas, seria uma maneira
inclusive de o Estado e Igreja Católica repararem parte do mal que provocaram à nossa
dignidade e ao nosso orgulho de ser indígenas. E a Funai deveria ser o órgão a liderar e
animar esse processo, ao invés de deslegitimar povos e indivíduos que a duras penas
rompem a mordaça e gritam, diante de uma sociedade racista, “Nós somos Indígenas,
sim!”

* Florêncio Vaz ( florenciovaz@uol.com.br e florenciovaz.blog.uol.com.br) é


indígena do povo Maytapu (Pará), criador do Grupo Consciência Indígena (GCI),
membro da coordenação do Centro Indígena de Estudos e Pesquisas (Cinep), professor
da UFPA, mestre em desenvolvimento agrícola (UFRRJ) e doutorando em Ciências
Sociais/Antropologia na UFBA.

URL:: http://cartamaior.uol.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?
coluna_id=2916&alterarHomeAtual=1

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Comentários

Causa Indigena
Felipe Rodrigues Costa 10/02/2006 20:58
rodrigues_costa2000@yahoo.com.br

Sim pela luta da causa dos Indios, que vem sofrendo com abusos a suas terras des dos
Bandeirantes e que hoje se apresentam organizados pela luta em defesa de seu territorio
contra o Estado, contra o oportunisma estrangeiro e contra a ganancia dos latifundiarios.

Pedro Mundim
Gerhard Grube 11/02/2006 21:14

Imagine-se como brasileiro que é, junto com sua família, transposto para um país,
totalmente estranho e diferente. Para uma aldeia, lugar “primitivo”, totalmente diferente,
em tudo. Alimentação, roupas, costumes, religião, moradia, língua, tudo diferente.
Sem recursos, sem automóvel, jornais, televisão, computador, telefone etc. Nada
daquilo, a que está acostumado, e que é hoje, o seu dia a dia.
Sem alternativa. Não poderia sair dali e voltar ao Brasil ou escolher algum lugar que
fosse mais agradável ao seu modo de vida. E teria que viver lá, pelo resto de sua vida.
Hostilizado sempre pelos moradores locais, que vêem em você, um impedimento às
suas atividades e ao seu bem estar.
É obrigado a competir com eles, segundo as regras e os recursos deles, que você não
domina nem estão à sua disposição. Tendo que se adaptar totalmente à forma de vida
deles, para não perecer.
E eles em nada o ajudarão, muito pelo contrário, o desprezarão, por ser diferente, e
incapaz de fazer tudo aquilo, que lhes é corriqueiro e facílimo.
É assim que os índios brasileiros se sentem.

Imagine ainda que um dos habitantes dessa aldeia, entrasse em contato com você, e,
superadas as dificuldades lingüísticas e culturais, em vez de insistir que você mude o
seu modo de vida, ele compreendesse a sua angústia. E intercedesse junto aos demais, a
seu favor, tentando convencê-los a deixar você viver, como estava acostumado aqui no
Brasil.
Esse seria o antropólogo.

É claro que isto só poderia acontecer, se os aldeões, admitissem que a forma de vida
deles, não é a única correta e possível de ser vivida.
Esta é a compreensão que falta aos brancos, em relação aos índios.

Quanto a dizer, qual seria a vida melhor, se a nossa ou a dos índios, isto é muito
discutível.
Se por um lado escolas, automóveis, televisão, postos de saúde tem suas óbvias
vantagens, por outro lado estamos destruindo o mundo e a natureza, numa velocidade
muitíssimo maior, do que os índios fariam.

Quanto às grandes extensões de terras que eles necessitam para viver, existem muitos
latifundiários, proprietários de enormes extensões de terra, e nem sequer precisam dela.

6) Importância da água

A água é um recurso natural de valor inestimável. Mais que um insumo


indispensável à produção e um recurso estratégico para o desenvolvimento
econômico, ela é vital para a manutenção dos ciclos biológicos, geológicos e
químicos que mantêm em equilíbrio os ecossistemas. É, ainda, uma referência
cultural e um bem social indispensável à adequada qualidade de vida da
população.

A conservação da quantidade e da qualidade da água depende das condições


naturais e antrópicas das bacias hidrográficas, onde ela se origina, circula,
percola ou fica estocada, fora de lagos naturais ou reservatórios artificiais.

Isso porque, ao mesmo tempo em que os rios, riachos e córregos alimentam


uma determinada represa, por exemplo, eles também podem trazer toda a
sorte de detritos e materiais poluentes que tenham sido despejados
diretamente neles ou no solo por onde passaram.

Recentemente muito se tem falado a respeito da "crise da água", e especula-se


sobre a possibilidade da escassez deste recurso vital se tornar motivo de
guerras entre países. É preciso haver consciência de que, exceto no caso de
regiões do planeta emque há uma limitação natural da quantidade de água
doce disponível, na maioria dos países o problema não é a quantidade, mas
sim a qualidade desse recurso, cada vez pior devido ao mau uso e à sua
gestão inadequada.

Segundo o pesquisador Aldo Rebouças, professor titular do Instituto de


Geociências da Universidade de São Paulo, USP, uma análise comparativa
entre a disponibilidade hídrica e a demanda da população no Brasil mostra que
o nível de utilização da água disponível em 1991 era de apenas 0,71%.

Mesmo para os estados mais populosos e desenvolvidos, como São Paulo e


Rio de Janeiro, este índice também era muito confortável, estando por volta de
10%.Ouseja, a questão que se coloca diante de nós não é a disponibilidade ou
falta de água, mas sim as formas de sua utilização que estão levando a uma
acelerada perda de qualidade, em especial nas regiões intensamente
urbanizadas ou industrializadas.

O pesquisador afirma que "o que mais falta no Brasil não é água, mas
determinado padrão cultural que agregue ética e melhore a eficiência de
desempenho político dos governos, da sociedade organizada lato sensu, das
ações públicas e privadas, promotoras do desenvolvimento econômico em
geral e da sua água doce, em particular".

A região metropolitana de São Paulo é um caso exemplar de má gestão dos


recursos hídricos. Água há. Basta verificar, em qualquer mapa da cidade, os
rios de bom tamanho como o Tietê e Pinheiros e mais de uma centena de rios
menores e córregos correndo por toda a região.

Há, ainda, várias represas de grande porte como a Guarapiranga e a Billings e


vastas áreas de mananciais que praticamente envolvem toda a metrópole. É,
sem dúvida, uma região naturalmente bem servida de água. Mas a falta de
planejamento e de responsabilidade tem provocado a contaminação dos rios,
córregos e represas e a ocupação desordenada das regiões de mananciais.

Um estudo desenvolvido pelo Instituto Socioambiental, em parceria com


diversas outras organizações não governamentais, mostrou que entre os anos
de 1989 e 1996 a bacia do Guarapiranga perdeu 15% de sua cobertura
vegetal, enquanto que o crescimento urbano foi da ordem de 50%.

Pior: mais de 60% da ocupação urbana registrada ocorreu em áreas que


possuem sérias ou severas restrições ambientais. São encostas íngremes,
regiões de aluvião ou várzea. Apenas 8,9% da mancha urbana se deu em
áreas favoráveis. Os movimentos de terra, tais como abertura de estradas e
terraplanagem, figuram no topo das ocorrências irregulares, respondendo por
21% dos 1 497 registros.

Para superar essa situação, é necessário substituir o modelo tecnocrata e


utilitarista que imperou até hoje na gestão dos recursos hídricos no Brasil. Um
modelo que ignora que a água de boa qualidade é um recurso finito e que
prioriza certos usos, como geração de energia, saneamento e transporte, em
detrimento de outros como abastecimento.

A importância da água para a vida

A água é o elemento fundamental para a existência da vida na Terra. Todos os


seres vivos dependem dela para sobreviver e para garantir a permanência da
espécie – a água sustenta a vida. Entretanto, apesar de toda a sua importância, a água é
um recurso que pode acabar e, por isso, exige cuidados em relação à quantidade de uso,
à sua qualidade, às suas fontes, à sua distribuição desigual pelo planeta, além de
planejamento e custeio de tratamento, de conservação e proteção.

Para a vida humana, inegavelmente a água é o elemento mais crítico e importante.

O peso corporal de uma pessoa é composto de 60 a 70% de água, a qual tem tanto a
função de regular a temperatura interna, quanto garantir o bom funcionamento de todas
as funções orgânicas, ou seja, do sistema circulatório, do sistema de absorção, do
sistema digestivo, de evacuação, etc.

O corpo humano adulto precisa, em média, de quatro


litros de água por dia para se manter saudável. Além disso, a água também é
indispensável para a preparação de mamadeiras, comidas, sucos, imprescindível para a
higiene pessoal e do ambiente. Assim, é dever de todos não permitir nenhum tipo de
desperdício e garantir uma água segura, com qualidade, pura e cristalina. Com a água o
homem e toda a sociedade podem suprir grande parte de suas necessidades. O seu
consumo permite uma vida mais confortável, a começar pelo ato de saciar a sede, de
prover alimentos, seja na agricultura, nas indústrias, nos restaurantes ou em cada
moradia.

A água também é indispensável para a geração de energia, para os transportes, a


recreação, a saúde e para o emprego da população. Para que o sistema de distribuição de
água funcione, é preciso que existam pessoas que construam e que façam a manutenção
permanente deste sistema (bombeiros hidráulicos, donos e/ou motoristas de carros-
pipas, profissionais capacitados para fazer o tratamento da água etc.)
A água cobre aproximadamente três quartos da superfície da Terra. 97,5% desse total é
formado de água salgada (oceanos e mares) e 2,5 %, de água doce. Desses 2,5%, a
maior parte (2,1%) está sob a forma sólida (gelo) nas regiões polares, ou em rios e lagos
subterrâneos, o que dificulta a ação do homem; e 0,4% é o que resta para ser utilizado
por nós. Apenas 0,4% estão disponíveis para o consumo direto. E o que pode ser ainda
mais grave é que não se sabe ao certo qual parte desses mananciais está livre de
contaminação (WEERELT, 2003).

Existe uma falsa idéia de que os recursos hídricos são infinitos. Realmente há muita
água no planeta, mas menos de 3% desse volume é formado por água doce, do qual
mais de 99% fica congelado nas regiões polares, o que dificulta a sua utilização pelo
homem.

7) Favela e cidade: as distancias sociais desapareceram?

Cortiços ou favelas têm sido, na história do Brasil, comunidades tidas


como lugares de exclusão social. Nos cortiços do Rio de Janeiro do
século 19, pobres, imigrantes e negros libertos foram mostrados pela
literatura de modo determinista, como criaturas consumidas pela
animalidade. Isso era suficiente para separar os "verdadeiros"
cidadãos dos excluídos. Entretanto, no século 20, as favelas emergem
com força político-social e se impõem ao mundo dito "organizado"
tanto do ponto de vista financeiro, quanto do ponto de vista social.
Hoje, no século 21, talvez tenhamos chegado a um ponto de
intersecção social diferente: quem é quem, se o mundo de todos é o
mesmo?

O glamour dos morros no mundo contemporâneo

Maquete usada por Hans Donner nas imagens de abertura da novela "Duas Caras"

Hoje, o processo da globalização na cultura de massa transformou a


vida na favela em comunidade exemplar, inserindo-a até em
telenovela. A favela da Portelinha (Duas Caras, Rede Globo, 2008)
não tem tiroteios nem assaltos nem drogas nem afrouxamento da
moral - imposta com autoridade de "coronel" por Juvenal Antena.
Seus moradores vão à universidade, são cineastas, políticos e
pequenos empresários. A cidade vai à favela, onde está o melhor
restaurante português, e negros e brancos, mesmo num país tão
miscigenado como o nosso, nunca se amaram tanto como na
polêmica telenovela de Aguinaldo Silva.

O acordar no cortiço naturalista

"Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava (...) das portas


surgiram cabeças congestionadas de sono.(...) Daí a pouco, em volta
das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de
machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente,
debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O
chão inundava-se. As mulheres (...), via-se-lhes a tostada nudez dos
braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo
para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não
molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e
esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando
contra as palmas da mão. As portas das latrinas não descansavam,
era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas..
Sentia-se (...) o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de
respirar sobre a terra.

("O Cortiço, Aluísio Azevedo, 1890).

Refavela

A refavela
Revela aquela
Que desce o morro e vem transar
O ambiente
Efervescente
De uma cidade a cintilar

("Refavela", Gilberto Gil, 1977)

Inspiração
A "Cadeira Favela" foi criada pelos premiados designers brasileiros,
Fernando e Humberto Campana, com sarrafos de madeira recolhidos
em vários lugares. Passou a ser produzida na Itália, pela empresa
Edra, em 2003.

A "Favela" apareceu em revistas de design internacionais e no jornal


"The New York Times". Também está em exposição no Museu
Georges Pompidou, em Paris, e no Museu de Arte Moderna, em Nova
York.

Favela e cidade: as distâncias sociais desapareceram?

As favelas sendo mostradas por novelas em horário nobre, exibindo o


seu dia-a-dia e tudo o que "supostamente" acontece lá, não é
novidade. Todos os dias nos deparamos, de um certo modo, com as
favelas do seu modo real, por jornais, revistas e noticiários e de um
jeito, diríamos, fictício, pelas novelas que querem mostrar o lado bom
de um lado ruim do país.

Toda favela e toda zona-sul tem seu lado favorável e desfavorável, e


não podemos nos deixar levar com a mídia os colocando como um
"mar-de-rosas". Na favela, indiscutivelmente, é outro mundo, é uma
comunidade na qual você deve pedir permissão para o "chefe" para
entrar em sua própria casa ao levar um acompanhante, o que
obviamente não acontece do lado de cá. Esse é um dos motivos pelos
quais os dois não podem se aproximar, se pelo menos quisessem.

Nas favelas, podemos contar com a "consciência social" das pessoas


que querem a melhoria da educação, da cultura e da saúde das
crianças que lá vivem. Essa parte fica com as ONGs que atendem aos
chamados da população de lá mesmo. Por outro lado, não é um ato
comum. Tendemos a ajudar igrejas, instituições de abrigo a crianças
abandonadas pelos pais, e azilos, o que nos leva a pensar que a
favela é esquecida de um certo modo.

As crianças já crescem na companhia de traficantes, de armas, de


policiais a todo momento. Já nascem adaptados a acordar com o
barulho de tiros, de gritos, de ver pessoas mortas no chão. Estão
alertos a toda hora. Do outro lado da moeda, é bem diferente; as
crianças são acompanhadas até a porta da escola, os porteiros as
protegendo.. e estão acostumados com o carro da polícia dando
segurança.. eles não estão lá para matar alguém, o que é diferente
na favela. Nela, todo o perigo está ali, e sai dali para "atacar" a
cidade. Isso não os dá conforto. A guerra pode vir a começar a
qualquer momento, e isso inclui bala perdida; de repente você esteve
com um amigo há minutos atrás, de repente ele foi morto a troco de
nada. As crianças são induzidas a fazer a segurança do local, com
pistolas maiores que elas na mão, e maiores que o sonho delas de
estarem se divertindo naquele momento, por drogas.

Essa é a nova sociedade que cresce ao redor das periferias. Um povo


que, desde criança, foi acostumado ao terror, esteve lado a lado a
morte. Nunca tiveram esperança, e se tiveram sonhos, foram
deixados pela violência. Quais são os planos de uma pessoa que
aprendeu a viver assim?

A favela é uma sociedade fechada, e necessita de uma atenção


especial. Todos nós merecemos dignidade onde quer que seja,
merecemos educação e saúde, merecemos ter motivação por um
ideal. É o que, moralmente, a diferencia da cidade. Se a favela se
aproximar da cidade, queremos ver um lugar melhor; com moradia a
todos, saúde e educação ao alcance da população, paz, e um
ambiente sadio para as crianças poderem brincar de bola na rua.

Comentário geral

A redação trata de vários aspectos da questão, como a violência, o


tráfico de drogas, o trabalho das organizações sociais, o cotidiano dos
moradores das favelas e as possíveis soluções para o problema. No
entanto, o texto não discute os assuntos de forma organizada,
misturando os tópicos em parágrafos confusos e mal articulados. A
redação ganharia qualidade e clareza com um cuidado maior na
apresentação dos temas. Além disso há problemas ortográficos e o
uso desnecessário de aspas e de hífens, que estão sublinhados.
Aspectos pontuais

1) A primeira frase do texto é bastante problemática do ponto de


vista gramatical. A estrutura "as favelas sendo mostradas (...) não é
novidade" não é gramaticalmente correta. Uma forma de contornar o
problema é inverter a ordem da oração. Observe a sugestão: "Não é
novidade ver uma novela mostrar em horário nobre o dia-a-dia de
uma favela e tudo o que supostamente acontece por lá."

2) No quarto parágrafo, temos um problema com o advérbio "alerta",


que deve ficar invariável. O correto, portanto, será: "Estão alerta a
toda hora."

3) Ainda no quarto parágrafo, na oração assinalada em vermelho, o


contexto do verbo "dar" é "dar conforto a eles", ou seja, "dar-lhes
conforto". O correto será: "Isso não lhes dá conforto."

Favela e cidade: as distâncias desapareceram?

Para sabermos se essa "distância" entre favela e cidade desapareceu,


temos que ver as diferenças entre elas. O que torna uma favela tão
diferente dos grandes centros das cidades, dos lugares bem
habitados?

Organização seria a palavra ideal, não existe um emaranhado de


casas nos centros das cidades, não existe casas comerciais para
todos os lados. O acesso para chegar às favelas é bem complicado, a
pé ou de carro, e sem falar da violência, que vemos todos os dias em
jornais, chacinas que acontecem em todos os lugares, até mesmo nos
lugares bem habitados das cidades. Mas não seremos hipócritas
falando que a violência em uma favela é igual a violência nos centros
das cidades, é bem diferente. A maioria das favelas tem seus
"donos", onde eles ditam às leis, onde cada morador sabe o que pode
falar e o que não pode, não seria absurdo se falássemos que é uma
ditadura.

Como pode ser dito que essa distância desapareceu? a distância só


está aumentando, as favelas cada vez mais populosas, e não está
ficando populosa por ser um lugar bom para moradia, está ficando
populosa pela desigualdade social que acompanha nosso país a
tantos anos. Morar em um bom bairro, com segurança, com
transporte, com um certo conforto, é caro, e a solução para os menos
favorecidos é favela, onde se dá o "jeitinho brasileiro" para tudo,
como gastos com água e com energia.

Enquanto o nosso colossal problema social não for resolvido, essa


distância irá ficar cada mais acentuada, o país irá se dividir, rua
dentro de rua, bairro dentro de bairro, cidade dentro de cidade,
cultura dentro dentro de cultura. E isso acontecendo, não vamos
adicionar coisas boas para as nossas vidas, vamos nos afastar cada
vez mais.

Comentário geral

Falta organização ao texto, bem como divisão de tópicos em


parágrafos. A redação toca em vários assuntos de forma
desordenada: organização do espaço, dificuldade de acesso, a
violência, o poder dentro das favelas. Há ainda problemas de
ortografia e de acentuação, que estão sublinhados. É possível usar
aspas para indicar que a distância à qual ou autor se refere não é
uma distância física, mas, se ele fez isso no primeiro parágrafo, por
uma questão de coerência, deveria ter feito também no título.

Aspectos pontuais

1) No segundo parágrafo temos um problema de forma e outro de


conteúdo. Observe: Há um problema de concordância entre sujeito
("casas comerciais") e predicado ("existem"). O correto é: "não
existem casas comerciais para todos os lados". O problema de
conteúdo é que, evidentemente, "existem" casas comerciais no
centro da cidade. Com certeza o autor se refere à desorganização do
comércio nas favelas.

2) Observe no segundo parágrafo o emprego inadequado da


preposição "onde", que significa "em que lugar". Uma sugestão para
reescrever o texto será: "A maioria das favelas tem seus donos, que
ditam às leis; cada morador sabe o que pode falar e o que não pode
(...)."

3) Observe a conclusão do texto. Todo o trecho assinalado em


vermelho parece um acréscimo apenas ornamental ao texto, sem
acrescentar informação relevante ou alguma idéia importante.

8) Lei anti-fumo
SP proíbe cigarros em ambientes fechados de uso coletivo

No dia 7 de agosto, o Estado de São Paulo dará um importante passo em defesa da


saúde pública. Com a entrada em vigor da nova legislação antifumo, fica proibido fumar
em ambientes fechados de uso coletivo como bares, restaurantes, casas noturnas e
outros estabelecimentos comerciais. Mesmo os fumódromos em ambientes de trabalho e
as áreas reservadas para fumantes em restaurantes ficam proibidas. A nova legislação
estabelece ambientes 100% livres do tabaco.

A medida acompanha uma tendência internacional de restrição ao fumo, já adotada em


cidades como Nova York, Londres, Paris e Buenos Aires. Inúmeros estudos realizados
comprovaram os males do cigarro não apenas para quem fuma, mas também para
aqueles que se vêem expostos à fumaça do cigarro. É principalmente a saúde do
fumante passivo que a nova lei busca proteger. Segundo dados da OMS (Organização
Mundial de Saúde), o fumo passivo é a terceira maior causa de mortes evitáveis no
mundo.

A nova lei restringe, mas não proíbe o ato de fumar. O cigarro continua autorizado
dentro das residências, das vias públicas e em áreas ao ar livre. Estádios de futebol
também estão liberados, assim como quartos de hotéis e pousadas, desde que estejam
ocupados por hóspedes. A responsabilidade por garantir que os ambientes estejam livres
de tabaco será dos proprietários dos estabelecimentos. Os fumantes não serão alvo da
fiscalização.

Para evitar punições, os responsáveis pelos estabelecimentos devem adotar algumas


medidas. Entre elas, a fixação de cartazes alertando sobre a proibição, e a retirada dos
cinzeiros das mesas de bares e restaurantes como forma de desestimular que cigarros
sejam acesos. Devem, também, orientar seus clientes sobre a nova lei e pedir para que
não fumem. Caso alguém se recuse a apagar o cigarro, a presença da polícia poderá ser
solicitada.

Em caso de desrespeito à lei, o estabelecimento receberá multa, que será dobrada em


caso de reincidência. Se o estabelecimento for flagrado uma terceira vez, será
interditado por 48 horas. E, em caso de nova reincidência, a interdição será de 30 dias.

Ao proibir que se fume em ambientes fechados de uso coletivo, a lei antifumo


estabelece uma mudança de comportamento com reflexos diretos na saúde pública.
Mudança que será estimulada por campanhas educativas e fiscalizada pelo poder
público. E que terá na colaboração da população uma de suas principais armas.

Lei antifumo protege até fumantes, diz pesquisa do Incor

Estudo inédito em 710 locais da cidade de SP aponta redução de monóxido de carbono


no ar expelido por garçons que fumam
Uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto do Coração (Incor) do Hospital das
Clínicas de São Paulo aponta que a lei antifumo, que entrou em vigor há quatro meses
no Estado, ajuda a proteger até a saúde de pessoas que fumam, já que elas não estão
mais expostas à fumaça do cigarro em ambientes fechados de uso coletivo.

O trabalho do Incor é o primeiro no mundo a utilizar a variável biológica, o monóxido


de carbono, como indicador de redução de risco de exposição ambiental à fumaça do
cigarro.

Foram realizadas medições de monóxido de carbono em 710 estabelecimentos da


capital paulista, entre bares, restaurantes e casas noturnas, em dois momentos: antes de a
lei entrar em vigor e ao final de três meses após o início da restrição, para avaliar as
concentrações do poluente no ar dos ambientes, em garçons fumantes e em não-
fumantes.

Os resultados apontaram o ar expelido por garçons fumantes, que apresentou nível


médio de monóxido de carbono de 14 ppm (partes por milhão) antes da vigência da lei,
passou para 9 ppm doze semanas depois, o que representa redução de 35,7%.

Para os garçons que não fumam, o impacto positivo foi ainda maior, passando de um
índice de 7 ppm (equivalente ao de fumantes leves) para 3 ppm (nível de não fumante).

Já a medição realizada para verificar a poluição tabágica ambiental o nível médio de


monóxido de carbono nos estabelecimentos caiu de 5 ppm para apenas 1. "Isso significa
sair de um período de horas parado em um túnel congestionado de carros e ir
diretamente para um parque arborizado", afirma Jaqueline Scholz Issa, cardiologista do
Incor e coordenadora da pesquisa.

Em ambientes parcialmente fechados e abertos, a medição apontou níveis médios de 4


ppm e 3 ppm, respectivamente, antes de a lei entrar em vigor. Doze semanas depois, os
mesmos locais apresentaram registros médios de apenas 1 ppm de monóxido de carbono
no ambiente. "Esses resultados enterram de vez o conceito de fumódromo. Não há
ambiente seguro para o ser humano com qualquer concentração de fumaça do cigarro no
ar", ressalta a médica.

No organismo humano, o monóxido de carbono concorre com o oxigênio - isso


significa menor oxigenação do sangue, células e tecidos e, consequentemente, maior
oxidação no organismo. Aos poucos, essa condição metabólica acelera o
envelhecimento do endotélio, que é a camada de células que formam a parede de vasos
e artérias do corpo humano.

Num processo em cascata, surgem inflamações e obstruções dessas vias de passagem do


sangue no organismo, que, nessa condição, não conseguem alimentar de oxigênio e
nutrientes as células, tecidos e órgãos do corpo humano. Esse processo de
envelhecimento acelerado dos vasos é conhecido como aterosclerose e sua evolução
leva à ocorrência de infarto do miocárdio e de acidente vascular cerebral, além de
trombose em membros diversos.

"Esse estudo demonstra claramente os benefícios da lei paulista que restringe o cigarro
em ambientes fechados, protegendo as pessoas da fumaça nociva do tabaco. Trata-se de
uma vitória da saúde pública e um exemplo a ser seguido", afirma o secretário de
Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.

73% dos fumantes estão satisfeitos com a lei antifumo

Aprovação da legislação entre os paulistas atinge 96%, segundo pesquisa do Ibope

Pesquisa do Ibope realizada a pedido do governo do Estado de São Paulo aponta que
73% dos paulistas que fumam estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a lei antifumo
paulista, em vigor desde agosto do ano passado.

Foram ouvidas cerca de 800 pessoas, no período de 22 a 27 de julho, em todo o


Estado. A nota média dada à lei pelos próprios fumantes foi 9,2, muito próxima à
concedida pelos não-fumantes entrevistados na pesquisa, que foi de 9,5.

No total, 91% dos ouvidos pelo Ibope consideram a lei antifumo como boa ou
ótima, 4% disseram que ela é regular, 1% classificaram como ruim e apenas 3% como
péssima. Entre os fumantes o índice de bom e ótimo chegou a 83%.

Quando perguntados sobre a vantagem da lei, 29% dos entrevistados disseram que
ela protege as pessoas da fumaça nociva do tabaco, e 25% ressaltaram que a medida
melhorou a qualidade do ar em bares e restaurantes. Para 29% dos entrevistados, a
legislação protege inclusive a saúde das pessoas que fumam. Dez por cento
responderam que a lei melhorou a vida pessoal delas.
A pesquisa revelou ainda que quase a metade (49%) dos fumantes informaram
estarem fumando menos em razão da lei antifumo. Entre as mulheres fumantes, 55%
reduziram o número de cigarros depois que a legislação entrou em vigor.

"Os resultados refletem o acerto de uma legislação que veio para ficar. A lei
antifumo pegou porque a grande maioria dos paulistas entendeu se tratar de uma medida
de saúde pública, que combate o tabagismo passivo em ambientes fechados de uso
coletivo", diz o secretário de Estado da Saúde, Nilson Ferraz Paschoa.

Balanço

A lei antifumo paulista completou um ano em vigor em 7 de agosto deste ano com
99,78% de adesão por parte dos estabelecimentos. Em 12 meses os agentes da
Vigilância Sanitária Estadual e do Procon realizaram 360,7 mil inspeções por todo o
Estado e aplicaram 822 multas, o que representa apenas 0,22% de descumprimento.

Males

Mulheres

No começo da década de 80 foi divulgado o célebre estudo de Hirayama, no Japão, que


avaliava a incidência de câncer de pulmão em pessoas que nunca haviam fumado. Esse
estudo pioneiro, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa do Centro Nacional de Câncer,
avaliando mais de 100 mil mulheres, demonstrou que esposas de fumantes
apresentavam incidência dobrada de câncer pulmonar, quando comparadas às mulheres
casadas com não fumantes.

Exposição de mulheres não fumantes ao fumo passivo, durante a gravidez, pode causar
redução no crescimento fetal. Também existem evidências de que a exposição pós-natal
de crianças ao fumo passivo contribui para o risco de síndrome de morte súbita infantil.

Quando a mulher fuma durante a gravidez, aumenta o risco de abortos espontâneos,


nascimentos prematuros, bebês de baixo peso e de mortes fetais.

Crianças

A criança pode ser um fumante passivo desde a vida intra-uterina se a mãe ou algum
outro agregado da casa for consumidor de cigarro. Essas crianças, vivendo em ambiente
poluído pelo tabaco, passam a sofrer vários tipos de prejuízos, porque são
particularmente sensíveis à poluição atmosférica provocada pela fumaça do cigarro.
O bebê que respira a fumaça do cigarro apresenta um risco maior do que os bebês de
mães que não fumam de desenvolver bronquite, pneumonia e infecções respiratórias em
geral. Os filhos cujas mães fumam durante a gestação tem maiores riscos de prejuízos
no desenvolvimento, que pode se refletir no rendimento escolar.

Doenças

Mortes por doenças do coração, bem como aquelas provocadas por doenças do pulmão
e câncer da cavidade nasal, também têm sido associadas à exposição ao fumo passivo.

O tabagismo passivo é uma combinação complexa de mais de 4.700 substâncias


químicas na forma de partículas e gases, incluindo irritantes e tóxicos sistêmicos tais
como cianeto de hidrogênio, dióxido sulfúrico, monóxido de carbono, amônia, e
formaldeído. A fumaça de segunda mão também contém carcinógenos e mutagênicos
tais como arsênico, cromo, nitrosamidas e benzopireno, sendo que muitas dessas
substâncias químicas são tóxicas reprodutivas, tais como a nicotina, cadmium e
monóxido de carbono.

A fumaça do cigarro também é uma importante fonte de poluição do ar interno,


causando efeitos imediatos em fumantes passivos e ativos, tais como irritação ocular e
nasal, dor de cabeça, dor de garganta, vertigem, náusea, tosse e problemas respiratórios.

9) Importância da doação de órgãos

Doação de Órgãos – Decisão pela Vida

Uma nova chance de vida tem sido possível para muitas pessoas
através do avanço científico dos transplantes. O Brasil é o segundo
país do mundo em números absolutos na realização de transplantes,
mas a realidade da fila de espera – última alternativa de vida para
muitos – ainda demonstra o quanto é preciso que mais e mais
pessoas se sensibilizem para o problema.

A doação de órgãos tem sido um assunto amplamente divulgado nos


últimos tempos. E não é para menos. Até mesmo a escola de samba
Mocidade de Padre Miguel, em 2003, tratou do tema em pleno
sambódromo carioca com o objetivo de divulgar a importância da
doação de órgãos.

Vida nova

O comerciário baiano Valdoeny de Novaes Franco, 39 anos, é um


exemplo vivo dessa importância. Natural de Valença, casado e pai de
dois filhos, Valdoeny sofria de cirrose por vírus C da Hepatite. Além da
cirrose, teve diagnosticado um tumor no fígado. Durante três meses
ele apostou na vida integrando a lista de espera por um transplante
hepático. Sem a cirurgia, a sua expectativa de vida era de algo em
torno de 18 meses. “Todos nós sabemos que um dia vamos morrer,
mas é difícil encarar uma data certa para isso acontecer”, conta
Valdoeny.

Em dezembro de 2001, a tão esperada notícia chegou – um jovem de


24 anos havia morrido de traumatismo craniano num acidente de
motocicleta e a família optou pela doação dos órgãos. Valdoeny foi o
primeiro paciente submetido a transplante hepático na Bahia. A
cirurgia foi realizada no Hospital Português, pelo SUS, e ele recebeu
alta hospitalar no dia 11 de janeiro de 2002. Até hoje, Valdoeny
comparece com alegria a todas as consultas e exames de
acompanhamento. “Não tinha condições financeiras de fazer o
transplante fora da Bahia, mas nunca perdi a esperança”, explicou.
Hoje, ele é um grande incentivador da doação de órgãos e, sempre
que é convidado, participa de eventos para demonstrar que outros
casos como o seu podem ser realidade se mais pessoas forem a favor
da doação.

Ato, processo ou efeito de doar alguma coisa. Esse é o significado da


palavra doação presente no Dicionário Houaiss da língua portuguesa.
Quando pensamos em vida associamos, entre tantas coisas, à doação
de sangue e de órgãos. Este ato representa continuidade e
renascimento para muitos cidadãos que aguardam em fila por um
transplante de órgão ou que necessitam de transfusão de sangue em
unidades de tratamento intensivo por motivos de doença ou
acidentes de trânsito. Mas, quando se trata da doação, ainda
encontramos cidadãos apreensivos em doar.

A confirmação se deu através de pesquisa intitulada Saúde, Vida e


Valores, divulgada em maio pelo Instituto Maurício de Nassau,
entidade mantida pelo Grupo Universitário Maurício de Nassau. Mais
de 800 pessoas foram entrevistadas e, desse volume, 95% se
mostrou a favor da doação de sangue. Porém, quando questionados
se já haviam doado sangue, apenas 30,1% responderam sim. E
somente 10,4% doaram para pessoas conhecidas. Quando
perguntados sobre quem pretende doar sangue, 23% afirmaram com
veemência que não. Para a doação de órgãos e tecidos, as chances
dos receptores aumentam quando a família, mesmo abatida em
enfrentar a perda brusca de um ente querido, manifesta o desejo do
parente, que em vida, optou por ser um doador. O acréscimo em
doações está nos dados da Central de Transplantes de Pernambuco,
que apontam para um aumento de 600% no número de doações, no
período de 1995 a 2008.

Esse aumento é fruto do desenvolvimento de campanhas, a exemplo


da ação realizada pela Faculdade Maurício de Nassau, que lançou
campanha para sensibilizar 30 mil alunos com o objetivo de
conscientizá-los sobre a importância de se mostrar ainda em vida o
desejo de doar órgãos. Documentos foram distribuídos para os alunos
que consultaram suas famílias e expressaram o desejo de serem
doadores de órgãos e tecidos para fins de transplantes. A mesma
pesquisa do Instituto Maurício de Nassau também ouviu a população
acerca da doação de órgãos. Neste caso, 84% expressaram o desejo
de doar, porém, quando perguntados 54,9% disse que não é doador
de órgãos. Essa postura precisa ser quebrada e substituída por
participação espontânea, que independa de campanhas educativas e
sensibilizadoras.

O estoque do banco de sangue da Fundação Hemope necessita de


reposições diárias para devolver esperança a pacientes que
aguardam por doação. Todo cidadão pode ligar para o número: 0800-
811535 e fazer um ato de cidadania e solidariedade. O incentivo para
esse gesto voluntário pode ser feito por você para os seus familiares
e amigos. Salve a vida de quem deposita esperanças nesta atitude

10) O trânsito como indicador da situação da sociedade brasileira


O trânsito é um indicador perfeito para mensurar como anda a sociedade
brasileira. Reflete a violência, o desrespeito à legislação, a desvalorização do
próximo, o egoísmo e o famoso “jeitinho brasileiro”.

Nada poderia demonstrar com mais exatidão quais são os defeitos principais
dessa sociedade. Trânsito em condições seguras, é um direito de todos e
dever dos órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito, cabendo-lhes
adotar medidas destinadas a assegurar esse direito a todos.

A cada ano, os números relativos a mortes em incidentes de trânsito tornam-se


mais assustadores. Cerca de 500 mil mortos por ano é mais que qualquer
guerra atualmente em disputa no mundo. Por outro lado, ações para melhoria
do trânsito devem ser desenvolvidas através do trinônimo: Fiscalização,
engenharia de tráfego e educação, ressaltando, porém que apenas campanhas
de conscientização não vão diminuir as mortes no trânsito.

Segundo o Professor Paulo Afonso Caruso Ronca, hábitos de respeitar as


regras de trânsito, não nascem por decretos, por simples leis ou por pesadas
multas. Emergem da consciência pessoal e coletiva, de personalidades bem
formadas, da responsabilidade das ações do Estado, dos meios de
comunicação e de ações da comunidade.

A sociedade utilizando-se do “jeitinho brasileiro” arruma soluções para tudo,


onde não há lugar para estacionar, o brasileiro criativo estaciona em local
proibido; sempre com pressa, e diante do sinal fechado, imagina que o
vermelho significa “siga em frente”, sem se preocupar com as conseqüências
daquele ato, muitas vezes provando tragédias meio ao “pequeno” desrespeito a
legislação do trânsito.

Pessoas morrem todos os dias vitimas ou autores do descumprimento das leis


e sinalizações nas cidades brasileiras. Somos reféns de motoristas
imprudentes e muitas vezes embriagados, levando-nos a acreditar que não
basta apenas uma boa sinalização e regras claras de trânsito, é preciso investir
mais na educação.

As principais causas desse trânsito caótico são atribuídas ao despreparo de


muitos motoristas, a falta de educação de outros, ao pouco efetivo policial para
punir infratores, a escassez de campanhas educativas contínuas, a
precariedade de algumas vias entre outros.

Porém é oportuno frisar, que o principal erro da sociedade está em acreditar


que uma lei é facultativa quando não há alguém próximo para fiscalizar seu
cumprimento. Sempre que não houver um agente da lei por perto, haverá a
tendência de que absurdos ocorram, pois o respeito ao próximo é substituído
pelo temor à multa.

A solução não é fácil e, nem imediata, porém você, está sendo convidado a
participar dessa mudança, como multiplicador da idéia de um trânsito seguro ,
seja sempre um defensor da legislação, com respeito às regras, às leis
específicas e a boa convivência social, afinal a vida humana é uma
preciosidade única.

O trânsito é o indicador mais perfeito de como anda a sociedade


brasileira. Reflete a violência, o desprezo pelas leis, arrogância
néscia, o desrespeito para com o próximo, o egoísmo e o “jeitinho
brasileiro”. Nada poderia demonstrar com mais exatidão quais são os
defeitos principais desse povo e apontar melhor caminho para corrigi-
lo.

A cada ano, os números relativos a mortes em incidentes (muitos


chamados erroneamente de “acidentes”) de trânsito tornam-se mais
assustadores. Cerca de 500 mil mortos por ano é mais que qualquer
guerra atualmente em disputa no Mundo. Poucos países vivenciam a
experiência de produzirem centenas de milhares de novos assassinos
anualmente. Quanto mais, acharem isso normal.

O brasileiro, tão criativo, orgulhoso de seu “jeitinho” que arruma


soluções para tudo não parece perceber que, contra regras não deve
haver jeitinho. Não há lugar para estacionar, o brasileiro criativo
estaciona em local proibido. O brasileiro criativo está com pressa,
mas o sinal está fechado, o imagina que o vermelho significa “siga
em frente”.

O egoísmo, personalizado no “jeitinho”, consiste em não reconhecer


que há diversos outros semelhantes que compartilham das vias
públicas e mereceriam igual respeito. Ao pensar que sua pressa ou
sua comodidade são prioritárias, torna-se vítima igualmente de outros
que assim pensam. Todos somos reféns dos motoristas embriagados,
imprudentes, que nos “cortam” ou que estacionam em frente a
nossas garagens.

Fora a violência dos próprios incidentes, quantos crimes não


começaram com discussões no trânsito? Tantos quantos começaram
em brigas de vizinhos, brigas em boate e situações banais, que
refletem a índole agressiva de um povo.

Volta e meia, constato que, sempre na mesma esquina, um ônibus


tenta fazer a conversão e um condutor, desrespeitando a marcação
sob a sinaleira, avança e impede a curva do veículo maior. Se aquela
sinalização está lá e todos os dias o coletivo tem dificuldades em
dobrar, prova-se que a existência não só dela como de todas as
medidas de prevenção têm um motivo de existir. É muita pretensão
imaginar que somos mais “espertos” que os milhares de anos de
civilização que construíram cada regra com uma finalidade.

Igualmente, costuma crer o brasileiro, uma lei é facultativa quando


não há alguém próximo para fiscalizar seu cumprimento. Sempre que
não houver um agente da lei por perto, haverá a tendência de que
absurdos ocorram, pois o respeito ao próximo é substituído pelo
temor à multa.

Como resolver isso? Matar todos os motoristas imprudentes antes que


matem outros? Não dá. Gastar fortunas enfiando agentes de trânsito
em cada esquina 24 horas por dia? Muito caro. Quintuplicar as
multas? Talvez. Educar desde pequeno, como uma filosofia para
todas as áreas da vida? Com certeza!

11) Violência contra a mulher

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Renato Ribeiro Velloso

Na esfera jurídica, violência significa uma espécie de coação, ou forma de


constrangimento, posto em prática para vencer a capacidade de resistência de outrem,
ou a levar a executá-lo, mesmo contra a sua vontade. É igualmente, ato de força
exercido contra as coisas, na intenção de violentá-las, devassá-las, ou delas se apossar.

Existem vários tipos de armas utilizadas na violência contra a mulher, como: a lesão
corporal, que é a agressão física, como socos, pontapés, bofetões, entre outros; o estupro
ou violência carnal, sendo todo atentado contra o pudor de pessoa de outro sexo, por
meio de força física, ou grave ameaça, com a intenção de satisfazer nela desejos
lascivos, ou atos de luxúria; ameaça de morte ou qualquer outro mal, feitas por gestos,
palavras ou por escrito; abandono material, quando o homem, não reconhece a
paternidade, obrigando assim a mulher, entrar com uma ação de investigação de
paternidade, para poder receber pensão alimentícia.

Mas nem todos deixam marcas físicas, como as ofensas verbais e morais, que causam
dores,que superam, a dor física. Humilhações, torturas, abandono, etc, são considerados
pequenos assassinatos diários, difíceis de superar e praticamente impossíveis de
prevenir, fazendo com que as mulheres percam a referencia de cidadania.

A violência contra a mulher, não esta restrita a um certo meio, não escolhendo raça,
idade ou condição social. A grande diferença é que entre as pessoas de maior poder
financeiro, as mulheres, acabam se calando contra a violência recebida por elas, talvez
por medo, vergonha ou até mesmo por dependência financeira.

Atualmente existe a Delegacia de Defesa da Mulher, que recebe todas as queixas de


violência contra as mulheres, investigando e punindo os agressores. Como em toda a
Polícia Civil, o registro das ocorrências, ou seja, a queixa é feita através de um Boletim
de Ocorrência, que é um documento essencialmente informativo, todas as informações
sobre o ocorrido visam instruir a autoridade policial, qual a tipicidade penal e como
proceder nas investigações.

Toda a mulher violentada física ou moralmente, deve ter a coragem para denunciar o
agressor, pois agindo assim ela esta se protegendo contra futuras agressões, e serve
como exemplo para outras mulheres, pois enquanto houver a ocultação do crime
sofrido, não vamos encontrar soluções para o problema.

A população deve exigir do Governo leis severas e firmes, não adianta se iludir achando
que esse é um problema sem solução. Uma vez violentada, talvez ela nunca mais volte a
ser a mesma de outrora, sua vida estará margeada de medo e vergonha, sem amor
próprio, deixando de ser um membro da comunidade, para viver no seu próprio mundo.

A liberdade e a justiça, são um bem que necessita de condições essenciais para que
floresça, ninguém vive sozinho. A felicidade de uma pessoa esta em amar e ser amada.
Devemos cultivar a vida, denunciando todos os tipos de agressões (violência) sofridas.

O que é violência contra a mulher?

Na definição da Convenção de Belém do Pará (Convenção


Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a
Mulher, adotada pela OEA em 1994), a violência contra a mulher é
“qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano
ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera
pública como na esfera privada”.

“A violência contra as mulheres é uma manifestação de relações de


poder historicamente desiguais entre homens e mulheres que
conduziram à dominação e à discriminação contra as mulheres pelos
homens e impedem o pleno avanço das mulheres...”

Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres,


Resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas, dezembro de
1993.
A Conferência das Nações Unidas sobre Direitos Humanos (Viena,
1993) reconheceu formalmente a violência contra as mulheres como
uma violação aos direitos humanos. Desde então, os governos dos
países-membros da ONU e as organizações da sociedade civil têm
trabalhado para a eliminação desse tipo de violência, que já é
reconhecido também como um grave problema de saúde pública.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), “as conseqüências


do abuso são profundas, indo além da saúde e da felicidade individual
e afetando o bem-estar de comunidades inteiras.”

De onde vem a violência contra a mulher?

Ela acontece porque em nossa sociedade muita gente ainda acha que
o melhor jeito de resolver um conflito é a violência e que os homens
são mais fortes e superiores às mulheres. É assim que, muitas vezes,
os maridos, namorados, pais, irmãos, chefes e outros homens acham
que têm o direito de impor suas vontades às mulheres.

