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Programa de Residência Universitária – Construindo Inclusão e Igualdade Social

Autor: Inácio Fernandes de Araújo Junior1


e-mail: ienandes@yahoo.com.br
Co-Autores: Reginaldo Nascimento da Silva
e-mail: naldinho_ufc2006@yahoo.com.br2

Resumo

A entrada de jovens de diferentes classes sociais nas universidades exige uma política ativa
de igualdade, devido desnivelamento entre ricos e pobres é necessário que a assistência estudantil
cumpra um papel de criar condições para a permanência desses estudantes na universidade
disponibilizando recurso para cobrirem as suas despesas básicas e os seus gastos para se manterem
estudo. Pois de nada adianta a inclusão de alunos de baixa renda, se não houver a garantia de que
eles possam participar ativamente da vida universitária. Essas ações garantem a permanência dos
alunos em seus cursos fazendo com que não desistam e nem retardem a sua conclusão. No caso da
Universidade Federal do Ceará o Programa de Residência Universitária oferece condições para os
alunos que não possuem condições de custear moradia na cidade de Fortaleza e cursar a graduação
superarem os desafios ao bom desempenho acadêmico e se mantenham na Universidade. Assim,
com o intuído de investigar o impacto desse Programa foi desenvolvido um estudo dos aspectos
socioeconômico de seus beneficiários para analisar os reflexos dessa iniciativa na vida desses
estudantes e os impactos e benefícios desse investimento para a sociedade.

Palavras chaves: Assistência estudantil, residência universitária e inclusão social.

Introdução
1
Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará.
2
Mestrando do Curso de Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
A universidade, na sua busca por formar profissionais e cidadãos para a construção de uma
sociedade justa e igualitária, é uma expressão da própria sociedade brasileira, abrigando também as
contradições nela existentes, com diversas formas de segregação e diferenças que variam em
intensidade.

A busca da redução das desigualdades socioeconômicas faz parte do processo de


democratização da universidade e da própria sociedade. Esse processo não se pode efetivar, apenas,
no acesso à educação superior gratuita. Torna-se necessária a existência de mecanismos que
viabilizem a permanência e a conclusão de curso dos que nela ingressam, reduzindo os efeitos das
desigualdades apresentadas por um conjunto de estudantes, provenientes de segmentos sociais cada
vez mais pauperizados e que apresentam dificuldades concretas de prosseguirem sua vida
acadêmica com sucesso.

Para que o estudante possa desenvolver-se em sua plenitude acadêmica, é necessário


associar, à qualidade do ensino ministrado, uma política efetiva de investimento em assistência, a
fim de atender às necessidades básicas de moradia, alimentação, saúde, esporte, cultura e lazer,
inclusão digital, transporte, apoio acadêmico entre outras condições.

A assistência estudantil criar condições para a permanência desses estudantes na


universidade disponibilizando recurso para cobrirem as suas despesas básicas e os seus gastos para
se manterem estudo. Essa política faz com que eles não desistam antes da conclusão de seus cursos
e nem retardem a sua conclusão e favorece a apresentação de menores percentuais de abandono e de
trancamento de matrícula.

Cabe as Universidades assumirem a Assistência Estudantil como direito e espaço prático de


cidadania e de dignidade humana, o que irá ter efeito educativo e reflexos na sociedade. Para análise
esse assunto esse artigo foi desenvolvido em cinco partes. Na primeira parte foi feito uma
contextualização da Assistência Estudantil nas Instituições de Ensino Superior, na segunda parte é
esplanada a Assistência na Universidade Federal do Ceará, a terceira parte trata-se da apresentação
do Programa de Residência Universitária. Em seguida, na parte quatro, é feita a análise
socioeconômica dos beneficiários do Programa e o impacto em suas vidas proporcionado por essa
assistência. A parte cinco traz as conclusões desse estudo apontando a dimensão desse tipo de ação
para diminuir as desigualdades sociais a pobreza no Brasil.

Assistência Estudantil nas Instituições de Ensino Superior

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Com a entrada na Universidade de jovens antes excluídos, exige uma política ativa de
igualdade. É preciso assegurar a todos tempo livre para estudo, amplo acesso a livros e a outros
bens culturais. Assistência estudantil é um dos meios para essa inclusão, através de um conjunto de
políticas para melhorar as condições de permanência e aproveitamento dos estudantes no ensino.

