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A Importância de Michael Faraday Para a Ciência

Hugo Araújo Machado

5 de Setembro de 2010
Conteúdo

0.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
0.2 Biografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
0.3 Faraday e o Eletromagnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
0.3.1 Linhas de Força . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
0.3.2 Linhas de Indução Magnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
0.3.3 A Gaiola de Faraday . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
0.3.4 A Lei de Indução de Faraday . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
0.4 Faraday e a Quı́mica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
0.4.1 Leis de Faraday da Eletrólise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
0.5 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
0.6 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

1
Resumo

Tem-se como objetivo apresentar aqui a grande importância no desenvolvimento da ciência


por parte de Michael Faraday, grande fı́sico e quı́mico britânico do século XIX.A natureza deste
trabalho é puramente didática, tratando-se de uma revisão bibliográfica.

0.1 Introdução
Em março de 1812.A sala de conferência da Royal Institution, a célebre entidade in-
glesa a qual é referência quando o assunto é Ciência, está mais frequentada do que nunca.
De toda a cidade de Londres, chegam pessoas para assistir a um ciclo de quatro palestras
sobre as récem-descobertas dos fenômenos elétricos.Mais do que o assunto, excitante e
misterioso o que atrai a todos é o famoso conferêncista Sir. Humphry Davy 1 .Porém, entre
todos os espectadores destacava-se um jovem de famı́lia humilde, muito interessado, difer-
ente da maioria que encontrava-se ali, pelo seu ar deslumbrado e empenho em anotar tudo
que o orador dizia, complementando as palavras com desenhos dos fenômenos descritos e
do material de experimentação empregado.
Após alguns dias depois da conferência, Sir. Humphry Davy recebeu em seu gabinete
uma carta, na qual o remetente manifestava seu desejo de colocar-se “a serviço da ciência”
e solicitava um emprego na instituição.Michael Faraday é o nome que a subscreve,sua
ânsia de conhecimento era enorme, apesar de posssuir pouco estudo que não lhe dava
base matemática suficiente para acompahar o acelerado progresso cientı́fico do começo
do século XIX. Em compensação, possuia uma disciplina severa, um trabalho aplicado e
sobretudo, uma intuição maravilhosa em relação aos fenômenos naturais que o deixaram
extremamente ligado ao ramo do eletromagnetismo, a quı́mica e a tecnologia.

Figura 1: Michael Faraday.

0.2 Biografia
• Michael Faraday nasceu em Newington (atualmente uma parte do sul de Londres),
sua famı́lia era pobre e seu pai, James Faraday, era um ferreiro que com a mãe de
1
Professor e quı́mico inglês pioneiro da eletroquı́mica, nascido em Paenzance, na Cornualha, um dos
mais famosos quı́micos do século XIX.

2
Faraday, Margaret Hastwell, tinha no começo de 1791 migrado do norte da Inglaterra
para Newington Butts, em busca de trabalho, elas já tinham dois filhos antes de se
mudarem (um menino e uma menina), Faraday nasceu poucos meses depois dessa
mudança. A famı́lia logo se mudou de novo, agora para Londres, onde o jovem
Michael Faraday, um de quatro filhos (uma menina nasceu após Faraday), recebeu
os rudimentos de uma educação, aprendendo a ler, escrever, e aritmética, fora isso
teve que largamente se educar.

• Aos 13 anos, teve de procurar trabalho e encontrará como aprendiz de um encader-


nador e comerciante de livros, George Riebau,um imigrante francês que foi para
Londres devido a Revolução Francesa. O que foi decisivo para sua formação pois,
com a ausência do patrão, lia tudo o que lhe caı́a nas mãos para encadernar.

• O primeiro livro que chamou sua atenção foi “Conversations of Chemistry” (Palestras
sobre quı́mica) de Jane Marcet, escrito em 1805.

• A obra “A melhoria da mente” de Isaac Watts2 , foi a primeira que fez com ele
meditasse.

• Leu a Enciclopédia Britânica (um exemplar que estava encadernando) e interessou-se


muito por um artigo sobre eletricidade.

• Faraday Frequentou a Sociedade Filosófica de Londres como assistente de Sir. Humphry


Davy.

