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The Musical Hormone - Norman M.

Weinberger
disponível em http://www.musica.uci.edu/mrn/V4I2F97.html
acessado em 04/01/2010
Tradução Guilherme Araujo
O Hormônio Musical
Copyright © 1997 M. Norman Weinberger e da Reitoria da Universidade da Califórnia. T
odos os direitos reservados.
A música tem efeitos psicológicos bem esclarecidos, incluindo a indução e modifi
cação de estados cognitivos, humores e emoções. Se não fosse assim, marchas seriam tranqui
lamente tocadas tanto na hora de dormir quanto nos intervalos de jogos de Futebo
l (americano), dirges (algo como marcha fúnebre) agraciariam casamentos. Canções de ni
nar seriam ouvidas em paradas e canto gregoriano bombardearia nossos ouvidos nos
supermercados.
Muitos pensam que o psicológico é uma coisa e o fisiológico é outra. Há a mente e
há o corpo. Essa comum associação “dualista” é bem forte na nossa “zona de conforto” psicol
Sempre é bom quando o senso comum concorda com a realidade cientifica. Quando isso
acontece, nós sentimos que temos uma boa noção das coisas e que a questão está resolvida.
Claro que, essa posição dualista esbarra na questão de como a musica afeta nossa vida
mental particular. E onde é que vive a nossa vida mental particular mesmo? Mas o
dualismo mente corpo tem sido a crença dominante na história mundial. Podem tantas p
essoas ao longo de tanto tempo estarem erradas? Certamente.
Sim, a mente ainda é um mistério. Mas provou-se impossível jogar fora o cérebro
e ainda manter a mente. Por mente eu me refiro a nossas experiências mentais do di
a a dia, não à alma ou à suposições desse tipo. Não digo que que a ciência fornece o único
de conhecimento ou compreensão possível. Apenas que o que nós consideramos ser o nosso
normal, o run-of-the-mill (experiências comuns), as experiências mentais diárias, nec
essariamente são um produto de nossas funções cerebrais. A prova, bastante impressiona
nte, não pode ser aqui analisada. Porém (vejamos) alguns exemplos. Quando nosso nível
de consciência muda de acordado para dormindo, a atividade elétrica do nosso cérebro m
uda também. Se alguém induz no cérebro um estado de sono pormeio de medicamentos ou o
utros meios, o comportamento se altera junto. Na verdade, a maioria dos medicame
ntos que alteram nossas experiencias, percepções, estados de espirito, dores em gera
l, etc. o fazem por suas ações fisiológicas e químicas no cérebro, incluindo nicotina e álc
ol.(Outros, como anestésicos, podem bloquear receptores de dor no corpo, impedindo
o cérebro de receber mensagens são interpretadas como dor.) Morte não é definida pela m
edicina como a parada dos batimentos cardíacos ou da respiração mas sim pela falta de
atividade elétrica no cérebro, literalmente “ morte cerebral”. Finalmente, mas mais espe
culativo, se você trocasse de cérebro com outra pessoa (ficção científica!), onde sua ment
e estaria... no seu cérebro ou em outro lugar?
Então há a mente e há o corpo, incluindo o importante órgão corporal que é o cérebr
Para começar a compreender o poder da música no nosso cérebro, e portanto na nossa men
te, é preciso considerar alguma fisiologia básica.
O cérebro envia e recebe mensagens do restante do corpo incessantemente, t
odo minuto segundo e fração de segundo. Na parte da recepção de coisas, o cérebro recebe i
nformação dos nossos sentidos – visão, audição, tato, olfato, paladar, etc. Podemos estar c
nstantemente conscientes dessas informações. Mas há uma outra grande fonte de entrada
para nossos cérebros, e portanto, em última análise, para nossa vida mental... nossos
hormônios. Estes são secretados por nosso sistema endócrino e incluindo os hormônios s
exuais, como testosterona e estrógeno, e um grupo normalmente chamado de hormônios d
e “stress”, como ACTH (Hormônio adrenocorticotrófico), adrenalina e cortisol.