Atualmente nas Universidades, como em toda a sociedade brasileira, a um desnivelamento


brutal entre ricos e pobres, na medida em que os primeiros desfrutam de mais tempo, meios e
condições para estudar, enquanto os últimos trabalham para custear os estudos, ajudar nas despesas
de suas famílias e nunca tiveram acesso pleno a bens culturais. E mesmo depois de concluída a
graduação se mantém as desigualdades, enquanto os que possuem um nível de renda melhor podem
ficar sob a “proteção” dos pais, que os sustentam enquanto eles acumulam dinheiro ou investem em
educação, os jovens de origem mais humilde têm que trabalhar para conseguir os seus meios
básicos de sobrevivência e de sua família.

E em um contexto de ampliação do acesso a educação superior, com o Programa


Universidade para Todos (Prouni) e o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão
das Universidades Federais (Reuni) a assistência estudantil torna-se como nunca indispensável. De
nada adianta a inclusão de alunos de baixa renda, se não houver a garantia de que eles possam
participar ativamente da vida universitária e concluir com sucesso os cursos de graduação e pós.

A Assistência Estudantil no Âmbito da Universidade Federal do Ceará

Atuando como gestora das políticas de assistência estudantil na Universidade Federal do Ceará
UFC a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis – PRAE está subdivida nas coordenadorias de Desporto
e Lazer, Assistência Comunitária e Restaurante Universitário, oferecendo aos estudantes serviços de
moradia estudantil, assistência médico-odontológico, apoio psicossocial, bolsas de iniciação
acadêmica, restaurante universitário, inclusão digital e promoção de eventos e atividades. Essas
ações de Assistência Estudantil são uma política essencial no contexto do ensino, da pesquisa e da
extensão por possibilitar melhor desempenho nas atividades acadêmicas dos estudantes, na
perspectiva de inclusão social, formação ampliada, produção de conhecimento, melhoria do
desempenho acadêmico e da qualidade de vida. O objetivo é viabilizar a igualdade de oportunidades
entre todos os estudantes e contribuir para minimizar situações de repetência e evasão, decorrentes
da vulnerabilidade financeira.

Programa de Residência Universitária

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O Programa de Residência Universitária da UFC disponibiliza moradia e alimentação aos
estudantes de baixa renda que não moram na cidade de Fortaleza, tendo como finalidade promover
as condições necessárias para o bom desempenho acadêmico que auxiliem a superar as dificuldades
para permanência na graduação. Os pré-requisitos para entrar receber o auxilio de moradia da
Universidade são não ter concluído nenhum curso de graduação, o núcleo familiar não residir em
Fortaleza, avaliação da situação socioeconômica da família e ter cursado o Ensino Médio em escola
pública. No total são 15 residências universitárias – REU, abrigando 309 estudantes, 119 mulheres,
38,5% do total, e 190 homens, 61,5%, de diferentes localidades do estado do Ceará e de outros
estados, cursando os mais diversos cursos como Direito, Medicina, Enfermagem, Farmácia,
Ciências Econômicas, Administração, Contábeis, Secretariado, Biblioteconomia, Economia
Doméstica, Psicologia, Letras, Pedagogia, História, Geografia, Sociologia, Filosofia, as
Engenharias, Física, Matemática, Estatística, Química, Música, Arquitetura, Agronomia e
Zootecnia.

Perfil dos Moradores da Residência Universitária – UFC

Com o objetivo de traçar o perfil socioeconômico dos moradores da Residência


Universitária, avaliar o seu desempenho acadêmico e medir o impacto do Programa em suas vidas
foi realizada uma pesquisa durante o mês de agosto de 2009 através da aplicação de questionários
com os atuais beneficiários do Programa. No total foram entrevistados 37 residentes, representando
12% do total de moradores, sendo 23 homens e 14 mulheres, 62,2% e 37,8% respectivamente,
moradores de diferentes casas, escolhidos aleatoriamente e que se disponibilizaram voluntariamente
a responder a entrevista.

Verificou-se através da pesquisa que dos residentes pesquisados 18,9% declararam-se


branco, 16,2% negros, 5,4% mulato, 5,4% amarelo e a maioria 54,1% pardos (Gráfico1). Entre eles
94,6% são solteiros e apenas 6,4% são casados ou possuem união estável. Observou-se que cerca de
79% dos residentes têm mais 22 anos, e na faixa etária de 18 a 21 anos têm-se 19,4% e com menos
de 18 anos apenas 2,8% (Gráfico 2).