Embora muitas vezes o álcool, drogas ilegais e ciúmes sejam


apontados como fatores que desencadeiam a violência contra a
mulher, na raiz de tudo está a maneira como a sociedade dá mais
valor ao papel masculino, o que por sua vez se reflete na forma de
educar os meninos e as meninas. Enquanto os meninos são
incentivados a valorizar a agressividade, a força física, a ação, a
dominação e a satisfazer seus desejos, inclusive os sexuais, as
meninas são valorizadas pela beleza, delicadeza, sedução,
submissão, dependência, sentimentalismo, passividade e o cuidado
com os outros.

Por que muitas mulheres sofrem caladas?

Estima-se que mais da metade das mulheres agredidas sofram


caladas e não peçam ajuda. Para elas é difícil dar um basta naquela
situação. Muitas sentem vergonha ou dependem emocionalmente ou
financeiramente do agressor; outras acham que “foi só daquela vez”
ou que, no fundo, são elas as culpadas pela violência; outras não
falam nada por causa dos filhos, porque têm medo de apanhar ainda
mais ou porque não querem prejudicar o agressor, que pode ser
preso ou condenado socialmente. E ainda tem também aquela idéia
do “ruim com ele, pior sem ele”.

Muitas se sentem sozinhas, com medo e vergonha. Quando pedem


ajuda, em geral, é para outra mulher da família, como a mãe ou irmã,
ou então alguma amiga próxima, vizinha ou colega de trabalho. Já o
número de mulheres que recorrem à polícia é ainda menor. Isso
acontece principalmente no caso de ameaça com arma de fogo,
depois de espancamentos com fraturas ou cortes e ameaças aos
filhos.

O que pode ser feito?

As mulheres que sofrem violência podem procurar qualquer


delegacia, mas é preferível que elas vão às Delegacias Especializadas
de Atendimento à Mulher (DEAM), também chamadas de Delegacias
da Mulher (DDM). Há também os serviços que funcionam em hospitais
e universidades e que oferecem atendimento médico, assistência
psicossocial e orientação jurídica.

A mulher que sofreu violência pode ainda procurar ajuda nas


Defensorias Públicas e Juizados Especiais, nos Conselhos Estaduais
dos Direitos das Mulheres e em organizações de mulheres.

Como funciona a denúncia

Se for registrar a ocorrência na delegacia, é importante contar tudo


em detalhes e levar testemunhas, se houver, ou indicar o nome e
endereço delas. Se a mulher achar que a sua vida ou a de seus
familiares (filhos, pais etc.) está em risco, ela pode também procurar
ajuda em serviços que mantêm casas-abrigo, que são moradias em
local secreto onde a mulher e os filhos podem ficar afastados do
agressor.

Dependendo do tipo de crime, a mulher pode precisar ou não de um


advogado para entrar com uma ação na Justiça. Se ela não tiver
dinheiro, o Estado pode nomear um advogado ou advogada para
defendê-la.

Muitas vezes a mulher se arrepende e desiste de levar a ação


adiante.

Em alguns casos, a mulher pode ainda pedir indenização pelos


prejuízos sofridos. Para isso, ela deve procurar a Promotoria de
Direitos Constitucionais e Reparação de Danos.

Violência contra idosos, crianças e mulheres negras - além das


Delegacias da Mulher, a Delegacia de Proteção ao Idoso e o GRADI
(Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância) também
podem atender as mulheres que sofreram violência, sejam elas
idosas ou não-brancas, homossexuais ou de qualquer outro grupo que
é considerado uma “minoria”. No caso da violência contra meninas,
pode-se recorrer também às Delegacias de Proteção à Criança e ao
Adolescente.

Tipos de violência

Violência contra a mulher - é qualquer conduta - ação ou omissão - de


discriminação, agressão ou coerção, ocasionada pelo simples fato de
a vítima ser mulher e que cause dano, morte, constrangimento,
limitação, sofrimento físico, sexual, moral, psicológico, social, político
ou econômico ou perda patrimonial. Essa violência pode acontecer
tanto em espaços públicos como privados.

Violência de gênero - violência sofrida pelo fato de se ser mulher, sem


distinção de raça, classe social, religião, idade ou qualquer outra
condição, produto de um sistema social que subordina o sexo
feminino.

Violência doméstica - quando ocorre em casa, no ambiente


doméstico, ou em uma relação de familiaridade, afetividade ou
coabitação.

Violência familiar - violência que acontece dentro da família, ou seja,


nas relações entre os membros da comunidade familiar, formada por
vínculos de parentesco natural (pai, mãe, filha etc.) ou civil (marido,
sogra, padrasto ou outros), por afinidade (por exemplo, o primo ou tio
do marido) ou afetividade (amigo ou amiga que more na mesma
casa).

Violência física - ação ou omissão que coloque em risco ou cause


dano à integridade física de uma pessoa.

Violência institucional - tipo de violência motivada por desigualdades


(de gênero, étnico-raciais, econômicas etc.) predominantes em
diferentes sociedades. Essas desigualdades se formalizam e
institucionalizam nas diferentes organizações privadas e aparelhos
estatais, como também nos diferentes grupos que constituem essas
sociedades.

Violência intrafamiliar/violência doméstica - açontece dentro de casa


ou unidade doméstica e geralmente é praticada por um membro da
família que viva com a vítima. As agressões domésticas incluem:
abuso físico, sexual e psicológico, a negligência e o abandono.

Violência moral - ação destinada a caluniar, difamar ou injuriar a


honra ou a reputação da mulher.

Violência patrimonial - ato de violência que implique dano, perda,


subtração, destruição ou retenção de objetos, documentos pessoais,
bens e valores.

Violência psicológica - ação ou omissão destinada a degradar ou


controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões de outra
pessoa por meio de intimidação, manipulação, ameaça direta ou
indireta, humilhação, isolamento ou qualquer outra conduta que
implique prejuízo à saúde psicológica, à autodeterminação ou ao
desenvolvimento pessoal.

Violência sexual - acão que obriga uma pessoa a manter contato


sexual, físico ou verbal, ou a participar de outras relações sexuais
com uso da força, intimidação, coerção, chantagem, suborno,
manipulação, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule ou
limite a vontade pessoal. Considera-se como violência sexual também
o fato de o agressor obrigar a vítima a realizar alguns desses atos
com terceiros.

Consta ainda do Código Penal Brasileiro: a violência sexual pode ser


caracterizada de forma física, psicológica ou com ameaça,
compreendendo o estupro, a tentativa de estupro, o atentado
violento ao pudor e o ato obsceno.

Fases da violência doméstica

As fases da situação de violência doméstica compõem um ciclo que


pode se tornar vicioso, repetindo-se ao longo de meses ou anos.

Primeiro, vem a fase da tensão, que vai se acumulando e se


manifestando por meio de atritos, cheios de insultos e ameaças,
muitas vezes recíprocos. Em seguida, vem a fase da agressão, com a
descarga descontrolada de toda aquela tensão acumulada. O
agressor atinge a vítima com empurrões, socos e pontapés, ou às
vezes usa objetos, como garrafa, pau, ferro e outros. Depois, é a vez
da fase da reconciliação, em que o agressor pede perdão e promete
mudar de comportamento, ou finge que não houve nada, mas fica
mais carinhoso, bonzinho, traz presentes, fazendo a mulher acreditar
que aquilo não vai mais voltar a acontecer.

É muito comum que esse ciclo se repita, com cada vez maior
violência e intervalo menor entre as fases. A experiência mostra que,
ou esse ciclo se repete indefinidamente, ou, pior, muitas vezes
termina em tragédia, com uma lesão grave ou até o assassinato da
mulher.

Homens e a violência contra a mulher

A violência é muitas vezes considerada como uma manifestação


tipicamente masculina, uma espécie de “instrumento para a
resolução de conflitos”.
Os papéis ensinados desde a infância fazem com que meninos e
meninas aprendam a lidar com a emoção de maneira diversa. Os
meninos são ensinados a reprimir as manifestações de algumas
formas de emoção, como amor, afeto e amizade, e estimulados a
exprimir outras, como raiva, agressividade e ciúmes. Essas
manifestações são tão aceitas que muitas vezes acabam
representando uma licença para atos violentos.

Existem pesquisas que procuram explicar a relação entre


masculinidade e violência através da biologia e da genética. Além da
constituição física mais forte que a das mulheres, atribui-se a uma
mutação genética a capacidade de manifestar extremos de
brutalidade e até sadismo.

Outros estudos mostraram que, para alguns homens, ser cruel é


sinônimo de virilidade, força, poder e status. “Para alguns, a prática
de atos cruéis é a única forma de se impor como homem”, afirma a
antropóloga Alba Zaluar, do Núcleo de Pesquisa das Violências na
Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Saiba mais sobre masculinidades e violência acessando os sites do


Instituto Promundo, Instituto Noos e Instituto Papai.

Violência e religião

A violência contra as mulheres é um fenômeno antiqüíssimo e


considerado o crime encoberto mais praticado no mundo.

“Tem sido legalizado, através dos tempos, por leis religiosas e


seculares, legitimado por diferentes culturas e por mitos da tradição
oral ou escrita.”

Fonte: Católicas pelo Direito de Decidir, Violência contra as mulheres,


2003.
Em seus cursos sobre a relação violência e religião, o grupo Católicas
pelo Direito de Decidir enfatiza que:

· A legitimidade que a religião tem dado à subordinação da


mulher não é essencialmente divina.

· Temos o direito de questionar e não aceitar aqueles


aprendizados teológicos e religiosos que fomentam o poderio do
homem e a subordinação da mulher, sustentando assim a violência.

· Deve-se “suspeitar” das imagens sagradas que possam estar


legitimando uma relação violenta e que possa estar motivando uma
eterna discriminação e desigualdade entre homens e mulheres.

Saiba mais sobre a relação entre violência e religião acessando o site


das Católicas pelo Direito de Decidir.

Violência e saúde (física e psicológica)

A violência contra a mulher, além de ser uma questão política,


cultural, policial e jurídica, é também, e principalmente, um caso de
saúde pública. Muitas mulheres adoecem a partir de situações de
violência em casa.

Muitas das mulheres que recorrem aos serviços de saúde, com


reclamações de enxaquecas, gastrites, dores difusas e outros
problemas, vivem situações de violência dentro de suas próprias
casas.

A ligação entre a violência contra a mulher e a sua saúde tem se


tornado cada vez mais evidente, embora a maioria das mulheres não
relate que viveu ou vive em situação de violência doméstica. Por isso
é extremamente importante que os/as profissionais de saúde sejam
treinadas/os para identificar, atender e tratar as pacientes que se
apresentam com sintomas que podem estar relacionados a abuso e
agressão.

Violência e saúde mental


A mulher não deve ser vista apenas como uma “vítima” da violência
que foi provocada contra ela, mas como elemento integrante de uma
relação com o agressor que ocorre em um contexto bastante
complexo, que às vezes se transforma em uma espécie de jogo em
que a “vítima” passa a ser “cúmplice”.

A mulher às vezes faz uma denúncia formal contra o agressor em


uma delegacia especializada para, logo depois, retirar a queixa.
Outras vezes, ela foge para uma casa-abrigo levando consigo as
crianças por temer por suas vidas e, algum tempo depois, volta ao
lar, para o convívio com o agressor. São situações que envolvem
sentimentos, forças inconscientes, fantasias, traumas, desejos de
construção e destruição, de vida e de morte.

Leia mais no artigo “Saúde mental e violência”, de Paula Francisquetti


no site do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, em pdf.

Leia sobre as conseqüências psicológicas da violência doméstica e da


violência sexual contra as mulheres.

Saiba mais sobre a relação entre violência e saúde em Violência


contra a mulher e saúde no Brasil e em Violencia, género y salud.

O custo econômico da violência doméstica

Segundo dados do Banco Mundial e do Banco Interamericano de


Desenvolvimento:

· Um em cada 5 dias de falta ao trabalho no mundo é causado


pela violência sofrida pelas mulheres dentro de suas casas.

· A cada 5 anos, a mulher perde 1 ano de vida saudável se ela


sofre violência doméstica.

· O estupro e a violência doméstica são causas importantes de


incapacidade e morte de mulheres em idade produtiva.

· Na América Latina e Caribe, a violência doméstica atinge entre


25% a 50% das mulheres.

· Uma mulher que sofre violência doméstica geralmente ganha


menos do que aquela que não vive em situação de violência.
· No Canadá, um estudo estimou que os custos da violência
contra as mulheres superam 1 bilhão de dólares canadenses por ano
em serviços, incluindo polícia, sistema de justiça criminal,
aconselhamento e capacitação.

· Nos Estados Unidos, um levantamento estimou o custo com a


violência contra as mulheres entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões ao
ano.

· Segundo o Banco Mundial, nos países em desenvolvimento,


estima-se que entre 5% a 16% de anos de vida saudável são perdidos
pelas mulheres em idade reprodutiva como resultado da violência
doméstica.

· Um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento


estimou que o custo total da violência doméstica oscila entre 1,6% e
2% do PIB de um país.

Violência sexual e DSTs/contracepção de emergência

A violência sexual expõe as mulheres e meninas ao risco de contrair


DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e de engravidar.

A violência e as ameaças à violência limitam a capacidade de


negociar o sexo seguro. Além disso, estudos mostraram que a
violência sexual na infância pode contribuir para aumentar as
chances de um comportamento sexual de risco na adolescência e
vida adulta.

Outra questão importante é que a revelação do status sorológico


(estar com o HIV) para o parceiro ou outras pessoas também pode
aumentar o risco de sofrer violência.

Cuidados após a violência sexual

Após a violência sexual a mulher (ou menina) pode contrair DSTs,


como HIV/AIDS, ou engravidar. Para prevenir essas ocorrências, o
Ministério da Saúde emitiu uma Norma Técnica (disponível no site do
Cfemea, em pdf) para orientar os serviços de saúde sobre como
atender as vítimas de violência sexual.
Mas, se mesmo assim ocorrer a gravidez, a mulher pode recorrer a
um serviço de aborto previsto em lei em hospital público. É um direito
incluído no Código Penal (artigo 128) e regulamentado pelo Ministério
da Saúde.

Assédio sexual

O assédio sexual é um crime que acontece em uma relação de


trabalho, quando alguém, por palavras ou atos com sentido sexual,
incomoda uma pessoa usando o poder que tem por ser patrão, chefe,
colega ou cliente.

Segundo o Código Penal - artigo 216-A, incluído pela Lei nº 10.224, de


15 de maio de 2001 - o crime de assédio sexual prevê pena de
detenção, de 1 a 2 anos.

Tráfico e exploração sexual de mulheres

No Brasil, a maioria das vítimas do tráfico de seres humanos são


mulheres, que abastecem as redes internacionais de prostituição.

Em 2002, a Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e


Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial (Pestraf)
identificou que as vítimas brasileiras das redes internacionais de
tráfico de seres humanos são, em sua maioria, adultas. Elas saem
principalmente das cidades litorâneas (Rio de Janeiro, Vitória,
Salvador, Recife e Fortaleza), mas há também casos nos estados de
Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Pará. Os destinos principais são a
Europa (com destaque para a Itália, Espanha e Portugal) e América
Latina (Paraguai, Suriname, Venezuela e Republica Dominicana).

A Pestraf foi coordenada pela professora Lúcia Leal, da Universidade


de Brasília (UnB), e serviu de ponto de partida para o trabalho pela
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso
Nacional realizado em 2003 e 2004.

Fonte: Ministério da Justiça. Mais informações:


traficosereshumanos@mj.gov.brEste endereço de e-mail está
protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado
para vê-lo.
Abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes

O número de denúncias aumentou bastante nos últimos anos, devido


a uma das principais ações de combate à violência sexual contra
crianças e adolescentes: a divulgação do disque-denúncia (0800-99-
0500), número do Sistema Nacional de Combate à Exploração Sexual
Infanto-Juvenil, mantido pela Associação Brasileira Multiprofissional de
Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia
<http://www.abrapia.org.br>).

Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil

Criado com o objetivo de implementar um conjunto articulado de


ações e metas para assegurar a proteção integral à criança e ao
adolescente em situação de risco de violência sexual, esse Plano
aponta mecanismos e diretrizes para a viabilização da política de
atendimento estabelecida no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Para o acompanhamento da implantação e implementação das ações


do Plano Nacional, foi criado o Fórum Nacional pelo Fim da Violência
Sexual de Crianças e Adolescentes, que reúne organizações do
governo e da sociedade que atuam na prevenção e no combate à
violência sexual contra crianças e adolescentes.

Mais informações com o Cecria - Centro de Referência, Estudos e


Ações sobre Crianças e Adolescentes.

Violência contra as mulheres negras e indígenas

No Brasil, as mulheres negras e indígenas carregam uma pesada


herança histórica de abuso e violência sexual, tendo sido por séculos
tratadas como máquinas de trabalho e sexo, sem os direitos humanos
básicos.

Hoje, as mulheres negras e indígenas sofrem uma dupla


discriminação - a de gênero e a racial - acrescida de uma terceira, a
de classe, por serem em sua maioria mulheres pobres.

Todos esses fatores aumentam a vulnerabilidade dessas mulheres,


que muitas vezes enfrentam a violência não apenas fora, mas
também dentro de suas casas.
Saiba mais nos sites da Casa de Cultura da Mulher Negra e do
Instituto Socioambiental.

Violência contra as lésbicas

O fato de ser lésbica torna as mulheres homossexuais ainda mais


vulneráveis às diversas formas de violências cometidas contra as
mulheres.

“As jovens que se descobrem lésbicas, e que vivem com seus pais,
são as que mais sofrem violência. A família reprova a lesbianidade da
filha e procura impor a heterossexualidade como normalização da
prática sexual do indivíduo. Por serem destituídas de qualquer poder,
os pais buscam sujeitar e controlar o corpo das filhas lésbicas,
lançando mão de diferentes formas de violência, como os maus-tratos
físicos e psicológicos. E não faltam acusações, ameaças e, inclusive, a
expulsão de casa. As ocorrências de violência sempre têm o sentido
de dominação: é o exercício do poder, utilizado como ferramenta de
ensino, punição e controle.”

Fonte: Marisa FernandesEste endereço de e-mail está protegido


contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo. ,
“Violência contra as lésbicas”, Maria, Maria, nº 0.

Mais informações no site do Um Outro Olhar.

Violência contra as mulheres idosas

A discriminação contra a mulher começa na infância e vai até a


velhice. Em alguns casos, começa até mesmo antes do nascimento,
na seleção do sexo do embrião.

No caso da violência doméstica contra os idosos, a imensa maioria


das vítimas são mulheres. Segundo Maria Antonia Gigliotti, aos 77
anos, presidente do Conselho Municipal do Idoso da cidade de São
Paulo, isso “tem a ver com a lógica do sistema patriarcal, que
considera que a mulher vale menos do que o homem, não importa a
idade que ela tenha. Também conta o fator financeiro: as mulheres
idosas são normalmente bem mais pobres do que os homens idosos”.

Fonte: Unifem, Maria, Maria nº 0.

12) Aspectos positivos e negativos do texto publicitário


O TEXTO PUBLICITÁRIO EM REVISTAS, JORNAIS, OUTDOORS,
FOLHETOS, MALA DIRETA E OUTROS.
A imprensa
Grande parte da história da publicidade está ligada à imprensa. Com efeito, o jornal
foi, cronologicamente, o
primeiro grande veículo publicitário.

A imprensa constitui um meio de publicidade que se dirige essencialmente ao


indivíduo isolado. Os anúncios de imprensa atingem, aproximadamente, todas as
pessoas cujo padrão de vida está acima do nível de subsistência e que constituem,
pois, um mercado proveitoso para o anunciante.

Para melhor apreciarmos as virtudes e limitações da imprensa como veículo


publicitário separamos os
veículos em três categorias, a saber:
a. jornais;
b. revistas;
c. periódicos especializados.
Jornais

Há jornais de todas as tendências, desde os conservadores aos populares. Desde os que


fazem do comentário e da doutrinação seu prato de resistência aos que têm no
noticiário e na reportagem viva, sensacionalista, seu principal atrativo. Todos estes
fatores devem ser pesados ao escolher os órgãos mais aptos para uma campanha,
desde que este gênero de veículo o jornal - seja adequado à mesma.

Vejamos quais são as virtudes dos jornais.

a. Maleabilidade - o anúncio pode ser inserido, trocado ou cancelado de um momento para


outro. Pode também ser adaptado às condições locais de uma cidade ou região e levar o
nome de agentes ou revendedores de cada cidade.

b. Ação rápida e intensa - o estímulo do jornal tende a provocar uma reação mais
rápida. Permite
inserções mais freqüentes, de forma a imprimir intensidade à campanha.
c. Controle - é mais facilmente visto e controlado pelo revendedor local, o que ajuda a
aceitação do
produto pelo mesmo e o incentiva a cooperar na campanha de vendas.

As limitações dos jornais são as seguintes:

a. são lidos às pressas (excetuando-se aos domingos);

b. têm vida curta;

c. raros são os jornais que dão boa reprodução dos anúncios;

d. sua circulação é quase que exclusivamente local.


Em termos de Brasil, é o meio que apresenta maior tradição como mídia, alguns já
ultrapassando um século

de existência.

Segundo o censo de 1980, existiam no Brasil, àquela época, cerca de 1 .555 jornais,

sendo 301 diários.

O jornal é uma mídia seletiva por ter como natureza informar, analisar e comentar os

acontecimentos.

Sua circulação local é bem superior à das revistas.


Apresenta os seguintes aspectos negativos e positivos:

Credibilidade: devido ao papel desempenha, é o meio de maior credibilidade, dando
confiança à
mensagem;

Seletividade: sua audiência é constituída basicamente por públicos pertencentes à classe
AB, os
formadores de opinião;

Rapidez na veiculação de mensagem: pode-se autorizar hoje e ter o anúncio veiculado
na manhã
seguinte.
Aspectos negativos:

A não ser com algumas exceções, não permite o uso de cor, fatal nas campanhas onde
ela é
fundamental (por exemplo, mudança de embalagem);

Não permite boa cobertura nos segmentos de mercado como mulheres, donas-de-casa
e crianças;

Não permite a demonstração da ação.
Revistas

Nas classes de padrão de vida mais folgado é hábito a leitura de revistas. Há as que
apelam mais para o homem ou para a mulher, bem como as que circulam entre as
classes rica e média. Elas são por isso mesmo mais seletivas do que os jornais, no que
se refere ao sexo, categoria sócio-econômica e vocação, do leitor.

Têm maior expansão geográfica, circulando geralmente em todo o território nacional,


o que as torna
especialmente adequadas para as "campanhas de marca".
As suas vantagens são as seguintes:

a. permitem melhor reprodução dos anúncios e melhor aparência;

b. têm vida mais longa, são lidas com mais vagar, o que permite textos mais longos;

c. têm maior porcentagem de leitores por número, o que faz a circulação ser bem
maior do que a
tiragem;
d. são mais seletivas.

As suas limitações são:

a. não têm a maleabilidade dos jornais. Os anúncios têm que ser preparados com muita

antecedência;

b. representam grave desperdício nas campanhas estritamente locais.

Segundo o censo de 1980, existem no Brasil 851 revistas em circulação, sendo que as
revistas de - maior
expressão encontram-se nas editoras Abril, Bloch, Três, Visão e RGE.
Suas características básicas podem ser resumidas em três itens principais:

circulação nacional;

boa impressão em cores;

grande variedade de publicação quanto aos gêneros.
A revista, como mídia, ganhou força na década de 50 para 60, com as revistas
Cruzeiro e Manchete, que

chegaram a ultrapassar a tiragem de 1 milhão de exemplares.

Apresenta os seguintes aspectos positivos e negativos.

Aspectos positivos:


Adequação: permite adequação editorial à mensagem do produto devido à grande
variedade de
publicações;

Circulação nacional: permite cobrir, embora com pequena circulação local, toda
região brasileira
num único anúncio;

Seletividade: a revista permite a seletividade pelo seu custo (do exemplar na banca)
que requer da
parte do leitor maior recurso financeiro e pelo seu conteúdo editorial

Credibilidade: como no caso do jornal, desfruta de boa credibilidade, característica da
mídia
impressa.
Aspectos negativos:

Pouca circulação por região e conseqüentemente baixa cobertura;

Falta de rapidez na transmissão da mensagem (fator tempo).
Periódicos especializados

São aqueles que se dedicam exclusiva ou principalmente a um dado assunto


(Medicina, Engenharia, Agricultura, Finanças, etc.), ou de interesse exclusivo para
uma dada classe profissional ou vocacional - como, por exemplo, publicações
destinadas a lojistas, bancários, automobilistas, bem como revistas de moda, policiais,
infantis, etc.

Estes veículos não deverão ser julgados pela tiragem, mas sim pela qualidade de seus
leitores. O que interessa é saber se eles têm realmente boa circulação entre as classes a
que se destinam e se gozam de prestígio entre seus leitores.

Publicidade ao ar livre
A publicidade ao ar livre é conhecida como Outdoor Advertising, e compreende a
fixação de cartazes, painéis
e luminosos na via pública, bem como nos veículos de transportes coletivos, como
ônibus e trens.

A publicidade ao ar livre difere substancialmente das demais. Enquanto o folheto, o


rádio, a TV, etc. vão à residência do consumidor, o jornal e a revista são comprados de
motus próprio, o cartaz e o luminoso são percebidos de passagem, nas vias públicas,
mais ou menos casualmente.

Entretanto, pelo seu tamanho e pelas cores (e o luminoso pelo fulgor) exercem
impacto sobre o público e
pela repetida exibição conseguem influir, fixar uma mensagem breve e veicular uma
impressão.
Em tais condições é uma publicidade tipicamente para as massas, vista
indiscriminadamente por toda a
espécie de gente.
Suas características são as seguintes:
a. Maleabilidade - pode ser usada numa extensa região, numa cidade ou apenas num
bairro.
b. Oportunidade - pode ser usada nos momentos mais precisos e ter a mensagem
substituída logo que
necessário.
c. Ação rápida e constante - nas ruas está sempre passando gente. Assim, a ação do
cartaz é
constante.
d. Impacto - impressiona geralmente pelo tamanho e pela cor viva ou em contraste
com a do local
onde está colocado.
e. Memorização - como, em geral, passamos diariamente diante de vários exemplares
do mesmo
cartaz, a coisa anunciada tende a fiar-se na mente pela repetição.
f. Simplicidade - porque é uma mensagem concisa e breve, é facilmente
compreendida.
A ação essencial da publicidade ao ar livre é a de uma tropa de choque isto é, produz
impacto, põe
imediatamente em evidência o nome da coisa anunciada, impondo-se logo aos olhos
da massa.

De uma maneira geral a afixação de cartazes implica na qualidade do meio publicitário,


a multiplicidade dos locais empregados no espaço e no tempo. Quando se compra o
espaço necessário para uma campanha de publicidade por meio de cartazes, compra-se
geralmente um conjunto de locais, sem se examinar o valor especial de cada local, a
não ser no caso em que este último representa uma despesa importante.

A sua escolha contudo deve prevalecer num local onde haja transito denso, como
também uma posição em
que possa ser visto facilmente e em ambiente apropriado.

Cartaz de rua de 32 folhas (outdoor).


Características básicas

Mídia eminentemente local;

Mídia que permite alta freqüência de exposição;

Mídia de grande impacto visual;

Continuidade da mensagem.
Aspectos positivos:

Mídia de grande impacto visual, excelente para lançamento;

Mídia que possibilita a afixação da mensagem próxima ao ponto de venda;

Mídia local excelente para campanhas locais.
Aspectos negativos:

Alto custo de produção;

Nas campanhas regionais ou nacionais o seu uso como mídia básica implica um alto
investimento;

Não permite a seletividade de público, visto que é o público que vai ao encontro da
mensagem.
13) Causas e conseqüências da pirataria

Historicamente, o termo "pirata" era usado para identificar pessoas que cruzavam os
mares para assaltar navios em busca de riqueza e poder. Os tempos mudaram. Hoje em
dia, pirata é quem rouba, engana, copia. Além disso, agora eles estão por toda a parte e,
o mais grave, cometem o crime com a conivência e até com o apoio de boa parte da
sociedade. Este mercado e suas consequências são o destaque do Via Legal desta
semana.

A repórter Analice Bolzan preparou uma série de reportagens para mostrar como a
pirataria faz mal ao país. Uma delas mostra que a prática, apesar de ser considerada
crime, não está prevista no nosso Código Penal. Em Florianópolis, magistrados federais
e empresários se reuniram para discutir o assunto e analisar como os processos estão
sendo julgados no Brasil.

O programa esclarece ainda quais são os setores preferidos de quem faz e alimenta a
pirataria. Mais de 80% dos que assumem comprar produtos piratas optam pelo CD.
Profissionais do mercado fonográfico falam sobre as consequências da venda em larga
escala de discos falsificados, uma questão polêmica e que envolve vários interesses: do
governo, de olho na arrecadação, da indústria formal, que não quer perder mercado e do
consumidor, que quer pagar menos.

Outra reportagem apresenta um trabalho pedagógico desenvolvido em escolas da rede


pública. A iniciativa aposta na educação como ferramenta para formar consumidores
menos tolerantes à pirataria. Professores descobriram que a experiência na sala de aula é
uma arma poderosa para combater o crime. É sentindo na pelé como é ter a idéia e a
obra roubadas que os alunos aprendem que a pirataria traz consequências para todos.

O Via Legal também esteve em Alphaville, no muicípio de Barueri, São Paulo, onde
governo e moradores estão em guerra. Erica Resende mostra que essa briga é por causa
da cobrança de taxas impostas a quem vive em terrenos da União. Já no Piauí,
Alessandra de Castro investigou casos de advogados que ignoram a lei e os limites do
bom senso para explorar o cliente. A denúncia surgiu durante um mutirão dos Juizados
Especiais Federais.

• PIRATARIA: AS DIVERSAS FACES DA QUESTÃO

II Seminário Nacional de Educação Fiscal


Curitiba
Agosto de 2007

• CONCEITO

• Pirataria e toda pratica lesiva aos direitos de propriedade


intelectual e que tem como subprodutos crimes conexos de
ordem publica da maior gravidade como:
– O contrabando;

– O descaminho e a

– Sonegação fiscal.

• PIRATARIA COMO UM PROBLEMA SOCIAL

• Fenômeno mundial fruto do neoliberalismo e da globalização


dos mercados.

• Agravado em países como o Brasil em decorrência de:

– Longo período de recessão econômica;

– Desemprego estrutural devido a substituição do homem


pelas maquinas.

– Falta de uma ação coordenada nos três níveis de governo


ate 2004.

• MUDANCAS IMPORTANTES NO TRATO DO PROBLEMA

• A CPI da Pirataria (2004).

• A criação do Conselho Nacional de Combate a Pirataria como


uma das mais importantes deliberações da CPI.

• O enfrentamento da pirataria passou a ser feito em quatro


vertentes:

– Repressiva;

– De controle;

– Econômica e

– Educacional.

• O COMBATE A PIRATARIA

• Dessa forma, o combate a pirataria, particularmente em sua


vertente educacional, e uma atividade inerente ao nosso
trabalho e precisa ser tratado com mais ênfase pelo Programa
Nacional de Educação Fiscal.

• AÇÕES PROMOVIDAS PELAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS

• O Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos Contra a


Propriedade Intelectual, formatou um plano contendo 99 ações
estratégicas, nos campos repressivo, de controle, econômico e
educacional, que precisam contar com a participação do
governo nos três níveis e dos cidadãos, para que tenham
eficácia.

• AÇÕES EDUCACIONAIS

• Na vertente educativa, estuda-se a melhor forma de redução da


procura por produtos falsificados, mostrando aos consumidores
o risco de consumir esses produtos e o dano social por eles
causados, principalmente pelo fato da pirataria estar vinculada
ao crime organizado. Quem a pratica, em geral, são máfias
internacionais que também operam com o narcotráfico e o
tráfico de armas e munições.

• AÇÕES EDUCACIONAIS

• O Conselho Nacional de Combate à Pirataria objetiva promover


programas educacionais nos Estados.

• Esses programas poderão ser executados em parceria com o


PNEF.

• Entendo que este Seminário Nacional e o Planejamento


Estratégico que vamos discutir na reunião do GEF devem tratar
este tema com a atenção e a prioridade necessárias.

• AÇÕES DE CONTROLE

• Edição da Portaria SRF nº. 306/2007, que determina “a


divulgação de dados estatísticos sobre importação, que
poderão ser utilizados como instrumento de monitoramento no
combate à prática de concorrência desleal e de levantamento
de indícios de sonegação fiscal”.

• São cerca de mil produtos que têm, a partir de agora, suas


estatísticas de importação divulgadas pela Receita Federal,
como peso, quantidade e preços declarados.

• AÇÕES DE CONTROLE

• Os interessados poderão formular denúncias acerca dos


processos suspeitos de fraudes. A análise a ser realizada pela
SRF será criteriosa, impedindo a ação de concorrentes
oportunistas. Os dados do denunciante serão preservados, mas
a pessoa que denunciou a suspeita terá que se identificar por
meio de certificação digital.
• Na página da RFB, link
www.receita.fazenda.gov.br/aduana/ImportProdSensiveis.htm,
estão disponíveis dados sobre as importações.

• AÇÕES DE CONTROLE

• Como o Paraguai e um Estado insular, foram estabelecidos


acordos comerciais com o governo brasileiro que lhe permitem
importar e exportar produtos em regime de transito aduaneiro,
sem desembaraço em território nacional.

• O Paraguai importava via portos brasileiros (principalmente


Santos e Paranaguá) 160 milhões de CD, quando seu consumo
anual era de apenas 3 milhões.

• AÇÕES DE CONTROLE

• Recentemente, o governo brasileiro impôs restrições ao transito


de produtos usualmente pirateados, como CD, importados pelo
Paraguai via portos brasileiros, como mecanismo de coibir essa
pratica.

• AÇÕES REPRESSIVAS

• A vertente repressiva foi a que mais evoluiu desde a criação do


CNCP com a realização de grandes operações conjuntas nos
três níveis de governo em vários pontos do país.

• Objetiva minar as forças dos grandes fornecedores desses


produtos para o varejo e fazer justiça com a prisão dos
responsáveis por esse comércio ilegal.

• AÇÕES REPRESSIVAS

• “O Brasil tirou de circulação em 2005 R$ 168 milhões em


produtos ilegais, o que representa um aumento de 130% em
relação a 2004. (Márcio Gonçalves – Secretário Executivo do
Conselho Nacional de Combate à Pirataria em entrevista
concedida ao jornal “O Globo” em janeiro de 2006)

• Conseqüência: os EUA encerraram uma investigação contra o


Brasil que durou mais de 5 anos por conivência contra a
pirataria de produtos americanos e retirou todas as ameaças de
sanções comerciais contra o país em decorrência da pirataria.

• AÇÕES REPRESSIVAS
• Somente em 2006, foram apreendidos em todo o país mais de
R$ 870 milhões em produtos falsificados (5 x mais que em
2005).

• A atuação conjunta da Receita Federal, Polícia Rodoviária


Federal e Polícia Federal e dos Estados tem sido determinante
nas ações repressivas.

• Nas estradas, por exemplo, a pirataria é, hoje, um item de


verificação obrigatório, além do contrabando. Com isso, o
número de CDs e DVDs falsos apreendidos pulou de 450 mil
(antes da criação do CNCP) para mais de 7,3 milhões de
unidades.

• AÇÕES NO AMBITO ECONOMICO

• Na vertente econômica busca-se a parceria com o setor


produtivo para reduzir as vantagens financeiras da concorrência
desleal dos produtos piratas.

• É no diferencial de preço do legal para o ilegal que o problema


tomou a proporção que tem hoje.

• AÇÕES NO AMBITO ECONOMICO

• Para aproximá-los, no entanto, não basta reduzir a carga


tributária que incide sobre o produto legal.

• Um bom exemplo é o livro, que é imune , mas nem por isso


deixa de sofrer com a pirataria.

• Os setores industriais mais prejudicados precisam se unir aos


governos, nos tres niveis, para gerar alternativas de trabalho e
renda aos ambulantes como forma estimula-los a deixar o
comercio de produtos piratas, porque a simples repressao traz
problemas sociais muito graves.

• AÇÕES NO CAMPO ECONÔMICO

• Maior incentivo ao setor produtivo para fabricar artigos voltados


para a linha popular é uma ação importante.

• Fortalecer a indústria nacional, já que 70 a 80% dos produtos


piratas são procedentes do exterior.
• AÇÕES NO CAMPO ECONÔMICO

• O Atlético Paranaense lançou uma linha de camisas oficiais do


time que são vendidas com nota fiscal para os camelôs que
revendem a R$ 20.

• O cantor Ralf (da dupla Chrystian & Ralf) está vendendo CDs
originais direto para camelôs, revendidos por R$ 4 para
competir com o CD pirata.

• O DVD do filme “Os Incríveis”, que deveria custar R$ 80 no


Brasil, foi lançado por R$ 39,90 e se tornou campeão de vendas

• UMA GRANDE INDÚSTRIA DO CRIME

• Segundo a INTERPOL (Polícia Internacional), a pirataria no


mundo movimenta, anualmente, mais recursos financeiros que
o narcotráfico:

– Pirataria – US$ 522 bilhões;

– Narcotráfico – US$ 360 bilhões.

• UMA GRANDE INDÚSTRIA DO CRIME

• O crime de pirataria é uma atividade financiada por grandes


máfias internacionais, que trazem para o Brasil os mais diversos
tipos de mercadorias. São roupas, tênis, brinquedos, CD/DVD,
remédios, óculos, peças de automóveis, próteses e material
hospitalar, equipamentos de informática, entre outros.

• UMA GRANDE INDÚSTRIA DO CRIME

• Esses produtos não seguem qualquer padrão de segurança e


qualidade.

• Por isso, acabam frustrando os consumidores, podendo,


inclusive, causar danos irreparáveis à saúde.

• RISCOS PARA A POPULAÇÃO

• BRINQUEDOS: Além de pouco resistentes, os brinquedos piratas


podem conter tintas tóxicas (inclusive cancerígenas) na sua
composição.

• O CNCP alerta que já foram identificados brinquedos fabricados


com lixo hospitalar reciclado.

• RISCOS PARA A POPULAÇÃO


• PROTETORES SOLARES: Os piratas não protegem contra os
raios nocivos do sol facilitando o surgimento do câncer de pele.

• ÓCULOS DE SOL: A ausência de proteção UV pode causar sérios


danos aos olhos. Essas complicações podem levar até a
cegueira. Segundo os oftalmologistas, é preferível andar ao sol
sem óculos do que usar um pirata, pois a lente escura faz a
pupila dilatar-se reduzindo a proteção natural do organismo
contra os raios UV.

• RISCOS PARA A POPULAÇÃO

• BEBIDAS: Misturam substâncias extremamente nocivas como:


metanol, álcool anidro e acetona.

• REMÉDIOS: A falsificação chegou ao ponto de se vender


remédios contra o câncer compostos por substâncias inócuas.

• TÊNIS: Não possuem sistema de amortecimento, prejudicando a


coluna, os joelhos e os calcanhares dos usuários.

• RISCOS PARA A POPULAÇÃO

• SUTIÃS DE SILICONE: Produtos piratas são dez vezes mais


baratos, mas podem conter metais pesados que causam câncer
de mama.

• CD/DVD:

– Baixa qualidade de áudio;

– Falta de encartes;

– Desrespeito aos direitos autorais;

– Danos ao leitor ótico do aparelho.

• CONSEQUENCIAS DA PIRATARIA

• É uma atividade ilegal que causa prejuízos crescentes:

– à economia nacional;

– à geração de empregos (não só no Brasil, mas no mundo


todo); e

– aos consumidores.
CONSEQÜÊNCIAS

• Desemprego (redução de 2 milhões de empregos).

• Sonegação fiscal (prejuízo de R$ 30 bi aos cofres públicos).

• Concorrência desleal e prejuízos à economia nacional.

• Conseqüências à saúde.

• Alimenta o crime organizado.

• Rouba idéias e invenções.

14) Importância de uma conscientização ambiental para o futuro do


nosso planeta

A Importância da consciência Ambiental para o Brasil e para o Mundo

A partir da escassez dos recursos naturais, somado ao


crescimento desordenado da população mundial e
intensidade dos impactos ambientais, surge o conflito da
sustentabilidade dos sistemas econômico e natural, e faz
do meio ambiente um tema literalmente estratégico e
urgente.

Durante o período da chamada Revolução Industrial não havia preocupação com a


questão ambiental. Os recursos naturais eram abundantes, e a poluição não era foco da
atenção da sociedade industrial e intelectual da época.

A partir da escassez dos recursos naturais, somado ao crescimento desordenado da


população mundial e intensidade dos impactos ambientais, surge o conflito da
sustentabilidade dos sistemas econômico e natural, e faz do meio ambiente um tema
literalmente estratégico e urgente. O homem começa a entender a impossibilidade de
transformar as regras da natureza e a importância da reformulação de suas práticas
ambientais.

Os limites:

A humanidade está usando 20% a mais de recursos naturais do que o planeta é capaz de
repor. Com isso, está avançando sobre os estoques naturais da Terra, comprometendo as
gerações atual e futuras segundo o Relatório Planeta Vivo 2002, elaborado pelo WWF e
lançado este ano em Genebra.
De acordo com o relatório, o planeta tem 11,4 bilhões de hectares de terra e espaço
marinho produtivos - ou 1,9 hectares de área produtiva per capita. Mas a humanidade
está usando o equivalente a 13,7 bilhões de hectares para produzir os grãos, peixes e
crustáceos, carne e derivados, água e energia que consome. Cada um dos 6 bilhões de
habitantes da Terra, portanto, usa uma área de 2,3 hectares. Essa área é a Pegada
Ecológica de cada um. O fator de maior peso na composição da Pegada Ecológica hoje
é a energia, sobretudo nos países mais desenvolvidos.

A Pegada Ecológica de 2,3 hectares é uma média. Mas há grandes diferenças entre as
nações mais e menos desenvolvidas, como mostra o Relatório Planeta Vivo, que
calculou a Pegada de 146 países com população acima de um milhão de habitantes. Os
dados mais recentes (de 1999) mostram que enquanto a Pegada média do consumidor da
África e da Ásia não chega 1,4 hectares por pessoa, a do consumidor da Europa
Ocidental é de cerca de 5,0 hectares e a dos norte-americanos de 9,6 hectares.

Embora a Pegada brasileira seja de 2,3 hectares – dentro da média mundial, mas cerca
de 20% acima da capacidade biológica produtiva do planeta.

Quanto falamos em emissões de poluentes, as diferenças dos índices emitidos pelos


países desenvolvidos e em desenvolvimento também são significativas: Um cidadão
médio norte-americano, por exemplo, responde pela emissão anual de 20 toneladas
anuais de dióxido de carbono; um britânico, por 9,2 toneladas; um chinês, por 2,5; um
brasileiro, por 1,8; já um ganês ou um nicaragüense, só por 0,2; e um tanzaniano, por
0,1 tonelada anual. A China e o Leste da Ásia aumentaram em 100% o consumo de
combustíveis fósseis em apenas cinco anos (1990/95). (Wolfgang Sachs, do Wuppertal
Institute)

Nos países industrializados cresce cada vez mais o consumo de recursos naturais
provindos dos países em desenvolvimento - a ponto de aqueles países já responderem
por mais de 80% do consumo total no mundo. Segundo Sachs, 30% dos recursos
naturais consumidos na Alemanha vêm de outros países; no Japão, 50%; nos países
Baixos, 70%.

O desafio:

O grande desafio da humanidade é promover o desenvolvimento sustentável de forma


rápida e eficiente.

Este é o paradoxo: sabemos que o tempo está se esgotando, mas não agimos para mudar
completamente as coisas antes que seja demasiado tarde. Diz-se que uma rã posta na
água fervente saltará rapidamente para fora, mas se a água for aquecida gradualmente,
ela não se dará conta do aumento da temperatura e tranqüilamente se deixará ferver até
morrer. Situação semelhante pode estar ocorrendo conosco em relação à gradual
destruição do ambiente natural. Hoje, grande parte da sociedade se posiciona como
mero espectador dos fatos, esquecendo-se de que somos todos responsáveis pelo futuro
que estamos modelando. Devemos exercer a cidadania planetária, e rapidamente.
A luz no fim do túnel:

A conscientização ambiental de massa, só será possível com percepção e entendimento


do real valor do meio ambiente natural em nossas vidas. O meio ambiente natural é o
fundamento invisível das diferenças sócio econômicas entre países desenvolvidos e em
desenvolvimento. O dia em que cada brasileiro entender como esta questão afeta sua
vida de forma direta e irreversível, o meio ambiente não precisará mais de defensores. A
sociedade já terá entendido que preservar o meio ambiente é preservar a própria pele, e
fragilizar o meio ambiente, é fragilizar a economia, o emprego, a saúde, e tudo mais.
Esta falta de entendimento compromete a adequada utilização de nossa maior vantagem
competitiva frente ao mundo: recursos hídricos, matriz energética limpa e renovável,
biodiversidade, a maior floresta do mundo, e tantas outras vantagens ambientais que nós
brasileiros temos e que atrai o olhar do mundo.