Um resumo do caminho que os hormônios do estresse fazem para serem liberad
os na corrente sanguínea é que o cérebro, sentindo estresse, finalmente libera ACTH da
glândula pituitária na base do cérebro, por sua vez controlada por mensagens neurais
e hormonais da sua ligação ao cérebro, o hipotálamo sobrejacente. Quando o ACTH atinge a
s glândulas supra renais, eles liberam adrenalina e cortisol na corrente sanguínea.
Estes têm muitos efeitos sobre os órgãos alvo, incluindo a liberação da reserva armazenada
de glicose, aumentando o fluxo sanguíneo para os músculos e aumentando a pressão arte
rial, tudo como parte de uma mobilização constelar do corpo para uma possível ação, defesa
ou o que seja. Um efeito dos hormônios de estresse é diminuir a ação do sistema imunológi
co, por isso estresse continuo indesejado pode reduzir a habilidade de combater
doenças. Embora este efeito contra intuitivo dos hormônios de estresse não seja totalm
ente compreendido, ele não deve ser ignorado.
Embora simplista, esse resumo fornece uma base para compreender como a mús
ica afeta o corpo. E de grande interesse, como o corpo, em seguida, afeta o cérebr
o. Como mencionado acima, o cérebro também recebe os efeitos dos hormônios que comando
u as glândulas (por exemplo, a adrenalina) para liberar. Portanto, não há "feedback".
Em outras palavras, nossos cérebros e nossas glândulas estão em um contínuo “pas de deux”(n
ma dança à dois). Agora um fato fascinante é que o maior efeito da liberação de adrenalina
(também chamada epinefrina ) é a afetar o cérebro, especialmente um grupo de células do
cérebro com formato de amêndoa denominada amígdala. A amígdala pode ser compreendida co
mo o principal centro de comando emocional. Quando a amígdala é particularmente ativ
ada, acredita-se que é quando as emoções são vivenciadas. Há um outro efeito importante -
quando uma experiência faz com que a adrenalina seja liberada e, finalmente, ativ
e a amígdala (na verdade, através da mediação de um outro hormônio chamado noradrenalina),
as memórias da experiência inicial são reforçadas. Ou seja, o corpo diz ao cérebro quanta
adrenalina foi liberada, o que por sua vez, modifica a força que o cérebro armazena
a memória do evento, que começou a coisa toda. Em suma, quando vivenciamos algo mui
to importante, ou até mesmo traumático, muita adrenalina é liberada, o que "instrui",
e a amígdala para ajudar a outras partes do cérebro a armazenar memórias mais fortes.
(1) Assim, como nós viemos com a pergunta da música e hormônios, devemos perceber que
hormônios são secretados no corpo e afetam os processos corporais, tais como os sist
emas cardiovascular, muscular e imunológico, também afetam o cérebro.
Existem diversos estudos, principalmente nos últimos cinco anos ou mais, q
ue abordaram a questão de que a música por si mesma muda a liberação de nossos hormônios d
e estresse. A maior parte deles se concentraram em medir os níveis de cortisol ant
es e após várias exposições à música.
Podemos começar com a tentativa de reduzir os níveis de cortisol, ou mais es
pecificamente para prevenir o aumento na liberação desse hormônio de estresse, em conj
unto com diagnósticos invasivos e procedimentos cirúrgicos. Gastroscopia é uma dessas
técnicas de diagnóstico, envolve a inserção de uma sonda por via oral no estômago do paci
ente num estado acordado e consciente. Esta é uma situação altamente estressante e, po
rtanto, qualquer abordagem que possa reduzir o estresse pode ser útil. Dr. Escher
e colegas de trabalho permitiram que um grupo de pacientes que iriam se submeter
à gastroscopia selecionasse e ouvisse o tipo de música que preferissem, escolhidos
em consulta com um musicoterapeuta. Um grupo de controle não ouviu música. O grupo d
e controle mostrou um grande aumento do nível de cortisol, e também ACTH, no sangue.
