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Guia 2010/2011
Demonstrações
Financeiras e
Sinopse Legislativa

Fonte de informação
valiosa para a
elaboração das
demonstrações
financeiras do exercício
que se encerra em 31 de
dezembro de 2010.
Guia 2010/2011
Demonstrações
Financeiras e
Sinopse Legislativa

Este documento está


disponível para consulta
e download no site:
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PwC - Centro de Documentação

PricewaterhouseCoopers
Demonstrações financeiras e sinopse legislativa: guia 2010/2011 /
PricewaterhouseCoopers. – [20. ed.] - São Paulo : PricewaterhouseCoopers, dez. 2010.
136 p.

Conteúdo: Apresentação: Fernando Alves; Contexto Econômico: A economia


brasileira diante de novos desafios: mais crescimento, com estabilidade, inclusão social e
sustentabilidade; Contexto Normativo: Reflexões para a preparação das demonstrações
financeiras; Contexto Tributário: Reforma tributária, verdades e mitos;
Sinopse Normativa: Nacional (CPC, CFC, CVM, CMN e BACEN, SUSEP, PREVIC e IBRACON)
e Internacional (IASB e FASB); Navegador Contábil, Manual de Contabilidade; Sinopse
Legislativa: Tributos e Contribuições Federais, Estaduais e Municipais, Comércio Exterior,
Outros Assuntos, Atos do Poder Judiciário; Evolução histórica de índices e taxas de câmbio.

Inclui CD Rom: “Guia 2010/2011 - Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa


- Checklist de Divulgação IFRS/CPC - 2010”

1. Demonstrações financeiras 2. Sociedades anônimas – Demonstrações financeiras 3.


Empresas - Demonstrações financeiras. I. Título.

CDU: 657.372(81)(036)

Índices para catálogo sistemático

1. Brasil : Sociedades anônimas : Demonstrações financeiras 347.725(81)


2. Brasil : Empresas : Demonstrações Financeiras 347.728.1(81)
3. Brasil : Contabilidade : Demonstrações financeiras 657.372(81)
4. Brasil : Contabilidade : Demonstrações financeiras : Guia 657.372(81) (036)

© 2010 PricewaterhouseCoopers Brasil. Todos os direitos reservados. Neste documento, “PwC” refere-se à
PricewaterhouseCoopers Brasil, firma membro da PricewaterhouseCoopers International Limited, constituindo-se
cada firma membro da PricewaterhouseCoopers International Limited pessoa jurídica separada e independente.

Permitida a reprodução desde que citada a fonte.

Dezembro, 2010
convidamos o renomado economista Além do correto entendimento

Apresentação
Paulo Rabello de Castro. Sob sua da essência das mudanças, há o
ótica, em 2010 provamos que é desafio de aplicá-las com clareza,
possível crescer com estabilidade. diferenciando as mudanças
O equilíbrio agora depende da provocadas pelo desempenho do
conciliação entre a continuidade negócio no decorrer do ano e aquelas
do crescimento, a manutenção do advindas da mudança do padrão
controle da inflação e a crescente contábil. Nesse sentido, na seção
prosperidade para todas as camadas Contexto Normativo, apresentamos
da sociedade. O principal desafio de as nossas reflexões acerca da
nosso país, complementa, é de ordem preparação, dos impactos e das
institucional, especialmente no que se demais consequências da aplicação
refere à reforma do sistema tributário das novas normas contábeis baseadas
e redução do chamado custo Brasil. em IFRS no ambiente empresarial
brasileiro.
Os diversos aspectos e as variáveis
envolvidas na alentada reforma A ênfase do IFRS em princípios, em
tributária são apresentados no detrimento de uma abordagem mais
Contexto Tributário com enorme normativa, traz para o processo de
propriedade pelo ex-secretário da aplicação de princípios contábeis
Receita Federal, Everardo Maciel. uma dimensão mais ampla e, nesse
Entre outros pontos de reflexão, o sentido, demanda maior consideração
tributarista destaca a importância para informações sobre a estratégia,
de uma profunda discussão sobre o a doutrina e prática de governança
tamanho e a natureza do Estado como corporativa, a política de riscos
Fernando Alves base para uma reforma tributária. e gestão de recursos, os aspectos
Sócio Presidente de atuação ambiental, bem como
PwC - Brasil Nas sinopses Normativa e a consideração de elementos de
Legislativa compilamos resoluções, performance empresarial para o setor
pronunciamentos, normas, medidas ou segmento econômico específico
e decretos instituídos ou modificados da entidade. Itens essenciais para o
ao longo deste ano. Complementamos melhor entendimento do negócio e de
tal compilação com interpretações e seu desempenho, assim como de seu
O Guia Demonstrações Financeiras comentários de nossos especialistas potencial futuro.
e Sinopse Legislativa da PwC chega visando facilitar a compreensão
à 20ª edição. Todos os anos, há duas e a avaliação dos possíveis A maior amplitude e transparência de
décadas, uma equipe selecionada desdobramentos dessas normas informações se refletirão em maior
da PwC – Brasil, formada por na preparação das demonstrações confiança dos investidores não só em
profissionais das áreas de auditoria e financeiras. nossas empresas, mas em nosso país
de consultoria tributária e societária e, em consequência, demonstrações
se dedica a compilar, analisar e IFRS financeiras melhor preparadas e
comentar as instruções, deliberações, A elaboração das demonstrações com mais conteúdo informativo e de
normas e leis relativas ao processo financeiras com base no novo análise.
de preparação de demonstrações padrão contábil brasileiro, por sua
financeiras que sofreram alterações vez referenciada pelo chamado A PwC – Brasil, cônscia de seu
ou foram instituídas durante o padrão IFRS (International Financial papel como líder no seu segmento
exercício social pertinente. Tal Reporting Standards), para o de atuação, com essa publicação
trabalho culmina com a publicação exercício a findar em 31 de dezembro pretende disseminar conhecimento e
do Guia Demonstrações Financeiras de 2010 é o grande desafio neste oferece uma contribuição à melhoria
e Sinopse Legislativa. Além das momento. Chegou a hora de colocar da qualidade das demonstrações
questões técnicas, o trabalho ainda em prática o novo conjunto de financeiras no nosso país.
traz comentários de especialistas normas que vem sendo discutido e
sobre o cenário econômico, tributário analisado nos últimos anos por órgãos
e normativo no País. reguladores, membros do Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC), Fernando Alves
Para oferecer uma análise sobre o analistas, auditores, associações Sócio Presidente
Contexto Macroeconômico atual e de empresas de capital aberto, PwC - Brasil
as perspectivas para o próximo ano, acadêmicos e demais especialistas.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 3


Sumário

Contexto

Econômico
A economia brasileira diante de novos desafios: mais crescimento,
com estabilidade, inclusão social e sustentabilidade 6

Normativo
Desafios e possibilidades decorrentes da preparação, em novos padrões, de
demonstrações financeiras 14

Tributário
Reforma tributária, verdades e mitos 20

Sinopse

Normativa
1. Nacional - CPC, CFC, CVM, CMN e BACEN, SUSEP, PREVIC e IBRACON 26
2. Internacional - IASB e FASB 60
3. Navegador Contábil 78
4. Manual de Contabilidade 82

Legislativa
1. Tributos e Contribuições Federais 84
2. Tributos Estaduais e Municipais 100
3. Comércio Exterior 102
4. Outros Assuntos 103
5. Atos do Poder Judiciário 105

Evolução de taxas de câmbio, índices de inflação


e juros

1. Taxas de câmbio 118


2. Índices de inflação 120
3. Taxas de juros 124

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 5


Contexto Econômico
A economia brasileira diante de novos
desafios: mais crescimento, com estabilidade,
inclusão social e sustentabilidade

1. 2010: bom avanço marca o fim da era Lula


Uma vez superados, ainda em 2009, os principais obstáculos impostos à
economia brasileira pela crise internacional, o ano de 2010 vem mostrando
que é possível, sim, crescer com estabilidade. Com o excelente desempenho
do Produto Interno Bruto (PIB), o mercado enxerga um crescimento na
faixa de 7,5% em 2010. Devemos, contudo, sempre qualificar este avanço,
relativizando-o em função da base deprimida da produção em 2009,
quando o País zerou a taxa de expansão do PIB na esteira da crise. A média
de crescimento no biênio 2009-10 se situa, portanto, na faixa de 3,7% ao
ano, que reflete o ritmo do produto potencial brasileiro.

O desafio que se apresenta ao Brasil no período pós-Lula é continuar


conciliando aceleração do crescimento com inflação sob controle
e crescente prosperidade para todos. Esta equação de equilíbrio
Paulo Rabello de Castro macroeconômico exigirá maior taxa de investimento, superando a marca de
Economista, vice- 20% do PIB, taxa ainda não alcançada em nenhum dos anos passados após
presidente do Instituto a estabilização da nossa moeda em 1994. Para estimular o investimento
Atlântico chairman da nos próximos anos, o setor privado precisa reter mais lucros não tributados,
SR Rating e sócio-diretor reinvestindo-os, e o setor público tem que fazer o dever de casa de controlar
da RC Consultores. melhor seus gastos correntes para poder aumentar sua despesa de capital.
O desafio é de ordem institucional, pois a estrutura tributária brasileira
atual é incompatível com o avanço pretendido. Os tributos no Brasil devem
ser reformulados integralmente, com coragem para simplificar, inovar e
“O desafio que se tornar o sistema completamente transparente aos contribuintes que arcam
apresenta ao Brasil com a carga tributária. A despesa pública deve ser controlada pelo efetivo
desempenho de metas de governo, aferidas setorialmente a cada ano, ou
no período pós- seja, pela verificação da produtividade do gasto e da eficiência de cada
Lula é continuar projeto governamental.1 (G1)

conciliando aceleração
do crescimento com
inflação sob controle e
crescente prosperidade
para todos.”

1
A respeito desse desafio de maior eficiência do setor público, ver o estudo, em dois
volumes, de Paulo Rabello de Castro e Raul Velloso, Panorama Fiscal Brasileiro:
Proposta de Ação, Fecomercio, 2010.

6 PwC
G1. Crescimento dos Gastos Correntes e da Receita Líquida da União
Em 2010, vimos a taxa nacional de desemprego
cair para 6,2% até setembro - o ponto mais baixo
desde 2003, que é o início dessa série histórica. Em
21%
doze meses até setembro de 2010, ante o mesmo
mês do ano anterior, o País gerou mais 816 mil
19% vagas de trabalho formais, ocupando mais 762 mil
pessoas, e pagando, em média, um salário mensal
% do PIB

de R$ 1.499,00 - avanço de quase R$ 100,00 por


17%
trabalhador, já descontada a inflação do período. As
repercussões social e política de tais marcas positivas
15% no emprego e na renda não podem ser minimizadas.
Elevou-se a confiança do grande público no futuro
pessoal e da coletividade. E com a maior confiança
13%
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 E veio a forte expansão dos gastos de consumo,
acompanhada do crescente e rápido endividamento
Fonte: Tesouro Receita Líquida Gastos Correntes
de extratos mais amplos da população. (G2)

O crédito pessoal, principalmente o consignado,


avançou 24% em agosto de 2010 ante a posição de
doze meses anteriores. O crédito habitacional, a
G2. Massa Real de Rendimentos Mensais* mercê dos esforços concentrados do governo nessa
área, com novos programas, em destaque o Programa
32
Minha Casa, Minha Vida, iniciado em plena crise em
3,5% 2009, fez a oferta de recursos explodir em 51%, em
7% igual período. Também avançaram fortemente os
28
3,4% financiamentos para compra de bens duráveis, com
R$ bilhões

7,9% ênfase na venda interna de automóveis e utilitários.


6,3%
Todos esses importantes avanços, mais a atuação
24
4,2%
agressiva do BNDES na concessão de créditos para
4,1%
investimentos, acumularam um expressivo aumento
do estoque total de créditos na economia brasileira
20 que, pela primeira vez, em sua modernidade,
registra a marca de 50% do PIB, no volume geral de
empréstimos na economia brasileira. (G3)
16
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 P 2011P
Fonte: IBGE
Um impulso de consumo dessa natureza não se
(*) Valores reais em base mensal (Jan/2008=100) (P) Projeção RC Consultores concretiza sem importantes consequências. Uma
delas é o maior comprometimento da renda dos
brasileiros no longo prazo. Em 2010, a capacidade
de gastar dos brasileiros aumentou quatro vezes
G3. Evolução do crédito mais em função do avanço do crédito do que pelo
aumento da massa salarial. O crédito devido hoje
Bilhões Bilhões

1800 400
pelas famílias brasileiras já envolve um valor
correspondente a 15 vezes seu ganho salarial de
1600 350 2010. Pela primeira vez, o Brasil atinge patamares
1400
300
perigosamente altos de endividamento pessoal de
1200
longo prazo, o que exigirá muito mais cuidado e
250 sintonia fina nas políticas públicas.
1000
200
800
150
600
100
400

200 50

0 0
jan/00 jan/00 jan/00 fev/00 fev/00 mar/00 mar/00

Fonte: Bacen Total Crédito Habitacional BNDES Crédito Pessoal

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 7


O comentário anterior evidencia também a crescente Mas elevar os juros além do que seria razoável pela
disfunção da política doméstica de juros. Desde a equiparação dos juros externos mais risco-país
instituição do sistema de metas de inflação, o Banco torna o Brasil mais vulnerável a crises financeiras.
Central opera a taxa de juros como reguladora O desdobramento mais perigoso da prática de juros
da demanda interna, em geral com extremo altos demais é convidar uma quantidade excessiva de
conservadorismo em virtude, principalmente, de uma recursos de curto prazo a ingressarem no País buscando
desconfiança crônica na política fiscal do governo. O rentabilidade extra no mercado financeiro, implicando
peso enorme dos juros como encargos financeiros do em pressão vendedora intensa de moedas estrangeiras
governo tem sido um desdobramento negativo dessa e na valorização imoderada do real. O poder de
política de frear a expansão do consumo privado, competição da indústria nacional, já normalmente
quando não se refreia o gasto corrente da máquina fragilizado pelo alto “custo-Brasil”, se desmonta com a
pública. Outra consequência é a instabilidade na valorização contínua da nossa moeda. O resultado do
rolagem das dívidas privadas, especialmente das balanço de pagamentos em conta-corrente passa a ficar
famílias, algo que se agravará se no horizonte aparecer cada vez mais negativo, como vem ocorrendo em 2010
uma nova crise externa a ser enfrentada. É natural que de modo intenso. (G5)
o Banco Central seja conservador. (G4)

G4. Juros básicos

28
26,5%
Projeção

24

19,75%
20

16,0%
16
%
13,75%
11,25%
12 10,75%
10,00%
8,75%
8

4
jan/03 jan/04 jan/05 jan/06 jan/07 jan/08 jan/09 jan/10 jan/11

G5. Transações correntes


Acumulado em 12 meses - US$ bilhões

20

10 Projeção

-10

-20

-30

-40

-50

-60

-70
jan/95 jan/97 jan/99 jan/01 jan/03 jan/05 jan/07 jan/09 jan/11
Fonte: Bacen
(P) Projeção RC Consultores

8 PwC
A semelhança da situação vivida no período FHC, com Em resumo, a propensão a gastar do governo cria
o déficit crescente da balança em conta-corrente, e a curiosas repercussões: 1. rebaixa o poder de competição
posição deficitária atual, ao final do governo Lula - como de produtos nacionais; 2. subsidia os importados com
mostra o gráfico 5 (G5) -, dá conta de um desequilíbrio moeda local valorizada; 3. favorece a justificativa
que não é só no setor externo da economia, mas reflete, da manutenção de juro muito alto; 4. favorece a
sobretudo, o desequilíbrio fiscal interno. O governo gasta expectativa de valorização do real; 5. aumenta o
muito, mas o pior é que gasta muito mais do que arrecada, encargo financeiro suportado pelos tributos dos
provocando um excesso de demanda na economia, não contribuintes; 6. aumenta a propensão ao déficit futuro
coberto por oferta doméstica. Pelo contrário, o excesso pelo custo de rolagem de uma dívida pública majorada.
de demanda derivado do excesso de gasto de governo é
fechado por acentuada expansão das importações. Estas Tudo indica, portanto, a essencialidade da tarefa de a
são subsidiadas pelo juro alto doméstico, que financia o próxima administração mudar a sua política financeira,
gasto público com emissão de dívida interna. E de que enxugar o déficit fiscal e desonerar o contribuinte.
forma surge esse subsídio? Pela maciça entrada de dólares
que acorrem ao mercado doméstico para aproveitar o juro
alto e o câmbio que se valoriza. (G6)

G6. Dívida bruta do governo

85

80

75
% do PIB

70

65

60
dez/01 jan/03 fev/04 mar/05 abr/06 mai/07
Fonte: Bacen

O principal desdobramento da crise internacional, a maior e mais grave


2. A persistente desde a Grande Depressão dos anos 30, é a perda de capacidade de consumo
de amplos segmentos da sociedade capitalista ocidental. Nos chamados
crise mundial: da “países de economia avançada”, as quedas apuradas no PIB não refletem
ressaca dos déficits integralmente a intensidade do recuo do consumo. Com a confiança
muito abalada, os consumidores norte-americanos e europeus sentem-se
públicos à guerra contingenciados a refazer seus planos de poupança e de aposentadoria,
cambial alargando a parcela da renda corrente dedicada a não gastar e, sim, reforçar
as debilitadas aposentadorias. (G7)

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 9


G7. Índice de confiança do consumidor nos EUA - evolução mensal

120

110

Set/10
100

90

80

70

60

50

40
jan/01 jan/02 jan/03 jan/04 jan/05 jan/06 jan/07 jan/08 jan/09 jan/10

Fonte: Fed St. Louis

O governo americano contra-atacou a recessão, desde 2008, com sucessivas medidas de sustentação da renda e
do consumo. A mais importante e óbvia medida - a redução a quase zero da taxa de juros - não rendeu o efeito que
tivera na recessão de 2001, quando Alan Greenspan conseguiu ressuscitar o consumo por meio desse expediente,
trazendo a taxa a 1%, mas plantando a grande bolha imobiliária que se sucedeu. Desta vez, o mercado mal se
mexeu. Em 2010, a administração Obama percebeu que pouco restava também dos efeitos do enorme pacote fiscal
de estímulo de US$ 787 bilhões lançado no ano anterior. Os recursos injetados pela área pública estão circulando
muito devagar na economia americana porque os bancos, fragilizados ou quebrados em sua maioria, relutam em
emprestar. O nível de crédito, em termos absolutos, cai (!) desde o início da crise. A construção de casas novas está
estancada no nível mais baixo das décadas recentes. Por isso, o governo anuncia o que chama de novo “afrouxamento
monetário” - “Quantitative Easing 2” no jargão local - que autoriza o Fed a socorrer mais bancos, comprar mais títulos
de recebimento duvidoso no mercado e adiar o ajuste no nível de capitalização do sistema bancário. Num contexto
tão adverso, a principal economia do mundo patina e sua moeda desce ladeira abaixo. Alguns países, como o Brasil,
deixam que esse efeito de valorização “passiva” ocorra com sua moeda, o real. Porém, a China não. Esta alega que
sairia prejudicada no emprego de sua extensa mão de obra. E deixa sua moeda deslizar para baixo com o dólar. (G8)

10 PwC
G8. Valorização nominal de câmbio: moedas nacionais/dólar
Queda do índice significa valorização

140

130 Argentina
120

110
México
100
Euro
90 Chile
80 Japão
China
70

60 Brasil
50
dez/04 jun/05 dez/05 jun/06 dez/06 jun/07 dez/07 jun/08 dez/08 jun/09 dez/09 jun/10
Fonte: Bacen

G9. Comparação entre os cenários

PIB (%)

FMI RC JPMorgan
2009 2010 2011 2010 2011 2010 2011
Produto mundial -0,6 4,8 4,2 3,2 2,5 3,6 2,9

Economias desenvolvidas -3,2 2,7 2,2 1,9 1,5 2,3 1,9

Estados Unidos -2,4 2,6 2,3 2,4 1,8 2,6 2,4


Euro área -4,1 1,7 1,5 1,1 1,1 1,7 1,5
Japão -5,2 2,8 1,5 1,8 1,2 3,0 1,1
Reino Unido -4,9 1,7 2,0 1,0 1,2 1,7 2,2

Economias emergentes 2,5 7,1 6,4 6,2 4,8 6,9 5,7

Rússia -7,9 4,0 4,3 3,6 2,6 4,3 4,7


China 9,1 10,5 9,6 9,4 7,8 9,8 8,6
Índia 5,7 9,7 8,4 7,7 7,0 8,3 8,5
Brasil -0,2 7,5 4,1 7,2 3,8 7,5 4,5

O ambiente internacional passou a ser de disputa As agências multilaterais, com o FMI à frente, torcem
comercial e cambial, como fora previsto por vários pela recuperação das economias ditas avançadas e pela
especialistas, ainda em 2009. O protecionismo entre manutenção de um forte crescimento entre os emergentes,
nações também grassou nos anos 1930, na Grande especialmente os BRICs, e neles, especialmente a China e a
Depressão. Muitos apontam essa deterioração da India. Este é mais um bom desejo do que um bom cenário
cooperação internacional como um dos elementos para 2011. No gráfico 9 (G9) se vê a comparação entre
alimentadores das ditaduras de direita e de esquerda, além os cenários 2011, para o crescimento mundial e de países
do detonador da 2ª Guerra Mundial. Ainda que tal cenário diversos, do FMI em cotejo com os do Banco JP Morgan e
não seja auspicioso, talvez nem provável neste momento, da RC Consultores. Estamos bem menos otimistas do que o
é bom refletir sobre seus desdobramentos possíveis, se FMI, embora acompanhando a fixa de projeções do banco.
quisermos alinhar premissas realistas do futuro.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 11


Num mundo ainda afetado pela crise de G10. EUA - base monetária
consumo e em que há pouco espaço para
2.300
estímulos fiscais adicionais devido aos
vultosos déficits públicos, parece pouco
provável que os EUA sejam tão bem- 2.000

sucedidos no seu QE2. É mais provável


que outros países NÃO se coordenem com 1.700
o afrouxamento monetário americano,
sendo esse o caso de vários países europeus, 1.400
inclusive a Inglaterra, que vem anunciar um
programa audacioso de austeridade fiscal.
1.100
Depararemos, assim, com uma “guerra
cambial”, termo empregado para conotar a Set/10

recusa de valorização excessiva de moedas 800

cujos países andem mais rápido em seu


ajuste fiscal e comecem a crescer na frente 500
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
do demais. A falta de sincronia na política
Fonte: Fed
econômica mundial não é só por conta da
China. Também tem influência a taxa de
juros muito baixa que permite e estimula
a especulação com commodities agrícolas
e minerais. Neste aspecto, o Brasil, forte
produtor de commodities, tal como Austrália
e Canadá, tem sido beneficiário da alta de
preços que já forma uma segunda bolha,
prestes a estourar em 2011 ou, no mais G11. Índice RC de Preços de Commodities em US$*
tardar, em 2012. (G10)
550
Set/10
É impressionante como os preços de 500

commodities não recuaram, e sim, 450


avançaram em relação às medias mensais
400
pré-crise. Esse fator de preços altos tem Minerais e florestais: 4x mais
sido decisivo para fechar no azul o saldo 350

comercial brasileiro, mas é bom não contar 300


com esse efeito prolongadamente. A mãe 250
desse processo de alta continuada é o
200
baixo custo das transações financeiras que
lastreiam as operações dos hedge funds, 150

comprados nesses papéis. Quando muda 100


Agropecuários: 2x mais

a maré, o cenário se complica para os


50
produtores. É a bolha estourando. (G11) dez/00 dez/01 dez/02 dez/03 dez/04 dez/05 dez/06 dez/07 dez/08 dez/09

Fonte: RC Consultores
(P) Projeção RC Consultores

12 PwC
O problema fiscal norte-americano não permitirá soluções fáceis ou rápidas.
3. 2011: O cenário A dívida federal americana negociada no mercado pode se aproximar de
100% do PIB em poucos anos se a questão fiscal permanecer no limbo
externo influencia como está. Os estados e as municipalidades estão, muitos deles, quebrados,
e define a sorte do assim como fundos de pensão de servidores públicos. Esse quadro vem
determinando que os swaps (tipo de seguro secundário de títulos) da
cenário interno dívida federal americana estejam encarecendo no mercado, refletindo
desconforto crescente dos investidores quanto à qualidade desses papéis.
Tal desconforto já fora prognosticado na atribuição de uma primeira nota
de risco AA para o Tesouro dos EUA pela agência brasileira SR Rating, em
maio de 2009. Um ano depois, os chineses, pela agência chinesa Dagong,
atribuíram a mesma nota, que não é uma nota máxima “triplo A”. Essa
mudança reflete uma quebra de paradigma. O mundo começa a se redefinir
em termos de poder e influência econômica.

Enquanto isso, na Europa, a dívida pública, tradicionalmente mais


alta devido aos esforços pós-guerra, superou o limite de 60% do PIB
estabelecido no Tratado de Maastricht em vários países; os de 70% e 80%
em alguns países, patamar a partir do qual pesquisadores já apontam
efeitos negativos; e o de 100% em outros países comprometendo as taxas de
crescimento de longo prazo. Dada a rigidez do sistema econômico europeu,
essas situações devem perdurar por longo período. (G12)

A sorte da economia brasileira está emoldurada no quadro mundial. Assim,


a maneira como se definir o rumo da política econômica nacional, mais
ou menos reformista, mais ou menos corajosa em assumir o desafio de
reduzir o custo-Brasil, mais ou menos voltada à valorização da educação
e da sustentabilidade, é que determinará, em ultima análise, o alcance do
potencial de crescimento hoje ambicionado pelo povo brasileiro.

G12. Dívida Total do Governo Central (%)

Grécia
Itália
Bélgica
Portugal
Reino Unido
Áustria
França
Holanda
Espanha
Irlanda
Alemanha
Suécia
Dinamarca
Finlândia

0 20 40 60 80 100 120 140


Fonte: OCDE
2009 2010 P
(P) Projeção RC Consultores

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem,


necessariamente, a posição ou opinião do network de firmas PwC.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 13


Contexto Normativo
Desafios e possibilidades decorrentes
da preparação, em novos padrões, de
demonstrações financeiras

Introdução
Neste final de exercício, as empresas deverão elaborar suas demonstrações
financeiras segundo os pronunciamentos contábeis emitidos pelo Comitê
de Pronunciamentos Contábeis (CPC), aprovados pelos órgãos reguladores,
plenamente convergentes com os Padrões Internacionais de Relatório
Financeiro (International Financial Reporting Standards - IFRS).

Serão demonstrações financeiras com mais informações, baseadas em


novos conceitos e de acordo com elevados padrões internacionalmente
aceitos e disseminados nos principais mercados.

O momento representará uma mudança bastante profunda para a


maioria das empresas. Foram anos de discussões e de muito trabalho que
começaram timidamente, mas de maneira fundamental, com a tramitação
Valdir Coscodai
do Projeto de Lei nº 3.741/2000, com o objetivo ambicioso, na época,
Sócio de possibilitar a adoção das normas internacionais de contabilidade.
PwC - Brasil Anos mais tarde, entre 2006 e 2007, o Banco Central do Brasil (BCB) e a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinaram que as entidades
sob suas jurisdições preparassem as demonstrações financeiras de 2010 de
acordo com os pronunciamentos emitidos pelo International Accounting
Standards Board (IASB).
“Trata-se da mudança
mais relevante no Nestes últimos anos, o CPC, os órgãos reguladores, as associações de
companhias abertas, de analistas e auditores e outros profissionais direta
contexto da preparação ou indiretamente envolvidos pesquisaram, trabalharam e discutiram de
de demonstrações forma intensa todo esse conjunto de novas normas.

financeiras desde a As pequenas e médias empresas tiveram uma atenção especial. O CPC e o
entrada em vigor da Conselho Federal de Contabilidade (CFC) trabalharam e aprovaram um
pronunciamento técnico: o CPC PME, que tem aplicabilidade a todas as
Lei nº 6.404, em 1976.” entidades que não prestam conta publicamente e elaboram demonstrações
contábeis, para fins gerais, para usuários externos. Isso abrange um grande
número de sociedades anônimas fechadas e de sociedades limitadas.
Ainda com pequenos ajustes em andamento em seus pronunciamentos
nesta reta final de 2010, para um pleno alinhamento às normas
internacionais, o CPC disponibiliza a todos um conjunto completo de
normas e orientações para que as empresas deem um passo derradeiro
nesse processo relevante que será a disponibilização de suas demonstrações
financeiras no novo padrão internacional.

14 PwC
O momento atual é de certa forma semelhante ao vivido
Preparação das por milhares de empresas européias que adotaram os IFRS
em 2005. Tal fato nos dá o privilégio de aprendermos
demonstrações com os desafios enfrentados por essas empresas e nos
financeiras beneficiarmos dos avanços efetuados pelo próprio
IASB. Ler demonstrações financeiras de empresas que já
adotaram o IFRS no exterior ou mesmo no Brasil, entender
os impactos a partir da nota de reconciliação para o novo
padrão contábil, atentar para os quadros e para o volume
de informações, bem como para a seleção das práticas
contábeis é uma providência que pode ajudar bastante.

A seleção das práticas contábeis é um dos elementos


mais importantes para a preparação das primeiras
demonstrações financeiras em IFRS, e, para tal, o
A circunstância particular de cada empresa determinará adequado entendimento do IFRS 1 e dos pronunciamentos
os procedimentos finais para a preparação das técnicos CPC 37 e 43 é fundamental. As decisões nessa área
demonstrações financeiras. A empresa que estabeleceu serão determinantes para muitas das mudanças exigidas
ações ao longo do ano para mudanças integradas em todos os níveis da empresa, com implicações diretas
envolvendo as dimensões pessoas, processos e sistemas, em seus resultados futuros. Podem afetar as exigências
certamente neste momento está mais preocupada com para coleta de dados, os requisitos de sistemas de controles
a consistência esperada dos resultados e em como internos, inclusive dos sistemas informatizados, provocar
comunicar as mudanças trazidas pelo novo padrão uma maior ou menor volatilidade dos resultados, entre
contábil de forma estruturada para que os usuários das outros. Assim, as escolhas devem, preferencialmente, ser
demonstrações financeiras entendam seus impactos. validadas pelos responsáveis pela governança da empresa,
incluindo o Comitê de Auditoria, se existente.
A empresa que, diferentemente, não se deu conta da
extensão e do impacto desse processo, não tem como Desenvolver uma minuta de demonstração financeira
evitar o único caminho para a preparação de suas em IFRS com antecedência, com o apoio de um checklist
demonstrações financeiras, com base em uma visão de divulgações completo e adequadamente aplicado,
estruturada: (a) diagnosticar e entender as mudanças; buscando atender a todas as exigências de divulgações,
(b) determinar o tamanho e as necessidades do pode oferecer vários benefícios. Além de ajudar no
projeto de conversão, que não mais depende apenas cumprimento de prazos, poderá ajudar a verificar se o
do departamento de Contabilidade; e, finalmente, (c) negócio e as principais transações da empresa estão bem
incorporar as novas práticas, entender os novos números divulgados, antecipando a identificação de lacunas para
e os respectivos impactos, para também estar apta a uma consistente comunicação dos resultados, ou até
elaborar uma demonstração financeira conforme as mesmo para alguma atividade essencial, como poderia
exigências do IFRS e dos pronunciamentos do CPC. ser o caso de obtenção de waiver para o descumprimento
Quem deixou para a última hora, naturalmente corre um de cláusulas contratuais de empréstimos. O Conselho de
risco maior de não identificar ou tratar adequadamente Administração, muitas vezes por meio de seu Comitê de
uma mudança e, consequentemente, um risco maior de Auditoria e do Conselho Fiscal, deve estar seguro de que
reapresentação das demonstrações financeiras. as primeiras demonstrações financeiras preparadas pela
administração tenham sido objeto de cuidadosa reflexão.
São mais de 1.700 páginas de normas que devem ser
lidas, compreendidas e bem aplicadas. Se durante o ano No fim, o objetivo é atingir maior transparência e,
não foi possível parar para compreender as novas normas, com isso, disponibilizar as melhores informações para
certamente não será possível parar neste momento os acionistas e demais usuários das demonstrações
de encerramento do exercício. Além de maior apoio financeiras.
profissional, as empresas nessa situação possivelmente
necessitarão se reunir e buscar experiências com outras
empresas que estão em processo mais avançado. A
simples aplicação de um checklist definitivamente não
resolverá as questões na profundidade necessária.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 15


É importante ter ciência de que as novas normas têm como base o princípio
Importância das da essência sobre a forma. Isso para um país de sistema jurídico romano-
germânico (codificado), baseado principalmente na normatização, é um
divulgações grande desafio. Superamos esse desafio com a nova Lei das Sociedades
Anônimas e com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis emitindo as normas
contábeis convergentes com as normas internacionais, homologadas pelos
reguladores. Esse caminho permite agilizar a criação e a atualização das
normas de acordo com a necessidade de uma contabilidade moderna que,
por ser uma ciência social, tem necessidade de novas normas, revisões e
adaptações com muita frequência.

Pelo fato de tomar por base princípios e não normatização pura e


simplesmente, as novas normas contábeis brasileiras apontam para a
necessidade de uma vasta divulgação, na qual deve ficar claro, para o leitor
das demonstrações financeiras, quais princípios foram seguidos e como foram
aplicados. Vale lembrar que, mesmo sendo baseadas em princípios, há regras
que possibilitam sua aplicação de maneira coerente e regulada.

Divulgações mais profundas e detalhadas garantem informação de maior


qualidade, o que, na prática, tem se mostrado compensador em relação
ao aumento no custo para preparação e divulgação. O usuário dessas
demonstrações financeiras fica mais bem informado e, consequentemente,
mais confiante, para investir nas empresas.

As mudanças nas normas contábeis podem alterar


Impactos e
o lucro, o EBITDA e o patrimônio da empresa,
comunicação
mas não alteram a estratégia, o desempenho ou os
fluxos de caixa.
A empresa, após entender as Maior volatilidade
mudanças internamente à luz de seu
negócio, tem um segundo desafio Os números de acordo com o IFRS
que é o de explicá-las de maneira e com os novos CPCs, quando
estruturada aos investidores, comparados com os números antes
distinguindo as alterações do processo de convergência com
decorrentes de impacto efetivo no as normas internacionais, tendem a
seu desempenho daquelas advindas apresentar uma maior volatilidade.
das mudanças nas normas ou, ainda,
distinguindo as variações decorrentes Isso decorre das novas formas de
da maior volatilidade que essas mensurar a cada balanço certos
normas trazem ao resultado. ativos e passivos. Um das formas é
a valorização de ativos e passivos
A qualidade da informação e da ao valor justo, um conceito que foi
comunicação deve ser considerável, introduzido pelos primeiros CPCs,
pois o acesso a números inusitados em 2008, e que agora se intensifica.
e mal informados pode prejudicar
a confiança no processo e na
administração da empresa.