Gráfico 1: Etnia dos residentes da UFC Gráfico 2: Distribuição, segundo idade,


dos residentes da UFC
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).
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Para entrar no Programa de Residência o estudante deve seguir alguns critérios,
estabelecidos pela PRAE, como ter cursado o Ensino Médio em escola pública, não ter concluído
nenhum curso de graduação, o núcleo familiar não residir em Fortaleza e avaliação da situação
socioeconômica. Observando a situação dos atuais moradores pode-se constatar essa realidade
abstraída do processo de seleção dos alunos, sendo que, 86,5% dos entrevistados concluíram todo o
Ensino Médio em escolas de ensino gratuito e apenas 13,5% estudaram parte do Ensino Médio em
estabelecimento de ensino particular (Tabela 1).

No gráfico 3, verifica-se que para 73% dos residentes a escolha do curso na UFC deve-se ao
fato de ser mais adequado às aptidões pessoais e para os outros 27% as escolha foi devido a outros
motivos, como influência de professores ou a baixa concorrência no vestibular. Perguntados sobre
as expectativas em relação ao que esperam obter no curso superior 56,8% dos residentes
responderam que buscavam formação profissional, 18,9% aumento de conhecimento, 16,2%
formação teórica para pesquisa e 8,1% tem outros planos em estar no curso de graduação (Gráfico
4).

Tabela 1: Tipo de estabelecimento de ensino onde o residente cursou o Ensino Médio


Onde cursou o Ensino Médio Quant. Freq. (%)
Todo em Ensino Público 29 78,4
Escolas Comunitárias 3 8,1
Maior parte em Ensino Pública 5 13,5
Total 37 100,0
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

Gráfico 3: Motivo para escolha do curso de Gráfico 4: Expectativa dos residentes


graduação na UFC pelos residentes quanto para o curso superior
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

O Programa de Residência Universitária da UFC tem a finalidade de promover as condições


necessárias para o bom desempenho acadêmico dos seus beneficiários cobrindo as suas despesas
com moradia e alimentação contribuindo para que possam dedicar mais tempo aos estudos.
Analisando, a partir do Gráfico 5, o Índice de Rendimento Acadêmico – IRA dos residentes com o
intuito de avaliar se o Programa está realmente contribuindo para proporcionar um bom

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desempenho acadêmico verifica-se que 35,1% possuem o IRA acima de 8.500 pontos, 32,4% estão
com o seu IRA entre 7.500 e 8.500, 18,9% têm a sua média entre 6.500 e 7.500 e apenas 8,1% dos
residentes segundo a pesquisa estão com o IRA inferior a 6.500 pontos, o que vem a ser um bom
resultado, principalmente quando se avalia o número de reprovações, já que, apenas 32,4% dos
residentes possuem reprovações em seu histórico, sendo que dos que possuem reprovações 50% têm
apenas uma reprovação ao longo de sua de sua graduação e 41,7% duas (Tabelas 2 e 3).
Condicionando esses resultados aos do Gráfico 6, que mede a participação em atividade
extracurricular, podemos concluir que o desempenho acadêmico dos residentes está sendo
satisfatório, pois observar-se 73,0% participam de alguma atividade extracurricular inseridos em
atividade de pesquisa, monitoria, PET, grupos de estudo, bolsas e apenas 27% não participa de
nenhuma atividade extraclasse.

Gráfico 5: Média do IRA dos residentes


entrevistados

Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio


Fernandes, 2009).

Tabela 2: Número de residentes com reprovações

Possui reprovação Quant. Freq. (%)


Sim 12 32,4
Não 25 67,6
Total 37 100,0
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

Tabela 3: Situação dos residentes quanto ao número de reprovações

Número de reprovações Quant. Freq. (%)


Uma 6 50,0
Duas 5 41,7
Três 0 0,0
Quatro 1 8,3
Total 12 100,0
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

6
Gráfico 6: Participação dos residentes em atividade extracurricular
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

O Gráfico 7 aponta os resultados em relação à participação dos residentes em atividade


remunerada, com exceção de bolsas da Universidade, 35,1% estão inseridos em alguma atividade
remunerada, sendo que 24,3% possuem estágio, 2,7% emprego fixo, 2,7% trabalham como
autônomo e 5,4% participam de outras atividades. A maioria, 64,9%, não realiza nenhuma atividade
remunerada.