Em contrapartida, o grupo musical demonstrou uma significante diminuição na liberação d
esses hormônios. (2) Em uma abordagem semelhante, neste caso para cirurgia, Miluk-
Kolasa et al. mediram os níveis de cortisol em pacientes que receberam a informação de
que eles teriam que se submeter a uma cirurgia no dia seguinte. (3) Um grupo re
cebeu uma hora de música imediatamente após a recepção desta notícia desagradável, enquanto
outro grupo de pacientes cirúrgicos não receberam tratamento; um terceiro grupo não ci
rúrgico de pacientes serviu como controle adicional. Estes pesquisadores descobrir
am que a informação sobre a cirurgia iminente gerou um aumento de 50% do cortisol em
15 minutos em ambos os grupos cirúrgicos. Os pacientes cirúrgicos que não receberam a
música apresentaram um maior nível de cortisol uma hora depois que o grupo com música
, que tinha voltado para uma linha de base semelhante à do grupo não cirúrgico de cont
role . Assim, a música reduziu a duração da resposta do cortisol ao estresse. Ambos os
estudos indicam que os níveis de hormônio do estresse pode ser reduzido pela exposição à
música em um ambiente de tratamento médico.
E indivíduos saudáveis que não estão em um estado medicamente comprometido? Möckel
e vários colegas da Universidade Livre de Berlim realizaram este estudo. Eles exa
minaram os efeitos de três tipos de música medindo vários fatores fisiológicos. Utilizar
am uma valsa de Johann Strauss, porque tinha um ritmo regular. Para contrastar c
om essa, utilizaram uma composição de um compositor mais contemporâneo WH Henze ; os a
utores observam que seu ritmo era marcado de maneira irregular. A terceira música
foi de Ravi Shankar, selecionado por sua natureza meditativa, sem fortes caracte
rísticas rítmicas. Os níveis de noradrenalina e de cortisol também foram reduzidas em um
tipo de música, a peça de Shankar (4). Naturalmente, os tipos de música eram diferent
es em muitos aspectos, além de ritmo, então o aspecto musical específico que foi respo
nsável é desconhecido. Mesmo assim o controle hormonal através da música, parece claro.
Embora estes resultados todos parecem concordar que a música diminui os níve
is de hormônios do estresse, este não é um achado universal. Por exemplo, Brownley et
al investigaram como a música afeta cortisol em corredores treinados e destreinado
s sob três condições:. "Sedativo", "rápido" e sem música (5) Na sequência de exercícios int
ivos, os autores observaram aumento dos níveis de cortisol para (o grupo que ouviu
) a música rápida, comparado com (o grupo que ouviu) a música sedativa e (o grupo) não m
usical apenas nos corredores não treinados. Assim, a música pode inclusive aumentar
os hormônios do estresse. Com efeito, nos casos em que a reação geral ao estresse de m
obilização do corpo pode ser desejável, a música pode ser uma boa maneira de promover es
te resultado. Tal é o caso quando a atividade extenuante é necessária. Os corredores t
reinados já podem ter condicionado seu corpo para otimizar os níveis de estado hormo
nal, daí a ausência do efeito da música rápida.
Outros estudos também mostram que a música pode aumentar, bem como diminuir
os hormônios do estresse. E isso não tem que acontecer sob condições de intensa atividad
e ou exercício atlético. Em uma pesquisa alunos de graduação de música e de biologia foram
expostos às duas seleções de “Holst's The Planets” - Vênus e Júpiter. O primeiro foi class
cado como calmo e este último como bastante agitado (lively). A taxa Hormonal foi
alterada pela música, mas o efeito não era tanto devido ao tipo de música (relaxante c
ontra energizante) quanto para o campo de estudo das disciplinas. Os estudantes
de biologia apresentaram uma diminuição no cortisol, à semelhança do que se poderia espe
rar de outros estudos sobre os efeitos da música. Em contraste, os estudantes de mús
ica tiveram aumentos significativos no cortisol. Mais tarde, em entrevista, os e
studantes de música indicaram que eles estavam engajados ativamente na análise menta
l da música, alguns até mesmo "tocando" seus instrumentos mentalmente. (6) Os mesmos
autores obtiveram resultados semelhantes em um estudo de acompanhamento em que
a música desagradável e até mesmo trágica foi tocada para os dois grupos (7).