16 PwC
A mensuração de instrumentos financeiros Aquisições (combinações de empresas) feitas em etapas
mantidos para negociação ao valor justo e também o podem gerar ganhos relevantes no resultado, os quais
reconhecimento de derivativos por esse mesmo critério, podem não ser fáceis de entender e, consequentemente,
quer estejam isolados ou embutidos em outros contratos, difíceis de explicar nas demonstrações financeiras.
são exemplos de situações que resultam no aumento do Também as reorganizações societárias com o envolvimento
nível de volatilidade do resultado da empresa. de terceiros, perdas de participações ou mudanças
de controle trazem efeitos diferentes, que devem ser
Também as empresas com ativos biológicos deverão entendidos a partir da essência da regra para que uma
apresentar esses ativos ao valor de mercado, o que explicação e o seu entendimento possam ser efetivos.
impacta de forma temporal a margem bruta, o resultado
e o EBITDA. As novas normas requerem que as companhias abertas
apresentem a informação segmentada do ponto de vista
Em razão dessa volatilidade, índices financeiros serão da administração, devendo seguir o formato apresentado
impactados, inclusive os de 2009 por reapresentação ao “principal tomador de decisões” da empresa. O receio
para fins de comparação com as cifras de 2010. de divulgar informações estratégicas ao mercado e a
potenciais concorrentes, bem como a oportunidade de
Novas normas explicar melhor o negócio aparecem juntos. O desafio
para os profissionais das áreas Financeira e de Relações
A comunicação das mudanças em uma seção ou em com Investidores é encontrar o equilíbrio entre esses dois
quadros específicos do relatório da administração para aspectos. A informação por segmento é considerada de
explicar a transição para o IFRS/CPCs, em conjunto grande importância pelos investidores, e empresas podem
com outras ações de comunicação das áreas de relação se diferenciar de seus concorrentes permitindo uma
com investidores, tende a facilitar o entendimento dos análise mais apurada.
novos números. Além de ser útil e mais didático para
os investidores ou usuários não familiarizados com as O lucro líquido por ação é outra mudança importante. O
novas práticas contábeis, tanto o IFRS 1 quanto o CPC 37 conceito de lucro líquido por ação do padrão internacional
requerem a apresentação de uma nota de reconciliação é muito diferente do que vínhamos aplicando no Brasil. Ele
entre o patrimônio e o resultado, conforme a prática se subdivide em lucro básico e lucro diluído, permitindo
anterior e o novo padrão contábil. ao usuário das demonstrações financeiras entender os
impactos de eventuais potenciais alterações na composição
Algumas novas normas trazem determinados conceitos e acionária, seja por emissão de ações ou outras formas
números definitivamente diferentes. de diluição da participação dos acionistas atuais. As
dívidas conversíveis e os planos de opção de compra de
Um waiver que não tenha sido obtido até a data-base ações por funcionários são exemplos de transações que
das demonstrações financeiras poderá levar toda podem potencialmente diluir o lucro por ação dos atuais
a dívida de longo prazo para o circulante. A regra acionistas de uma empresa. Dependendo dos instrumentos
anterior permitia a obtenção do waiver até a data da financeiros com os quais uma empresa opera, o cálculo do
conclusão da elaboração das demonstrações financeiras. lucro por ação diluído pode ser complexo.
As reclassificações e redefinições para as aplicações
financeiras no balanço são outro critério que pode trazer
modificação relevante aos números.

As novas normas requerem que o ágio que resulta da


aquisição de um negócio seja determinado apenas
após o estabelecimento do valor justo dos ativos e
passivos adquiridos. Em geral, o ágio será menor
que o determinado nas antigas normas brasileiras,
mas, por outro lado, aparecerão novas categorias de
ativos e passivos, como é o caso dos ativos intangíveis,
representados por marcas, relacionamento com clientes
e tecnologias, identificados na entidade adquirida e
avaliados por seu valor justo. Tais impactos não ocorrem
porque a empresa passou a transacionar de forma
diferente, e sim pela aplicação das novas normas.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 17


“O lucro por ação é uma mudança
pequena na teoria, mas uma
grande mudança na prática para
muitas empresas. Para se ter uma
ideia de sua complexidade, muitas
reapresentações de demonstrações
financeiras no exterior se deram
por conta de erro no cálculo dessa
informação”.

18 PwC
Outras consequências e
futuros desafios

No entanto, não são somente as Além de automatizar etapas


demonstrações financeiras que manuais, rever o plano de contas
são afetadas pela mudança no e eliminar duplicações no preparo
padrão contábil. De forma geral, as de informações financeiras para
demais apresentações baseadas em práticas contábeis diferentes, os
informações financeiras, incluindo administradores serão instigados a
o Relatório da Administração efetuar uma revisão das operações
(MD&A), comunicações com da empresa. Por exemplo, mudança
analistas, documentos de roadshows, nos critérios de reconhecimento de
etc precisarão ser adaptados e ativos e passivos e nos indicadores
reformulados de acordo com a nova financeiros, como o endividamento, a
linguagem contábil. imobilização, etc, podem abrir espaço
para mudar a forma de operar ou até
A preparação dessas outras mesmo para reativar ou descontinuar
informações e comunicações alguns produtos ou negócios.
nesse novo contexto ajudará na
consolidação do processo, bem O incentivo a mudanças nas
como demandará ajustes em rotinas pode começar interna ou
sistemas, principalmente porque as externamente. O maior volume
informações em IFRS ou segundo de divulgações de informações
os novos CPCs precisarão atender financeiras em uma linguagem
a uma demanda mensal ou talvez internacional será agora entendido
diária. Afinal, a tempestividade e por mais analistas e investidores,
a velocidade da informação nunca que passam a ter maior interesse
foram tão exigidas. A experiência na empresa. É muito provável que
dessas primeiras demonstrações a utilização do IFRS seja uma das
financeiras será muito útil como mudanças mais importantes na
aprendizado, mas certamente apresentação de relatórios financeiros
revelará a necessidade de da história do Brasil.
treinamento de pessoal mais
focado e aprofundado.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 19


No contexto da grande agitação

Contexto
política que se iniciou com a renúncia
de Jânio Quadros e culminou com a
deposição de João Goulart, em 1964,

Tributário ganhou força o movimento em favor


das reformas de base, que incluía
desde a reforma agrária “na lei ou
Reforma tributária, na marra”, como se dizia à época,
até a reforma tributária. A despeito

verdades e mitos de ter reprimido duramente aquele


movimento, foi, paradoxalmente,
o governo militar quem deu
curso a uma consistente reforma
tributária, corporificada na Emenda
Constitucional nº 18, de 1965, e
Reformas políticas e econômicas efetivamente implementada em 1967.
sempre exerceram um enorme
fascínio sobre as pessoas, A Reforma de 1965-67 foi ousada:
especialmente pelas expectativas centralizou, na União, os tributos
que geram em termos de poder, sobre o comércio exterior; substituiu
ascensão social ou progresso, não a tributação em cascata do Imposto
bastasse a permanente exigência de sobre Vendas e Consignações (IVC)
adaptação das estruturas normativas por uma tributação sobre valor
e dos modelos econômicos a agregado (ICM); constitucionalizou
circunstâncias cambiantes, daí transferências federais para Estados
porque as reformas se prestam a e Municípios (Fundo de Participação
mitificações e a discursos de índole dos Estados - FPE, Fundo de
política, não raro demagógica. De Participação dos Municípios - FPM e
Gaulle, em sua biografia (“Quando Fundo Especial - FE), com o objetivo
os Robles se Abatem”), escrita por de mitigar as disparidades regionais
Everardo Maciel André Malraux, assinalava que, de renda e descentralizar o produto
Consultor tributário, desde a Grécia antiga, os discursos da arrecadação das receitas federais;
ex-secretário da Receita eram tomados como reformas. estruturou tributos especiais sobre
Federal (1995 à 2002) o consumo (IPI e impostos únicos
De inspiração pretensamente sobre minerais, energia elétrica,
racional, reformas traduzem combustíveis e lubrificantes,
concepções vinculadas a teorias, telecomunicações, transportes
“De inspiração doutrinas ou ideologias, o que rodoviários); instituiu o Código
as torna invariavelmente objeto Tributário Nacional, conferindo
pretensamente racional, de controvérsias e conflitos de especificidade ao ordenamento
reformas traduzem razão. Além disso, seu processo de
aprovação nos parlamentos encerra
jurídico da matéria tributária.

concepções vinculadas tensões e jogos de interesse, cujo No plano administrativo, a Reforma


desfecho é imprevisível. As soluções,
a teorias, doutrinas em consequência, usualmente se
introduziu importantes inovações,
que posteriormente serviram como
ou ideologias, o que as distanciam das propostas originais. paradigma internacional: fusão da
administração federal de tributos
torna invariavelmente Reformas tributárias se inscrevem internos com a aduana, mediante
objeto de controvérsias e nesse contexto de ideias. Os sistemas
tributários são, por tudo isso,
instituição da Secretaria da Receita
Federal; cobrança de tributos por
conflitos de razão.” intrinsecamente imperfeitos. Essa meio da rede bancária; criação do
imperfeição tende a se agravar, ao Serpro, que veio a ser a primeira
longo do tempo, porque mudanças empresa pública de apoio informático
posteriores não necessariamente à administração tributária.
guardam consistência com os
pressupostos do modelo original, daí
porque reforma tributária constitui
demanda universal e atemporal.

20 PwC
É certo que aquela Reforma trazia alguns vícios de O alargamento da base do ICMS, pela inclusão dos
concepção. O mais grave deles diz respeito à titularidade serviços, encontraria oposição frontal dos 5.565
do então ICM. Por entendê-lo como sucedâneo do IVC, Municípios, que jamais admitiriam a perda da
optou-se por incluir o novel tributo na competência titularidade do ISS. Os arautos do municipalismo -
dos Estados. Desde sua instituição até a evolução para hoje, mais por pragmatismo do que por convicção
ICMS, foram se acumulando iniquidades: os saldos de - mobilizariam a opinião pública contra a proposta,
créditos oriundos de operações de exportações jamais lançando farpas contra o centralismo fiscal.
foram honrados integralmente, com base na esdrúxula
tese de que à União cabiam as responsabilidades pela A possibilidade de aproveitamento de créditos dos
política de comércio externo, o que foi reforçado pela bens de capital e consumo abre outro campo de
adoção de medidas visando estabelecer transferências controvérsias: em relação aos primeiros, há sempre a
federais para compensar virtuais perdas de arrecadação compreensível alegação dos Estados quanto à escassez
nos Estados e Municípios, em virtude da desoneração de recursos para enfrentar esse estreitamento da base
de tributos incidentes nas exportações de produtos imponível, oferecendo pretexto para uma demanda com
industrializados (art. 159, II, da Constituição) e de a finalidade de lograr uma indesejável compensação
matérias-primas e produtos semielaborados (Lei com transferências federais, ainda que essas perdas
Complementar nº 87, de 1996, conhecida como “Lei pudessem ser atenuadas por meio de uma implantação
Kandir”); a destinação do produto da arrecadação nas gradual com horizonte de médio prazo; no tocante aos
operações interestaduais gerou uma insolúvel polêmica bens de consumo, a restrição alcança não somente a
entre a prevalência dos princípios da origem e do destino perda de arrecadação, senão também as possibilidades
nas operações interestaduais, contrapondo Estados que se abrem à fraude, mediante fringe benefits
produtores e Estados consumidores; a guerra fiscal usufruídos por pessoas físicas vinculadas a empresas.
assumiu proporções alarmantes ante a impotência fática
das vedações legais à sua prática; a ampla liberdade Não se conclua, todavia, que essas restrições, ditadas
concedida aos Estados no estabelecimento de alíquotas por uma visão realista da questão tributária, venham a
e bases de cálculo gerou uma miríade de alíquotas significar uma tragédia. É possível pensar em soluções
efetivas, sem termos de comparação com os congêneres que, ao menos, mitiguem os problemas do ICMS, sem
impostos sobre valor agregado de outros países. desconhecer, entretanto, as restrições de natureza
política. Consola saber, como já assinalado, que os
Esse equívoco é compreensível. A Comissão incumbida sistemas tributários são naturalmente imperfeitos e
da Reforma de 1965-67 dispunha, à época, como única carentes de aperfeiçoamento permanente.
referência de tributação do valor agregado no consumo,
o modelo adotado na França, que, como se sabe, é um No âmbito do que poderia ser qualificado como a
Estado unitário. Não se podia, portanto, aquilatar, com reforma na tributação do consumo, aos problemas do
precisão, os efeitos perversos decorrentes da titularidade ICMS se acrescentam outros que reclamam mudanças,
estadual de um imposto sobre o valor agregado em uma com maior ou menor grau de urgência. Tal iniciativa
federação. Afora isso, havia desconforto político contra a completaria o que já se fez, na segunda metade dos anos
suposta tendência de centralizar a tributação no âmbito noventa, em relação ao imposto de renda, cuja reforma
federal. Não se deve esquecer que o espírito federativo, representou um enorme salto de qualidade, de sorte
desde a República, é de imbatível valor político. que a legislação brasileira, no caso, passou a ser um
paradigma internacional, quando antes era vista com
Sob o ponto de vista técnico, é óbvio que seria preferível desdém por especialistas brasileiros e estrangeiros.
um imposto sobre valor agregado federal, de acordo
com o figurino clássico acolhido pelos demais países
que elegeram essa forma de extração tributária. No
Brasil, essa tese, entretanto, é irrealista. Governadores e
congressistas reagiriam duramente a qualquer proposta
desse gênero, tendo em conta que o poder de governar
está intrinsecamente associado ao poder de tributar,
além do que, em termos de arrecadação, o ICMS é
hoje o mais importante tributo brasileiro. Haveria,
também, quem a inquinasse, não sem alguma razão, de
inconstitucional, por ferir o pacto federativo - preceito
irreformável da Constituição.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 21


A reforma do imposto de renda incorporou No plano da tributação do consumo, todas as reformas,
conceitos novos como os juros remuneratórios do desde a de 1965-67, findaram frustradas ou implicaram
capital próprio, a integração entre a tributação perda de qualidade do sistema tributário.
da renda das pessoas jurídicas e pessoas físicas,
a tributação corrente do mercado financeiro, Erro frequente é imaginar a reforma tributária como um
a instituição do regime das pequenas e evento episódico e triunfal. Parece oportuno lembrar
microempresas (SIMPLES), a tributação das pessoas Santiago Dantas (“Palavras de um Professor”, Ed.
jurídicas em bases mundiais, a adoção de um Forense, 2ª Edição, 2001), notável jurista e homem
modelo de tributação dos preços de transferência público, sempre lembrado pelo Ministro Marcílio
ajustado às condições de um país importador de Marques Moreira, cujos ensinamentos em relação ao
capitais, a conceituação objetiva de paraísos fiscais direito civil em tudo se estendem à realidade tributária
com tratamento oneroso para prevenir e compensar de hoje: “O Direito Civil é, porém, o campo das aquisições
a tributação nociva, a equalização dos juros lentas, das transformações aluvionais”, em contraste com
compensatórios incidentes nos débitos fiscais e nas a natureza especulativa do direito penal que se abre mais
restituições, a eliminação da correção monetária ardentemente às contendas sobre a vida moral. E mais:
dos balanços para fins fiscais e societários com “O espírito conservador é a essência do espírito civilístico
extraordinário impacto em termos de simplificação e se exprime naquela tendência que os jurisconsultos
e, por fim, o uso intensivo da Internet e das novas romanos levaram à perfeição de ligar o novo ao antigo,
tecnologias de informação e comunicação, que, de conquistar para o moderno os brasões do passado,
sem lugar a dúvidas, conferiu ao País liderança só reconhecendo no sistema uma alteração, quando
internacional na matéria. seus quadros são inflexíveis à recepção do fato novo. O
segundo elemento - a docilidade às normas - é o que dá
Essa reforma não demandou emenda vida e autenticidade ao trabalho do jurista e impede que
constitucional, sendo efetivada por projetos de lei e seu ensinamento recaia sobre um sistema hipotético,
projetos de lei de conversão de medidas provisórias. diferente da realidade que rege as relações humanas na
O caminho se revelou eficaz e sinaliza uma vida real.”
orientação para futuras reformas.

22 PwC
Realpolitik parece ser a estratégia política mais eficaz Amplificar o espectro de uma reforma tributária
na condução de um projeto de reforma tributária, corresponde a maximizar as tensões políticas que se
sem dispensar também o recurso à moderação a que instalam no processo. A consequência inevitável é a
repugna o excesso das propostas radicais tendentes a paralisia. O estímulo ao conflito generalizado elimina
reestruturar integralmente o sistema tributário brasileiro. qualquer possibilidade de encaminhamento racional
A propósito, os gregos, que construíram os fundamentos da questão, sem falar do prejuízo à construção de uma
da cultura ocidental, puseram uma máxima no frontão posição hegemônica.
do templo de Apolo, em Delfos, que retrata, de forma
impressionantemente concisa, o equilíbrio apolíneo Reformas tributárias abrangentes reclamam condições
da alma helênica: “nada em demasia”, que os trágicos excepcionais, nem sempre meritórias, como regimes
sublimaram para uma expressão não menos construtiva autoritários, ou a tabula rasa dos países sem tradição
(“nada melhor que a moderação”, que vem a ser o leitmotiv fiscal. A reforma 1965-67 só teve sucesso porque foi
da ética aristotélica). concebida e implantada durante o período autoritário.
A adoção do polêmico flat tax no Leste europeu só se
tornou possível porque nos países daquela região inexistia
tradição tributária. Nos países democráticos em que o
estado fiscal de alguma forma existe, reformas tributárias
quase sempre se orientam na direção de um second best.

A experiência brasileira ensina que o recurso a emendas constitucionais


para implementar reformas tributárias é muito arriscado e quase sempre
inócuo. Quando cotejada com a de outros países, a Constituição brasileira já
abriga excessivamente matéria tributária, o que, aliás, se compadece com sua
abusiva índole analítica.

Tal circunstância estimula a litigiosidade e explica os Enfim, desde a reforma de 1965-67, todas as mudanças
intermináveis processos judiciais relativos a questões constitucionais (inclusive a Constituinte de 1988)
tributárias, haja vista que o direito brasileiro optou pelo importaram em perda de qualidade no sistema tributário
controle difuso de constitucionalidade, resultando, brasileiro: aumento de transferências, sem a contrapartida
portanto, em insegurança jurídica para o fisco e para o de repartição de encargos, acarretando a debilitação dos
contribuinte. impostos tradicionais (IR e IPI) e aumento vertiginoso
da participação das contribuições sociais na arrecadação
A aludida insegurança assume tamanha proporção que federal; completa autonomia dos Estados para fixação
deu lugar à bem-humorada observação de que “no Brasil de bases de cálculo e alíquotas do ICMS, resultando,
nem o passado é previsível”, como paráfrase de frase que como já mencionado, no quadro caótico de alíquotas
circulava, à época da Guerra Fria, em referência à União efetivas; instituição do orçamento de seguridade social,
Soviética. em desfavor da transparência nas contas da previdência;
eliminação dos limites à tributação do ICMS, resultando
As emendas constitucionais, em vista do quórum em alíquotas desproporcionalmente elevadas (acima
privilegiado exigido para sua aprovação, encerram de 25%) e em concentração das receitas (a incidência
um enorme custo político, especialmente por conta sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações
da existência de um sistema político que estimula a representa, hoje, cerca de 43% da arrecadação nacional
fragmentação partidária e é demasiado tolerante no daquele imposto).
que concerne à fidelidade a decisões programáticas.
Abrem, além disso, espaço para introdução de privilégios
tributários e para elevação dos níveis de complexidade e
desorganização do sistema tributário.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 23


A insegurança jurídica também explica a compreensível
resistência de certos setores a qualquer mudança.
O setor de combustíveis, por exemplo, logo após a
A reestruturação do federalismo
liberalização das atividades de refino e distribuição, fiscal brasileiro, incluindo a
experimentou impressionante concorrência predatória
de novos agentes que ingressaram no mercado, em discriminação de rendas e a partilha
virtude de sonegação e de facilidades tributárias de encargos, é tarefa muito delicada,
concedidas pelo que foi denominado “indústria de
liminares”. A criação da Contribuição de Intervenção pois termina ferindo questões
Econômica (CIDE) para o setor e a reforma de decisões
judiciais mal fundamentadas restabeleceram as
como vinculação de recursos e
condições mínimas para a prática de uma concorrência desigualdades regionais, em torno
justa. Há, pois, fundado receio de que mudanças
signifiquem reversão do quadro atual, em prejuízo das das quais gravitam intermináveis
boas práticas de mercado. Afastar essas preocupações é controvérsias. Essa reestruturação
tarefa que exige paciência e clareza de propósitos.
só será capaz de prosperar em
O medo à mudança também alcança as corporações
fiscais. A competência tributária dos entes federativos
âmbito exclusivo e com o concurso de
está inequivocamente associada às atribuições refinada engenharia política.
dos servidores fiscais. Qualquer proposta que
possa ser entendida como perda ou redução de A pretensão de reduzir a carga tributária remete a
atribuições enseja movimentos que não devem ser um debate sobre o tamanho e a natureza do Estado
desprezados. Essa restrição deve ser considerada no brasileiro. Por conveniência ou falta de informação,
encaminhamento de propostas de reforma, mormente a afirmativa de que temos a maior carga tributária
quando se percebe, nos anos recentes, uma tendência no universo dos países com mesmo estágio de
ao recrudescimento do papel das corporações no setor desenvolvimento sempre vem desacompanhada da
público, o que lamentavelmente pode conduzir ao evidência de que também temos o mais elevado nível de
estabelecimento de “capitanias corporativas”, cuja gastos públicos.
soma de interesses nem longinquamente corresponde
ao interesse público nacional. Independentemente É absoluta ingenuidade cogitar de redução da carga
do juízo de valor que se faça sobre as inconveniências tributária sem repensar o gasto público, o que implica
do corporativismo, não seria realista desconhecer a tratar, entre outras, de questões como: política geral de
importância das corporações como protagonistas de pessoal aplicável aos Poderes da República; valorização
uma reforma tributária. do mérito como critério de promoção e remuneração
de servidores; instituição de parâmetros obrigatórios
Ademais das restrições, há que se ter método na de eficiência administrativa; desburocratização;
construção de propostas. Importa, desde logo, privatização de serviços e funções que a sociedade civil
reconhecer que reforma tributária é um conceito pode executar com maior eficácia e menor desperdício
totalmente impreciso e corresponde a demandas muito de recursos; vinculação das políticas de transferência
distintas: os contribuintes pretendem objetivamente a de renda a programas de capacitação para o trabalho
redução da carga tributária; os Estados e Municípios e promoção social dos beneficiários; construção de um
almejam uma maior participação nas rendas públicas modelo previdenciário equilibrado em termos atuariais.
nacionais, sem necessariamente tratar da repartição Como se pode observar, é tarefa complexa e laboriosa,
dos encargos públicos; os especialistas pretendem tanto técnica quanto politicamente, porque significa
reformar as iniquidades do sistema tributário, em mudança de rumo no caricato estado de bem-estar social
termos de competitividade ou de justiça social, o brasileiro.
que deságua em uma infinidade de soluções que não
conseguem reunir o mais remoto consenso. Uma
abordagem que busque tratar simultaneamente dessas
diferentes demandas é suicida. A simples menção à
partilha de rendas, pela sua elevada sensibilidade
política, torna secundária qualquer outra discussão.

24 PwC
Afastada a hipótese de reformas crédito no contribuinte substituído; As exigências metodológicas e
abrangentes, um caminho para desburocratização fiscal, com ênfase a extensão dos problemas não
melhorar a qualidade do sistema nas exigências relativas a obrigações podem ser vistas como restrições
tributário brasileiro seria buscar acessórias e nos procedimentos de intransponíveis. Servem apenas para
soluções centradas em problemas inscrição e baixa de contribuintes; dimensionar as dificuldades para
reais, preferencialmente pela via desoneração dos investimentos, conceber e implantar uma reforma
infraconstitucional, a exemplo de: mediante aproveitamento imediato tributária no Brasil. O tema há muito
simplificação do ICMS, sobretudo por do crédito oriundo de aquisições de tempo é merecedor de um olhar
meio de restrições às possibilidades bens de capital, no que concerne ao realista, abdicando de servilismos
de redução da base de cálculo e ICMS e ao PIS/Cofins; eliminação de intelectuais que pretendem a
limitação do número de alíquotas práticas abusivas na imputação de supremacia de modelos teóricos,
nominais; simplificação do PIS/ responsabilidade fiscal, especialmente nem sempre funcionais, ou transpor,
Cofins, procedendo-se à eliminação no que concerne à garantia do acriticamente, experiências, ainda que
dos inúmeros regimes especiais, fruto devido processo legal; diminuição da valiosas, de outros países. De resto,
de uma política fiscal que privilegiou volatilidade normativa, procedendo- não há lugar para certezas absolutas.
casuísmos; redução dos acúmulos se à ampliação do conceito de As próprias soluções alteram os
de créditos fiscais decorrentes anterioridade, com o objetivo problemas.
de operações de exportação, de condicionar a instituição ou a
facultando-se, no âmbito federal, a majoração de tributos à sua aprovação
compensação com débitos vinculados até 30 de junho do exercício anterior.
às contribuições previdenciárias
patronais e, em relação ao ICMS, o
diferimento nas saídas para empresas
preponderantemente exportadoras;
eliminação da guerra fiscal do ICMS
e do ISS, por força de um novo
disciplinamento para competição
fiscal lícita e do estabelecimento de
programas voltados para correção dos
desequilíbrios regionais; diminuição
da incidência tributária sobre a
folha de salários, visando prevenir o
conflito entre tributação e geração de
empregos; ampliação dos limites de
opção para o lucro presumido; criação
de um regime de transição entre
os optantes do SIMPLES e do lucro
presumido; maior disciplinamento
da substituição tributária, tornando
possível o aproveitamento de

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a posição ou opinião do
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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 25


1
Sinopse Normativa
Nacional
CPC, CFC, CVM, CMN e BACEN,
SUSEP, PREVIC e IBRACON

1. Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC

1.1 Pontos de atenção para o exercício de 2010


O Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC, composto em suas
representações por seis entidades - ABRASCA, APIMEC, BM&F BOVESPA,
CFC, FIPECAFI e IBRACON - desempenhou, nos últimos três anos, um papel
essencial no contexto normativo da contabilidade no Brasil. O CPC emitiu
Pronunciamentos, Orientações e Interpretações Técnicas que formam as
novas práticas contábeis adotadas no Brasil, totalmente convergentes com
as Normas Internacionais de Contabilidade e prontas para aplicação nas
demonstrações financeiras das entidades a partir de 31 de dezembro de 2010.

Entre 2007 e 2010, o CPC emitiu 43 Pronunciamentos Técnicos, 14


Interpretações Técnicas e três Orientações Técnicas. Foram vencidas duas
Edison Arisa
grandes ondas para alcançar a convergência com as Normas Internacionais
Sócio
de Contabilidade, o IFRS. A primeira delas ocorreu por meio de 14
PwC - Brasil Pronunciamentos em resposta à mudança da Lei das Sociedades por Ações,
aplicáveis para as demonstrações financeiras do exercício findo em 31 de
dezembro de 2008. A segunda onda ocorreu, durante os anos de 2009 e 2010,
com a emissão das demais normas, aplicáveis para o exercício a findar em 31
de dezembro de 2010.
“Ao final de 2010, o CPC
concluiu o processo de Nessa segunda onda, foram emitidos mais de 30 novas normas, homologadas
por órgãos reguladores. Não apenas pela quantidade, mas principalmente
convergência com as pelos novos conceitos envolvidos, as demonstrações financeiras das
normas internacionais empresas em geral, no exercício de 2010, poderão ser impactadas de forma
significativa. A seguir, descrevemos algumas das novas práticas contábeis. Na
de contabilidade. Seção 1.2, divulgamos uma tabela com o conjunto de normas e indicação das
homologações dadas pelos diversos reguladores.
Resultado alcançado
graças a colaboração da Esse resumo não constitui um estudo exaustivo de todos os novos aspectos
para a adoção integral dos novos Pronunciamentos nem substitui a leitura
sociedade, dos orgãos integral dos mesmos. Adicionalmente, dependendo da circunstância concreta
reguladores e entidades- de determinada entidade, é possível que existam outros aspectos nos novos
normativos, não relacionados a seguir, que podem igualmente impactar de
membro do CPC.” forma relevante suas demonstrações financeiras.

26 PwC
CPC 15 - Combinação de Negócios

• Aplicável para transações que envolvam combinação de negócios: operação ou outro evento por meio do qual um
adquirente obtém o controle de um ou mais negócios, independentemente da forma jurídica da operação. A norma
traz conceitos bastante novos. Para uma adequada compreensão e assimilação desses conceitos, é necessário leitura
da norma, bem como análise dos exemplos incluídos no CPC 15.

• Diversas novas definições e conceitos trazidos:

• Adquirente: entidade que obtém o controle da • Participação dos não controladores: avaliada
adquirida. ao valor justo ou pelo valor proporcional de
participação nos ativos líquidos (valor contábil pré-
• Alocação do preço de compra: deve ser feita, na combinação) na data da combinação de negócios e
data da aquisição, a ativos e passivos identificáveis, demonstrada como componente do patrimônio.
inclusive intangíveis, que são avaliados, para fins
das demonstrações financeiras consolidadas da • Aquisições posteriores à combinação de
adquirente, a valor justo. negócios: são consideradas transações entre sócios,
impactando diretamente o saldo de conta específica
• Aquisição por meio de incorporação ou fusão de no patrimônio líquido, de maneira semelhante a
sociedade: ocorre em algumas situações e, nesses “ações em tesouraria”, não gerando mais goodwill
casos, se houver efetiva mudança de controle e se ou ganho por compra vantajosa.
a transação não for entre entidades sob controle
comum, é necessário identificar a entidade
adquirente e esta deve ajustar a posição patrimonial
(balanço patrimonial) da adquirida na data de
aquisição para refletir seus ativos e passivos, tais
como reconhecidos e mensurados em conformidade
com o CPC 15. A contrapartida desse ajuste será na
conta “Ajustes de Avaliação Patrimonial”.

• Preço de compra: inclui contraprestação


contingente avaliada a valor justo e exclui custos
da transação, ativos de indenização, direitos
readquiridos, mensurados separadamente.

• Ágio por expectativa de rentabilidade futura


(goodwill): parcela residual após a alocação do
preço de compra.

• Mais valia: diferenças entre o valor justo e o valor


contábil dos ativos e passivos do negócio adquirido.
Portanto, não mais denominadas como “ágio”.

• Deságio: ganho por compra vantajosa. Se houver e


for comprovado, deve ser reconhecido no resultado
da entidade adquirente. A ICPC 09 define regra de
transição para os deságios em aberto na data de
adoção inicial do CPC 15: aqueles que não puderem
ser classificados como redução do saldo de algum
ativo ou aumento de passivo relacionado à entidade
adquirida deverão ser baixados e registrados a
crédito de lucros (prejuízos) acumulados, por
mudança de prática contábil.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 27


CPC 18 - Investimento em Coligada e em Controlada e CPC 19 - Investimento em Empreendimento Controlado
em Conjunto (Joint Venture)

• Mudança no conceito de coligada: investimento passam a ser totalmente eliminados tanto nas
em entidade sobre a qual se tenha influência operações de venda da controladora para a
significativa, presumindo-se a existência dessa controlada quanto da controlada para a controladora
influência se a participação for, de pelo menos, 20% ou entre as controladas. Anteriormente, o lucro
do capital votante. de venda da controladora para a controlada
era eliminado obrigatoriamente apenas nas
• Reapresentação de demonstrações financeiras demonstrações financeiras consolidadas, o que
de investidas: no caso de reconhecimento, por gerava item de conciliação entre os resultados e o
controlada ou controlada em conjunto, de ajuste de patrimônio líquido das demonstrações financeiras
exercício anterior por mudança de prática contábil individuais e consolidadas.
ou retificação de erro e consequente reapresentação
retrospectiva de suas demonstrações contábeis, a Para os casos dos lucros não realizados existentes na
controladora fará o reconhecimento de sua parte data da adoção inicial do Pronunciamento Técnico
nesse ajuste e também procederá à reapresentação CPC 36 - Demonstrações Consolidadas e que não
retrospectiva de suas demonstrações contábeis, tenham sido eliminados nas demonstrações contábeis
conforme o CPC 23 - Políticas Contábeis, Mudança de individuais em razão da prática contábil anterior,
Estimativa e Retificação de Erro. os lucros devem ser apurados na data do balanço de
abertura (da demonstração contábil individual) e
• Registro de investimentos e ágio nas ajustados à conta de lucros (prejuízos) acumulados
demonstrações financeiras individuais: como requer o CPC 23 - Políticas Contábeis, Mudança
na elaboração das demonstrações contábeis de Estimativa e Retificação de Erro sobre mudança de
individuais, enquanto exigidas pela legislação prática contábil.
brasileira, a adquirente deve aplicar os requisitos da
Interpretação ICPC 9 com relação à identificação do • Perda de controle e influência e investimentos em
valor justo do acervo líquido da entidade adquirida coligadas: a perda de influência significativa impacta
para fins de registro na conta de investimento - a forma de reconhecimento contábil de investimentos,
aplicação do método de equivalência patrimonial conforme CPC 18: “O investidor deve suspender o
- e para a determinação do ágio por expectativa de uso do método de equivalência patrimonial a partir
rentabilidade futura (goodwil) ou ganho por compra da data em que deixar de ter influência significativa
vantajosa (deságio) na aquisição de controlada. O sobre a coligada e deixar de ter controle sobre a até
montante líquido apurado entre os valores justo e então controlada (exceto, no balanço individual, se a
contábil do acervo líquido, cujo controle foi obtido, investida passar de controlada para coligada); a partir
deve ser considerado como um ajuste extracontábil desse momento, contabilizar o investimento como
ao patrimônio líquido da entidade adquirida para instrumento financeiro de acordo com os requisitos
fins do cômputo da equivalência patrimonial (nas do Pronunciamento Técnico CPC 38 - Instrumentos
demonstrações individuais da controladora), mesmo Financeiros: Reconhecimento e Mensuração. Na
não estando refletido nas demonstrações contábeis perda de influência e do controle, o investidor deve
individuais da entidade cujo controle foi obtido, e irá mensurar ao valor justo qualquer investimento
compor também os saldos da entidade adquirida para remanescente que mantenha na ex-coligada ou
fins de consolidação das demonstrações contábeis. ex-controlada” e apurar o efeito dessa mudança de
mensuração no resultado do exercício.
• Vendas da controladora para a controlada passam
a ser eliminadas nas demonstrações individuais: • Na alienação de ativos da investidora para a
conforme esclarecido na ICPC 09 - Demonstrações controlada em conjunto, a investidora não reconhece
Contábeis Individuais, Separadas, Consolidadas e como lucro realizado a parte proporcional que detém
Aplicação do Método de Equivalência Patrimonial, os de participação na investida até a baixa do ativo nesta;
lucros não realizados em operações com controlada o mesmo se aplica no sentido inverso.