Mas, se nada for feito de forma rápida e efetiva, as próximas gerações serão
prejudicadas duplamente, pelos impactos ambientais e pela falta de visão de nossa
geração em não explorar adequadamente a vantagem competitiva de nossos recursos
naturais.

Sei, que somos a primeira geração a dispor de ferramentas para compreender as


mudanças causadas pelo homem no ambiente da Terra, mas não gostaria de ser uma das
últimas com a oportunidade de mudar o curso da história ambiental do planeta.

Marilena Lino de Almeida Lavorato: Publicitária (PUCC), Pós graduada em Gestão


Ambiental (IETEC), Sociologia e Política (EPGSP-SP), Gestão de Negócios (FGV),
Marketing (ESPM). Mais de 20 anos de experiência na condução de equipes
multidisciplinares, parcerias estratégicas, e novos negócios de grandes empresas. Criou
e desenvolveu diversas ações macroeducativas na temática ambiental. Atualmente é
Diretora da MAIS Projetos (gestão e educação sócio-ambiental) e coordenadora do
Grupo Multidisciplinar de Gestão Ambiental da APARH-SP (Associação Paulista de
Administradores de Recursos Humanos de São Paulo).

15) Globalização – Influencia da tecnologia na identidade cultural

Tecnologia X Identidade Cultural


Olá colegas!

Lá vai um fragmento da minha resenha. Procurei discutir a influência


do avanço das tecnologias e da globalização sobre a concepção de
identidade cultural.

Tecnicidades e Implicações Culturais

Por Deise Anelise Froelich


Muito embora os saberes habituais, através da linguagem oral e
visual, têm sofrido uma erosão crescente devido à intervenção e
ascensão de novas ferramentas como o computador e a internet,
muitas escolas e até mesmo universidades parecem resistir à
possibilidade de uma nova tecnicidade aliada aos saberes. É
importante ressaltar que a instituição de ensino está deixando de ser
o único lugar de legitimação do saber, devido aos demais saberes
construídos em outros meios. Todavia, Martín-Barbero (2006),
observa que muito embora ocorra a fragmentação do saber em
múltiplos canais de construção do conhecimento, isso não impede os
jovens de ter um conhecimento mais atualizado em física ou em
geografia do que o seu próprio professor. Porém, ao invés deste fato
acarretar na escola uma abertura a esses novos saberes, as
instituições de ensino têm demonstrado uma posição defensiva,
alimentando uma idéia negativa e moralista de tudo que a questiona
em profundidade, com críticas ao ecossistema comunicativo das
mídias e das tecnologias de comunicação e informação.

Entretanto, se faz necessário visualizar as novas tecnologias como


um complemento e não como uma ameaça aos saberes habituais. A
informática e a internet podem ser utilizadas como ferramentas
adicionais ao ensino, desde que haja qualificação dos professores a
fim de instigar uma reflexão crítica para com os educandos sobre as
implicações, benefícios e malefícios que essa nova tecnologia
proporciona.

Um dos motivos que apontam a internet como um meio cada vez


mais fascinante e consolidado, é a possibilidade de utilizar recursos
para além da escrita e do discurso lógico convencional. As
sonoridades do meio oral com as intertextualidades da escrita e as
possibilidades do audiovisual presentes em um hipertexto,
revolucionam e tocam o mundo das expressões e emoções humanas.
Porém, novos recursos, muitas vezes implicam em mudanças de
comportamento, de modo de vida e modificações no conceito de
identidade. Há uma espécie de flutuação, propagação global das
identidades sendo que elas se encontram livremente independente
do contexto, espaço ou tempo, que foge ao controle dos indivíduos
que vivem em uma sociedade tomada pelo crescente processo de
globalização. Martín-Barbero faz menção à identidade como algo
instável, sujeito a modificações, para além das simples “raízes”
históricas.

A globalização parece se fortalecer com o avanço das tecnicidades e


se expandir e consolidar nas sociedades de modo que não é mais
somente a circulação de mercadorias que está em jogo, mas também
a constituição de novas identidades, a desterretorialização com a
fragmentação das fronteiras, e a hibridização das culturas. Portanto,
as raízes identitárias não são mais vistas como fixas, mas como algo
móvel, em transição constante. Há uma nova relação entre as
identidades culturais e entre as nações. A globalização acelerada
pelas redes de comunicação unifica a própria comunicação, as
relações e o mercado. Todavia Hall lembra que a globalização não
significa necessariamente a extinção do que é considerado local, mas
sim existe um novo posicionamento de ambos contextos.

“Há juntamente com o impacto do ‘global’ um novo interesse


pelo ‘local’. A globalização na forma da especialização flexível
e da estratégia de criação de ‘nichos’ de mercado, na verdade,
explora a diferenciação local. Assim, ao invés de pensar no
global como ‘substituindo’ o local seria mais acurado pensar
numa nova articulação entre ‘o global’ e ‘o local’. Este ‘local’
não deve, naturalmente, ser confundido com velhas identidades,
firmemente enraizadas em localidades bem delimitadas. Em vez
disso, ele atua no interior da lógica da globalização. Entretanto
parece improvável que a globalização vá simplesmente destruir
as identidades nacionais. É mais provável que ela, vá produzir,
simultaneamente, novas identificações ‘globais’ e novas
identificações ‘locais’”. (2005, p.78).

Organização de conteúdos e identidade cultural

Artigo apresentado pelo Prof. Dr. Antonio Miranda (Dep. de Ciência da Informação -
UnB) no INTEGRAR - 2º Congresso Internacional de Arquivos, Bibliotecas Centros de
Documentação e Museus ocorrido em junho de 2006.

RESUMO

Apresenta a questão dos conteúdos e da identidade cultural no Brasil , considerando as


implicações da universalização do ensino sem a contrapartida no desenvolvimento de
acervos em bibliotecas e sistemas de informação. Discute as instâncias em que a cultura
é desenvolvida e as implicações relativas à multiculturalidade e a interculturalidade, no
marco das diferenças e desigualdades sociais. E analisa a montagem de programas de
inclusão social e alfabetização digital e o acesso aos conteúdos informacionais depois da
desarticulação do projeto de Sociedade da Informação no Brasil – SOCINFO.

1. UMA PROVOCAÇÃO

A que classes sociais estão dirigidos os serviços bibliotecários e informacionais de


nosso país? Que conteúdos privilegia e que valores pressupõe em sua organização e no
aparelhamento atual de centros de inclusão digital?

Em manifestações públicas anteriores – palestras, aulas e artigos técnico-científicos –


levantamos a questão conforme os instrumentos teóricos e os resultados de pesquisas
próprias ao nosso alcance.

As campanhas de leitura e a oferta de serviços bibliotecários, constrangidas pelas altas


taxas de analfabetismo funcional e pelas oportunidades de ensino de qualidade restritas
às elites urbanas, sempre estiveram voltadas para as classes media e alta da população.

A biblioteconomia institucionalizou-se no Brasil a partir da Biblioteca Nacional do Rio


de Janeiro e da montagem de bibliotecas públicas e universitárias em São Paulo, e nos
estados mais avançados, como resposta à demanda pela organização de conteúdos – à
época rotulados como “coleções” . Os profissionais foram recrutados nas classes mais
abastadas — com seus valores e posturas —, majoritariamente constituídos por
mulheres que viam na atividade um espaço de afirmação social (no período que precede
à regulamentação da carreira de bibliotecário no início da década de 60).

Nas décadas de 70 e 80 houve um incremento considerável no desenvolvimento de


acervos bibliográficos e hemerográficos, concomitante com a expansão extraordinária
do ensino superior no Brasil, aliada à proliferação de cursos de pós-graduação e de
institutos de pesquisa por todo o país e, conseqüentemente, a criação de inúmeras
bibliotecas especializadas. E cabe ressaltar o esforço para a montagem de um vasto
sistema nacional de bibliotecas públicas, provocando a interiorização das bibliotecas e
salas de leitura.
Não foi possível a expansão das bibliotecas escolares. A universalização do ensino
fundamental passou a ser um direito da cidadania a partir das constituições do Estado
Novo e subseqüentes, mas só no final do século é que o país consegue colocar quase
todas as crianças nas escolas mas, segundo muitos especialistas, com o rebaixamento do
nível de qualidade do ensino.

“Quem tinha acesso aos estudos antes da universalização estava acostumado a regras
e condutas sociais reproduzidas pela escola, que homogeneizava os alunos. Quando os
jovens que não tinham essa cultura começaram a estudar, houve uma ruptura. A escola
estava despreparada para ter alunos que não se encaixavam num modelo
preestabelecido.”

afirma o professor Lino de Macedo, da USP, em fórum especializado (NOVA


ESCOLA).

O mesmo se pode dizer das bibliotecas que estavam voltadas para o atendimento das
elites, nos centros urbanos mais desenvolvidos.

Na década de 70 do século passado, estava já evidente que os serviços bibliotecários


brasileiros esgrimiam um discurso progressista e às vezes até mesmo contestador, mas a
prática era efetivamente conservadora.

Os serviços bibliotecários eram (e ainda continuam sendo) majoritariamente


governamentais, e sempre estiveram desigualmente distribuídos, acompanhando as
mesmas desigualdades regionais e sociais que conformam a sociedade brasileira. Em
outras palavras, continuamos oferecendo mais acervos e serviços de informação e
documentação aos mais aquinhoados na pirâmide social, num círculo vicioso.

Saindo da metáfora para a conjuntura, basta ver a distribuição de livros e outros tipos de
documentos. A relação per capita de títulos em bibliotecas públicas é sintomática. O
IBGE não faz mais o levantamento de acervos de bibliotecas públicas há mais de duas
décadas, mas é possível imaginar que não existe sequer um livro por habitante em
nossas pobres bibliotecas e que as oportunidades são melhores nas regiões mais ricas,
reforçando um modelo de distribuição de renda e de oportunidades tradicionalmente
perverso. Em confronto, as bibliotecas de institutos de pesquisa, das universidades mais
avançadas oferecem muitas vezes serviços de qualidade – com acesso a redes
internacionais de conteúdos em linha — às elites, enquanto as bibliotecas dos institutos
de ensino superior instalados fora dos grandes centros limitam-se ao uso de apostilas e a
escassos recursos bibliográficos de pesquisa.

A universalização prevista no ensino médio e a expansão e democratização considerável


no acesso às universidades deve provocar novos e devastadores tsunamis na qualidade
dos serviços. A oferta de vagas nas escolas e universidades vem acompanhada de
redução nos orçamentos para a atualização de acervos e serviços de informação.
Havíamos alcançado a média de aproximadamente 18,26 volumes (com as máximas de
70 e mínima de 5,67) por estudante universitário, em 1990, nas instituições de ensino
superior da rede oficial, que eram as mais aquinhoadas.(MIRANDA, 1983) E em 2006?
Não temos estatísticas e se fala na criação de repertórios de livros didáticos e
paradidáticos em linha que serão bem- vindos, mas não vão resolver a questão, por
motivos que analisaremos mais adiante.
2. CONTEÚDOS E IDENTIDADE CULTURAL

No final do século coordenamos a elaboração do capítulo 5 do Livro Verde da


Sociedade da Informação no Brasil (2000), a convite do Ministério de Ciência e
Tecnologia sobre os Conteúdos e Identidade Cultural. Já publicamos muitos artigos em
revistas especializadas em vários países (MIRANDA, 2000) assim é que podemos partir
para questões mais atuais e transcendentes sobre a questão.

Os conteúdos e a identidade cultural têm a ver com as lutas pela inclusão social no
Brasil. A questão está em voga ou na moda e muito vem sendo escrito sobre o assunto.
Nós mesmos acabamos de publicar um volume sobre a Alfabetização digital e o acesso
ao conhecimento (MIRANDA, A.; SIMEÃO, E., 2006) e o Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT acaba de lançar o segundo número de sua
revista Inclusão Digital, mas é possível afirmar que ainda estamos em busca de um
marco teórico mais sólido para orientar nossas políticas públicas e a implementação das
infra-estruturas de acesso à informação no Brasil.

A primeira questão que se coloca é a da definição de cultura que é polêmica e


controversa. Laski, citado por Canclini (2005) ficou escandalizado ao deparar-se com
57 variantes do significado de cultura, e também com a inter-relação do termo com
civilização.

Durante muito tempo convivemos com a definição antropológica de cultura como sendo
tudo que o homem produz em seu processo civilizador. Ela não resolve o problema até
porque nem todas as práticas sociais constituem o que entendemos hoje por cultura.
CANCLINI (2005, p. 45) resumiu seus estudos em quatro vertentes de observação e
análise:

1. a cultura como instância em que cada grupo organiza sua identidade mas
que, na pós-modernidade, rompe suas fronteiras possibilitando a produção,
circulação e consumo de cultura considerando também as trocas com outros
grupos, em escala local e até planetária, no âmbito da interculturalidade. A
globalização possibilita ou impõe canais de comunicação e associação
transnacionais que desagregam ou (re)organizam as identidades possíveis.
2. a cultura é vista como uma instância simbólica da produção e reprodução da
sociedade. Cultura não é apenas lazer e entretenimento pois está relacionada
com a identificação e incorporação de bens simbólicos e materiais da sociedade
no processo de formação e realização do individuo, entendendo adesões e
conflitos com os padrões em voga.

3. a cultura como uma instância de conformação de consenso e da hegemonia,


ou seja, da cultura política e da legitimidade. Tem a ver com a auto-
representação e com a delegação da representação no jogo do poder. Certamente
que estamos falando de “culturas” na medida em que as classes sociais
desenvolvem significados culturais próprios que levam a uma produção,
circulação e consumo de produtos diferenciados. No caso das bibliotecas, já
vimos como elas tradicionalmente privilegiam a cultura das classes média e alta
e têm dificuldades com a organização e uso de acervos populares. Dilema entre
as culturas eruditas e populares e a pasteurização que caracteriza o gosto da
classe média.
4. a cultura como dramatização eufemizada dos conflitos sociais. Por isso
“temos teatro, artes plásticas, cinema, canções e esportes. A eufemização dos
conflitos não se faz sempre da mesma maneira nem se faz ao mesmo tempo em
todas as classes” (CANCLINI, 2005, p. 47). Daí o conflito entre as classes
sociais e suas representações na sociedade contemporânea relativas a sexo, etnia,
geração, etc.

Para as bibliotecas e sistemas de informação, no referente ao desenvolvimento de seus


estoques e à organização de serviços públicos, impõe-se o sentido substantivo de
cultura através da acumulação e renovação constante de repertórios para consulta e
apropriação, reafirmando nossas diferenças e diversidades. Mas também devemos
pensar no cultural como sendo um adjetivo que busca entender os “modos específicos
pelos quais os atores se enfrentam, se aliam ou negociam” (GRIMSON apud.
CANCLINI, 2005, p 48). A biblioteca — seja ela tradicional ou virtual — não é neutra,
sempre exerce uma função social que exige uma definição — podemos dizer
ideológica ? — de seus objetivos institucionais.

Como representar adequadamente as diversas culturas na formação e desenvolvimento


de acervos (por extensão, os arquivísticos, bibliográficos, museológicos de qualquer
outro tipo)? Não estamos falando de obras sobre cultura no sentido antropológico ou
político mas de todo e qualquer registro de informação – sejam teses, patentes, artigos
científicos, pinturas, bases de dados ou até mesmo histórias em quadrinhos e games —
constituem categorias atreladas a valores e dinâmicas sociais específicas que devemos
atender.

“As maneiras pelas quais se estão reorganizando a produção, a circulação e os


consumos dos bens culturais não são simples operações políticas ou mercantis;
instauram modos novos de entender o que é cultural e quais são os seus desempenhos
sociais” (CANCLINI, 2005, p. 49).

No momento em que estamos organizando telecentros e pontos de acesso em


comunidades periféricas e até mesmo em grupos de risco, em que falamos de “inclusão
social” e em “alfabetização digital”, a questão cultural (e seus objetos simbólicos) ganha
relevo. Este é, por certo, o tema de uma orientação de doutorado em que estamos
envolvidos na atualidade, interessados no entendimento não só dos conteúdos que
podemos disponibilizar mas também, e sobretudo, dos conteúdos que as comunidades
estão em capacidade de produzir e intercambiar (através de jornais eletrônicos
comunitários, de grupos de discussão e de registros de experiências e soluções
desenvolvidos pelos usuários) (MIRANDA & MENDONÇA, 2006)

A questão dos conteúdos e da identidade cultural, portanto, não se restringe às


diferenças sociais e às desigualdades e à necessidade de inclusão (por meio de conexão
com as redes) dos indivíduos. Mas também é óbvio que a simples conectividade não vai
resolver a questão das diferenças e desigualdades. Estamos imersos na perspectiva de
duas forças que se intensificam nos tempos atuais graças às tecnologias acessíveis (ou
não) na sociedade da informação e do conhecimento que está sendo construída em
escala mundial.

A primeira é da multiculturalidade que faz tanto sentido no Brasil e que vem sendo
estudada principalmente desde o nosso grande Gilberto Freyre. Teríamos construído
uma sociedade de culturas de origens autóctones, européias e africanas que vem se
expandindo com os imigrantes da Ásia e do Oriente Médio e até de países vizinhos. O
que implica numa interculturalidade através de conflitos e acomodações, de trocas e
resistências com impacto sobre todos os indivíduos de nossa sociedade.

O turismo interno e externo, o acesso a redes de informação e entretenimento, o


comércio internacional, a exportação de serviços e produtos e o desenvolvimentos
científicos e tecnológicos através de grupos de pesquisas transdisciplinares e
transnacionais vêm forçando aproximações e exigindo adaptações conseqüentes.

A abertura da economia, a integração regional, a mobilidade social e demográfica com


milhões de migrantes e a imigração de brasileiros para outros países vêm mudando as
variáveis tradicionais de nossas relações culturais, com reflexos positivos e negativos na
conformação de nossas identidades culturais.

Não vamos entrar em detalhe quanto à identidade e seus desdobramentos com o


aparecimento da rede mundial de computadores porque já publicamos um trabalho
extenso sobre o tema (MIRANDA, 2005)

A urbanização acelerada, a convivência com verdadeiros guetos em favelas e invasões,


com movimentos sociais de sem-terra, sem-teto e todo tipo de ativismo de afirmação
cultural e política colocam desafios novos. Não se trata mais de lidar com as diferenças
mas também com as desigualdades, de verificar resistências culturais, a aculturação, as
fusões incontornáveis. A hibridização parece ser a tendência de todas as atividades
culturais dos últimos tempos, levando a novas teorias para o entendimento do
fenômeno, como a filosofia mestiça de que nos fala Michel Sèrres (1993), englobando
culturas, métodos científicos e modos de produção.

Aparentemente, a multiculturalidade não implicaria em conflito social se houver ação


afirmativa de forma democrática e transigente. Admitiríamos que cada cultura deve
ocupar seu espaço sem discriminação:

“admitir que cada cultura tem o direito de dotar-se das suas próprias formas de
organização e estilos de vida, mesmo quando incluam aspectos que podem ser
surpreendentes, como os sacrifícios humanos ou a poligamia. No entanto, ao abarcar
tantas dimensões da vida social (tecnologia, economia, religião, moral, arte), a noção
perdia eficácia operacional. Ademais, observou-se criticamente que o reconhecimento
sem hierarquias de todas as culturas como igualmente legítimas implica uma
indiferenciação que as torna incomparáveis e incomensuráveis”. (CANCLINI, 2005, p.
39, baseado em idéias de CUCHE, 1990). (O sublinhado no texto é nosso).

O relativismo cultural não é suficiente para contornar o confronto que se avoluma e


explode em guerras e levantes e se apresentam em sítios e grupos de discussão na web.
Para citar apenas um exemplo entre nós, ainda não dimensionamos devidamente o
impacto que as cotas para negros e índios, assim como para os egressos de escolas
públicas vão acarretar na universidade brasileiras e menos ainda suas implicações em
termos de demanda e oferta de conteúdos em nossos sistemas de informação. Já não há
mais espaço para uma sociedade unificada pelos meios dominantes.
Os embates entre cultura e sociedade estão definitivamente colocados. Os grupos
encastelados no poder certamente buscarão formas de perpetuação de seus privilégios e
prerrogativas enquanto que outras forças tentarão removê-los pelos meios ao seu
alcance. Daí o embate entre as identidades instituídas (de cunho oficial) e as instituintes
e de resistência que abordamos no Livro Verde (2000).

Vale dizer que “o saber pós-moderno é ambivalente. Ele é ao mesmo tempo um novo
instrumento de poder e uma abertura para as diferenças” (LYOTARD, citado por
MIRANDA & MENDONÇA, 2006, p. 69).

3. A DISPONIBILIZAÇÃO DE CONTEÚDOS COMO SOLUÇÃO E COMO


PROBLEMA

O legado cultural através de conteúdos está, em princípio, aberto e pode ser


disponibilizado para todos mas não será do interesse de todos. Na prática, sua
apropriação se dá pelas condições sociais e culturais dos indivíduos, que dependem das
oportunidades de ensino, saúde e distribuição de renda. Segundo o Mapa de Exclusão
Digital do Brasil,elaborado pelo IBGE em 2003 (MIRANDA & MENDONÇA, 2006),
havia pouco mais de 10% da população com acesso ao computador, sendo que no
Maranhão — nossa terra de nascimento — o acesso à tecnologia referida era de apenas
2,05%. Ou seja, o ideário da Unesco de “INFORMATION FOR ALL” – informação
para todos — não é apenas utópico como impraticável nas condições em que vivemos.

“Investir na inclusão digital, portanto, não significa apenas alfabetizara


tecnologicamente os indivíduos, as famílias e comunidades, mas também inserir
conteúdos , avaliar seus processos de recepção e mediação, tendo como finalidade a
aplicabilidade social desses conteúdos trabalhados a partir de conceitos e práticas de
alfabetização da informação (...) (MIRANDA, A. & MENDONÇA, 2006)

A utopia do acesso aos conteúdos tem seus defensores e detratores. Já conhecemos a


Computopia de Ioneji Masuda e as especulações sobre um compartilhamento solidário
da informação na sociedade da informação, e sua antítese nas análises mais pessimistas
de Castoriadis. Está a idéia positiva — para não dizer positivista — da E-Topia
apresentada recentemente por Maria Nélida González de Gómez (2006) sobre a relação
entre conhecimento, informação, política e cidadania.

A definição de políticas públicas consistentes, consensuais, solidárias e de base


cooperativa e persistente, pode ajudar no encaminhamento da questão. Não faltam
iniciativas no Brasil no sentido da inclusão e da alfabetização digital. Como sentenciou
Canclini,

“é difícil imaginar algum tipo de transformação para um regime mais justo, sem
promover políticas (étnicas, de gênero, de regiões) que façam comunicar os diferentes,
corrijam as desigualdades (surgidas dessas diferenças e das outras distribuições
desiguais dos recursos) e conectem as sociedades com a informação, com os
repositórios culturais, de saúde e bem-estar globalmente expandidos” (CANCLINI,
2005, p. 102).

Certamente que não faltam programas desse tipo entre nós, eles são muitos e estão por
toda a parte com recursos públicos e privados (no âmbito do emergente conceito da
“responsabilidade social”). Estudo realizado por empresa internacional de consultoria
que estudou o problema no Brasil (de uso restrito, infelizmente), aponta para as falhas
constantes de nosso planejamento: a falta de entrosamento entre os órgãos promotores,
o que leva a duplicidade de meios para fins idênticos; o amadorismo e voluntarismo
inconseqüentes e até à praga da descontinuidade administrativa que afeta a
administração pública em geral e os sistemas de informação em particular (MIRANDA,
2004).

As políticas públicas que desenvolvemos atualmente no Brasil carecem de um macro-


planejamento mais efetivo no sentido que Iraset Paez Urdaneta (1992) propugnou em
seus estudos de Inteligência Social. Não faltam diagnósticos nem projetos, nem capital
humano para o empreendimento. Teríamos até mesmo os recursos financeiros se
considerarmos o cobiçado Fundo de Universalização de Serviços de Telefonia, o FUST,
que vem sendo contingenciado. Falta gestão de programas num marco mais amplo de
projeto político, social, econômico ou como queiramos entender o processo. Óbvio que
não estamos advogando por planos nacionais de desenvolvimento autoritários,
autárquicos e centralizadores como os que já enfrentamos com pouco sucesso.

Os que estivemos envolvidos na elaboração do Livro Verde da Sociedade da


Informação no Brasil — SOCINFO — chegamos a acreditar que era a “hora e a vez”
dos sistemas de informação em geral no processo de desenvolvimento social do Brasil,
e dos conteúdos e da identidade cultural em particular. Chegamos até ao detalhamento
de uma vasta rede de pontos de inclusão em mais de dez mil bibliotecas e outras
unidades de informação no Brasil – na esfera pública e no terceiro setor – mas a
mudança de governo enterrou aquela proposta.(*) Em vez de aperfeiçoar os planos
existentes, estamos sempre tentando reinventar a roda seja por má fé ou, na melhor das
hipóteses, por ingenuidade ou ignorância.

(*) NOTA: Felizmente, porém, as idéias morrem e ressuscitam entre nós, de tempos em
tempos, como fênix. A nossa proposta de criação de dez mil telecentros, baseados em
bibliotecas públicas, escolas, arquivos e museus, como infra-estrutura mínima
indispensável para a democratização do acesso à informação, acaba de ser reapresentada
oficialmente pelo governo brasileiro, em outro contexto. O Núcleo de Assuntos
Estratégicos , em estudo prospectivo, propõe exatamente a mesma coisa na formulação
de cenários para o Brasil em 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil.
Quem fez a declaração publicamente foi o Cel. Oswaldo Oliva Neto, Secretário
Executivo do NAE, no painel “Soluções com Telecomunicações para a Educação”, no
âmbito do Telebrasil 2006, que aconteceu no Club Méd de Rio Piedras, RJ, de 1 a 4 de
junho de 2006, evento do qual participamos. Se o NAE induzir os nossos programas de
alfabetização e inclusão social à adoção da referida estratégia, talvez consigamos
economizar recursos e tempo e acelerar a implementação de políticas públicas para o
setor, de forma mais orgânica e sistêmica.

16) Questão política no Brasil – eleições, poder de voto, democracia e


ética.

INTRODUÇÃO
A deficiência do sistema de ensino, a ineficiência dos políticos e dos partidos políticos e
os golpes de estados unidos ao descaso com a preservação da memória nacional
somadas ainda a muitas outras mazelas que assolam nosso País fizeram e vem fazendo
com que a memória coletiva de nosso povo se esqueça de que o Brasil possui uma
tradição eleitoral arraigada em sua curta história.

Levando-se em conta que o Brasil acabou de completar 500 anos de existência, e o


desconhecimento de nossa história por significativa parcela da população acaba por
fazer com que o Povo vá se colocando paulatinamente à margem dos destinos da Nação
e, assim, por esses e outros motivos, durante já há algum tempo, faz crescer uma idéia
negativa de que no Brasil não são encontradas as condições necessárias para a
implantação de um processo democrático, verdadeiro, longo e duradouro.

Nesse ponto, cabe esclarecer, que em nosso País as eleições vêm sendo realizadas desde
a sua Colonização e desde àquela época vêm sofrendo mudanças em alguns aspectos
históricos de suas representações eleitorais.

Tal fato pode ser verificado traçando-se um paralelo entre elas, começando pelas
Ordenações do Reino, onde o Brasil dividiu a sua representação entre os Poderes
Executivo (Imperador, Regente, Presidente, Governadores) o Poder Legislativo
(Senadores, Deputados e Vereadores) e o Poder Judiciário (Juizes, Procuradores,
Escrivães).

A forma de legitimação concedida pelo sufrágio popular em outras épocas não se fazia
através dos votos dos cidadãos como se conhece hoje. Inicialmente, era de forma
indireta e em certas épocas em vários turnos. Depois passou a ser de forma direta e em
turno único através de um colégio eleitoral.

Demonstrando assim, essas modificações nas Leis Eleitorais são um reflexo dos
Costumes, da Cultura e da Soberania Nacional, verificadas em um determinado
momento histórico, social e cultural do País.

Por esse motivo, o estudo da Ciência Política encontra raízes no direito costumeiro ou
cultural que se vem consolidando há mais de 500 anos de história como produto
autêntico de nossas experiências e acomodações históricas como assevera Oliveira
Vianna em sua obra Instituições Políticas Brasileira, pág. 57, "... O direito está sendo
estudado pelos mesmos métodos com que se estuda, cientificamente, qualquer fato de
relações humanas..."

Assim, verifica-se que as condições políticas do País possuem relação intrínseca com o
Processo Eleitoral e a escolha de nossos Representantes através do voto, da eleição e da
representação. Tal afirmação se funda em constatação simples, na qual se verifica que
grande parte dos eleitores vão as urnas não no cumprimento de um dever cívico, mas
em troca de alguma vantagem (1).

A lei confere aos cidadãos a capacidade natural do voto, mas como a lei não confere
inteligência, cultura e discernimento a quem não os possui de fato, tal capacidade torna-
se artificial, e, como conseqüência imediata, temos que a política se transforma em
monopólio dos políticos, isto é, dos que fazem da política profissão e meio de vida.
Isto acontece porque quem elege o político, na maioria das vezes, não tem
discernimento para tal, então, os nossos representantes utilizam-se da política e do voto
como um instrumento referendatário para as suas permanência no poder.

Pode-se constatar, que o voto é uma instituição adotada hoje em dia pela maioria dos
países civilizados, fato este, que permite a formação gradual de verdadeiros partidos
políticos o que certamente assegura a verdade do processo eleitoral.

Esta menção ao voto se faz necessário, porque quem ocupa os cargos elegíveis, em vez
de representarem a nação e os seus eleitores, representam, não raras vezes, os interesses
de quem lhes patrocinou e não poucas vezes vemos isso acontecer, transformando-se
assim em uma das maiores ameaças para a democracia de nosso País.

Outra grande ameaça à democracia é a ineficiência do sistema educacional brasileiro,


pois a falta de instrução de grande parte do eleitorado brasileiro faz com que os mesmos
se tornem massa de manobra dos políticos corruptos, já que daí derivam grande parte de
todo o material político brasileiro, o eleitorado, os cidadãos e a mentalidade nacional em
toda a sua realidade.

Segundo a carta de Monteiro Lobato enviada em 09 de agosto de 1924, ao então


presidente Artur Bernardes, dizia que sendo a política em sua legítima acepção a arte de
governar os povos, não se concebe que os cidadãos assim se desinteressem do que tão
de perto lhes afeta a felicidade e o bem-estar e ao comentar a falta de interesse do povo
brasileiro pelos destinos da nação, bem como a corrupção que imperava no meio
político, já expressava os momentos turbulentos pelos quais passariam a nação
brasileira nas próximas décadas. Dizia ele que o povo brasileiro estava insatisfeito; e
que a linha que separa o espírito de revolta do espírito revolucionário é muito tênue; e
que se o distanciamento entre a política e o político não fosse resolvido o País seria
arrastado a revoltas que ocasionariam a sua ruína.

Observe-se que tanto hoje como naquela época, o mesmo se opera, pois poucos eleitores
sequer sabem o nome do candidato em quem votaram nas últimas eleições; muitos
poucos foram às urnas espontaneamente, no livre cumprimento do exercício da
cidadania e, como conseqüência imediata deste absurdo, a política transforma-se em
monopólio dos políticos, conforme já mencionado anteriormente, pois muitos fazem da
política profissão e meio de vida, transformando, assim, o sufrágio universal, um direito
sagrado e consagrado em todas as nossas Cartas Magnas, apenas um jogo nas mãos de
pessoas inescrupulosas.

1. AS ELEIÇÕES E AS ORDENAÇÕES

Com a chegada dos colonizadores vieram, também, as leis que iriam reger a vida dos
habitantes de nosso País. Tal como acontecia em Portugal ela seria regida pelas
Ordenações do Reino.

Os Bandeirantes Paulistas, ao tomarem posse das terras em que achavam metais


preciosos, utilizavam-se das eleições de forma direta e livre para escolherem aqueles
que iriam ser os guardiães do Tesouro do Rei. E este espirito democrático foi seguido
pelas gerações futuras, não sem muitas lutas e divergências com os Governadores-
Gerais que, à época, representavam os reis de Portugal, como nos relata Manoel
Rodrigues Ferreira em seu livro A Evolução do Sistema Eleitoral Brasileiro, 2001, pág.
36/37:

"... Quando, em 1719, Pascoal Moreira Cabral chega, com sua


bandeira, às margens dos rios Cuiabá e Caxipó-mirim, e ali
descobre ouro e resolve estabelecer-se, seu primeiro ato é
realizar a eleição de guarda-mor regente. E naquele dia, 8
de abril de 1719, reunidos numa clareira no meio da
floresta, aqueles homens realizam uma eleição...".

Como se pode ver, as cidades e vilas do Brasil possuíam desde então uma divisão
político-administrativa, pois já naquela época era necessário a divisão de riquezas e
distribuição de justiça. Contudo faz-se necessário ressaltar que até à realização da
Proclamação da Independência do Brasil o povo elegia apenas os governos locais, isto
é, os conselhos municipais, os quais possuíam apenas atribuições político-
administrativa, cabendo a estas câmaras, legislar de forma ampla sobre todos os
assuntos inerentes às vilas ou às cidades. Ainda segundo o autor acima citado, esta
divisão político-administrativa denominava-se Câmaras Municipais e eram compostas
por juizes, vereadores, procuradores, tesoureiros, almotacéis (2) e escrivães; que
geralmente eram chamados de oficiais.

Quando as Câmaras reuniam-se formavam o Conselho e quando as reuniões eram de


apenas juizes e vereadores denominavam-se Vereação.

O povo em votação secreta e de forma indireta, elegia os seus representantes que depois,
de forma direta, iriam eleger os oficiais das câmaras.

As eleições dos oficiais aconteciam segundo a forma prescrita pelas Ordenações do


Reino estabelecidas no Titulo 67 do Livro Primeiro das Ordenações (Ferreira, 2001)
constituindo, assim, um código eleitoral que vigorou no Brasil até 1828, portanto,
quatro anos após a outorga da primeira constituição brasileira feita por Dom Pedro I em
1824.

Essas eleições eram indiretas e em dois turnos e ocorriam a cada três anos, porém, como
o mandato dos oficiais era de um ano, em cada eleição elegiam-se três conselhos (3).

Todos votavam, o sufrágio era universal, não havia pré-requisitos nem distinção entre
os eleitores, apenas os elegíveis deveriam ser homens bons, pessoas honestas,
experientes e conceituados moralmente na sociedade.

1.1. AS ELEIÇÕES NO REINO

Nesta parte do trabalho, serão descritos os procedimentos das eleições dos oficiais das
câmaras àquela época.

As eleições nas vilas e cidades na época do Brasil-Reino eram de forma indireta e em


dois turnos. No mês de dezembro, quando aproximava-se o fim do mandato do último
conselho, toda a população era convocada para as eleições na quais seriam eleitos os
representantes que iriam escolher os novos oficiais das Câmaras.
Tais eleições eram presididas pelo Corregedor ou Ouvidor do Rei (4) que eram auxiliados
por duas ou três pessoas idôneas da localidade, escolhidas para essa finalidade. Na falta
do Corregedor ou do Ouvidor, as eleições eram presididas pelos Juizes Ordinários do
lugar, (o mais antigo) e, na falta deste, o Vereador mais velho assumiria a presidência
do processo eleitoral.

No dia marcado, o povo comparecia à mesa eleitoral e, de forma sigilosa, falava ao


ouvido do Escrivão o nome dos seis candidatos para qual estava dando o seu voto. O
Escrivão, da mesma forma sigilosa, ia anotando em separado o nome das seis pessoas
que iam sendo votadas para exercerem o cargo de eleitores. Tão logo terminava a
votação os juizes e os vereadores reuniam-se em vereança e, de forma secreta,
procediam à apuração dos votos, e ao final do processo eram escolhidos os seis mais
votados de cada povoado ou vila.

Como se pode verificar das Instruções Eleitorais abaixo transcrito, o processo eleitoral
segundo as Ordenações do Reino era de tal maneira rigoroso com o sigilo das eleições
que assim era descrito:

"... quando se fizerem as eleições não estarão presentes os


alcaides-mores, nem pessoas poderosas, nem senhores de
terras, e se lá entrarem, que digam o que querem e enquanto
requerem não prossigam os vereadores em sua vereação". (5)

Após a apuração feita pelos Vereadores e Juizes, os seis eleitores escolhidos pela
maioria absoluta dos votos faziam o juramento de que escolheriam para ocuparem os
cargos de Oficias das Câmaras entre as pessoas que mais estivessem a altura destes. Em
seguida os eleitos eram divididos em três grupos de dois e levados para locais diferentes
onde não pudessem se comunicar com os outros grupos, a fim de que organizassem as
listas dos Oficiais a serem eleitos.

Estas listas eram um tanto complicadas de se elaborar, pois os dois eleitores deveriam
estar em comum acordo com os nomes a serem relacionados. Como cada grupo deveria
organizar a sua própria lista esta eleição poderia durar dias ou até semanas.

Esta segunda etapa consistia em os seis eleitos de cada cidade ou vila escolherem três
nomes para ocuparem o cargo de juiz, três nomes para o cargo de vereador, três nomes
para o cargo de procurador, três nomes para o cargo de tesoureiro, três nomes para o
cargo de almotacel e três nomes para o cargo de escrivão. Caso houvesse na vila ou
cidade mais de um cargo a ser ocupado os nomes deveriam conter sempre um múltiplo
de três, ou seja, nove nomes para ocuparem os cargos de juizes, nove nomes para
ocuparem os cargos de vereadores e assim por diante até completarem a relação de
oficiais a serem empossados no período de um ano, o que hoje é conhecido como
legislatura (6).

Os três grupos de eleitores, após a elaboração das listas tríplices, assinavam-nas e as


entregavam ao juiz mais antigo para que este as manipulasse em um processo
denominado "apurar a pauta". Esse processo consistia em verificar os nomes das
pessoas mais votadas nas listas, fazendo então, eles mesmos, uma nova lista contendo
os nomes dos três candidatos ao cargo de juizes, vereadores, procuradores, tesoureiros,
almotacéis e escrivães, ou sendo o caso o nome de seis, nove, componentes até
completar os nomes para cada ofício. Estas listas eram assinadas, cerradas e seladas
devendo ser abertas apenas ao se aproximarem o fim da legislatura vigente, quando,
então, eram conhecidos os novos componentes da próxima legislatura.

Como as legislaturas duravam apenas um ano era necessário que o juiz que organizasse
a lista final também organizasse o sorteio para se saber quem iria começar o período
legislativo e quem iria terminá-lo, devendo para tanto convocar o povo para assistir ao
sorteio feito por um menino de até sete anos o qual faria o sorteio dos envelopes
contendo os nomes dos oficiais.

Em 12 de novembro de 1611, portanto oito anos após o código eleitoral das Ordenações
do Reino de 1603, o rei de Portugal fez editar um alvará aperfeiçoando e introduzindo
novas disposições ao código eleitoral no qual dizia:

"(...) os corregedores ou ouvidores ao entrarem nas terras


aonde hão de fazer a eleição, escolherão duas, ou três
pessoas que lhes parecer das mais antigas e honradas, e de
que tenham informação que são zelosas do bem público,
(...), dando-lhes juramento dos Santos Evangelhos. (...) e
estando o povo junto, o dito corregedor, ouvidor, ou juiz
lhe dirão da minha parte que das pessoas mais nobres da
governança da terra votem em seis eleitores dos mais
velhos, e que não sejam parciais, se na dita vila houver
bandos (...)" (7)

Como se pode verificar do próprio texto, as fraudes, é claro, existiam, pois muitas das
vezes as Instruções Eleitorais insculpidas nas Ordenações do Reino não eram seguida a
risca, eis que as mesmas eram constituídas de cinco livros e nem todas as cidades e vilas
do Brasil as possuíam. Porém, tais fraudes, eram punidas severamente com sentenças de
degredo de dois anos para as terras da África e pagamento de multas pesadíssimas.

1.2. OS PRIVILÉGIOS ELEITORAIS

Durante mais de trezentos anos, desde a colonização do Brasil até o ano de 1828,
portanto, quatro anos após a outorga da primeira Constituição Política do Império do
Brasil por Dom Pedro I, esse foi o processo eleitoral pelo qual se pautavam as eleições
para as Câmaras Municipais no Brasil. E nesses mais de três séculos de história vemos
surgir instituições que até hoje se sustentam, tais como a autonomia dos poderes
constituídos e a imunidade parlamentar.

Como exemplo de autonomia dos poderes e a não aceitação da ingerência externa, pode-
se citar a Câmara de São Paulo que não admitia a interferência dos governadores em
suas eleições através de um fato histórico descrito nos anais da Câmara Municipal da
Cidade de São Paulo, quando de uma tentativa, em 1619, do Capitão-Mor Gonçalo
Corrêa de Sá que achava que as eleições deveriam ocorrer anualmente e não
trienalmente como determinava as Ordenações assim decidiu a Câmara:

"Aos vinte e quatro dias do mês de dezembro de mil


seiscentos e dezenove, na Câmara, aí se apresentou a mim
Antônio Bicudo com um mandado do Sr. Capitão-mor e Ouvidor
Gonçalo Corrêa de Sá, em que mandava que se fizesse eleição
cada ano, digo, para cada ano, e querendo aos ditos
oficiais que dessem cumprimento ao tal mandado alegando com
a ordenação de Sua Majestade em que manda que se faça
eleição cada três anos, e para aquietação do povo ordenaram
que se fizesse como até agora se fez (...) (8)

Já a imunidade parlamentar surgiu com o "Alvará Régio, de 26 de fevereiro de 1771",


no qual os vereadores das câmaras ficavam a salvo de qualquer arbitrariedade, pois não
poderiam mais serem presos e processados enquanto estiverem exercendo o mandato
que o povo lhes havia concedido através das eleições. Insta esclarecer que tal imunidade
já encontrava precedente face a uma representação feita pelo ouvidor-geral da capitania
de São Paulo, no ano de 1728, no qual relatava o incidente ocorrido durante as
cerimônias de Corpus Christ, quando o padre mandou o sacristão avisar aos vereadores
de que os lugares que sempre lhes foram reservados não mais seriam, contudo os
vereadores se mantiveram firmes em não perder tal regalia. Em vista disso, o padre
avisou que não iria rezar a missa nem faria a procissão. Solicitado a se pronunciar sobre
o incidente, O Rei, então, dando razão aos vereadores assim respondeu:

"Me pareceu dizer-vos que o lugar em que a Câmara tinha o


seu assento e em cuja posse se pretendeu conservar é
decente, porque em muitas catedrais deste Reino, não só tem
lugar no cruzeiro, mas dentro da capela-mor, de que vos
aviso, para que assim o tenhais entendido". (9)

1.3. A PRIMEIRA ELEIÇÃO

Em 7 de março de 1821, D. João VI, assinou decreto convocando o povo brasileiro a


escolher os seus representantes, em eleições gerais, para comporem as " Cortes Gerais
de Lisboa", com a finalidade de ser redigida e aprovada a primeira Carta Constitucional
da monarquia portuguesa. Juntamente com o decreto anteriormente citado, foram
expedidas as "Instruções para as eleições dos deputados das Cortes do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarve".

Como no Brasil, até então, as eleições eram realizadas apenas para se eleger os
governos locais e as câmaras, estas eleições abrangeriam todo o território brasileiro e
teriam como finalidade eleger representantes do povo para um parlamento: as Cortes de
Lisboa.

Para que se possa entender o processo eleitoral promulgado pelo Decreto de 7 de março
de 1821 (10) e as Instruções para as eleições dos deputados das Cortes do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarve faz-se necessário a transcrição de alguns trechos do referido
Decreto:

O capítulo I dispunha o modo de formar as Cortes, e seu art. 32 determinava:

" (...) cada província há de dar tantos deputados quanto


contiver em sua povoação o número de 30.000 almas e que se
por fim restar um excesso que chegue a 15.000 almas, dará
mais um deputado, e não chegando o excesso da povoação a
15.000 almas, não se contará com ele."

Já o capítulo II pode-se dividir em duas partes básicas:

a)o art. 34, que estabelecia a forma:

"... se deverão formar Juntas Eleitorais de Freguesias,


Comarcas e Províncias... ";

b)e o art. 35, que estabelecia o eleitorado:

"... As juntas eleitorais de freguesias serão compostas de


todos os cidadãos domiciliados e residentes no território
da respectiva freguesia (...)".

