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Paulo L. Marques
De quê estamos falando?
O Cooperativismo e a Economia Solidária são formas/ práticas de fazer
economia (organização do trabalho, produção e comercialização). Tendo
a primeira surgido como reação dos trabalhadores ao modo de produção
capitalista nascente no século XIX e a segunda como resistência ao
aprofundamento da exclusão social no final do século XX.
Como reflexo dos processos históricos e políticos em que estão inseridas,
estas práticas adquiriram sentidos diferentes ao longo de sua constituição,
seja tornando-se funcional ao capitalismo ou como um projeto de “outra
economia possível” alternativa ao sistema dominante.
2-Abertura para novos sócios desde que integralize uma quota mínima de capital igual para
todos;
3-O capital investido seria remunerado com juros de 10%, o objetivo era evitar que todo
excedente fosse apropriado pelos investidores, que é o principio capitalista;
4-O excedente que sobra depois de ser remunerado o capital deve ser distribuído entre os
sócios conforme o valor de suas compras. (A terceira e a quarta regra fixavam a repartição do
excedente de uma forma que estimulasse tanto a inversão de poupança como as compras na
cooperativa)
5-A sociedade só venderia a vista( essa regra visava impedir que a Cooperativa fosse a
falência)
Mutualismo: Proudhon
Socialismo
Autogestionário(Conselhistas) Rosa
Luxemburgo/K. Korsh/
Gramsci(Conselhos de Fábrica)
Anos 80-90: Criação de núcleos urbanos de geração de trabalho e renda pela Cáritas Brasileira através dos
PACs(Projetos Alternativos Comunitários)
Primeira metade dos anos 90: Constituição de Cooperativas autogestionárias de trabalhadores na indústria a partir da
reativação de fábricas fechadas no ABC paulista.
1994-Criação da ANTEAG ( Associação Nacional de Trabalhadores de Empresas de Autogestão);
1995-Criação da primeira Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares ( ITCP/COPPE/UFRJ
1996-Primeiras Políticas Públicas locais de fomento à Economia Solidária. ( Administração Popular -Porto Alegre )
Criação da rede UNITRABALHO
1999-Criação da ADS ( Agencia de Desenvolvimento Solidário) da CUT
Implantação do primeiro Programa estadual de Economia Solidária ( Governo Rio Grande do Sul-1999-2002)
2001-Criação do GT- Grupo de Trabalho Nacional de Economia Solidária no âmbito do 1º Fórum Social Mundial
reunindo diversas entidades(Cáritas, IBASE,ADS/CUT, ANTEAG,ITCPs);
2002-Criação do FBES-Fórum Brasileiro de Economia Solidária;
2002- Fundação da UNISOL Brasil
2003-Criação da Rede nacional de Gestores da Economia Solidária;( mais de 30 gestores de governos municipais e
estaduais de todo o país)
2003-Criação da SENAES- Secretaria Nacional de Economia Solidária no Ministério do Trabalho e Emprego;
2004- Realização do I Encontro Nacional de Empreendimentos de Economia Solidária.
2004- Criação da UNICAFES
2006-Realização da I Conferência Nacional de Economia Solidária.
2006-Criação do Conselho Nacional de Economia Solidária
2008- realização da IV Plenária Nacional do FBEs
2010- II Conferência Nacional de Economia Solidaria.
Plataforma do Movimento Social da
Economia Solidária
Combater a exclusão social, eliminando as desigualdades materiais;
Ampliar as oportunidades de trabalho, mantendo a atividade econômica ligada ao seu
fim primeiro, que é responder às necessidades produtivas e reprodutivas da sociedade;
Fortalecimento dos princípios da solidariedade e da cooperação em detrimento do
individualismo/competição;
Substituir as velhas práticas de maximização do lucro individual por novos conceitos,
como vantagens cooperativas e eficiência sistêmica;
Fortalecimento dos empreendimentos e organizações populares;
Promover a justiça econômica e social e a democracia participativa, sem a tutela de
estados centralizadores e longe das práticas cooperativas burocratizadas (
cooperativismo empresarial)
Estímulo ao controle social- autonomia e autogestão- tanto das atividades econômicas
como dos dos fóruns e redes;
Relação direta entre produtores e consumidores, conferindo uma face humana às
relações de intercâmbio;
Desenvolvimento local respeitando a diversidade de fatores( humanos,ambientais,
culturais, regionais) integrados em sua realização;
Respeito ao saber acumulado pelo conjunto dos trabalhadores;
Criação de um mercado solidário, estimulando o consumo ético,ecológico e
sustentável;
II Conferência Estadual de Economia Solidária
Porto Alegre, 8 de maio de 2010
II Conferência Nacional de Economia Solidária
Brasília, 16,17,18 de junho de 2010
A Educação para Autogestão
A escola como espaço de construção de
contra-hegemonia
Economia solidária como ato pedagógico
A Economia Solidária no capitalismo não é algo natural; ela exige dos indivíduos que
participam dela um comportamento social pautado pela solidariedade e não mais pela
competição;
A Economia Solidária, portanto, exige que as pessoas que foram formadas a partir da
concepção dominante sejam reeducadas;
Na concepção dominante o individualismo e a competição impõe-se como valores da
ideologia da racionalidade capitalista na qual os ganhos de uns correspondem a perdas
de outros.
A Educação para a Economia Solidária somente poderá superar essa concepção
dominante com uma educação coletiva, colaborativa e cooperativa pois ela deve ser
prática de todos os que propõe uma transição, do modo competitivo ao cooperativo de
produção e distribuição.
A reeducação coletiva representa um desafio pedagógico, pois trata-se de passar a
cada educando outra visão de como a economia pode funcionar bem através do
relacionamento cooperativo entre sócios, para que os EES dêem resultados almejados;
O verdadeiro aprendizado dá-se com a prática, pois o comportamento econômico
solidário só existe quando é recíproco.( Singer, 2005)
Educação para a Autogestão
A Economia Solidária no processo de aprendizagem não deve ser um fim em si,
mas como via de empoderamento dos educandos para tornarem-se gestores dos
seus EES e sujeitos do seu próprio desenvolvimento pessoal, comunitário e social;
É uma educação para a autogestão, deve ser centrada numa concepção não
dogmática nem doutrinária do conhecimento, mas que tenha como base a pesquisa
e o diálogo como métodos essenciais de construção do conhecimentos;
A Economia deve ser objeto da aprendizagem na escola, a partir do seu
significado etimológico de gestão como, cuidado da casa, autogestão do bem
viver dos habitantes da casa.
Essa definição etimológica do termo incita a reflexão: A Economia concebida
como arte de gerir as diversas casas que habitamos, nos desafia a aprender a
discutir nossas relações sociais de modo ao mesmo tempo autônomo e solidário.
A Educação para a Autogestão é , portanto, um aprendizado para a igualdade e
inclusão de todos. Igualdade de condições que elimina a sociedade hierárquica,
propondo uma sociedade marcada por relações democráticas, onde as diferenças
entre os indivíduos possam acontecer sem gerar desigualdades.
A escola e os elementos da disputa de
hegemonia