• Fez parte da Royal Institution em 1813 como ajudante de laboratório por recomendação
de Humphry Davy.

• Em 1815, Michael passou a integrar a Royal Institution, sendo conferêncista oca-


sional.

• Em 1821, casou-se com Sarah Barnard, mas não tiveram filhos.

• Em 1821, William Hyde Wollaston3 concluiu que ao aproximar um ı́mã de um fio


onde está passando corrente elétrica o fio deveria girar em torno do ı́mã. No dia 3
de setembro deste ano, Faraday mostrou que uma barra de ı́mã girava em torno de
um fio eletrizado e que um fio suspenso eletrizado girava em torno de um ı́mã fixo,
comprovando a teoria de Wollaston. Em outubro, publicou no “Quarterly Journal”
No natal do mesmo ano, fez com que o fio se movesse pela influência do magnetismo
terrestre.

• Em 1824 foi eleito membro da Royal Society4 .

• Em 1827, foi convidado para trabalhar na Universidade de Londres, mas rejeitou.

• Em 17 de outubro de 1831, demonstrou que era possı́vel converter energia mecânica


em energia elétrica. Foi a primeira demonstração de um dı́namo, o que mais tarde
veio a ser o principal meio de fornecimento de corrente elétrica.
2
foi um poeta, pregador, teólogo, lógico e pedagogo inglês. É reconhecido como o “Pai do Hino Inglês”.
3
foi um quı́mico britânico, famoso por descobrir dois elementos quı́micos e por desenvolver uma maneira
de processar o minério de platina.
4
The Royal Society of London for the Improvement of Natural Knowledge é uma instituição destinada
à promoção do conhecimento cientı́fico, fundada em 1660.

3
Figura 2: Sede da Royal Society em Londres.

• Trabalhou como perito em tribunais tendo ganho, num só ano, cinco mil dólares.

• Em 1832, fundou a eletroquı́mica e desenvolveu as leis da eletrólise. Neste mesmo


ano, recebeu o Diploma Honorário da Universidade de Oxford.

• Em 1833 tornou-se professor da cátedra Fullerton de quı́mica na Royal Institution.

• Faraday teve importância na quı́mica como descobridor de dois cloretos de carbono,


investigador de ligas de aço e produtor de vários tipos novos de vidros. Um desses
vidros tornou-se historicamente importante por ser a substância em que Faraday
identificou a rotação do plano de polarização da luz quando era colocado num campo
magnético e também por ser a primeira substância a ser repelida pelos pólos de um
ı́mã. Particularmente, ele acreditava nas linhas de campo eléctrico e magnético como
entidades fı́sicas reais e não abstracções matemáticas. Porém, suas descobertas no
campo da electricidade ofuscaram quase que por completo sua carreira quı́mica.
Entre elas a mais importante é a indução electromagnética, em 1831.

• Em 1857, o professor Tyndall lhe oferece a presidência da Royal Society, mas Michael
recusa: “Quero ser simplesmente Michael Faraday até o fim”.

• Em 1867, Faraday morre na sua casa em Hampton Court, no dia 25 de Agosto, aos
75 anos.

4
0.3 Faraday e o Eletromagnetismo
Inspirado na concepção de que todas as forças que se manifestam na natureza têm
origem comum. Faraday buscou uma comprovação experimental, o que levou-o a grandes
descobertas no campo do eletromagnetismo.

0.3.1 Linhas de Força


Com o conceito de campo cada vez mais fortalecido no sentido de explicar a ação à
distância entre corpos com cargas elétricas, Michael Faraday, observando o espectro for-
mado por limalhas de ferro espalhadas numa folha de papel colocada sobre um imã, propôs
um conceito correlato para o campo elétrico. Para ele, as linhas formadas pelas limalhas
de ferro, embora invisı́veis, realmente existiam e, através delas era possı́vel visualizar o
formato do campo na região e mais ainda, pois a maior ou menor concentração dessas
linhas indicava a maior ou menor intensidade de força a que outros corpos ficavam sujeitos
naquela região. A essas linhas Faraday deu o nome de “Linha de Força”. Define-se “linha
de força” como a linha imaginária que tangencia o vetor campo elétrico em cada ponto da
região, conservando seu sentido.