Gráfico 7: Participação dos residentes em


atividade remunerada (exceto bolsa)

Levando em consideração a importância da realização de atividades práticas durante a


formação acadêmica, para melhor preparar os futuros formandos para o mercado de trabalho, foi
perguntado aos residentes se a atividade remunerada exercida está vinculada a área de
conhecimento. Para 76,9% está vinculada, mas para 23,1% a atividade remunerada não tem
nenhuma relação a seu campo de formação.

Tabela 4: Participação dos residentes em atividade remunerada (exceto bolsa)


vinculadas a área de conhecimento
Atividade remunerada está vinculada a área
Quant. Freq. (%)
conhecimento?
Sim 10 76,9
Não 3 23,1
Total 13 100,0
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

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O Programa de Residência da UFC atualmente não reserva vagas para estudantes da pós-
graduação, o contrário de outras universidades, como a Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, e diante da situação de grande procura por vagas na residência por alunos da graduação e
também da pós seria interessante o aumento do número de vagas na residência.

Analisando as expectativas dos residentes para após a conclusão do curso de graduação,


segundo a Tabela 5, constata-se que 40,5% desejam continuar estudando, almejando fazer pós-
graduação. Esses estudantes poderiam ser beneficiados se o Programa reservasse vagas para alunos
que estão fazendo Especialização, Mestrado ou Doutorado. Para 37,8% dos residentes após a
conclusão de curso pretende ocupar uma posição no mercado de trabalho, para 5,4% resumem suas
pretensões em possuir melhor nível cultural e econômico e para também 5,4% está em condições de
ajudar economicamente a família.

Tabela 5: Expectativas dos residentes após a conclusão da graduação

Expectativas após a conclusão da graduação Quant. Freq. (%)


Fazer pós-graduação 15 40,5
Entrar no mercado de trabalho 14 37,8
Estar em melhor situação econômica e cultural 2 5,4
Melhorar a situação econômica da família 2 5,4
Não respondeu 4 10,9
Total 37 100,0
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

Observa-se através do Gráfico 8, se agregarmos os residentes que tem alguma renda, que
81% dos residentes responderam possuir renda, sendo que cerca de 38% recebem mais de 300 reais
mensais, 27% apresentam renda individual entre 200 e 300 reais mensais, 5,4% possuem renda
entre 100 e 200 reais e 10,8% renda individual de até 100 reais.

Quando o aluno é beneficiado com o Programa de Residência Universitária há uma redução


das despesas para sua família, que não precisam mais arcar com uma série de custos para a
permanência do estudante em Fortaleza. E além de representar uma despesa a menos no orçamento
familiar esses estudantes, em alguns casos, a partir da permanência na Residência Universitária,
conseguem incrementar uma renda a mais para a família, caso de 8,1% dos residentes que são
independentes financeiramente e um dos responsáveis pelo sustento da família. Agregando com os
outros 27% independentes financeiramente são no total 35,1% de residentes responsáveis por
custeados as próprias despesas. Para 21,6% dos residentes os seus gastos são custeados em parte por
seu próprio trabalho e 43,2% têm os seus gastos totalmente custeados (Gráfico 9).

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Gráfico 8: Distribuição da renda mensal Gráfico 9: Participação dos residentes na
dos residentes da UFC vida econômica da família

Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

Em relação à idade que iniciou a exerce atividade remunerada 10,8% dos residentes
começou a trabalhar antes dos 14 anos de idade, 2,7% entre 14 e 16 anos, 5,4% entre 16 e 18 anos,
43,2% após os 18 anos e 37,2% nunca trabalhou (Gráfico 10). No tocante as atividades exercidas
pelos residentes antes de sua entrada na UFC a maioria 59,5% só estudava e os 41,5% já trabalham
como consta o Gráfico 11.

Gráfico 10: Idade que o residente iniciou Gráfico 11: Atividade exercida pelo
a exercer atividade remunerada residente antes de entrar na UFC

Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

Para 78,3% dos residentes a renda familiar mensal é de no máximo 900 reais. E 21,7%
possuem renda superior a 900 reais mensais. Para uma análise mais fidedigna da situação financeira
familiar, é importante verificar a distribuição da renda considerando o tamanho das famílias, ou
seja, quantas pessoas dependem da renda familiar. Para os residentes observa-se que a precariedade
é significativa, a renda familiar que já não é muito alta tem que ser dividida para muitas pessoas,
caso de 64,9% que tem a renda familiar dividida para mais de cinco pessoas, a renda dividida para
quatro pessoas são 16,2%, para três pessoas 13,5% e para duas 5,4% (Gráficos 12 e 13).