28 PwC
CPC 22 - Informações por Segmento

• Obrigatório apenas às companhias abertas. • A entidade deve fornecer informações sobre o grau
de dependência de seus principais clientes, sem a
• A entidade deve divulgar separadamente as obrigação de identificar os nomes desses clientes.
informações sobre receita, lucro e ativos de cada
segmento operacional.

CPC 26 (R1) - Apresentação das Demonstrações Contábeis

• Covenants: o passivo referente a acordo de empréstimo • Em circunstâncias extremamente raras, nas quais a
a longo prazo passa a ser classificado como circulante administração vier a concluir que a conformidade
quando a entidade não cumprir um compromisso com um requisito de Pronunciamento, Interpretação
referente a este acordo até a data do balanço, com o ou Orientação conduziria a uma apresentação tão
efeito de o passivo se tornar vencido e pagável à ordem enganosa que entraria em conflito com o objetivo das
do credor. Essa classificação se aplica neste caso, demonstrações contábeis estabelecido na Estrutura
mesmo que o credor tenha concordado, após a data do Conceitual para a Elaboração e Apresentação das
balanço e antes da data da autorização para emissão Demonstrações Contábeis (Pronunciamento Conceitual
das demonstrações contábeis, em não exigir pagamento Básico), a entidade não pode aplicar esse requisito, a
antecipado como consequência do descumprimento do não ser que esse procedimento seja terminantemente
compromisso. Entretanto, se o credor tiver concordado, vedado do ponto de vista legal e regulatório.
até a data do balanço, em proporcionar um período de
carência a terminar pelo menos 12 meses após a data • O apêndice A do Pronunciamento requer que a
do balanço, dentro do qual a entidade pode retificar o participação dos não controladores seja apresentada
descumprimento e durante o qual o credor não pode como parte do patrimônio líquido e não mais em uma
exigir a liquidação imediata do passivo em questão, linha intermediária entre o passivo e o patrimônio
este pode ser classificado como não circulante. liquido consolidado.

• O conjunto completo de demonstrações contábeis • Vedada a utilização de “itens não operacionais” e


inclui, entre outros quadros, a demonstração do de “itens extraordinários” nas demonstrações do
resultado abrangente e, no Brasil, é obrigatória sua resultado. A única segregação permitida é a relativa ao
apresentação separada da demonstração do resultado. resultado das operações descontinuadas.

• Necessidade de apresentação de três balanços


patrimoniais incluindo o período mais antigo e dois
períodos para as demais peças contábeis - o item
10 do CPC 26 requer que o balanço patrimonial no
início do período mais antigo seja comparativamente
apresentado quando a entidade aplica uma política
contábil retroativamente ou procede à reapresentação
de itens das demonstrações contábeis, ou ainda
quando procede à reclassificação de itens de suas
demonstrações contábeis.

CPC 27 - Ativo Imobilizado

• É obrigatória a revisão pelo menos anual dos parâmetros que levaram à definição do valor periódico da depreciação.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 29


CPC 29 - Ativo Biológico e Produto Agrícola CPC 31 - Ativo Não Circulante Mantido para Venda e
Operação Descontinuada
• Ativo biológico: animais e/ou planta vivos
(exemplos: gado de leite, árvores de uma plantação, • Deve ser transferido para o ativo circulante, pelo
porcos, plantas, etc.). menor valor, entre seu valor líquido contábil e seu
valor justo, líquido das despesas com vendas.
• Produção agrícola: produtos colhidos dos ativos
biológicos (exemplo: lã, cana, fruta colhida, • Deve ser apresentado segregado na demonstração do
madeira, etc.). resultado em uma única linha, segregado do resultado
das operações que continuam.
• Como regra geral, o ativo biológico deve ser
mensurado pelo seu valor justo, deduzido das
despesas com vendas. Os produtos agrícolas
colhidos também são mensurados ao valor justo, CPC 33 - Benefícios a Empregados
no momento da colheita, líquido das despesas com
vendas. Após a colheita, esse valor representa o custo • O CPC 33 traz orientação e determinação para que
do estoque, e o ativo passa a ser avaliado segundo o seja reconhecido ativo de um plano de benefício
CPC 16 - Estoques. definido. Segundo o CPC 33, quando um plano
estiver superavitário e houver a possibilidade de a
• Ativo biológico, cujo valor deveria ser determinado patrocinadora de alguma forma fazer uso desse ativo,
pelo mercado, porém, este não o tem disponível e nos termos previstos, ele deverá ser reconhecido
as alternativas para estimá-los não são, claramente, limitado a um teto (asset ceiling). Instruções
confiáveis, deve ser mensurado ao custo, menos detalhadas para cálculo desse teto estão discutidas
qualquer depreciação e perda por irrecuperabilidade na Interpretação A do CPC 33: “Limite de Ativo
acumuladas. de Benefício Definido, Requisitos de Fundamento
Mínimo e sua Interação”.
• Não há regra de transição específica, com o que os
efeitos da mudança de prática contábil devem ser • Admissão de um “corredor” representado por uma
reconhecidos conforme a regra geral estabelecida no faixa de variação para não obrigar a um excesso de
Pronunciamento Técnico CPC 23 - Políticas Contábeis, volatilidade no reconhecimento de descasamentos
Mudanças de Estimativa e Retificação de Erro. entre ativos do plano e obrigação atuarial, a depender
da escolha da política contábil por parte das empresas.

CPC 30 - Receitas
CPC 35 - Demonstrações Separadas
• Havendo mais de um componente identificável
de uma única transação, deve ser refletida sua • Demonstrações opcionais para situações em que
substância. Por outro lado, pode ser necessário a avaliação em coligadas, em controladas e em
tratar dois componentes ou transações como um só, controladas em conjunto, feita por equivalência
como quando a entidade vende bens e celebra, no patrimonial, bem como quando da elaboração
mesmo momento, acordo para recomprá-los em data de demonstrações consolidadas, não revelam ou
posterior. Nesse caso, a receita de venda e a transação não evidenciam da forma mais adequada como a
de compra não devem ser registradas. administração visualiza o negócio.

• Programas de fidelização de clientes: a parcela • Investimentos: avaliados pelo valor justo, ou até
atribuída como bônus deverá implicar diferimento da mesmo pelo custo.
receita relativa a esse bônus.

• Permuta de bens e serviços de mesma natureza


e valor: não há reconhecimento de receita; esta só
ocorre quando da permuta de bens e serviços de
natureza diferente.

30 PwC
CPC 36 - Demonstrações Consolidadas CPC 38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento
e Mensuração e CPC 39 - Instrumentos Financeiros:
• Consolidação das demonstrações contábeis Apresentação
- é obrigatória na existência de controlada,
independentemente da controladora ser companhia • De acordo com o CPC 39, a entidade deve classificar o
aberta ou não, com raríssimas exceções. instrumento financeiro como passivo, ativo ou elemento
patrimonial, de acordo com a substância do instrumento
• Perante as normas internacionais, não existem e com suas respectivas definições, e não de acordo com
demonstrações individuais da controladora. sua forma.

• A participação dos demais investidores nas • Derivativo embutido: “é um componente de instrumento


controladas faz parte do patrimônio líquido e híbrido (combinado) que também inclui um contrato
do resultado líquido consolidados (bem como principal não derivativo - em resultado disso, alguns dos
dos resultados abrangentes consolidados), mas fluxos de caixa do instrumento combinado variam de
é destacada no balanço e nas demonstrações do forma semelhante a um derivativo isolado”. Na prática,
resultado e do resultado abrangente. imagine um contrato de aluguel de um escritório por
10 (dez) anos, indexado pelo IGP-M. Assumindo que
• As transações de compra e venda de participação este é o típico contrato de aluguel, os fluxos de caixa,
societária entre as entidades consolidadas são tanto para quem paga quanto para quem recebe, têm um
tratadas como transações de capital entre os comportamento correspondente à natureza de um aluguel
sócios (como se fossem, “ações em tesouraria”), e de um imóvel. Agora imagine que, na hora de assinar o
não geram ágio por expectativa de rentabilidade contrato, o locatário, que é, por exemplo, uma mineradora
futura (goodwill) nem ganho por compra que explora e vende minério de ferro, resolva propor
vantajosa (“deságio”). As contrapartidas afetam as que o indexador do contrato de aluguel seja o do preço
participações dos não controladores. do minério. Caso o locador aceite, pode ser que, após,
como exemplo, 3 (três) anos, o valor do aluguel esteja
• Na perda de controle sobre uma controlada (e se muito acima ou abaixo do valor de mercado. E por que
não for uma coligada), o investimento é ajustado a isso? Porque, na verdade, o contrato passou a conter um
valor justo e tratado como instrumento financeiro derivativo embutido nele. Tem o mesmo efeito que assinar
em conformidade com o CPC 38 - Instrumentos um contrato normal indexado pelo IGP-M e, em seguida,
Financeiros: Reconhecimento e Mensuração. contratar um derivativo não necessariamente com a
mesma contraparte, trocando o indexador de IGP-M para
preço do minério. Isso poderia ser feito por meio de um
swap. No segundo caso, fica claro que o derivativo existe
CPC 37 - Adoção Inicial das Normas Internacionais e deve ser mensurado pelo valor justo. No primeiro caso,
de Contabilidade (IFRS) é mais difícil, pois o derivativo está embutido no contrato.
Sendo assim, ele deve ser identificado e contabilizado
• Aplicação de todos os IFRS, com exceção de alguns em separado do contrato, como no segundo caso. Em
pontos e isenção de outros. geral, essa prática contábil terá efeitos mais relevantes em
contratos de longo prazo.
• Possibilidade da entidade avaliar seus ativos
imobilizados, na data da transição, a valor justo. Ou • Dívidas com cláusulas de conversão:
seja, adoção do custo atribuído (deemed cost).
• A entidade deve reconhecer separadamente os
• Situações específicas quanto a diversos tópicos, componentes da dívida, quais sejam: (a) um passivo
exceções e isenções, são tratadas nos Apêndices e no financeiro (por exemplo, uma debênture sem opção de
Guia de Implementação anexos ao CPC 37. conversão) e (b) uma opção ao titular do instrumento
de dívida de convertê-lo em ações da entidade (por
• Atenção especial deve ser dada à aplicação deste CPC exemplo, as debêntures conversíveis em ações).
em conjunto com o CPC 43.
• No caso de passivo financeiro, em geral, a taxa de juros
será maior pela ausência da opção de conversão. O
valor é determinado levando o fluxo de caixa futuro
das debêntures à taxa contratada (com opção de
conversão), por exemplo, 8% ao ano e descontando-o
à taxa de mercado de uma debênture sem a opção de
conversão, por exemplo, 10% ao ano.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 31


• O valor apurado no cálculo anterior será menor
que o valor efetivamente captado. A diferença CPC 40 - Instrumentos Financeiros: Divulgação
corresponderá ao valor justo inicial da opção que
• Requer que as entidades divulguem em suas
terá a contrapartida no patrimônio líquido. Em
demonstrações financeiras informações que permitam
geral, em reserva de capital, embora algumas
aos usuários avaliar a significância dos instrumentos
entidades possam preferir reconhecer em outra
financeiros para a posição patrimonial e financeira
reserva que não tenha uma definição especificada
da entidade para os resultados das operações, bem
em lei, como é o caso da reserva de capital. O
como a natureza e a extensão dos riscos oriundos
mais importante é que, em caso de capitalização,
dos instrumentos aos quais a entidade está exposta
este valor integre o aumento de capital.
e a forma pela qual a entidade gerencia esses riscos.
• Ações preferenciais resgatáveis: nas situações em Dentre as principais divulgações requeridas, constam:
que a entidade emitir ações preferenciais que podem
• Valor justo dos instrumentos financeiros,
ser resgatadas em uma data especificada ou à opção
segregados por níveis (I, II e III), segundo o maior
do detentor, ela tem uma obrigação contratual de
ou menor grau de influência da administração na
entregar caixa ao titular da ação. Essa é a definição
sua determinação.
pura de passivo financeiro e, portanto, se ela não
participar do valor residual da companhia, como é o
• Métodos e técnicas utilizadas para cálculo do
caso dos instrumentos de patrimônio, não deve ser
valor justo.
classificada no patrimônio líquido, mas sim como
instrumento de dívida no passivo circulante ou não
• Ativos financeiros usados como colaterais.
circulante e os encargos financeiros (juros e outros)
terão como contrapartida o resultado do exercício. • Garantias financeiras.
• Baixa de ativo financeiro: a análise da baixa de • Descumprimento de compromissos contratuais.
um ativo financeiro deve obrigatoriamente passar
por um fluxo de decisão que considera riscos e • Provisão para redução ao valor recuperável dos
benefícios, controle e envolvimento contínuo ativos financeiros.
da entidade com o ativo. Em termos práticos,
um importante primeiro passo, para que haja a • Tabela de liquidez.
baixa de um ativo financeiro, é a administração
avaliar se houve a transferência para terceiros • Aging dos recebíveis.
de substancialmente todos os riscos e benefícios
relacionados com o ativo. Exemplo típico no Brasil • Derivativos embutidos em instrumentos
é o caso das duplicatas descontadas com direito de financeiros compostos.
regresso, que em geral não passam no teste anterior
e, portanto, passam a ser classificadas como passivo. • Elementos componentes do resultado, como
receitas, despesas, ganhos e perdas.
• Baixa de passivo financeiro na renegociação
de dívida: como princípio, considera-se que as • Divulgações qualitativas e quantitativas sobre
renegociações de dívida, com mudanças substanciais os riscos oriundos dos instrumentos financeiros,
nos termos do contrato original, representam, em derivativos ou não (risco de liquidez, de crédito,
essência, uma nova dívida. Nesse caso, qualquer de mercado (juros, câmbio, preço de commodities e
ganho ou perda apurado na renegociação deve outros) e análise de sensibilidade para todas
ser reconhecido imediatamente no resultado do as empresas).
exercício. Por outro lado, se a renegociação não
alterar substancialmente os termos do contrato
original, quaisquer ganhos ou perdas apurados
devem ser incorporados à taxa efetiva de juros do CPC 41 - Resultado por Ação
contrato e, portanto, amortizados ao longo do prazo
remanescente. No Pronunciamento, uma mudança • O IFRS e os CPCs requerem que a entidade apresente
é considerada substancial quando o valor presente um valor de lucro por ação baseado no lucro atribuível
do valor renegociado for pelo menos 10% diferente aos acionistas da controladora e o número médio de
do valor presente descontado dos fluxos de caixa ações em circulação durante o período.
restantes do passivo financeiro original.
• Também deve ser apresentado o lucro diluído por
ação, o qual considera o impacto de ações adicionais
a serem emitidas como consequência de dívida
conversível, planos de opções para empregados, etc.

32 PwC
CPC 43 - Adoção inicial dos Pronunciamentos Técnicos ICPC 02 - Contrato de Construção do Setor Imobiliário
CPC 15 a 40
• Contrato de construção de imóvel, mediante o qual
• O CPC 43 determina que a entidade deve, os compradores têm apenas possibilidade limitada de
primeiramente, fazer a aplicação do CPC 37 às suas influenciar no projeto do imóvel passa a ser tratado
demonstrações consolidadas quando adotar tais como um contrato de venda de bens de acordo com o
normas internacionais pela primeira vez e, a seguir, alcance do CPC 30 e a receita é reconhecida quando
a entidade deve transpor, para suas demonstrações todas as condições do item 14 do CPC 30 são atendidas.
individuais, todos os ajustes que forem necessários, ou
pelos quais optar, na aplicação do CPC 37, de maneira • Contrato de construção em que há a transferência do
a obter o mesmo patrimônio líquido em ambos os controle, dos riscos e dos benefícios da propriedade
balanços patrimoniais (consolidado e individual) de imóvel durante a construção: se todos os critérios
observada a exceção comentada. do item 14 do CPC 30 - Receitas, forem continuamente
atendidos à medida que a construção avança a
entidade deve reconhecer a receita pelo percentual de
evolução da obra.
ICPC 01 - Contratos de Concessão

• Várias novidades são abordadas, com destaque para


duas delas: ICPC 08 - Contabilização da Proposta de Pagamento de
Dividendos
• A infraestrutura da concessão deixa de ser um ativo
imobilizado da concessionária quando o contrato de • Os dividendos devem ser reconhecidos como passivo
concessão estiver no escopo dessa norma e passar somente se atenderem aos critérios de obrigação
a ser apresentado como um ativo intangível e/ou presente na data das demonstrações contábeis.
ativo financeiro. Nessa concepção, os ativos objeto
da concessão deixam de ser ativos da concessionária • Somente o dividendo mínimo obrigatório atende
e, como bens públicos, passam a ser considerados à condição de obrigação presente na data das
ativos da concessão. Assim, por fundamento, as demonstrações contábeis.
concessionárias têm o direito de acessar e explorar
os ativos e, neste momento de transição, terão que • A parcela da proposta dos órgãos da administração à
reclassificá-los para ativos intangíveis ou ativos assembleia de acionistas, que exceder a esse mínimo
financeiros (caso haja a garantia legal ou contratual obrigatório, deve ser mantida no patrimônio líquido,
por parte do poder concedente de sua recuperação em conta específica de reserva de lucros, do tipo
em forma de caixa ou outro ativo financeiro). “dividendo adicional proposto”, até a deliberação
definitiva que vier a ser tomada pelos acionistas.
• A concessionária, ao construir parte da
infraestrutura, está na essência prestando um
serviço de construção e, portanto, deve reconhecer
a receita de construção, apurando resultado nessa
atividade. Deve ser reconhecida uma margem
sobre esse serviço que seja maior ou menor à
medida que a construção é feita pela própria
concessionária ou por um terceiro. A contrapartida
da receita não é caixa, mas um ativo intangível
e/ou ativo financeiro.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 33


1.2 Pronunciamentos, Orientações e Interpretações emitidos pelo CPC e
homologações dos reguladores
Pronunciamentos Técnicos

Órgão regulador
Pronunciamento

Comunicado
Deliberação

Resolução

Resolução
Exercícios

Normativa
Despacho
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CPC 00 Estrutura Conceitual Dez/2008 Framework 539/08 1.121/08 - 379/08 4.796/08 - SUREG
para a Elaboração e NBC T 1 01/09
Apresentação das
Demonstrações
Contábeis
CPC 01 Redução ao Valor Dez/2008 IAS 36 639/10 1.292/10 3.566/08 379/08 4.796/08 37/09 SUREG
(R1) Recuperável de Ativos NBC T 19.10 (*) (*) (*) (*) 01/09
(*)
CPC 02 Efeitos das Mudanças Dez/2008 IAS 21 640/10 1.295/10 - 379/08 4.796/08 37/09 SUREG
(R2) nas Taxas de Câmbio NBC T 7 (*) (*) (*) 01/09
e Conversão de (*)
Demonstrações
Contábeis
CPC 03 Demonstração dos Dez/2008 IAS 7 641/10 1.296/10 3.604/08 379/08 4.796/08 37/09 SUREG
(R2) Fluxos de Caixa NBC T 3.8 (*) (*) (*) (*) 01/09
(*)
CPC 04 Ativo Intangível Dez/2008, IAS 38 553/08 1.139/08 - 379/08 4.796/08 37/09 SUREG
exceto item 107 NBC T 19.8 01/09
(aplicável para 1.140/08
exercícios findos NBC T 19.8-
em 2009) IT 1
CPC 05 Divulgação sobre Dez/2008 IAS 24 642/10 1.297/10 3.750/09 379/08 4.796/08 37/09 SUREG
(R1) Partes Relacionadas NBC T 17 (*) (*) (*) (*) 01/09
(*)
CPC 06 Operações de Dez/2008 IAS 17 554/08 1.141/08 - 379/08 4.796/08 37/09 SUREG
Arrendamento NBC T 10.2 01/09
Mercantil
CPC 07 Subvenção e Dez/2008 IAS 20 555/08 1.143/08 - 379/08 4.796/08 37/09 SUREG
Assistência NBC T 19.4 01/09
Governamentais
CPC 08 Custos de Transação Dez/2008 IAS 39 556/08 1.142/08 - 379/08 4.796/08 37/09 SUREG
e Prêmios na Emissão (partes) NBC T 19.14 01/09
de Títulos e Valores
Mobiliários
CPC 09 Demonstração do Dez/2008 - 557/08 1.138/08 - 379/08 4.796/08 37/09 SUREG
Valor Adicionado 1.162/09 01/09
NBC T 3.7
CPC 10 Pagamento Baseado Dez/2008 IFRS 2 562/08 1.149/09 - 379/08 4.796/08 37/09 SUREG
em Ações NBC T 19.15 01/09
CPC 11 Contratos de Seguro Dez/2010 IFRS 4 563/08 1.150/09 - 379/08 - - -
NBC T 19.16
CPC 12 Ajuste a Valor Presente Dez/2008 - 564/08 1.151/09 - 379/08 4.796/08 37/09 SUREG
NBC T 19.17 01/09
CPC 13 Adoção Inicial da Dez/2008 - 565/08 1.152/09 - 379/08 4.796/08 37/09 SUREG
Lei nº 11.638/07 e da NBC T 19.18 01/09
Medida Provisória
nº 449/08

(*) Por ocasião da preparação deste guia, as homologações desses reguladores se deram somente para as versões originais dos respectivos
Pronunciamentos e não para as versões revisadas dos mesmos.

34 PwC
Órgão regulador
Pronunciamento

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CPC 15 Combinação de Dez/2010, IFRS 3 580/09 1.175/09 - - 4.722/09 37/09 -
Negócios comparativo a NBC T 19.23
2009
CPC 16 Estoques Dez/2010, IAS 2 575/09 1.170/09 - - 4.722/09 37/09 -
(R1) comparativo a NBC T 19.20
2009
CPC 17 Contratos de Dez/2010, IAS 11 576/09 1.171/09 - - 4.722/09 37/09 -
Construção comparativo a NBC T 19.21
2009
CPC 18 Investimento em Dez/2010, IAS 28 605/09 1.241/09 - - - 37/09 -
Coligada e em comparativo a NBC T 19
Controlada 2009
CPC 19 Investimento em Dez/2010, IAS 31 606/09 1.242/09 - - - 37/09 -
Empreendimento comparativo a NBC T 19.38
Controlado em 2009
Conjunto (Joint
Venture)
CPC 20 Custos de Dez/2010, IAS 23 577/09 1.172/09 - - 4.722/09 37/09 -
Empréstimos comparativo a NBC T 19.22
2009
CPC 21 Demonstração Dez/2010, IAS 34 581/09 1.174/09 - - 4.722/09 37/09 -
Intermediária comparativo a IFRIC 10 NBC T 19.24
2009
CPC 22 Informações por Dez/2010, IFRS 8 582/09 1.176/09 - - 4.722/09 37/09 -
Segmento comparativo a NBC T 19.25
2009
CPC 23 Políticas Contábeis, Dez/2010, IAS 8 592/09 1.179/09 - - 4.722/09 37/09 -
Mudança de Estimativa comparativo a NBC T 19.11
e Retificação de Erro 2009
CPC 24 Evento Subsequente Dez/2010, IAS 10 593/09 1.184/09 - - 4.722/09 37/09 -
comparativo a NBC T 19.12
2009
CPC 25 Provisões, Passivos Dez/2010, IAS 37 594/09 1.180/09 3.823/09 - 4.722/09 37/09 -
Contingentes e Ativos comparativo a NBC T 19.7
Contingentes 2009
CPC 26 Apresentação das Dez/2010, IAS 1 595/09 1.185/09 - - 4.722/09 37/09 -
Demonstrações comparativo a NBC T 19.27
Contábeis 2009
CPC 27 Ativo Imobilizado Dez/2010, IAS 16 583/09 1.177/09 - - 4.722/09 37/09 -
comparativo a NBC T 19.1
2009
CPC 28 Propriedade para Dez/2010, IAS 40 584/09 1.178/09 - - 4.722/09 37/09 -
Investimento comparativo a NBC T 19.26
2009
CPC 29 Ativo Biológico e Dez/2010, IAS 41 596/09 1.186/09 - - - 37/09 -
Produto Agrícola comparativo a NBC T 19.29
2009
CPC 30 Receitas Dez/2010, IAS 18 597/09 1.187/09 - - 4.722/09 37/09 -
comparativo a IFRIC 13 NBC T 19.30
2009

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 35


Órgão regulador
Pronunciamento

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CPC 31 Ativo Não Circulante Dez/2010, IFRS 5 598/09 1.188/09 - - 4.722/09 37/09 -
Mantido para comparativo a NBC T 19.28
Venda e Operação 2009
Descontinuada
CPC 32 Tributos sobre o Lucro Dez/2010, IAS 12 599/09 1.189/09 - - 4.722/09 37/09 -
comparativo a NBC T 19.2
2009
CPC 33 Benefícios a Dez/2010, IAS 19 600/09 1.193/09 - - 4.722/09 37/09 -
Empregados comparativo a IFRIC 14 NBC T 19.31
2009
CPC 35 Demonstrações Dez/2010, - 607/09 1.239/09 - - - 37/09 -
Separadas comparativo a NBC T 19.35
2009
CPC 36 Demonstrações Dez/2010, IAS 27 608/09 1.240/09 - - - 37/09 -
Consolidadas comparativo a NBC T 19.36
(R1) 2009
CPC 37 Adoção Inicial das Dez/2010, IFRS 1 609/09 1.253/09 - - - 37/09 -
Normas Internacionais comparativo a NBC T 19.39
de Contabilidade 2009
CPC 38 Instrumentos Dez/2010, IAS 39 604/09 1.196/09 - - - 37/09 -
Financeiros: comparativo a IFRIC 9 NBC T 19.32
Reconhecimento e 2009
Mensuração
CPC 39 Instrumentos Dez/2010, IAS 32 604/09 1.197/09 - - - 37/09 -
Financeiros: comparativo a NBC T 19.33
Apresentação 2009
CPC 40 Instrumentos Dez/2010, IFRS 7 604/09 1.198/09 - - - 37/09 -
Financeiros: comparativo a NBC T 19.34
Evidenciação 2009
CPC 41 Resultado por Ação Dez/2010, IAS 33 636/10 1.287/10 - - - - -
comparativo a NBC T 19.42
2009
CPC 43 Adoção Inicial dos Dez/2010, IFRS 1 610/09 1.254/09 - - - 37/09 -
Pronunciamentos comparativo a NBC T 19.40
Técnicos CPC 15 a 40 2009
CPC Contabilidade para Dez/2010 IFRS for - 1.255/09 - - - 37/09 -
PME Pequenas e Médias SMEs NBC T 19.41
Empresas

36 PwC
Orientações Técnicas

Órgão regulador

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Orientações

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Exercícios

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OCPC 01 Entidades de Dez/2008 - 561/08 1.154/09 - - - - -
(R1) Incorporação NBC T 10.23
Imobiliária
OCPC 02 Esclarecimentos Dez/2008 - Ofício- 1.157/09 - Carta- - - SUREG
sobre as circular CT 03 circular 01/09
Demonstrações CVM/SNC/ DECON
Contábeis de 2008 SEP nº 001/09
01/2009
OCPC 03 Instrumentos A partir de sua - Ofício- 1.199/09 - - - - -
Financeiros: publicação em circular IT 02
Reconhecimento, outubro de 2009 CVM/SNC/
Mensuração e SEP nº
Evidenciação 03/2009
(CPC 14 R1)

Interpretações Técnicas

Órgão regulador
Interpretações

Comunicado
Deliberação

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Exercícios

Normativa
Despacho
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Instrução
Técnicas

Circular
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CFC

ICPC 01 Contratos de Dez/2010, IFRIC 12 611/09 1.261/09 - - - - -


Concessão comparativo a IT 08
2009
ICPC 02 Contrato de Dez/2010, IFRIC 15 612/09 1.266/09 - - - - -
Construção do Setor comparativo a IT 13
Imobiliário 2009
ICPC 03 Aspectos Dez/2010, IFRIC 4, 613/09 1.256/09 - - - - -
Complementares comparativo a SIC 15 e IT 03
das Operações 2009 SIC 27
de Arrendamento
Mercantil
ICPC 04 Alcance do Dez/2010, IFRIC 8 614/09 1.257/09 - - - - -
Pronunciamento comparativo a IT 04
Técnico CPC 10 - 2009
Pagamento Baseado
em Ações
ICPC 05 Pronunciamento Dez/2010, IFRIC 11 615/09 1.258/09 - - - - -
Técnico CPC comparativo a IT 05
10 - Pagamento 2009
Baseado em Ações
- Transações de
Ações do Grupo e em
Tesouraria

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 37


Órgão regulador
Interpretações

Comunicado
Deliberação

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Exercícios

Normativa
Despacho
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Vigência -

Instrução
Técnicas

Circular
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ICPC 06 Hedges de Dez/2010, IFRIC 16 616/09 1.256/09 - - - - -
Investimentos Líquidos comparativo a IT 06
em uma Operação no 2009
Exterior
ICPC 07 Distribuição de Dez/2010, IFRIC 17 617/09 1.260/09 - - - - -
Dividendos in Natura comparativo a IT 07
2009
ICPC 08 Contabilização Dez/2010, IAS 10 601/09 1.195/09 - - - - -
da Proposta de comparativo a IT 01
Pagamento de 2009
Dividendos
ICPC 09 Demonstrações Dez/2010, - 618/09 1.262/09 - - - - -
contábeis individuais, comparativo a IT 09
demonstrações 2009
separadas,
demonstrações
consolidadas e
aplicação do método
de equivalência
patrimonial
ICPC 10 Esclarecimentos Sobre Dez/2010, - 619/09 1.263/09 - - - - -
os Pronunciamentos comparativo a IT 10
Técnicos CPC 27 - 2009
Ativo Imobilizado e
CPC 28 - Propriedade
para Investimento
ICPC 11 Recebimento em Dez/2010, IFRIC 18 620/09 1.264/09 - - - - -
transferência de ativos comparativo a IT 11
de clientes 2009
ICPC 12 Mudanças em Dez/2010, IFRIC 1 621/09 1.265/09 - - - - -
passivos por comparativo a IT 12
desativação, 2009
restauração e outros
passivos similares
ICPC 13 Direitos a Participações Dez/2010, IFRIC 5 637/10 1.288/10 - - - - -
Decorrentes comparativo a IT 14
de Fundos de 2009
Desativação,
Restauração e
Reabilitação Ambiental
ICPC 15 Passivo Decorrente Dez/2010, IFRIC 6 638/10 1.289/10 - - - - -
de Participação em comparativo a IT 15
Mercado Específico 2009
- Resíduos de
Equipamentos
Eletroeletrônicos

38 PwC
1.3 Revisões de Pronunciamentos anteriormente emitidos
O processo de convergência das normas contábeis brasileiras para as normas contábeis internacionais teve
sua primeira etapa concluída em 2008, quando o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) emitiu o
Pronunciamento Técnico CPC 13 - Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória nº 449/08 e o CPC
14 referente à Fase I de Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação, após a edição
de diversos Pronunciamentos e Orientações. A segunda etapa do processo de convergência foi iniciada em 2009
e se estendeu pelo ano de 2010, com a edição dos Pronunciamentos Técnicos CPC 15 a 43 (com exceção dos CPCs
34 e 42).

Ao se aproximar da conclusão da última etapa de emissão dos pronunciamentos, surgiu a necessidade de o CPC
efetuar determinados ajustes e esclarecimentos nos pronunciamentos já emitidos, a fim de mantê-los atualizados
e garantir que estivessem totalmente convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo
International Accounting Standards Board (IASB). Dessa forma, o CPC estabeleceu um processo de revisão dos
documentos já emitidos e, ao longo de 2010, foram efetuadas as revisões nos pronunciamentos descritos a seguir.

Parte das revisões efetuadas não altera a essência dos Pronunciamentos Técnicos originais, busca apenas
atualizar referências para os demais pronunciamentos publicados posteriormente, além de deixá-los totalmente
convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade, como é o caso das revisões nos CPC 01, CPC 04,
CPC 05, CPC 06 e CPC 07.

O presente resumo das revisões expõe o objetivo dos trabalhos do CPC e destaca as principais mudanças sem a
pretensão de fazer o papel de referência única para identificar as alterações realizadas nos pronunciamentos e
seus impactos.

CPC 01 (R1) - Redução ao Valor Recuperável de Ativos

A revisão do CPC 01, publicada em 06 de agosto de 2010, não altera a essência do pronunciamento original, mas
altera algumas referências aos demais pronunciamentos e, por exemplo, exclui o anexo B que foi eliminado no
IAS 36 - Bound Volume 2010.

CPC 02 (R2) - Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis

Desde sua publicação original, este Pronunciamento passou por duas revisões. Na primeira revisão, publicada
em 8 de janeiro de 2010, foram alterados os parágrafos 4, 5, 35 e 36, com o intuito de eliminar referências
às demonstrações financeiras individuais e à consolidação, além de proporcionar maior alinhamento com as
normas internacionais, o IAS 21.