A revisão bibliográfica dos três artigos acima citados (11) revelam:

1) A representação do povo se faria de forma proporcional à população existente;

2) A eleição seria de forma indireta e em quatro turnos e;

3) O exercício da cidadania através do voto do povo dava legitimidade aos eleitos, já


que no primeiro turno o voto era exercido por todos não havendo qualquer restrição
quanto ao eleitorado.

Finalmente, deve-se esclarecer que a província se dividia em comarcas e estas, em


freguesias e, como já foi dito, todos do povo votavam, não havendo nenhum tipo de
restrições.

1.4. AS JUNTAS ELEITORAIS

As juntas eleitorais eram reunidas no dia da eleição e deveriam ser compostas de acordo
com as eleições a ser realizadas.

No primeiro turno, as juntas deveriam se reunir com o povo na Casa do Conselho, sob a
presidência do juiz ou vereador com o auxílio de um padre e dois escrutinadores. Após
a nomeação de um secretário escolhidos entre eles deveria ser dado início a eleição.

No segundo turno os eleitos deveria seguir para as comarcas, onde se reuniriam no


Passo do Conselho sob a presidência do corregedor da comarca, dois escrutinadores e
um secretário, escolhidos entre eles.

Já para a eleição dos deputados, os eleitores de província estariam reunidos no Paço do


Conselho com a maior autoridade civil do local presidindo a sessão.

1.4.1. OS COMPROMISSÁRIOS E OS ELEITORES PAROQUIAL


As eleições aconteciam em um domingo, onde os habitantes iam às juntas eleitorais ou
assembléias paroquiais para escolherem um certo número de concidadãos os quais após
a eleição eram chamados de compromissários.

Para se saber quantos compromissários seriam eleitos era necessário primeiramente


conhecer a quantidade de eleitores a serem eleitos, e o procedimento se dava da seguinte
maneira: A cada duzentas casas ou famílias seria nomeado um eleitor paroquial e o que
excedessem de cem daria mais um eleitor paroquial.

Cabe ressaltar, que para cada eleitor paroquial eram eleitos 11 compromissários e, para
cada dois eleitores paroquiais eram eleitos 21 compromissários e para cada três eleitores
paroquiais seriam eleitos 31 compromissários, sendo este número o limite de
compromissários por cada freguesia.

Sabendo-se, então, dessa forma, a quantidade de eleitores compromissários por


freguesia, a junta eleitoral se estabelecia, reunindo-se na Casa do Conselho, sob a
presidência do juiz ou vereador mais antigo com o auxílio de um padre, dois
escrutinadores e um secretário escolhidos entre eles, procedendo então, a eleição dos
compromissários.

Cada eleitor ditava o nome das pessoas que deveriam ser os compromissários, não
podendo no entanto, votar em si mesmo. Após a eleição passava-se a apuração, sendo
considerado eleito aqueles que alcançassem a metade dos votos. Os compromissários,
que deveriam ter mais de 25 anos de idade, passavam, então, a escolher os Eleitores de
Paroquia. A ata da eleição serviria como diploma de posse, ficando cada Eleitor de
Paróquia com uma cópia a título de diploma.

Para simplificar o entendimento, digamos que 200 pessoas (qualquer do povo) elegiam
11 Compromissários (maiores de 25 anos) e estes elegiam 1 Eleitor de Paróquia.

1.4.2. ELEITORES DE COMARCA

Os eleitores de paróquia de posse de seus diplomas dirigiam-se as Comarcas para


realizarem as eleições dos Eleitores de Comarca, no domingo seguinte ao de sua
eleição. Os eleitores de comarca seriam o triplo do número de deputados a serem
eleitos.

No dia da eleição, os eleitores de paróquia reuniam-se no Passo do Conselho, sob a


presidência do Corregedor da Comarca que nomeava um secretário e dois
escrutinadores, ato continuo passavam a receber os diplomas dos demais eleitores de
paróquia para a sua verificação.

No dia seguinte realizava-se a escolha dos Eleitores de Comarca de forma secreta,


devendo para tanto ser escrito o nome dos escolhidos em um papel e depositando-o em
uma urna.

Após a apuração seria eleito aquele que alcançasse no mínimo a metade mais um dos
votos, maioria absoluta e, não se alcançando o quorum necessário haveria nova eleição
elegendo-se os mais votados em maioria simples.
Após Lavrada a ata da eleição entregava-se uma cópia aos eleitos valendo esta como
documento de diplomação.

1.4.3. ELEITORES DE PROVÍNCIA

Após serem eleitos, os Eleitores de Comarca seguiriam para a Capital da Província e, lá


chegando, reuniam-se no domingo seguinte a sua eleição, no Paço do Conselho com a
maior autoridade civil do local presidindo a sessão, para marcarem a data em que seria
realizada a eleição dos deputados que representariam o Brasil junto às Cortes de Lisboa.

No dia marcado ao se reunirem, nomeavam um secretário e dois escrutinadores para


procederem à votação que consistia em cada eleitor de comarca declarar junto ao
secretário o nome das pessoas em quem votava o qual escrevia o nome em uma pauta.

O escrutínio se daria logo após o último eleitor de comarca ter votado, sendo
considerado eleitos aqueles que obtivessem a metade mais um dos votos (maioria
absoluta). Caso não se conseguisse alcançar o número necessário de deputados, seria
feito novo escrutínio elegendo-se aqueles que alcançassem a pluralidade de votos
(maioria relativa).

Segundo os levantamentos bibliográficos realizados, o Brasil possuía naquela época


2.323.366 habitantes (IBGE, 2002) (12), e como as frações das províncias eram
desprezadas, foram eleitos 72 deputados, sendo considerada esta como a primeira
eleição realizada em solo brasileiro.

Posteriormente mais duas eleições gerais foram realizadas em solo brasileiro antes de
sua independência política de Portugal, sendo que a segunda foi realizada após a
reforma da administração política e militar decretada por D. João VI que, em decreto
datado de 1º de outubro de 1821, conclamava o povo brasileiro a escolher os
governantes das juntas provisórias no prazo de dois meses, contados desde o dia em que
as autoridades das capitais tomassem conhecimento do decreto e a terceira foi
convocada por D. Pedro, através do decreto de 16 de fevereiro de 1822, para a eleição
dos Procuradores-Gerais das Províncias do Brasil.

2. A CONSTITUIÇÃO DE 1824

Dois fatos importantes protagonizados por D. Pedro I merecem ser mencionados. O


primeiro é a Proclamação da Independência do Brasil do Império Português, no dia 7 de
setembro de 1822. O Segundo, foi a outorga ao povo brasileiro da primeira Constituição
Política do Brasil (13) jurada em 25 de março de 1824.

Ainda com relação a este segundo fato, deve-se destacar a divisão dos poderes políticos
nela reconhecida como o Poder Moderador, o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o
Poder Judicial. (14)

Dentre esses poderes acima citados deve-se mencionar o Poder Moderador que era
função exclusiva do imperador, o qual deveria zelar pela manutenção da Independência,
e o equilíbrio e harmonia entre os demais poderes políticos. Já o poder Legislativo era
composto por duas Câmaras ( a Câmara dos deputados e a Câmara dos Senadores) onde
cada legislatura duravam quatro anos.

Em relação a Constituição de 1824, deve-se ressaltar que a mesma representou um


grande avanço sobre o conceito das Câmaras Municipais do período colonial, pois
segundo a nova constituição todas as cidades e vilas já existentes, bem como, nas que
fossem criadas futuramente, deveriam possuir uma Câmara, as quais seriam compostas
por vereadores regularmente eleitos, competindo-lhes, sobretudo, a captação
manutenção e aplicação de suas rendas e do governo municipal.

Por outro lado, as Câmaras Municipais não mais teriam jurisdição contenciosa (15),
limitariam-se a sessões administrativas, revogando na prática as Ordenações do Reino
que até então regiam o seu funcionamento.

2.1. REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO

O Sistema Político no tempo do Império era bicameral (16), sendo composta por duas
Casas: a Câmara dos Deputados e a Câmara do Senado.

No que tange a escolha dos deputados e dos senadores, a mesma era feita por meio de
sufrágio censitário e em dois graus, com a população escolhendo os eleitores de
paróquia, estes então escolhiam os eleitores de província, os quais deveriam escolher os
deputados e os senadores.

Entretanto, existia uma diferença na escolha dos deputados e senadores; enquanto os


deputados eram escolhidos para uma legislatura de quatro anos e de forma direta pelos
eleitores de província, os quais foram eleitos de forma indireta pelos cidadãos ativos em
Assembléias Paroquiais (17), os senadores tinham a vitaliciedade do cargo e o Imperador
escolhia o terço da totalidade dos senadores a partir de lista tríplice formulada pelos
eleitores de província. (18)

O número dos deputados de que cada província era capaz de eleger não era matéria
constitucional e deveria ser regulamentada por legislação ordinária já que este número
deveria ser relativo à população do Império, como determinava a Constituição: "Uma lei
regulamentar marcará o modo prático das eleições, e o número dos Deputados,
relativamente à população do Império" (art. 97 da Constituição do Império). Por sua
vez, o número de senadores variava de acordo com a representação proporcional na
Câmara dos deputados:

"Cada Província dará tantos Senadores quantos forem metade


se seus respectivos Deputados, com a diferença que, quando
o número de Deputados da Província for impar, os dos seus
Senadores será metade do número imediatamente menor, de
maneira que a Província que houver de dar onze deputados,
dará cinco Senadores.". (art. 41 da Constituição do
Império).

O sistema político ora apresentado, funcionou de forma eficaz e razoável durante todo o
império como pode ser verificado no seguinte texto:
"Na verdade, o País praticou entre 1821 (antes da outorga
da Carta de 1824, portanto) e 1881, data da Lei Saraiva,
que instituiu o voto direto, o processo de escolha de
Deputados e Senadores em dois turnos, o que representava,
relativamente ao que se praticou na época em Portugal e
Espanha, com eleições em quatro turnos, um razoável
avanço.". (19)

Levantavam-se contra este sistema, no entanto, duas questões relativas à representação:


a autenticidade dos votos, tendo em vista que em 1881 o Brasil possuía 12 milhões de
habitantes, e portanto, apenas 150 mil eleitores, (IBGE, 2002), um número
insignificante, vez que o voto universalizou-se apenas no século XX e as mulheres só
passariam a ter direito a voto, no Brasil, a partir de 1934; e a falsificação da vontade do
eleitor por meio da excessiva intervenção do Poder Moderador e do Poder Executivo
que levados pela necessidade que tinham de assegurar a unanimidade nas câmaras
interviam nos pleitos eleitorais para lhes assegurar a preponderância na política do País.

2.2. AS LEIS ELEITORAIS DO IMPÉRIO

Foram várias as Leis Eleitorais no período do Brasil Império, também chamadas de


Instruções. Essas Instruções eram feitas através de Decreto do Imperador e várias delas
ditadas com o intuito de regulamentar a anterior.

A primeira Lei Eleitoral do Império, foi datada de 26 de março de 1824, onde todo o
povo foi convocado a comparecer as juntas eleitorais para escolherem os Senadores,
Deputados e Membros das Assembléias Legislativas Provinciais.

A Segunda Lei Eleitoral do Império foi data de 01 de outubro de 1828. Esta Lei
determinava a obrigatoriedade de se convocar eleições municipais para eleger os
vereadores que substituiriam as legislaturas anteriores e mantinha o mesmo espírito da
lei anterior, modificando apenas atos procedimentais.

Então, em 19 de agosto de 1846, D. Pedro I, tendo por base a Constituição do Império


do Brasil decreta e sanciona a Lei n.º 387, a primeira lei eleitoral realmente brasileira,
que regulava a maneira de proceder às eleições de Senadores, Deputados, membros das
Assembléias Provinciais, Juizes de Paz e Câmaras Municipais.

Esta Lei, foi o marco final da aplicação das Ordenações do Reino em todo o Império do
Brasil, constituindo-se em um marco importante na história da evolução das leis
eleitorais do Brasil, pois ela é considerada a primeira lei eleitoral brasileira, elaborada
por determinação da Constituição Brasileira e dispunha de um capítulo especial sobre o
alistamento dos eleitores. Ela teve o mérito de procurar moralizar as eleições, posto que
uma junta deveria listar todos os eleitores ativos da paróquia.

Em 19 de setembro de 1855, o Imperador assinou Decreto de nova Lei Eleitoral. Esta lei
possuía apenas 20 artigos, mas fazia modificações profundas na lei eleitoral vigente,
dentre elas destacava-se o seu parágrafo terceiro, o qual determinava que as províncias
seriam divididas em tantos distritos eleitorais quantos fossem os seus deputados, de
modo que houvesse apenas um deputado por distrito. Essa Lei ficou conhecida como
Lei dos Círculos.
2.3.A LEI SARAIVA

No dia 9 de janeiro de 1881, foi sancionado pelo Imperador a mais importante


legislação eleitoral do Brasil, através do Decreto n.º 3029, sendo regulamentada após
sete meses através do Decreto n.º 8213 de 13 de agosto de 1881.

As informações referentes a esta Lei revelam que ela era muito avançada para o seu
tempo, e em se tratando da matéria, essa legislação foi a da mais alta importância na
vida política do país, podendo-se dizer sem sombra de dúvida que a sua forma e espírito
perdura até hoje, passados mais de um século.

A presente lei recebeu o nome de Lei Saraiva ou Lei do Censo, e determinava o voto
direto nas eleições em todo o Reino e em seu preambulo determinava a realização de
um censo em todo o Reino com vista a ser efetuado o alistamento dos eleitores.

As reformas introduzidas por esta lei foram profundas, podendo ser verificada tal
mudança através da análise de seu artigo primeiro o qual dizia que as nomeações dos
senadores e deputados seriam feitas através de eleições diretas, onde tomariam parte da
mesma todos os cidadãos alistados, ficando assim abolido o sistema de eleições
indiretas que vinham sendo adotado no Brasil desde 1821, instituindo, pela primeira vez
no Brasil, o sistema de eleições diretas, através do voto secreto.

Essa lei não tratava só das eleições dos senadores e dos deputados, ela determinava
também, que os cargos para juizes de paz, vereadores e procuradores gerais também
seriam objeto de eleição, bem como, permitia que os candidatos ao cargo eletivo
poderiam indicar fiscais junto às assembléias eleitorais.

A lei estabelecia ainda, que nenhum cidadão poderia ser incluído no alistamento sem o
ter requerido por escrito, e junto com o requerimento deveria anexar provas de que tinha
renda líquida anual não inferior a duzentos mil réis, por bem de raiz, indústria, comércio
ou emprego. Vale ressaltar, que sem esses requisitos o eleitor não poderia ser alistado e
caso não possuísse esse documento, a expedição do título de eleitor seria feito por um
Juiz de Direito.

Complementando as informações sobre a lei, observa-se que a mesma não se esqueceu


dos analfabetos, pois os mesmos poderiam obter o requerimento de alistamento desde
que o pedido fosse feito por algum eleitor por ele indicado.

Quanto as condições de elegibilidade a lei determinava que o cidadão que desejasse


concorrer a qualquer dos cargos deveria ter as qualidades exigidas para ser eleitor e não
ter sido pronunciado em nenhum processo criminal.

Esta lei estabelecia ainda, que o candidato para concorrer ao cargo de senador deveria
ter mais de 40 anos de idade e renda anual não inferior a um milhão e seiscentos mil
réis, por bem de raiz, indústria, comércio ou emprego.

Para concorrer ao cargo de deputado à Assembléia Geral deveria possuir renda anual de
oitocentos mil réis, por bem de raiz, indústria, comércio ou emprego e para ser membro
da Assembléia Legislativa Provincial o mesmo deveria residir na província há mais de
dois anos.
Para ser vereador ou juiz de paz era necessário que o candidato residisse no município
ou no distrito de paz por mais de dois anos.

Seriam eleitos os candidato que obtivessem a maioria absoluta dos votos dados na
eleição, caso não nenhum candidato conseguisse a maioria absoluta, haveria outra
eleição 20 dias após onde concorreriam os dois candidatos mais votados, sendo eleito o
que obtivesse a maioria simples dos votos.

A lei tratava, ainda, em um de seus capítulos, dos crimes eleitorais, onde as penas
cominadas aos que cometessem algum crime de natureza eleitoral iam desde multas a
penas de prisão.

Com relação ao decreto que regulamentou a Lei do Censo ou Lei Saraiva, a mesma
estabeleceu que as eleições seriam feitas de quatro em quatro anos, no primeiro dia útil
do mês de dezembro da última legislatura. O Decreto estabelecia também, que, como o
sistema de governo era parlamentar, no caso de dissolução da Câmara dos Deputados
deveria ser marcado dentro do prazo de quatro meses, contados da data do decreto de
dissolução da Câmara, um dia útil para a nova eleição.

A história da democracia no Brasil é conturbada e difícil. Vencida a Monarquia semi-


autocrática e escravista, e após a fase democratizante mas turbulenta da República da
Espada de 1889-1894, a República Velha conhece relativa estabilidade. É, porém, a
estabilidade oligárquica dos coronéis e eleições a bico de pena, que após 22 entra em
crise. Com frequência sofre o trauma dos estados de sitio, ante movimentos armados
contestatórios ou disputas intra-oligárquicas que fogem ao controle, para não falar da
repressão a movimentos populares.

• A Revolução de 30 não efetiva sua plataforma de liberalização e moralização política.


Vargas fica 15 anos à frente do Executivo, sem eleição. A ordem constitucional
tardiamente instaurada com a Assembleia de 34 dura apenas 3 anos. Segue-se em 37-45
a ditadura do Estado Novo, com Parlamento fechado, partidos banidos, uma
Constituição outorgada e ainda assim desobedecida, censura, cárceres cheios, tortura.

• A democratização de 45 sofre o impulso externo da derrota do nazismo. Internamente


não enfrenta maior resistência, até porque o antigo ditador adere a ela, decreta a anistia,
convoca eleições gerais, legaliza os partidos. A seguir, o golpe de 29/10/45 e o empenho
conservador do gen. Dutra impõem-lhe limites. O regime instituído pela Constituinte de
46 é uma democracia formal. As elites governantes da ditadura estadonovista reciclam-
se, aglutinam-se no PSD e conservam sua hegemonia. O gov. Dutra é autoritário:
intervém em sindicatos, devolve o PC à ilegalidade, atira a policia contra manifestações.
• A instabilidade é a outra marca da democracia pós-45

Após o golpe militar de 29/10/45, vêm os ensaios de ago/54, nov/55, ago./61 e outros
menores. A UDN contesta as posses de Getúlio, JK e Goulart com apelos à intervenção
das Forças Armadas. Confirmase a imagem, criada na Constituinte pelo udenista João
Mangabeira, que compara a democracia a "uma planta tenra, que exige todo cuidado
para medrar e crescer".

• O golpe de 64 trunca a fase democrática ao derrubar pela torça o pres. Goulart. Pela 1a
vez no Brasil, as Forças Armadas não se limitam a uma intervenção pontual; assumem o
poder político enquanto instituição, dando início a 2 décadas de ditadura.

• A ditadura militar de 64-85 é a mais longa e tenebrosa fase de privação das liberdades
e direitos em um século de República. Caracteriza-se pelo monopólio do Executivo
pêlos generais, o arbítrio, a sujeição do Legislativo e do Judiciário, as cassações, a
censura, a repressão militar-policial, a prisão, tortura, assassinato e "desaparecimento"
de opositores. Sua 1a fase, até 68, conserva resquícios de ordem constitucional e impõe
certos limites à ação repressiva; a 2a, de 68-78, à sombra do Al-5, leva ao extremo o
arbítrio e a repressão; a 3a, crepuscular, é de paulatino recuo, sob os golpes de uma
oposição que passa da resistência à contra-ofensiva.

• A consciência democrática surgida na resistência à ditadura introduz um elemento


novo na vida política. Pela 1a vez transborda de setores urbanos minoritários para as
grandes massas, enraiza-se nos movimentos de trabalhadores das cidades e do campo,
estudantes, moradores, intelectuais e artistas, ação pastoral da Igreja, órgãos de
imprensa e outras áreas de uma sociedade civil que se organiza. Cria um vinculo em
grande parte inédito entre direitos politicos e direitos econômico-sociais, um patamar
novo de cidadania, mais abrangente e exigente. Sua expressão mais visível é a
Campanha das Diretas-84. Depois dela, a ditadura negocia apenas as condições e prazos
do seu desaparecimento.

• A democratização de 85 é conduzida pêlos moderados do PMDB e a dissidência do


oficialismo que forma o PFL. Após a derrota da Campanha das Diretas, adota a via de
vencer o regime dentro do Colégio Eleitoral que ele próprio criou. Negociada com
expoentes do Sistema de 64, traz o selo da conciliação, típico das elites brasileiras desde
1822. Mas traz também a marca da ebulição politico-social de massas que na mesma
época rompe os diques erguidos desde 64. O resultado, expresso na Constituição de 88,
é uma democracia mais ousada e socialmente incisiva, se comparada à de 45, embora
sua regulamentação e aplicação permaneçam sempre aquém do texto constitucional.
•O impeachment de Collor põe à prova as instituições da Nova República. Estas passam
no teste sem quebra da ordem constitucional democrática, graças a intensa mobilização
da opinião pública e a despeito do apego do presidente a seu cargo. Porém a emenda
constitucional que institui a reeleição (28/1/97) e várias outras cogitadas pelo bloco de
apoio ao gov. FHC (volta do voto distrital, fidelidade obrigatória, restrições à liberdade
partidária) indicam que o regime político está longe de estabilizar-se.

• O sistema de governo, presidencial ou parlamentarista. é submetido a plebiscito em


21/4/93, por determinação da Carta de 88. Embora as elites se apresentem às urnas
divididas, o eleitorado reafirma o presidencialismo em todos os estados e por expressiva
maioria (mais de 2/3). motivado em especial pela defesa da eleição direta para
presidente.

•O Brasil pós-30, visto em perspectiva, alterna longos períodos de ditadura e


instabilidade e momentos, bem mais curtos e não menos conturbados, de certo
revigoramento democrático (30-35, jan-out/45, 56-64). Em 7 décadas. apenas um
presidente (Juscelino) consegue a proeza de eleger-se pelo voto, cumprir o mandato e
empossar um sucessor também eleito, A democratização pós-85 ainda é apenas uma
promessa de superação desse ciclo histórico.

• As Forças Armadas intervêm pela violência na vida política da República, com


frequência e desenvoltura crescentes, até estabelecerem seu monopólio sobre o poder
com o regime de 64.0 jacobinismo republicano florianista desdobra-se no tenentismo
dos anos 20 e desagua na Revolução de 30, já cindido em 2 vertentes opostas. Uma,
nacionalista e com sua ala esquerda, engaja-se na campanha do Petróleo é Nosso,
garante a posse de JK em 55 e Goulart em 61, forma o dispositivo militar do gov. Jango.
Outra cria estreito vinculo com os EUA após a Campanha da Itália, assume a ideologia
da Guerra Fria, empenha-se nos pronunciamentos militares de 45-61, protagoniza a
conspiração anti-Jango e o golpe de 64. Entre outras coisas, 64 representa um ajuste de
contas entre as 2 tendências, com a derrota estratégica embora não definitiva da 1a.

• O regime militar degrada seriamente a imagem das Forças Armadas. Afora o desgaste
inerente ao exercício de uma função alheia à sua natureza, o estamento militar arca com
os revezes econômicosociais e, sobretudo, com o ónus da repressão, das torturas e
assassinatos. Embora a maioria dos oficiais e praças não se envolva diretamente na ação
repressiva, toda a corporação acaba afetada pela conduta dos órgãos de segurança e seu
comando, que se confundem com ó regime.

• A volta aos quartéis inicia longa e muda purgação. Porta-vozes militares opinam
durante a Constituinte sobre o papel das Forças Armadas; mais tarde propõem o
esquecimento do passado repressivo nos anos de chumbo; mas em geral silenciam,
mesmo no delicado episódio do impeachment. Entretanto, o fim da Guerra Fria e a
globalização sob a égide dos EUA reabrem o debate sobre Forças Armadas e soberania
nacional em países como o Brasil, ao proporem, por exemplo, a internacionalização do
combate ao narcotráfico, da preservação ambiental e em especial da Amazónia. Os
militares brasileiros enfrentam, ao lado do peso do passado, do corte de verbas e da
rebaixa dos soldos, o desafio de formular um pensamento estratégico pós-Guerra Fria.

• Uma humilhante derrota macula os 1" passos do parlamento brasileiro: a 12/11/1823


d. Pedro l dissolve pela força a 1a Assembleia Constituinte aberta 6 meses antes; o dep.
António Carlos de Andrada, ao deixar o prédio cercado pela tropa, tira o chapéu com
ironia para "Sua magestade, o canhão". Cria-se ai um padrão: a submissão do legislador
ao canhão.

• O parlamento é débil desde o Império, onde o monarca nomeia os senadores e dissolve


a Câmara quando lhe convém. Vinda a República, o pres. Deodoro decreta em
3/11/1891 o fechamento do Congresso, não etetivado porque o governo cai em seguida.
A República Velha mantém o legislativo aberto, mas degrada-o com as degolas que
manipulam sua composição. Após a Revolução de 30 o Brasil fica 3 anos sem
Congresso [3.2], volta a tê-lo por outros 4 e passa mais 8 sem ele. A República de 45
em certa medida fortalece o legislativo. Mas o regime de 64 submete-o aos piores
vexames, do simulacro de eleição de Castelo ao Pacote de Abril, passando pelo Al-5.

• Os partidos políticos refletem essa debilidade, a vida democrática precária,


intermitente ou inexistente, e certo pragmatismo da elite governante, avesso a
engajamentos ideológicos ou programáticos. O sistema partidário brasileiro é frágil e
instável inclusive em confronto com outros países latino-americanos.

•Os 1° partidos assim chamados, das vésperas do Grito do Ipiranga ao início das
Regências, não são organizações. nem sequer agremiações, mas correntes de
pensamento, fluidas e imprecisas. Só no debate do Ato Adicional de 1834 formam-se o
Partido Liberal e o Conservador, a 1a geração de partidos propriamente ditos.

•A República varre com as agremiações da Monarquia e produz a 2a geração partidária.


Sua característica é a fragmentação em legendas estaduais, acompanhando o
federalismo centrífugo da época. Predominam os Partidos Republicanos, alguns
formados antes de 1889 (o de SP é de 1873), todos (exceto, em parte, o do RS) com
precária nitidez programática e estruturas fluidas, descentralizadas, assemelhadas a
confederações de coronéis.
• O Partido Comunista foge a esta e outras regras. Fundado em 22. como seção da 3a
Internacional, com bases no movimento operário, tem caráter nacional e perfil
programático e ideológico incisivo (revolucionário, marxista). Mesmo proibido,
clandestino, perseguido, às vezes selvagemente (35-42, 64-79). mesmo assim atravessa
as sucessivas gerações partidárias da República.

• Os revolucionários de 30 não conseguem estruturar um partido próprio, permanecendo


no estágio mais rudimentar dos clubes (Legião Revolucionária, Clube 3 de Outubro). As
siglas criadas em 31-37 chegam a centenas, mais uma vez com abrangência estadual (a
Ação Integralista é a exceção mais notável). O golpe do Estado Novo dissolve a todas,
sem maior resistência, e assume o discurso de que os partidos são uma ameaça à
unidade nacional.

•A democratização de 45 introduz novidades. Os partidos da 4a geração ]têm, na


maioria, caráter nacional, um mínimo de consistência programática e identidade própria.
No entanto, as tensões políticas que se agravam levam ao seu esgarçamento, acelerado
nos anos 60. As principais legendas se dividem em questões decisivas, cristalizando alas
que atuam e votam à revelia das deliberações partidárias. A vida política e polarizada
por coligações e frentes informais, que não coincidem com as siglas existentes, que João
Mangabeira considera "mais partidas e partilhas do que propriamente partidos". Uma
reestruturação de vulto parece iminente quando sobrevêm o golpe de 64, preparado e
desfechado à margem dos partidos; no ano seguinte, o Al-2 encerra a experiência
pluripartidária.

•O bipartidarismo imposto pelo Al-2 (27/10/65) realiza um antigo sonho conservador ao


unificar na Arena o PSD e a UDN, sob a batuta do regime militar e com a tarefa de dar-
lhe sustentação politico-parlamentar e eleitoral. No PMDB ficam os que se opuseram ao
golpe, depurados pelas cassações. Seus defensores invocam o modelo dos EUA, e/ou a
instabilidade derivada de um número excessivo (13) de siglas. Mas a experiência
bipartidária acaba voltando-se contra seus autores, tendendo progressivamente a
transformar cada eleição em um julgamento plebiscitário do regime de 64. A Arena,
criada para ser governo, reflui, enquanto avança o MDB, a começar pêlos grandes
centros urbanos. Antes de confrontar-se com uma derrota eleitoral decisiva que parece
inelutável, o regime muda novamente as regras do jogo: encerra a 5a geração partidária,
impõe a extinção compulsória da Arena e do MDB e a volta do pluripartidarismo.

• O quadro partidário atual forma-se a partir da reforma de 22/11/79, em um quadro de


ascenso dos movimentos politico-sociais de massas, fim do Al-5, anistia e retorno de
certas franquias democráticas; o regime militar resiste, mas já em seu crepúsculo. Nesta
6a geração o corte não é tão abrupto: o PMDB é em essência continuação do MDB; o
PDS-PPR-PPB dá sequência à Arena: o PDT recupera em parte a herança, o perfil e os
quadros do PTB pré-65. O novo leque partidário sobrevive à democratização de 85, mas
sofre deslocamentos de vulto: o PMDB, após as dissidências originadas pela reforma de
79. sofre em 88 outro cisma, que dá origem ao PSDB; o PSD divide-se na crise de 84,
quando surge o PFL; em 85 o n° de siglas sobe bruscamente, para mais de 40, mas em
geral sem maior expressão: os comunistas alcançam afinal uma legalidade relativamente
estável; em 97 o PT, PDT e PCdoB formalizam na Câmara um bloco oposicionista.

•As gerações partidárias brasileiras, em resumo, são; a fase preliminar dos partidos
inorgânicos, somando 14 anos (1820-1834); a 1a geração, do Império, com 55 anos
(1834-1889); a 2a, da República Velha, 41 anos (1889-1930); a 3a, pós-30, 7 anos (30-
37); superado o interregno estadonovista, vem a 4a geração, com 20 anos (45-65); a 5a.
pós-AI-2, dura 14 anos (65-79); e há a 6a, a partir da reforma de 79, ainda em curso.

•O Congresso dos anos 90 funciona sem interrupções desde 15/4/77, um recorde não
atingido desde 30. Forma o núcleo do Colégio Eleitoral que encerra em 15/1/85 o ciclo
de 64. Atendendo a forte pressão da opinião pública, decide o impeachment de Collor
(29/9-30/12/92). Entretanto, vive problemas estruturais e de imagem que permitem falar
em uma crise do Legislativo.

•A distorção nas bancadas estaduais na Câmara, acentuada pela ditadura e mantida pela
Constituinte, dá ao eleitor de RR peso 18 vezes superior ao do de SP. Os estados
menores são super-representados em detrimento dos maiores, também os mais
urbanizados, com sociedade civil mais organizada e reivindicativa: SP conta 70 deps.
federais (o teto permitido) quando a proporcionalidade indicaria uma bancada de 110.

•A relação com o Executivo, vencida a coação ditatorial. não evolui para a


independência e harmonia, O Executivo, na falta dos Decretos-Leis aprovados por
decurso de prazo sob a ditadura, substitui-os pelas medidas provisórias, editadas e
reeditadas com crescente semcerimônia pêlos presidentes da Nova República. Estes
garantem maiorias parlamentares governistas em um balcão de negócios que vai do
tisiologismo aético ao suborno ilegal; a gestão Sarney vale-se da outorga de 1.091
concessões de rádio e TV; em 16/4/97 vem à luz a denúncia, abafada mas não
desmentida, da compra de votos de deputados do AC para votarem a emenda
constitucional que permite a reeleição de FHC. A imagem do parlamento e dos
parlamentares (malgrado as exceçòes) se degrada, associada à inoperância, oportunismo
e corrupção, mas o descrédito, paradoxalmente, apenas reforça o status-quo.

17) Aborto
Mentiras e Verdades sobre o Aborto

Para justificar este crime abominável, os abortistas inventaram uma grande quantidade
de falsos argumentos que foram difundidos insistentemente, especial naqueles países
onde, por qualquer motivo, tentam buscar a legalização do aborto ou ampliá-lo onde já
foi legalizado alguma de suas formas. Revisemos algumas destas mentiras e qual é a
verdade.

Mentira 1: É desumano não legalizar o "aborto terapêutico" que deveria ser


realizado quando a gravidez põe a mulher em risco de morte ou de um mal grave e
permanente.

A Verdade: neste caso o termo "terapêutico" é utilizado com o fim de confundir.


"terapia" significa curar e neste caso o aborto não cura nada. Atualmente, a ciência
médica garante que praticamente não há circunstâncias em que se deva optar entre a
vida da mãe ou do filho. Esse conflito pertence à história da obstetrícia. Já em 1951, o
Congresso de Cirurgiões do American College disse que "todo aquele que faz um aborto
terapêutico ou ignora os métodos modernos para tratar as complicações de uma gravides
ou não quer dispor de tempo para usá-los" o temido caso das gestações "ectópicas" ou
que desenvolvem-se fora do útero materno estão sendo dirigidas medicamente cada vez
com maior facilidade. Por outro lado, o código de ética médica afirma que em caso de
complicações na gravidez devem ser feitos os esforços proporcionados para salvar a
mãe e filho e nunca ter como saída a morte premeditada de um deles.

Mentira 2: É brutal e desumano permitir que uma mulher tenha o filho produto de
uma violação, por isso, para estes casos, deveria ser legalizado o aborto chamado
"sentimental".

A Verdade: Em primeiro lugar as gravidezes seguidas de uma violação são


extremamente raras. Nos Estados Unidos, por exemplo, a violação é um sério problema,
aproximadamente 78.000 casos foram notificados em 1982. Esta cifra é mais importante
se tem-se em conta que 40% a 80% das violações não são denunciadas.

Nestes casos as gravidezes são extraordinariamente raras, por várias causas. Por
exemplo, as disfunções sexuais em seus violadores, cuja taxa é extremamente alta. Em
três estudos foram constatados que 39, 48 e 54% das mulheres vítimas do ataque não
tinham ficado expostas ao esperma durante a violação.

Em outro estudo foi comprovado que 51% dos violadores experimentaram disfunções
que não lhes permitiam terminar o ato sexual. Outra causa pela qual são extremamente
raras as gravidezes por violação: a total ou temporal infertilidade da vítima. A vítima
pode estar já grávida ou pode Ter outras razões naturais.

43% das vítimas encontrava-se nestas categorias. A vítima pode estar tomando
anticoncepcionais, ter um DIU ou ligadura das trompas, 20% situava-se nesta categoria.
Assim, somente uma minoria das vítimas tem um potencial de fertilidade.

Além da infertilidade natural, algumas vítimas estão protegidas da gravidez pelo que é
chamado de estresse de infertilidade; uma forma de infertilidade temporal como reação
ao estresse extremo. O ciclo menstrual, controlado por hormônios, é facilmente
distorcido por um estresse emocional e pode atuar demorando a ovulação; ou se a
mulher já ovulou a menstruação pode ocorrer prematuramente.

Um estudo determinou que registraram somente 0,6% de gravidez em 2190 vítimas de


violação. Em uma série de 3.500 casos de violação em 10 anos no Hospital São Paulo
de Minneapolis, não houve um só caso de gravidez.

Procurar uma legislação baseada em uma exceção em vez de uma regra é totalmente
irracional desde o ponto de vista jurídico. É óbvio que o espantoso crime da violação é
utilizado para sensibilizar o público a favor do aborto, ao apresentar o fruto inocente de
uma possível concepção brutal como um agressor.

É claro que a mulher sofreu uma primeira espantosa agressão, a da violação. Apresentar
o aborto como uma "solução" é dizer que um veneno deve ser combatido aplicando-se
outro. O aborto não vai tirar nenhuma dor física ou psicológica produzida em uma
violação. Ao contrário, vai acrescentar as complicações físicas e psíquicas que o aborte
tem por si mesmo.

Por outro lado, o fruto deste ato violento é uma criança inocente, que não carrega para
nada com a brutal decisão de seu pai genético. Por outro lado, os legisladores mais
especializados afirmam que legalizar o aborto "sentimental" é abrir a porta a sérias
complicações jurídicas: praticamente qualquer união, inclusive consensual, poderia ser
apresentada como contrária à vontade da mulher, e portanto, uma violação.

Finalmente, o argumento mais importante, é que o aborto por violação não é sequer
aceito pelas verdadeiras vítimas, as mulheres violadas. Podem ler-se estes duros mais
reveladores testemunhos.

Mentira 3: É necessário eliminar uma criança com deficiências porque ele sofrerá
muito e ocasionará sofrimentos e gastos para os pais.

A Verdade: Este princípio, conhecido como "aborto eugenésico" é baseado no falso


postulado de que "os lindos e saudáveis" são os que devem estabelecer o critério de
valor de quanto vale uma vida ou não. Com este critério, teríamos motivo suficiente
para matar os deficientes já nascidos.
Por outro lado, cientificamente, os exames pré-natais não têm segurança de 100% para
determinar malformações ou defeitos. Por exemplo, no caso da rubéola matará a 5
criaturas perfeitamente saudáveis para cada bebê afetado.

Por último, quem pode afirmar que os deficientes não desejam viver? Uma das
manifestações contra o aborto mais impressionantes no estado norte americano da
Califórnia foi a realizada por um numeroso grupo de deficientes reunidos sob um
grande cartaz: "Obrigado mamãe porque não me abortar" . O Dr. Paul Cameron
demonstrou perante a Academia de Psicólogos Americano que não há diferença entre as
pessoas normais e anormais no que concerne a satisfação da vida, atitude perante o
futuro e vulnerabilidade à frustração. "Dizer que estas crianças desfrutariam menos da
vida é uma opinião que carece de apoio empírico e teórico", diz o especialista.
Inclusive são numerosos os testemunhos dos pais de crianças deficientes físicos ou
mentais que manifestam o amor e a alegria que esses filhos lhes proporcionaram.

Mentira 4: O aborto deve ser legal porque toda criança deve ser desejada.

A Verdade: Este é um argumento absurdo. O "desejo" ou "não desejo" não afeta em


nada a dignidade e o valor intrínseco de uma pessoa. A criança não é uma "coisa" cujo
valor pode ser decidido por outro de acordo com seu estado de ânimo. Por outro lado,
que uma mulher não esteja contente com sua gravidez durante os primeiro meses não
indica que esta mesma mulher não vá amar a seu bebê uma vez nascido. Pode ser
comprovado que nos países onde o aborto é legalizado, aumenta-se a violência dos pais
sobre as crianças, especialmente a da mãe sobre seus filhos ainda quando são planejados
e esperados. A resposta a isto é que quando a mulher violenta sua natureza e aborta,
aumenta sua potencialidade de violência e contagia esta à sociedade, a qual vai se
tornando insensível ao amor, à dor e à ternura.

Mentira 5: O aborto deve ser legal porque a mulher tem direito de decidir sobre seu
próprio corpo.

A Verdade: Mas quando o senso comum e a ciência moderna reconhecem que em uma
gravidez há duas vidas e dois corpos. Mulher, segundo definição o dicionário, é um "ser
humano feminino". Dado que o sexo é determinado cromossomicamente na concepção,
e mais ou menos a metade dos que são abortados são "seres humanos femininos",
obviamente NÃO TODA MULHER TEM DIREITO A CONTROLAR SEU PRÓPRIO
CORPO.

Mentira 6: Com a legalização do aborto terminariam os abortos clandestinos.

A Verdade: As estatísticas nos países "desenvolvidos" demonstram que isto não é


assim. Pelo contrário, a legalização do aborto o converte em um método que parece
moralmente aceitável e portanto, como uma opção possível que não é igualmente
considerada nos lugares onde não é legal. Mas dado que a grande maioria de abortos
não são por motivo "sentimental", "terapêutico" ou "eugenásico", mas por uma gravidez
considerada "vergonhosa", não é estranho que a mulher - especialmente se é adolescente
ou jovem - busque igualmente métodos abortivos clandestinos pela simples razão de
que uma lei, ainda que tire a pena legal, não tira a vergonha e o desejo de ocultamento.
Por outro lado, esta mentira é baseada no mito segundo o qual os abortos legais são
mais "seguros" que os clandestinos. Um exemplo: uma investigação realizada em 1978
nos Estados Unidos constatou que só nas clínicas de Illinois, foram produzidas 12
mortes por abortos legais.

Mentira 7: O aborto deve ser legal porque a mulher tem direito sobre seu próprio
corpo.

A Verdade: Tem alguma pessoa direito a decidir sobre seu próprio corpo?
Si, mas até certo ponto. Pode alguém querer eliminar um vizinho ruidoso só porque
incomoda a seus ouvidos? Obviamente não. É igual no caso do aborto. A mulher estaria
decidindo não sobre seu próprio corpo, mas sobre o de um ser que não é ela, ainda que
esteja temporariamente dentro dela.
Mentira 8: O aborto é uma operação tão simples como extrair um dente ou as
amígdalas. Quase não tem efeitos colaterais.

A Verdade: as cifras desmentem esta afirmação. Depois de um aborto legal, aumenta a


esterilidade em 10%, os abortos espontâneos também em 10%, e os problemas
emocionais sobem de 9% para 59%. Além disso, há complicações se houver gravidezes
consecutivas e a mulher tem o fator RH negativo. As gravidezes extra-uterinas
aumentam de 0,5¨% para 3,5%, e os partos prematuros de 5% até 15%. Também podem
ocorrer perfuração do útero, coágulos sangüíneos nos pulmões, infeção e hepatite
produzida pelas transfusões, que poderia ser fatal.

Além disso, cada vez mais pesquisas tendem a confirmar uma importante tese médica:
que a interrupção violenta do processo de gestação mediante o aborto afeta as células
das mamas, deixando-as sensivelmente mais propensas ao câncer. Alguns partidários do
aborto inclusive chegaram a argumentar que um aborto é menos perigoso que um parto.

Esta afirmação é falsa: o aborto, especialmente nos últimos meses da gravidez, é


notavelmente mais perigoso. Nos países ricos morrem duas vezes mais mulheres por
aborto legal do que por disfunções do parto. Por outro lado, algumas mulheres têm
problemas emocionais e psicológicos imediatamente depois do aborto, outras os têm
anos depois: trata-se da síndrome pós-Aborto.

As mulheres que padecem desta síndrome negam e reprimem qualquer sentimento


negativo por um período de ao menos cinco anos. Depois surgem uma variedade de
sintomas, desde suores e palpitações até anorexia, alucinações e pesadelos. Os sintomas
são surpreendentemente similares aos da Síndrome de tensão pós-traumático que
sofreram alguns veteranos, 10 anos ou mais depois de ter combatido em uma guerra.

O que é o aborto?

Aborto é a interrupção da gravidez pela morte do feto ou embrião, junto com os anexos
ovulares. Pode ser espontâneo ou provocado. O feto expulso com menos de 0,5 kg ou
20 semanas de gestação é considerado abortado.

Aborto espontâneo

O aborto espontâneo também pode ser chamado de aborto involuntário ou "falso


parto". Calcula-se que 25% das gestações terminam em aborto espontâneo, sendo que
3/4 ocorrem nos três primeiros meses de gravidez. A causa do aborto espontâneo no
primeiro trimestre, são distúrbios de origem genética.

Em cerca de 70% dos casos, esses embriões são portadores de anomalias


cromossômicas incompatíveis com a vida, no qual o ovo primeiro morre e em seguida é
expulso. Nos abortos do segundo trimestre, o ovo é expulso devido a causas externas a
ele (incontinência do colo uterino, mal formação uterina, insuficiência de
desenvolvimento uterino, fibroma, infecções do embrião e de seus anexos).
Aborto provocado

Aborto provocado é a interrupção deliberada da gravidez; pela extração do feto da


cavidade uterina. Em função do período gestacional em que é realizado, emprega-se
uma das quatro intervenções cirúrgicas seguintes:

• A sucção ou aspiração;
• A dilatação e curetagem;
• A dilatação e expulsão;
• Injeção de soluções salinas.

Estima-se que seja realizado anualmente no mundo mais de 40 milhões de abortos, a


maioria em condições precárias, com sérios riscos para a saúde da mulher. O método
clássico de aborto é o por curetagem uterina e o método moderno por aspiração uterina
(método de Karman) só utilizável sem anestesia para gestações de menos de oito
semanas de amenorréia (seis semanas de gravidez). Depois desse prazo, até doze
semanas de amenorréia, a aspiração deve ser realizada sob anestesia e com um aspirador
elétrico.