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Gráfico 12: Distribuição da renda Gráfico 13: Quantidade de pessoas que
familiar mensal dos residentes da UFC dependem da renda familiar

Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

Analisando a Tabela 6 sobre o tempo de permanência na Residência é possível verificar na


pesquisa que 18,9% estão em seu primeiro ano na moradia estudantil, 24,3% de 1 a 2 anos e o
restante, 56,8% há mais de 2 anos, tempo suficiente para que o aluno tenha uma visão formada
sobre o Programa, o que contribuirá para as perguntas seguintes.
Tabela 6: Quantidade de anos que o residente entrevistado está morando na Residência

Tempo que mora na Residência Universitária Quant. Freq. (%)


Até 1 ano 7 18,9
De 1 a 2 anos 9 24,3
De 2 a 3 anos 12 32,4
De 3 a 4 anos 4 10,8
Mais que 4 anos 5 13,6
Total 37 100,0

Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

Além de oferecer moradia o Programa de Residência Universitária da UFC disponibiliza aos


seus beneficiários três refeições durante os dias letivos e auxilio de R$ 13,00 ao dia durante os
finais de semana e feriado, períodos esses, em que o Restaurante Universitário – RU é fechado.

Esses auxílios são de fundamental importância para que os residentes possam manter-se
estudando e tenham um bom desempenho acadêmico, visto que, se a Universidade não cobrisse os
gastos com refeições além de provocar uma perda na qualidade da alimentação iria fragilizar ainda
mais a baixa renda na qual os residentes desfrutam mensalmente.

A PRAE em suas atribuições com a Residência Universitária através da Divisão de Moradia


é responsável pelo auxílio aos moradores das REUs, manutenção das casas e intermediação de
conflitos entre os residentes.
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A Tabela 7 mostra a avaliação dos residentes a esse Programa e a qualidade da alimentação
no RU. Perguntados sobre a qualidade da moradia nas residências 8,1% consideram ótima as
instalações das REUs, 51,4% considera bom e 40,5% regular. Vale ressaltar o trabalho que a PRAE
vem fazendo no último ano para melhoria das residências, com a realização de reformas e o envio
de equipamentos e eletrodomésticos para as casas. Analisando a qualidade das refeições no
Restaurante Universitário houve certa insatisfação quanto à alimentação servida, segundo 2,7% dos
residentes entrevistados a comida tem péssima qualidade, 13,5% consideraram que é ruim, 51,4%
consideraram regular e apenas 32,4% consideram boa. Em relação à assistência prestada pela PRAE
5,4% consideraram ótima, 37,8% boa, 40,5% regular e 16,3% ruim (Gráfico 14).

Tabela 7: Declaração dos residentes da UFC em relação à qualidade da moradia nas residências,
alimentação no Restaurante Universitário e assistência prestada pela PRAE

Avaliação (%)
Opinião do residente quanto a:
Ótima Boa Regular Ruim Péssima
Qualidade da moradia nas residências 8,1 51,4 40,5 0,0 0,0
Qualidade das refeições no Restaurante Universitário 0,0 32,4 51,4 13,5 2,7
Avaliação da assistência prestada pela PRAE 5,4 37,8 40,5 16,3 0,0
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

Justificando a avaliação quanto à qualidade da assistência prestada pela PRAE 13,5% dos
residentes declararam que a PRAE possui relação distante com os residentes, 16,2% disseram que
em suas atribuições a PRAE cumpri o mínimo possível, 13,5% consideram que existe descaso e
mau atendimento de alguns funcionários, 10,8% afirmaram que sempre foram bem atendidos,
19% responderam que não tem nada a declarar e 27% não respondeu a essa pergunta (Tabela 8).

Gráfico 14: Declaração dos residentes da UFC em relação à qualidade da


moradia nas residências, alimentação no Restaurante Universitário e
assistência prestada pela PRAE
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

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Tabela 8: Declaração dos resistentes sobre a assistência prestada pela PRAE aos residentes

Declarações em relação à PRAE Quant. Freq. (%)


Possui relação distante com os residentes 5 13,5
Faz o mínimo possível em suas atribuições 6 16,2
Descaso e mau atendimento de alguns funcionários 5 13,5
Sempre foi bem atendido 4 10,8
Não tem nada a declarar 7 19,0
Não respondeu 10 27,0
Total 37 100,0
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

Seria muito importante que todos os estudantes vindos do interior do estado para Fortaleza e
que possuem fragilidade econômica pudessem morar na Residência Universitária, mas devido ao
limite de vagas nem todos os estudantes que solicitam vaga no Programa conseguem moradia. Mas
além do problema do limite de vagas existe a falta de informação quanto à existência de moradia e
assistência estudantil prestada pela Universidade. Muitos dos atuais residentes têm irmãos, parentes
ou amigos próximos que moram ou que moraram nas Residências, o que acabou por facilitar o seu
ingresso no Programa. Mas para muitos estudantes, do interior do estado, devido à falta de
informação, acaba por abandonando o sonho de ingressar no Ensino Superior por considerar
inviável a vinda para Fortaleza.