A segunda revisão, publicada em 03 de setembro de 2010, não altera a essência do Pronunciamento original,
mas ajusta algumas referências e contempla alterações feitas pelo próprio IASB após a aprovação no último
documento. Por exemplo, ajusta o texto quanto aos objetivos do Pronunciamento, esclarecendo que os principais
pontos envolvem quais taxas de câmbio devem ser usadas e como reportar os efeitos das mudanças nas taxas de
câmbio nas demonstrações financeiras, entre outros.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 39


CPC 03 (R2) - Demonstração dos Fluxos de Caixa CPC 05 (R1) - Divulgações sobre Partes Relacionadas

Este Pronunciamento também passou por duas revisões. A revisão do CPC 05, publicada em 03 de setembro de
A primeira revisão, publicada em 8 de janeiro de 2010, 2010, contempla atualizações nas referências para os
ajustou basicamente a redação do item 8 (mudança para demais pronunciamentos publicados e atualizações
adequar o conceito de caixa e equivalente de caixa) e efetuadas no IAS 24. Por exemplo, a revisão incluiu item
item 9 (mudança para adequar o conceito de saldo sobre entidades relacionadas com o Estado e uma seção
negativo em conta-corrente) do CPC 03 para torná-la de exemplos ilustrativos, além da nota explicativa ao
semelhante à do IAS 7. Pronunciamento, que descreve certas diferenças entre
ele e as normas internacionais, notadamente referente
No item 8, foi incluído texto esclarecendo que um à exigência no Brasil, de divulgações das condições
investimento é considerado equivalente de caixa quando em que as transações com partes relacionadas foram
tiver vencimento de três meses ou menos, e no item 9 efetuadas, bem como, de transações atípicas com partes
foram efetuados esclarecimentos sobre saldos negativos relacionadas realizadas após o fim do exercício ou
de caixa, como saldos bancários a descoberto (por período. A natureza dessas divergências, como permitido
exemplo cheque especial), que podem ser usados para pelo IASB, não faz com que o Pronunciamento não esteja
gestão das disponibilidades da empresa. em conformidade com as Normas Internacionais de
Contabilidade emitidas pelo IASB.
A segunda revisão, publicada em 03 de setembro de
2010, não altera a essência do Pronunciamento original, CPC 06 (R1) - Operações de Arrendamento Mercantil
mas ajusta algumas referências e contempla alterações
feitas pelo próprio IASB após a aprovação no último A revisão do CPC 06, cuja audiência pública foi encerrada
documento. Por exemplo, foi incluída nota explicativa ao em 8 de novembro de 2010, atualiza referências para
Pronunciamento que, apesar de não ser parte integrante os demais pronunciamentos publicados e incorpora
do mesmo, o acompanha e tem a finalidade de esclarecer atualizações ocorridas no IAS 17. Por exemplo, foram
certas diferenças com relação às normas internacionais. eliminados os parágrafos 14 e 15, e foi elaborado um
Essas diferenças relacionam-se, por exemplo, a ausência, novo parágrafo que esclarece como avaliar um contrato
no CPC 03 (R2) de preferência ao método direto ou ao de arrendamento quando este contemplar terrenos e
método indireto na apresentação da Demonstração dos edifícios (detalhando que cada elemento do contrato de
Fluxos de Caixa, enquanto que o IASB menciona sua arrendamento deve ser avaliado individualmente para
preferência pelo método direto e o incentiva, além de classificação e enquadramento como arrendamento
outras exigências de divulgações existentes no Brasil, operacional ou financeiro).
mas que não constam na versão do IASB. O IASB, em
seu documento Statement of Best Practice: Working CPC 07 (R1) - Subvenção e Assistência
Relationships between the IASB and other Accounting Governamentais
Standard-Setters, admite que as jurisdições façam
exigências de informações adicionais às requeridas por A revisão do CPC 07, cuja audiência pública foi encerrada
ele e declara que isso não impede que as demonstrações em 8 de novembro de 2010, atualiza referências e
contábeis assim elaboradas possam estar de acordo com incorpora possíveis alterações ocorridas no IAS 20, no
as Normas Internacionais de Contabilidade, que é o caso entanto, não altera a essência do Pronunciamento. Por
deste Pronunciamento. exemplo, foi incluído o parágrafo 10 A, esclarecendo que
um benefício econômico obtido com um empréstimo
CPC 04 (R1) - Ativo Intangível governamental com uma taxa de juros abaixo da
praticada no mercado deve ser tratado como subvenção
A revisão do CPC 04, cuja audiência pública foi encerrada governamental, e foi incluída a Interpretação Técnica
em 8 de outubro de 2010, contempla atualizações nas sobre Assistência Governamental - sem relação específica
referências e atualizações feitas pelo próprio IASB no com as atividades operacionais (correlação com as
IAS 38 após a aprovação desse Pronunciamento. Por Normas Internacionais de Contabilidade - SIC 10).
exemplo, esse Pronunciamento foi atualizado para
ficar alinhado ao CPC 15 - Combinação de Negócios
- e, assim, foi incluído parágrafo nas disposições
transitórias esclarecendo que a entidade deve adotar esse
Pronunciamento para contabilizar um ativo intangível
adquirido em uma combinação de negócios de acordo
com o alcance do Pronunciamento CPC 15.

40 PwC
CPC 08 (R1) - Custos de Transação e Prêmios na CPC 36 (R1) - Demonstrações Consolidadas
Emissão de Títulos e Valores Mobiliários
A revisão do CPC 36, publicada em 8 de janeiro de
Este Pronunciamento Técnico está fundamentado 2010, foi efetuada para eliminar o item 3, que discorria
basicamente no IAS 39, cujo equivalente nos sobre a aplicação desse Pronunciamento também na
pronunciamentos do CPC é o CPC 38 - Instrumentos contabilização de investimentos em controladas, entidades
Financeiros - Reconhecimento e Mensuração, sendo que controladas em conjunto e coligadas quando o investidor
esse CPC foi emitido apenas em 2009, após a emissão apresentasse demonstrações contábeis separadas.
original do CPC 08. Dessa forma, a revisão do CPC 08
busca alinhá-lo com o CPC 38 e ainda ajustar alguns CPC 37 (R1) - Adoção Inicial das Normas
exemplos incluídos no Pronunciamento para torná-lo Internacionais de Contabilidade
mais claro.
A revisão do CPC 37, cuja audiência pública foi encerrada
CPC 10 (R1) - Pagamento Baseado em Ações em 8 de novembro de 2010, tem o objetivo de ajustar as
opções permitidas por esse Pronunciamento de forma que
A revisão do CPC 10, cuja audiência pública se encerra em as opções adotadas atendam plenamente ao IFRS 1.
2 de dezembro de 2010, tem por objetivo contemplar as
atualizações feitas pelo IASB no IFRS 2, após a aprovação Foi incluída uma nota explicativa ao Pronunciamento CPC
da primeira versão do CPC 10, sendo a mais relevante 37 (R1), tal qual procedimento efetuado nas revisões dos
ocorrida em junho de 2009 quando o IASB alterou IFRS 2 Pronunciamentos CPC 03 (R1) e CPC 05 (R1), destacando
para esclarecer o alcance e a contabilização de transações certas diferenças existentes entre o IFRS e a prática
de pagamento baseado em ações liquidadas em caixa. As contábil adotada no Brasil, mas com o entendimento
alterações propostas também objetivam incorporar ao expressado pelo CPC de que essas diferenças não
texto do CPC 10 as orientações contidas nas Interpretações interferem na plena adoção das Normas Internacionais de
Técnicas ICPC 04 e ICPC 05 (IFRIC 8 e IFRIC 11). Como Contabilidade pelas companhias brasileiras.
resultado, o CPC está, à semelhança do já ocorrido no
IFRS, propôs a revogação da Interpretação Técnica CPC 43 (R1) - Adoção Inicial dos Pronunciamentos
ICPC 04 - Alcance do Pronunciamento Técnico CPC 10 – Técnicos CPC 15 a 40
Pagamento Baseado em Ações e da Interpretação Técnica
ICPC 05 - Pronunciamento Técnico CPC 10 Pagamento A revisão do Pronunciamento Técnico CPC 43, cuja
Baseado em Ações - Transações de Ações do Grupo e em audiência pública se encerra em 2 de dezembro de 2010,
Tesouraria. tem por objetivo eliminar diferenças que poderiam ainda
existir, em certos casos específicos, decorrentes da adoção
CPC 16 (R1) - Estoques inicial do IFRS em comparação com a adoção de todos
os pronunciamentos deste CPC, em linha com a revisão
A revisão do CPC 16, publicada em 8 de janeiro de 2010, efetuada no Pronunciamento Técnico CPC 37.
foi efetuada para ajustar a redação do item 11, detalhando
que o custo de aquisição dos estoques, entre outros OCPC 01 (R1) - Entidades de Incorporação Imobiliária
itens, compreende os impostos de importação e outros
tributos, exceto os recuperáveis junto ao Fisco, e enfatiza A revisão do OCPC 01, publicada em 8 de janeiro de 2010,
que os descontos e abatimentos devem ser deduzidos na foi efetuada para ajustar o texto do item 8g, para melhor
determinação do custo de aquisição. compreensão do tratamento contábil a ser dado aos
encargos financeiros contabilizados em imóveis
CPC 26 (R1) - Apresentação das Demonstrações comerciais que transitam pelo estoque. Esclareceu que os
Contábeis encargos financeiros elegíveis para serem capitalizados
devem ser calculados proporcionalmente às unidades
A revisão do CPC 26, publicada em 8 de janeiro de 2010, imobiliárias não comercializadas e que os encargos
foi efetuada para ajustar referências no seu Apêndice A - financeiros referentes às unidades comercializadas
Exemplo de demonstração das mutações do patrimônio devem ser reconhecidos no resultado como custo
líquido com evidenciação dos outros resultados das unidades vendidas.
abrangentes e da demonstração do resultado abrangente.
O CPC divulgou, ainda, que pretende emitir orientações
adicionais sobre o ICPC 01 - Contratos de Concessão e
ICPC 02 - Contrato de Concessão do Setor Imobiliário,
visando auxiliar as entidades que atuam nesses setores na
implementação dos IFRS e das referidas Interpretações.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 41


1.4 Sumário de novas normas
Na sequência, apresentamos um resumo dos Pronunciamentos, das Orientações e das Interpretações emitidas em
2010 e em dezembro de 2009, ainda não abrangidos em nossos Guias publicados em anos anteriores. O resumo da
Estrutura Conceitual Básica, dos Pronunciamentos CPC 01 ao CPC 40 e CPC PME, Interpretações Técnicas ICPC 01
a ICPC11 e Orientações Técnicas OCPC01 e OCPC02 encontra-se nos Guias publicados em 2009 e 2008, cuja versão
completa está disponível em nosso site www.pwc.com/br.

Pronunciamento Técnico CPC 41 - Resultado por Ação

Este Pronunciamento trata do Quando a companhia No Brasil, as ações preferenciais


cálculo do resultado por ação básico apresentar demonstrações têm normalmente direito a
e diluído. financeiras consolidadas, além dividendo mínimo (ou mesmo
de demonstrações financeiras fixo), participam dos resultados
Deve ser aplicado na preparação individuais, o resultado por ação remanescentes, e são classificadas
de: (a) demonstrações financeiras pode ser apresentado apenas no patrimônio líquido, inclusive
consolidadas, separadas e na informação individual se o porque participam do rateio do
individuais de companhias cujas resultado líquido e o resultado acervo final da entidade quando
ações ordinárias ou ações ordinárias das operações continuadas forem de sua liquidação. Assim, as ações
potenciais (instrumentos financeiros os mesmos nos dois conjuntos preferenciais no Brasil devem
ou outros contratos que dão ao seu de demonstrações financeiras ser consideradas, para efeito da
titular o direito a ações ordinárias) apresentados. aplicação deste Pronunciamento,
sejam publicamente negociadas com raras exceções, como ações
em bolsas de valores nacionais ou O resultado básico por ação é ordinárias que não têm direito
estrangeiras ou mercado de balcão; calculado dividindo-se o lucro a voto para fins de cálculo do
(b) demonstrações financeiras de ou prejuízo do período atribuído resultado por ação.
companhias que estejam registradas, aos acionistas da companhia pela
ou em processo de registro, na média ponderada da quantidade O Pronunciamento inclui uma lista
Comissão de Valores Mobiliários de ações em circulação. O objetivo de divulgações requeridas e um guia
ou outro órgão regulador, com dessa informação é proporcionar de aplicação, além de uma gama de
o propósito de distribuir suas a mensuração da participação exemplos ilustrativos.
ações em mercados organizados; de cada ação da companhia no
e (c) demonstrações contábeis desempenho da entidade durante
consolidadas de grupo econômico, o período.
cuja controladora atenda a um
desses requisitos. O resultado diluído por ação, por
sua vez, é o resultado por ação
O Pronunciamento aplica- ajustado por todos os efeitos de
se igualmente ao cálculo e à todas as potenciais conversões
divulgação do resultado por de instrumentos (debêntures ou
ação ordinária básico e diluído outros instrumentos de dívida) ou
e, no que couber, ao cálculo e à direitos (opções de ações emitidas
divulgação do resultado por ação para empregados como parte de
preferencial básico e diluído, por sua remuneração) em ações que
classe, independentemente de sua possam alterar a remuneração
classificação como instrumento por ação dos detentores de capital
patrimonial ou de dívida. próprio da companhia.

42 PwC
Pronunciamento Técnico CPC 43 - Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPC 15 a 40

O objetivo do CPC 43 é fornecer as O CPC 43 prevê que a entidade A manutenção do saldo de ativo
diretrizes necessárias para que as deve, primeiramente, aplicar o diferido, mesmo sendo permitida
demonstrações financeiras de uma Pronunciamento Técnico CPC pela legislação contábil brasileira
entidade, preparadas de acordo 37 - Adoção Inicial das Normas vigente, não está em conformidade
com os Pronunciamentos Técnicos, Internacionais de Contabilidade às com as normas internacionais
Interpretações e Orientações suas demonstrações consolidadas de contabilidade. No documento
emitidos pelo CPC, e as divulgações quando adotar tais normas colocado em audiência pública, o
financeiras intermediárias, para internacionais pela primeira CPC indicou seu entendimento de
os períodos parciais cobertos por vez. A seguir, a entidade deve que tal saldo deve ser eliminado
essas demonstrações financeiras, transpor, para suas demonstrações nas demonstrações consolidadas
possam ser declaradas como estando individuais, todos os ajustes que da entidade e que é recomendável
em conformidade com as normas forem necessários, ou pelos quais sua eliminação nas demonstrações
internacionais de contabilidade optou quando da aplicação do individuais. Quanto aos
emitidas pelo IASB - International Pronunciamento Técnico CPC procedimentos previstos no CPC 13
Accounting Standards Board (IFRSs). 37, de forma a obter o mesmo em relação aos saldos em reservas
Somente duas exceções, previstas patrimônio líquido em ambos os de capital decorrentes de prêmio na
na Lei das Sociedades por Ações, são balanços patrimoniais, consolidado emissão de debêntures e de doação
permitidas neste processo de busca e individual. ou subvenção para investimentos,
de convergência com as normas que também podem originar
internacionais: Nas raras exceções em que for diferenças para o padrão IFRS, o CPC
impraticável aplicar algum dos indicou, no documento de audiência
a) Manutenção de saldo de ativo procedimentos e isso gerar diferença pública para revisão do CPC 43, que
diferido até sua entre os dois patrimônios líquidos, devem ser feitos os devidos ajustes
total amortização. esse fato deve ser divulgado nas demonstrações individuais e
juntamente com a explicação consolidadas preparadas com base
b) Demonstrações financeiras dos motivos do impedimento da nos CPCs, para que sejam eliminadas
individuais de entidades com igualdade que se procura. quaisquer diferenças em relação às
investimento em controlada ou demonstrações consolidadas em
empreendimento controlado IFRS. É importante acompanhar a
em conjunto avaliado pela finalização da revisão do CPC 43
equivalência patrimonial. e seu processo de homologação
pelo regulador, para um adequado
tratamento desses temas.

O CPC 43 não é obrigatório para


as pequenas e médias empresas.
O Pronunciamento que traz os
procedimentos para a adoção
inicial nesse tipo de entidade é o
CPC PME. Assim, os parágrafos de
introdução do CPC 43 lembram
que as pequenas e médias empresas
que seguirem o Pronunciamento
Técnico PME não afirmam que as
demonstrações financeiras estão de
acordo com o IFRS, mas sim, que as
suas demonstrações financeiras estão
de acordo com o Pronunciamento
Técnico PME.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 43


Orientação Técnica OCPC 03 - Instrumentos Interpretação Técnica ICPC 12 - Mudanças em Passivos
Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e por Desativação, Restauração e Outros Passivos
Evidenciação Similares

A Orientação Técnica OCPC 03 foi aprovada Esta Interpretação é aplicável às entidades que têm
para ser apresentada como orientação aos obrigações para desmontar, retirar e restaurar itens do
Pronunciamentos Técnicos CPC 38 - Instrumentos imobilizado e fornece orientação sobre como contabilizar
Financeiros: Reconhecimento e Mensuração, CPC o efeito das mudanças na mensuração dos passivos por
39 - Instrumentos Financeiros: Apresentação e desativação, restauração e outros passivos similares.
CPC 40 - Instrumentos Financeiros: Evidenciação,
em substituição ao Pronunciamento Técnico CPC Os eventos que mudam a mensuração de passivo por
14 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, desativação, restauração ou outro passivo similar são:
Mensuração e Evidenciação. (i) mudanças no fluxo de saída estimado de recursos
que incorporam benefícios econômicos necessários para
Tendo em vista a complexidade do tema envolvendo liquidar a obrigação, (ii) mudanças na taxa de desconto
instrumentos financeiros e considerando que para a corrente baseada em mercado e (iii) aumento no passivo
grande maioria das empresas brasileiras o conteúdo que reflete a passagem do tempo (também referido como a
total dos Pronunciamentos CPCs 38, 39 e 40 poucas reversão do desconto).
vezes será utilizado, o CPC deliberou pela emissão
da Orientação Técnica OCPC 03, cujo teor se inicia a Dependendo do método de avaliação do ativo imobilizado
partir do Pronunciamento CPC 14, adicionando alguns (custo ou reavaliação - este último se permitido), as
tópicos anteriormente não tratados nele, mas que mudanças são registradas de forma distinta.
estão previstos nesses três outros Pronunciamentos
sobre instrumentos financeiros (CPCs 38, 39 e 40). Nas circunstâncias em que o respectivo ativo é mensurado
pelo método de custo, como é prática permitida no Brasil,
A Orientação consiste de um guia mais simplificado, as mudanças no passivo serão adicionadas ou deduzidas
contando inclusive com exemplos para a aplicação das do custo do respectivo ativo no período corrente. Se a
normas internacionais sobre instrumentos financeiros. redução no passivo exceder o valor contábil do ativo, o
Dessa forma, o objetivo da Orientação é resumir os excedente é reconhecido imediatamente no resultado. Se o
princípios para o reconhecimento, a mensuração, o ajuste resultar na adição ao custo do ativo, a entidade deve
desreconhecimento de ativos e passivos financeiros considerar se essa adição não representa uma indicação de
e de alguns contratos de compra e venda de itens que o novo valor contábil do ativo pode não ser plenamente
não financeiros, a apresentação e a divulgação de recuperável. Se houver tal indicação, a entidade deve testar
instrumentos financeiros, incluindo derivativos, e o ativo quanto à redução ao valor recuperável, estimando
o reconhecimento de perda no valor recuperável de o correspondente valor recuperável, e deverá contabilizar
ativos financeiros (o que inclui o tratamento contábil qualquer perda por redução ao valor recuperável de acordo
da provisão para créditos de liquidação duvidosa). com o Pronunciamento Técnico CPC 01 - Redução ao Valor
Recuperável de Ativos.
No caso de operações mais sofisticadas, como
instrumentos financeiros híbridos, embutidos e O valor depreciável ajustado do ativo é depreciado ao
operações avançadas de hedge, será necessário o longo de sua vida útil. Portanto, quando o respectivo
acesso aos Pronunciamentos CPC 38, 39 e 40. ativo chegar ao fim de sua vida útil, todas as mudanças
subsequentes no passivo são reconhecidas no resultado, à
O IASB está emitindo minutas de alteração de suas medida que ocorrerem.
normas sobre instrumentos financeiros e, conforme o
desenrolar dessas alterações, o CPC já informou que A reversão periódica do desconto (para refletir a passagem
emitirá os respectivos Pronunciamentos e os órgãos do tempo) deve ser reconhecida no resultado como custo
reguladores se pronunciarão quanto ao início de de financiamento à medida que ocorrer. A capitalização
vigência. O IFRS 9 - Financial Instruments foi emitido prevista no PronunciamentoTécnico CPC 20 - Custos dos
em forma final pelo IASB em novembro de 2009, com Empréstimos não é permitida.
aplicação obrigatória nos exercícios sociais iniciados
a partir de 1º de janeiro de 2013. Todavia, esse
Pronunciamento do IASB ainda não foi recepcionado
pelo CPC.

44 PwC
Interpretação Técnica ICPC 13 - Direitos a Participações Decorrentes de Fundos de Desativação, Restauração e
Reabilitação Ambiental

A ICPC 13 foi emitida no contexto do processo de A ICPC 13 deve ser aplicada à contabilização nas
convergência plena das práticas contábeis brasileiras demonstrações financeiras de contribuinte por
às internacionais. Essa interpretação é equivalente ao participações decorrentes de fundos de desativação
IFRIC 5 que esclarece qual o tratamento contábil a ser que têm as seguintes características: (a) os ativos são
utilizado nas demonstrações financeiras de entidades que administrados separadamente (por serem mantidos
contribuem e são participantes de fundos constituídos em entidade legal separada ou como ativos segregados
com a finalidade de desativação, restauração e dentro de outra entidade) e (b) o direito do contribuinte
reabilitação ambiental. de acessar os ativos é restrito.

O objetivo desse tipo de fundo é segregar ativos para A Interpretação endereça o tratamento contábil em duas
custear alguns ou todos os custos de desativação situações:
de fábricas (por exemplo, usina nuclear) ou de
determinados equipamentos (por exemplo, veículos) ou a) Contabilização de participação em fundo
de reabilitação ambiental (por exemplo, despoluição de
águas ou restauração de terreno contaminado), referidos O contribuinte deve reconhecer sua obrigação de
conjuntamente como “desativação”. pagar gastos de desativação como passivo, bem como
reconhecer sua participação no fundo separadamente.
Pode haver uma grande variedade desse tipo de Caso o contribuinte tenha controle, controle conjunto
fundo. Dessa forma, a Interpretação deve ser aplicada ou influência significativa sobre o fundo, ele deve
considerando a particularidade de cada caso. contabilizar sua participação de acordo com os
Pronunciamentos CPC 18, 19, 35 e 36. Se o contribuinte
Esses fundos geralmente têm as seguintes características: não tiver controle, controle conjunto ou influência
significativa sobre o fundo, deve reconhecer o direito
i. São administrados separadamente por depositários de receber reembolso proveniente do fundo como
independentes. reembolso, de acordo com o Pronunciamento Técnico
CPC 25.
ii. Os contribuintes fazem contribuições ao fundo,
que são investidas em uma série de ativos que b) Contabilização de obrigação de fazer contribuições
podem incluir tanto instrumentos de dívida quanto adicionais
patrimoniais e estão disponíveis para ajudar a pagar
os gastos de desativação. Quando o contribuinte tem obrigação de fazer
contribuições adicionais potenciais como, por exemplo,
iii. Os contribuintes mantêm a obrigação de pagar os se o valor dos ativos de investimento mantidos pelo fundo
gastos de desativação. diminuir a um nível que seja insuficiente para cumprir
as obrigações de reembolso do fundo, essa obrigação
é considerada passivo contingente e, assim sendo,
iv. Os contribuintes podem ter acesso restrito ou está ao alcance do Pronunciamento Técnico CPC 25. O
nenhum acesso a qualquer excedente de ativos do contribuinte deve reconhecer um passivo somente se for
fundo sobre aqueles usados para cumprir os gastos provável que as contribuições adicionais serão feitas.
de desativação elegíveis.
Essa Interpretação é aplicável com a adoção inicial dos
Pronunciamentos Técnicos CPC 38 e 25.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 45


Interpretação Técnica ICPC 15 - Passivo decorrente de Participação em um Mercado
Específico - Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos

Embasada nos conceitos de “obrigação” e “provisão”, esta Interpretação é bastante


específica e fornece orientação sobre o reconhecimento, nas demonstrações financeiras
de fabricantes de equipamentos, de passivos por gerenciamento de resíduos previstos na
Diretiva da União Européia sobre Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos em relação
às vendas de equipamentos residenciais históricos.

Para a Diretiva e, por consequência, para fins desta Interpretação, são considerados
equipamentos residenciais históricos aqueles que foram vendidos antes de 13 de agosto
de 2005 e que originam resíduos por desativação, com um equivalente custo a ser gerido
por cada país-membro da União Européia.

O CPC deliberou emitir esta ICPC 15 em total conformidade com sua versão original pois:

a) Muitas empresas brasileiras têm investidas naquela região que irão aplicar o IFRC 6
e, consequentemente, as investidoras no Brasil necessitarão reconhecer seus efeitos
para fins de equivalência patrimonial e consolidação.

b) Podem ocorrer situações no Brasil que se assemelhem às discutidas na Interpretação,


com o que os princípios básicos também servem como fundamento para o registro
contábil dessas situações.

A ICPC 15 contextualiza o tema fazendo referência aos itens 17 e 19 do Pronunciamento


Técnico CPC 25. O item 17 especifica que um evento que cria obrigação é um evento
passado que cria uma obrigação presente, para o qual a entidade não tenha alternativa
realista senão liquidar a obrigação criada pelo evento. Por sua vez o item 19 do
Pronunciamento Técnico CPC 25 afirma que as provisões devem ser reconhecidas apenas
para “obrigações que surgem de eventos passados que existam independentemente de
ações futuras da entidade”.

A Interpretação foi elaborada para determinar, no contexto da desativação prevista na


Diretiva da União Européia, o que constitui o fato gerador da obrigação, de acordo com o
item 14(a) do Pronunciamento Técnico CPC 25, para o reconhecimento de provisão para
custos de gerenciamento de resíduos.

A Interpretação traz o consenso de que a participação no mercado durante o período de


mensuração é o fato gerador da obrigação. Ou seja, o fato gerador não está vinculado
à produção ou venda dos itens a serem alienados, mas à participação de mercado
do fabricante durante o período de mensuração (a ser especificado na legislação de
cada país-membro). Afirma, ainda, que a época do fato gerador também pode ser
independente do período específico no qual as atividades para realizar o gerenciamento
de resíduos são empreendidas e os custos relacionados incorridos.

46 PwC
2.1 Reestruração das normas emitidas pelo CFC
2. Conselho Federal de
Resolução nº 1.298/10, de 17 de setembro de 2010
Contabilidade - CFC
Esta Resolução dispõe sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas
pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e estabelece que elas devem
seguir os mesmos padrões de elaboração e estilo utilizados nas normas
internacionais, uma vez que compreendem as Normas propriamente ditas,
as Interpretações Técnicas, os Comunicados Técnicos e o Código de Ética
Profissional do Contabilista.

Também define a classificação das Normas Brasileiras de Contabilidade,


segregando-as entre Profissionais e Técnicas e estabelecendo preceitos de
conduta profissional, padrões e procedimentos técnicos necessários para
o adequado exercício profissional. As referidas normas estão estruturadas
conforme segue:

a) Normas Brasileiras de b) Normas Brasileiras de


Contabilidade Profissionais: Contabilidade Técnicas:

i. Geral - NBC PG: são as i. Geral - NBC TG: são


Normas Brasileiras de as Normas Brasileiras
Jair Allgayer Contabilidade aplicadas de Contabilidade
Sócio indistintamente a todos convergentes com as normas
PwC - Brasil os profissionais de internacionais, emitidas
Contabilidade. pela IFRS Foundation, e
as Normas Brasileiras de
ii. Do Auditor Independente Contabilidade, editadas
- NBC PA: são as Normas por necessidades locais sem
“Novas Normas Brasileiras Brasileiras de Contabilidade equivalentes internacionais.
aplicadas especificamente
de Contabilidade: aos contadores que ii. Do Setor Público - NBC
segregando-as entre atuam como auditores
independentes.
TSP: são as Normas
Brasileiras de Contabilidade
profissionais e técnicas e aplicadas ao Setor Público,
iii. Do Auditor Interno - NBC PI: convergentes com as
estabelecendo preceitos são as Normas Brasileiras Normas Internacionais de
de conduta profissional, de Contabilidade aplicadas Contabilidade para o Setor
especificamente aos Público, emitidas pela
padrões e procedimentos contadores que atuam como International Federation
técnicos necessários para auditores internos. of Accountants (IFAC), e
as Normas Brasileiras de
o adequado exercício iv. Do Perito - NBC PP: são Contabilidade aplicadas ao
as Normas Brasileiras de Setor Público, editadas por
profissional. Grandes Contabilidade aplicadas necessidades locais sem
novidades aos contadores especificamente aos equivalentes internacionais.
contadores que atuam como
e aos auditores são peritos contábeis. iii. De Auditoria Independente
observadas aqui.” de Informação Contábil
Histórica - NBC TA: são
as Normas Brasileiras de
Contabilidade aplicadas à
Auditoria convergentes com
as Normas Internacionais
de Auditoria Independente
emitidas pela IFAC.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 47


iv. De Revisão de Informação Contábil Histórica - vii. De Auditoria Interna - NBC TI: são as Normas
NBC TR: são as Normas Brasileiras de Brasileiras de Contabilidade aplicáveis aos trabalhos
Contabilidade aplicadas à Revisão convergentes de Auditoria Interna.
com as Normas Internacionais de Revisão emitidas
pela IFAC. viii. De Perícia - NBC TP - são as Normas Brasileiras de
Contabilidade aplicáveis aos trabalhos de Perícia.
v. De Asseguração de Informação Não Histórica -
NBC TO: são as Normas Brasileiras de A Resolução define que a Interpretação Técnica (IT) tem
Contabilidade aplicadas à Asseguração por objetivo esclarecer a aplicação das Normas Brasileiras
convergentes com as Normas Internacionais de de Contabilidade, definindo regras e procedimentos a
Asseguração emitidas pelo IAASB. serem aplicados em situações, transações ou atividades
específicas, sem alterar a substância dessas normas. Já
vi. De Serviço Correlato - NBC TSC: são as Normas o Comunicado Técnico (CT) tem por objetivo esclarecer
Brasileiras de Contabilidade aplicadas aos assuntos de natureza contábil, com a definição de
Serviços Correlatos convergentes com as Normas procedimentos a serem observados, considerando os
Internacionais para Serviços Correlatos emitidas interesses da profissão e as demandas da sociedade.
pelo IAASB.
Esta Resolução revoga a Resolução CFC nº 1.156/2009,
publicada no D.O.U., Seção 1, de 17 de fevereiro de 2009.

2.2 Aspectos de Auditoria


2.2.1 Estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade do Auditor Independente

O Plenário do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) aprovou, em 27 de novembro de 2009, trinta e sete Normas
Brasileiras de Contabilidade Técnica de Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica (NBC TA) e, em
10 de dezembro de 2009, duas Normas Brasileiras de Contabilidade Profissional do Auditor Independente (NBC PA),
todas refletindo o padrão internacional e em consonância com as novas versões das ISAs, ou seja, após o projeto de ISA
Clarity 1.

As novas NBC TAs resultaram do processo de convergência das normas brasileiras com as normas emitidas pelo IAASB
- International Auditing and Assurance Standards Board, implementado pelo CFC em conjunto com o Instituto dos
Auditores Independentes do Brasil (IBRACON). Essas NBC TAs, ou as novas normas brasileiras de auditoria, mantêm
a numeração original da IFAC para facilitar as citações e revisões futuras, bem como para deixar transparente a
equivalência às normas internacionais.

Essas novas normas são aplicáveis às demonstrações financeiras para períodos, completos ou intermediários, que se
findem a partir de 30 de dezembro de 2010.

O quadro a seguir contém as novas normas de auditoria independente:

NBC PAs - Normas Profissionais do Auditor Independente

Referência Assunto Resolução CFC


NBC PA 01 Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e Físicas) de Auditores 1.201/09
Independentes
NBC PA 02 Independência 1.267/09

1
No início de 2009, o IAASB - International Auditing and Assurance Standards Board completou o que se denominou Clarity Project. Nesse
projeto, com duração de dois ou três anos, algumas normas foram revisadas e outras reescritas, com o propósito de deixar mais claros
os objetivos e as responsabilidades dos auditores independentes e facilitar a implementação internacional das normas de auditoria nos
diversos países.

48 PwC
NBC TAs - Normas Técnicas de Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica

Referência Assunto Resolução CFC


NBC TA 01 Estrutura Conceitual para Trabalho de Asseguração 1.202/09
NBC TA 200 Objetivos Gerais do Auditor Independente e a Condução da Auditoria em Conformidade com 1.203/09
as Normas de Auditoria
NBC TA 210 Concordância com os Termos do Trabalho de Auditoria 1.204/09
NBC TA 220 Controle de Qualidade da Auditoria de Demonstrações Contábeis 1.205/09
NBC TA 230 Documentação de Auditoria 1.206/09
NBC TA 240 Responsabilidade do Auditor em Relação à Fraude no Contexto da Auditoria de 1.207/09
Demonstrações Contábeis
NBC TA 250 Consideração de Leis e Regulamentos na Auditoria de Demonstrações Contábeis 1.208/09
NBC TA 260 Comunicação com os Responsáveis pela Governança 1.209/09
NBC TA 265 Comunicação de Deficiências do Controle Interno 1.210/09
NBC TA 300 Planejamento da Auditoria de Demonstrações Contábeis 1.211/09
NBC TA 315 Identificação e Avaliação dos Riscos de Distorção Relevante por meio do Entendimento da 1.212/09
Entidade e de seu Ambiente
NBC TA 320 Materialidade no Planejamento e na Execução da Auditoria 1.213/09
NBC TA 330 Resposta do Auditor aos Riscos Avaliados 1.214/09
NBC TA 402 Considerações de Auditoria para a Entidade que Utiliza Organização Prestadora de Serviços 1.215/09
NBC TA 450 Avaliação das Distorções Identificadas durante a Auditoria 1.216/09
NBC TA 500 Evidência de Auditoria 1.217/09
NBC TA 501 Evidência de Auditoria - Considerações Específicas para Itens Selecionados 1.218/09
NBC TA 505 Confirmações Externas 1.219/09
NBC TA 510 Trabalhos Iniciais - Saldos Iniciais 1.220/09
NBC TA 520 Procedimentos Analíticos 1.221/09
NBC TA 530 Amostragem em Auditoria 1.222/09
NBC TA 540 Auditoria de Estimativas Contábeis, Inclusive do Valor Justo, e Divulgações Relacionadas 1.223/09
NBC TA 550 Partes Relacionadas 1.224/09
NBC TA 560 Eventos Subsequentes 1.225/09
NBC TA 570 Continuidade Operacional 1.226/09
NBC TA 580 Representações Formais 1.227/09
NBC TA 600 Considerações Especiais - Auditorias de Demonstrações Contábeis de Grupos, Incluindo o 1.228/09
Trabalho dos Auditores Componentes
NBC TA 610 Utilização do Trabalho de Auditoria Interna 1.229/09
NBC TA 620 Utilização do Trabalho de Especialistas 1.230/09
NBC TA 700 Formação da Opinião e Emissão do Relatório do Auditor Independente sobre as 1.231/09
Demonstrações Contábeis
NBC TA 705 Modificações na Opinião do Auditor Independente 1.232/09
NBC TA 706 Parágrafos de Ênfase e Parágrafos de Outros Assuntos no Relatório do Auditor Independente 1.233/09
NBC TA 710 Informações Comparativas - Valores Correspondentes e Demonstrações Contábeis 1.234/09
Comparativas
NBC TA 720 Responsabilidade do Auditor em Relação a Outras Informações Incluídas em Documentos 1.235/09
que Contenham Demonstrações Contábeis Auditadas
NBC TA 800 Considerações Especiais - Auditorias de Demonstrações Contábeis Elaboradas de Acordo 1.236/09
com Estruturas Conceituais de Contabilidade para Propósitos Especiais
NBC TA 805 Considerações Especiais - Auditoria de Quadros Isolados das Demonstrações Contábeis e 1.237/09
de Elementos, Contas ou Itens Específicos das Demonstrações Contábeis
NBC TA 810 Trabalhos para a Emissão de Relatório sobre Demonstrações Contábeis Condensadas 1.238/09

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 49


Além do conjunto de normas de auditoria acima 2.2.2 Relatório do Auditor
referidas e, como parte da plena convergência com as
normas internacionais, o CFC também aprovou outras A fim de que os usuários das demonstrações financeiras
importantes normas: se familiarizem com a nova estrutura de opinião do
auditor independente, reproduzimos a seguir um modelo
a) NBC TO 01 - Trabalho de Asseguração Diferente de de relatório (sem qualificação) elaborado a partir da
Auditoria e Revisão (3000) equivalente à norma NBC TA 700. Os modelos de relatórios modificados
internacional ISAE 3000. podem ser encontrados no apêndice da NBC TA 705.

b) NBC TR 2400 - Trabalhos de Revisão de Conforme indicado na norma, o modelo a seguir parte
Demonstrações Contábeis equivalente à norma do cenário em que foi efetuada auditoria do conjunto
internacional ISRE 2400. completo de demonstrações financeiras, elaboradas para
fins gerais pela administração da entidade de acordo com
c) NBC TR 2410 - Revisão de Informações as práticas contábeis adotadas no Brasil, sendo que neste
Intermediárias Executada pelo Auditor da Entidade caso o auditor concluiu que a emissão de um relatório
equivalente à norma internacional ISRE 2410. sem ressalvas ou outras modificações é apropriada.

d) A NBC TSC 4400 - Trabalhos de Procedimentos


Previamente Acordados sobre Informações
Contábeis, adotada no Brasil nos termos da sua
equivalente norma internacional ISRS 4400.