Aborto no Brasil

No Brasil, o aborto voluntário será permitido quando necessário, para salvar a vida da
gestante ou quando a gravidez for resultante de estupro. O aborto, fora esses casos, está
sujeito a pena de detenção ou reclusão.

Fetos sentem dor durante o aborto

O aborto pode causar dor em fetos ainda pouco desenvolvidos, acreditam pesquisadores
do Hospital Chelsea, em Londres. Segundo a responsável pela pesquisa, Vivette Glover,
fetos podem ser capazes de sentir dor já a partir da décima-sétima semana de gestação.
Por isso, diz ela, médicos britânicos estão estudando a possibilidade de anestesiar o feto
durante intervenções para interrupção da gravidez.
O estudo contraria a versão da entidade que reúne obstetras e ginecologistas do Reino
Unido, o Royal College of Obstretics and Gynacologists. Para a organização, só há dor
depois de 26 semanas.

Anestesia no aborto

Para Vivette Glover, pesquisas sugerem que o desenvolvimento do sistema nervoso


ocorre mais cedo do que se imaginava.

Existem evidências de que o sistema nervoso se desenvolve a partir de 20 semanas de


gestação ou talvez até depois de 17 semanas. Já que há a possibilidade de dor, nós
deveríamos dar ao feto o benefício da dúvida", diz ela, que conclui defendendo a
utilização de anestesia. Ela pondera, porém, que a dor dos fetos é provavelmente menos
intensa.

A teoria ganhou apoio de entidades contrárias a realização de abortos. "É mais uma
prova de que a vida humana começa no momento da concepção", diz Kevin Male, da
organização britânica Life.

Curiosidades

• Na Alemanha nazista o aborto era proibido por que era dever da


mulher fornecer filhos para o III Reich
• Os gregos permitiam o aborto, mas os romanos o puniam com
pena de morte.
• O primeiro país a permitir aborto no prazo de 28 semanas foi a
Inglaterra, tornando-se atração turística para feministas.

Países e o aborto

Veja abaixo, países que não permitem o aborto, exceto quando há risco para a vida da
mãe (primeiro quadro), países que permitem o aborto, mas com restrições (segundo
quadro) e países que permitem o aborto (terceiro quadro).
Aborto no Brasil

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Série de artigos sobre o

Tópicos principais

• Aborto
• Aborto por país
• Debate sobre o aborto
o Pró-escolha
o Pró-vida
• Legislação sobre o aborto
• História do aborto
• Aborto nos meios de
comunicação

• Métodos abortivos
ver • editar

O aborto no Brasil é tipificado como crime contra a vida pelo Código Penal Brasileiro,
prevendo detenção de 1 a 10 anos, de acordo com a situação.[1] O artigo 128 do Código
Penal dispõe que não se pune o crime de aborto nas seguintes hipóteses:

1. quando não há outro meio para salvar a vida da mãe;


2. quando a gravidez resulta de estupro.

Segundo juristas, a "não punição" não necessariamente deve ser interpretada como
exceção à natureza criminosa do ato, mas como um caso de escusa absolutória (o
Código Penal Brasileiro prevê também outros casos de crimes não puníveis, como por
exemplo o previsto no inc. II do art. 181, no caso do filho que perpetra estelionato
contra o pai). A escusa não tornaria, portanto, o ato lícito, apenas desautorizaria a
punição de um crime, se assim o entendesse a interpretação da autoridade jurídica.[2][3][4]

O artigo 2º do Código Civil Brasileiro estabelece, desde a concepção, a proteção


jurídica aos direitos do nascituro, e o artigo 7º do Estatuto da Criança e do Adolescente
dispõe que a criança nascitura tem direito à vida, mediante a efetivação de políticas
públicas que permitam o nascimento.

Em 25 de setembro de 1992, o Brasil ratificou a Convenção Americana de Direitos


Humanos, que dispõe, em seu artigo 4º, que o direito à vida deve ser protegido desde a
concepção. A Constituição Federal do Brasil, no caput do seu artigo 5º, também
estabelece a inviolabilidade do direito à vida.

Em julho de 2004, no processo da ação de descumprimento de preceito fundamental n.


54/2004, o Ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal, concedeu
liminar autorizando a interrupção da gravidez nos casos de anencefalia. Todavia, esta
decisão foi revogada em 20 de outubro do mesmo ano pelo plenário do Tribunal. Até
hoje, contudo, ainda não foi julgado o processo.

Para a lei e a jurisprudência brasileira, "pode ocorrer aborto desde que tenha havido a
fecundação" (STF, RTJ 120/104[5]). A legalização do aborto, no Brasil, ainda está em
votação.

Perfil da mulher que aborta no Brasil

As estimativas do Ministério da Saúde apontam a ocorrência entre 729 mil e 1,25


milhão de abortos ao ano no país. Destes, no mínimo 250 morrem e 1/3 procuram
assistência hospitalar devido aos transtornos gerados no organismo, seja por introdução
de objetos na vagina para matar o feto, uso inapropriado de medicação abortiva ou
expulsão incompleta.[6] Entre 18 e 39 anos, de cada 100 mulheres 15% já fez aborto e
entre 35 e 39 anos de cada 5 uma já o fez. A região que apresenta o maior número de
abortos é a Nordeste e a menor a Sul.[7] Entre 18 e 19 anos 1 em 20 já realizou o aborto.

• Geralmente utilizam misoprostol (Cytotec) de 50 a 80%


• Tem entre 20 e 29 anos
• São predominantemente da religião católica, seguidas de
protestantes e evangélicas
• Estudam em média de 8 anos
• União estável (70%)
• Possuem um filho em média

Tramitações recentes de projetos de descriminalização

• A 13a. Conferência Nacional da Saúde ocorrida em Brasília,


rejeitou,[10] em 18 de novembro de 2007, proposta de
legalização do aborto. Cerca de 70% dos aproximadamente 5
mil delegados estaduais votaram contra a descriminalização do
aborto.[11] Com este resultado o assunto ficou fora do relatório
final da conferência e não será encaminhado ao governo como
sugestão para as políticas públicas de saúde. Esta foi a segunda
vez que a proposta de descriminalização do aborto, apoiada
abertamente pelo governo federal foi derrubada. Na 12a.
Conferência Nacional da Saúde, realizada em 2003, a idéia foi
também rejeitada.
• Em 7 de maio 2008, após um longo período de discussões, o
projeto de lei 1135/91, que prevê a extinção dos artigos do
código penal que criminalizam o aborto praticado com
consentimento da gestante, foi rejeitado por unanimidade na
Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos
Deputados.[12] O projeto, que estava tramitando na casa há 17
anos, recebeu 33 votos de deputados contrários e nenhum a
favor, e dali seguiu para a Comissão de Cidadania e Justiça,
onde também foi rejeitado em 9 de julho, desta vez por 57
votos a 4.[13] O projeto deve seguir em votação.
• Em 19 de maio de 2010, foi aprovado pela Comissão de
Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados o
Estatuto do Nascituro[14], que visa proibir o aborto em todas as
circunstâncias, afastando inclusive os casos de aborto
sentimental.

Legislação

• Aborto com consentimento da gestante, artigo 126 do Código


Penal Brasileiro
• Aborto provocado por terceiro, artigo 125 do Código Penal
Brasileiro

Opinião pública

Em março de 2007 o instituto de pesquisas Datafolha (do jornal Folha de S. Paulo)


realizou um estudo estatístico que revelou que 65% dos brasileiros acreditam que a atual
legislação sobre o aborto não deve ser alterada, enquanto que 16% disseram que deveria
ser expandida para permitir a prática para outras causas, 10% que o aborto deveria ser
descriminalizado e 5% declararam não terem certeza de sua posição sobre o assunto.[15]
[16]

Uma pesquisa mais específica, realizada pelo instituto Vox Populi para a revista Carta
Capital e para a emissora de televisão Bandeirantes, revelou que apenas 16% da
população brasileira concorda que o aborto deve ser permitido em caso de gravidez
indesejada. Por outro lado, 76% concorda que o aborto deve ser permitido em caso de
gravidez de risco, e 70% em caso de gravidez resultante de estupro (Veja mais:
Pesquisa Vox Populi sobre o aborto, 2007).

18) Eutanásia

É uma forma de apressar a morte de um doente incurável, sem que


esse sinta dor ou sofra, a ação é praticada por um médico com o
consentimento do doente, ou da família do mesmo. A eutanásia é um
assunto muito discutido tanto na questão da bioética quanto na do
biodireito, pois ela tem dois lados, a favor e contra. Mas é difícil dizer
quais desses lados estariam corretos, de que forma impor a
classificação do certo e errado neste caso.

Do ponto de vista a favor, ela seria uma forma de aliviar a dor e o


sofrimento de uma pessoa que se encontra num estado muito crítico
e sem perspectiva de melhora, dando ao paciente o direito de dar fim
a sua própria vida.
Já do ponto de vista contra, a eutanásia seria o direito ao suicídio,
tendo em vista que o doente ou seu responsável teria o direito de dar
fim a sua vida com a idéia de que tal ato aliviaria dor e sofrimento do
mesmo.

No Brasil a eutanásia é considerada homicídio, já na Holanda é


permitida por lei.
Um dos casos mais recentes de eutanásia é o da americana Terri
Schiavo, seu marido entrou com um pedido na justiça para que os
aparelhos que mantinham Terri viva fossem desligados.

Este caso chamou a atenção do mundo todo, muitas pessoas se


manifestaram contra, as igrejas se revoltaram com tal situação, a
família da paciente era contra, os pais dela entraram na justiça
tentando impedir tal ação. No fim a justiça e o governador da
Califórnia, Arnold Schwarzenegger, decidiram pelo desligamento dos
aparelhos que a mantinha viva.

Com casos assim vem à tona em nossas mentes certos


questionamentos: Será que alguém tem direito de por fim a sua
própria vida ou de decidir o fim da vida de outra pessoa? É correto
permitir que o doente viva num estado estático de dor e sofrimento?
Bom, essas são perguntas que persistem e até o presente momento
não obtiveram respostas. Enfim, este tema é muito sugestivo para
uma reflexão, na qual você poderá fazer uma avaliação do certo e
errado e do direito sobre a vida.

Argumentos a favor

Para quem argumenta a favor da eutanásia, acredita-se que esta seja um caminho para
evitar a dor e o sofrimento de pessoas em fase terminal ou sem qualidade de vida, um
caminho consciente que reflete uma escolha informada, o término de uma vida em que,
quem morre não perde o poder de ser ator e agente digno até ao fim.

São raciocínios que participam na defesa da autonomia absoluta de cada ser individual,
na alegação do direito à autodeterminação, direito à escolha pela sua vida e pelo
momento da morte. Uma defesa que assume o interesse individual acima do da
sociedade que, nas suas leis e códigos, visa proteger a vida. A eutanásia não defende a
morte, mas a escolha pela mesma por parte de quem a concebe como melhor opção ou a
única.

A escolha pela morte, não poderá ser irreflectida. As componentes biológicas, sociais,
culturais, económicas e psíquicas têm que ser avaliadas, contextualizadas e pensadas, de
forma a assegurar a verdadeira autonomia do indivíduo que, alheio de influências
exteriores à sua vontade, certifique a impossibilidade de arrependimento.

Quando uma pessoa passa a ser prisioneira do seu corpo, dependente na satisfação das
necessidades mais básicas; o medo de ficar só, de ser um "fardo", a revolta e a vontade
de dizer "Não" ao novo estatuto, levam-no a pedir o direito a morrer com dignidade.
Obviamente, o pedido deverá ser ponderado antes de operacionalizado, o que não
significa a desvalorização que tantas vezes conduz esses homens e mulheres a lutarem
pela sua dignidade anos e anos na procura do não prolongamento de um processo de
deterioramento ou não evolução.

"A dor, sofrimento e o esgotamento do projecto de vida, são situações que levam as
pessoas a desistirem de viver" (Pinto, Silva – 2004 - 36) Conduzem-nas a pedir o alívio
da dor, a dignidade e piedade no morrer, porque na vida em que são "actores" não
reconhecem qualidade. A qualidade de vida para alguns homens não pode ser um
demorado e penoso processo de morrer.

No Brasil, normalmente é apontado como suporte a essa posição o art. 1º, III, da
Constituição Federal, que reconhece a "dignidade da pessoa humana" como fundamento
do Estado Democrático de Direito, bem como o art. 5º, III, também da Constituição da
República, que expressa que "ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante", além do art. 15 do Código Civil que expressa que "Ninguém
pode ser constrangido a submeter-se, com risco de morte, a tratamento médico ou a
intervenção cirúrgica", o que autoriza o paciente a recusar determinados procedimentos
médicos, e o art. 7º, III, da Lei Orgânica de Saúde, de nº 8.080/90, que reconhece a
"preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral".[1]
[2][3]

No Estado brasileiro de São Paulo, existe a Lei dos Direitos dos Usuários dos Serviços
de Saúde do Estado de São Paulo, de nº 10.241/99, que em seu art. 2º, Inciso XXIII,
expressa que são direitos dos usuários dos serviços de saúde no Estado de São Paulo
"recusar tratamentos dolorosos ou extraordinários para tentar prolongar a vida".[4][5]
A autonomia no direito a morrer não é permitida em detrimento das regras que regem a
sociedade, o comum, mas numa política de contenção económica, não serão os custos
dessa obrigatoriedade elevados?

Além do mais, em um país como o Brasil, onde o acesso à saúde pública não é
satisfatório, a prática da eutanásia é muitas vezes encarada como um modo de
proporcionar a doentes de casos emergenciais uma vaga nos departamentos de saúde.

Argumentos contra

Muitos são os argumentos contra a eutanásia, desde os religiosos, éticos até os políticos
e sociais. Do ponto de vista religioso a eutanásia é tida como uma usurpação do direito à
vida humana, devendo ser um exclusivo reservado ao Criador, ou seja, só Deus pode
tirar a vida de alguém. "algumas religiões, apesar de estar consciente dos motivos que
levam a um doente a pedir para morrer, defende acima de tudo o carácter sagrado da
vida,…" (Pinto, Susana; Silva, Florido,2004, p. 37).

Da perspectiva da ética médica, tendo em conta o juramento de Hipócrates, segundo o


qual considera a vida como um dom sagrado, sobre a qual o médico não pode ser juiz da
vida ou da morte de alguém, a eutanásia é considerada homicídio. Cabe assim ao
médico, cumprindo o juramento Hipocrático, assistir o paciente, fornecendo-lhe todo e
qualquer meio necessário à sua subsistência. Para além disto, pode-se verificar a
existência de muitos casos em que os indivíduos estão desenganados pela Medicina
tradicional e depois procurando alternativas conseguem curar-se.

"Nunca é lícito matar o outro: ainda que ele o quisesse, mesmo se ele o pedisse (…)
nem é lícito sequer quando o doente já não estivesse em condições de sobreviver"
(Santo Agostinho in Epístola)

Outro dos argumentos contra, centra-se na parte legal, uma vez que o Código Penal
actual não especifica o crime da eutanásia, condenando qualquer acto antinatural na
extinção de uma vida. Sendo quer o homicídio voluntário, o auxilio ao suicídio ou o
homicídio mesmo que a pedido da vitima ou por "compaixão", punidos criminalmente.

Perspectivas

O doente
As pessoas com doença crônica e, portanto, incurável, ou em estado terminal, têm
naturalmente momentos de desespero, momentos de um sofrimento físico e psíquico
muito intenso, mas também há momentos em que vivem a alegria e a felicidade. Estas
pessoas lutam dia após dia para viverem um só segundo mais. Nem sempre um ser
humano com uma determinada patologia quer morrer "porque não tem cura"! Muitas
vezes acontece o contrário, tentam lutar contra a Morte, tal como refere Lucien Israël:
"Não defendem uma politica do tudo ou nada. Aceitam ficar diminuídos desde que
sobrevivam, e aceitam sobreviver mesmo que sintam que a doença os levará um dia.
(…) dizem-nos com toda a simplicidade: se for necessário, eu quero servir de cobaia.
(…) arriscam o termo para nos encorajarem à audácia. (Israël, Lucien; 1993; 86-87).

Contrariando esta tendência de luta a todo o custo, em alguns casos surgem os doentes
que realmente estão cansados de viver, que não aguentam mais sentirem-se "um fardo",
ou sentirem-se sozinhos, apenas acompanhados por um enorme sofrimento de ordem
física, psíquica ou social. Uma pessoa cuja existência deixou de lhe fazer sentido sofre,
no seu íntimo, e muitas vezes isolada no seu mundo interior; sente que paga a cada
segundo que passa uma pena demasiadamente pesada pelo simples facto de existir.

Nesta altura, e quando a morte parece ser a única saída que o doente vislumbra, dever-
se-á informar o doente dos efeitos, riscos, dos sentimentos, das reacções que a Eutanásia
comporta, da forma como é ou vai ser praticada. Só assim o doente poderá decidir
conscienciosamente e ter a certeza de que, para si, essa é a melhor opção. No entanto, e
a par da informação, o doente deve ser acompanhado psicologicamente, a fim de se
esclarecer que este não sofre de qualquer distúrbio mental, permanente ou temporário, e
está capacitado para decidir por si e pela sua Vida.

Há autores que defendem que um ser humano, ainda que a sofrer demasiado, se bem
tratado, não pede a Eutanásia. Hoje em dia podem ser administrados analgésicos e
outros fármacos que minimizam o sofrimento e efeitos da doença e de intervenções
técnicas, a uma pessoa em estado terminal.

"Não podemos admitir que estas pessoas não tenham um acompanhamento digno na sua
morte e no seu percurso até ela. Não podemos fechar os olhos a alguém que com muito
sacrifício se abre connosco e manifesta o desejo de morrer; não podemos ignorar um
pedido de Eutanásia e deixá-lo passar em branco! Os pedidos de Eutanásia por parte dos
doentes são muitas vezes pedidos de ajuda, implorações para que se pare o seu
sofrimento! Segundo estes autores, a maioria das pessoas que se encontram na recta
final da sua vida, não desiste! Estas pessoas "Persistem e dão-nos coragem para
fazermos o mesmo." (Israël, Lucien; 1993;87).
Talvez a esta altura seja pertinente pensarmos que um dia podemos ser nós, um familiar
ou um amigo próximo, a estar numa situação em que "não há mais nada a fazer"; para
essas pessoas, resta-lhes a esperança e apoio da família. Muitas pessoas que se
encontram nesta fase, sentem-se um peso pela doença e a necessidade de cuidados e
pela preocupação e o cansaço estampados nos rostos daqueles que amam e estavam
habituados a ver sorridentes.

No entanto, e após as relações anteriores, não é correcto pensar que um pedido de


Eutanásia não possa ser um pedido refletido e ser a verdadeira vontade daquele Ser
Humano, alheia a factores económicos, sociais, culturais, religiosos, físicos e psíquicos.

Família e sociedade

Homem como animal cultural, social e individual, quando inserido nos diferentes
grupos, vai oferecer-lhes toda a sua complexidade que caracteriza o particular e o
comum aos diferentes elementos que os constituem. A família grupo elementar que é
para cada indivíduo e para a Sociedade, quando confrontado com a morte reage na sua
especificidade que a caracteriza, quando o confronto é com as diferentes situações que
podem levar um ser humano a lutar pelo direito a morrer, essas especificidades não
desaparecem.

É a diferença essencialmente cultural e social, que faz com que a legislação mude de
país para país, que faz com que os Países Baixos tenha legalizado a eutanásia e o nosso
país não.

Num país como Portugal em que a morte tem perdido visibilidade, é excluída de
práticas antigas, os familiares são afastados, as crianças não sabem o que é, os processos
de luto são cada vez menos vividos e morre-se mais nos hospitais, no lar ou em casa
dependente nos cuidados. Uns por opção e altruísmo, pelo manter do seu papel e
estatuto social, como opção lúcida e reconhecida; outros por medo, por a família não
aceitar ou não querer vivenciar essa última fase em que culmina a vida.

Em Portugal morrer sozinho pode ser mais do que um título, é muitas vezes realidade
ou uma escolha.

Num país em que esperança média de vida aumenta, em que a todo o momento se vende
o light e o saudável, contrasta a realidade dos acidentes vasculares cerebrais (AVC)
como primeira causa de morte e as doenças de foro oncológico como segunda. Muitas
doenças "arrastam-se" para a cronicidade com o aumento de esperança de vida vigente
na nossa Sociedade. No nosso país a maioria das pessoas quer salvar, ainda não
considera o término do sofrimento como algo qualitativo, em detrimento do arrastar da
decadência física e psíquica. O "fazer tudo que estiver ao seu alcance para manter a
vida" é o mais aceite na nossa Sociedade, no entanto o acto de promover a morte antes
do que seria de esperar, por motivo de compaixão e diante de um sofrimento penoso e
insuportável, sempre foi motivo de reflexão por parte da Sociedade. Frequentemente a
família divide-se entre o que existe entre a eutanásia e a distanásia.

Salvar, fazer uso dos meios, do conhecimento, dos dadores, de todos os recursos para
salvar é lógico. No entanto, os cuidados paliativos que visam a melhor qualidade de
vida possível para o doente e para a família, pode ou não equivaler a definição de
qualidade desses intervenientes, o que pode levantar dúvidas, despoletar as habituais
polémicas associadas ao debate do tema. Quando se fala neste, as opiniões divergem, o
debate acende-se e os extremos refutam com prós e contras, sendo a maioria contra.

Num país laico, como Portugal, em que a maioria da sua população é de orientação
religiosa cristã, rege-se pela palavra de Deus inscrita na Bíblia, segue maioritariamente
o que Deus ordena; "Não matarás". Também por isto é fácil compreender o número de
famílias que não considera eutanásia como opção.

Perante o tabu da morte e a família como um elemento cuidador da e na sociedade,


existe inúmeros contextos e particularidades é necessário definir o comum. A eutanásia
continuará a suscitar grande polémica na sociedade, de argumentos supostamente
válidos entre os que defendem a legalização e os que a condenam, havendo assim
necessidade de compreender a moral à prática concreta dos homens enquanto membros
de uma dada sociedade, com condicionalismos diversos e específicos, e reflectir sobre
essas práticas (ética), afinal a vida humana é direito em qualquer sociedade.

A óptica da enfermagem

O exercício da actividade profissional de enfermagem, pauta-se pelo respeito à


dignidade humana desde o nascimento à morte, devendo o enfermeiro ser um elemento
interveniente e participativo em todos os actos que necessitem de uma componente
humana efectiva por forma a atenuar o sofrimento, todos os actos que se orientem para
o cuidar, individualizado e holístico.

As necessidades de um doente em estado terminal, muitas vezes isolado pela sociedade,


aumentam as exigências no que respeita a cuidados de conforto que promovam a
qualidade de vida física, intelectual e emocional sem descurar a vertente familiar e
social.
Apesar desta consciência, lidar com situações limite, potencia um afastamento motivado
por sentimentos de impotência perante a realidade. Este contexto agrava-se se o
profissional de saúde (cuidador) for confrontado com uma vontade expressa pelo doente
em querer interromper a sua vida. Como agir perante o princípio de autonomia do
doente? Como agir perante o direito de viver? Perante este quadro, com o qual nos
poderemos deparar um dia, há que ter um profundo conhecimento das competências,
obrigações e direitos profissionais, de forma a respeitar e proteger a vida como um
direito fundamental das pessoas.

19)Pena de morte

A Questão da Pena de Morte

"Quantas mortes ainda serão necessárias para que se saiba que já se matou
demais?"

Bob Dylan

O simplismo de considerar a defesa dos direitos humanos a defesa de direitos de


criminosos tem de ser desmascarado. Aqueles que defendemos o direito à vida de todos,
de todos sem exceção, não podemos ser confundidos com criminosos ou defensores de
suas posturas. O que almejamos mesmo é o fim da barbárie e do ódio.

O Estado brasileiro falha diante de seus cidadãos, do berço à sepultura. Más condições
de educação e saúde, de moradia, de sobrevida material mesmo, acabam por reduzir o ser
humano à situação desesperadora de louco desviante em muitos casos. Há muita gente
desesperada por providenciar sua sobrevivência e a dos seus, ainda que para isso tenha
de romper com as normas sociais vigentes. Se o Estado brasileiro é o maior responsável
pela elevação no índice de criminalidade, particularmente tendo em vista a brutal e
dificilmente equiparável, em escala planetária, concentração de renda, o Estado brasileiro
carece de condições morais para dizer "quem tem o direito à vida (assegurado na
Constituição, por sinal) e quem, por seus crimes, deve ser apenado com a perda deste
direito humano básico", até porque o juízo humano é falho, a pena-de-morte é uma
punição evidentemente irreversível e o "exemplo" deve vir sempre de cima, jamais dos
desesperados. Montar uma fábrica de desesperados e, para "solucionar", montar uma
máquina de extermínio de desesperados não me parece racional. É coisa parecida à
"Solução Final" dos nazistas...

Como o neocolonialismo nos colocou sob a órbita de influência dos EUA, muitos
apreciam citar aquela Nação como exemplo a ser seguido. Na esfera dos direitos humanos
há muito pouco a aprender com os ianques. Os EUA são a única Nação do primeiro mundo
em que este crime medieval é praticado, quando o Estado mata, com o beneplácito do
aparelho judiciário. Mas a justiça norte-americana tem se equivocado em diversos casos
de apenamento com a morte. Alguém poderia contra-argumentar que o aparelho judiciário
brasileiro seria superior e não cometeria falhas. Será? Somos todos humanos, sujeitos a
falhas, portanto.

Segundo a Seção Brasileira da Anistia Internacional, as argumentações contra a pena


de morte podem seguir a seguinte direção:

1 - Economia: como se a vida humana pudesse ter um preço, os defensores do


assassinato estatal institucionalizado, quando o Estado mata ao invés de promover a vida,
"informam" que matar um suposto autor de "crime hediondo" é mais barato que mantê-lo,
por exemplo, aprisionado por toda a vida. Falso. As custas de processos, cárcere protegido
especial (para evitar linchamentos), apelações, vigias, sacerdotes, maquinário e carrascos
custam três vezes mais que um aprisionamento perpétuo do cidadão a ser assassinado,
por exemplo. Embora esteja bem claro que a prisão perpétua seja medida mais econômica
que a condenação capital, temos de pensar em algo mais humano ainda: a implantação de
colônias penais agrícolas, onde o detento poderia custear seu próprio sustento, sem onerar
os cofres públicos, os contribuintes e, além do mais, trazer o ressarcimento econômico aos
seus erros para com a sociedade. Estaria, e isso é o mais importante, vivo para que
eventuais erros judiciários fossem reparados. Grupos de extermínio, claro, não sujeitos a
todas estas formalidades, não são onerosos, nem eficientes, nem eticamente dignos de
consideração numa análise séria como esta pretende ser.

2 - Intimidação: Há quem creia que, num Estado onde exista a pena capital, o assassinato
institucionalizado, o eventual criminoso tenda a "pensar duas vezes" antes de cometer
delito hediondo. Antes de mais nada, os fatos apontam na direção contrária: onde a pena
de morte é praticada os índices de criminalidade são os mais elevados. Especula-se que o
eventual criminoso tenda a eliminar potenciais testemunhas de um delito praticado em
momento não refletido de sua vida. Isso, claro, quando o sujeito pára para pensar na
besteira que estaria fazendo, o que é raro acontecer. Crimes hediondos, em geral, são
praticados por pessoas em estado de total descontrole, provisório ou permanente, de suas
faculdades mentais.

Vale a pena ressaltar que na França houve uma significativa diminuição nos índices de
criminalidade com a abolição da guilhotina enquanto que no Irã aqueles índices sofreram
significativo aumento com a reimplantação da pena de morte após a revolução islâmica.
Especula-se neste caso que as pessoas que vivem numa Nação violenta, competente para
matar ou deixar viver, tendem a seguir-lhe o exemplo...

3 - Vingança: O mais sórdido e menos ético dos argumentos utilizados pelos defensores
do assassinato institucionalizado. Descendo ao nível moral daqueles que qualificam como
criminosos, os pregadores da vingança insistem na "Lei de Talião", só possível a não-
cristãos, claro, mas que precisa ser considerada também. Ao invés de ansiar e trabalhar
pela elevação dos padrões intelectuais e morais das pessoas, aqueles que defendem a
implantação da pena de morte pregam um retrocesso do Estado ao nível de barbárie em
que se encontram alguns criminosos produzidos, repita-se, por uma ordem social injusta
em última análise, desigual e cruel em sua essência. Vale lembrar aqui as palavras do
Mahatma Gandhi: "Um olho por um olho acabará por deixar toda a humanidade cega!" É
vital deter a propagação do Mal, não expandi-la!

4 - Desumanidade: "O que é que merece alguém que comete um crime hediondo (assalto,
estupro ou seqüestro com morte)?" ou "O que é que você faria se algum ente querido seu
fosse sordidamente seviciado e assassinado?" Ora bolas, não cabe a ninguém dizer quem
é humano e quem, pelos seus crimes, deixou de o ser e com isso perdeu seus direitos! Os
nazistas, a quem a história julgou e execrou, agiam assim: primeiro tiravam o status de
humano de criminosos comuns, depois de criminosos políticos, depois de pessoas
consideradas racialmente inferiores e os iam exterminando a todos. Quanto ao que um
homem transtornado por desejos pessoais de vingança faria é um assunto. Outro assunto
é o que o Estado lúcido e ponderado, na figura de seus magistrados deve fazer.

5 - Banalidade do Mal: O defensor da pena capital, em geral, não se dá conta de seu grau
de comprometimento com a medida que propõe, pensa que, por caber a outros a execução
do que propõe já nada mais tem a ver com isso. De novo o modelo nazista: o Führer não
se sentia pessoalmente responsável pelo que acontecia fora de seu gabinete acarpetado
onde as penas capitais eram decretadas, nem seus oficiais por meramente retransmitir
ordens dadas, menos ainda os subalternos por cumprir aquelas ordens, todos
burocraticamente distantes uns dos outros. Aqueles que defendem o assassinato
institucionalizado no Brasil contemporâneo não querem comprometer-se, mas é preciso
demonstrar, por mais chocante que isto possa parecer que cada vez que alguém comete o
simples ato de erguer a mão para votar a favor da implantação desta excrescência em
nossa legislação está sendo cúmplice em potencial de um assassinato a ser cometido pelo
Estado.

Também conhecida como pena capital, é a condenação à morte


daquele que tenha cometido crimes como traição à pátria e
assassinato, a sentença é dada pelo poder judiciario.

Este tipo de sentença já foi abolida em vários lugares do mundo,


porém ainda existem países os quais praticam a pena de morte, à
exemplo os Estados Unidos, China, Afeganistão, etc.

No Brasil a pena de morte foi abolida parcialmnte, atualmente só


pode ser aplicada em tempo de guerra. A aplicação da sentença
poderiam ser das seguintes formas;

• Injeção Letal (aplica-se por via intravenosa, e de forma continua,


barbituricos de ação rápida de quantidade letal, combinados com
produtos quimicos paralisantes-muscular.
• Fuzilamento (é disparado varios tiros simultaneamente sobre
individuos condenados a morte)
• Estrangulamento (pressiona o pescoço interrompido o fluxo de
oxigenio para o cerebro)
• Câmera de Gás
• Electrocussão (cadeira eletrica)
• Asfixia (insuficiência de oxigenação sistêmica)
• Crucificação (era uma especie de ritual, primeiro o individuo era
flagelado e depois crucificado)
• Fogueira (o individuo era amarrado e em torno dele ascendia as
lenhas e ele morria queimado).

20) Redução da maioridade penal

Quem entrar na página do Senado: www.senado.gov. br/agencia - encontrará lá, uma


enquete, sobre a questão da "redução da maioridade penal" - no canto inferior direito da
página. À pedido do meu amigo, Benedito Prézia, fui pesquisar o tema polêmico, e deu
nisso que segue:

Fiz uma visita, e deparei com o seguinte resultado:

• 27.083 - votantes;
• 30,05% - concorda com a redução para 16 anos;
• 48,42% - concorda com a redução para menos de 16 anos;
• 21,51% - não concorda com a redução da maioridade penal.

Segue abaixo, alguns esclarecimentos sobre a matéria. Tramita a PEC 26/2002 de


autoria do Senador Iris Rezende PMDB-GO, solicitando a redução da maioridade penal,
vale a pena ler o texto, e entender mais esse descalabro jurídico.

Só lembrando, que os pais, delegaram à escola a tarefa de educar seus filhos, quando o
papel da escola, é formar. Agora, juizes da infância e juventude, "decretaram" toque de
recolher em várias cidades do interior para menores de 16 anos. Ou seja, novamente a
educação na família falhou, agora educação virou caso de justiça e polícia. Será que é
fazendo a redução da maioridade que iremos resolver o problema da violência? Ou isso
é discurso da elite imediatista, que quer resolver tudo sem ponderação de nada? Leia a
matéria... Fonte: Caderno Especial (veja abril) - sobre maioridade penal

O que é maioridade penal?


A maioridade penal fixada em 18 anos é definida pelo artigo 228 da Constituição. É a
idade em que, diante da lei, um jovem passa a responder inteiramente por seus atos,
como cidadão adulto. É a idade-limite para que alguém responda na Justiça de acordo
com o Código Penal. Um menor é julgado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA).

Leia o que diz a legislação com relação à maioridade penal?


Pela legislação brasileira, um menor infrator não pode ficar mais de três anos internado
em instituição de reeducação, como a ex- Febem (Fundação Casa). É uma das questões
mais polêmicas a respeito da maioridade penal. As penalidades previstas são chamadas
de “medidas socioeducativas”. Apenas crianças até 12 anos são inimputáveis, ou seja,
não podem ser julgadas ou punidas pelo Estado. De 12 a 17 anos, o jovem infrator será
levado a julgamento numa Vara da Infância e da Juventude e poderá receber punições
como advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade,
liberdade assistida, inserção em regime de semiliberdade ou internação em
estabelecimento educacional. Não poderá ser encaminhado ao sistema penitenciário.

Como funciona nossa legislação, em relação aos outros países?


A legislação brasileira sobre a maioridade penal entende que o menor deve receber
tratamento diferenciado daquele aplicado ao adulto. Estabelece que o menor de 18 anos
não possui desenvolvimento mental completo para compreender o caráter ilícito de seus
atos. Adota o sistema biológico, em que é considerada somente a idade do jovem,
independentemente de sua capacidade psíquica. Em países como Estados Unidos e
Inglaterra não existe idade mínima para a aplicação de penas. Nesses países são levadas
em conta a índole do criminoso, tenha a idade que tiver, e sua consciência a respeito da
gravidade do ato que cometeu. Em Portugal e na Argentina, o jovem atinge a
maioridade penal aos 16 anos. Na Alemanha, a idade-limite é 14 anos e na Índia, 7
anos.

O que dizem aqueles que são à favor da redução da maioridade penal?


Os que defendem a redução da maioridade penal acreditam que os adolescentes
infratores não recebem a punição devida. Para eles, o Estatuto da Criança e do
Adolescente é muito tolerante com os infratores e não intimida os que pretendem
transgredir a lei. Eles argumentam que se a legislação eleitoral considera que jovem de
16 anos com discernimento para votar, ele deve ter também tem idade suficiente para
responder diante da Justiça por seus crimes.

O que propõem aqueles que defendem mudanças em relação à maioridade penal?


Discute-se a redução da idade da responsabilidade criminal para o jovem. A maioria fala
em 16 anos, mas há quem proponha até 12 anos como idade-limite. Propõe-se também
punições mais severas aos infratores, que só poderiam deixar as instituições onde estão
internados quando estivessem realmente “ressocializados”. O tempo máximo de
permanência de menores infratores em instituições não seria três anos, como determina
hoje a legislação, mas até dez anos. Fala-se em reduzir a maioridade penal somente
quando o caso envolver crime hediondo e também em imputabilidade penal quando o
menor apresentar "idade psicológica" igual ou superior a 18 anos.

Aqueles que são contra a redução da maioridade penal, o que dizem?


Os que combatem as mudanças na legislação para reduzir a maioridade penal acreditam
que ela não traria resultados na diminuição da violência e só acentuaria a exclusão de
parte da população. Como alternativa, eles propõem melhorar o sistema socioeducativo
dos infratores, investir em educação de uma forma ampla e também mudar a forma de
julgamento de menores muito violentos. Alguns defendem mudanças no Estatuto da
Criança e do Adolescente para estabelecer regras mais rígidas. Outros dizem que já faria
diferença a aplicação adequada da legislação vigente

Quem se posiciona contra a redução da maioridade penal?


Representantes da Igreja Católica e do Poder Judiciário combatem a redução da
maioridade penal. Para a Ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Ellen Gracie, a
melhor solução seria ter uma “justiça penal mais ágil e rápida”. O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva diz que o Estado “não pode agir emocionalmente”, pressionado
pela indignação provocada por crimes bárbaros. Karina Sposato, diretora do Instituto
Latino-Americano das Nações Unidas para a Prevenção e Tratamento da Delinqüência
(Ilanud), diz que o país não deveria “neutralizar” parte da população e sim procurar
“gerir um sistema onde as pessoas possam superar a delinqüência”. Tanto o presidente
nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, como o deputado Arlindo
Chinaglia, afirmam que reduzir a maioridade penal não seria uma solução para a
violência.

Quais as autoridades que se manifestou a favor da redução da maioridade penal?


Os quatro governadores da região Sudeste - José Serra (PSDB-SP), Sérgio Cabral Filho
(PMDB-RJ), Aécio Neves (PSDB-MG) e Paulo Hartung (PMDB-ES) propõem ao
Congresso Nacional alterar a legislação para reduzir a maioridade penal. Eles querem
também aumentar o prazo de detenção do infrator para até dez anos. Além dos
governadores, vários deputados e senadores querem colocar em votação propostas de
redução da maioridade.

Quais são os trâmites legais para reduzir a maioridade penal?


Depois de ser discutida pelo Senado, a proposta de emenda constitucional (PEC) deve ir
a plenário para votação em dois turnos. Na seqüência, a proposta tem de ser votada pela
Câmara dos Deputados para transformar-se em lei.

Que propostas sobre maioridade penal serão avaliadas pelo Congresso Nacional?
Das seis propostas de redução da maioridade penal que a Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania do Senado avalia, quatro reduzem a maioridade de 18 para 16 anos,
e uma para 13 anos, em caso de crimes hediondos. Há ainda uma proposta de emenda
constitucional (PEC), do senador Papaléo Paes (PSDB-AP) que determina a
imputabilidade penal quando o menor apresentar "idade psicológica" igual ou superior a
18 anos.

Quando a Câmara dos Deputados votará as propostas de redução de maioridade


penal? Não há prazo definido. O deputado, Arlindo Chinaglia (PT-SP), não quis incluir
o assunto entre as primeiras medidas do chamado “pacote da segurança”. O que tem
ocorrido é que em períodos de comoção e mobilização da opinião pública o assunto
ganha visibilidade e várias propostas chegam ao Congresso. Passada a motivação
inicial, os projetos caem no esquecimento. A proposta para redução da maioridade está
parada no Congresso desde 1999. Desde 2000, esta é a quarta vez que um “pacote de
segurança” é proposto. O último “esforço concentrado” foi em junho de 2006, após os
ataques do PCC em São Paulo, quando o Senado aprovou 13 projetos de endurecimento
da legislação penal, que não incluíam a discussão sobre a maioridade. Em 2003, após a
morte de dois juízes, houve uma “semana da segurança”. Em 2000, depois de um
sequestrador de um ônibus ser morto ao lado de uma refém, a Câmara e o Senado
criaram uma comissão mista para discutir o endurecimento das leis. Não houve votação
originada desta comissão.
Redução de maioridade penal divide políticos
12 de fevereiro de 2007 • 11h33 • atualizado às 22h23

A discussão sobre a redução da maioridade penal dividiu a Câmara


dos Deputados nesta segunda-feira. O líder do governo na
Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), defendeu a medida
somente para quem comete crime hediondo. Para o deputado,
não é possível apenas discutir a idade dos criminosos, é preciso
considerar a natureza do crime. Já o deputado Alberto Fraga
(PFL-DF), que é militar e um parlamentar que se elegeu com a
bandeira da segurança, afirma que a grande maioria da
população é a favor da redução e que "ninguém pode defender
bandido".

Eu não nasci para defender bandido. Quem é contra a redução não sabe o que está
falando. Um coisa é um estudo sentado em uma mesa, outra é a prática", disse.
"Qualquer pesquisa mostra que 75% da população é a favor da redução", alegou.

Beto Albuquerque disse que o menor que comete um crime não pode ser beneficiado
por sua idade. "O menor que comete um crime bárbaro, hediondo, com crueldade vai ser
protegido pelos 16 anos? Não, então a maioridade tem que ser mantida para alguns
princípios, mas não para crimes hediondos", afirmou.

A discussão sobre o assunto voltou a acontecer no Congresso após o assassinato brutal


de um menino de apenas 6 anos no Rio de Janeiro na semana passada. A pedido dos
parlamentares, na próxima quarta-feira será votada uma série de projetos que mudam
dispositivos do Código Penal e tornam mais rígidas as penas para quem comete crime
hediondo. "O menor tem de ser tratado como menor quando pratica algum crime
menor".

O líder do PFL, Onyx Lorenzoni (RS), concorda com Beto Albuquerque. Para ele, a
redução da maioridade penal tem que ser feita em alguns casos, como por exemplo, a
redução de crimes hediondos. "A questão não é reduzir na maioria dos casos, mas sim
se adequar as penas", disse. Os dois líderes são contra também a progressão da pena
para crimes hediondos.

O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), afirmou hoje, em seu boletim diário,
que reduzir a idade penal para 16 anos seria um grave erro. "Nos presídios não cabe
mais ninguém. Não se consegue executar os mandados de prisão", disse Maia. Segundo
ele, a redução da maioridade penal será uma falsa solução por muitos anos ainda.
"Legislar e não cumprir será ainda pior", alegou.

Na sexta-feira, dois dias depois do crime, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
afirmou que a redução da idade penal não é suficiente para coibir os crimes cometidos
por menores no País. "Nós não resolveremos aumentando a punição", afirmou.
Lula defendeu que o Estado não pode reagir emocionalmente aos crimes cometidos na
sociedade. "Eu às vezes fico me perguntando: eu, como ser humano, posso reagir
emocionalmente e posso fazer qualquer barbaridade contra quem pratica um crime. Mas
o Estado não pode agir emocionalmente. O Estado tem que agir juridicamente".

Também na sexta, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Ellen


Gracie, disse que é contra a redução da maioridade penal no País, já que, segundo ela,
isso não resolveria o problema da violência. Ellen afirmou que este não é o momento
para discutir a legislação, já que a sociedade está sendo movida pela comoção em
relação ao crime. "Essa discussão sempre retorna cada vez que acontece um crime como
esse, terrível. Não sei se é a solução."

Ontem, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB) defendeu a redução da


idade penal para 16 anos e ainda defendeu a legalização monitorada do consumo de
drogas como solução para diminuir a violência no mundo. Ele e os governadores de São
Paulo, José Serra (PSDB), Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e de Espírito Santo,
Paulo Hartung (PMDB) vão ao Congresso levar proposta de modificação da legislação
penal.