Figura 3: Linhas de força através de limalhas de ferro espalhadas sobre uma folha de
papel.

0.3.2 Linhas de Indução Magnética


Em 1820, o fı́sico Hans Cristian Oersted5 descobriu que a agulha de uma bussóla
mudava de direção quando colocada na vizinhança de um fio percorrido por uma corrente
elétrica. Anunciou sua descoberta mas não avançou muito mais no assunto.Isso despertou
muito interesse por parte de Faraday e então a partir daı́ ele começou a dedicar toda sua
capacidade de experimentação a nova propriedade da eletricidade.
Verificou, principalmente, que as diferentes posições assumidas pela agulha em torno
do fio tendem para uma circuferência, isto é, há uma tendência da agulha para girar em
torno do condutor, bem como o condutor girar em torno de um dos pólos magnéticos da
agulha,ou seja, as linhas de indução magnética são circuferências concêntricas com o fio.
5
foi um fı́sico e quı́mico dinamarquês e o primeiro pensador moderno a descrever explicitamente e
denominar a experiência mental.

5
Figura 4: Experimento de Oersted.

0.3.3 A Gaiola de Faraday


Gaiola de Faraday foi um experimento conduzido por Michael Faraday para demon-
strar que uma superfı́cie condutora eletrizada possui campo elétrico nulo em seu interior
dado que as cargas se distribuem de forma homogênea na parte mais externa da superfı́cie
condutora.Ele construiu uma grande caixa com revestimento metálico montada sobre su-
portes eletricamente isolados e carregada com um potente gerador eletrostático.Veja nas
palaras de Faraday:
“Eu entrei no cubo e fiquei lá, e usando iluminação de velas, eletrômeros e
todos os outros testes para estados elétricos, não pude encontrar a minı́ma
influência deles . . . embora, durante todo este tempo, o exterior do cubo es-
tivesse intensamente carregado eletricamente e houvesse faı́scas fortes e muito
centelhamento para todos os lados partindo da superfı́cie externa.”

0.3.4 A Lei de Indução de Faraday


Em 1831, Michael Faraday através de suas experiências em tentar produzir corrente
elétrica através do campo magnético, o que seria a experiência inversa de Oersted, que
conseguirá mostrar que um fio condutor de corrente elétrica próxima uma bússola alterava
a direção da agulha da mesma, devido o surgimento de um campo magnético gerado pela
corrente elétrica.Realizou o seguinte:
• Em dois setores de um mesmo anel de ferro ele enrolou duas bobinas de fio condutor
isolado;

• Por uma delas fez passar uma corrente produzida por uma pilha;

• A outra bobina foi ligada a um galvanômetro6 ;

• Enquanto passava a corrente na bobina ligada à pilha, nada ocorria na outra, porém
no momento em que se interrompia ou reatava essa passagem, aparecia outra corrente
elétrica circulando na bobina ligada ao galvanômetro.
Com essa experiência Faraday concluiu que a variação da corrente elétrica em uma das
bobinas induzia uma corrente elétrica independente na outra. O mesmo acontecia quando
6
é um instrumento que pode medir corrente elétricas de baixa intensidade, ou a diferença de potencial
elétrico entre dois pontos.

6
Figura 5: Experimento de Faraday.

um imã é aproximado no interior de um fio enrolado em bobina. A essa corrente que surgia
foi denominada corrente induzida e diz-se que é formada a partir da força eletromotriz
induzida produzida pela variação do número linhas de campo magnético que atravessam
a bobina, que em termos de fluxo magnético, a fem induzida em um circuito é dada pela
Lei de Indução de Faraday:

dΦB
|f em| =
(1)
dt
Mas veja que essa equação não especifica o sentido da fem induzida apenas sua inten-
sidade.Porém, em 1834 Heinrich Lenz7 propôs o seguinte:

“O fluxo do campo magnético devido à corrente induzida opõe-se à variação


no fluxo que causa a corrente induzida.”