No momento, encontra-se em audiência pública a


NBC PA 02 - Independência do auditor para trabalhos
de auditoria, de revisão e de outros trabalhos de
asseguração, que trata dos requisitos de independência
a serem observados pelo profissional, emitida com
o objetivo de concluir o processo de plena adoção
das normas do IFAC, em substituição à NBC PA 02 –
Independência, atualmente vigente.

Em decorrência desse novo padrão de normas de


auditoria no Brasil, surge uma grande novidade para
os usuários em geral das demonstrações financeiras,
que é o formato e a estrutura do parecer do auditor
independente, que passa a ser denominado “relatório”.
Essas mudanças estão dispostas na “NBC TA 700 -
Formação da Opinião e Emissão do Relatório do Auditor
Independente” e exemplificadas no item 2.2.2 a seguir.

50 PwC
Relatório dos auditores independentes sobre as demonstrações financeiras
(Destinatário apropriado)

Examinamos as demonstrações financeiras da Companhia ABC, que compreendem o balanço patrimonial em


31 de dezembro de 20X11 e as respectivas demonstrações2 do resultado, do resultado abrangente, das mutações
do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa para o exercício findo naquela data, assim como o resumo das
principais práticas contábeis e demais notas explicativas.

Responsabilidade da administração sobre as demonstrações contábeis

A administração da Companhia é responsável pela elaboração e adequada apresentação dessas demonstrações


financeiras de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil e pelos controles internos que ela
determinou como necessários para permitir a elaboração de demonstrações financeiras livres de distorção
relevante, independentemente se causada por fraude ou erro.

Responsabilidade dos auditores independentes

Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações financeiras com base em nossa
auditoria, conduzida de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria. Essas normas requerem
o cumprimento de exigências éticas pelos auditores e que a auditoria seja planejada e executada com o objetivo
de obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis estão livres de distorção relevante.

Uma auditoria envolve a execução de procedimentos selecionados para obtenção de evidência a respeito dos
valores e divulgações apresentados nas demonstrações financeiras. Os procedimentos selecionados dependem
do julgamento do auditor, incluindo a avaliação dos riscos de distorção relevante nas demonstrações contábeis,
independentemente se causada por fraude ou erro. Nessa avaliação de riscos, o auditor considera os controles
internos relevantes para a elaboração e adequada apresentação das demonstrações financeiras da Companhia
para planejar os procedimentos de auditoria que são apropriados nas circunstâncias, mas não para fins de
expressar uma opinião sobre a eficácia desses controles internos da Companhia. Uma auditoria inclui, também,
a avaliação da adequação das práticas contábeis utilizadas e a razoabilidade das estimativas contábeis feitas
pela administração, bem como a avaliação da apresentação das demonstrações financeiras tomadas em
conjunto. Acreditamos que a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada para fundamentar nossa
opinião.

Opinião

Em nossa opinião, as demonstrações financeiras acima referidas apresentam adequadamente, em todos os


aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Companhia ABC em 31 de dezembro de 20X1, o
desempenho de suas operações e os seus fluxos de caixa para o exercício findo naquela data, de acordo com as
práticas contábeis adotadas no Brasil.

Local

Nome dos auditores independentes, do profissional e números de registro no CRC/Assinatura

1
A Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação de Demonstrações Contábeis utilizada no Brasil determina a apresentação de
demonstrações contábeis contendo cifras comparativas do exercício anterior, e a Lei das Sociedades Anônimas fala em apresentação
dos valores correspondentes do exercício anterior. Nesse cenário, aplicando as normas e as práticas internacionais, o auditor fará
referência, neste parágrafo, apenas ao exercício corrente.

2
Nos casos em que forem incluídas demonstrações consolidadas ou outras demonstrações, esse parágrafo e o da opinião deverão ser
adaptados.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 51


2.3 Aspectos de Contabilidade
2.3.1 Resoluções que aprovam CPCs e ICPCs emitidos Resolução nº 1.282/10, de 28 de maio de 2010
pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)
Atualiza e consolida dispositivos da Resolução CFC
O Conselho Federal de Contabilidade, no exercício de nº 750/93, que dispõe sobre os Princípios Fundamentais
suas atribuições legais e regimentais e como membro da Contabilidade, considerando que, em decorrência
do CPC, emitiu em 2010 diversas resoluções aprovando da harmonização das normas brasileiras às normas
Pronunciamentos Técnicos e Interpretações Técnicas internacionais, a denominação de Princípios
emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Fundamentais de Contabilidade deve ser alterada para
Essas resoluções constam do quadro apresentado Princípios de Contabilidade, visto ser suficiente para o
neste Guia na seção “Pronunciamentos, orientações e perfeito entendimento dos usuários das demonstrações
interpretações emitidos pelo CPC e homologação dos contábeis e dos profissionais da Contabilidade.
reguladores”. (páginas 34 a 38)
Resolução nº 1.283/10, de 28 de maio de 2010
2.3.2 Demais Resoluções relevantes, emitidas
pelo CFC entre dezembro 2009 e por ocasião da Revoga as Resoluções CFC nos 686/90, 732/92, 737/92,
preparação deste Guia 846/99, 847/99, 887/00 e 1.049/05, que tratam da
NBC T 3 - Conceito, Conteúdo, Estrutura e Nomenclatura
Resolução nº 1.269/09, de 10 de dezembro de 2009 das Demonstrações Contábeis, da NBC T 4 - Da
Avaliação Patrimonial e da NBC T 6 - Da Divulgação
Esta Resolução determina que a aplicação antecipada das Demonstrações Contábeis, uma vez que os assuntos
das Normas Brasileiras de Contabilidade convergidas, objetos destas resoluções estão inseridos em outras
editadas em 2009, somente poderá ser exercida se normas já aprovadas pelo CFC.
aplicada a todas as normas conjuntamente, com vigência
a partir de 1º de janeiro de 2010. Resolução nº 1.285/10, de 18 de junho de 2010

Resolução nº 1.273/10, de 22 de janeiro de 2010 Esta Resolução inclui o Apêndice “Glossário de Termos”
à NBC T 19.41 - Contabilidade para Pequenas e Médias
Altera alguns itens de NBC Ts relacionados a Empresas, em que constam cerca de 18 páginas de termos
Pronunciamentos Contábeis (CPCs), com o objetivo de e conceitos contábeis adotados no Pronunciamento
acompanhar as revisões dos mesmos. Ou seja, altera os Contábil CPC PME para facilitar o entendimento
itens 4, 5, 35 e 36 da NBC T 7 - Efeitos nas Mudanças deste por parte daqueles que irão adotar o referido
nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Pronunciamento denominado “CPC PME - Contabilidade
Contábeis, correspondente ao CPC 02; altera os itens 8 para Pequenas e Médias Empresas” e aprovado pelo CFC
e 9 da NBC T 3.8 - Demonstração dos Fluxos de Caixa, por meio da Resolução nº 1.255/09.
correspondente ao CPC 03; altera o item 11 da
NBC T 19.20 - Estoques, correspondente ao CPC16; altera Resolução nº 1.286/10, de 23 de julho de 2010
a alínea (g) do item 8 da NBC T 10.23 - Entidades de
Incorporação Imobiliária, correspondente ao OCPC01; Revoga as Resoluções CFC nos 876/00, 913/01 e 956/03,
substitue o Apêndice A da NBCT 19.27 - Apresentação que tratam da NBC T 10.9 - Entidades Financeiras, da
das Demonstrações Contábeis, correspondente ao CPC NBC T 10.3 - Consórcio de Vendas e da NBC T 10.6 -
26; e elimina o item 3 da NBC T 19.36 - Demonstrações Entidades Hoteleiras, respectivamente.
Consolidadas, correspondente ao CPC 36.
Resolução nº 1.299/10, de 21 de setembro de 2010
O sumário dessas revisões pode ser lido na sinopse
correspondente aos Pronunciamentos Contábeis (CPCs) O CFC, no exercício de suas atribuições legais e
neste Guia. regimentais, aprovou, por meio desta Resolução,
o Comunicado Técnico CT 04, que estabelece os
Resolução nº 1.281/10, de 16 de abril de 2010 procedimentos técnicos e demais formalidades a
serem observados pelos profissionais de Contabilidade
Altera a data de aplicação da NBC Ts e ITs aprovadas quando da realização da escrituração contábil em forma
pelas Resoluções CFC nos 1.170 a 1.172, 1.174 a 1.180, digital para fins de atendimento ao Sistema Público
1.184 a 1.189, 1.193, 1.195 a 1.198, 1.239 a 1.242, de Escrituração Digital (SPED). Também revoga as
1.254 e 1.256 a 1.266, todas de 2009 e que tratam de Resoluções CFC nos 1.020/05 e 1.063/05.
Pronunciamentos Técnicos e Interpretações Técnicas
emitidos pelo CPC, que passam a ser obrigatórios a
partir de dezembro de 2010, observando, no caso de
adoção antecipada, o disposto no art. 1º da Resolução
CFC nº 1.269/09.

52 PwC
3.1 Deliberações que aprovam CPCs e ICPCs
3. Comissão de Valores emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos
Mobiliários - CVM Contábeis (CPC)
No ano de 2010, a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, no exercício de
suas atribuições legais e regimentais, emitiu diversas deliberações com o
objetivo de homologar Pronunciamentos Técnicos, Orientações Técnicas
e Interpretações Técnicas emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos
Contábeis. Essas deliberações constam do quadro apresentado neste Guia na
seção “Pronunciamentos, orientações e interpretações emitidos pelo CPC e
homologação dos reguladores”. (páginas 34 a 38)

3.2 Instrução CVM nº 480, de 7 de dezembro de


2009
Por meio desta Instrução, a CVM atualizou as regras de registro de emissores de
valores mobiliários admitidos à negociação em mercados regulamentados, bem
como o regime informacional a que tais emissores estão sujeitos. Aplica-se não
apenas aos emissores brasileiros de valores mobiliários admitidos à negociação
em mercados regulamentados no Brasil, como também aos estrangeiros, com
exceção apenas dos fundos de investimento, clubes de investimento e alguns
Patricia Agostineto outros expressamente mencionados na norma, que permanecem sujeitos à
Diretora regulamentação específica da CVM.
PwC - Brasil
Essa Instrução entrou em vigor em 1º de janeiro de 2010 e revogou, substituiu
ou alterou a Instrução CVM nº 202/93 e algumas outras instruções e
deliberações que anteriormente disciplinavam a matéria. São diversos os temas
abordados nessa Instrução, sendo seus principais objetivos os seguintes:
“A Instrução nº 480
da CVM pretende a) Criar categorias de emissores de acordo com os tipos de valores
mobiliários admitidos à negociação.
tornar mais clara
a comunicação das b) Estabelecer regimes de prestação de informações adequados a cada
uma das categorias criadas.
empresas para o
mercado em geral.” c) Consolidar as regras que tratam de registro de emissor de valores
mobiliários, de modo que os procedimentos de registro, suspensão e
cancelamento sejam adequados a cada categoria de emissor.

d) Melhorar a qualidade e apresentação das informações periódicas


prestadas por emissores de valores mobiliários, para facilitar o
entendimento de tais informações por parte do investidor.

e) Tornar possível que determinados emissores, desde que atendam a


certos pré-requisitos, tenham seus pedidos de registro de ofertas de
distribuição aprovados com maior celeridade.

f) Mudar os critérios que determinam quando um emissor é considerado


estrangeiro.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 53


A seguir, relacionamos alguns dos pontos de destaque da Instrução CVM nº 480/09:

a) Criação do Formulário de Referência (FR): c) Criação de categorias de emissores: os emissores


um documento único que serve como modelo de valores mobiliários passaram a ser divididos em
para que as informações referentes ao emissor categoria A e categoria B, com base exclusivamente
sejam reunidas e atualizadas anualmente. O FR nos tipos de valores mobiliários admitidos à
substituirá o formulário de Informações Anuais negociação. Aqueles registrados na categoria A estão
(IAN), que atualmente é o principal instrumento autorizados a negociar quaisquer valores mobiliários
para divulgação de informações periódicas não em mercados regulamentados. Já os emissores
contábeis. Ele deverá ser entregue à CVM em até registrados na categoria B estão autorizados a
cinco meses contados da data de encerramento negociar em mercados regulamentados valores
do exercício social. Em 2010, excepcionalmente, mobiliários que não sejam ações, certificado de
conforme Deliberação CVM nº 627/10, para os depósito de ações ou valores mobiliários que se
emissores com o exercício social encerrado em 31 convertam ou confiram o direito de adquirir ações ou
de dezembro de 2009, o prazo de entrega do FR certificados de depósito de ações. Os critérios para
foi prorrogado de 31 de maio para 30 de junho. a identificação de emissores estrangeiros levam em
Emissores com exercício social findo após 31 de consideração, além do local da sede, a quantidade de
dezembro de 2009 permanecem obrigados a ativos pertencentes ao emissor no exterior.
entregar o FR até 31 de maio.
Os emissores que obtiveram registro de companhia
Adicionalmente, a CVM divulgou ofícios (Ofício- aberta antes da entrada em vigor desta instrução
Circular CVM/SEP nos 01/2010 e 03/2010, de 19 foram automaticamente transferidos para as novas
de janeiro e 12 de março de 2010, respectivamente) categorias criadas, tendo a CVM divulgado em
com orientações gerais sobre o preenchimento do consonância à Instrução um edital com a nova
Formulário de Referência. A CVM acredita que esse classificação efetuada para tais emissores.
modelo é desejável e compatível com a realidade
do mercado brasileiro, no sentido de criar uma d) Mudanças relevantes em relação às ITRs:
fonte confiável e permanente de informações
quantitativas e qualitativas a respeito do emissor, i. Prazo de entrega: diminuição de 45 dias
bem como facilitar a análise de tais informações, para um mês, contados do encerramento do
tanto pela CVM quanto pelos investidores, e trimestre. Excepcionalmente, em virtude do
melhorar a precificação dos valores mobiliários no processo de convergência das normas contábeis
mercado secundário. para os padrões internacionais, a diminuição do
prazo de entrega foi adiada para 2012, ou seja,
b) Exigências para ofertas públicas de distribuições o prazo de 45 dias poderá ser ainda utilizado
de valores mobiliários: a instrução pede níveis durante o exercício de 2011 (art. 65).
de informação semelhantes aos exigidos pela
Instrução CVM nº 400/03 (sobre as ofertas públicas ii. Informações consolidadas: a instrução inova e
de distribuição de valores mobiliários), mas em acompanha uma prática comum já estabelecida
um formato que privilegia o melhor entendimento por muitas companhias, ao estabelecer o
do investidor, merecendo destaque as seções sobre requerimento de que os ITRs dos emissores
transações com partes relacionadas, comentários registrados na categoria A devem conter
dos diretores, riscos de mercado, assembleias informações contábeis consolidadas sempre
gerais e administração, e remuneração dos que tais emissores estejam obrigados a
administradores. apresentar demonstrações financeiras
consolidadas (art. 29, § 2º).
Também é exigido que os emissores informem
suas políticas e práticas em relação às matérias e) Demonstrações Financeiras apresentadas
mais sensíveis da condução de seus negócios, especialmente para fins de registro: a Instrução
informações qualitativas que tendem a permitir requer que sejam entregues, para fins de registro,
uma melhor avaliação do desempenho da demonstrações financeiras referentes aos três
administração dos emissores de valores mobiliários. últimos exercícios sociais e, adicionalmente, indica
que não serão aceitos pareceres de auditoria que
contenham opinião com ressalva ou adversa sobre
distorções relevantes (vide anexo 3, art. 1,
parágrafo único).

54 PwC
f) Demonstrações Financeiras apresentadas h) Conteúdo do Formulário de Referência (anexo
regularmente como parte das informações 24): na segunda seção, que trata dos auditores,
periódicas requeridas: as demonstrações financeiras o formulário exige informações cadastrais e
devem ser acompanhadas de alguns documentos informações detalhadas para caso de substituição de
adicionais, tais como: parecer do conselho fiscal ou auditores, incluindo a justificativa da substituição
órgão equivalente (se houver), acompanhado de e, se for o caso, razões apresentadas pelo auditor
eventuais votos dissidentes; proposta de orçamento em discordância da justificativa do emissor para
de capital preparada pela administração (se houver); sua substituição. Também deve ser informado
declaração dos diretores de que reviram, discutiram pelo emissor o montante total de remuneração dos
e concordaram com as opiniões expressas no parecer auditores independentes no último exercício social,
dos auditores independentes, informando as razões, discriminando os honorários relativos a serviços de
em caso de discordância; e declaração dos diretores auditoria e os relativos a quaisquer outros serviços
que reviram, discutiram e concordaram com as prestados.
demonstrações financeiras (vide art. 25).
Na seção 10 - “comentários dos diretores”, entre
Outro ponto de destaque no que se refere às outros assuntos, é requerido que os diretores
informações periódicas requeridas (como DFs e comentem (item 10.4) sobre mudanças significativas
ITRs) é que o artigo no 52 da instrução estabelece nas práticas contábeis, efeitos significativos de
que o registro do emissor de valores mobiliários será tais alterações, e ressalvas e ênfases presentes
suspenso caso tal emissor descumpra, por período no parecer do auditor. Ainda na mesma seção, os
superior a 12 meses, suas obrigações periódicas. diretores devem comentar, com relação aos controles
E, segundo o artigo no 54, no cenário em que o internos adotados para assegurar a elaboração das
emissor fique suspenso por mais de 12 dias, ele tem demonstrações contábeis (item 10.6), sobre o grau de
seu registro cancelado junto à CVM. Em janeiro de eficiência de tais controles, indicando imperfeições e
2010, a CVM tornou público, por meio de dois editais providências adotadas para corrigi-las, e deficiências e
divulgados em seu site, que 10 emissores tiveram seus recomendações sobre os controles internos presentes
registros suspensos, e outros 48 emissores tiveram no relatório do auditor independente.
seus registros cancelados, em atendimento aos dois
artigos supracitados. i) Regras específicas para securitizadoras: o Anexo
32-II trata de tais regras, que basicamente se referem
g) Emissores estrangeiros: a Instrução apresenta a relatórios adicionais a serem entregues com as
alguns critérios para se determinar quando um ITRs e DFPs.
emissor pode ser considerado estrangeiro. Para
os emissores registrados como “estrangeiros”, o Com a edição da Instrução CVM nº 480/09, a CVM
artigo 27 da instrução estabelece a obrigatoriedade traduz o alinhamento do mercado de capitais brasileiro
de apresentação periódica das demonstrações com a tendência mundial de ampla divulgação de
financeiras, que podem ser elaboradas em informações financeiras e não financeiras das companhias
português, em moeda nacional e de acordo com: abertas aos investidores. Mais uma vez, é dado um
a) Lei nº 6.404/76 e normas da CVM; b) normas importante passo em direção às melhores práticas de
contábeis internacionais emitidas pelo IASB; ou c) Governança Corporativa.
normas contábeis do país de origem, caso o emissor
tenha sede em país membro do Mercosul. Tais Essa nova norma contribui sensivelmente para melhorar
demonstrações financeiras devem ser auditadas por a qualidade e a apresentação das informações financeiras
auditor independente registrado: a) na CVM; ou b) e não financeiras periódicas e eventuais prestadas por
em órgão competente no país de origem do emissor. emissores de valores mobiliários no Brasil. As divulgações
Caso opte por essa última alternativa “b”, o parecer requeridas elevarão os patamares de Governança
do auditor independente registrado no país de origem Corporativa das companhias abertas brasileiras,
do emissor deve ser acompanhado de relatório de facilitando a análise por parte dos investidores e provendo
revisão especial elaborado por auditor independente parâmetros para comparação entre as diversas companhias
registrado na CVM. em variados segmentos de indústria.

Mais ainda: a proposição do FR proporcionará às


empresas condições de aproveitar melhor as janelas de
oportunidades oferecidas pelo mercado, considerando
que o documento FR será “vivo” e estará em constante e
tempestiva atualização, permitindo agilidade no processo
de captação de recursos no mercado.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 55


3.3 Instrução CVM nº 481, de 17 de dezembro de 2009
Esta Instrução disciplina assuntos relacionados com informações que devem acompanhar os anúncios de convocação
às assembleias gerais e especiais de acionistas, informações sobre as matérias a serem deliberadas, bem como pedidos
públicos de procuração para exercício do direito de voto em assembleias de acionistas. É aplicável exclusivamente às
companhias abertas que disponham de ações admitidas à negociação em mercados regulamentados.

3.4 Instrução CVM nº 482, de 5 de 3.6 Deliberação CVM nº 626, de 31


abril de 2010 de março de 2010
Altera e acrescenta artigos à Instrução CVM nº 400/03, Altera o art. 4º da Deliberação no 603/09, que dispõe
que regula as ofertas públicas de distribuição de valores sobre a apresentação dos Formulários de Informações
mobiliários, nos mercados primário ou secundário. Esta Trimestrais - ITRs relativos ao exercício de 2010 e sobre
Instrução também acrescenta artigos à Instrução CVM nº a adoção antecipada das normas contábeis que devem
476/09, que dispõe sobre as ofertas públicas de valores vigorar a partir de 2010.
mobiliários distribuídas com esforços restritos, bem como
a negociação desses valores mobiliários nos mercados A alteração foi efetuada para prever que a faculdade
regulamentados, não sendo aplicável às ofertas privadas de utilizar as normas contábeis vigentes até 31 de
de valores mobiliários, mas sim exclusivamente às ofertas dezembro de 2009 também é aplicável às demonstrações
públicas de notas comerciais, cédulas de crédito bancário intermediárias elaboradas para atendimento às
que não sejam de responsabilidade de instituição disposições da lei societária e às demonstrações
financeira, debêntures não conversíveis ou especialmente elaboradas para fins de registro na CVM
não permutáveis por ações, cotas de fundos de (Instrução CVM nº 480/09).
investimento fechados e certificados de recebíveis
imobiliários ou do agronegócio. Referida Deliberação dispõe também que a
reapresentação prevista da Deliberação CVM nº 603/09
3.5 Instrução CVM nº 485, de 1º de se restringe apenas aos ITRs.

setembro de 2010
3.7 Deliberação CVM nº 629, de 19
Altera a Instrução CVM nº 457/07, revogando seu artigo de maio de 2010
3º, que dispõe sobre a elaboração e a divulgação das
demonstrações financeiras consolidadas, com base no Revoga a Deliberação CVM nº 569/09 e consolida a
padrão contábil internacional emitido pelo International Estrutura Organizacional da CVM, a fim de estabelecer
Accounting Standards Board - IASB. componentes, siglas e subordinações, todas listadas
na referida Deliberação. Adicionalmente, extingue a
Esta Instrução determina que as companhias Gerência de Orientação a Investidores 2 (GOI-2) e cria a
abertas deverão: Gerência de Acompanhamento de Empresas 5 (GEA-5).

a) Preparar suas demonstrações financeiras 3.8 Deliberação CVM nº 631, de 16


consolidadas elaboradas com base em
pronunciamentos, plenamente convergentes com de junho de 2010
as normas internacionais, emitidos pelo Comitê de
Pronunciamentos Contábeis - CPC e referendados Esta Deliberação faculta aos emissores de valores
pela CVM e que tais demonstrações financeiras mobiliários, com exercício social findo em 31 de
serão denominadas “Demonstrações Financeiras dezembro, a entrega anual do formulário de referência,
Consolidadas em IFRS”. no prazo estabelecido na Deliberação CVM nº 627/10, em
arquivo em formato de texto livre por meio do
b) Apresentar, em nota explicativa às demonstrações sistema IPE disponível na página da CVM na rede
financeiras consolidadas, uma declaração explícita mundial de computadores.
e sem reservas de que estas demonstrações estão
em conformidade com as normas internacionais Também determina aos emissores que exercerem essa
de contabilidade emitidas pelo IASB e também de faculdade a reentrega até o final do dia 31 de agosto de
acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. 2010 do formulário de referência atualizado, por meio
do sistema eletrônico específico para o preenchimento e
c) Aplicar o disposto neste artigo também às o envio do formulário, disponível na página da CVM na
demonstrações financeiras consolidadas do exercício rede mundial de computadores.
anterior apresentadas para fins comparativos.

56 PwC
A Resolução do CMN nº 3.786, de 24 de setembro de 2009, determinou que
4. CMN - Conselho as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar
pelo BACEN, constituídas sob a forma de companhia aberta ou que sejam
Monetário Nacional obrigadas a constituir Comitê de Auditoria nos termos da regulamentação
e BACEN - Banco em vigor, devem, a partir da data-base de 31 de dezembro de 2010, elaborar
e divulgar anualmente demonstrações financeiras consolidadas adotando o
Central do Brasil padrão contábil internacional (de acordo com os pronunciamentos emitidos
pelo International Accounting Standards Board (IASB). Ficou facultada a
apresentação comparativa das demonstrações financeiras consolidadas para a
data-base de 31 de dezembro de 2010.

A Carta-Circular nº 3.435, de 18 de março de 2010, esclareceu sobre a data


do balanço de abertura a ser considerada nas demonstrações financeiras
consolidadas de 31 de dezembro de 2010. Para as instituições que não
apresentarem demonstrações contábeis consolidadas comparativas, a data
do balanço de abertura será 1º de janeiro de 2010; para as instituições que
optarem por apresentar demonstrações financeiras comparativas dos anos de
2010 e 2009, a data do balanço de abertura será 1º de janeiro de 2009; e para
as instituições que optarem por apresentar comparativos dos anos de 2010,
2009 e 2008, a data do balanço de abertura será 1º de janeiro de 2008.

Quanto às demonstrações financeiras individuais, serão mantidas as práticas


contábeis adotadas no Brasil aplicáveis às instituições financeiras e demais
instituições autorizadas a funcionar pelo BACEN, considerando que até a
presente data o Conselho Monetário Nacional (CMN) não aprovou todos os
pronunciamentos emitidos pelo Comitê de Políticas Contábeis (CPC).
Edison Arisa
Sócio Os pronunciamentos aprovados até a presente data foram:
PwC - Brasil
• CPC 01 - Redução ao Valor Recuperável de Ativos (Impairment).

• CPC 03 - Demonstração dos Fluxos de Caixa.

“O Conselho Monetário • CPC 05 - Divulgação sobre Partes Relacionadas.

Nacional e o Banco • CPC 25 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes.

Central do Brasil deram


impulso relevante ao
processo de convergência
das normas contábeis
internacionais ao
requerer demonstrações
consolidadas em IFRS
para 2010.”

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 57


No processo de convergência com as Normas Internacionais de
5. SUSEP - Contabilidade, a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) aprovou,
por meio da edição da Circular nº 379, de 19 de dezembro de 2008, diversos
Superintendência pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) (até o
de Seguros Privados CPC 13, exceto o CPC 11), prevendo a aplicação dessas normas contábeis
para os exercícios de 2008 e 2009. Conforme Circular SUSEP no 408, de
23 de agosto de 2010, o CPC 11 - Contratos de Seguros (IFRS 4 - Insurance
Contracts) será aplicado nas demonstrações financeiras individuais somente
a partir de 1º de janeiro de 2011.

Adicionalmente, foram divulgadas pelo CPC outros Pronunciamentos e


Interpretações durante 2009 e 2010 que alteram as práticas contábeis
adotadas no Brasil, decorrentes do processo de convergência com as
Normas Internacionais de Contabilidade que, até a presente data, não
foram aprovadas pela SUSEP.

Por meio da Circular nº 408/10, a SUSEP esclarece ainda que continuará


acompanhando os pronunciamentos emitidos pelo CPC, e as decorrentes
ações a serem promovidas serão divulgadas por meio da Comissão
Contábil criada pela Resolução CNSP nº 86/2002. A referida Circular
estabelece ainda que as demonstrações financeiras consolidadas a partir
do exercício findo em 31 de dezembro de 2010 sejam elaboradas de acordo
com os pronunciamentos emitidos pelo International Accounting Standards
Board (IASB), na forma homologada pelo Comitê de Pronunciamentos
Contábeis (CPC).

A PREVIC, por meio da Resolução CGPC nº 28, de 26 de janeiro de 2009,


6. PREVIC - Secretaria aprovou os procedimentos contábeis das Entidades de Previdência
Complementar (EFPC), a serem adotados a partir de 1º de janeiro de 2010.
Nacional de Para o exercício de 2010, a forma de apresentação das Demonstrações
Previdência financeiras das Entidades de Previdência Complementar foi alterada de
maneira significativa, como abaixo sumariado:
Complementar
Até 31 de dezembro de 2009 A partir de 1º de janeiro de 2010
(CGPC nº 05/2002) (CGPC nº 28/2009)

• Balanço Patrimonial • Balanço Patrimonial Consolidado.


Consolidado.
• Demonstração do Ativo Líquido
• Demonstração de Resultados (DAL) (por plano de benefício
de Exercício. previdencial).

• Demonstração de Fluxos • Demonstração da Mutação


Financeiros. do Ativo Líquido (DMAL)
(consolidada e por plano de
• Notas Explicativas às benefício previdencial).
Demonstrações Contábeis.
• Demonstração do Plano de Gestão
Administrativa Consolidada.

• Demonstração das Obrigações


Atuariais do Plano de Benefícios
(DOAP) (por plano de benefício
previdencial).

• Notas Explicativas às
Demonstrações Contábeis.

58 PwC
“O IBRACON teve em 2009 e 2010 papel
7. IBRACON - Instituto
protagônico na adoção das Normas Internacionais
dos Auditores
Independentes do de Auditoria do IFAC e na total reformulação das
Brasil Normas Brasileiras correspondentes. Também
o IBRACON continuou orientando os auditores
independentes como responder aos requerimentos
a eles apresentados pelo mercado e reguladores, e
participando como um membro importante e ativo
do CPC.”

7.1 Comunicado Técnico IBRACON nº 1/2010


Este Comunicado Técnico (CT) tem por objetivo orientar os auditores
independentes na emissão de relatórios de revisão das Informações
Trimestrais durante o ano de 2010 para atendimento das normas da Comissão
de Valores Mobiliários (CVM), bem como a emissão de parecer de auditoria
ou relatório de revisão de demonstrações financeiras intermediárias e de
demonstrações especialmente elaboradas para fins de registro na CVM
Ana Maria Elorrieta (Instrução CVM nº 480/2009).
Sócia
PwC - Brasil
7.2 Comunicado Técnico IBRACON nº 2/2010
Este Comunicado Técnico (CT) orienta os auditores independentes na emissão
de relatórios dos auditores independentes para instituições autorizadas a
funcionar pelo Banco Central do Brasil. Neste CT, há redação específica para
a expressão “práticas contábeis adotadas no Brasil aplicáveis às instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil” a ser adotada enquanto
não houver aprovação, pelo Conselho Monetário Nacional e Banco Central do
Brasil, dos Pronunciamentos, das Orientações e das Interpretações emitidos
pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

7.3 Comunicado Técnico IBRACON nº 3/2010


Este Comunicado Técnico (CT) tem por finalidade orientar os auditores
independentes na elaboração do relatório sobre o sistema de controles internos
e o de descumprimento de dispositivos legais e regulamentares a que se refere
a Circular nº 3.467 do Banco Central do Brasil (BACEN), de 14 de setembro de
2009, e regulamentações complementares.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 59


2
Sinopse Normativa
Internacional
IASB e FASB

2.1 Padrão Internacional de Relatórios


Financeiros (IFRS) emitido pelo Comitê
de Normas Internacionais de
Contabilidade - IASB
Em virtude do Memorando de Entendimento assinado entre o IASB e o
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) em 28 de janeiro de 2010,
os CPCs aplicáveis às companhias brasileiras em suas demonstrações
financeiras individuais e consolidadas deverão ser alinhados com as normas
internacionais emitidas pelo IASB. Passa a ser mais importante, portanto, as
companhias brasileiras acompanharem os acontecimentos internacionais,
pois as mudanças farão parte da contabilidade brasileira.

Também, em 2010, todas as companhias abertas elaborarão demonstrações


Tadeu Cendón financeiras consolidadas de acordo com a prática contábil adotada no Brasil,
Sócio que deverá simultaneamente estar de acordo com o IFRS. É cada vez mais
PwC - Brasil importante para as empresas o acompanhamento das mudanças ocorridas
nas normas internacionais, uma vez que os reflexos das alterações podem
ter um impacto relevante sobre suas demonstrações financeiras. Portanto,
é recomendável acompanharem as mudanças aplicáveis a cada ano,
podendo até mesmo optarem por antecipar a adoção de novas normas ou
“A adoção do IFRS mudanças introduzidas, ainda não em vigor, dependendo de seus interesses e
como prática contábil circunstâncias e da aprovação do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e/
ou reguladores.
brasileira torna ainda
mais importante 2.1.1 Normas e interpretações novas ou modificadas
acompanhar e Normas e interpretações aplicáveis em 2010
participar da evolução
Apresentamos um lembrete das normas emitidas antes de 2010, as
das normas antes de sua quais passaram a ser aplicáveis em 1º de janeiro de 2010. Essas normas
entrada em vigor.” foram explicadas mais detalhadamente em nosso Guia 2009/2010
(www.pwc.com/br/pt/publicacoes).

A lista a seguir inclui todas as normas novas aplicáveis para uma entidade que
já vem aplicando o IFRS.