21) Alcoolismo e lei seca

Há uma semana, entrou em vigor a Lei 11.705, que prevê mais rigor
contra motoristas que ingerirem bebidas alcóolicas. A partir do limite
de dois decigramas de álcool por litro de sangue para os motoristas, a
pessoa será multado em R$ 955, perde a carteira e tem o carro
apreendido. Acima de 6 decigramas - equivalente a uma lata de
cerveja -, é crime com pena de até três anos de prisão. Veja
Também: Bafômetros descartáveis contra motoristas bêbados
Abaixo, tire as principais dúvidas sobre a nova lei: Quais os limites
de consumo de álcool para quem estiver dirigindo? Para estar sujeito
a responder criminalmente, o limite é de 6 decigramas de álcool por
litro de sangue, ou 0,3 miligrama por litro de ar expelido no
bafômetro - equivalente a dois chopes. Para punições administrativas,
a tolerância é menor: de 2 decigramas por litro de sangue, ou 0,1
miligrama por litro de ar expelido Quais as penas para quem for
flagrado com índices acima desses limites? Caso seja enquadrado
criminalmente, a pena é de 6 meses a 3 anos de prisão, com direito à
fiança. As penalidades administrativas são multa de R$ 955, 7 pontos
na carteira e apreensão do documento e do carro Como o índice de
álcool no organismo do motorista será verificado? De três maneiras:
teste do bafômetro, exame de sangue ou exame clínico (quando um
médico procura sinais de embriaguez no motorista) O motorista é
obrigado a fazer o teste do bafômetro? Não. Segundo a Constituição,
ninguém é obrigado a produzir prova contra si. Porém, em São Paulo,
os delegados foram orientados a encaminhar o motorista, caso se
recuse a fazer o teste, ao Instituto Médico-Legal, onde terá,
obrigatoriamente, de passar por exames clínicos. Segundo a
Secretaria de Segurança Pública, caso o motorista se recuse, será
preso em flagrante por desobediência Quanto tempo o álcool
permanece no sangue após o consumo? Uma taça de vinho demora
cerca de 3 horas para ser eliminada pelo organismo. Uma lata de
cerveja, cerca de 4 horas. Ambas as quantias já são flagradas no
exame do bafômetro Caso o motorista seja flagrado com índices
superiores de álcool, ele perderá a CNH? Qual o procedimento para
tê-la de volta? A lei prevê suspensão do direito de dirigir por 12
meses. É possível recuperar a carteira recorrendo ao Detran (com a
possibilidade de entrar com advogado, testemunhas e peritos que
comprovem inocência) O motorista que estiver embriagado ficará
sem a carteira, obrigatoriamente, por algum tempo? Pode haver
espera de até um mês para que o laudo de alcoolemia chegue do IML
até o delegado responsável e depois para o Detran. Durante esse
período, obrigatoriamente, o motorista ficará sem a CNH Caso seja
flagrado, o motorista terá, obrigatoriamente, seu carro retido? Não,
o veículo pode ser liberado a qualquer pessoa de confiança do
motorista que seja julgado em condições de dirigir pelos policiais O
motorista tem de pagar a multa na hora? Não, será enviada uma
autuação ao endereço declarado pelo motorista Em caso de multa, é
possível recorrer? O motorista pode recorrer de qualquer multa
Quem estabelece o valor da fiança em caso de prisão? É o delegado
quem determina, na hora, o valor da fiança. Para ser solto, é preciso
que alguém faça um depósito na conta do Estado, na Nossa Caixa, no
valor da fiança. De posse do comprovante, o motorista é solto É
possível pagar com cartão de crédito ou débito nas delegacias? Não,
as delegacias não dispõem desse serviço Alimentos ou remédios que
levam álcool podem ser acusados no bafômetro? Sim, embora a
quantidade seja pequena, também podem ser detectados Como se
defender, caso seja multado por algum desses motivos, sem que
tenha bebido? Deve-se explicar a situação ao policial. A interpretação
dele também conta na formação de convicção do delegado Fontes:
PM, Abramet, advogados criminalistas Antonio Claudio Mariz de
Oliveira e Tales Castelos Branco

Balanço divulgado na sexta-feira (18) pelo Ministério da Saúde mostra que o Rio de
Janeiro foi o Estado campeão na redução do número de acidentes causados por
motoristas embriagados desde a entrada em vigor da chamada Lei Seca, que impôs
restrições ao consumo de álcool para motoristas no país. De acordo com os números, a
média nacional de redução de mortes no trânsito foi de 6,2% desde o início da entrada
em vigor da lei.

Lei Seca reduz número de mortes no trânsito em 6,2%

Quando o assunto é bebida e direção, as mulheres d...

Leis mais duras para os motoristas embriagados


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O índice representa 2.302 mortes a menos em todo o país, reduzindo de 37.161 para
34.859 o total de óbitos causados pelo trânsito. Nesse mesmo período, o Rio de Janeiro
conseguiu 32% de redução. O RS tem uma das piores posições: a 14ª.

A estratégia de fazer cumprir a lei tem que ser mais inteligente do que os twitteiros,
disse o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, sobre as tentativas de burlar os
pontos de fiscalização no Rio anunciando previamente as blitze no microblog. O RJ
teve de longe o melhor desempenho de todos os Estados, afirmou.

Atrás do Rio estão Espírito Santo (-18,6%), Alagoas (-15,8%), Distrito Federal (-
15,1%), Santa Catarina (-11,2%), Bahia (-6,1%) e São Paulo (-6,5%).

A frequência de pessoas que dirigem após consumo abusivo de álcool, no entanto,


voltou a subir, mesmo ainda sendo inferior à taxa antes do início da lei. Passou de 2,1%,
em 2007 (ano anterior à lei Seca), para 1,4%, em 2008 (ano de publicação da lei). E
aumentou para 1,7%, em 2009, segundo dados do Vigitel, inquérito telefônico do
Ministério da Saúde que monitora os fatores de risco para doenças e agravos à saúde da
população.

As reduções estatisticamente significativas na taxa de mortalidade foram registradas no


Rio de Janeiro (-32,5%), Espírito Santo (-18,4%), Distrito Federal (-17,4%), Alagoas (-
17%), Santa Catarina (-12,5%), Bahia (-8,6%), Paraná (-7,7%) e São Paulo (-7%).

Segundo Temporão, no Rio há hoje uma certeza: de que você não pode mais beber e
dirigir, porque você corre o sério risco de parar numa blitze e ser punido. Já sobre a
questão dos custos o Rio gasta R$ 4 milhões na operação Lei Seca por ano -, o ministro
afirmou que investir pesado nessa estratégia sai muito barato. Ele se referiu aos custos
indiretos causados pelas mortes, como os danos materiais, previdência e reabilitação.

22) Distribuição de preservativos nas escolas

Em breve os pais brasileiros poderão ter a surpresa de encontrar estoques de


preservativos masculinos junto ao material escolar de suas filhas e filhos, sem terem
sido consultados sobre o assunto.

Ignorando os resultados negativos de experiências semelhantes realizadas na Inglaterra,


França e Estados Unidos, os ministérios da Educação e da Saúde iniciam um projeto de
distribuição de preservativos nas Escolas Públicas - para alunos entre 15 e 19 anos. O
objetivo, segundo os idealizadores do projeto, seria o de diminuir os casos de gravidez
entre menores de 18 anos e combater as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs)
inclusive a AIDs.

O projeto começa em Curitiba, Rio Branco, São José do Rio Preto e São Paulo. A
previsão é de que até julho de 2004, 105 mil alunos da rede pública recebam 8
preservativos por mês, chegando a 2,5 milhões de alunos atingidos até 2006. Em 3 anos,
estarão sendo oferecidas 235 milhões de unidades anualmente, a um custo de US$ 7
milhões. Estima-se em quase 9 milhões o número de alunos entre 15 e 19 anos.
Países que tentaram estratégias semelhantes tiveram resultados desastrosos e opostos
aos esperados. Segundo informações do British Medical Journal , na Inglaterra os
casos de gravidez e doenças sexualmente transmissíveis aumentaram significativamente
nos últimos anos entre adolescentes de 16 a 17 anos, período em que se facilitou em
grande medida aos jovens o acesso e informação sobre os métodos de contracepção.

Segundo a Dra. Mannoun Chimelli, pedagoga em orientação educacional e habilitada


em Orientação Familiar e que trabalha com Medicina do Adolescente no Hospital
Getúlio Vargas Filho em Niterói, "o projeto não leva em conta as capacidades e
características dos Adolescentes, que gostam de ser exigidos, e sabem - desde que lhes
seja facultado - escolher o melhor para si e para os demais. Preservativos são a negação
de valores maiores." E conclui: "Os Adolescentes brasileiros necessitam de Professores,
Alimentação, Lazer, Esportes, Família, e não é justo que lhes seja imposto um caminho
de negação da verdadeira e saudável sexualidade, fruto do respeito ao próprio corpo e
ao corpo do outro."

Apesar do estímulo ao uso de preservativos entre adolescentes e de grandes campanhas


para divulgar a pílula abortiva do dia seguinte, cuja utilização cresceu vertiginosamente,
no Reino Unido aumentou o número de abortos cirúrgicos e casos de curetagem por
aborto nos últimos 3 anos. Durante o ano 2000, 185 mil crianças não-nascidas foram
assassinadas por métodos cirúrgicos.

Parece contraditório, mas as estatísticas indicam que quanto mais preservativos


distribuídos, maior o número de gravidez. "Na prática isso só incentiva as relações entre
os jovens. Informação sem integração num sistema de valores não é educação. É o tipo
de prática escolar que não quero para meus filhos, nem é justo que o imposto que eu
pago seja usado dessa forma.", declarou um pai entrevistado sobre o assunto.

Nos EUA é freqüente encontrar artigos nos meios médicos animando os profissionais da
saúde a recomendar a abstinência sexual aos adolescentes e informando-os acerca de
como se pode viver a abstinência. Em vários programas americanos de educação sexual
que orientam a esperar pelo casamento, ou seja, atrasar as relações sexuais, conseguiu-
se diminuir notavelmente os casos de gravidez entre adolescentes.

Com grande experiência no assunto, a Dra. Mannoun diz que os jovens "nos procuram
ansiosos por aprender a dizer não, e nas escolas ver-se-ão induzidos a exercer atividade
sexual prematuramente, por adultos que apelam ( exploram ? ) - aos impulsos
hormonais nascentes. Tal atitude dirigida a seres humanos que estão se abrindo à vida,
sem que lhes sejam oferecidas todas as opções existentes, é no mínimo, atentar à
dignidade e aos direitos humanos."

Estudo do Departamento de Saúde de Londres mostra que as adolescentes que iniciam


as suas relações sexuais antes dos 16 anos têm três vezes mais possibilidades de ficarem
grávidas do que as que esperam mais tempo. Por isso afirma-se que a atividade sexual
está muito distante de ser apropriada para adolescentes.

Máquinas de camisinhas x escolas


Em relação à produção de camisinhas em escala industrial, a imprensa noticiou que há
quatro anos o Governo busca por parceiros para a produção de dois modelos de
equipamento de distribuição de camisinhas para instalação em escolas públicas do país,
embora os técnicos do Ministério da Saúde reconheçam que há dificuldades em se
associar a um fabricante e muita resistência de alguns setores da sociedade. Contudo, a
expectativa do Programa Nacional de DST/Aids responsável pela iniciativa, é que até
40 máquinas comecem a funcionar ainda neste ano.

Os protótipos das máquinas foram desenvolvidos pelos institutos federais da Paraíba e


de Santa Catarina, mas só o primeiro já foi oferecido ao mercado. O outro, apresentado
pelo ministério em 2008, foi revisto e finalizado no início do mês de julho passado. O
custo unitário de fabricação da máquina pode variar de R$ 600 a R$ 900.

A proposta é de que nestas máquinas os adolescentes possam digitar uma senha e retirar
o seu preservativo. Cada escola vai decidir onde vai instalar a sua máquina, mas a ideia
é que elas fiquem em locais onde os alunos possam retirar sua camisinha com discrição,
como nos banheiros

CADASTRAMENTO: Segundo o Censo Escolar de 2005, que deu base à iniciativa, 15


mil escolas de ensino médio distribuíram preservativos naquele ano e depois disso
cresceu o número de escolas públicas cadastradas no programa e que recebem uma cota
mensal de preservativos para serem distribuídos entre os alunos. Uma das metas do
governo é que a taxa de adesão ao programa suba para 35% das escolas, mesmo sem a
imediata instalação das máquinas de preservativos. Hoje, cada estudante cadastrado
recebe cerca de 30 preservativos por mês com a supervisão de professores e conselheiro.

A construção e a implantação de “máquinas de camisinhas” em escolas fazem parte do


programa Saúde e Prevenção nas Escolas, do Ministério da Saúde e segundo a diretora
do Programa de DST/Aids, Mariângela Simão, o objetivo do projeto é ampliar o acesso
gratuito do jovem aos preservativos como forma de prevenir gravidez não planejada e
doenças sexualmente transmissíveis (DST).

CONTESTAÇÃO: Graziele de Oliveira, coordenadora do programa de doenças sexuais


de Santa Catarina, defende o uso do preservativo, mas diz que há que se ter um processo
cultural de prevenção: “Penso que se for implantada a máquina de distribuição de
preservativos nas escolas não basta. Tem de haver orientação. Graziele não concorda
que o aluno digite o número da matrícula numa máquina e receba um punhado de
preservativos e não saiba nem usar. “Poderia até uma criança pegar a matrícula do
irmão adolescente e se apropriar dos preservativos. É muito questionável”, frisa
lembrando que a melhor forma de prevenção é a orientação.

Também no Estado de Santa Catarina, a responsável da Gerência Regional de Educação


e Informação (Gerei), Fátima Ogliari, é radicalmente contra a máquina de distribuição
de preservativos nas escolas: “Enquanto educadores não podemos concordar com esta
máquina. A prevenção faz parte do trabalho curricular das escolas e não justifica a
máquina mesmo porque a orientação sobre o corpo humano acontece em várias séries.
Somos, sim, a favor da construção do conhecimento e da prevenção da sexualidade dos
jovens”.
A psicopedagoga Albertina Chraim do Rio de Janeiro endossa as duas opiniões
anteriores: “Eu sou completamente contra a instalação de máquinas de camisinhas nos
colégios. As escolas não estão preparadas para este passo, podendo estar banalizando o
ato sexual em si, incitando essas crianças a uma vida precoce, sexual, e o passo seguinte
seria perguntar agora: onde eles fariam uso destas camisinhas? Nos corredores? Isso
facilita o estudante a querer isso.”

POLÊMICA: Conforme se pode observar, a utilização de máquinas de distribuição de


preservativos nas escolas não passa de uma atitude deseducadora que não só não resolve
os problemas da prevenção de doenças sexualmente transmissíveis como desvirtua os
reais valores da educação. Sem dúvida, essa é uma tarefa que não compete às escolas,
mesmo porque a proposta é usar o preservativo fora dos muros dos estabelecimentos de
ensino.

Então, por que a mudança de comportamento dos alunos tem que passar pela
distribuição de camisinhas nas escolas? Em sã consciência, que mudança de
comportamento o governo federal espera a partir dessa atitude?

Uma coisa é a necessidade de a escola trabalhar a sexualidade e procurar melhorar a


autoestima dos jovens e, também, discutir a prevenção da gravidez na adolescência;
outra coisa é distribuir camisinhas, e tornar a escola conivente com os desvios de
comportamento vigente na sociedade.

POSIÇÃO: Nesses termos, os guardiões da educação de qualidade, incluindo pais,


professores, conselhos escolares, legisladores e autoridades em geral têm a obrigação de
exigir do governo a promoção de um debate nacional para a construção de uma política
pública relativa à educação/saúde, a começar pela questão da instalação das máquinas
de preservativos nas escolas.

De modo algum não podemos nos omitir e permanecer pelos cantos em atitude isolada
de indignação ou de pura constatação. De outro lado temos que nos mobilizar e impedir
que o Ministério da Saúde delibere sozinho em assuntos tão graves e pertinentes à vida
e ao futuro de nossos filhos e de nossos netos. Afinal, somos cidadãos conscientes e
responsáveis e como tal gostaríamos de ser tratados!

23) O processo eficaz da comunicação em situações específicas

Uso da língua em situações de interação social


Celina Bruniera*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Uma vez, uma aluna perguntou o que havia de errado em "do you
want that I go?" Do ponto de vista sintático, não há erros na
construção. No entanto, quando se quer dizer em inglês "você quer
que eu vá?", dizemos "do you want me to go?".

Observe que a forma a que a aluna se referia é uma construção típica


da língua portuguesa. Como a aluna tem algum domínio do inglês, ela
foi capaz de usar palavras e expressões para compor um enunciado
correto, mas que não é comum entre os falantes da língua inglesa.

Isso quer dizer que conhecer palavras e expressões em inglês (ou em


qualquer outra língua) não significa se aproximar do uso efetivo dessa
língua, sobretudo do uso feito pelos povos que a têm como língua
materna.

Uso social
Ao lermos ou produzirmos um texto (seja em língua materna ou em
língua estrangeira) é importante considerar que o texto lido, escrito
ou elaborado oralmente está ancorado em práticas de linguagem
historicamente construídas. Ou seja, em situações de interação social
em que as pessoas fazem um determinado uso da língua.

Ao longo de nossas vidas, presenciamos interações sociais ou


interagimos em diversas situações em que a linguagem se caracteriza
como elemento mediador. Aprendemos que em cada situação
particular devemos buscar uma adequação do discurso e que,
portanto, o uso que fazemos da linguagem é mediado pelas relações
sociais.

O caráter social das práticas de linguagem revela que estas estão em


constante reelaboração, na medida em que os homens reatribuem
sentido a práticas de linguagem aprendidas ao longo de sua história e
na medida em que o modo como os homens produzem suas próprias
vidas também se modifica no decorrer do tempo, aportando novos
veículos de comunicação, novos gêneros textuais ou novas
modalidades de textos de gêneros já conhecidos.

A língua de hoje
É por isso que não falamos mais o português falado no início do
século passado. É por isso que uma pessoa que fizesse uso da língua
portuguesa hoje como esta era usada por volta de 1930, teria alguma
dificuldade para estabelecer a interlocução. Seria, mais ou menos,
como se ela estivesse se comunicando por meio de uma língua
estrangeira.

Veja que a adequação lingüística depende não apenas do uso


gramaticalmente correto da língua, mas de como as pessoas fazem
uso dessa língua nas diversas situações de produção discursiva. A
reflexão a respeito desse uso é fundamental quando aprendemos
inglês. Por isso, a necessidade de entrarmos em contato com textos
originais, sejam eles orais ou escritos. Através deles nos
aproximamos do uso que as pessoas fazem dessa língua.

Gêneros textuais
Nas situações de produção discursiva, os gêneros textuais se
constituem em um elemento significativo, já que as práticas de
linguagem se materializam num gênero determinado. A partir de um
gênero e de suas características, podemos nos aproximar dos
conteúdos veiculados por ele, conhecer a estrutura comunicativa do
texto em questão, buscar regularidades em relação a outros textos de
um mesmo gênero e reconhecer traços da posição enunciativa do seu
autor.

Em síntese, não é possível falar em práticas de linguagem sem uma


análise sistemática e aprofundada dos gêneros textuais. E é por esse
motivo que ler e produzir textos (orais e escritos) se constituem em
atividades riquíssimas para a ampliação do conhecimento de uma
língua, sobretudo de uma língua estrangeira. Isso porque os textos
não revelam apenas a língua que se fala ou que se escreve, mas o
contexto histórico, social e cultural em que determinadas práticas de
linguagem têm origem ou se dão. Pense nisso quando estiver
estudando inglês.

Há muito tempo se discute o que é certo e o que é errado com relação aos usos da
linguagem. Usar a língua é como usar roupas, tudo é permitido desde que sejam
respeitadas as convenções necessárias. Ninguém vai à praia num dia de sol usando
terno, gravata ou salto alto e vestido de noite. Assim como ninguém vai para uma
entrevista de emprego de biquíni, canga ou sunga e chinelos. Imagine você chegando a
uma festa em que todos estão usando terno, gravata e vestido longo e só você está de
jeans e camiseta. Seria o “mico” do ano. Com a linguagem acontece o mesmo. Temos
vários estilos de linguagem - variantes lingüísticas - e nada é errado, desde que
saibamos usá-los de acordo com as convenções sociais.

Cada comunidade tem sua própria forma de se expressar. Se pensarmos em nível


nacional, cada região do país tem sua maneira de usar a língua. Um gaúcho fala
diferente do mineiro, que fala diferente do paulista, que fala diferente do pernambucano,
e assim por diante. A essas diferenças chamamos variantes lingüísticas. Não há uma
variante melhor que a outra, todas são igualmente importantes e representativas da
cultura das comunidades que as falam. Portanto, quando rimos de um caipira que fala
“Nóis fizemu um bolo procê”, estamos agindo com preconceito, o preconceito
lingüístico, porque julgamos nossa forma de falar superior a do outro. Portanto cada
povo não só pode, como deve, preservar sua forma de se comunicar dentro de sua
comunidade, pois essa fala nos representa, ela é parte determinante do que somos.
Com a língua escrita a coisa não é muito diferente.
Temos os vários ambientes de escrita e cada um
deles é diferente do outro. Um texto jurídico é
diferente de um texto acadêmico, que é diferente
de um bilhete, que é diferente de um bate-papo no
MSN e assim por diante. Portanto, tanto na língua
falada, como na escrita, devemos respeitar
algumas convenções.

Existe uma necessidade de nos fazermos entender e para isso devemos respeitar
algumas regras. O uso de uma variante lingüística qualquer dentro de um ambiente que
requer o uso da variante padrão pode ocasionar problemas de comunicação. Imagine
você abrindo um jornal de circulação nacional e lendo a seguinte manchete: “Menino
rouba o cacetinho do padeiro”. Muitos de nós nos assustaríamos com esse texto,
entretanto trata-se de uma linguagem regional, para algumas comunidades cacetinho é
pão. Nesse caso o que houve foi o uso inadequado da linguagem regional. Um jornal de
circulação nacional exige que a notícia seja escrita em língua padrão, ou seja, aquela
linguagem que é comum a todos.

Na internet é muito comum ocorrem erros assim.


Pessoas acostumadas a usar os chats, fazem uso do
internetês, linguagem criada para facilitar os
diálogos, para agilizar as conversas. Não é
problema algum as pessoas se utilizarem de
expressões como, “vc”, “naum”, “kza”, quando
estão teclando no MSN ou em qualquer outro
ambiente de bate-papo, desde que o interlocutor
domine a mesma linguagem. Entretanto quando
essas pessoas estendem essa linguagem a outros
ambientes, como fazer comentários em blogs, escrever textos em blogs, em qualquer
outro site da internet, ou texto profissional ou escolar, estão cometendo o “pecado” da
inadequação lingüística. Um texto que pode ser lido por milhões de pessoas deve ser
escrito na língua padrão, deve respeitar as regras exigidas por essa variante para que
todos se entendam. É importante que conheçamos a língua padrão para que possamos
nos comunicar com todos e mostrarmos conhecimento e domínio do nosso idioma.
Ninguém consegue um bom emprego se escrever um currículo cheio de abreviações e
erros ortográficos. Imagine alguém enviar um currículo escrito “Ispecialista em makinas
de flucho”. O profissional pode ser o melhor especialista da área, mas dificilmente irá
conseguir uma boa colocação no mercado de trabalho, pois demonstra um péssimo
conhecimento lingüístico.

A internet é hoje um dos meios que temos para conhecer as pessoas e suas capacidades.
Através de um texto escrito por alguém no ambiente virtual podemos avaliar sua
formação e seus conhecimentos. Saber transitar por várias variantes lingüísticas e
adequá-las ao ambiente correto é uma amostra da capacidade intelectual e também
profissional do autor do texto. Por isso devemos cuidar da nossa linguagem, como
cuidamos do nosso visual, caso contrário nossos textos se tornarão o “mico da net”.
24)Importância do censo para o desenvolvimento do Brasil

A importância do censo

A participação no censo é de interesse geral, uma vez que as informações nos


formulários são usadas para definir que comunidades, escolas, hospitais e estradas
precisam de recursos financeiros federais.

Aqui estão alguns exemplos da importância dos números divulgados pelo censo.

• O governo federal usa os números divulgados pelo censo para distribuir mais
de US$100 bilhões em verbas federais anualmente, para programas e serviços
comunitários, como programas educacionais, desenvolvimento de moradia e da
comunidade, assistência médica para idosos e treinamento profissional, entre
outros. Governos estaduais, locais e de tribos usam as informações divulgadas
pelo censo para planejar e distribuir verbas para construção de novas escolas,
bibliotecas e outros edifícios públicos, sistemas de segurança nas estradas e de
transporte público, novas estradas e pontes, locais para delegacias e bombeiros,
entre outros projetos.
• Organizações comunitárias usam as informações para desenvolver programas
sociais, projetos comunitários, merenda para a terceira idade e creches.
• Empresas usam os números para decidir onde instalar fábricas, shopping
centers, cinemas, bancos e escritórios - atividades que geram novos empregos.
• O Congresso Americano usa os números totais divulgados pelo censo para
determinar quantos assentos determinado Estado deve possuir na Câmara
dos Deputados. Além disso, Estados usam os números para distribuir assentos
nas assembléias legislativas.
• O que é o censo? Para que serve? O que muda na vida de cada cidadão? São
algumas das questões que surgem ao nos depararmos com as notícias que
confirmam a realização do XII Censo Demográfico brasileiro a partir de agosto
de 2010. Considerado pelo próprio IBGE (responsável pelas pesquisas) como o
maior censo de todos os tempos, seus resultados apresentarão um retrato
completo da população brasileira, trazendo a conhecimento as características
socioeconômicas e, ao mesmo tempo, fornecendo informações que pautarão o
planejamento público e privado nos próximos dez anos.

• O censo pode revelar, além de características socioeconômicas, condições


étnicas e culturais da população. A história revela fatos menos nobres ligados ao
censo no mundo. Segundo o livro A IBM e o holocausto, a empresa
estadunidense de tecnologia desenvolveu, no início do século XX, máquinas e
softwares que permitiram aos nazistas identificar, por meio de recenseamentos
na Alemanha, pessoas de origem judaica, facilitando o genocídio com notável
precisão.
• Por outro lado, a importância da pesquisa censitária está nas informações
geradas após um recenseamento populacional por meio do qual os dados
levantados tornam-se ferramentas indispensáveis para conhecer, por exemplo, os
segmentos mais vulneráveis da população, as regiões marginalizadas e, pelo
menos em teoria, ajudar a desenvolver políticas públicas que permitam
melhorias na qualidade de vida das pessoas. A iniciativa privada tem interesse
claro nos levantamentos censitários, pois possibilitam elaborar estratégias de
marketing direcionadas ao poder aquisitivo da população, à sua idade, aos seus
hábitos de consumo, entre outros dados obtidos. As informações coletadas
servem como base aos governantes e responsáveis políticos na tomada de
decisões sobre a legislação e para desenvolver e promover programas de
combate à miséria, ao analfabetismo, à mortalidade infantil e à discriminação.
• Para Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, 2010 - ano em que serão
realizados censos em pelo menos 60 países - será marcado pela possibilidade de
melhoria na governança de vários países por meio do acesso às informações de
qualidade, que servirão como base para planejar políticas igualitárias para as
gerações presentes e futuras.
• O Brasil…
• Segundo o IBGE, o Censo 2010 será um retrato de corpo inteiro do País,
revelando o perfil da população e as características de seus domicílios, ou seja,
diagnosticará minuciosamente quem somos, quantos somos e como e onde
vivemos. Para isso, o processo envolverá cerca de 240 mil pessoas em todo o
País, desde responsáveis pelo levantamento de dados (pesquisas), pelo
processamento, pela análise de informações, pela logística, até especialistas,
entre outros; além da utilização de 220 mil computadores de mão equipados com
receptores de GPS, garantindo informações fidedignas durante todo o processo.
Os 5.565 municípios que compõem o território brasileiro terão
aproximadamente 58 milhões de domicílios visitados pelos agentes
recenseadores, que serão reconhecidos pelos seus coletes azuis e bonés com a
logo do Censo 2010 do IBGE, além do crachá com identificação e número de
matrícula do recenseador, que poderá ser confirmado no site oficial do Censo
2010.

• Identificação dos recenseadores. Foto: IBGE.
• Para que o Censo 2010 tenha o máximo de sucesso e, principalmente,
represente a realidade brasileira, será necessária a participação de todos.
Responder aos questionários - básico e de amostra - de maneira correta (e
completa) é dever e direito de cada cidadão, garantindo a possibilidade de
mudanças positivas na vida da população brasileira.

• Computador de mão desenvolvido especialmente para o Censo 2010. Foto:
IBGE.
• Lembre-se: com informações atualizadas e precisas, todos só terão a ganhar…
Os governantes e a sociedade poderão agir com maior eficiência, planejando e
avaliando melhor as necessidades socioeconômicas do País.
25) Educação a distância

Educação a distância é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias,


onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente.

É ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão normalmente juntos,


fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente
as telemáticas, como a Internet. Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a
televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes.

Na expressão "ensino a distância" a ênfase é dada ao papel do professor (como


alguém que ensina a distância). Preferimos a palavra "educação" que é mais abrangente,
embora nenhuma das expressões seja perfeitamente adequada.

Hoje temos a educação presencial, semi-presencial (parte presencial/parte virtual ou a


distância) e educação a distância (ou virtual). A presencial é a dos cursos regulares, em
qualquer nível, onde professores e alunos se encontram sempre num local físico,
chamado sala de aula. É o ensino convencional. A semi-presencial acontece em parte na
sala de aula e outra parte a distância, através de tecnologias. A educação a distância
pode ter ou não momentos presenciais, mas acontece fundamentalmente com
professores e alunos separados fisicamente no espaço e ou no tempo, mas podendo estar
juntos através de tecnologias de comunicação.

Outro conceito importante é o de educação contínua ou continuada, que se dá no


processo de formação constante, de aprender sempre, de aprender em serviço, juntando
teoria e prática, refletindo sobre a própria experiência, ampliando-a com novas
informações e relações.

A educação a distância pode ser feita nos mesmos níveis que o ensino regular. No
ensino fundamental, médio, superior e na pós-graduação. É mais adequado para a
educação de adultos, principalmente para aqueles que já têm experiência consolidada de
aprendizagem individual e de pesquisa, como acontece no ensino de pós-graduação e
também no de graduação.

Há modelos exclusivos de instituições de educação a distância, que só oferecem


programas nessa modalidade, como a Open University da Inglaterra ou a Universidade
Nacional a Distância da Espanha. A maior parte das instituições que oferecem cursos a
distância também o fazem no ensino presencial. Esse é o modelo atual predominante no
Brasil.

As tecnologias interativas, sobretudo, vêm evidenciando, na educação a distância, o


que deveria ser o cerne de qualquer processo de educação: a interação e a interlocução
entre todos os que estão envolvidos nesse processo.

Na medida em que avançam as tecnologias de comunicação virtual (que conectam


pessoas que estão distantes fisicamente como a Internet, telecomunicações,
videoconferência, redes de alta velocidade) o conceito de presencialidade também se
altera. Poderemos ter professores externos compartilhando determinadas aulas, um
professor de fora "entrando" com sua imagem e voz, na aula de outro professor...
Haverá, assim, um intercâmbio maior de saberes, possibilitando que cada professor
colabore, com seus conhecimentos específicos, no processo de construção do
conhecimento, muitas vezes a distância.

O conceito de curso, de aula também muda. Hoje, ainda entendemos por aula um
espaço e um tempo determinados. Mas, esse tempo e esse espaço, cada vez mais, serão
flexíveis. O professor continuará "dando aula", e enriquecerá esse processo com as
possibilidades que as tecnologias interativas proporcionam: para receber e responder
mensagens dos alunos, criar listas de discussão e alimentar continuamente os debates e
pesquisas com textos, páginas da Internet, até mesmo fora do horário específico da aula.
Há uma possibilidade cada vez mais acentuada de estarmos todos presentes em muitos
tempos e espaços diferentes. Assim, tanto professores quanto alunos estarão motivados,
entendendo "aula" como pesquisa e intercâmbio. Nesse processo, o papel do professor
vem sendo redimensionado e cada vez mais ele se torna um supervisor, um animador,
um incentivador dos alunos na instigante aventura do conhecimento.

As crianças, pela especificidade de suas necessidades de desenvolvimento e


socialização, não podem prescindir do contato físico, da interação. Mas nos cursos
médios e superiores, o virtual, provavelmente, superará o presencial. Haverá, então,
uma grande reorganização das escolas. Edifícios menores. Menos salas de aula e mais
salas ambiente, salas de pesquisa, de encontro, interconectadas. A casa e o escritório
serão, também, lugares importantes de aprendizagem.
Poderemos também oferecer cursos predominantemente presenciais e outros
predominantemente virtuais. Isso dependerá da área de conhecimento, das necessidades
concretas do currículo ou para aproveitar melhor especialistas de outras instituições, que
seria difícil contratar.

Estamos numa fase de transição na educação a distância. Muitas organizações estão


se limitando a transpor para o virtual adaptações do ensino presencial (aula multiplicada
ou disponibilizada). Há um predomínio de interação virtual fria (formulários, rotinas,
provas, e-mail) e alguma interação on-line (pessoas conectadas ao mesmo tempo, em
lugares diferentes). Apesar disso, já é perceptível que começamos a passar dos modelos
predominantemente individuais para os grupais na educação a distância. Das mídias
unidirecionais, como o jornal, a televisão e o rádio, caminhamos para mídias mais
interativas e mesmo os meios de comunicação tradicionais buscam novas formas de
interação. Da comunicação off-line estamos evoluindo para um mix de comunicação off
e on-line (em tempo real).

Educação a distância não é um "fast-food" em que o aluno se serve de algo pronto. É


uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e habilidades individuais e
as do grupo - de forma presencial e virtual. Nessa perspectiva, é possível avançar
rapidamente, trocar experiências, esclarecer dúvidas e inferir resultados. De agora em
diante, as práticas educativas, cada vez mais, vão combinar cursos presenciais com
virtuais, uma parte dos cursos presenciais será feita virtualmente, uma parte dos cursos a
distância será feita de forma presencial ou virtual-presencial, ou seja, vendo-nos e
ouvindo-nos, intercalando períodos de pesquisa individual com outros de pesquisa e
comunicação conjunta. Alguns cursos poderemos fazê-los sozinhos, com a orientação
virtual de um tutor, e em outros será importante compartilhar vivências, experiências,
idéias.

A Internet está caminhando para ser audiovisual, para transmissão em tempo real de
som e imagem (tecnologias streaming, que permitem ver o professor numa tela,
acompanhar o resumo do que fala e fazer perguntas ou comentários). Cada vez será
mais fácil fazer integrações mais profundas entre TV e WEB (a parte da Internet que
nos permite navegar, fazer pesquisas...). Enquanto assiste a determinado programa, o
telespectador começa a poder acessar simultaneamente às informações que achar
interessantes sobre o programa, acessando o site da programadora na Internet ou outros
bancos de dados.

As possibilidades educacionais que se abrem são fantásticas. Com o alargamento da


banda de transmissão, como acontece na TV a cabo, torna-se mais fácil poder ver-nos e
ouvir-nos a distância. Muitos cursos poderão ser realizados a distância com som e
imagem, principalmente cursos de atualização, de extensão. As possibilidades de
interação serão diretamente proporcionais ao número de pessoas envolvidas.

Teremos aulas a distância com possibilidade de interação on-line (ao vivo) e aulas
presenciais com interação a distância.

Algumas organizações e cursos oferecerão tecnologias avançadas dentro de uma


visão conservadora (só visando o lucro, multiplicando o número de alunos com poucos
professores). Outras oferecerão cursos de qualidade, integrando tecnologias e propostas
pedagógicas inovadoras, com foco na aprendizagem e com um mix de uso de
tecnologias: ora com momentos presenciais; ora de ensino on-line (pessoas conectadas
ao mesmo tempo, em lugares diferentes); adaptação ao ritmo pessoal; interação grupal;
diferentes formas de avaliação, que poderá também ser mais personalizada e a partir de
níveis diferenciados de visão pedagógica.

O processo de mudança na educação a distância não é uniforme nem fácil. Iremos


mudando aos poucos, em todos os níveis e modalidades educacionais. Há uma grande
desigualdade econômica, de acesso, de maturidade, de motivação das pessoas. Alguns
estão preparados para a mudança, outros muitos não. É difícil mudar padrões adquiridos
(gerenciais, atitudinais) das organizações, governos, dos profissionais e da sociedade. E
a maioria não tem acesso a esses recursos tecnológicos, que podem democratizar o
acesso à informação. Por isso, é da maior relevância possibilitar a todos o acesso às
tecnologias, à informação significativa e à mediação de professores efetivamente
preparados para a sua utilização inovadora.

Esta modalidade de ensino surgiu no Brasil em 1950 com os chamados cursos por
correspondencias Depois na decada de 90 com a ascenção da internet surgiiu o ensino
via internet e hoje em dia com a ascenção de tecnologias como banda larga entre outras
surgiu então as chamadas plataformas de Ead que são sistemas onde se ministram aulas
totalmente via Internet ou com apoio de Polos em caso de cursos semi-presenciais.

Então temos nos dia de hoje as seguintes modalidades de Ead:

Online:Que são cursos ministrados totalmente via internet na sua maioria são cursos
livres de atualização ou mesmo profissionalização de nivel basico.

Semi-presenciais:que são cursos onde o aluno tem que frenquentar aulas na unidade
uma vez por semana na sua maioria são cursos técnicos e faculdades e alguns cursos
profissionalizantes de base regulados por ogãos regulatórios.
Mas ai vem a pergunta quais os aspectos legais de se fazer um curso Ead?

No caso dos chamados cursos livres nenhum deles dependem de autorização do mec
para funcionamento e no caso a Legislação da total amparo legal a todos os cursos livres
e de profissionalização basica no caso de cursos de profissionalização basica em alguns
casos e preciso seguir a determinações dos chamados orgãos de classe como o
COREN,CREA entre outros que prevem algumas normas regulatórias para este tipo de
curso.

No caso dos chamados cursos semi-presenciais estes tem que ser autorizados pelo MEC
com execeção de cursos profissionalizantes livres para terem amparo legal.

Alem da possibilidade de se desenvolver cursos em Ead tambem existe a possibilidade


de se desenvolver ferramentas usando as próprias plataformas de Ead como
video,audioconferencias entre outros como ferramentas de apoio para o
desenvolvimento de cursos regulares.

Bom mas surge outra pergunta Quais os beneficios e quais as perdas de se ministrar ou
fazer um curso de Ead?

Um curso tem como principal beneficio a redução de custo e flexibilidade de horarios


para o aluno no caso de um professor tem a vantagem na questão do ensino ser mais
flexivel.

No caso as perdas principais para o aluno seria a falta de contato senão parcial total e de
convivio social com outros alunos.

No caso de professor seria a falta de conhecimento mais aprofundado do aluno.

Mas de outro lado traz ao aluno e ao professor um novo conceito de aprendizagem que
permite um aprofundamento maior tanto do aluno que ira aprender como do professor
que ira ensinar nos conteudos ministrados.

Mas o ead tem se mostrado como uma ferramenta de inclusão social de pessoas que
antes não podiam pagar por uma faculdade ou um curso profissionalizante e graças a
esta tecnologia estão conseguindo fazer uma faculdade.
26) Existe desenvolvimento econômico e social sem educação?
EDUCAÇÃO

A questão da educação básica constitui, hoje, um dos pontos mais graves a


serem enfrentados por uma política responsável, para que o país possa
desenvolver-se de forma mais rápida e reduzir os desequilíbrios sociais.

Ante as enormes deficiências do sistema educacional, foram estabelecidas


prioridades que contemplam as necessidades da maioria da população. O
problema, entretanto, não é de fácil solução, uma vez que depende da ação
autônoma de estados e municípios, entre os quais existem enormes diferenças.

Para melhorar a qualidade do ensino, é imprescindível aumentar o aporte de


recursos públicos à educação fundamental e valorizar os docentes. Por isso, é
preciso definir com mais clareza, na própria Constituição, as responsabilidades
dos estados e municípios, bem como garantir uma distribuição mais equitativa
dos recursos disponíveis.

Atualmente, cada estado e cada município deve aplicar em educação um


mínimo de 25% de suas receitas de impostos, sendo a metade, pelo menos, no
ensino fundamental e na erradicação do analfabetismo.

A Proposta de Emenda Constitucional que o Governo encaminhou ao


Congresso institui um fundo contábil no âmbito de cada estado, composto por
15% da receita de impostos do estado e de todos os seus municípios. Os
recursos deste fundo serão rateados entre o estado e seus municípios, de
acordo com a quantidade de alunos matriculados nas respectivas redes de
ensino de 1º grau. Quando este rateio importar um gasto médio por aluno
inferior a R$ 300,00/ano, a União aportará ao fundo estadual recursos
suficientes para que este patamar seja atingido.
Esta medida complementa-se com a vinculação de 60% destes recursos ao
pagamento do salário dos professores em efetivo exercício em sala de aula no
1º grau, o que permitirá a superação de situações de verdadeira indigência
salarial dos docentes, nas regiões mais pobres do país.

1.1 Plano de Valorização do Ensino Fundamental e do Magistério

• Objetivos

Adoção de políticas voltadas para a melhoria da qualidade do ensino


fundamental e a valorização do magistério, por meio da redistribuição e
equidade que tomam o gasto aluno/ano como referência, assegurando um
investimento mínimo por aluno, beneficiando, sobretudo, as regiões mais
pobres do país e permitindo, de forma gradual, o aumento da remuneração dos
professores.

Deste plano derivam os projetos:

1.1.1 Criação do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e


Valorização do Professor

• Objetivos

a) Fundo de desenvolvimento do ensino fundamental com quatro aspectos


básicos:

• vinculação de 15% de toda a arrecadação de


estados e municípios ao ensino fundamental, mediante a
criação de um fundo contábil, no âmbito de cada unidade
da federação.
• redistribuição dos recursos do fundo entre o Estado
e seus municípios, de acordo com o número de alunos na
rede de 1º grau.
• garantia pelo Governo Federal de um gasto mínimo
por aluno (quando a redistribuição dos recursos não atingir
pelo menos R$ 300,00 por ano).
• vinculação de 60% desses recursos ao pagamento
do professor em efetivo exercício em sala de aula.

Com esse projeto assegura-se uma vinculação permanente de cerca de


R$ 12 bilhões por ano ao ensino fundamental.

b) Valorização do professor.

• apoiar os sistemas de ensino na reorganização dos


estatutos.
• implementar novo plano de carreira e salários.

1.1.2 Educação à Distância: TV Escola e Treinamento de Professor


• Objetivos

Melhorar a formação dos professores da rede pública de ensino e fornecer


ferramentas para maior qualificação do conteúdo das aulas por meio da
montagem de uma rede televisiva de educação.

• Metas físicas

Em 1996: Treinar 1 milhão de professores atingindo 23 milhões de alunos.

Em 1996: Equipar 46 mil escolas públicas com Kit tecnológico (TV, vídeo e
antena parabólica).

• Recursos

R$ 71 milhões, provenientes do FNDE, para a aquisição dos equipamentos.

1.1.3 Programa Nacional do Livro Didático - PNLD

• Objetivos

Atender aproximadamente 30 milhões de alunos, garantindo a distribuição de


livros de 1ª a 8ª série.

• Metas físicas

Entregar 99,1 milhões de livros até o início do ano letivo de 1997.

• Recursos

Em 1996: R$ 292 milhões.

1.1.4 Programa de Repasse de Recursos para a Manutenção das Escolas


Públicas do Ensino Fundamental

• Objetivos

Transferir recursos diretamente para as escolas das redes estaduais e


municipais para despesas de manutenção da escola, aquisição de material
didático e pedagógico.

• Metas físicas

Atender 180.000 escolas.

Beneficiar 27 milhões de alunos.

• Recursos

R$ 250 milhões.
OBS: Tais recursos são calculados de acordo com o número de alunos
matriculados e devem ser aplicados pela própria direção da escola, associação
de pais e professores, etc.

1.1.5 Avaliação Educacional

• Objetivos

Desenvolver instrumentos que possam monitorar a qualidade, equidade e


eficiência da educação brasileira, bem como subsidiar a formulação de políticas
públicas.

• Metas físicas

Em 1996: avaliação de 200 mil alunos do ensino básico e 66 mil alunos dos
cursos de graduação e nível superior.

1.1.6 Definição dos Conteúdos Curriculares Nacionais de 1ª a 4ª série

• Objetivos

Introdução de parâmetros curriculares nacionais, que visam a estabelecer uma


política de ensino e a reestruturação de propostas educacionais que preservem
as especificidades locais.

1.2 Alfabetização para Todos

• Objetivos

Alfabetização de jovens e adultos entre 14 e 55 anos, por meio da mobilização


de estados, municípios, ONGs e iniciativa privada com o intuito de estimular a
criação de Programas de Alfabetização Descentralizados.

• Recursos

R$ 36 milhões, em 1996.

1.3 Democratização e Expansão do Ensino Profissional

• Objetivos

Incrementar a oferta de oportunidades de educação, otimizando a utilização da


infra-estrutura existente para atender à diversidade de demanda de
trabalhadores e empregadores, num processo de educação tecnológica.

• Metas físicas

Ampliar, em 5 anos, as vagas de 139 mil para 604 mil no ensino técnico
público, incluindo cursos de curta duração e cursos especiais.
Criar, em 5 anos, 1.200 centros de educação profissional por meio das escolas
profissionalizantes existentes.

Ampliar o Telecurso 2000 Profissionalizante de 110 Telecursos com 3.330


aluno em 1996 para 920 Telecursos com 110.400 alunos em 1998.

• Recursos

R$ 1 bilhão a partir de 1997, sendo R$ 600 milhões provenientes de


negociação com o BID, R$ 200 milhões do FAT e R$ 200 milhões do MEC.

1.4 Esporte Solidário

• Objetivos

Incentivar a prática do esporte, lazer e recreação, integradas a outras formas


de atendimento pessoal e social de crianças e adolescentes em estado de
carência, em parceria com outros órgãos, entidades, instituições públicas e
privadas.

• Metas físicas

Em 1996: instalação de 300 pólos, atendendo 400 crianças/pólo (120.000


crianças atendidas).

• Recursos

R$ 12 milhões, em 1996.

1.5 Parceria com a Sociedade Civil

• Objetivos

Apoio às parcerias com a sociedade civil, por meio de linha de crédito


destinada a financiar ações de organizações sem fins lucrativos que queiram
desenvolver programas de combate à miséria em favor das crianças,
especialmente àquelas em situação de risco, de combate ao analfabetismo e
de ajuda para aquisição e construção de moradias populares.

