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UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA

CENTRO REGIONAL DAS BEIRAS

Avaliação e Intervenção

na

Educação Especial

Fevereiro 2011
UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA

CENTRO REGIONAL DAS BEIRAS

Curso de Especialização em Educação Especial

Reflexão sobre Avaliação e Intervenção

na

Educação Especial

Trabalho realizado para o Módulo de Avaliação e Programação


Docente: Mestre Fernanda Azevedo
Discente: Lurdes Cardoso
Índice

1. Introdução……………………………………………………………

2. Breve perspectiva evolutiva da Educação Especial em Portugal …

3. Necessidades Educativas Especiais ………………………...

4. Organização e Funcionamento da Educação Especial…………………..

5. Avaliação e Intervenção na Área das NEE…………………………………

5.1. Avaliação Psicopedagógica………………………………………….


5.2. Avaliação Preliminar……………………………………………………
5.3. Referenciação / Relatório Técnico-Pedagógico……………………..
5.4. Programa Educativo Individual……………………………………….
5.5. Plano Individual de Transição………………………………………..

6. Processo de Gestão Curricular / Professor do Ensino Especial…………

7. Conclusão……………………………………………………………………..

8. Bibliografia…………………………………………………………………….

9. Anexos………………………………………………………………………..
1. Introdução

O presente trabalho insere-se no âmbito do módulo Avaliação e Programação


da Pós-Graduação em Ensino Especial e tem por objectivo traçar uma reflexão
sobre avaliação e intervenção na área do Ensino Especial.

Apresentar-se-á, ainda que de uma forma abreviada, um enquadramento


histórico da Educação Especial abordando-se o modo como se desenharam as
relações sociais em termos conceptuais e práticos com as crianças portadoras de
deficiências nos diferentes contextos sociais até à época actual destacando-se o
desenvolvimento do conceito de Necessidades Educativas Especiais.

Seguidamente far-se-á referência ao modo como a escola regular se organiza de


forma a dar respostas às problemáticas destas crianças, salientando a criação de
escolas de referência, a criação de unidades bem como a articulação com os
serviços da comunidade (Decreto-Lei 3/2008, de 7 de Janeiro).

Posteriormente abordar-se-á o processo de avaliação na área das Necessidades


Educativas Especiais salientando a importância da Avaliação Psicopedagógica e
da Avaliação Preliminar bem como todo o processo de intervenção que passa
pela referenciação do aluno, do Relatório Técnico-Pedagógico, do Programa
Educativo Individual e do Plano Individual de Transição. Cabe ainda neste item
uma abordagem ao papel que o professor do Ensino Especial desempenha neste
processo de gestão curricular.

Após a conclusão será apresentado em anexo um trabalho prático (elaborado em


grupo durante algumas sessões deste módulo) contendo todos os documentos
referentes ao processo de intervenção de uma aluna com Necessidades
Educativas Especiais.
2. Breve perspectiva sobre a evolução da Educação Especial

Apesar de só recentemente se terem implementado leis para dar uma melhor


qualidade de vida às crianças com NEE, verifica-se que no decurso dos séculos
houve uma evolução mais ou menos contínua relativamente às atitudes sociais
face aos sujeitos portadores de deficiências. Para tal muito contribuíram os
pensamentos/teorias de alguns filósofos, as organizações político-económicas e
religiosas, em suma a cultura envolvente de cada país.

Até ao séc. XVIII, as crianças com deficiência mental eram tratadas como
criminosas ou loucas na medida em que eram consideradas como produtos de
transgressões morais. Assim, estas acabariam internadas em orfanatos,
hospícios, prisões ou outros tipos de instituições estatais. Considerado como o
séc. das luzes e da razão, este foi deveras um dos períodos da história onde se
internava indiscriminadamente qualquer sujeito que apresentasse falta de razão.

Nos princípios do séc. XIX, a sociedade muda o seu paradigma e nasce uma
necessidade de prestar apoio a sujeitos com deficiência. Este apoio revestiu-se
mais de um carácter mais proteccionista e assistencial do que educativo. Iniciou-
se assim, um período de institucionalização especializada de sujeitos com
deficiência pois permanecia ainda a ideia da sua irrecuperabilidade o que ditou a
criação de asilos que se alargou até às primeiras décadas do séc. XX levando à
discriminação e segregação do sujeito com deficiência mental.