A resposta dos residentes a pergunta se estariam na UFC se não existisse a Residência leva a
concluir sobre a sua importância do Programa, já que para 59% dos entrevistados a sua entrada e
permanência na Universidade Federal se deve ao Programa e os outros 41% concluíram que teriam
condições de estar na UFC se não fosse a Residência Universitária (Tabela 9). Analisa a situação
dos atuais residentes se não existisse o Programa 64,9% consideraram que estariam fazendo a
graduação, na UFC ou em outra Instituição de Ensino, mas com dificuldades de morar em Fortaleza
e custear as suas despesas, 21,6% teriam feito o vestibular para a UFC e se tivessem passado no
exame não teriam condições de ingressar no curso. Para 13,5% dos residentes nem teriam feito o
vestibular para a UFC se não existisse a Residência Universitária (Gráfico 15).

Tabela 9: Declaração dos residentes a respeito da importância do Programa de Residência


em sua entrada na UFC

Se não existisse a REU você estaria na UFC? Quant. Freq. (%)


Sim 15 40,5
Não 22 59,5
Total 37 100,0
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

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Gráfico 15: Considerações dos residentes da UFC sobre como
estariam hoje se não existisse da REU
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).

Conclusão

A Universidade possui a missão de construir a cidadania através da transferência de cultura e


conhecimento mantendo um compromisso social com o seu público. A assistência estudantil vem de
encontro à necessidade de inclusão dos menos favorecidos financeiramente possibilitando o seu
melhor desempenho na Universidade que se refletirá na sua qualificação profissional e na condição
de vida futura do estudante e de sua família. Em um contexto de alta desigualdade social na qual o
Brasil está inserido é fundamental o investimento das Universidades em iniciativas que contribuam
para aproximar os mais pobres da realidade do Ensino Superior.

A concentração de renda no Brasil é uma das maiores do mundo. Seus índices estão dentre
as últimas posições do mundo. “Os dados apontam que cerca de 1% dos brasileiros mais ricos (1,7
milhão de pessoas) detém uma renda equivalente à renda dos 50% mais pobres (86,5 milhões)”
(NETO e SORONDO, 2007).

A má distribuição de renda torna mais difícil para os pobres saírem do estado de miséria no
qual estão inseridos. Um dos caminhos para acabar com essas desigualdades são melhorias na
educação, a fim de gerar inclusão social e reduzir a concentração de renda.

Investimento em educação constituísse em construção de capital humano, beneficiando a


sociedade como um todo, que se reflete em várias medidas, aumento da produtividade no trabalho,
maior iniciativa empreendedora, inovação, que além de contribuir para o fim de desigualdades na
sociedade contribuem também para o desenvolvimento do país. Programas como a moradia
estudantil oferecida pela UFC garantem que estudantes que não teriam condições de estar na
Universidade concluam o curso superior e saiam da situação de precariedade na qual viviam,
possibilitando melhorias em sua condição de vida e de sua família, acabando com todo um ciclo de
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pobreza no qual estariam destinados, refletindo nas gerações futuras, pois os seus descendentes
terão maiores chances de possuir melhores situações de vida proporcionada pela formação de seus
pais.

Referências Bibliográficas

ALVES, Jolinda de Moraes – A Assistência estudantil no Âmbito da Política de Educação Superior


Pública, 2006.

Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis - FONAPRACE, Plano


Nacional de Assistência Estudantil, 2001.

Ministério da Educação, Imprensa, Notícias. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index>.


Acesso em: 16 de setembro de 2009.

Universidade Federal do Ceará, Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis. Disponível em:


<http://www.prae.ufc.br/index.html>. Acesso em 16 de setembro de 2009.

NETO, Dary Pretto e SORONDO, Fabrício Borges - A nova metodologia de cálculo do PIB: Brasil
a décima Economia Mundial – e o desenvolvimento econômico, 2007.

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