• Recursos

R$ 150 milhões para o período de 3 anos, em negociação junto ao BID.

27) Obesidade

O que é?
Denomina-se obesidade uma enfermidade caracterizada pelo acúmulo excessivo de
gordura corporal, associada a problemas de saúde, ou seja, que traz prejuízos à saúde do
indivíduo.

Como se desenvolve ou se adquire?

Nas diversas etapas do seu desenvolvimento, o organismo humano é o resultado de


diferentes interações entre o seu patrimônio genético (herdado de seus pais e
familiares), o ambiente sócioeconômico, cultural e educativo e o seu ambiente
individual e familiar. Assim, uma determinada pessoa apresenta diversas características
peculiares que a distinguem, especialmente em sua saúde e nutrição.

A obesidade é o resultado de diversas dessas interações, nas quais chamam a atenção os


aspectos genéticos, ambientais e comportamentais. Assim, filhos com ambos os pais
obesos apresentam alto risco de obesidade, bem como determinadas mudanças sociais
estimulam o aumento de peso em todo um grupo de pessoas. Recentemente, vem se
acrescentando uma série de conhecimentos científicos referentes aos diversos
mecanismos pelos quais se ganha peso, demonstrando cada vez mais que essa situação
se associa, na maioria das vezes, com diversos fatores.

Independente da importância dessas diversas causas, o ganho de peso está sempre


associado a um aumento da ingesta alimentar e a uma redução do gasto energético
correspondente a essa ingesta. O aumento da ingesta pode ser decorrente da quantidade
de alimentos ingeridos ou de modificações de sua qualidade, resultando numa ingesta
calórica total aumentada. O gasto energético, por sua vez, pode estar associado a
características genéticas ou ser dependente de uma série de fatores clínicos e
endócrinos, incluindo doenças nas quais a obesidade é decorrente de distúrbios
hormonais.

O que se sente?

O excesso de gordura corporal não provoca sinais e sintomas diretos, salvo quando
atinge valores extremos. Independente da severidade, o paciente apresenta importantes
limitações estéticas, acentuadas pelo padrão atual de beleza, que exige um peso corporal
até menor do que o aceitável como normal.

Pacientes obesos apresentam limitações de movimento, tendem a ser contaminados com


fungos e outras infecções de pele em suas dobras de gordura, com diversas
complicações, podendo ser algumas vezes graves. Além disso, sobrecarregam sua
coluna e membros inferiores, apresentando a longo prazo degenerações (artroses) de
articulações da coluna, quadril, joelhos e tornozelos, além de doença varicosa
superficial e profunda (varizes) com úlceras de repetição e erisipela.

A obesidade é fator de risco para uma série de doenças ou distúrbios que podem ser:

Doenças Distúrbios
Hipertensão arterial Distúrbios lipídicos
Doenças cardiovasculares Hipercolesterolemia
Doenças cérebro-vasculares Diminuição de HDL ("colesterol bom")
Diabetes Mellitus tipo II Aumento da insulina
Câncer Intolerância à glicose
Osteoartrite Distúrbios menstruais/Infertilidade
Coledocolitíase Apnéia do sono

Assim, pacientes obesos apresentam severo risco para uma série de doenças e
distúrbios, o que faz com que tenham uma diminuição muito importante da sua
expectativa de vida, principalmente quando são portadores de obesidade mórbida (ver a
seguir).

Como o médico faz o diagnóstico?

A forma mais amplamente recomendada para avaliação do peso corporal em adultos é o


IMC (índice de massa corporal), recomendado inclusive pela Organização Mundial da
Saúde. Esse índice é calculado dividindo-se o peso do paciente em kilogramas (Kg) pela
sua altura em metros elevada ao quadrado (quadrado de sua altura) (ver ítem Avaliação
Corporal, nesse site). O valor assim obtido estabelece o diagnóstico da obesidade e
caracteriza também os riscos associados conforme apresentado a seguir:

IMC ( kg/m2) Grau de Risco Tipo de obesidade


18 a 24,9 Peso saudável Ausente
25 a 29,9 Moderado Sobrepeso ( Pré-Obesidade )
30 a 34,9 Alto Obesidade Grau I
35 a 39,9 Muito Alto Obesidade Grau II
40 ou mais Extremo Obesidade Grau III ("Mórbida")

Conforme pode ser observado, o peso normal, no indivíduo adulto, com mais de 20 anos
de idade, varia conforme sua altura, o que faz com que possamos também estabelecer os
limites inferiores e superiores de peso corporal para as diversas alturas conforme a
seguinte tabela :

Altura (cm) Peso Inferior (kg) Peso Superior (kg)


145 38 52
150 41 56
155 44 60
160 47 64
165 50 68
170 53 72
175 56 77
180 59 81
185 62 85
190 65 91

A obesidade apresenta ainda algumas características que são importantes para a


repercussão de seus riscos, dependendo do segmento corporal no qual há predominância
da deposição gordurosa, sendo classificada em:

Obesidade Difusa ou Generalizada


Obesidade Andróide ou Troncular (ou Centrípeta), na qual o paciente apresenta uma
forma corporal tendendo a maçã. Está associada com maior deposição de gordura
visceral e se relaciona intensamente com alto risco de doenças metabólicas e
cardiovasculares (Síndrome Plurimetabólica)
Obesidade Ginecóide, na qual a deposição de gordura predomina ao nível do quadril,
fazendo com que o paciente apresente uma forma corporal semelhante a uma pêra.
Está associada a um risco maior de artrose e varizes.

Essa classificação, por definir alguns riscos, é muito importante e por esse motivo fez
com que se criasse um índice denominado Relação Cintura-Quadril, que é obtido pela
divisão da circunferência da cintura abdominal pela circunferência do quadril do
paciente. De uma forma geral se aceita que existem riscos metabólicos quando a
Relação Cintura-Quadril seja maior do que 0,9 no homem e 0,8 na mulher. A simples
medida da circunferência abdominal também já é considerado um indicador do risco de
complicações da obesidade, sendo definida de acordo com o sexo do paciente:

Risco Aumentado Risco Muito Aumentado


Homem 94 cm 102 cm
Mulher 80 cm 88 cm

A gordura corporal pode ser estimada também a partir da medida de pregas cutâneas,
principalmente ao nível do cotovelo, ou a partir de equipamentos como a
Bioimpedância, a Tomografia Computadorizada, o Ultrassom e a Ressonância
Magnética. Essas técnicas são úteis apenas em alguns casos, nos quais se pretende
determinar com mais detalhe a constituição corporal.

Na criança e no adolescente, os critérios diagnósticos dependem da comparação do peso


do paciente com curvas padronizadas, em que estão expressos os valores normais de
peso e altura para a idade exata do paciente.

De acordo com suas causas, a obesidade pode ainda ser classificada conforme a tabela a
seguir.

Classificação da Obesidade de Acordo com suas Causas:

Obesidade por Distúrbio Nutricional


Dietas ricas em gorduras
Dietas de lancherias
Obesidade por Inatividade Física
Sedentarismo
Incapacidade obrigatória
Idade avançada
Obesidade Secundária a Alterações Endócrinas
Síndromes hipotalâmicas
Síndrome de Cushing
Hipotireoidismo
Ovários Policísticos
Pseudohipaparatireoidismo
Hipogonadismo
Déficit de hormônio de crescimento
Aumento de insulina e tumores pancreáticos produtores de insulina
Obesidades Secundárias
Sedentarismo
Drogas: psicotrópicos, corticóides, antidepressivos tricíclicos, lítio, fenotiazinas,
ciproheptadina, medroxiprogesterona
Cirurgia hipotalâmica
Obesidades de Causa Genética
Autossômica recessiva
Ligada ao cromossomo X
Cromossômicas (Prader-Willi)
Síndrome de Lawrence-Moon-Biedl

Cabe salientar ainda que a avaliação médica do paciente obeso deve incluir uma história
e um exame clínico detalhados e, de acordo com essa avaliação, o médico irá investigar
ou não as diversas causas do distúrbio. Assim, serão necessários exames específicos
para cada uma das situações. Se o paciente apresentar "apenas" obesidade, o médico
deverá proceder a uma avaliação laboratorial mínima, incluindo hemograma, creatinina,
glicemia de jejum, ácido úrico, colesterol total e HDL, triglicerídeos e exame comum de
urina.

Na eventual presença de hipertensão arterial ou suspeita de doença cardiovascular


associada, poderão ser realizados também exames específicos (Rx de tórax,
eletrocardiograma, ecocardiograma, teste ergométrico) que serão úteis principalmente
pela perspectiva futura de recomendação de exercício para o paciente.

A partir dessa abordagem inicial, poderá ser identificada também uma situação na qual
o excesso de peso apresenta importante componente comportamental, podendo ser
necessária a avaliação e o tratamento psiquiátrico.

A partir das diversas considerações acima apresentadas, julgamos importante salientar


que um paciente obeso, antes de iniciar qualquer medida de tratamento, deve realizar
uma consulta médica no sentido de esclarecer todos os detalhes referentes ao seu
diagnóstico e as diversas repercussões do seu distúrbio.
Como se trata?

O tratamento da obesidade envolve necessariamente a reeducação alimentar, o aumento


da atividade física e, eventualmente, o uso de algumas medicações auxiliares.
Dependendo da situação de cada paciente, pode estar indicado o tratamento
comportamental envolvendo o psiquiatra. Nos casos de obesidade secundária a outras
doenças, o tratamento deve inicialmente ser dirigido para a causa do distúrbio.

Reeducação Alimentar

Independente do tratamento proposto, a reeducação alimentar é fundamental, uma vez


que, através dela, reduziremos a ingesta calórica total e o ganho calórico decorrente.
Esse procedimento pode necessitar de suporte emocional ou social, através de
tratamentos específicos (psicoterapia individual, em grupo ou familiar). Nessa situação,
são amplamente conhecidos grupos de reforço emocional que auxiliam as pessoas na
perda de peso.

Independente desse suporte, porém, a orientação dietética é fundamental.

Dentre as diversas formas de orientação dietética, a mais aceita cientificamente é a dieta


hipocalórica balanceada, na qual o paciente receberá uma dieta calculada com
quantidades calóricas dependentes de sua atividade física, sendo os alimentos
distribuídos em 5 a 6 refeições por dia, com aproximadamente 50 a 60% de
carboidratos, 25 a 30% de gorduras e 15 a 20% de proteínas.

Não são recomendadas dietas muito restritas (com menos de 800 calorias, por exemplo),
uma vez que essas apresentam riscos metabólicos graves, como alterações metabólicas,
acidose e arritmias cardíacas.

Dietas somente com alguns alimentos (dieta do abacaxi, por exemplo) ou somente com
líquidos (dieta da água) também não são recomendadas, por apresentarem vários
problemas. Dietas com excesso de gordura e proteína também são bastante discutíveis,
uma vez que pioram as alterações de gordura do paciente além de aumentarem a
deposição de gordura no fígado e outros órgãos.

Exercício

É importante considerar que atividade física é qualquer movimento corporal produzido


por músculos esqueléticos que resulta em gasto energético e que exercício é uma
atividade física planejada e estruturada com o propósito de melhorar ou manter o
condicionamento físico.

O exercício apresenta uma série de benefícios para o paciente obeso, melhorando o


rendimento do tratamento com dieta. Entre os diversos efeitos se incluem:

a diminuição do apetite,
o aumento da ação da insulina,
a melhora do perfil de gorduras,
a melhora da sensação de bem-estar e auto-estima.

O paciente deve ser orientado a realizar exercícios regulares, pelo menos de 30 a 40


minutos, ao menos 4 vezes por semana, inicialmente leves e a seguir moderados. Esta
atividade, em algumas situações, pode requerer profissional e ambiente especializado,
sendo que, na maioria das vezes, a simples recomendação de caminhadas rotineiras já
provoca grandes benefícios, estando incluída no que se denomina "mudança do estilo de
vida" do paciente.

Drogas

A utilização de medicamentos como auxiliares no tratamento do paciente obeso deve ser


realizada com cuidado, não sendo em geral o aspecto mais importante das medidas
empregadas. Devem ser preferidos também medicamentos de marca comercial
conhecida. Cada medicamento específico, dependendo de sua composição
farmacológica, apresenta diversos efeitos colaterais, alguns deles bastante graves como
arritmias cardíacas, surtos psicóticos e dependência química. Por essa razão devem ser
utilizados apenas em situações especiais de acordo com o julgamento criterioso do
médico assistente.

No que se refere ao tratamento medicamentoso da obesidade, é importante salientar que


o uso de uma série de substâncias não apresenta respaldo científico. Entre elas se
incluem os diuréticos, os laxantes, os estimulantes, os sedativos e uma série de outros
produtos freqüentemente recomendados como "fórmulas para emagrecimento". Essa
estratégia, além de perigosa, não traz benefícios a longo prazo, fazendo com que o
paciente retorne ao peso anterior ou até ganhe mais peso do que o seu inicial.

Como se previne?

Uma dieta saudável deve ser sempre incentivada já na infância, evitando-se que crianças
apresentem peso acima do normal. A dieta deve estar incluída em princípios gerais de
vida saudável, na qual se incluem a atividade física, o lazer, os relacionamentos afetivos
adequados e uma estrutura familiar organizada. No paciente que apresentava obesidade
e obteve sucesso na perda de peso, o tratamento de manutenção deve incluir a
permanência da atividade física e de uma alimentação saudável a longo prazo. Esses
aspectos somente serão alcançados se estiverem acompanhados de uma mudança geral
no estilo de vida do paciente.

28) Conquistas femininas ao longo da história do Brasil

Leia algumas curiosidades sobre as conquistas femininas no Brasil. A pesquisa foi feita
com ajuda da internauta do Portal ORM e estudante de jornalismo, Heloá Canali.

1827 - Surgiu a primeira lei sobre educação das mulheres, permitindo que
freqüentassem as escolas elementares. Instituições de ensino mais adiantado ainda eram
proibidas a elas.
1879 - As mulheres têm autorização do governo para estudar em instituições de ensino
superior; mas as que seguiam este caminho eram criticadas pela sociedade.

1932 - Getúlio Vargas promulga o novo Código Eleitoral, garantindo finalmente o


direito de voto às mulheres brasileiras.

1937/1945 - O Estado Novo criou o Decreto 3199 que proibia às mulheres a prática dos
esportes que considerava incompatíveis com as condições femininas tais como: 'luta de
qualquer natureza, futebol de salão, futebol de praia, pólo, pólo aquático, halterofilismo
e beisebol'. O Decreto só foi regulamentado em 1965.

1945 - A igualdade de direitos entre homens e mulheres é reconhecida em documento


internacional, através da Carta das Nações Unidas.

1951 - Aprovada pela Organização Internacional do Trabalho a igualdade de


remuneração entre trabalho masculino e feminino para função igual.

1985 - Surge a primeira Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher - DEAM


(SP) e muitas são implantadas em outros estados brasileiros. Ainda neste ano, com a
Nova República, a Câmara dos Deputados aprova o Projeto de Lei que criou o
Conselho.

1996 - A escritora Nélida Piñon é a primeira mulher a ocupar a presidência da


Academia Brasileira de Letras. Exerce o cargo até 1997 e é membro da ABL desde
1990.

1997 - As mulheres já ocupam 7% das cadeiras da Câmara dos Deputados; 7,4% do


Senado Federal; 6% das prefeituras brasileiras (302). O índice de vereadoras eleitas
aumentou de 5,5%, em 92, para 12%, em 96.

1998 - A Senadora Benedita da Silva é a primeira mulher a presidir a sessão do


Congresso Nacional.
2003 - Marina Silva, do PT do Acre, reeleita senadora com o triplo dos votos do
mandato anterior, assume o Ministério do Meio Ambiente do governo Lula no dia 1o de
janeiro de 2003. Em seu discurso de posse, disse: 'Não acho que devemos nos render à
lógica do possível. O possível é feito para não se sair do lugar'.

Quando 129 operárias de uma indústria têxtil em Nova Iorque foram assassinadas, em
1857, por protestarem em busca de melhores salários e condições trabalhistas, anos
depois, 8 de março, data do crime brutal, foi transformado no Dia Internacional da
Mulher, o março da equiparação dos direitos entre os sexos.

O panorama sócio-cultural mudou muito e em 1922, Berta Lutz (1894-1976), a pioneira


do feminismo no Brasil, criou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino que
lutava pela inserção da mulher na vida pública pelo voto, pela escolha do domicílio e a
favor do trabalho da mesma sem autorização do marido. Foi o ponta-pé pela
equiparação de direitos no território nacional.

A inclusão feminina na vida pública teve início em 1927, quando o estado do Rio
Grande do Norte legalizou o voto da mulher. Porém, as restrições políticas só foram
suprimidas com Código Eleitoral Brasileiro de 1932 sem, entretanto, a obrigatoriedade
do voto feminino.

Apesar de a luta ter começado há décadas, o Dia Internacional da Mulher ainda serve
para reforçar o papel das mulheres na sociedade. A primeira-dama do Estado, Adriana
Ancelmo Cabral, ressalta a importância da mulher nos reflexos sentidos na sociedade
como um todo.

- Sem sombra de dúvida, o Dia Internacional da Mulher é mais do que especial. Nesse
dia, a sociedade não somente rende homenagens àquelas que respondem pela existência
humana, mas busca destacar e valorizar o fundamental papel desempenhado por todas
as mulheres na condução de suas famílias, pequenos núcleos da própria sociedade. É
uma data não só de comemoração, mas também, de avaliação e discussão da posição das
mulheres no contexto social - ressalta a primeira-dama.

A introdução das crianças e jovens à vida em sociedade começa em casa, pela educação
que, na maioria das vezes, está a cargo das mães. Mas, no entanto, um flagelo abala esta
base. É o que lembra o governador Sérgio Cabral ao defender que a questão da
violência contra a mulher seja combatida com firmeza.

-O governo tem feito uma campanha permanente e fortalecido as delegacias das


mulheres para a denúncia dos homens covardes. A mulher tem que ser valente e
corajosa para denunciar, mesmo que aos vizinhos e parentes, o homem covarde.
Infelizemnte, ainda temos o registro de casos graves e em números absurdos, de
violência contra a mulher. Que as mulheres, cada vez mais, tenham inspiração em Maria
da Penha e denunciem seus parceiros covardes - defende Sérgio Cabral ao dar o
exemplo da farmacêutica Maria da Penha, que denunciou o ex-marido após anos de
maus tratos que a deixaram paraplégica.
Tornou-se comum a presença maciça das mulheres em locais de trabalho e nos bancos
universitários, prova de que é o mérito que as leva a estes lugares e cada vez mais a
postos avançados na sociedade omo atesta a Secretária de Educação Tereza Porto.

- A mulher conquista espaço pela sua competência, pois não é o sexo que faz a
diferença, mas a competência de cada um. Todo mundo que se esforça, que trabalha,
que tem seriedade, consegue destaque e as mulheres, com seu trabalho, competência,
esforço e inteligência tem conquistado o espaço que merecem na sociedade- destaca a
Secretária de Educação.

A força feminina é sentida em diversas esferas da sociedade, sobretudo, na econômica.


Não é raro a mulher ser a chefe da casa, provedora e organizadora da estrutura familiar.
De acordo com a socióloga Felícia Picanço, professora adjunta da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a mulher, porém, se vê às voltas com um dilema.

-Entre a demanda profissional e a da casa surgem questões sociais fortes. É atribuído ao


feminino o cuidado do filho e do lar. Há, entre a vida profissional e a doméstica, uma
tensão contínua, tanto que existem mulheres que optam por não casar ou ter filhos para
evitar esta forte demanda - exemplifica a socióloga.

Teses e pesquisas apontam que, mesmo tão bem preparada quanto o homem, a mulher
sofre com as diferenças salariais. Adriana Rattes, Secretária de Cultura, destaca essas
divergências.

- As mulheres hoje tem um papel muito importante em todos os setores da sociedade,


mas é bom que no seu dia internacional sejam lembradas as diferenças salariais,
educacionais, e que as famílias, atualmente, em sua maioria, são dirigidas por mulheres
- lembra Adriana Rattes.

Para o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a sociedade que tem a mulher como
modelo tende a ser mais avançada.

- Eu acho que o direito da mulher avança quando o direito da sociedade avança. Uma
sociedade machista será sempre violenta e predadora. Uma sociedade que respeita, que
convive e que esteja impregnada dos direitos das mulheres, da sensibilidade da mulher,
será uma sociedade menos violenta, menos racista e menos poluidora - acredita Minc.

Alcançar e lutar por mais espaço na sociedade sem dar brecha à diferenciação é o
aspecto enfocado pela Secretária de Ambiente, Marilene Ramos.

-As mulheres hoje estão conquistando mais espaço e conseguindo desempenhar todas as
suas obrigações na família e com os filhos. A mulher tem que manter este caminho,
ocupando mais espaços, não permitindo a discriminação - opina Marilene.

O Dia Internacional da Mulher será comemorado em inúmeros locais do mundo para


lembrar que, embora os progressos sejam múltiplos, muito ainda há para se mudar e
conquistar.

A mais de dois séculos a igualdade em todos os sentidos é buscada pela mulher:


1788 - o político e filósofo francês Condorcet reivindica direitos de participação
política, emprego e educação para as mulheres;

1840 - Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados
Unidos;

1859 - surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos


direitos das mulheres;

1862 - durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na
Suécia;

1865 - na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs;

1866 - No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito de voto
para as mulheres inglesas;

1869 - é criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das
Mulheres;

1870 - Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina;

1874 - criada no Japão a primeira escola normal para moças;

1878 - criada na Rússia uma Universidade Feminina;

1901 - o deputado francês René Viviani defende o direito de voto das mulheres.

(Fonte: http://www.suapesquisa.com/dia_internacional_da_mulher.htm)

A submissão caracterizou a trajetória feminina durante décadas. Sempre vistas como


mães, esposas, donas de casa, eram criadas para cuidar de esposos e filhos, deveriam
viver unicamente por eles e para eles. Mas como todo tipo de discriminação gera
revolta, com as mulheres não foi diferente. A mais de 200 anos a luta pela igualdade dos
direitos entre homens e mulheres é travada. Não foi fácil chegar aonde chegaram,
tiveram muitas derrotas, mas as vitórias prevaleceram e hoje não só são mães, esposas,
donas de casa, como também assumem definitivamente o papel do “homem da casa” ,
ocupando, inclusive, cargos de presidência. Se outrora a submissão e dependência as
caracterizava, hoje a auto-suficiência é a palavra perfeita para definir a mulher moderna.
Não precisam mais de alguém que lhes diga o que fazer ou que lhes sustente. Talvez
daqui mais alguns anos, não precisarão mais de ajuda nem mesmo para gerarem uma
criança. Especialistas da Universidade de New Castle repetiram uma experiência feita
em homens e descobriram que através da medula óssea da mulher, também é possível
criar uma espécie de espermatozóide feminino. Foram inúmeras as conquistas e é
provável que ainda não tenham chegado ao fim.
Constituição brasileira contribui para conquistas femininas

Cada vez mais a mulher desempenha posições de liderança, chefiando equipes, muitas
vezes compostas exclusivamente por homens. Esse novo cenário trouxe muitas
oportunidades para o sexo feminino. A evolução da legislação brasileira que trata da
proteção ao trabalho da mulher foi fundamental para esse processo. Neste Dia
Internacional da Mulher, comemorado em 08 de março, vale lembrar que atualmente, a
Constituição Federal conta com modificações que beneficiam a mulher brasileira e
ampliam suas oportunidades profissionais.

O marco principal dessas mudanças foi a promulgação da Constituição Federal de 1988,


que eliminou qualquer discriminação contra a mulher que pudesse lhe restringir no
mercado de trabalho. Um reflexo disso pode ser visto na Lei 7855 de 1989, que revogou
parte da CLT. A referida lei (CLT), autorizava a interferência do marido ou do pai no
contrato de trabalho da mulher, mesmo adulta. Outra importante vitória se deu com a
entrada em vigor da Lei 9029 de 1995, que passou a considerar como prática
discriminatória a exigência de declarações ou exames de esterilização ou estado de
gravidez.

Mais adiante, em abril de 2002, a edição da Lei 10.421 acrescentou o art. 392-A à CLT,
estendendo o direito de licença maternidade também às adotantes. Uma conquista, de
fato. Mas elas, porém, ao contrário das gestantes, não têm direito à estabilidade, que é
atribuída apenas para mulheres que engravidaram. Para as adotantes, a licença é de 120
dias quando a criança adotada tiver até um ano de idade; de 60 dias quando a criança
tiver de um a quatro anos; e 30 dias para se adotar crianças de quatro a oito anos de
idade.

Outra conquista foi para as empregadas domésticas, que até o ano passado não tinham
direito à estabilidade em razão da gestação. Por esse motivo, elas ficavam com receio de
engravidar com medo de perder o emprego. “A empregada doméstica não podia
planejar sua família, tampouco decidir o momento para ter filhos, que são dois dos 12
direitos das mulheres assegurados pela Organização das Nações Unidas: o direito a
construir relacionamento conjugal e a planejar sua família e o direito a decidir ter ou
não ter filhos e quando tê-los”, explica o advogado Alencar da Silva Campos, da área
trabalhista do escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia.

Essa decisão é muito recente. Apenas em julho de 2006 foi editada a Lei 11.324, que
estendeu à empregada doméstica gestante a estabilidade no emprego. “A referida lei
trouxe mais dignidade a essas profissionais, proporcionando a aplicação dos direitos
tidos pela ONU como fundamentais para todas as mulheres”, conclui Alencar.
29) Discutir o perfil econômico do Brasil

Brasil tem um mercado livre e uma economia exportadora. Medido por paridade de
poder de compra, seu produto interno bruto ultrapassa 1.6 trilhão de dólares, fazendo-
lhe a oitava maior economia do mundo e a maior da América Latina em 2006. [1] O
Brasil possui uma economia sólida, construída nos últimos anos, após a crise de
confiança que o país sofreu em 2002, a inflação é controlada, as exportações sobem e a
economia cresce em ritmo moderado. Em 2007, o PIB brasileiro demonstrou um
crescimento superior ao que se pensava, mostrando uma economia muito mais saudável
e pronta para estrelar junto às outras economias BRICs. O Brasil é considerado uma das
futuras potências do mundo junto à Rússia, Índia e China.

Desde a crise em 2002 os fundamentos macro-econômicos do país melhoraram. O real


vem se valorizando fortemente frente ao dólar desde 2004, o risco país também vem
renovando suas mínimas históricas desde o começo de 2007, e a Bovespa bate recordes
de pontos a cada dia. Apesar de sua estabilidade macro-econômica que reduziu as taxas
de inflação e de juros e aumentou a renda per capita, diferenças remanescem ainda entre
a população urbana e rural, os estados do norte e do sul, os pobres e os ricos. [2] Alguns
dos desafios dos governos incluem a necessidade de promover melhor infra-estrutura,
modernizar o sistema de impostos, as leis de trabalho e reduzir a desigualdade de renda.

A economia contém uma indústria e agricultura mista, que são cada vez mais
dominadas pelo setor de serviços. As recentes administrações expandiram a competição
em portos marítimos, estradas de ferro, em telecomunicações, em geração de
eletricidade, em distribuição do gás natural e em aeroportos (embora a crise área tenha
atormentado o país) com o alvo de promover o melhoramento da infra-estrutura. O
Brasil começou à voltar-se para as exportações em 2004, atingindo em 2006
exportações de US$ 137.5 bilhões, importações de US$ 91.4 bilhões e um saldo
comercial de quase US$ 46 bilhões.

História

A economia brasileira viveu vários ciclos ao longo da História do Brasil. Em cada ciclo,
um setor foi privilegiado em detrimento de outros, e provocou sucessivas mudanças
sociais, populacionais, políticas e culturais dentro da sociedade brasileira.

O primeiro ciclo econômico do Brasil foi a extração do pau-brasil, madeira avermelhada


utilizada na tinturaria de tecidos na Europa, e abundante em grande parte do litoral
brasileiro na época do descobrimento (do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Norte). Os
portugueses instalaram feitorias e sesmarias e contratavam o trabalho de índios para o
corte e carregamento da madeira por meio de um sistema de trocas conhecido como
escambo. Além do pau-brasil, outras atividades de modelo extrativista predominaram
nessa época, como a coleta de drogas do sertão na Amazônia.

O segundo ciclo econômico brasileiro foi o plantio de cana-de-açúcar, utilizada na


Europa para a manufatura de açúcar em substituição à beterraba. O processo era
centrado em torno do engenho, composto por uma moenda de tração animal (bois,
jumentos) ou humana. O plantio de cana adotou o latifúndio como estrutura fundiária e
a monocultura como método agrícola. A agricultura da cana introduziu a modo de
produção escravista, baseado na importação e escravização de africanos. Esta atividade
gerou todo um setor paralelo chamado de tráfico negreiro. A pecuária extensiva ajudou
a expandir a ocupação do Brasil pelos portugueses, levando o povoamento do litoral
para o interior.

Durante todo o século XVII, expedições chamadas entradas e bandeiras vasculharam o


interior do território em busca de metais valiosos (ouro, prata, cobre) e pedras preciosas
(diamantes, esmeraldas). Afinal, já no início do século XVIII (entre 1709 e 1720) estas
foram achadas no interior da Capitania de São Paulo (Planato Central e Montanhas
Alterosas), nas áreas que depois foram desmembradas como Minas Gerais, Goiás e
Mato Grosso, dando início ao ciclo do ouro. Outra importante atividade impulsionada
pela mineração foi o comércio interno entre as diferentes vilas e cidades da colônia,
propicionada pelos tropeiros.

O café foi o produto que impulsionou a economia brasileira desde o início do século
XIX até a década de 1930. Concentrado a princípio no Vale do Paraíba (entre Rio de
Janeiro e São Paulo) e depois nas zonas de terra roxa do interior de São Paulo e do
Paraná, o grão foi o principal produto de exportação do país durante quase 100 anos. Foi
introduzida por Francisco de Melo Palheta ainda no século XVIII, a partir de sementes
contrabandeadas da Guiana Francesa.

Em meados do século XIX, foi descoberta que a seiva da seringueira, uma árvore nativa
da Amazônia, servia para a fabricação de borracha, material que começava então a ser
utilizado industrialmente na Europa e na América do Norte. Com isso, teve início o
ciclo da borracha no Amazonas (então Província do Rio Negro) e na região que viria a
ser o Acre brasileiro (então parte da Bolívia e do Peru).
O chamado desenvolvimentismo (ou nacional-desenvolvimentismo) foi a corrente
econômica que prevaleceu nos anos 1950, do segundo governo de Getúlio Vargas até o
Regime Militar, com especial ênfase na gestão de Juscelino Kubitschek.

Valendo-se de políticas econômicas desenvolvimentista desde a Era Vargas, na década


de 1930, o Brasil desenvolveu grande parte de sua infra-estrutura em pouco tempo e
alcançou elevadas taxas de crescimento econômico. Todavia, o governo muitas vezes
manteve suas contas em desequilíbrio, multiplicando a dívida externa e desencadeando
uma grande onda inflacionária. O modelo de transporte adotado foi o rodoviário, em
detrimento de todos os demais (ferroviário, hidroviário, naval, aéreo).

Desde a década de 1970, o novo produto que impulsionou a economia de exportação foi
a soja, introduzida a partir de sementes trazidas da Ásia e dos Estados Unidos. O
modelo adotado para o plantio de soja foi a monocultura extensiva e mecanizada,
provocando desemprego no campo e alta lucratividade para um novo setor chamado de
"agro-negócio". O crescimento da cultura da soja se deu às custas da "expansão da
fronteira agrícola" na direção da Amazônia, o que por sua vez vem provocando
desmatamentos em larga escala. A crise da agricultura familiar e o desalojamento em
massa de lavradores e o surgimento dos movimentos de sem-terra (MST, Via
Campesina).

Entre 1969 e 1973, o Brasil viveu o chamado Milagre Econômico, quando um


crescimento acelerado da indústria gerou empregos não-qualificados e ampliou a
concentração de renda. Em paralelo, na política, o regime militar endureceu e a
repressão à oposição (tanto institucional quanto revolucionária/subversiva) viveu o seu
auge. A industrialização, no entanto, continuou concentrada no eixo Rio de Janeiro-São
Paulo e atraiu para esta região uma imigração em massa das regiões mais pobres do
país, principalmente o Nordeste.

Da Crise do Petróleo até o início dos anos 1990, o Brasil viveu um período prolongado
de instabilidade monetária e de recessão, com altíssimos índices de inflação
(hiperinflação) combinados com arrocho salarial, crescimento da dívida externa e
crescimento pífio.

Já na década de 80, o governo brasileiro desenvolveu vários planos econômicos que


visavam o controle da inflação, sem nenhum sucesso. O resultado foi o não pagamento
de dívidas com credores internacionais (moratória), o que resultou em graves problemas
econômicos que perdurariam por anos. Não foi por acaso que os anos 80, na economia
brasileira, ganharam o apelido de "década perdida".

No governo Itamar Franco o cenário começa a mudar. Com um plano que ganhou o
nome de Plano Real a economia começa a se recuperar. Pelas mãos do então ministro da
Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que elegeria-se presidente nas eleições seguintes
por causa disso, alija o crescimento econômico do país em nome do fortalecimento das
instituições nacionais com o propósito de controlar a inflação e atrair investidores
internacionais.

Reconhecendo os ganhos dessa estratégia, o governo do presidente Lula, que tanto o


havia criticado quando na oposição, mantém suas linhas gerais, adaptando apenas
alguns conceitos ao raciocínio esquerdista moderado do Partido dos Trabalhadores.
Indicadores macro-econômicos e financeiros

Principais indicadores

O Produto interno bruto (PIB) do Brasil (GDP) medido por Paridade de poder de
compra (PPC) foi estimado em 1.616 trilhões de doláres em 2006, e em 943.6 bilhões
em termos nominais. [1] Seu padrão de vida, medido no PIB per capita (PPC) era de
8.600 doláres. O Banco Mundial relatou que renda nacional bruta do país era a segunda
maior da América Latina e renda per capita em termos nominais de mercado era a
oitava maior, sendo US$ 644.133 bilhões [4] e US$ 3.460 [5] respectivamente, com
isso, o Brasil é estabelecido como um país de classe média. Depois da desaceleração de
2002 o país se recuperou e cresceu 5.7, 2.9 e 3.7 por cento em 2004, em 2005 e em
2006, [6] mesmo que se considere estar bem abaixo do crescimento potencial do Brasil.

A moeda corrente brasileira é o real (ISO 4217: BRL; símbolo: R$). Um real é dividido
em 100 centavos. O real substituiu o cruzeiro real em 1994 em uma taxa de 2.750
cruzeiros por 1 real. A taxa trocada remanesceu estável, oscilando entre 1 e 2.50 R$ por
US$. As taxas de juros em 2007 situam-se em torno 13%, [7]. As taxas de inflação estão
em baixos níveis também, a registrada em 2006 foi de 3.1%] e as taxas de desemprego
de 9.6 por cento. [1] O Índice de desenvolvimento humano (IDH) do país foi relatado
em 0.792, considerado médio, mas bem próximo do nível elevado.

Economias regionais

As disparidades e as desigualdades regionais continuam a ser um problema no Brasil.


Retirando a região Nordeste, todos os estados do Brasil possuem um índice de
desenvolvimento humano (IDH) superior a 0.80 (elevado), lembrado que os dados são
relativos ao ano 2000. As desigualdades regionais do Brasil se dividem simplesmente
em: sul rico e norte pobre. A região Sul sempre se destaca quando o assunto é qualidade
de vida, os padrões da região são similares aos europeus, enquanto o nordeste possui
qualidade de vida muito inferior, similar à países como Índia e África do Sul. [22]

Em nível municipal, as disparidades são maiores: Campinas em São Paulo tem um IDH
similar ao da Alemanha, enquanto, Manari em Pernambuco, teria um IDH similar ao do
Haiti. A maioria das unidades federais com desenvolvimento elevado (superior a 0.80)
está situada na região sul. Os estados menos desenvolvidos (com desenvolvimento
médio nos termos de IDH) são situados no nordeste.

Comércio exterior

Os maiores parceiros do Brasil no comércio exterior são a União Européia, os Estados


Unidos da América, o Mercosul e a República Popular da China.

O Brasil é a 10° maior economia mundial, de acordo com os critérios de Produto


Interno Bruto diretamente convertido a dólares estadunidenses, e está entre as 10
maiores economias mundiais em critérios de "purchasing power parity", sendo a maior
da América Latina, e está na 63° posição no ranking do IDH (Índice de
desenvolvimento humano).
O primeiro produto que moveu a economia do Brasil foi o açúcar, durante o período de
colônia, seguindo pelo ouro na região de Minas Gerais. Já independente, um novo ciclo
econômico surgiu, agora com o café. Esse momento foi fundamental para o
desenvolvimento do Estado de São Paulo, que acabou por tornar-se o mais rico do país.

Apesar de ter, ao longo da década de 90, um salto qualitativo na produção de bens


agrícolas, alcançando a liderança mundial em diversos insumos, com reformas
comandadas pelo governo federal, a pauta de exportação brasileira foi diversificada,
com uma enorme inclusão de bens de alto valor agregado como jóias, aviões,
automóveis e peças de vestuário.

Atualmente o país está entre os 20 maiores exportadores do mundo, com US$ 137,6
bilhões (em 2006) vendidos entre produtos e serviços a outros países. Mas com um
crescimento vegetativo de dois dígitos ao ano desde o governo Fernando Henrique, em
poucos anos a expectativa é que o Brasil esteja entre as principais plataformas de
exportação do mundo.

Em 2004 o Brasil começou a crescer, acompanhando a economia mundial. O governo


diz que isto se deve a política adotada pelo presidente Lula, grande parte da imprensa
reclama das altas taxas de juros adotadas pelo governo. No final de 2004 o PIB cresceu
5,7%, a industria cresceu na faixa de 8% e as exportações superaram todas as
expectativas.

O Brasil é visto pelo mundo como um país com muito potencial assim como a Índia,
Rússia e China. A política externa adotada pelo Brasil prioriza a aliança entre países
sub-desenvolvidos para negociar com os países ricos. O Brasil, assim como a Argentina
e a Venezuela vêm mantendo o projeto da ALCA em discussão, apesar das pressões dos
EUA. Existem também iniciativas de integração na América do Sul, cooperação na
economia e nas áreas sociais.

Setores

No Brasil, o setor primário (agricultura, exploração mineral e vegetal) ainda é muito


importante, mas se observa um lento crescimento proporcional do setor secundário
(indústria) em relação aos demais. Cabe observar, no entanto, que a desvalorização da
moeda nacional, ocorrida em 1999, estimulou bastante as exportações e,
consequentemente, o setor agrícola.

Mercado financeiro

Na base do sistema financeiro basileiro está o Conselho Monetário Nacional, que é


controlado pelo governo federal. O mais importante agente é o Banco Central do Brasil,
que define a taxa de juros e pode influenciar o câmbio por ações de open market. A
principal bolsa de valores do Brasil é a Bovespa que movimenta títulos e outros papéis
das 316 empresas brasileiras de capital aberto. O maior banco do Brasil é o do governo
federal Banco do Brasil. O maior banco privado é o Bradesco.
Economia por região

Centro-Oeste

Baseia-se principalmente na agroindústria.

Nordeste

Baseia-se normalmente em indústrias, petróleo e agronegócio. Políticas de incentivos


fiscais levaram várias indústrias para a região. O turismo é bastante forte.

Norte

Baseia-se principalmente em extrativismo vegetal e mineral. Merece destaque também a


Zona Franca de Manaus, pólo industrial.

Sudeste

Possui parque industrial diversificado e sofisticado com comércio e serviços bem


desenvolvidos. Destacam-se as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e
Belo Horizonte como os principais centros econômicos do Brasil.

Sul

A maior parte das riquezas provém do setor de serviços, mas possui também indústria e
agropecuária bem desenvolvidas. Destacam-se as regiões metropolitanas de Curitiba e
Porto Alegre.

Parceiros comerciais

Principais importadores de mercadorias brasileiras


Principais exportadores de produtos para o Brasil

Fonte: pt.wikipedia.org

Economia do Brasil

A economia brasileira

A economia brasileira, desde o abandono do II PND --II Plano Nacional de


Desenvolvimento-- em 1976, está 'em ponto de bala'. Faz parte de um reduzido grupo de
economias, de países como a China e a Índia, que, recém-saídos do estágio de
desenvolvimento extensivo, mesmo num contexto de recessão e crise da economia
mundial, tem um potencial de crescimento médio em torno de 5% ao ano, durante um
período prolongado, da ordem de 10 a 20 anos. Até, digamos, o bicentenário da
Independência...

As implicações concretas de tal crescimento são difíceis de se imaginar. Mas pode-se


fazer uma idéia lembrando-se que nesse período o PIB per cápita quase duplicaria na
primeira década, para US$ 9000 e triplicaria até ao final da segunda década alcançando
da ordem de US$ 15 000. Os efeitos para as camadas de população de baixa renda
seriam ainda mais contundentes, dado que tal desenvolvimento implicaria
necessàriamente em uma concentração de renda menor, vale dizer, em alguma medida
de redistribuição de renda, a permitir a necessária elevação do nível de reprodução da
força de trabalho, assim como o escoamento dos bens de consumo.

Assim, se o Brasil não toma esse caminho do crescimento/ desenvolvimento, é porque


algo o impede. Tal impedimento, ou bem é imposta por forças externas ao país, ou pelo
contrário, origina-se na própria formação social brasileira.

Aqui se propõe que as razões da perpetuação do não-desenvolvimento são internas e


inerentes à sociedade brasileira. Que nessa se dá um processo de reprodução autônoma
da formação social de origem colonial, a sociedade de elite. A base de sustentação dessa
sociedade é a manutenção, como nos tempos coloniais, da expatriação de uma porção
do excedente produzido por ela, e que de fato essa expatriação é o próprio princípio e
força motriz da organização da produção e da sociedade, em um processo que podemos
chamar de acumulação entravada (Deák, 1991) ou simplesmente, desenvolvimento
entravado.
Os entraves
Entre os principais meios de manutenção dos entraves ao
desenvolvimento estão:

1. Sistema financeiro: ausência de crédito e juros altos

2. Fragmentação deliberada e precariedade crônica das infraestruturas espaciais ou da


produção.

3.A produção nacional necessária pela restrição da balança de pagamentos será restrita
aos bens de consumo. O progresso técnico, que se dá (~ria) nos ramos de máquinas, fica
assim eliminado mesmo com o aumento do volume de produção.

4. Se alguns 'setores-chave' são ainda assim necessários para o apoio da produção de


bens de consumo, estes serão delagados ao Estado ou ao capital estrangeiro, impedindo,
em ambos os casos, o desenvolvimento de forças sociais internas com interesses
vinculados ao desenvolvimento e notadamente, a transformação da elite em burguesia.

5. Os meios de reprodução dos entraves serão apresentados como sendo resultado de


atrazo ou de dominação --qualquer força externa contra a qual seria impensável a
sociedade brasileira se rebelar, formando a ideologia do subdesenvolvimento,
dependência ou globalização.

A questão política

Não pode haver 'consenso' entre entreguistas (advogados da 'vocação agrícola', neo-
liberais, monetaristas etc) e nacionalistas (desenvolvimentistas, 'protecionistas' etc.),
uma vez que os primeiros trabalham (conscientemente ou não) a favor, e os segundos,
contra, a reprodução da sociedade brasileira em sua forma atual. Participam assim do
próprio antagonismo fundamental que move as transformações sociais.

O posicionamento político e a avaliação das políticas econômicas praticadas e


propostas, podem ser instrumentados por esse quadro referencial que permite avaliar
seu efeito como sendo a favor ou contra a manutenção do status quo, vale dizer, dos
entraves ao desenvolvimento nacional. A tarefa de detectar as correntes de forças
políticas é tão difícil quanto necessária. Como dizia Lênin, "o verdadeiro homem
político ouve até a grama crescer".

Fonte: www.usp.br

Economia do Brasil

Considerando-se o crescimento do produto, a melhoria das condições médias de vida e a


alteração da estrutura produtiva no sentido de se fornecer bens mais completos e com
maior produtividade dos fatores de produção, podemos perceber que o Brasil se
constituiu num dos exemplos mais bem-sucedidos de desenvolvimento econômico no
período do pós-guerra, pelo menos até a década de 80.

O país apresentou taxas médias de crescimento em torno de 7% a.a., com ampla


transformação na base produtiva e nas condições de vida da população, a partir da
passagem de uma economia agrário-exportadora para uma economia industrial, com o
conseqüente aumento da urbanização. Estas transformações necessitaram de alterações
no quadro institucional e nas formas de organização social.