60 PwC
a) Normas novas ou revisadas

IFRS 3(R) - Combinações de Empresas e IAS 27(R) - Demonstrações Financeiras Consolidadas e da Controladora

A emissão desta versão do IFRS 3 é um dos passos mais importantes dado pelo IASB e pelo FASB para aprimorar as
contabilizações e divulgações sobre combinações de empresas. Embora o documento seja de emissão conjunta, ainda
restaram algumas pequenas diferenças entre a versão do IFRS 3 e seu equivalente no US GAAP (SFAS 141). Segue um
resumo das principais mudanças em relação à versão anterior do IFRS 3:

• Aumentou seu escopo para incluir combinações de • Define minoritário como “participação não
empresas feitas por contrato e de sociedades mútuas, controladora”. Além disso, em uma combinação de
como cooperativas. empresas, essa participação não controladora pode
ser reconhecida na data da aquisição: (i) com base no
• A definição de negócio ficou mais abrangente, o percentual de participação dos ativos líquidos a valor
que pode incluir maior número de transações como justo; ou (ii) pelo valor justo total. Ou seja, na segunda
combinações de empresas. opção, haverá um acréscimo do goodwill atribuível ao
não controlador.
• O preço de compra inclui somente o valor pago aos
vendedores para obtenção do controle. Os custos • No caso de aquisição do controle em etapas (step-
incorridos em conexão com a compra, por exemplo, acquisition), o valor justo da participação preexistente
gastos com due diligence, advogados, auditores, bancos é incluído como parte do preço de compra, passando
e consultores, passam a ser lançados como despesa a afetar a determinação do goodwill. A diferença entre
quando incorridos. o valor contábil e o valor justo da parcela preexistente
gera ganho ou perda no resultado.
• Os pagamentos contingentes, mesmo que não sejam
prováveis (por exemplo, possíveis), são determinados e • Passa a ser obrigatória a adoção da abordagem da
incluídos pelo valor presente no preço de compra. entidade econômica (economic entity approach).
Nessa abordagem, os acionistas são tratados como
• Indenizações a serem pagas pelo vendedor ao donos da entidade econômica única (o consolidado),
comprador, relacionadas a contingências passivas independentemente de serem ou não controladores.
preexistentes, deixam de afetar o resultado consolidado Com isso, por exemplo, os ganhos ou as perdas na
no futuro, uma vez que o passivo é reconhecido em venda de participação em uma subsidiária, na qual
contrapartida do valor a receber ou a abater do saldo a o controle é retido, não afetam o resultado, mas são
pagar ao vendedor. tratados no patrimônio líquido, uma vez que são vistos
como uma transação entre acionistas.
• Relacionamentos preexistentes entre a compradora e
a adquirida (por exemplo, contrato de fornecimento, • Alterações subsequentes nos valores reconhecidos,
leasing etc.), que forem extintos com a aquisição, como imposto de renda diferido ativo da empresa
devem ser mensurados e excluídos do preço de compra. adquirida em conexão com a transação, após 12 meses
da data da aquisição, são registradas no resultado.
Anteriormente, qualquer alteração era sempre tratada
como ajuste ao goodwill.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 61


b) Alterações de normas incluídas no Projeto Anual de Aprimoramentos do IASB 2009

Norma Tópico
IFRS 2 - Pagamentos baseados em ações Escopo do IFRS 2 e do IFRS 3 (revisado)
IFRS 5 - Ativos não correntes mantidos para venda Divulgações exigidas de ativos não correntes (ou grupos de alienação)
e operações descontinuadas classificados como mantidos para venda ou operações descontinuadas
IFRS 8 - Informação por segmento Divulgação de informações relativas ao ativo por segmento
IAS 1 - Apresentação de demonstrações Classificação de instrumentos conversíveis entre correntes e não correntes
financeiras
IAS 7 - Demonstração dos fluxos de caixa Classificação de gastos com ativos não reconhecidos
IAS 17 - Arrendamento mercantil Classificação de arrendamentos de terrenos e edifícios
IAS 18 - Receita Determinar se uma entidade está agindo como principal ou como agente
IAS 36 - Impairment de ativos não financeiros Unidade de contabilização de testes de impairment econômica do ágio
IAS 38 - Ativos intangíveis Alterações complementares decorrentes do IFRS 3 (revisado)
Mensurando o valor justo de um ativo intangível adquirido em uma
combinação de negócios
IAS 39 - Instrumentos financeiros Tratamento de multas por pagamento antecipado de empréstimos com
derivativos estreitamente relacionados
Isenções no escopo para contratos de combinação de negócios
Contabilização de hedge de fluxos de caixa
IFRIC 9 - Reavaliação de derivativos embutidos Escopo do IFRIC 9 e do IFRS 3 (revisado)
IFRIC 16 - Hedge de investimento líquido em uma Os instrumentos de hedge qualificados podem ser detidos por qualquer
operação no exterior entidade ou entidades no grupo.

c) Interpretações - alterações a interpretações existentes e interpretações novas

Norma Tópico Principais exigências Data de entrada Transição


em vigor
IFRIC 9 Reavaliação A entidade deve avaliar se um derivativo embutido Aplicável aos Caso sejam
de derivativos deve ser separado de um contrato principal quando exercícios necessárias
embutidos e a entidade procede à reclassificação de um ativo encerrados a alterações nas
IAS 39, financeiro híbrido não enquadrado na categoria de partir de 30 de políticas contábeis,
Instrumentos valor justo por meio do resultado. A avaliação é feita junho elas serão
Financeiros: com base nas circunstâncias existentes: (a) na data de 2009. aplicadas de acordo
Reconhecimento em que a entidade se tornou parte do contrato e (b) com o IAS 8,
e Mensuração: na data da mudança nos termos do contrato que Políticas Contábeis,
Derivativos resultaram em alteração significativa nos fluxos de Alterações de
Embutidos caixa que de outra forma seriam exigidos segundo o Estimativas e Erros.
(alterações) contrato, dos dois, o que ocorrer
por último.
IFRIC 17 Distribuição Esta interpretação fornece orientação sobre o Aplicável aos Esta interpretação
de ativos não tratamento contábil a ser adotado para as exercícios deve ser aplicada
monetários aos distribuições de ativos não monetários a acionistas iniciados a partir de maneira
acionistas na forma de distribuição de reservas ou dividendos. de 1º de julho de retrospectiva.
O IFRS 5 também foi alterado, exigindo que os ativos 2009.
sejam classificados como mantidos para distribuição
apenas quando estiverem disponíveis para
distribuição em sua condição atual, e a distribuição
seja altamente provável.
IFRIC 18 Transferências de Esta interpretação fornece orientação sobre como Aplicável aos O IFRIC 18 é
ativos de clientes contabilizar itens de ativo imobilizado recebidos de exercícios aplicado de maneira
clientes, ou caixa recebido e usado na aquisição ou iniciados a partir prospectiva.
construção de ativos específicos. Esta interpretação de 1º de julho de
só é aplicável aos ativos usados para conectar o 2009.
cliente a uma rede ou para fornecer acesso contínuo
ao suprimento de bens e/ou serviços. Não aplicável
para empresas no escopo da IFRIC 12 - Concessões.

62 PwC
Exigências futuras

a) Normas e interpretações novas ou revisadas

Apresentamos a seguir uma lista de normas/interpretações emitidas e que estão em vigor para períodos após 1º de
janeiro de 2010.

Tópico Exigências-chave Data da entrada em


vigor
Alteração no IAS 32, “Instrumentos O IASB alterou o IAS 32 para permitir que direitos, opções ou 1º de fevereiro de 2010
financeiros: Apresentação - warrants para adquirir um número fixo dos próprios instrumentos
Classificação dos direitos de ações” de capital da entidade por um valor fixo em qualquer moeda
sejam classificados como instrumentos de capital, contanto que
a entidade ofereça direitos, opções ou warrants de maneira
proporcional a todos os seus proprietários da mesma classe de
seus próprios instrumentos de capital não derivativos.
IFRIC 19 - “Extinção dos passivos Esclarece as exigências do IFRS quando uma entidade renegocia 1º de julho de 2010
financeiros com instrumentos de os termos de um passivo financeiro com seu credor, e este
capital” concorda em aceitar as ações da entidade ou outros instrumentos
de capital para liquidar o passivo financeiro total ou parcialmente.
Alteração no IFRS 1 - “Primeira Oferece para aquelas entidades que a adotam pela primeira vez o 1º de julho de 2010
adoção de IFRS - Isenção limitada a IFRS as mesmas opções que foram dadas aos usuários atuais do
partir das divulgações comparativas IFRS na adoção das alterações ao IFRS 7. Também esclarece as
do IFRS 7 para as entidades que regras de transição das alterações ao IFRS 7.
fazem a adoção pela primeira vez”.
IAS 24 - “Divulgações de Partes Altera a definição de uma parte relacionada e modifica 1º de janeiro de 2011
Relacionadas” (revisado em 2009) determinadas exigências de divulgação da parte relacionada para
entidades relacionadas com o governo.
Alteração ao IFRIC 14, “IAS 19 - Retira as consequências não intencionais que surgem do 1º de janeiro de 2011
Limite de ativo de benefício definido, tratamento de pagamentos antecipados, no qual há uma
exigências mínimas de provimento de exigência mínima de provimento de recursos. Os resultados nos
recursos (funding) e sua interação”. pagamentos antecipados das contribuições em determinadas
circunstâncias são reconhecidos como ativo, em vez de despesa.
IFRS 9 “Instrumentos financeiros” - O IFRS 9 é o primeiro padrão emitido como parte de um projeto 1º de janeiro de 2013
Ativos e passivos financeiros maior para substituir o IAS 39. O IFRS 9 retém, mas simplifica, o
modelo de mensuração para ativos financeiros e estabelece duas
categorias de mensuração principais: custo amortizado e valor
justo. A base de classificação depende do modelo de negócios da
entidade e das características contratuais do fluxo de caixa dos
ativos financeiros.

Mantém os requerimentos de mensuração e classificação para


passivos financeiros já existentes no IAS 39, com a exeção de
que alterações no valor justo de passivos avaliados ao valor
justo não teriam impacto no resultado, uma vez que seriam
reconhecidos no lucro abrangente.

A orientação incluída no IAS 39 sobre impairment dos ativos


financeiros e contabilização de hedge continua a ser aplicada.

Períodos anteriores não precisam ser reapresentados se uma


entidade adotar a norma para os períodos iniciados ou a iniciar
antes de 1º de janeiro de 2012.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 63


b) Projeto Anual de Aprimoramentos do IASB 2010

As alterações geralmente são aplicáveis para períodos anuais iniciando após 1º de janeiro de 2011, a não ser que
seja indicado de outra forma. A aplicação antecipada, embora permitida pelo IASB, na maioria dos casos não está
disponível no Brasil.

Norma Principais exigências Aplicações


IFRS 1 - “Primeira adoção a) Mudanças na política contábil no ano da adoção Aplicado
das Normas Internacionais de prospectivamente.
Contabilidade” Esclarece que, se uma entidade que faz a adoção pela primeira vez
muda suas políticas contábeis ou seu uso de isenções no IFRS 1
após ter publicado um relatório financeiro intermediário de acordo
com o IAS 34, “Relatório Financeiro Intermediário”, essa empresa
deve explicar as mudanças e atualizar as reconciliações entre GAAP
anterior e IFRS.
b) Base de reavaliação como custo atribuído (Deemed Cost) As entidades que
adotaram IFRS em
Permite que as entidades que adotam pela primeira vez o IFRS períodos anteriores
utilizem o valor justo determinado por um evento específico como podem aplicar a alteração
custo atribuído, mesmo se o evento ocorrer após a data de transição, retroativamente no
mas antes de as primeiras demonstrações financeiras em IFRS primeiro período anual
serem emitidas. Quando essa remensuração ocorre após a data após a alteração entrar em
de transição para IFRS, mas durante o período abrangido por suas vigor, contanto que a data
primeiras demonstrações financeiras em IFRS, qualquer ajuste da mensuração esteja no
subsequente àquele valor justo determinado pelo evento será período abrangido pelas
reconhecido no patrimônio. Esse evento pode ser, por exemplo, uma primeiras demonstrações
privatização ou aquisição. financeiras em IFRS.
c) Uso do custo estimado para operações sujeitas a preços Aplicado futuramente.
regulados (por exemplo, concessionárias de serviços públicos)

As entidades sujeitas à regulamentação de tarifa podem usar os


valores contábeis anteriores, de acordo com o GAAP anterior, do
ativo imobilizado ou dos ativos intangíveis como custo atribuído em
uma base item a item. É requerido que as entidades que usam essa
isenção testem cada item para impairment de acordo com o IAS 36 na
data da transição.

64 PwC
Norma Principais exigências Aplicações
IFRS 3 - “Combinações de a) Exigências de transição para contraprestação contingente a Aplicável a períodos
negócios” partir de uma combinação de negócios que ocorreu antes da anuais iniciando em ou
data da entrada em vigor do IFRS revisado. após 1º de julho de 2010.
Aplicada retroativamente.
Esclarece que as alterações ao IFRS 7 - “Instrumentos financeiros:
Divulgações”, IAS 32 - “Instrumentos financeiros: Apresentação”, e IAS
39 - “Instrumentos financeiros: Reconhecimento e mensuração”, que
eliminam a isenção da contraprestação contingente, não se aplicam à
contraprestação contingente que surgiu de combinações de negócios
cujas datas de aquisição precedem a aplicação do IFRS 3 (como
revisado em 2008).

b) Mensuração de participações não controladoras Aplicável a períodos


anuais iniciando em ou
A escolha de mensurar as participações não controladoras ao valor após 1º de julho de 2010
justo ou pela parcela proporcional dos ativos líquidos da adquirida
aplica-se somente a instrumentos que representam as atuais Aplicado
participações acionárias e dão direito aos seus detentores a uma prospectivamente, a partir
parcela proporcional dos ativos líquidos no caso de liquidação. da data em que a entidade
Todos os outros componentes de participação não controladora são aplicar o IFRS 3.
mensurados ao valor justo, a menos que outra mensuração seja
exigida pelo IFRS.

c) Concessões de pagamentos com base em ações não Aplicável a períodos


substituídos ou substituídos voluntariamente anuais iniciando em
ou após 1º de julho
A orientação da aplicação em IFRS 3 aplica-se a todas as transações de 2010. Aplicado
de pagamentos com base em ações que formam parte de uma prospectivamente.
combinação de negócios, incluindo concessões de pagamentos com
base em ações não substituídos ou substituídos voluntariamente.
IFRS 7 - “Instrumentos Enfatiza a interação entre divulgações quantitativas e qualitativas 1º de janeiro de 2011
financeiros” sobre a natureza e a extensão dos riscos associados com os Aplicado retroativamente.
instrumentos financeiros.
IAS 1 - “Apresentação das Esclarece que uma entidade apresentará uma análise de outros 1º de janeiro de 2011
demonstrações financeiras” resultados abrangentes para cada componente do patrimônio, na Aplicado retroativamente.
demonstração das mutações do patrimônio ou nas notas explicativas
às demonstrações financeiras.
IAS 27 - “Demonstrações Esclarece que as consequentes alterações a partir do IAS 27 feitas ao Aplicável a períodos
financeiras consolidadas e IAS 21 - “Efeito das mudanças nas taxas de câmbio”, IAS 28 - anuais iniciando em ou
separadas” “Investimentos em coligadas” e IAS 31 - “Participações em joint após 1º de julho de 2010.
ventures”, aplicam-se prospectivamente a períodos anuais iniciando Aplicado retroativamente.
em ou após 1º de julho de 2009, ou antes dessa data, quando o IAS
27(R) é aplicado antecipadamente.
IAS 34 - “Apresentação Oferecer orientação para ilustrar como aplicar os princípios de 1º de janeiro de 2011
de relatórios financeiros divulgação no IAS 34 e acrescentar exigências de divulgação Aplicado retroativamente.
intermediários” acerca de:

• circunstâncias que provavelmente afetarão os valores justos


dos instrumentos financeiros e sua classificação;

• transferências de instrumentos financeiros entre níveis


diferentes da hierarquia do valor justo;

• mudanças na classificação dos ativos financeiros; e

• mudanças nos passivos e ativos contingentes.


IFRIC 13 - “Programas de O significado de “valor justo” é esclarecido no contexto de mensuração 1º de janeiro de 2011
fidelização de clientes” de concessão de créditos nos programas de fidelização de clientes.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 65


2.1.2 Minutas de novas normas ou de modificação nas existentes
Foram publicadas minutas para audiência pública de duas novas normas relacionadas com aplicações financeiras e
uma série de minutas de outras possíveis normas.

Minutas para audiência pública

Minutas publicadas de novas normas ou alterações a normas existentes

Norma proposta Pontos principais Minuta publicada Previsão de publicação


da norma final
IFRS 1 - Adoção de A alteração removeria referências a datas fixas Agosto de 2010 1T(*) 2011
IFRS pela primeira vez (1º de janeiro de 2004) na norma relacionadas com
(alteração proposta) instrumentos financeiros. Essas datas fixas seriam
substituídas pela "data de transição para IFRS".
IFRS 5 - Ativos Alteraria a definição de uma operação Setembro de 2008 Nova minuta prevista
não correntes descontinuada e requereria divulgação adicional para 1T 2011
mantidos para sobre componentes de uma entidade vendidos ou
venda e operações classificados como disponível para venda. Uma
descontinuadas operação descontinuada poderia ser apenas um
segmento operacional (como definido no IFRS 8) ou
um negócio adquirido somente para revenda.
IFRS 7 - Instrumentos Requereria divulgação adicional sobre incertezas Junho de 2010 1T 2011
financeiros: Divulgação na mensuração de instrumentos financeiros a valor
justo atendendo a definição de Nível 3 para refletir a
interdependência dos inputs nas avaliações.
IFRS X - Arrendamento Projeto de convergência entre o IASB e o FASB. Agosto de 2010 2T 2011
mercantil A nova norma pretende que um ativo e um passivo
sejam reconhecidos no balanço quando
relacionados com o direito de uso do ativo e a
obrigação de fazer os pagamentos contratuais.
Basicamente, abriga o reconhecimento dos
chamados arrendamentos operacionais.
IFRS X - Mensuração Seria a única fonte de orientação contábil sobre Maio de 2009 1T 2011
ao valor justo mensuração ao valor justo. Esclareceria a definição
de valor justo e aprimoraria as divulgações.
IFRS X - Controladas A norma proposta requer reconhecer Setembro de 2007 4T 2010
em conjunto contabilmente os direitos e obrigações contratuais
das partes ao contrato. Se uma parte a uma
controlada em conjunto tiver direito somente a uma
porção do resultado líquido, deveria ser aplicada
equivalência patrimonial. Não seria permitida mais a
consolidação proporcional.
IFRS X - Atividades O objetivo da norma seria estabelecer como Julho de 2009 2T 2011
com receitas ativos e passivos dessas atividades deveriam ser
reguladas. reconhecidos e mensurados.
Por exemplo:
concessionárias de
serviços públicos

(*)
trimestre

66 PwC
Norma proposta Pontos principais Minuta publicada Previsão de publicação
da norma final
IFRS X - Foi proposto um modelo de reconhecimento de Junho de 2010 2T 2011
Reconhecimento de receita para todo contrato com clientes. Seria
receita necessário identificar obrigações de desempenho,
e a receita seria reconhecida no momento de
transferência de controle dessas obrigações.
IFRS X - Contratos de Propõe um modelo novo de contabilização de Julho de 2010 2T 2011
seguros contratos de seguros para as seguradoras e outras
entidades que emitem contratos com risco de
seguros. Provavelmente, haverá volatilidade adicional
no resultado e nos requerimentos de dados e
modelos mais complexos.
IAS 1 - Apresentação Toda entidade deve apresentar uma demonstração Maio de 2010 4T 2010
de demonstrações de resultado só. Eliminaria a opção de apresentar
financeiras - uma demonstração de resultado e outra
Demonstração de demonstração de resultado abrangente.
resultado abrangente
IFRS X - Impostos de A minuta original propunha alterações significativas Setembro de 2010 2T 2011
renda ao reconhecimento e à mensuração de impostos de
renda diferidos. Subsequente ao primeiro processo
de audiência pública da norma, a alteração seria
somente para esclarecer como um ativo é realizado.
Existiria o presuposto que ativos contabilizados
a valor justo (propriedades de investimento e
imobilizado) são recuperados por meio de venda a
menos que haja evidência de outra forma.
IAS 19 - Benefícios a A alteração eliminaria a opção de aplicação do Abril de 2010 1T 2011
empregados - Planos "corredor" ou de reconhecer ganhos e perdas
de benefícios definidos atuariais no resultado e também elimina a
flexibilidade sobre em qual linha da demonstração
de resultado devem ser reconhecidas as despesas.
Eliminaria também o retorno esperado sobre ativos
em troca de "juros presumidos" sobre o déficit
líquido do plano.
IAS 27 - A norma proposta alteraria a definição de controle Dezembro de 2008 4T 2010
Demonstrações (evidenciado pelo poder de tomar decisões e um
financeiras retorno variável) para determinar quais entidades
consolidadas devem ser consolidadas. Também aprimoraria as
divulgações. Não será aplicável para entidades de
investimentos, uma vez que haverá uma minuta de
uma norma específica para essas entidades.
IAS 37 - Provisões Passivos deveriam ser mensurados ao menor entre Janeiro de 2010 2T 2011
e passivos e ativos o custo de liquidar ou transferir a obrigação, ou o
contingentes valor de não existir a obrigação. Essa última seria o
valor (incluindo lucro) que a entidade cobraria de um
terceiro para o serviço sujeito da obrigação. A norma
também introduz o conceito de valor esperado para
mensuração desse tipo de passivo.
IAS 39 - Instrumentos É a segunda parte do projeto para substituir o IAS Novembro de 2009 2T 2011
financeiros - Custo 39. Propõe um modelo de "retorno esperado" para
amortizado e mensuração de custo amortizado. A provisão de
impairment impairment voltaria a ser determinada baseada em
fluxos de caixa esperados (diferente do modelo atual
de perdas incorridas).
Comentários da Orientação não mandatória para a administração Junho de 2009 4T 2010
administração explicar como a posição financeira, o desempenho
(orientação de boas financeiro e os fluxos de caixa se relacionam com
práticas) os objetivos da administração e as estratégias para
cumprir com esses objetivos.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 67


Para sumariar, o cronograma que encerra as normas descritas na tabela é o seguinte:

4º trimestre de 2010 1º trimestre de 2011 2º trimestre de 2011


• IFRS 9 - Instrumentos financeiros - • IFRS 1 - Adoção de IFRS pela • IFRS X - Arrendamento mercantil
Passivos financeiros primeira vez (alteração proposta)
• IFRS X - Atividades com receitas
• IFRS X - Controladas em conjunto • IFRS 5 - Ativos não correntes reguladas
mantidos para venda e operações
• IAS 1 - Apresentação de descontinuadas (nova minuta) • IFRS X - Reconhecimento de
demonstrações financeiras - receita
Demonstração de resultado • IFRS 7 - Instrumentos financeiros:
abrangente Divulgação • IFRS X - Contratos de seguros

• IAS 27 - Demonstrações financeiras • IFRS X - Mensuração ao valor justo • IFRS X - Impostos de renda
consolidadas
• IAS 19 - Benefícios a empregados - • IAS 37 - Provisões e passivos e
• Comentários da administração Planos de benefícios definidos ativos contingentes
(orientação de boas práticas)
• IAS 39 - Instrumentos financeiros -
Custo amortizado e impairment

Papéis para discussão (discussion papers) Novas interpretações

Foi publicado um papel para discussão sobre “Indústrias Foi publicada uma minuta de uma interpretação do IFRIC
extrativas” para promover consistência na contabilização relacionada com remoção inicial de terra/minério na
de custos de exploração e nas definições de reservas, indústria mineradora (stripping costs).
além de aumentar as divulgações requeridas.

68 PwC
2.2.1. FASB Accounting Standards Updates
2.2 Junta de Normas
No ano de 2009 o FASB adotou sua Codificação de Normas Contábeis
de Contabilidade (Accounting Standards Codification ou “ASC”) como a fonte única dos
Financeira - FASB princípios contábeis geralmente aceitos nos Estados Unidos (US GAAP). Com
a ASC, a estrutura de organização de US GAAP mudou de um modelo baseado
em centenas de pronunciamentos individuais (standards-based model) para um
modelo baseado em tópicos (topic-based model).

Após a adoção da ASC, todos os novos pronunciamentos de US GAAP passam


a ser emitidos na forma de Accounting Standards Updates (“Atualizações de
Normas Contábeis”), indicando de que maneira o texto da ASC está sendo
atualizado. Ao longo do ano de 2010 foram emitidos diversos ASU discutidos a
seguir.

• ASU 2010-01: Equity (Topic 505) - Accounting for Distributions to


Shareholders with Components of Stock and Cash (a consensus of the
FASB Emerging Issues Task Force)

Quais as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?

Este pronunciamento afeta a todas as entidades que declarem dividendos a seus


acionistas, cuja liquidação possa ser feita em ações ou em dinheiro, à escolha
de cada acionista, sujeito a um limite máximo dos dividendos liquidados em
dinheiro. O objetivo deste ASU é o de acabar com a diversidade no tratamento
contábil para estas distribuições aos acionistas, quando as empresas calculam
Mark Vogt o lucro por ação. Algumas entidades vêm tratando as ações emitidas aos
Sócio acionistas como uma nova emissão, a ser refletida no cálculo de lucro por ação
PwC - Brasil prospectivamente. Outras vêm tratando estas ações na mesma forma que um
desdobramento de ações, ajustando retroativamente a quantidade de ações em
circulação para todos os períodos apresentados. O ASU indica que o primeiro
tratamento deve ser aplicado.

“As novas divulgações Quando este pronunciamento deve ser aplicado?


exigidas pelo ASU Este pronunciamento deve ser aplicado, retrospectivamente, a demonstrações
2010-20 representam financeiras intermediárias e anuais para períodos e anos findos em ou após 15
de dezembro de 2009.
um desafio para as
empresas que preparam • ASU 2010-02: Consolidation (Topic 810) - Accounting and Reporting for
US GAAP.” Decreases in Ownership of a Subsidiary - a Scope Clarification

Quais as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?

a) O subtópico 810-10 da ASC estabelece que quando uma empresa perder


controle sobre uma empresa controlada, ela deve deixar de consolidar
(ou seja, “desconsolidar”) a ex-controlada, reconhecer ganho ou perda na
alienação, e ajustar sua participação remanescente na ex-controlada ao seu
valor justo. Em resposta a questionamentos sobre se este subtópico pode
ser aplicado em alienações envolvendo controladas em forma, mas não em
substância, este ASU esclarece que o subtópico 810-10 deve ser aplicada
nas alienações de: Uma controlada ou grupo de ativos que seja um negócio
com fins lucrativos ou sem fins lucrativos.

b) Um investimento em controlada que seja transferido para uma investida


avaliada pelo método de equivalência patrimonial ou para um joint
venture.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 69


c) Uma troca de participação em um grupo de ativos • A
SU 2010-03: Extractive Activities - Oil and Gas
que se constitua em um negócio ou uma atividade (Topic 932) - Oil and Gas Reserve Estimation and
sem fins lucrativos por uma participação não- Disclosures
controladora em outra entidade (incluindo uma
investida avaliada pelo método de equivalência Quais as principais mudanças introduzidas pelo
patrimonial ou um joint venture). pronunciamento?

O ASU também deixa claro que o subtópico 810-10 não Este pronunciamento se aplica a entidades envolvidas
pode ser aplicado a alienações de imóveis em substância em atividades de produção de petróleo e gás. O objetivo
ou de direitos minerais ou de exploração de petróleo ou deste pronunciamento é o de alinhar os requerimentos
gás. Existem outros subtópicos da ASC que tratam dessas relacionados à estimativa e à divulgação de reservas de
transações. petróleo e gás, constantes no tópico 932 da ASC, com os
requerimentos estabelecidos pela Comissão de Valores
No caso de uma eventual redução na participação em Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) em 31 de
uma controlada que não represente um negócio ou uma dezembro de 2008.
entidade sem fins lucrativos, a empresa deve considerar
se, em substância, a transação provocando a redução de As principais provisões da regra incluem:
participação é tratada em outra norma contábil de US
GAAP, tais como transferências de ativos financeiros, a) Expansão da definição de “atividades de produção
reconhecimento de receita, permutas de ativos não- de petróleo e gás” para abranger a extração de
monetários, alienação de imóveis em substância, hidrocarbonetos comerciáveis em forma sólida,
alienação de direitos de mineração ou de exploração de líquida ou gasosa, de areias petrolíferas, xisto,
petróleo ou gás, dentre outros. Caso não exista outra camadas de carvão ou outros recursos naturais
literatura contábil aplicável, deve-se utilizar o não-renováveis que tenham o objetivo de serem
subtópico 810-10. transformados em petróleo ou gás sintéticos, ou
atividades com este fim.
Quais as mudanças em divulgações?
b) Redefinição de “reservas provadas de petróleo e
Nos casos em que houver uma desconsolidação de uma gás” para indicar que as entidades devem utilizar o
controlada ou desreconhecimento de um grupo de método de média aritmética do preço do primeiro
ativos, de acordo com o subtópico 810-10, uma entidade dia do mês durante os 12 meses antes da conclusão
deverá divulgar: da data do período coberto pelas demonstrações
financeiras, e não utilizar o preço do final do ano,
a) As técnicas de avaliação utilizadas para mensurar quando estimando se as quantidades na reserva
o valor justo das participações retidas na ex- justificam, economicamente, a exploração.
controlada ou grupo de ativos, além de informações
que permitam aos usuários das demonstrações c) Exigência de divulgação, separadamente, de
financeiras avaliar as informações utilizadas para informações acerca das quantidades nas reservas e
desenvolver tais cálculos. informações contábeis para as áreas geográficas que
representam 15% ou mais das reservas provadas.
b) A natureza de qualquer envolvimento com a ex-
controlada ou com a entidade adquirente do grupo d) Esclarecimento que os investimentos em empresas
de ativos que continue após a desconsolidação ou contabilizados pelo método de equivalência
desreconhecimento. patrimonial devem ser considerados quando
concluindo se uma empresa tem atividades
c) Se a transação que resultou na desconsolidação ou significativas de produção de petróleo ou gás.
desreconhecimento de um grupo de ativos envolveu
uma parte relacionada ou se a ex-controlada ou e) Exigência de divulgar os montantes e quantidades
entidade adquirente do grupo de ativos será uma relacionados com investidas contabilizadas pelo
parte relacionada após a desconsolidação. método de equivalência patrimonial, observando-se
o mesmo nível de detalhe aplicável a investimentos
Quando este pronunciamento deve ser aplicado? consolidados.

Este pronunciamento é efetivo para o período em que Quando este pronunciamento deve ser aplicado?
uma entidade adotar o FASB nº 160 (agora incluído no
subtópico 810-10). Caso uma entidade já tenha adotado Este pronunciamento será efetivo para exercícios
previamente o FASB nº 160, este ASU se torna efetivo encerrados em ou após 31 de dezembro de 2009.
para períodos interinos ou anuais findos em ou após 15
de dezembro de 2009.

70 PwC
• A
SU 2010-06: Fair Value Measurements and • A
SU 2010-09: Subsequent Events (Topic 855) --
Disclosures (Topic 820) - Improving Disclosures Amendments to Certain Recognition and
about Fair Value Measurements Disclosure Requirements

Quais as principais mudanças introduzidas pelo Quais as principais mudanças introduzidas pelo
pronunciamento? pronunciamento?

Todas as entidades que fazem divulgação de Este pronunciamento afeta todas as entidades que
mensurações ao valor justo, recorrentes ou não, serão preparem demonstrações financeiras em US GAAP e
afetadas pelas provisões deste pronunciamento. Este ASU provê mudanças ao subtópico 855-10, dentre as quais:
faz alterações ao subtópico 820-10, requerendo novas
divulgações tais como: a) Uma entidade que seja (a) um emissor registrado
na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados
a) Transferências entre os níveis 1 e 2 de classificação. Unidos (“SEC”), ou (b) um veículo para emissão de
As empresas deverão divulgar, separadamente, as títulos de dívida de repasse (conduit debt securities)
transferências significativas entre os níveis 1 e 2 e as transacionados no mercado público de capitais
razões para tais transferências. (bolsa ou mercado de balcão) deve avaliar os
eventos subsequentes até a data de emissão das
b) Atividades nas mensurações ao valor justo no nível 3. demonstrações financeiras. As demais entidades
Ao divulgar mensurações ao valor justo que utilizam devem avaliar os eventos subsequentes até a data em
critérios não observáveis (nível 3), deve-se divulgar que as demonstrações financeiras são disponíveis
informações acerca de compras, vendas, emissões para emissão.
e pagamentos de forma aberta e não como um
montante líquido. b) O glossário do Tópico 855 foi alterado para incluir a
definição de “SEC filer”. Um SEC filer é uma entidade
Adicionalmente, este ASU esclarece requerimentos requerida a fornecer demonstrações financeiras
existentes de divulgação incluído no subtópico 820-10 para a SEC ou uma entidade sujeita à seção 12(i) do
como segue: Securities Exchange Act de 1934.

a) Nível de disagregação. Uma entidade deverá prover c) Entidades que são SEC filer não são requeridas a
informações de divulgação de valor justo para cada divulgar a data quando os eventos subsequentes
classe de ativos e passivos, sendo que uma classe foram avaliados pela administração. Esta mudança
de ativos ou passivos é tipicamente menor que ameniza conflitos potenciais conflitos entre o
um componente de ativos ou passivos no balanço subtopico 855-10 e os requerimentos da SEC.
patrimonial.
d) O escopo das exigências de divulgação em caso
b) Divulgações acerca de dados e técnicas de avaliação. de reemissão das demonstrações financeiras foi
Deve-se divulgar as técnicas de avaliação e as fontes alterado para incluir apenas as demonstrações
de dados utilizadas na mensuração de valor justo, financeiras ajustadas para corrigir um erro ou
tanto para mensurações recorrentes como não aplicar um pronunciamento contábil de US GAAP
recorrentes. Estas divulgações são requeridas para retroativamente.
itens classificados nos níveis 2 ou 3.
Quando este pronunciamento deve ser aplicado?
Quando esta regra se torna efetiva?
Este pronunciamento se torna efetivo a partir de sua
As mudanças descritas acima são válidas para períodos emissão, exceto para emissores de conduit debt securities,
interinos ou anuais começando a partir de 15 de dezembro para os quais o uso da data de emissão é aplicável para
de 2009, exceto para as divulgações acerca de compras, períodos interinos ou anuais findos a partir de 15 de
vendas, emissões e pagamentos para o nível 3. Neste junho de 2010.
ultimo caso, estas divulgações se tornam obrigatórias para
exercícios começando após 15 de dezembro de 2010 e para
períodos interinos divulgados dentro daquele exercício.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 71


• ASU 2010-10: Consolidation (Topic 810) -
Amendments for Certain Investment Funds

Quais as principais mudanças introduzidas pelo


pronunciamento?

As mudanças introduzidas neste ASU devem afetar de


modo significativo as empresas com participações em
fundos de investimento e similares.

O ASU posterga a exigência de consolidação, conforme


o tópico 810, para investimentos em entidades (1)
que possuam todos os atributos de uma entidade de
investimento, como definido no tópico 946 - Financial
Services - Investment Companies, ou (2) entidades, cuja
prática da indústria seja a de aplicar os princípios de
mensuração de investimento de modo consistente com
o prescrito no Tópico 946. Adicionalmente esta regra
se aplica a entidades que operem de acordo com os
requerimentos, ou requerimentos similares, àqueles
estabelecidos na Regra 2(a)-7 do Investment Company
Act of 1940.