Entre os anos 50 e 60 começam a surgir centros especializados onde se


implementou uma pedagogia diferenciada e que levou a uma educação especial
institucionalizada baseada nos níveis de capacidade intelectual diagnosticado em
termos de coeficiente intelectual. Apesar destes centros terem equipamentos
adequados, programas próprios bem como professores e técnicos devidamente
habilitados, não potenciavam a integração social da criança com défice.
Por volta dos anos 70, surgiu o conceito da normalização (Bank-Mikkelsen),
possibilitando o sujeito com défice mental desenvolver um tipo de vida tão
normal quanto possível. Tal mudança materializou-se em 1975 no congresso
americano através de um decreto-lei que ficou conhecido pela Public Law 94-
142. Esta lei pressionou os sistemas educativos a elevarem a sua qualidade na
prestação de serviços na área da Educação Especial promovendo a igualdade de
oportunidades. Determinou assim a existência de uma educação pública e
gratuita para todas as crianças com NEE, a garantia de um processo adequado
em todas as fases, uma avaliação exaustiva sem qualquer tipo de descriminação
quer racial ou cultural, a colocação da criança num meio menos restritivo
possível bem como a elaboração de um plano educativo individua e o
envolvimento parental.1

Outro momento marcante e determinante na evolução da Educação Especial foi


a publicação do Warnock Report em 1978, relatório de uma comissão de
inquérito sobre a situação das crianças deficientes. Passou-se assim do conceito
de deficiente para o de sujeito com NEE. Nesta sequência, os objectivos
educativos passaram a ser iguais para todos os alunos beneficiando aqueles com
NEE de um programa adaptado às suas diferenças.

Este processo atingiu o seu auge em Junho de 1994 através da Declaração de


Salamanca, uma conferência mundial sobre NEE na qual Portugal também
participou. Segundo Mayor, citado por Correia2 esta declaração inspirada no
princípio da inclusão e no reconhecimento da necessidade de actuar com o
objectivo de conseguir uma escola para todos, potenciou e implementou políticas
e práticas na área das NEE.

3. Necessidades Educativas Especiais

O conceito “Necessidades Educativas Especiais” apresenta contornos fluidos e


não parece ser percepcionado exactamente da mesma forma pelo conjunto dos
agentes envolvidos: destinatários da acção educativa especial, pais, docentes,
docentes especializados, médicos, técnicos de saúde, terapeutas, técnicos
especializados, técnicos da administração educativa, associações de deficientes,
entre outros. Efectivamente, não existe uma definição universal, de utilização
recorrente, que circunscreva com exactidão o domínio desta acção educativa
especial; cumulativamente não encontrámos uma caracterização dos sujeitos
sobre quem recai esta acção educativa especial.

Sugere-se, para facilitar a delimitação do conceito Necessidades Educativas


Especiais, a utilização da definição da administração educativa inglesa: DfES e
1
Correia, L.M. (1999), Alunos com Necessidades Educativas nas Classes Regulares, p. 23
2
Idem, p. 33
Ofsted: “O termo Necessidades Educativas Especiais inclui alunos com
capacidades de diferentes níveis, que demonstrem dificuldades na aprendizagem
e cognição, comunicação e inter-acção, nos aspectos físicos e sensoriais, e/ou
comportamentais, emocionais e de desenvolvimento social.” 3 A OCDE
desenvolveu um conceito operativo tripartido “DDD” para a realização de
estudos comparados sobre Necessidades Educativas Especiais: Categoria A
(Deficiências) – abarca os alunos cujas necessidades educativas decorrem de
uma causa orgânica ou biológica identificada. (ex: hipoacusticos) Categoria B
(Dificuldades) – abarca os alunos cujas necessidades educativas não parecem
residir numa causa orgânica, nem num factor de desvantagem social. (ex:
sobredotados, problemas de comportamento ou dislexicos) Categoria C
(Desvantagens) – abarca os alunos cujas necessidades educativas decorrem de
factores socioeconómicos, culturais ou linguísticos. (ex: imigrantes).

Em Portugal apesar de este conceito só ter sido adoptado no final da década de


80 só na década de 90 com a publicação do Decreto-Lei 319/91, de 23 de
Agosto é que foi constituído um marco decisivo na garantia de frequência dos
alunos com NEE nas escolas regulares. Recentemente, com o Decreto-Lei
3/2008, de 7 de Janeiro a Educação Especial passou, em Portugal, a responder
às necessidades educativas especiais dos alunos com “limitações significativas
ao nível da actividade e participação num ou vários domínios da vida,
decorrentes de alterações funcionais e estruturais, de carácter permanente,
resultando em dificuldades continuadas ao nível da comunicação, da
aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e
da participação social” (art. 1º).

Nesta sequência são o grupo alvo da Educação Especial os alunos com NEE de
carácter permanente num ou mais dos seguintes domínios: visão, audição, motor,
comunicação, linguagem e fala, saúde física e cognitivo/emocional. Esta
definição já se insere num modelo mais dinâmico de interacção pessoa/meio
sociocultural.

4. Organização e Funcionamento da Educação Especial

Para que possa existir um bom funcionamento da Educação Especial, as escolas


regulares devem contemplar nos seus Projectos Educativos adequações de carácter
organizativo e funcional para responder de forma ajustada às crianças com NEE de

3
http://www.portugal.gov.pt/pt/Documentos/Governo/MEd/Necessidades_Educativas_Especiais_Relatorio.pdf
carácter permanente de forma a assegurar a sua participação nas actividades da
turma e da comunidade escolar em geral.4

De forma a adequar todo o processo de acesso ao currículo bem como a inclusão


escolar e social, o DL nº3/2008 prevê a educação de alunos cegos e com baixa
visão (art. 23.º)

4
DL n.º 3/2008, 7 de Janeiro, art. 4.º

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