O período foi marcado por algumas descontinuidades e rupturas, podendo ser dividido
em alguns subperíodos:

• O Processo de Substituição de Importações (PSI) - 1930/61


• A crise do PSI e as reformas institucionais no PAEG - 1962/67
• O crescimento com endividamento externo
• Milagre Econômico, 1968-1973
• II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), 1974-79
• A crise da década de oitenta: o processo de ajuste externo
• As políticas de combate a inflação da Nova República

Faremos a seguir, uma análise da evolução da economia brasileira com base nesta
cronologia, destacando os principais aspectos em termos de modelo de desenvolvimento
e mudanças institucionais, bem como os principais determinantes dos ciclos
econômicos.

O Processo de Substituição de Importações

Até a República Velha, a economia brasileira dependia quase exclusivamente do bom


desempenho das exportações, que na época se restringiam a algumas poucas
commodities agrícolas, notadamente o café plantado na região Sudeste, o que
caracterizava a economia brasileira como agroexportadora. O bom desempenho
dependia das condições do mercado internacional de café, sendo a variável-chave nesta
época o preço internacional do café. As condições deste mercado não eram totalmente
controladas pelo Brasil. Apesar de ser o principal produtor de café, outros países
também influíam na oferta, e boa parte do mercado era controlado por grandes
companhias atacadistas que especulavam com estoques.

A demanda dependia das oscilações no crescimento mundial, aumentando em


momentos de prosperidade econômica e retraindo-se quando os países ocidentais
(especialmente EUA e Inglaterra) entravam em crise ou em guerra. Deste modo, as
crises internacionais causavam problemas muito grandes nas exportações brasileiras de
café, criando sérias dificuldades para toda economia brasileira, dado que praticamente
todas as outras atividades dentro do país dependiam direta ou indiretamente do
desempenho do setor exportador cafeeiro.

As condições do mercado internacional de café tendiam a tornar-se mais problemáticas


à medida que as plantações do produto no Brasil se expandiam. Nas primeiras décadas
do século XX, a produção brasileira cresceu desmesuradamente. O Brasil chegou a
produzir sozinho mais café do que o consumo mundial, obrigando o governo a intervir
no mercado, estocando e queimando café. Neste período, as crises externas sucederam-
se em função tanto de oscilações na demanda (crises internacionais), como em
decorrência da superprodução brasileira.

Em 1930, estes dois elementos se conjugaram, a produção nacional era enorme e a


economia mundial entrou numa das maiores crises de sua história. A depressão no
mercado internacional de café logo se fez sentir e os preços vieram abaixo. Isto obrigou
o governo a intervir fortemente, comprando e estocando café e desvalorizando o câmbio
com o objetivo de proteger o setor cafeeiro e ao mesmo tempo sustentar o nível de
emprego, de renda e demanda. Ficava, porém, claro que a situação da economia
brasileira, dependente das exportações de um único produto agrícola, era insustentável.

A crise dos anos 30 foi um momento de ruptura no desenvolvimento econômico


brasileiro; a fragilização do modelo agrário-exportador trouxe à tona a consciência
sobre a necessidade da industrialização como forma de superar os constrangimentos
externos e o subdesenvolvimento. Não foi o início da industrialização brasileira (esta já
havia se iniciado desde o final do século XIX), mas o momento em que esta passou a
ser meta prioritária da política econômica.

Este objetivo, porém, envolvia grandes esforços em termos de geração de poupança e


sua transferência para a atividade industrial. Isto só seria possível com uma grande
alteração política que rompesse com o Estado oligárquico e descentralização da
República Velha e centralizasse o poder e os instrumentos de política econômica no
Governo Federal. Este foi o papel desempenhado pela Revolução de 30. Dela
decorreram o fortalecimento do Estado Nacional e a ascensão de novas classes
econômicas ao poder, que permitiu colocar a industrialização como meta prioritária,
como um projeto nacional de desenvolvimento.

A forma assumida pela industrialização foi o chamado Processo de Substituição de


Importações (PSI). Devido ao estrangulamento externo, gerado pela crise internacional
de corrente da quebra da Bolsa de Nova York, houve a necessidade de produzir
internamente o que antes era importado, defendendo-se dessa forma o nível de atividade
econômica. A industrialização feita a partir deste processo de substituição de
importações é uma industrialização voltada para dentro, isto é, que visa atender o
mercado interno.

Características do Processo de Substituição de Importações

O PSI enquanto modelo de desenvolvimento pode ser caracterizado pela seguinte


seqüência:

Estrangulamento externo - a queda do valor das exportações com manutenção da


demanda interna, mantendo a demanda por importações, gera escassez de divisas.

Desvaloriza-se a taxa de câmbio, aumentando a competitividade e a rentabilidade da


produção doméstica, dado o encarecimento dos produtos importados.

Gera-se uma onda de investimentos nos setores substituidores de importação,


produzindo-se internamente parte do que antes era importado aumentando a renda e
conseqüentemente a demanda.

Observa-se novo estrangulamento externo, dado que parte dos investimento e do


aumento de renda se traduziram em importações, retomando-se o processo.

Neste sentido, percebe-se que o setor dinâmico do PSI era o estrangulamento externo,
recorrente e relativo. Este funciona como estímulo e limite ao investimento industrial.
Tal investimento, substituindo as importações, passou a ser a variável chave para
determinar o crescimento econômico. Todavia, conforme o investimento e a produção
avançava em determinado setor, geravam pontos de estrangulamento em outros. A
demanda pelos bens destes outros setores era atendida através de importações.

Com o correr do tempo, estes bens passam a ser objeto de novas ondas de investimentos
no Brasil, substituindo as importações ditaria a seqüência dos setores objeto dos
investimentos industriais que, grosso modo, foi a seguinte:

• Bens de consumo leve


• Bens de consumo duráveis
• Bens intermediários
• Bens de capital

Percebe-se assim que o PSI se caracterizava pela idéia de “construção nacional”, ou


seja, alcançar o desenvolvimento e a autonomia com base na industrialização, de forma
a superar as restrições externas e a tendência à especialização na exportação de produtos
primários.

Principais Dificuldades na Implementação do PSI no Brasil

Ao longo de três décadas, este processo foi implementado, modificando-se


substancialmente as características da economia brasileira, industrializando e
urbanizando-a. Isto, porém, foi feito com inúmeros percalços e algumas dificuldades.
As principais dificuldades na implementação do PSI no Brasil foram as seguintes:

Tendência ao Desequilíbrio Externo

A tendência ao desequilíbrio externo aparecia por várias razões:

Valorização cambial - visava estimular e baratear o investimento industrial; significava


uma transferência de renda da agricultura para indústria - o chamado “confisco
cambial”- desestimulando as exportações de produtos agrícolas;

Indústria sem competitividade, devido ao protecionismo, visava atender apenas ao


mercado interno, sem grandes possibilidades no mercado internacional;

Elevada demanda por importações devido ao investimento industrial e ao aumento de


renda.

Assim, como a geração de divisas ia sendo dificultada, o PSI, colocado como um


projeto nacional só se tornava viável com o recurso ao capital estrangeiro, quer na
forma de dívida externa quer na forma de investimento direto, para eliminar o chamado
“hiato de divisas”.

Aumento da participação do Estado

Ao Estado caberiam as seguintes funções principais:


A adequação do arcabouço institucional à industria. Isto foi feito através da Legislação
Trabalhista que visava a formação e regulação de um mercado de trabalho urbano,
definindo os direitos e deveres dos trabalhadores e a relação empregado-empregador.
Também criam-se mecanismos para direcionar capitais da aitividade agrícola para a
industrial, dada a ausência de um mercado de capitais organizado. Além disso foram
criadas agências estatais e uma burocracia para gerir o processo. Destacam-se os
seguintes órgãos: o DASP (Departamento Administrativo do Setor Público), o CTEF
(Conselho Técnico de Economia e Finanças), a CPF (Comissão de Financiamento da
Produção), a CPA (Comissão de Política Aduaneira), o BNDE (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico) etc.

A geração de infra-estrutura básica. As principais áreas de atuação foram os transportes


e a energia. Até a Segunda Guerra Mundial, destacou-se o caráter emergencial dessa
atuação, procurando eliminar os pontos de estrangulamento que aparecessem. No pós-
guerra, buscou-se alguma forma de planejamento, ou seja, evitar o aparecimento de
estrangulamentos. Destacam-se neste sentido os trabalhos da Comissão Mista Brasil-
Estados Unidos, cujos projetos não foram plenamente realizados por ausência de
financiamento.

O fornecimento dos insumos básicos. O Estado devia atuar de forma complementar ao


setor privado, entrando em áreas cuja necesidade de capital e riscos envolvidos
inviabilizam a presença da atividade privada, naquele momento. Neste sentido, foi
criado todo o Setor Produtivo Estatal (SPE): CSN (Companhia Siderúrgica Nacional),
CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), CNA (Companhia Nacional de Álcalis), a
Petrobrás, várias hidrelétricas etc.

Esta ampla participação estatal gerava uma tendência ao déficit público e forçava o
recurso ao financiamento inflacionário, na ausência de fontes adequadas de
financiamento.

Aumento do grau de concentração de renda

O processo de substituição de importações era concentrador em termos de renda em


função do:

Êxodo rural decorrente do desincentivo à agricultura, com falta de investimentos no


setor, associado à estrutura fundiária, que não gerava empregos suficientes no setor
rural, e à legislação trabalhista, restrita ao trabalhador urbano, constituindo um forte
estímulo a vir para a cidade;

Caráter capital intensivo do investimento industrial, que não permitia grande geração de
emprego no setor urbano.

Esses dois pontos geravam excedente de mão-de-obra e, conseqüentemente, baixos


salários. Por outro lado, o protecionismo (ausência de concorrência) permitia preços
elevados e altas margens de lucro para as indústrias.
Escassez de fontes de financiamento

A quarta característica foi a dificuldade de financiamento dos investimentos, dado ao


grande volume de poupança necessário para viabilizar os investimentos, em especial os
estatais. Este fato se deve à:

Quase inexistência de um sistema financeiro em decorrência, principalmente, da “Lei da


Usura”[2], que desestimulava a poupança. O sistema restringia-se aos bancos
comerciais, a algumas financeiras e aos agentes financeiros oficiais, com destaque para
o Banco do Brasil e ao BNDE, sendo que este último operava com recursos de
empréstimos compulsórios (um adicional de 10% sobre o Imposto de Renda, instituído
para sua criação);

Ausência de uma reforma tributária ampla. A arrecadação continuava centrada nos


impostos de comércio exterior e era dificil ampliar a base tributária; já que a indústria
deveria ser estimulada, a agricultura não poderia ser mais penalizada, e os
trabalhadores, além de sua baixa remuneração, eram parte da base de apoio dos
governos do período.

Neste quadro, não restava alternativa de financiamento ao Estado, que teve que se valer
das poupanças compulsórias, dos recursos provenientes da recém-criada Previdência
Social, dos ganhos no mercado de câmbio com a introdução das taxas de câmbio
múltiplas, além do financiamento inflacionário e do endividamento externo, feito a
partir de agências oficiais.

O Plano de Metas (1956-1960)

O Plano de Metas adotado no governo Juscelino Kubitschek pode ser considerado o


auge deste modelo de desenvolvimento; o rápido crescimento do produto e da
industrialização no período acentuou as contradições mencionadas.

O principal objetivo do plano era estabelecer as bases de uma economia industrial


madura no país, introduzindo de ímpeto o setor produtor de bens de consumo duráveis.

A racionalidade do plano estava baseada nos estudos do grupo BNDE-CEPAL que


identificara a existência de uma demanda reprimida por bens de consumo duráveis e
viam neste setor importante fonte de crescimento pelos efeitos interindustriais que gera
ao pressionar a demanda por bens intermediários e, através do emprego, sobre os bens
de consumo leves. Além disso, estimularia o desenvolvimento de novos setores na
economia, principalmente os fornecedores de componentes para o setor de bens de
consumo duráveis, por exemplo, o setor de autopeças.

A demanda por estes bens vinha da própria concentração de renda anterior que elevava
os padrões de consumo de determinadas categorias sociais.

Para viabilizar o projeto, dever-se-ia readequar a infra-estrutura e eliminar os pontos de


estrangulamento existentes, os quais já haviam sido identificados nos estudos da
CMBEU (Comissão Mista Brasil-Estados Unidos), além de criar incentivos para a vinda
do capital estrangeiro nos setores que se pretendia implementar (este era uma
necessidade tanto financeira como tecnológica).
OBJETIVOS DO PLANO DE METAS

O plano pode ser dividido nos seguintes objetivos principais:

Uma série de investimentos estatais em infra-estrutura com destaque para os setores de


transporte e energia elétrica. No que diz respeito aos transportes, cabe destacar a
mudança de prioridade que até no governo Vargas se centrava no setor ferroviário e no
governo jk passou para o rodoviário, que estava em consonância com o objetivo de
introduzir o setor automobilístico no país

Estímulo ao aumento da produção de bens intermediários, como o aço, o carvão, o


cimento, o zinco etc., que foram objetos de planos específicos

Incentivos à introdução dos setores de bens de consumo duráveis e bens de capital

Construção de Brasília

É interessante observar a coerência que existia entre as metas do plano, em que se


visava impedir o aparecimento de pontos de estrangulamento na oferta de infra-estrutura
e bens intermediários para os novos setores, bem como, através dos investimentos
estatais, garantir a demanda necessária para produção adicional.

O plano foi implementado através da criação de uma série de comissões setoriais que
administravam e criavam os incentivos necessários para atingir as metas setoriais.

Os incentivos dados ao capital estrangeiro iam desde a Instrução 113 da SOMOC


(Superintendência da Moeda e do Crédito) que permitia o investimento direto sem
cobertura cambial, até uma série de isenções fiscais e garantias de mercado
(protecionismo para os novos setores).

O cumprimento das metas estabelecidas foi bastante satisfatório, sendo que em alguns
setores estas foram superadas, mas em outros ficou aquém. Com isso, observou-se
rápido crescimento econômico no período com profundas mudanças estruturais, em
termos de base produtiva.

Percebe-se o pior desempenho da agricultura no período, o que está totalmente de


acordo com as metas do plano que praticamente desconsideram a agricultura e a questão
social. O objetivo é simplesmente a rápida industrialização, o que foi atingido,
principalmente a partir de 1958.

Principais problemas do plano de metas

Os principais problemas do plano colocavam-se do lado do financiamento. O


financiamento dos investimentos públicos, na ausência de uma reforma fiscal
condizente com as metas e os gastos estipulados, teve que valer-se principalmente da
emissão monetária, com que se observou no período uma aceleração inflacionária. Do
ponto de vista externo, observou-se uma deterioração do saldo em transações correntes
e o crescimento da dívida externa. A concentração da renda ampliou-se pelos motivos já
levantados: desestímulo à agricultura e investimento de capital intensivo na indústria.
Esta concentração pode ser verificada pelo comportamento do salário mínimo real no
período.

Pelo exposto, percebe-se que, apesar das rápidas transformações ocorridas, o Plano de
Metas aprofundou todas as contradições existentes no PSI, tornando claros os limites do
modelo dentro do arcabouço institucional vigente.

30) Os investimentos de pesquisas no Brasil e seus efeitos no


processo sócio-econômico do país.

No início do terceiro milênio, em plena era virtual junto com a


engrenagem da robótica. O homem é o “recurso de maior
importância para o desenvolvimento da pesquisa”, pela consciência,
intelecto e razão, pois dentre diversos tipos de conhecimento
produzido pelo homem, a pesquisa é uma das mais importante, por
seguinte, existem inúmeros problemas a serem solucionados. E, a
partir daí, novas pesquisas surgem e se desenvolvem a fim de criar
tecnologias ou medicamentos.

O homem tem a capacidade impressionante de criar conhecimento,


seja para suprir as necessidades de locomoção, de alimentos e até
produzir textos que são apreciados a milênios de anos. As áreas do
saber humano como: a Religião, a Filosofia, Misticismo., são formas
de conhecimento que buscam dar respostas ao homem
contemporâneo sobre a “Verdade”. Aliado a ciência, a pesquisa é uns
dos instrumentos do saber humano mais valoroso, criado até então
pelo o homem. Nasceu para contestar as “verdades” que se tinham a
respeito do mundo. Assim, se tem o devido crédito da sociedade
internacional, por comprovar e elucida fatos, por este pesquisado, seu
prestígio advém do método cientifico aplicado com objetivo de chegar
próximo da verdade, conforme suscitado pela epistemologia do
século XVIII (OLIVA, 1990).

Com o passar dos anos, surgem novos problemas a serem


solucionados, com o surgimento de doença como: AIDS (SIDA) entre
outras doenças contagiosas, que matam inúmeras pessoas ao redor
do mundo todos os anos, sendo que, já passam de 40 milhões de
pessoas infectadas pelo virus da HIV. Logo a importância da pesquisa
é a melhor ferramenta para esse combate e equacionando assim esse
perigo que assola a comunidade global.

A esperança é que as empresas, grupos de investidores e governos,


invistam em novas pesquisas, desse modo, desenvolvendo
tecnologias de cunho medicinal para sanar ou curar totalmente
doenças como a AIDS, malária, dengue, etc. Atualmente as pesquisas
se voltam para células troncos (células mães), que se transformam
em quaisquer células do corpo humano. São geralmente aplicados em
deficientes físicos, para regenerar um órgão atrofiado inutilizando sua
função, com intuito de retornarem ao seu funcionamento,
exepriências já sinalizaram sucessos nos últimos testes divulgados
pela mídia.

Em virtudes dos fatos mencionados, somos levados acreditar que a


única saída do homem para enfrentar diversos tipos de epidemias e
problemas que emergem a cada dia, precisam de investimentos
pesados na ciência, tecnologia e especialmente pesquisa, para que
não haja surto de doenças no mundo, daí a importância da pesquisa
para atualidade, a pesquisa não é só uma pura investigação dos
fatos, é além mais, é a nossa sobrevivência para o futuro distante,
como foi no passado.

O que diferencia uma faculdade de uma universidade é o envolvimento com a pesquisa.


Infelizmente, a maioria das instituições públicas de ensino superior funciona como
faculdades e os alunos somente assistem a aulas. A universidade deve ter o
compromisso com o ensino, a pesquisa e a extensão. O conhecimento só é gerado e
aplicado de fato quando há um trabalho de pesquisa. Do contrário, ocorre a mera
reprodução do saber, que é importante, mas não deve ser a única atribuição da
universidade.

E esse trabalho de pesquisa é fundamental para a formação do profissional, para o


desenvolvimento da universidade e para o próprio país. Atualmente, o Brasil está
defasado tecnologicamente porque o investimento está muito aquém do desejável.
Agora que todos os estados estão procurando valorizar as atividades de pesquisa,
através de suas secretarias de Ciência e Tecnologia.

Aqui na Uenf, trabalhamos com projetos ligados à atividade de irrigação, entre outras.
Existe a pesquisa pura e a pesquisa aplicada. No primeiro caso, os estudos são feitos
teoricamente dentro da universidade. No segundo, ocorre a realização das conclusões
extraídas dos estudos no ambiente acadêmico na realidade local, respeitando as
condições regionais.
Como a região em que se localiza a Uenf é economicamente frágil e defasada em
termos tecnológicos, optamos por dar ênfase à pesquisa do tipo aplicada. Nas pesquisas
sobre os efeitos da irrigação nas plantações de goiaba, por exemplo, o produtor avalia
qual a quantidade de água para a plantação é mais viável. Além disso, trabalhamos
também com culturas como cana-de-açúcar, maracujá e abacaxi.

A pesquisa, além de ser fundamental para o desenvolvimento local, também é


importantíssima para a formação do aluno. Aqui na Uenf, temos alunos de graduação,
que participam de programas de iniciação científica e os de pós-graduação, que
obrigatoriamente devem fazer pesquisas. Com isso, firmamos o nosso compromisso de
formar estudiosos e cientistas.

Infelizmente o MEC tem investido pouco em pesquisa. Do orçamento das universidades


federais, a maior parte dos recursos se destina à manutenção e pagamento de pessoal. O
dinheiro da pesquisa vem mesmo dos órgãos fomentadores como Finepe, CNPq, Faperj.
É através deles que os pesquisadores conseguem desenvolver seus trabalhos. Aqui na
Uenf, ainda não alcançamos um estágio onde as pesquisas realizadas pela universidade
possam gerar recursos para investir em outros projetos.

Nós não discriminamos programas por atenderem ou não a necessidades da iniciativa


privada. Mas deve haver interesse nosso também. Quando uma empresa quer custear
um projeto, nossos pesquisadores avaliam se é eticamente válido e se há possibilidades
de este projeto se converter em melhorias para a sociedade aqui da região. Caso
aprovem, se estabelece uma parceria em que a empresa custeia parte da pesquisa e a
universidade participa com pesquisadores e a outra parcela dos recursos.

Atualmente, nós estamos com poucos projetos em condições de gerar recursos para a
universidade. Como nós recebemos capital através do governo, ou seja, dinheiro do
contribuinte, não temos a mentalidade de vender resultados. Existe a possibilidade de
disponibilizar este saber para empresas privadas, mas nosso objetivo principal não é
este. Fomentamos pesquisa para gerar conhecimento para a sociedade.

Apesar das dificuldades, a pesquisa científica dentro da universidade ainda é uma


bandeira que precisa ser defendida. E, apesar de funcionarmos há pouco tempo, temos
recebido bons conceitos no Provão, o que mostra que estamos no caminho certo. E estas
pesquisas são importantes para o desenvolvimento do próprio país. Acho que sem
melhorar o nível da educação do povo como um todo e sem um apoio maciço em
Ciência e Tecnologia, dificilmente nos transformaremos em uma nação de primeiro
mundo, pois a competição é muito grande.
Fernando Pelegrino, diretor-superintendente da Faperj

Uma recente avaliação feita pela ONU aponta que o Brasil está em 43º lugar, num
grupo de 70 países, no índice de avanço tecnológico. Isto indica que o Brasil está abaixo
de países como Argentina, Chile, México, Costa Rica, entre outros, em termos de
aplicação do conhecimento científico. É uma posição extremamente desconfortável, se
considerarmos que somos a nona ou oitava maior economia do mundo.

Com certeza um indicador apenas não é suficiente para que se faça uma avaliação mais
ampla. Até porque, se analisarmos a qualidade da pós-graduação aqui no Brasil, por
exemplo, concluiremos que é uma das melhores da América Latina. Hoje somos
praticamente autônomos na formação de doutores em quase todas as áreas do
conhecimento. Poucos segmentos necessitam que se envie estudantes e pesquisadores
para que terminem seus programas de doutorado fora do país.
Mas o que os índices da ONU avaliam é a tecnologia aplicada ao sistema de produção.
Não basta apenas construir o conhecimento, é necessário difundi-lo e aplicá-lo de forma
útil no desenvolvimento econômico e social. E o Brasil ficou em uma posição muito
ruim. Na minha opinião, isso se deve ao fato de, primeiramente, o incentivo à Ciência
ter sido feito a margem do crescimento industrial.

O Brasil fez uma escolha, na qual priorizou o capital e a tecnologia estrangeiros, não
guardando, com isso, uma relação com o desenvolvimento científico próprio e a
especialização da mão-de-obra nacional. Desta forma, o avanço da nossa ciência
ocorreu dissociado das demandas do setor produtivo. Em outros países, as universidades
foram criadas para dar sustentação ao crescimento científico. No Brasil, isso não
ocorreu.

Quando se fala em desenvolvimento da pesquisa, é importante analisar também que, a


partir do final da década de 80, quando encerrou-se o período de substituição das
importações, o Brasil entrou na chamada globalização abrindo suas fronteiras
radicalmente, sem investir em infra-estrutura e dar condições para que as empresas
nacionais pudessem competir com as internacionais. E o jogo é desigual. Especialmente
nos ramos de informática e engenharia genética, há multinacionais que investem
sozinhas o total de recursos que o Brasil direciona para a pesquisa científica. E, ao invés
de expandir o nível de investimento, o poder público acabou reduzindo estes recursos.

Há uma associação quase direta entre o nível de escolaridade de uma povo e o grau de
desenvolvimento científico do país a que pertence. Nações que escolarizaram sua força
de trabalho e incentivaram a pesquisa são capazes de desenvolver sistemas produtivos
mais competitivos em relação ao mercado internacional.

E a pesquisa universitária é fundamental para que um país possa dinamizar sua


economia e aumentar sua balança comercial. Um produto vale mais pelo processo
tecnológico nele imbutido do que pela matéria-prima. Um ship de computador é
pequeno, mas, em alguns casos, pode valer mais de que um navio.

Então, precisamos proceder uma mudança radical no país. Primeiramente, não podemos
mais ter analfabetos. Os 15% que já possuímos é uma taxa muito elevada. Necessitamos
investir mais em conhecimento científico, não apenas para manter o atual sistema, mas
expandi-lo. Temos 40 vezes menos cientistas do que deveríamos. Para que o quadro se
modifique, é preciso investir mais nas universidades e na infra-estrutura de produção do
conhecimento na nossa área científica e tecnológica.
Apesar de alguns dizerem que não vale a pena ser cientista no Brasil, eu penso o
contrário. Especialmente por que, aqui, ainda há muito por fazer. A disputa por uma
vaga no mercado em vários países desenvolvidos é muito maior. E muitos deles,
encontram-se dispostos a trabalhar em países como o nosso, onde eles possuem mais
espaço.

Eu creio que uma boa alternativa para as universidades obterem recursos para seus
projetos de pesquisa científica é a busca de parceria com as empresas. Exemplos como a
Coope-UFRJ, a Uerj, a UFF e a Uenf, que vêm tentando trabalhar com o sistema
produtivo local, podem alavancar recursos do sistema privado para a universidade. Há
um dilema já superado, que diz respeito a uma possível interferência da iniciativa
privada nos objetivos acadêmicos dos projetos. Este tipo de ingerência seria prejudicial
às próprias empresas, um dos usuários mais interessados nas soluções tecnológicas
produzidas no meio universitário.

Os alunos, em sua maioria, não buscam respostas para seus


questionamentos acerca de diversos assuntos, quando estão
resolvendo exercícios que necessitam de uma pesquisa dentro do
texto ficam desanimados e muitas vezes desistem.

A pesquisa pode ser um grande instrumento na construção do


conhecimento do aluno, por isso se faz necessário, sempre que
possível, que o professor mande algum tema para pesquisa
relacionado com o conteúdo, a fim de contribuir na construção da
aprendizagem.

Por meio da pesquisa o aluno tem possibilidade de descobrir um


mundo diferente, coisas novas, curiosidades. Dessa forma, o
professor tem a incumbência de gerenciar e orientar os seus alunos
na busca de informações, sua função é disponibilizar referências
bibliográficas, oferecendo melhores condições de desenvolvimento da
pesquisa. Além de atuar na orientação da construção de textos a
partir do material da pesquisa, o professor deve ensinar como retirar
as partes mais importantes do conteúdo pesquisado. Outro ponto de
grande relevância que o educador deve abordar é a conscientização
de que uma pesquisa não é uma mera cópia e sim uma síntese de um
conjunto de informações.

A etapa técnico-científico informacional que a humanidade está


atravessando e a ascensão dos meios de comunicação tem facilitado
o acesso às informações, desse modo, podem ser usados como base
de pesquisas: livros, revistas, artigos científicos, enciclopédias,
documentários, entrevistas, internet entre outras.

A pesquisa na escola não deve ter apenas o objetivo de ocupar o


aluno, de modo que o mesmo não fique sem fazer nada em casa, sua
finalidade vai além, formar pessoas curiosas acerca do que se passa
no mundo, assim, por meio dessa busca, o conhecimento será
construído pelo próprio educando.

31) Folclore, culinária, costumes, raças e credos diversos fazem parte


da história do nosso povo. Vantagens e desvantagens de se viver em
um país pluricultural.

Vantagens:

1- grande variedade de climas favorece a plantação de todos os tipos de culturas;

2- grande disponibilidade de recursos naturais: minérios, recursos vegetais e hídricos,


não só em quantidade bem como variedade

Desvantagens:

1- grandes distâncias a serem percorridas, muitas vezes entre a produção primária e


comercialização final;

2- diversidade cultural acentuada, podendo causar atritos sociais.

Apesar do processo de globalização, que busca a mundialização do espaço geográfico,


tentando através dos meios de comunicação criar uma sociedade homogênea, aspectos
locais continuam fortemente presentes. A cultura é um desses aspectos, várias
comunidades continuam mantendo seus costumes e tradições.

O Brasil, por apresentar uma grande dimensão territorial, configura uma vasta
diversidade cultural no seu povo. Os colonizadores europeus, a população indígena e os
escravos africanos foram os primeiros responsáveis pela disseminação cultural no
Brasil. Em seguida, os imigrantes italianos, japoneses, alemães, árabes, entre outros,
contribuíram para a diversidade cultural do Brasil.
Aspectos como a culinária, danças, religião, são elementos que integram a cultura de um
povo.

As regiões brasileiras apresentam diferentes peculiaridades culturais.


No Nordeste, a cultura é representada através de danças e festas como o bumba meu
boi, maracatu, caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, reisado, frevo, cavalhada e
capoeira. A culinária típica é representada pelo sarapatel, buchada de bode, peixes e
frutos do mar, arroz doce, bolo de fubá cozido, bolo de massa de mandioca, broa de
milho verde, pamonha, cocada, tapioca, pé de moleque, entre tantos outros. A cultura
nordestina também está presente no artesanato de rendas.
Capoeira

O Centro-oeste brasileiro tem sua cultura representada pelas Cavalhadas e Procissão do


Fogaréu, no Estado de Goiás, o Cururu em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A
culinária é de origem indígena, e recebe forte influência da culinária mineira e paulista.
Os pratos principais são: galinhada com pequi e guariroba, empadão goiano, pamonha,
angu, cural, os peixes do Pantanal - como o Pintado, Pacu e Dourado.

Cavalhadas em Pirenópolis (GO)

As representações culturais no Norte do Brasil estão nas festas populares como o Círio
de Nazaré, Festival de Paratins a maior festa do boi-bumbá do país. A culinária
apresenta uma grande herança indígena, baseada na mandioca e em peixes. Pratos como
otacacá, pirarucu de casaca, pato no tucupi, picadinho de jacaré, mussarela de búfala. As
frutas típicas são: cupuaçu, bacuri, açaí, taperebá, graviola, buriti.
Festival de Paratins (AM)

No Sudeste, várias festas populares de cunho religioso são celebradas no interior da


região. Festa do Divino, festejos da Páscoa e dos santos padroeiros, com destaque para a
peregrinação a Aparecida (SP), congada, cavalhadas em Minas Gerais, bumba meu boi,
carnaval, peão de boiadeiro. A culinária é muito diversificada, os principais pratos são:
queijo minas, pão de queijo, feijão tropeiro, tutu de feijão, moqueca capixaba, feijoada,
farofa, pirão, etc.

Feijoada

O Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses, espanhóis e,


principalmente, alemães e italianos. Algumas cidades ainda celebram as tradições dos
antepassados em festas típicas, como a Festa da Uva (cultura italiana) e a Oktoberfest
(cultura alemã), o fandango de influência portuguesa e espanhola, pau de fita e congada.
Na culinária estão presentes: churrasco, chimarrão, camarão, pirão de peixe, marreco
assado, barreado (cozido de carne em uma panela de barro), vinho.
A diversidade cultural engloba as diferenças culturais que existem entre as pessoas,
como a linguagem, danças, vestimenta, tradições e heranças fisicas e biologicas, bem
como a forma como as sociedades organizam-se conforme a sua concepção de moral e
de religião, a forma como eles interagem com o ambiente etc.

O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de idéias, características ou


elementos diferentes entre si, em determinado assunto, situação ou ambiente. Cultura
(do latim cultura, cultivar o solo, cuidar) é um termo com várias acepções, em diferentes
níveis de profundidade e diferente especificidade. São práticas e ações sociais que
seguem um padrão determinado no espaço/tempo. Se refere a crenças, comportamentos,
valores, instituições, regras morais que permeiam e "preenchem" a sociedade. Explica e
dá sentido a cosmologia social, é a identidade própria de um grupo humano em um
território e num determinado período.

Costumamos dizer e ouvir que somos o povo brasileiro! Que vivemos no país do futebol
e do carnaval. Pelo menos é assim que nos vêem os outros povos, na maioria das vezes.
Contudo, quando somos indagados e questionados sobre nossa identidade nacional, ou
seja, que povo realmente somos e, qual o sentido da nossa formação enquanto nação,
ficamos na maior “crise de identidade”. Ora, como definir quem realmente somos em
meio à diversidade cultural?

Como viemos, enquanto povo e nação ao longo da história, construindo nossa


identidade nacional? Será que temos mesmo uma única e autêntica identidade nacional?

Quando falamos em identidade, logo pensamos em quem somos. Vêm à nossa mente os
nossos “dados pessoais”, ou seja, a cidade onde nascemos, a data de nascimento, nossa
filiação, que são os nomes de nossos pais, uma foto registrando nossa fisionomia, nossa
impressão digital, uma assinatura feita por nós mesmos. E que ainda contém um número
de registro geral, que permite sermos identificados, não como pessoas, com suas
devidas características, mas como um número em meio a tantos outros. E o mais
interessante, está ali registrado para todo mundo ver, a nossa nacionalidade, a que nação
e povo pertencemos.

O processo social de transmissão de cultura é a educação ou criação familiar. A cada


geração vai se transmitindo, ou melhor, ensinando aos filhos e jovens certos
conhecimentos e valores morais adquiridos pela geração mais velha.

Quando falamos em nação ou sociedade, não é diferente. Podemos descobrir como a


nossa nação e nós, enquanto povo fomos constituídos. Saber, por exemplo, quais as
características culturais que podemos encontrar na formação e depois no
desenvolvimento da nossa sociedade brasileira. E mais, podemos conferir se a sociedade
brasileira ainda está refletindo tradicionalmente as mesmas características culturais de
quando foi formada!

Entender como tudo começou, nos levará a compreender a grande diversidade cultural
que caracteriza nosso país! Já que a cultura é um dos instrumentos de análise e
compreensão do comportamento humano social.

“E eu, o que eu tenho com tudo isso? Será que a diversidade cultural do meu país me
atinge diretamente ou somente de forma indireta?”

A cultura faz parte da totalidade de uma determinada sociedade, nação ou povo. Essa
totalidade é tudo o que configura o viver coletivo. São os costumes, os hábitos, a
maneira de pensar, agir e sentir, as tradições, as técnicas utilizadas que levam ao
desenvolvimento e a interação do homem com a natureza. Tudo que diz respeito a uma
sociedade.

Herança social e legado cultural: são processos de transmissão cultural, que ocorrem ao
longo da história, nos quais as gerações mais velhas transmitem às gerações mais jovens
a cultura do grupo.

Muitos sociólogos e historiadores brasileiros, a partir do século XIX, buscaram explicar


a formação do povo brasileiro, caracterizado pela diversidade cultural, enquanto uma
nação. E o olhar de alguns desses autores foi exclusivamente dedicado ao aspecto
cultural. O legado cultural que herdamos dos povos que se misturam deu origem aos
brasileiros. Bom, todos nós sabemos, nem que seja um pouquinho, da história da
colonização do nosso país. Se alguém chegar a você e disser:

- O Brasil foi colonizado pelos egípcios!

Logo você irá franzir a testa e, dando uma boa aula de história do Brasil, irá dizer:

- Não, não! Fomos colonizados primeiramente pelos europeus, especificamente pelos


portugueses e espanhóis. Temos também uma marcante presença dos africanos, que
foram trazidos para cá como escravos e os indígenas que aqui já viviam... depois, por
volta de 1870 em diante, é que imigraram muitos outros povos, como os italianos,
alemães e holandeses, em busca de trabalho e de uma vida melhor e promissora no
Brasil.
Somos um povo que surgiu de uma grande confluência! Miscigenados! Ou seja, o povo
brasileiro foi formado, a princípio, a partir de uma miscigenação, que foi a mistura de
basicamente três “raças”: o índio, o branco e o negro.

32) Diversidade lingüística no Brasil – diferenças entre grupos sociais,


regiões, temporais e históricas.

O Brasil é um país que tem uma língua oficialmente reconhecida, que é o português,
falado pela imensa maioria de seus habitantes. A língua portuguesa foi herdada dos
colonizadores portugueses que aqui chegaram no século XVI. Por volta do ano de 1500,
quando chegou a frota de Pedro Álvares Cabral, na costa do país que hoje conhecemos
como Brasil havia uma população estimada em cerca de seis milhões de índios,
organizados em diferentes povos indígenas, com diferentes culturas e denominações.
Cada povo portador de uma cultura tinha uma língua própria, caracterizada por regras
linguísticas, vocabulários, uma estrutura gramatical particular. Por uma processo
histórico que desenvolveu-se nos últimos 400 anos de contatos destas sociedades
indígenas primeiramente com os europeus e mais tarde com a população nacional, a
maioria destes povos desapareceu e a população indígenas chegou a um número
alarmante: apenas 300.000 pessoas, enquanto a população nacional soma mais de 150
milhões de brasileiros. Houve um verdadeiro genocídio neste período. Hoje, estima-se
que a população indígena brasileira está se recuperando e que, pela primeira vez na
história, os números experimentam um aumento ao invés de uma diminuição.

A diversidade linguística atual

Estima-se que atualmente existam, no Brasil, cerca de 200 línguas indígenas faladas por
quase igual número de povos que habitam este território. Estas línguas estão filiadas a
dois troncos linguísticos principais, o Tupi e o Macro-Jê, a duas famílias linguísticas
mais importantes, o Aruak e o Karib e a outras famílias menores.

Para saber o parentesco entre as línguas, os pesquisadores observam os cognatos, que


são palavras que línguas com a mesma origem conservam em comum e a regularidade
dos sons. Desta maneira o parentesco entre as línguas variam da seguinte maneira:
línguas pertencentes a um mesmo tronco têm entre si, 12% a 36% de cognatos. Línguas
da mesma família, têm entre 36% a 80% de cognatos e dialetos tem 80% ou mais de
semelhantes. O exemplo abaixo deixará mais claro o que se está afirmando. Para tal,
tomamos um caso que estamos mais familiarizados, qual seja, a família linguística do
Latim.

O interesse em conhecer a diversidade linguística brasileira reside no fato de que estas


diferenças expressam uma diversidade cultural entre os diferentes povos que aqui
vivem, bem como oferecem um critério para organização e compreensão dos mesmos.
Ao dizer que um povo é Tupi, alguém com conhecimentos a este respeito saberá que se
está tratando de um conjunto de povos, com uma provável origem no estado de
Rondônia, e que têm em comum uma extrema religiosidade, são hábeis agricultores,
bons ceramistas e, eventualmente, tecelões. Os povos Macro-Jê opõem uma cultura
material muito simples a uma organização social extremamente complexa, que baseia-se
em metades (exogâmicas ou não), em clãs, casa de homens, classes de idades. Os
Guarani, os Kayabi, os Cinta-Larga e os Tupinambá são apenas alguns dos povos Tupi;
os Xavante, Apinayé, Suyá e Kaingang pertencem ao tronco Macro-Jê .

Diversidade Lingüística

Tema será debatido no dia 13 de dezembro, das 9h às 17h, na Câmara dos Deputados

A diversidade lingüística brasileira será discutida na próxima quinta-feira, dia 13 de


dezembro, em uma Audiência Pública na Câmara dos Deputados, em Brasília. A
iniciativa é da Comissão de Educação e Cultura, em parceria com o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia vinculada ao Ministério da
Cultura, e o Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Lingüística
(IPOL).

Na ocasião, será apresentado o Inventário Nacional da Diversidade Lingüística, um


instrumento legal de identificação, documentação, reconhecimento e valorização das
línguas que constituem referências culturais para os brasileiros. Trata-se do resultado de
um ano e meio de discussão de um grupo de trabalho interdisciplinar e interministerial,
criado para propor medidas de reconhecimento e valorização da diversidade lingüística
no Brasil.

______________________________________________________________
Durante o Seminário Nacional sobre a Criação do Livro de Registro das Línguas,
promovido em março do ano passado, também na Câmara dos Deputados, falantes,
especialistas e técnicos do Iphan reuniram-se para discutir medidas de proteção da
diversidade linguística do país. A Audiência Pública é resultado desse encontro, que
buscou uma política pública voltada ao reconhecimento da pluralidade de línguas como
direito de cidadania.

Levantamento - Segundo relatório do Grupo de Trabalho da Diversidade Lingüística


do Brasil (GTDL), são falados atualmente, no Brasil, cerca de 200 idiomas. As nações
indígenas, por exemplo, falam 180 línguas, chamadas de autóctones, e as comunidades
de descendentes de imigrantes outras 30, as alóctones. Além disso, usam-se pelo menos
duas línguas de sinais de comunidades de surdo-mudos, línguas crioulas e práticas
lingüísticas diferenciadas nos quilombos, muitos já reconhecidos pelo Estado, e outras
comunidades afro-brasileiras.

Brasília, 29 Fev (Lusa) - O Brasil começa a ter consciência de sua diversidade


linguística e a reconhecer que o português não é único idioma falado no país, onde
existem cerca de 200 línguas, 180 das quais autóctones, ou seja, de nações indígenas.

Um grupo de trabalho sobre a diversidade linguística brasileira, criado em 2006,


pretende fazer agora um inventário sistemático e detalhado a partir de projectos-piloto
sobre três línguas indígenas, uma língua de imigração e uma afro-brasileira.

O mapeamento visa a criação de políticas públicas que assegurem a continuidade das


200 línguas existentes no Brasil e o respeito pelos seus falantes.
"É o resgate da nossa diversidade, que é a nossa maior riqueza. O Brasil é uma
convergência de culturas e todos têm o direito de se expressar na língua que aprenderam
com seus antepassados", disse hoje à Lusa Jane de Alencar, técnica de registo do
Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Segundo a especialista, o Estado brasileiro vai debruçar-se, pela primeira vez, sobre esta
diversidade com um olhar de valorização e reconhecimento das línguas faladas em seu
território.

"O povo que perde a sua língua perde a sua alma", afirmou à Lusa o representante dos
Guarani Kayowá, Anastácio Peralta.

De acordo com Peralta, há cerca de 60 mil falantes do guarani no Brasil, 40 mil deles no
Estado do Mato Grosso do Sul, região Centro-Oeste.

"Nós perdemos a nossa terra, as matas, mas a nossa língua, as nossas danças, os nossos
cantos continuam com a gente. O que faz uma nação viva é a língua, a sua forma de
expressar", destacou.

O guarani foi umas das línguas que sobreviveram à imposição do português no Brasil
como único idioma legítimo. A estimativa dos especialistas é de que havia 1.078 línguas
indígenas quando os portugueses aportaram ao Brasil.

A política dos portugueses e, depois, do próprio Estado Brasileiro de impor a todos a


língua "companheira do Império", como disse Fernão de Oliveira na primeira gramática
da língua portuguesa (1536), levou a um processo de glotocídio, isto é, eliminação de
línguas.

"Na década de 80,ainda éramos proibidos de falar nossas línguas maternas nas escolas-
internato dos missionários. Quem não cumpria as ordens era severamente punido",
contou Gersem dos Santos Luciano, falante de nheengatu, língua geral da Amazónia.

Os castigos passavam por ficar sem comer um dia, estar horas sob o sol quente, até
trabalhos forçados ou castigos com efeitos psicológicos.

"Uma das modalidades de que fui várias vezes vítima era um pedaço de pau pesado e
grande que eles amarravam nas nossas costas com a frase: `Eu não sei falar português`.
A placa provocava pavor e extremo constrangimento", lembrou Luciano.

Os imigrantes e seus descendentes também passaram por violenta repressão,


especialmente no Estado Novo (1937-1945), regime instaurado por Getúlio Vargas.

Naquela altura, houve a chamada "nacionalização do ensino", que tentou pôr fim às
línguas de imigração no Brasil, como o hunsrückisch, dialecto alemão, e o talian,
variante da língua italiana, que resistiram, todavia.

"É triste a gente constatar que houve uma política de eliminação de línguas e que ainda
hoje há no Brasil muitos preconceitos linguísticos e impedimentos de uso de línguas,
por exemplo, nos meios de comunicação", afirmou à Lusa o linguista Pedro Garcez.
Na avaliação do professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é muito
importante reconhecer a diversidade linguística "como um recurso e não como
problema".

"Esta é uma luta árdua. Finalmente o governo está olhando para os invisíveis", disse à
agência Lusa o presidente da Associação Cultural de Preservação do Património Bantu.

Raimundo Konmannanjy, único professor no Brasil de uma das línguas do povo bantu,
originário da África Subsariana, indicou que hoje é difícil até fazer um pequeno diálogo
em kikongo, que, como as outras línguas africanas, desapareceu no país.

O curso introdutório à língua kikongo proposto pela Associação está parado há dois
anos por falta de recursos e Konmannanjy procura agora a ajuda de angolanos para
tentar ressuscitar o projecto.

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