Esta postergação foi implementada para permitir que o


assunto de consolidação de fundos de investimento seja
discutido pelo FASB e pelo IASB, com o objetivo de chegar • ASU 2010-11: Derivatives and Hedging (Topic
em conclusões consistentes para US GAAP e IFRS. 815) - Scope Exception Related to Embedded Credit
Derivatives
O diferimento não se aplica quando:
Quais as principais mudanças introduzidas pelo
• Uma entidade possui obrigações implícitas ou pronunciamento?
explícitas de custear perdas de uma entidade que
podem, potencialmente, ser significativas para a A seção ASC 815-15-25 atualmente exige a bifurcação
primeira entidade. (segregação contábil) de derivativos embutidos de risco
crédito, exceto nos casos descritos nos parágrafos ASC
• Uma entidade possui investimentos em entidades 815-13-13-8 e 9. Esta ASU esclarece que as exceções
de securitização de recebíveis, operações de nesses parágrafos abrangem apenas os derivativos
financiamento estruturado de ativos, ou entidades embutidos de risco de crédito que sejam apenas na
anteriormente consideradas como qualifying special- forma de subordinação de um instrumento financeiro
purpose entities. em relação a outro. Os demais derivativos embutidos
de risco de crédito ainda devem ser considerados para
Esta regra não posterga os requerimentos de divulgação bifurcação.
introduzidos pelo FASB Statement nº 167, Special Purpose
Entities. As companhias abertas e privadas que adotem Quando este pronunciamento deve ser aplicado?
US GAAP e possuam interesses em variable interest entities
continuam sujeitas aos requerimentos de divulgação As alterações deste pronunciamento serão aplicáveis
contidos no tópico 810. para o primeiro período trimestral que se inicie a partir
de 15 de junho de 2010. A aplicação antecipada deste
Quando este pronunciamento deve ser aplicado? pronunciamento é permitida a partir do primeiro período
trimestral iniciado após a emissão deste pronunciamento.
Este pronunciamento é aplicável para exercícios que
comecem após 15 de novembro de 2009. Aplicação
antecipada deste pronunciamento não é permitida.

72 PwC
• A
SU 2010-15: Financial Services - Insurance (Topic • ASU 2010-17: Revenue Recognition - Milestone
944): How Investments Held through Separate Method (Topic 605): Milestone Method of Revenue
Accounts Affect an Insurer’s Consolidation Analysis Recognition - a consensus of the FASB Emerging
of Those Investments - a consensus of the FASB Issues Task Force
Emerging Issues Task Force
Quais as principais mudanças introduzidas pelo
Quais as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?
pronunciamento?
Mensuração e reconhecimento
As alterações deste pronunciamento impactam as
seguradoras que mantenham separate accounts (grupo de Atividades de pesquisa e desenvolvimento usualmente
ativos que são tipicamente mantidos pela seguradora para incluem pagamentos contingentes ao acontecimento
suportar as obrigações em contratos individuais de seguros de determinados eventos, tais como a conclusão bem-
de vida, planos de previdência e contratos similares, e que sucedida de determinadas fases de um projeto, ou
operam de forma similar a um fundo mútuo). As separate milestones. Algumas entidades de pesquisa aplicam
accounts podem incluir, entre outros ativos, investimentos o método de milestone, ou seja, reconhecem estes
em outras empresas. A questão é se estes investimentos pagamentos contingentes como receita somente quando
em outras empresas mantidos nas separate accounts da se alcance o milestone. O objetivo deste ASU é o de
seguradora devem ser considerados na avaliação sobre se estabelecer quando é apropriado aplicar o método de
a seguradora tenha controle sobre a empresa investida e milestone para transações de pesquisa e desenvolvimento,
incluí-la nas demonstrações financeiras consolidadas. uma vez que não havia regras específicas para este método
de reconhecimento de receita.
Esta ASU esclarece que, se as separate accounts são
mantidas para beneficiar os titulares das apólices ou De acordo com este ASU, uma entidade poderá reconhecer
planos de previdência, os investimentos nas separate a receita no período em que o milestone é alcançado
accounts não devem ser considerados na análise sobre apenas se o milestone cumpra todos os critérios para ser
se a seguradora tem controle sobre a empresa investida. considerado substantivo. A conclusão que um milestone é
Entretanto, se as separate accounts sejam mantidas para substantivo requer julgamento pela administração, mas
o benefício de partes relacionadas, os investimentos nelas deve atender as seguintes condições:
devem ser considerados nessa análise.
a) A receita é consistente com:
Quando este pronunciamento deve ser aplicado?
i. O desempenho do vendedor na realização da
As alterações deste pronunciamento serão aplicáveis para milestone.
os exercícios e períodos intermediários dentro destes
exercícios que se iniciem a partir de 15 de dezembro de ii. O aumento do valor do produto a ser entregue
2010. A aplicação antecipada deste pronunciamento é como resultado de um evento específico
permitida. As alterações deste pronunciamento devem decorrente do desempenho do vendedor na
ser aplicadas retrospectivamente para todos os períodos realização do milestone.
comparativos.
b) A receita é relacionada somente ao desempenho
ocorrido no passado.

c) A receita é razoável em relação aos produtos objeto do


contrato, bem como seus termos de pagamento.

A utilização do método de milestone é considerada


como uma adoção de política contábil pela entidade.
Outros métodos de reconhecimento de receita, utilizando,
por exemplo, alocações proporcionais, podem ser
aplicados, desde que estes métodos não resultem no
reconhecimento de toda a receita no período em que o
milestone é alcançado.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 73


Divulgações • ASU 2010-19: Foreign Currency (Topic 830) -
Foreign Currency Issues: Multiple Foreign Currency
Uma entidade afetada por este pronunciamento deverá Exchange Rates - An announcement made by the SEC
divulgar: Staff

a) Um sumário descritivo do contrato. Este ASU foi emitido em conexão com diversos
questionamentos recebidos pela SEC relacionados à
b) Uma descrição de cada um dos milestones e das conversão de demonstrações financeiras e saldos em
contraprestações correspondentes. moeda estrangeira por empresas com investimentos na
Venezuela. A legislação cambial daquele país restringe
c) A determinação de quais milestones são ao acesso ao mercado oficial de câmbio, e as empresas
significativos. podem ser forçadas a recorrer ao mercado paralelo para
realizar certas transações. Em certas circunstâncias, a
d) Os fatores considerados pela entidade na utilização de mais que uma taxa de câmbio pode resultar
determinação de quais milestones são significativos. em diferenças relevantes entre o saldo original de um
ativo ou passivo financeiro denominado em moeda forte
e) O montante de receita reconhecido no período de e o saldo resultante da conversão das demonstrações
acordo com este método. financeiras em Bolivares para moeda forte. Nestes
casos, a SEC exige que os motivos pelas diferenças sejam
Quando este pronunciamento deve ser aplicado? divulgados em notas explicativas.

Este pronunciamento se aplica de forma prospectiva para A aplicação deste investimento é imediata.
milestones alcançados em exercícios e períodos interinos
nestes exercícios que comecem em ou após 15 de junho
de 2010. Caso uma entidade opte pela adoção antecipada • A
SU 2010-20: Receivables (Topic 310) - Disclosures
deste método, deverá divulgar os efeitos nos períodos about the Credit Quality of Financing Receivables
em que foi adotado o pronunciamento, nas seguintes and the Allowance for Credit Losses
rubricas:
Quais as principais mudanças introduzidas pelo
a) Receita. pronunciamento?

b) Resultado antes dos impostos. Este pronunciamento tem por objetivo estabelecer uma
maior transparência acerca das políticas de uma entidade
c) Lucro líquido. para o cálculo da provisão para devedores duvidosos e
a qualidade de crédito dos recebíveis em carteira. São
d) Lucro por ação. excluídos do escopo deste pronunciamento os recebíveis
de curto prazo e os recebíveis mensurados ao valor justo
e) Os efeitos da adoção desta norma no patrimônio ou pelo modelo de valor justo ou custo, dos dois o menor.
líquido.
Os critérios de divulgação existentes foram alterados para
Entidades poderão optar a adotar este ASU passar a exigir:
retrospectivamente para todos os períodos apresentados.
a) Um resumo da movimentação do saldo da
provisão, por segmento da carteira de recebíveis,
do saldo inicial até o saldo final, com o saldo final
desagregado por método utilizado para calcular a
perda estimada.

b) Para cada saldo final assim desagregado, o


correspondente montante dos recebíveis de
financiamento.

c) A abertura dos recebíveis de financiamento


inadimplentes por classe.

d) A abertura de recebíveis de financiamentos


provisionados por classe.

74 PwC
Adicionalmente, este pronunciamento requer as seguintes • ASU 2010-24: Presentation of Insurance Claims and
divulgações adicionais: Related Insurance Recoveries - a consensus of the EITF
(Health Care Entities - Topic 954)
a) Indicadores de qualidade de crédito de recebíveis de
financiamento no final do período, abertos por classe Quais as principais mudanças introduzidas pelo
de recebíveis de financiamento. pronunciamento?

b) Divulgação dos saldos de recebíveis em atraso, por Este ASU busca harmonizar a diversidade de práticas
vencimento, no final do período reportado, por classe existente no setor de saúde para o tratamento de passivos
de recebíveis de financiamentos. decorrentes de negligência médica e os correspondentes
reembolsos de seguro esperados. A maioria dos
c) A natureza e extensão de recebíveis renegociados no prestadores de serviços médicos apresentam o passivos
exercício, por classe, e os correspondentes efeitos na líquidos dos reembolsos de seguro esperados, ao passo que
provisão. outras entidades apresentavam tais contas separadamente
em suas demonstrações financeiras. Este pronunciamento
d) A natureza e extensão dos recebíveis de estabelece que a segunda forma de apresentação deve
financiamento renegociados que entraram em ser adotada. Adicionalmente, o valor do passivo não
situação de default nos últimos 12 meses, por deve levar em consideração os reembolsos esperados da
classe de recebíveis, e os correspondentes efeitos na seguradora.
provisão.
Quando este pronunciamento deve ser aplicado?
e) Compras ou vendas significativas de recebíveis
de financiamentos durante o período, abertas por Este pronunciamento deverá ser aplicado para exercícios,
segmento da carteira. ou períodos interinos que fazem parte destes exercícios,
que comecem após 15 de dezembro de 2010. O efeito
Quando este pronunciamento deve ser aplicado? cumulativo da adoção, se houver, deverá ser reconhecido
contra os lucros acumulados no início do ano de sua
Este pronunciamento entra em vigor para empresas de adoção. A aplicação retrospectiva e/ou antecipada é
capital aberto, para períodos interinos e anuais findos permitida.
em ou após 15 de dezembro de 2010. As divulgações para
atividades ocorridas dentro de um período são aplicáveis
para períodos interinos ou anos que comecem em ou após • ASU 2010-25: Reporting Loans to Participants by
15 de dezembro de 2010. Defined Contribution Pension Plans (a consensus of
the EITF) - Plan Accounting: Defined Contribution
Para as demais entidades, entra em vigor em períodos ou Pension Plans (Topic 962)
anos findos em ou após 15 de dezembro de 2011.
Quais são as principais mudanças introduzidas pelo
As divulgações comparativas para períodos anteriores são pronunciamento?
encorajadas.
As alterações deste pronunciamento exigem que, no
balanço patrimonial de um plano de contribuição definida,
os empréstimos cedidos aos participantes do plano sejam
classificados como títulos a receber de participantes,
os quais são segregados dos investimentos do plano e
mensurados pelo seu saldo devedor principal mais os juros
vencidos e não pagos.

Quando este pronunciamento deve ser aplicado?

As alterações neste pronunciamento devem ser


aplicadas retrospectivamente à todos os períodos
apresentados,válidos para os exercícios encerrados após 15
de dezembro de 2010. A adoção antecipada é permitida.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 75


• ASU 2010-26: Accounting for Costs Associated Se a aplicação inicial das alterações contidas nesse
with Acquiring or Renewing Insurance Contracts pronunciamento resultar na capitalização de custos de
(a consensus of the EITF) - Financial Services - aquisição que não tinham sido previamente capitalizados
Insurance (Topic 944) por uma entidade, a entidade pode optar por não
capitalizar esses tipos de despesas.
Quais são as principais mudanças introduzidas pelo
pronunciamento? As alterações deste pronunciamento não afetam a
orientação dos parágrafos 944-30-25-4 ao 25-5, que
As alterações introduzidas por esse pronunciamento proíbe a capitalização de certos custos incorridos na
determinam que os seguintes custos incorridos na obtenção de contratos do tipo universal life.
aquisição ou renovação de contratos de seguro devem ser
capitalizados: Quando este pronunciamento deve ser aplicado?

a) Custos diretos incrementais de aquisição de As alterações deste pronunciamento são válidas para
contratos. Custos diretos incrementais são os custos os exercícios, e períodos interinos dentro desses
que resultam diretamente e são essenciais para a exercícios, com início após 15 de dezembro de 2011. As
realização do contrato, e não teriam sido incorridos alterações deste pronunciamento devem ser aplicadas
pela entidade seguradora caso a transação não prospectivamente. A aplicação retrospectiva a todos os
tivesse ocorrido. períodos anteriores apresentados também é permitida,
mas não é obrigatória. A adoção antecipada é permitida,
b) Determinados custos diretamente relacionados com mas apenas no início de um exercício.
as seguintes atividades realizadas pela seguradora
em relação ao contrato: 2.2.2 Projeto conjunto de
i. Subscrição. convergência IASB e FASB
ii. Política de emissão e processamento. Esta seção foi preparada para descrever os
desenvolvimentos mais recentes do projeto conjunto de
iii. Exame médico e inspeção. emissão de normas contábeios do Financial Accounting
Standards Board (FASB) e do International Accounting
iv. Força de vendas de contratos. Standards Board (IASB). Com uma estratégia modificada
anunciada em junho de 2010, o FASB/IASB têm estado
Os custos diretamente relacionados com essas focado na execução do novo plano de trabalho. Apesar
atividades incluem somente a parte da remuneração de uma desaceleração prevista, o grupo de convergência
total do empregado e benefícios da folha de pagamento continuou a todo vapor, emitindo novas propostas para
relacionados diretamente ao tempo gasto pelos tratamento contábil de arrendamentos e de contratos
funcionários na execução destas atividades e outros de seguros. A partir de agora, a meta para conclusão de
custos diretamente relacionados com as atividades e que um número significativo de projetos é meados de 2011,
não teriam sido incorridos caso o contrato não tivesse incluindo instrumentos financeiros, reconhecimento de
sido adquirido. receitas e arrendamentos. Após essa etapa, o FASB/IASB
deverão avaliar os comentários recebidos do mercado
Os custos de propaganda e mala direta devem ser sobre essas propostas.
capitalizados apenas se os critérios incluídos no subtópico
340-20 foram atendidos. E se tudo isso não bastasse, o FASB anunciou
recentemente a aposentadoria de seu presidente, Bob
Todos os outros custos relacionados à aquisição, incluindo Herz, e a expansão dos membros do seu comitê de cinco
despesas incorridas pela seguradora para buscar para sete membros. Essas mudanças podem trazer mais
potenciais clientes, pesquisa de mercado, treinamento, incerteza no processo de convergência, em grande parte
administração, aquisições de contrato sem sucesso pelo risco de que algumas premissas adotadas pelos
ou esforços de renovação e de desenvolvimento de membros atuais podem mudar com a chegada de novos
produtos devem ser contabilizados como despesa quando membros.
incorridos. Custos administrativos, aluguel, depreciação,
equipamentos e todas as outras despesas gerais são
considerados custos indiretos e devem ser contabilizados
como despesa quando incorridos.

76 PwC
Como será a nova estratégia?

O sucesso da estratégia depende muito dos comentários do mercado e a revisão desse comentários
pelo grupo. Há uma expectativa de que o FASB vai dedicar um tempo significativo na reavaliação
das suas decisões sobre o projeto de instrumentos financeiros ao longo dos próximos meses. Em
seguida, o FASB/IASB terão de decidir se há um caminho a seguir que levará a uma convergência
sobre este importante projeto.

A revisão dos comentários às minutas das novas normas sobre reconhecimento de receita e
arrendamentos deverá ocorrer em breve. Ainda que o grupo esteja seguindo o mesmo plano em
relação a esses projetos, os comentários que serão recebidos do mercado deverào confirmar ou
alterar esse estratégia. Os prazos para comentário para ambos os projetos se encerram no último
trimestre de 2010.

Cronograma do projeto de convergência.

O cronograma de projetos conjuntos entre o FASB e o IASB continua incitante. As empresas


enfrentam não apenas o desafio de digerir o impacto e participar das discussões sobre uma
infinidade de propostas, mas também de preparar-se para a eventual implementação das mudanças.
FASB/IASB reconhecem que a emissão das novas normas é apenas uma peça do complexo processo
de convergência. A determinação das datas e de estratégias eficazes de transição é também
fundamental para a implementação bem sucedida.

As datas de vigência das normas não foram incluídas nas minutas emitidas recentemente. Isso
ocorre porque o FASB/IASB pretendem construir um entendimento mais abrangente sobre os
esforços para execução das propostas de mudanças antes de decidir sobre as datas de vigência.
Para construir esse entendimento, FASB/IASB emitiu um documento para discussão em busca de
contribuições do mercado sobre as datas de vigência e estratégias de transição. Se o FASB/IASB vão
decidir continuar com datas de vigência de forma paulatina ou vai empregar uma abordagem mais
agressiva ainda é uma incógnita.

O cronograma atualizado inclui a priorização pelo FASB/IASB de determinados projetos, a


postergação de outros projetos até o final de 2011 e depois de 2011. Contudo, mudanças sem
precedentes nas normas contábeis continuam no horizonte.

Instrumentos financeiros
Reconhecimento de receita
Arrendamentos
Mensuração do valor justo
Propriedades para investimento
Demonstração do resultado abrangente

Operações descontinuidades
Instrumentos financeiros com
IASB - Contratos de Seguros
Consolidação - Projeto abrangente
Consolidação - Companhias de...
Compensação de valores no balanço...
IASB - Benefícios pós-emprego
IASB - Contingências
Planos de negociação de direito
de emissão Q3 2C10 Q4 2010 Q1 2011 Q2 2011 Q3 2011 Q4 2011 2012

Revisão da pré-minuta da norma Minuta da norma emitida ou esperada para ser emitida

Período de comentário e revisão dos comentários Expectativa para norma final

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 77


3
Navegador Contábil

IFRS e o novo BR GAAP


As companhias abertas brasileiras terão que aplicar o padrão contábil internacional
(IFRS) e os novos pronunciamentos contábeis brasileiros (CPCs) nas demonstrações
financeiras anuais deste exercício de 2010. Para acompanhar esse processo, a PwC lançou
uma publicação semanal que analisa vários aspectos envolvidos na preparação dessas
demonstrações financeiras.

Por meio dessa publicação semanal, o Navegador Contábil, a PwC compartilha com o
mercado a experiência na aplicação das normas na Europa, incluindo exemplos reais,
entrevistas, perguntas e respostas. A cada edição é tratado um tópico específico a fim de
esclarecer dúvidas e facilitar a adoção dos IFRSs e dos CPCs pelas entidades brasileiras.

Nas primeiras edições, os seguintes temas foram tratados:


• Planejando as primeiras DFs pelos • Incorporações reversas.
novos CPCs e IFRSs.
• Aquisição em etapas.
• Capitalização de perdas cambiais como
custo de empréstimo. • Pagamentos baseados em ações com
múltiplos períodos de carência.
• Caixa e equivalentes de caixa.
• Contabilização de operações de
• Relatórios intermediários (trimestrais). duplicata descontada e vendor.

• As demonstrações financeiras • Determinação da moeda funcional.


primárias - erros comuns e itens a serem
considerados. • Aplicação do Custo Atribuído (deemed
cost) no Balanço de Abertura.
• Tratamento contábil de participação dos
não controladores em combinações de • Informações por segmento - Questões
empresas. práticas.

• Desafios na Avaliação da Vida Útil do • Reconhecimento de receitas.


Imobilizado (CPCs 27 e ICPC 10).
• Informações por segmento
• Quando utilizar o CPC para Pequenas e (2ª edição) - Questões práticas.
Médias Empresas - PMEs.
• CPC 01 - Redução ao Valor
• Contabilização de adiantamentos para Recuperável de Ativos: Conceitos
futuro aumento de capital (AFAC). Básicos.

78 PwC
As publicações anteriores, em sua íntegra, podem ser acessadas no site www.pwc.com/br. Também, no site, os
interessados podem se cadastrar para receber semanalmente o Navegador Contábil em sua caixa de e-mails.

Transcrevemos a seguir trechos da 5a Edição do Navegador Contábil, importante neste momento de preparação das
demonstrações financeiras. Nessa edição, foram tratados os erros mais comuns observados em publicações de entidades
que adotaram o IFRS pela primeira vez, notadamente na Europa.

Balanço

Participação dos não controladores Confusão entre “ativos mantidos para venda” e “ativos
disponíveis para venda”
A participação dos não controladores, embora deva ser
destacada, deve ser apresentada dentro do patrimônio Ativos mantidos para venda são ativos ou grupos de ativos
líquido. [IAS 1/CPC 26.54] não circulantes que serão vendidos no curto prazo e foram
classificados assim conforme IFRS 5/CPC 31.
IR/CS diferidos no longo prazo
Ativos “disponíveis para venda” fazem parte de uma
Os ativos e passivos de tributos sobre a renda (IR/CS) categoria de instrumento financeiro classificado conforme
diferidos devem ser classificados sempre no longo prazo IAS 39/CPC 38.
no balanço, mesmo que a expectativa de sua realização
seja de curto prazo. Em nota explicativa é que se deve Apresentação bruta/líquida das provisões e dos
fazer a distinção da parcela de curto prazo. depósitos judiciais
[IAS 1/CPC 26.56]
As circunstâncias devem ser analisadas cautelosamente
Impostos indiretos e impostos de renda para determinar se uma apresentação bruta ou líquida é
apropriada. A suspensão da exigibilidade de um tributo e a
Os ativos e/ou passivos por imposto de renda impossibilidade do resgate do depósito são indícios fortes
e contribuição social devem ser apresentados de que esse depósito deve ser apresentado reduzindo
separadamente dos ativos e passivos de tributos indiretos o saldo do correspondente contas a pagar. Quando
(PIS, COFINS, IPI, etc.). [IAS 1/CPC 26.54(n)] não existe estes indícios, o depósito é normalmente
apresentado como ativo. A análise deve ser feita caso
a caso. Não se pode, indiscriminadamente, apresentar
provisões/tributos a pagar líquidos de depósitos judiciais.
Em geral, esperamos que alguns depósitos atendam à
definição para apresentação pelo líquido e outros não.
[IAS 1/CPC 26.32]

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 79


Demonstração do resultado

Misturando apresentação das despesas por função e “Receita bruta” apresentada na demonstração de
por natureza resultado

Despesas devem ser apresentadas por função A receita a ser apresentada na demonstração de resultado
(exemplos: Custo de venda, Despesas Administrativas, deve ser a “receita” como definido no IAS 18/CPC 30.
Despesas de Vendas) ou por natureza (exemplos: Neste caso, em geral a demonstração do resultado deve
Despesas com pessoal, Despesas com matérias-primas, partir do que anteriormente chamávamos no BR GAAP de
Depreciação e amortização). Não se pode misturar os “receita líquida de vendas”. Portanto, não é mais aceitável
dois modelos (exemplos: Custo de venda, Despesas apresentar no resultado a “receita bruta”, que em geral
Administrativas, Depreciação e amortização). inclui impostos sobre vendas e, é anterior às deduções de
[IAS 1/CPC 26.99] vendas (descontos, abatimentos, devoluções, etc.).

Não apresentar o lucro por ação (básico e diluído) Apresentação de “despesas não recorrentes”

As companhias abertas, em suas DFs consolidadas de Devem ser apresentados linhas adicionais de despesas,
acordo com o IFRS, devem apresentar lucro por ação, ganhos ou perdas relevantes na demonstração de
tanto básico quanto diluído, na demonstração do resultado, quando essa apresentação for relevante para o
resultado (i.e. não pode ser em nota explicativa, exceto entendimento do desempenho da companhia no período.
demonstrativo detalhado do cálculo), com base no Isso não significa que “despesas não recorrentes” podem
número médio de ações do período. [IAS 33.66] Até que ser apresentadas como uma linha separada e identificada
seja emitido em forma final o CPC que trata do lucro por como tal na demonstração de resultado.
ação, há diferenças de prática contábil entre BR GAAP e [IAS 1/CPC 26.85]
IFRS neste tema. O lucro por ação deve ser apresentado
por classe de ação. Apresentação líquida de despesas e receitas
financeiras

Despesas e receitas financeiras devem ser apresentadas


separadamente na demonstração de resultado.
[IAS 1/CPC 26.82(b)]

Recomendação: É melhor apresentar ganhos e perdas cambiais em uma linha separada no resultado financeiro, ou mesmo
na linha de outras receitas e despesas operacionais, divulgados os valores em nota explicativa. O mais importante é não
tratá-los como despesas e receitas financeiras.

Demonstração de resultado abrangente


Não atribuição do resultado abrangente entre Não apresentação de uma demonstração de resultado
acionistas controladores e não controladores abrangente separada

Tanto o resultado abrangente quanto o resultado O CPC 26 não permite apresentar uma demonstração de
do exercício devem ser atribuídos aos acionistas da resultado abrangente que compreende tanto o resultado
companhia e aos não controladores (minoritários). do exercício quanto os outros resultados abrangentes.
[IAS 1/CPC 26.83] Portanto, essa demonstração deve ser apresentada
separadamente da demonstração do resultado.
Alternativamente, o CPC 26, diferente do IAS 1, permite
apresentar o resultado abrangente na demonstração de
mutações no patrimônio liquido. [CPC 26.10]
[IAS 1/CPC 26.56]

80 PwC
Demonstrações das mutações do patrimônio Demonstração dos fluxos de caixa
líquido (DPML)
Apresentação líquida de captações e amortizações de
O saldo de reservas legais e estatutárias são diferentes empréstimos
entre DFs societárias e DFs em IFRS
As captações de recursos (empréstimos, financiamentos,
As reservas legais e estatutárias (exemplos: reservas etc.) devem ser apresentadas numa linha separada de
de capital, legal, para investimento, etc.) devem ser suas amortizações. A apresentação pelo líquido é comum
iguais nas demonstrações financeiras societárias e nas somente para instituições financeiras.
demonstrações financeiras consolidadas de acordo [IAS 7.21/CPC 03.23]
com o IFRS. Quaisquer diferenças de GAAP devem ser
tratadas em conta de lucros acumulados ou de avaliação Classificação equivocada de captações e concessões de
patrimonial, dependendo do caso. empréstimos

Lucros acumulados zerados ou não Captar um empréstimo é atividade de financiamento;


emprestar recursos é atividade de investimento. Como
As sociedades por ação devem ter eventual saldo de lucros exemplo, podemos ter uma companhia tomando
acumulados destinado ao final do exercício, nas DFs empréstimo da controladora, transação esta que deve ser
societárias. Nas DFs consolidadas de acordo com o IFRS, tratada como atividade de financiamento e, por outro lado,
pode haver saldo de lucros acumulados, decorrente de emprestando recursos para uma coligada, o que deve ser
eventuais diferenças entre o patrimônio líquido conforme tratado como atividade de investimento. Essas operações
BR GAAP e IFRS. É importante deixar claro ao leitor que não devem ser tratadas como “variações nos saldos de
esse saldo não está sujeito à distribuição, uma vez que a partes relacionadas” dentro das atividades operacionais,
base de distribuição de resultados são as DFs societárias. exceto se tratar de conta-corrente.
[IAS 1/CPC 26.56]
Recomendação: para que a DFC não fique muito grande,
Impostos indiretos e impostos de renda a administração pode, alternativamente, apresentar a
reconciliação do lucro para o caixa gerado nas operações em
Os ativos e/ou passivos por imposto de renda uma nota explicativa às demonstrações financeiras. Ver Nota
e contribuição social devem ser apresentados 36 das DFs ilustrativas da PwC “IFRS Primeira Adoção S.A.”
separadamente dos ativos e passivos de tributos indiretos
(PIS, COFINS, IPI, etc.). [IAS 1/CPC 26.54(n)]
Demonstração de Valor Adicionado (DVA)
Omissão da coluna dos não controladores
Apresentação como demonstração principal (quadro)
A DMPL deve mostrar todas as movimentações no nas DFs consolidadas em IFRS
patrimônio líquido, incluindo a parte atribuível aos não
controladores. [IAS 1/CPC 26.106] A DVA é uma demonstração principal segundo os CPCs. A
DVA não tem previsão no IFRS e, portanto, não pode ser
Não segregação das movimentações do patrimônio tratada como demonstração primária nas DFs segundo
líquido entre resultado do período, outros resultados esse padrão. Sugerimos que, quando incluída, a DVA
abrangentes e transações com acionistas da empresa consolidada em IFRS seja apresentada em uma nota
explicativa às DFs. [IAS 1/CPC 26.10]
Toda coluna da DMPL deve apresentar em forma separada
quais das movimentações correspondem ao resultado do
período, a outros resultados abrangentes ou a transações
com acionistas na sua condição de acionistas (separando
contribuições feitas, distribuições de dividendos e
mudanças em participação em subsidiárias sem perda de
controle). [IAS 1/CPC 26.106 (d)]

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 81


4
Manual de
Contabilidade

Martin Perrie, Valdir Coscodai, Jacqueline Dilinskir e Pedro Predeus


Equipe responsável pela publicação
PwC - Brasil

Em consonância com o conceito de liderança e compromisso com a


disseminação de conhecimento, a PwC Brasil em parceria com a Editora Saint
Paul está publicando, em diversos volumes, a primeira versão em português
do Manual of accounting - IFRS 2010 da PwC (PwC refere-se ao network de
firmas-membros da PwC International Limited), um best-seller nessa matéria.
Elaborado por nossos especialistas no tema, o conteúdo contempla também a
experiência obtida com o processo de convergência das normas contábeis em
outros países.

Com estas publicações, objetivamos proporcionar uma colaboração à


discussão de temas emergentes associados à introdução do IFRS no Brasil.

Até o momento, já foram concluídas duas obras, abaixo descritas. Em breve,


outros livros serão lançados.

82 PwC
Manual de contabilidade: IFRS/CPC - Adoção
inicial e Ativos intangíveis
Esta primeira obra toma por base dois importantes capítulos do Manual of
accounting - IFRS 2010 da PwC LLP: Adoção inicial do IFRS - que propõe
elucidar como as entidades devem aplicar o conjunto das novas normas
contábeis na elaboração de suas demonstrações financeiras pela primeira vez,
e Ativos intangíveis - que orienta as circunstâncias para reconhecer esse tipo de
ativo, mensurar seu valor contábil e esclarecer os requisitos de divulgação.

Manual de contabilidade: IFRS/CPC -


Demonstrações financeiras consolidadas
Esta segunda obra contém cinco capítulos, selecionados em virtude dos
novos conceitos e da complexidade dos temas: demonstrações financeiras
consolidadas e separadas; combinações de negócios, alienação de controladas,
negócios e ativos não circulantes; coligadas e joint ventures. O livro trata do
padrão contábil IFRS, mas adicionalmente identifica as diferenças existentes
entre os IFRS e os Pronunciamentos Técnicos emitidos pelo CPC, existentes no
momento da elaboração desta obra.

Este livro estará em breve disponível para venda nas principais livrarias do país.

A proposta do Manual
é discutir as normas
e exemplos concretos,
publicados por companhias
que já adotaram o
IFRS, para um melhor
entendimento dos nossos
padrões contábeis.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 83


1
Sinopse Legislativa
Tributos e Contribuições
Federais

Essa coletânea, que não compreende toda a legislação e jurisprudência


publicadas neste período, foi elaborada com o intuito de ser utilizada como
instrumento de referência prática operacional, e deve ser sempre analisada
juntamente com os assessores legais das empresas.

As matérias estão resumidas e serão apresentadas segundo a hierarquia dos


atos legais e, sempre que possível, em sua ordem cronológica.

1.1 Alterações na legislação tributária federal -


Lei nº 12.249/2010

Em 14 de junho de 2010, foi publicada a Lei Federal nº 12.249, em conversão


à Medida Provisória nº 472/2009, alterando disposições da legislação
tributária federal. A nova lei reproduz parcialmente o conteúdo da MP,
introduzindo diversas disposições, dentre as quais destacamos as seguintes:
Sérgio Bento
Sócio a) Regras de Thin Capitalization
PwC - Brasil
• Dedutibilidade de juros pagos a residentes no exterior não
localizados em países com tributação favorecida (art. 24 da Lei)

Os juros pagos ou creditados por fonte situada no Brasil à pessoa física ou


Principais alterações jurídica vinculada (art. 23, Lei nº 9.430/96), residente ou domiciliada no
exterior, não constituída em país ou dependência com tributação favorecida
ocorridas durante o ano ou sob regime fiscal privilegiado, somente serão dedutíveis, para fins de
de 2010 relativas à área determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, quando se verifique
constituírem despesa necessária à atividade, no período de apuração,
tributária e a outras atendendo aos seguintes requisitos:
áreas de interesse para
i. No caso de endividamento com pessoa jurídica vinculada no exterior que
o desenvolvimento da tenha participação societária na pessoa jurídica residente no Brasil, o
valor do endividamento com a pessoa vinculada no exterior, verificado
atividade empresarial. por ocasião da apropriação dos juros, não seja superior a 2 (duas) vezes
o valor da participação da vinculada no patrimônio líquido da pessoa
jurídica residente no Brasil.

84 PwC
ii. No caso de endividamento com pessoa jurídica • Dedutibilidade de juros pagos a residentes no
vinculada no exterior que não tenha participação exterior localizados em países com tributação
societária na pessoa jurídica residente no Brasil, o favorecida ou regime fiscal privilegiado (art. 25
valor do endividamento com a pessoa vinculada no da Lei)
exterior, verificado por ocasião da apropriação dos
juros, não seja superior a 2 (duas) vezes o valor do Sem prejuízo das hipóteses de dedutibilidade de juros
patrimônio líquido da pessoa jurídica residente no previstas nas normas sobre preço de transferência, os
Brasil. juros pagos ou creditados por fonte situada no Brasil
à pessoa física ou jurídica residente, domiciliada ou
iii. em qualquer dos casos previstos nos incisos I e II, o constituída no exterior, em país ou dependência com
valor do somatório dos endividamentos com pessoas tributação favorecida ou sob regime fiscal privilegiado,
vinculadas no exterior, verificado por ocasião da somente serão dedutíveis, para fins de determinação
apropriação dos juros, não seja superior a 2 (duas) do lucro real e da base de cálculo da CSLL, quando se
vezes o valor do somatório das participações de verifique constituírem despesa necessária à atividade,
todas as vinculadas no patrimônio líquido da pessoa no período de apuração, atendendo cumulativamente
jurídica residente no Brasil. ao requisito de que o valor total do somatório dos
endividamentos com todas as entidades situadas em
Essa regra se aplica, ainda, às operações de país ou dependência com tributação favorecida ou sob
endividamento de pessoa jurídica residente ou regime fiscal privilegiado não seja superior a 30% do
domiciliada no Brasil, em que o avalista, fiador, valor do patrimônio líquido da pessoa jurídica residente
procurador ou qualquer interveniente for pessoa no Brasil.
vinculada.
Para efeito do cálculo do total do endividamento
Verificando-se excesso em relação aos limites acima serão consideradas todas as formas e prazos de
fixados, o valor dos juros relativos ao excedente será financiamento, independentemente de registro do
considerado despesa não necessária à atividade da contrato no Banco Central do Brasil.
empresa e não dedutível para fins de IRPJ e CSLL.
Aplica-se essa disposição às operações de
Ademais, a Lei prevê que: endividamento de pessoa jurídica residente ou
domiciliada no Brasil, em que o avalista, fiador,
• Os valores do endividamento e da participação da procurador ou qualquer interveniente for residente ou
vinculada no patrimônio líquido serão apurados pela constituído em país ou dependência com tributação
média ponderada mensal. favorecida ou sob regime fiscal privilegiado.