Em conjunto, estes resultados indicam que não há relação simples entre música e os
hormônios do estresse. Não é só uma questão do tipo de música tocada, mas também as ativid
s cognitivas e outras atividades mentais que o indivíduo traz para a situação. Esta pa
rece ser uma consideração fundamental na compreensão da interação entre a música, os hormôn
e o cérebro. Além disso, as consequências a longo prazo da experiência musical precisam
ser lembadas. Conforme já mencionado, aumento da liberação de hormônios do estresse pod
e fortalecer memórias para eventos que ocorreram naquele momento, ou pouco antes.
Assim, nos casos em que se quer aumentar a memória, a música que produz um nível hormo
nal transitoriamente maior pode ser utilizado, o "outro lado" da sedação musical. Além
disso, ao contrário da receita de um antibiótico ou de um remédio terapêutico similar ,
uma "receita para a música" tem de ser formulada com a devida atenção e conhecimento
do estado cognitivo, do nível de conhecimento e a provável resposta mental do indivídu
o ao receber o tratamento musical.
Os indivíduos saudáveis já auto selecionam a música mas, muitas vezes, sem uma
compreensão de como ou por que certas músicas os afetam de maneira particular. Se um
a seleção produz alguns sinais de excitação do sistema nervoso autônomo, como aumento na r
espiração e na frequência cardíaca, o indivíduo pode se "auto-medicar", com um aumento de
níveis de cortisol, adrenalina e outros hormônios de estresse. Se feito continuament
e, níveis elevados crônicos desses hormônios podem ser alcançados. Se isto tem implicações
raves para a saúde precisa ser determinado. Embora alguém possa não querer considera
r que estão aplicando uma "overdose" de cortisol, seria prudente pensar seriamente
a respeito.

-- N. M. Weinberger
(1) McGaugh, JL and Cahill, L. Interaction of neuromodulatory systems in modulat
ing memory storage. Behav. Brain Res. 1997 Feb, 83(1-2):31-8.
(2) Escher, J., Hohmann, U., Anthenien, L., Dayer, E., Bosshard, C. and Gaillard
, R.C. (1993). [Music during gastroscopy} {German]. Schweiz. Med. Wochenschrift,
123, 1354-1358.
(3) Miluk-Kolasa, B., Obminski, S., Stupnicki, R. and Golec, L. (1994). Effects
of music treatment on salivary cortisol in patients exposed to pre-surgical stre
ss. Exper. and Clin. Endocrinol., 102, 118-120.
(4) Möckel, M., Röcker, L., Störk, T., Vollert, J., Danne, O., Eichstädt, H., Müller, R. a
nd Hochrein, H. (1994). Immediate physiological responses of healthy volunteers
to different types of music: cardiovascular, hormonal and mental changes. Eur. J
. Appl. Physiol., 68, 451-459.
(5) Brownley K.A., McMurray ,R.G., and Hackney, A.C. (1995). Effects of music on
physiological and affective responses to graded treadmill exercise in trained a
nd untrained runners. International J. Psychophysiology, 19(3):193-201
(6) VanderArk, S.D. and Ely, D. (1992). Biochemical and galvanic skin responses
to music stimuli by college students in biology and music. Percept. Motor Skills
74, 1079-1090.
(7) VanderArk, S.D. and Ely, D. (1993). Cortisol, biochemical, and galvanic skin
responses to music stimuli of different preference values by college students i
n biology and music. Percept. Motor Skills 77, 227-234.

Originalmente publicado no site: http://www.musica.uci.edu/mrn/V4I2F97.html


Autor: Norman M. Weinberger
Traduzido do inglês por GUILHERME LEONARDO ARAUJO
Tradução disponível no site: http://ponderas.blogspot.com/
PNL, Música, Comunicação.

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