Lei que ficou conhecida como a Lei de Lenz.Sendo assim, a lei de Faraday se torna:

dΦB
f em = − (2)
dt
À medida que o campo magnético é alterado, o fluxo magnético através da bobina
varia com o tempo.Porém, antes de o campo magnético começar a variar, não há corrente
na bobina. Para as cargas começarem a se mover, elas precisam ser aceleradas por um
campo elétrico. Este campo elétrico induzido ocorre com um campo magnético variável,
de acordo com a lei de Faraday. Sendo assim a lei de Faraday se tornará:
I
f em = E.d~ ~l (3)

O que mais tarde vêm a ser uma das equações de Maxwell8 na forma:

~ ~l = − dΦB
I
E.d (4)
dt

7
Heinrich Friedrich Emil Lenz foi um fı́sico alemão e Professor de fı́sica na Academia de Ciências de
São Petersburgo em 1836.
8
James Clerk Maxwell foi um fı́sico e matemático britânico conhecido por ter dado a sua forma final à
teoria moderna do eletromagnetismo.

7
0.4 Faraday e a Quı́mica
Faraday é muito conhecido por suas contribuições em fı́sica,porém seus trabalhos
experimentais estudando os fenômenos elétricos em compostos quı́micos o fez um dos
pioneiros no que diz respeito a eletroquı́mica. Fazendo de Michael um cientista realmente
diferenciado.

0.4.1 Leis de Faraday da Eletrólise


Faraday, em 1833 estudando o efeito elétrico da passagem de corrente elétrica em
soluções de sais em água, encontrou uma relação quantitativa entre a quantidade de uma
substância decomposta e a quantidade de eletricidade que passava através da solução,
quando fazia sua eletrólise9 numa célula eletrolı́tica.

Figura 6: Eletrólise em célula.

Através desse experimento notou que a quantidade de eletricidade que liberava um


grama de hidrogênio liberava também quantidades especı́ficas de outras substâncias. As-
sim, para 1 grama de hidrogênio liberado, 8 gramas de oxigênio, 36 de cloro, 125 de iodo,
104 de chumbo e 58 de estanho, eram liberados na eletrólise de seus respectivos compostos.
Denominou tais quantidades de “equivalentes eletro-quı́micos”.
Sendo assim, temos as seguintes Leis da Eletrólise:

1a Lei: A massa de uma substância eletrolisada é diretamente proporcional à


quantidade de eletrecidade aplicada à solução.

m = kf Q (5)

9
Processo que separa os elementos quı́micos de um composto através do uso da eletricidade.

8
2a Lei: Quando uma mesma quantidade de eletricidade atravessa diversos
eletrólitos, as massas das espécies quı́micas libertadas nos eletrodos, assim
como as massas das espécies quı́micas decompostas, são diretamente propor-
cionais aos seus equivalentes quı́micos.

m = kf E (6)
1
onde kf = 96500 .

0.5 Conclusão
As descobertas de Faraday, com resultado de um trabalho experimental metódico,
minucioso, e sobretudo, inspirador uma intuição supreendente, tiveram muita importância
para as ciências de maneira que contribuiram para o desenvolvimento da quı́mica e a fı́sica.
As leis da eletrólise chegaram criar controvérsias sobre o significado do átomo e
de equivalentes quimicos que só poderam ser resolvidas com uma nova visão da Teoria
Átomica.
Sua concepção do eletromagnetismo, foi o ponto de partida para as teorias modernas
que temos para interpretar os fenômenos eletromagnéticos, principalmente nas formulações
das equações de Maxwell, e os luminosos. O que faz de Faraday um dos maiores cientis-
tas experimentais de sua epóca, senão o maior da história, embora não conhecesse uma
matemática mais rebuscada.

0.6 Referências
1. Halliday, Resnick, Krane, “Fı́sica 3”, Editora LTC, Rio de Janeiro, 2004;

2. Henry Thomas, “Vidas de grandes cientistas”, Rio de Janeiro;

3. Grove Wilson, “Os grandes homens da ciência: suas vidas e descobertas”, São Paulo,
1940;

4. José Maria Filardo Bassalo, “Nascimentos da Fı́sica: 3500 a.C.-1900 a.D.”, EDUFPA
(ISBN:85-247-0153-6), Belém, 1996;

5. JOHN R. REITZ, FREDERICK J. MILFORD, ROBERT W. CHRISTY, “Funda-


mentos da Teoria Eletromagnética ”, Editora Campus, 1982;

6. Wikipédia - a enciclopédia livre, “http://www.wikipedia.org“ .

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