• O disposto no inciso III não se aplica no caso Verificando-se excesso em relação aos limites acima
de endividamento exclusivamente com pessoas fixados, o valor dos juros relativos ao excedente será
vinculadas no exterior que não tenham participação considerado despesa não necessária à atividade da
societária na pessoa jurídica residente no Brasil. Nessa empresa e não dedutível para fins de IRPJ e CSLL.
hipótese, o somatório dos valores de endividamento
com todas as vinculadas sem participação no capital A lei ainda prevê que:
da entidade no Brasil, verificado por ocasião da
apropriação dos juros, não poderá ser superior a 2 • Os valores do endividamento e do patrimônio
(duas) vezes o valor do patrimônio líquido da pessoa líquido serão apurados pela média ponderada
jurídica residente no Brasil. mensal.

• Essas disposições não se aplicam às operações • Essas disposições não se aplicam às operações
de captação feitas no exterior pelas instituições de captação feitas no exterior pelas instituições
financeiras previstas no § 1º do art. 22 da financeiras previstas no § 1º do art. 22 da Lei
Lei nº 8.212/91 (bancos comerciais, de investimentos, nº 8.212/91 para recursos captados no exterior
de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades e utilizados em operações de repasse nos termos
de crédito, financiamento e investimento, sociedades definidos pela RFB.
de crédito imobiliário, sociedades corretoras,
distribuidoras de títulos e valores mobiliários,
empresas de arrendamento mercantil, cooperativas
de crédito, empresas de seguros privados e de
capitalização, agentes autônomos de seguros
privados e de crédito e entidades de previdência
privada abertas e fechadas), para recursos captados
no exterior e utilizados em operações de repasse, nos
termos definidos pela Secretaria da Receita Federal
do Brasil.
Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 85
• Dedutibilidade de valores pagos a residentes no b) Pessoa física - transferência de residência para
exterior submetidos a tributação favorecida ou país com tributação favorecida ou regime fiscal
regime fiscal privilegiado (art. 26 da Lei) privilegiado (art. 27 da Lei)

Sem prejuízo das normas do IRPJ, não são dedutíveis A transferência do domicílio fiscal da pessoa física
na determinação do lucro real e da base de cálculo da residente e domiciliada no Brasil para país ou
CSLL as importâncias pagas, creditadas, entregues, dependência com tributação favorecida ou regime
empregadas ou remetidas a qualquer título, direta ou fiscal privilegiado, nos termos a que se referem,
indiretamente, a pessoas físicas ou jurídicas residentes respectivamente, os arts. 24 e 24-A da Lei nº 9.430/96,
ou constituídas no exterior e submetidas a um tratamento somente terá seus efeitos reconhecidos a partir da data
de país ou dependência com tributação favorecida ou sob em que o contribuinte comprove:
regime fiscal privilegiado (arts. 24 e 24-A da
Lei nº 9.430/96), salvo se houver, cumulativamente: i. ser residente de fato naquele país ou dependência
(pessoas físicas que tenham efetivamente
i. a identificação do efetivo beneficiário da entidade no permanecido no país ou dependência por mais de
exterior, destinatário dessas importâncias. 183 dias, consecutivos ou não, no período de até
12 meses, ou que comprovem ali se localizarem a
Considerar-se-á como efetivo beneficiário a pessoa residência habitual de sua família e a maior parte de
física ou jurídica, não constituída com o único ou seu patrimônio; ou
principal objetivo de economia tributária, que auferir
esses valores por sua própria conta, e não como ii. sujeitar-se a imposto sobre a totalidade dos
agente, administrador fiduciário ou mandatário por rendimentos do trabalho e do capital, bem como o
conta de terceiro; efetivo pagamento desse imposto.

ii. a comprovação da capacidade operacional da c) Variação Cambial - Opção pelo Regime de


pessoa física ou da entidade no exterior de Competência - Lei Federal nº 12.249/2010
realizar a operação; e
Como se sabe, prevê a MP nº 2.158-35/2001 prevê que
iii. a comprovação documental do pagamento do preço as variações monetárias dos direitos de crédito e das
respectivo e do recebimento dos bens, direitos ou a obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio,
utilização de serviço. serão consideradas, para efeito de determinação da base
de cálculo do IR, da CSLL, do PIS e da COFINS, bem
A lei ainda prevê que: como da determinação do lucro da exploração, quando
da liquidação da correspondente operação. À opção
• o disposto não se aplica ao pagamento de juros sobre o da pessoa jurídica, as variações monetárias podem ser
capital próprio. consideradas segundo o regime de competência.

• a comprovação do disposto no inciso (ii) não se aplica Nos termos da Lei nº 12.249, a partir do ano-calendário
no caso de operações: de 2011:

i. que não tenham sido efetuadas com o único ou i. o direito de efetuar a opção pelo regime de
principal objetivo de economia tributária; e competência somente poderá ser exercido no mês de
janeiro;
ii. cuja beneficiária das importâncias pagas,
creditadas, entregues, empregadas ou remetidas ii. o direito de alterar o regime adotado no decorrer do
a título de juros seja subsidiária integral, filial ou ano-calendário é restrito aos casos em que ocorra
sucursal da pessoa jurídica remetente domiciliada elevada oscilação da taxa de câmbio.
no Brasil e tenha seus lucros tributados na forma
do art. 74 da MP nº 2.158-35/2001. Considera-se elevada oscilação da taxa de câmbio aquela
superior a percentual determinado pelo Poder Executivo.

A opção ou sua alteração deverá ser comunicada à RFB,


que irá disciplinar essa disposição.

86 PwC
d) Margens de lucro do PRL - Não conversão da 1.2 Preços de Transferência - Alteração dos
revogação - Lei nº 12.249/2010 Métodos - Medida Provisória nº 478/2009
O art. 61 da MP nº 472/2009 revogou o art. 2º da Em 29 de dezembro de 2009, foi publicada a Medida
Lei nº 9.959/2000, que trazia disposições sobre as margens Provisória nº 478, para, entre outras disposições, alterar a
de lucro fixadas em relação ao método PRL (Preço de legislação tributária relativamente às regras de preços de
Revenda Menos Lucro), com efeitos a partir de 16.12.2009. transferência.

Esse dispositivo de revogação não foi convertido no texto A principal alteração foi a instituição do Método do Preço
da Lei nº 12.249/2010. de Venda menos Lucro - PVL (em substituição ao PRL),
definido como a média aritmética ponderada dos preços
e) Multa de ofício - compensação de venda no país dos bens, direitos ou serviços importados
e calculado conforme a metodologia a seguir:
Será aplicada multa isolada de 50% sobre o valor do
crédito objeto de declaração de compensação não a) Preço líquido de venda: a média aritmética ponderada
homologada, salvo no caso de falsidade da declaração dos preços de venda do bem, direito ou serviço
apresentada pelo sujeito passivo. produzido, diminuídos dos descontos incondicionais
concedidos, dos impostos e das contribuições sobre as
f) Outros Assuntos trazidos na Lei ora tratada vendas e das comissões e corretagens pagas.
• Instituição do REPENEC - Regime Especial de b) Percentual de participação dos bens, direitos ou
Incentivos para o Desenvolvimento de Infraestrutura serviços importados no custo total do bem, direito
da Indústria Petrolífera nas Regiões Norte, Nordeste ou serviço vendido: a relação percentual entre o
e Centro-Oeste, que concede a suspensão de tributos custo médio ponderado do bem, direito ou serviço
incidentes na importação dos bens e serviços, importado e o custo total médio ponderado do
destinados à incorporação ao ativo imobilizado, na bem, direito ou serviço vendido, calculado em
forma da Lei. (artigos 1º a 5º da Lei). conformidade com a planilha de custos da empresa.
• Instituição do RECOMPE - Regime Especial para
c) Participação dos bens, direitos ou serviços importados
Aquisição de Computadores para uso Educacional, que
no preço de venda do bem, direito ou serviço vendido:
concede suspensão de tributos na aquisição de bens
aplicação do percentual de participação do bem,
e na prestação de serviços destinados a promover a
direito ou serviço importado no custo total, apurada
inclusão digital nas escolas das redes públicas de ensino
conforme a alínea (b), sobre o preço líquido de venda
federal, estadual, distrital, municipal ou nas escolas
calculado de acordo com a alínea (a).
sem fins lucrativos de atendimento a pessoas com
deficiência, nas condições definidas na Lei (artigos 6º a
d) Margem de lucro: a aplicação do percentual de
14 da Lei).
35% sobre a participação do bem, direito ou serviço
importado no preço de venda do bem, direito ou
• Instituição do RETAERO - Regime Especial para a
serviço vendido, calculado de acordo com a alínea (c).
Indústria Aeronáutica Brasileira, concede a suspensão
de tributos no fornecimento de bens e na prestação de
e) Preço parâmetro: a diferença entre o valor da
serviços, conforme especifica a Lei.
participação do bem, direito ou serviço importado no
preço de venda do bem, direito ou serviço vendido,
• Alterações nas regras do PADIS - Programa de Apoio
calculado conforme a alínea (c), e a “margem de
ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de
lucro”, calculada de acordo com a alínea (d).
Semicondutores, a que se refere a Lei n o 11.484/2007.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 87


Outras inovações trazidas pela MP relacionadas a Preços 1.4 Alterações na Legislação Tributária
de Transferência: Federal - Medida Provisória nº 497/2010
• O Ministro da Fazenda poderá fixar margens de lucro A Medida Provisória nº 497 foi publicada em 28 de
diferentes por setor ou ramo de atividade econômica julho de 2010 e retificada em 29 de julho de 2010,
para fins de apuração dos preços parâmetros relativos para promover a desoneração tributária de subvenções
aos métodos de que trata. governamentais destinadas ao fomento das atividades
de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação
• A opção por um dos métodos previstos será efetuada
tecnológica nas empresas, bem como para instituir
na Declaração de Informação Econômico-Fiscais da
o Regime Especial de Tributação para construção,
Pessoa Jurídica (DIPJ) e não poderá ser alterada pelo
ampliação, reforma ou modernização de estádios de
contribuinte uma vez iniciado o procedimento fiscal.
futebol - RECOM, entre diversas outras providências.
Entretanto, em 15 de junho de 2010, foi publicado
Dentre as principais disposições, destacam-se
o Ato Declaratório nº 18 do Presidente da Mesa do
resumidamente:
Congresso Nacional, comunicando que, em 1º de
junho de 2010, encerrou-se o prazo de vigência da • Atividades de Pesquisa Tecnológica e
MP nº 478/2009. Desenvolvimento de Inovação Tecnológica

As subvenções governamentais de que tratam o art. 19


1.3 Regime Especial de Tributação para da Lei nº 10.973/2004 (recursos para o desenvolvimento
Desenvolvimento da Atividade de de produtos e processos inovadores em empresas
nacionais e nas entidades nacionais de direito privado
Exibição Cinematográfica (RECINE) -
sem fins lucrativos) e o art. 21 da Lei nº 11.196/2005
Medida Provisória nº 491/2010 (remuneração de pesquisadores empregados em
atividades de inovação tecnológica) não serão
Foi publicada, em 24 de junho de 2010, a Medida computadas para fins de determinação da base de cálculo
Provisória nº 491, que institui, entre outras disposições, o do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS, desde que tenham
Regime Especial de Tributação para Desenvolvimento da atendido aos requisitos estabelecidos na legislação
Atividade de Exibição Cinematográfica (RECINE). específica, e realizadas as contrapartidas assumidas pela
empresa beneficiária.
É beneficiária do RECINE a pessoa jurídica detentora
de projeto de exibição cinematográfica, previamente O emprego dos recursos decorrentes das subvenções
credenciado e aprovado nos termos e nas condições governamentais não constituirá despesas ou custos
do regulamento, devendo exercer atividades para fins de determinação da base de cálculo do IRPJ e da
relativas à implantação ou à operação de complexos CSLL nem dará direito a apuração de créditos de
cinematográficos, ou à locação de equipamentos para PIS e COFINS, observadas as demais disposições da MP
salas de exibição. em comento.
Entre outros benefícios, o referido regime concede
a suspensão de PIS, COFINS e IPI nas operações
de aquisição de bens pelas pessoas jurídicas dele
beneficiárias.

Em 24 de agosto de 2010, foi publicado o Ato nº 25 do


Congresso Nacional para prorrogar, pelo período de 60
dias, a vigência da Medida Provisória nº 491/2010.

88 PwC
• Regime Especial de Tributação para Construção, • Isenção e Alíquota 0% - Mercadoria equivalente
Ampliação, Reforma ou Modernização de à empregada ou consumida na industrialização
Estádios de Futebol - RECOM de produto exportado

Fica instituído o Regime Especial de Tributação para A aquisição no mercado interno ou a importação, de
construção, ampliação, reforma ou modernização de forma combinada ou não, de mercadoria equivalente
estádios de futebol - RECOM, com utilização prevista à empregada ou consumida na industrialização de
nas partidas oficiais da Copa das Confederações FIFA produto exportado poderá ser realizada com isenção
2013 e da Copa do Mundo FIFA 2014. do Imposto de Importação e com redução a zero do
IPI, de PIS/COFINS e PIS/COFINS-Importação.
É beneficiária do RECOM, a pessoa jurídica que
tenha projeto aprovado para esses fins, nos termos do Aplica-se também à aquisição no mercado interno ou à
Convênio ICMS nº 108/2008, o qual concede isenção importação de mercadoria equivalente:
do ICMS nas operações com mercadorias e bens
destinados à construção, à ampliação, à reforma ou à i. À empregada em reparo, criação, cultivo ou
modernização de estádios a serem utilizados na Copa atividade extrativista de produto já exportado.
do Mundo FIFA de 2014.
ii. Para industrialização de produto intermediário
O benefício será aplicado para os projetos aprovados até fornecido diretamente à empresa industrial-
31.12.2012. exportadora e empregado ou consumido na
industrialização de produto final já exportado,
No caso de venda no mercado interno ou na importação observadas as hipóteses excetuadas pela MP.
de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos,
novos, e de materiais de construção para utilização ou • Operações de Day Trade - Instituição
incorporação nos estádios de futebol aqui enquadrados, intermediadora
ficam suspensos, quando adquiridos por PJ beneficiária
do RECOM, os seguintes tributos: A MP estabelece ainda que se considera de day trade
a operação ou a conjugação de operações iniciadas e
• PIS/COFINS incidentes sobre a receita da pessoa encerradas em um mesmo dia, com o mesmo ativo,
jurídica vendedora. em uma mesma instituição intermediadora, em que
a quantidade negociada tenha sido liquidada total ou
• PIS/COFINS-Importação devidas pelo importador. parcialmente.

• IPI incidente na saída do estabelecimento industrial • Revogação - Crédito de IR/fonte sobre


ou equiparado. pagamento de royalties, de assistência
técnica ou científica e de serviços
• IPI na importação. especializados a beneficiário no exterior
(art. 17, V, Lei nº 11.196/2005)
• Imposto de Importação.
A MP nº 497/2010 revoga diversos dispositivos
Também fica suspensa a exigência de PIS/COFINS da legislação tributária federal, entre os quais se
e PIS/COFINS-Importação no caso de venda ou destaca aquele que dispunha sobre o crédito do IR/
importação de serviços destinados às obras aqui Fonte incidente sobre os valores pagos, remetidos ou
tratadas na forma da MP. creditados a beneficiários residentes ou domiciliados
no exterior, a título de royalties, de assistência técnica
Os benefícios alcançam apenas as aquisições e ou científica e de serviços especializados, previstos em
importações realizadas entre 28.07.2010 e 30.06.2014, contratos de transferência de tecnologia averbados ou
somente podendo ser usufruídos nas aquisições e registrados no INPI.
importações realizadas a partir da data de habilitação
ou co-habilitação da pessoa jurídica, conforme Em 24 de setembro de 2010, foi publicado o Ato nº 31
estabelece a MP em comento. do Congresso Nacional, prorrogando a vigência da
MP nº 497/2010, pelo período de 60 dias.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 89


1.5 Consórcios e PIS/COFINS/equiparação 1.6 Novo Regulamento do IPI - Decreto
a produtor ou fabricante - Medida Federal nº 7.212/2010
Provisória nº 510/2010
Em 16 de junho de 2010, foi publicado o Decreto Federal
Publicada em 29 de outubro de 2010, a Medida Provisória nº 7.212 (retificado em 25.06.2010), o qual regulamenta
nº 510/2010 dispõe, principalmente, sobre os seguintes a cobrança, fiscalização, arrecadação e administração do
temas: Imposto sobre Produtos Industrializados (Regulamento
do IPI - RIPI).
• Consórcios
O Decreto em comento consolida a legislação referente
Os consórcios cumprirão as respectivas obrigações ao IPI publicada até 15.10.2009 e revoga o antigo
tributárias sempre que realizarem negócios jurídicos Regulamento, Decreto Federal nº 4.544/2002 e suas
em nome próprio, inclusive na contratação de pessoas posteriores alterações.
jurídicas e físicas, com ou sem vínculo empregatício.
Vale mencionar que o novo regulamento entra em vigor
As empresas consorciadas serão solidariamente em 16.06.2010.
responsáveis pelas obrigações tributárias decorrentes
dos negócios jurídicos realizados pelos consórcios, não
se aplicando, para efeitos tributários, a previsão de 1.7 Regulamento do processo de certificação
responsabilidade referida no § 1º, art. 278, da Lei
das entidades beneficentes de assistência
nº 6.404/76.
social - Decreto Federal nº 7.237/2010
De acordo com a MP, essas disposições se aplicam
somente aos tributos federais e produzem efeitos a partir Em 21 de julho de 2010, foi publicado o Decreto Federal
de 29.10.2010. nº 7.237 para regulamentar a Lei nº 12.101/2009, que
dispõe sobre o processo de certificação das entidades
• PIS/COFINS – Equiparação a Produtor ou beneficentes de assistência social para obtenção da
Fabricante – produção de efeitos isenção das contribuições para a seguridade social,
conforme a seguir resumidamente.
A MP nº 497/2010 equiparou a produtor ou fabricante,
a partir de 1.11.2010, para efeitos da incidência de PIS/ A certificação das entidades beneficentes de assistência
COFINS, a pessoa jurídica comercial atacadista que social será concedida às pessoas jurídicas de direito
adquirir, de pessoa jurídica com a qual mantenha relação privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como
de interdependência, produtos por esta produzidos, entidades beneficentes de assistência social com
fabricados ou importados especificados na MP (álcool, a finalidade de prestação de serviços nas áreas de
gasolinas, óleo diesel e GLP, derivado de petróleo, gás assistência social, saúde ou educação, que atendam o
natural, produtos farmacêuticos, de perfumaria, de disposto na Lei nº 12.201/2009 e o decreto em comento.
toucador ou de higiene pessoal, máquinas e veículos,
classificados nos códigos da TIPI que especifica, A entidade beneficente certificada fará jus à isenção do
autopeças para veículos, entre outros relacionados nos pagamento das contribuições: (i.) a cargo da empresa
§§ 1° e 1°-A do art. 2° da Lei n° 10.833/03). (ii.) a cargo da empresa, proveniente do faturamento e
do lucro, ambas destinadas à Seguridade Social, desde
A MP 510/2010 determinou que essa equiparação que atenda, cumulativamente, aos requisitos indicados no
somente produzirá efeitos a partir de 1º de março de decreto em comento.
2011.
A isenção não se estende à entidade com personalidade
jurídica própria constituída e mantida por entidade a
quem o direito à isenção tenha sido reconhecido.

As entidades certificadas até 29.11.2009 poderão


requerer a renovação da certificação até o termo final de
sua validade.

O decreto dispõe ainda sobre os pedidos de


reconhecimento de isenção não definitivamente julgados.

90 PwC
1.8 Regime Especial de Fiscalização - 1.9 Restituição/compensação de créditos
Instrução Normativa RFB nº 979/2009 de PIS/COFINS - alterações - IN RFB
nº 981/2009
Publicada em 17 de dezembro de 2009, a Instrução
Normativa RFB nº 979/2009 disciplina o Regime Especial Publicada em 21 de dezembro de 2009, a Instrução
de Fiscalização (REF), instituído pela Lei nº 9.430/96, Normativa RFB nº 981 apresenta novas regras para a
estabelecendo, resumidamente o quanto segue: compensação: (i) de créditos de PIS/COFINS objeto de
O REF poderá ser aplicado nas seguintes situações: ressarcimento; (ii) de créditos presumidos de PIS/COFINS
sobre estoque de abertura; (iii) de crédito que podem ser
i. Embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa utilizados na compensação de outros débitos (relativos
não justificada de exibição de livros e documentos, a custos e despesas vinculados à exportação, à venda
bem como pelo não fornecimento de informações desonerada das contribuições e à aquisição de embalagens
sobre bens, movimentação financeira, negócio ou de bebidas para revenda).
atividade, próprios ou de terceiros, quando intimado,
e demais hipóteses que autorizam a requisição do • Compensação vinculada à prévia apresentação de
auxílio da força pública. arquivos digitais/assinatura digital

ii. Resistência à fiscalização. Sob pena de indeferimento, a partir de 1º de fevereiro


de 2010, o pedido de ressarcimento e a declaração de
iii. Incidência em conduta que enseje representação compensação dos créditos acima citados somente serão
criminal. recepcionados pela RFB após prévia apresentação de
arquivo digital de todos os estabelecimentos da pessoa
iv. Realização de operações sujeitas à incidência jurídica com os documentos fiscais de entradas e saídas
tributária, sem a devida inscrição no CNPJ ou CPF. relativos ao período de apuração do crédito.

v. Prática reiterada de infração à legislação tributária. Esse arquivo digital deverá ser transmitido por
estabelecimento mediante o Sistema Validador e
vi. Comercialização de mercadorias com evidências de Autenticador de Arquivos Digitais (SVA), disponível para
contrabando ou descaminho. download no sítio da RFB, com utilização de certificado
digital válido.
vii. Evidências de que a pessoa jurídica esteja constituída
por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros Fica dispensado da apresentação do arquivo digital o
sócios ou acionistas, ou o titular, no caso de firma estabelecimento da pessoa jurídica que, no período de
individual. apuração do crédito, esteja obrigado à Escrituração Fiscal
Digital (EFD).
A aplicação do REF poderá ter como consequência
a adoção das seguintes medidas isolada ou O Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e
cumulativamente: de Declaração de Compensação (PER/DCOMP) e o pedido
de cancelamento e retificação da PERDCOMP poderão ser
i. Manutenção de fiscalização ininterrupta no apresentados com assinatura digital mediante certificado
estabelecimento do sujeito passivo, inclusive com digital válido.
presença física permanente de Auditores-Fiscais da
Receita Federal, podendo abranger todos os turnos
de funcionamento da empresa e os dias não úteis
ocorridos no período fixado para aplicação do regime.

ii. Redução, à metade, dos períodos de apuração e dos


prazos de recolhimento dos tributos.

iii. Utilização compulsória de controle eletrônico das


operações realizadas e recolhimento diário dos
respectivos tributos.

iv. Exigência de comprovação sistemática do


cumprimento das obrigações tributárias.

v. Controle especial da impressão e emissão de


documentos comerciais e fiscais e da movimentação
financeira.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 91


1.10 e-Lalur - Instrução Normativa 1.12 Opção pelo Regime Tributário de
RFB nº 989/2009 Transição (RTT) - Instrução Normativa
RFB nº 1.023/2010
A Instrução Normativa RFB nº 989, publicada em 24
de dezembro de 2009, institui o Livro Eletrônico de A Instrução Normativa RFB nº 1.023, publicada em
Escrituração e Apuração do Imposto sobre a Renda e 13 de abril de 2010, dispõe sobre a opção pelo Regime
da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido da Pessoa Tributário de Transição (RTT).
Jurídica Tributada pelo Lucro Real (e-Lalur).
O Regime Tributário de Transição (RTT) de que trata
A escrituração e entrega do e-Lalur, referente à apuração a Lei nº 11.941/2009 é optativo tão somente nos anos-
do IRPJ e da CSLL, será obrigatória para as pessoas calendário de 2008 e de 2009, devendo-se observar o
jurídicas sujeitas à apuração do Imposto sobre a Renda seguinte:
pelo Regime do Lucro Real.
i. A opção aplica-se ao biênio 2008-2009, vedada a
O sujeito passivo deverá informar no e-Lalur todas as aplicação do regime em um único ano-calendário;
operações que influenciam, direta ou indiretamente,
imediata ou futuramente, a composição da base de ii. A opção a que se refere o item I deve ser manifestada
cálculo e o valor devido dos tributos referidos. de forma irretratável na Declaração de Informações
Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) 2009;
O e-Lalur deverá ser apresentado pelo estabelecimento
matriz da pessoa jurídica até as 23h59min59s do último iii. No caso de apuração pelo lucro real trimestral dos
dia útil do mês de junho do ano subsequente ao ano- trimestres já transcorridos do ano-calendário de
calendário de referência, observados os prazos de entrega 2008, a eventual diferença entre o valor do imposto
diferenciados para os casos de cisão total ou parcial, devido com base na opção pelo RTT e o valor antes
fusão, incorporação ou extinção. apurado deve ser compensada ou recolhida até o
último dia útil do mês de junho de 2009;
A pessoa jurídica que deixar de apresentar o e-Lalur no
prazo estabelecido sujeitar-se-á à multa de R$ 5 mil por iv. Na hipótese de início de atividades no ano-
mês-calendário ou fração. calendário de 2009, a opção deverá ser manifestada
de forma irretratável na DIPJ 2010;

1.11 IR - Rendimentos e Ganhos Líquidos v. Uma vez manifestada a opção pelo RTT, conforme
- Mercados financeiro e de capitais disposto nos itens II e IV, não é possível a
- Instrução Normativa RFB nº transmissão de DIPJ retificadora posterior com o
objetivo de cancelar a opção pelo referido regime.
1.022/2010
Não tendo optado pelo RTT, é permitida a transmissão
A Instrução Normativa RFB nº 1.022, publicada em 7 de de DIPJ retificadora para manifestar essa opção,
abril de 2010, consolida as disposições sobre o imposto observado o disposto no item I. Quando paga até o prazo
sobre a renda incidente sobre os rendimentos e ganhos previsto no item III, a diferença apurada será recolhida
líquidos auferidos nos mercados financeiro e de capitais, sem acréscimos.
e revoga diversas INs que antes dispunham sobre o
assunto, inclusive as INs SRF nos 25/2001 e 487/2004.

92 PwC
1.13 Países ou dependências com tributação favorecida - Instrução Normativa
RFB nº 1.037/2010

A Receita Federal do Brasil divulgou a Instrução Normativa nº 1.037, de 4 de junho de 2010, determinando que se
consideram países ou dependências que não tributam a renda ou que a tributam à alíquota inferior a 20%, ou ainda
cuja legislação interna não permite acesso a informações relativas à composição societária de pessoas jurídicas ou à sua
titularidade, as seguintes jurisdições:

• Andorra • Gibraltar • Ilha Queshm


• Anguilla • Granada • Samoa Americana
• Antígua e Barbuda • Hong Kong • Samoa Ocidental
• Antilhas Holandesas • Kiribati • San Marino
• Aruba • Lebuan • Ilhas de Santa Helena
• Ilhas Ascensão • Líbano • Santa Lúcia
• Comunidade das Bahamas • Libéria • Federação de São Cristóvão e Nevis
• Bahrein • Liechtenstein • Ilha de São Pedro e Miguelão
• Barbados • Macau • São Vicente e Granadinas
• Belize • Ilha da Madeira • Seychelles
• Ilhas Bermudas • Maldivas • Ilhas Solomon
• Brunei • Ilha de Man • St. Kitts e Nevis
• Campione D’Italia • Ilhas Marshall • Suazilândia
• Ilhas do Canal (Alderney, • Ilhas Maurício • Suíça
Guernsey, Jersey e Sark) • Mônaco • Sultanato de Omã
• Ilhas Cayman • Ilhas Montserrat • Tonga
• Chipre • Nauru • Tristão da Cunha
• Cingapura • Ilha Niue • Ilhas Turks e Caicos
• Ilhas Cook • Ilha Norfolk • Vanuatu
• República da Costa Rica • Panamá • Ilhas Virgens Americanas
• Djibouti • Ilha Pitcairn • Ilhas Virgens Britânicas
• Dominica • Polinésia Francesa
• Emirados Árabes Unidos

Nos termos da IN, são regimes fiscais privilegiados:

i. Com referência à legislação de v. Com referência à legislação da viii. Com referência à legislação da
Luxemburgo, o regime aplicável Islândia, o regime aplicável às Espanha, o regime aplicável às
às pessoas jurídicas constituídas pessoas jurídicas constituídas pessoas jurídicas constituídas sob
sob a forma de holding company. sob a forma de International a forma de Entidad de Tenencia
Trading Company (ITC). de Valores Extranjeros
ii. Com referência à legislação do (E.T.V.Es.).
Uruguai, o regime aplicável às vi. Com referência à legislação da
pessoas jurídicas constituídas Hungria, o regime aplicável às ix. Com referência à legislação de
sob a forma de “Sociedades pessoas jurídicas constituídas sob Malta, o regime aplicável às
Financeiras de Inversão (Safis)” a forma de offshore KFT. pessoas jurídicas constituídas
até 31 de dezembro de 2010. sob a forma de International
vii. Com referência à legislação dos Trading Company (ITC) e
iii. Com referência à legislação da Estados Unidos da América, de International Holding
Dinamarca, o regime aplicável às o regime aplicável às pessoas Company (IHC).
pessoas jurídicas constituídas sob jurídicas constituídas sob a
a forma de holding company. forma de Limited Liability
Company (LLC) estaduais, cuja
iv. Com referência à legislação do participação seja composta de
Reino dos Países Baixos, o regime não residentes, não sujeitas ao
aplicável às pessoas jurídicas imposto de renda federal.
constituídas sob a forma de
holding company.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 93


Regime Fiscal Privilegiado - Países Baixos - Ato 1.14 Investidores localizados em países
Declaratório Executivo RFB nº 10/2010 com tributação favorecida - Mercado
Em 25 de junho de 2010, a Receita Federal do
financeiro e de capitais - Instrução
Brasil publicou o Ato Declaratório Executivo nº 10, Normativa RFB nº 1.043/2010
que suspende os efeitos da inclusão dos Países
Baixos na relação de países detentores de regime Em 16 de junho de 2010, foi publicada a Instrução
fiscal privilegiado relativamente às pessoas jurídicas Normativa RFB nº 1.043, a qual altera a IN RFB nº
constituídas sob a forma de holding company, prevista 1.022/2010, que dispõe sobre o imposto sobre a renda
na IN RFB nº 1.037/2010 retro, tendo em vista o pedido incidente sobre os rendimentos e ganhos líquidos
de revisão, apresentado pelo Governo daquele país. auferidos nos mercados financeiro
e de capitais.
Países com Tributação Favorecida - Suíça - Ato
Declaratório Executivo RFB nº 11/2010 • Investidores localizados em país com tributação
favorecida
Em 25 de junho de 2010, a Receita Federal do Brasil
publicou o Ato Declaratório Executivo nº 11, que Dispõe a IN que o regime especial de tributação aplicável
suspende os efeitos da inclusão da Suíça na relação ao investidor estrangeiro que realizar operações no
de países com tributação favorecida, prevista na IN mercado financeiro e de capitais no País, conforme
RFB nº 1.037/2010, tendo em vista o pedido de revisão, normas do CMN (Resolução CMN nº 2.689/2000), não
apresentado pelo Governo daquele país. se aplica a investimento oriundo de país que não tribute
a renda ou que a tribute a alíquota inferior a 20%, o qual
estará sujeito às mesmas regras estabelecidas para os
residentes ou domiciliados no País, a partir da data da
entrada em vigor do ato da RFB que relacionar países ou
dependências com tributação favorecida (nova lista foi
divulgada pela Instrução Normativa RFB nº 1.037/2010).

A equiparação do investidor estrangeiro ao nacional,


para fins de IR, ocorrerá em relação às operações de
aquisição de títulos e valores mobiliários, inclusive
cotas de fundos de investimento, realizadas a partir da
data da entrada em vigor do ato da RFB que relacionar
países ou dependências com tributação favorecida,
independentemente da data de aquisição. Essa regra se
aplica ainda aos rendimentos produzidos a partir dessa
data citada, por títulos e valores mobiliários, inclusive
cotas de fundos de investimentos, independentemente da
data de sua aquisição.

No caso de ações negociadas no mercado à vista de bolsa


de valores ou no mercado de balcão organizado, para fins
de apuração da base de cálculo do IR, o custo de aquisição
para apuração do ganho líquido será constituído pela
diferença positiva entre o valor de alienação do ativo e o
seu custo de aquisição, calculado pela média ponderada
dos custos unitários.

94 PwC
1.15 País com tributação favorecida e regime fiscal privilegiado - Instrução Normativa RFB
nº 1.045/2010

A Instrução Normativa nº 1.045, da RFB, publicada em 23 de junho de 2010, promoveu alterações na lista de regimes
fiscais privilegiados prevista na IN RFB nº 1.037/2010, relativamente à legislação da Dinamarca e do Reino dos Países
Baixos, da seguinte forma:

• Com referência à legislação da Dinamarca, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de
holding company que não exerçam atividade econômica substantiva.

• Com referência à legislação do Reino dos Países Baixos, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a
forma de holding company que não exerçam atividade econômica substantiva.

1.16 EFD-PIS/COFINS - Escrituração Fiscal Digital do PIS e da COFINS - Instrução Normativa


RFB nº 1.052/2010
Por intermédio da Instrução Normativa nº 1.052, publicada em 7 de julho de 2010, e retificada em 13 de julho de 2010, a
Receita Federal do Brasil institui a Escrituração Fiscal Digital da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS - EFD-PIS/
COFINS, para fins fiscais, que deverá ser transmitida, pelas pessoas jurídicas a ela obrigadas, ao SPED e será considerada
válida após a confirmação de recebimento do arquivo que a contém. A EFD-PIS/COFINS emitida de forma eletrônica
deverá ser assinada digitalmente pelo representante legal da empresa ou procurador constituído, nos termos da IN.

Ficam obrigadas a adotar a EFD-PIS/COFINS:

• Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º.01.2011, as pessoas jurídicas sujeitas a acompanhamento
econômico-tributário diferenciado e sujeitas à tributação do IR com base no Lucro Real.

• Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º.07.2011, as demais pessoas jurídicas sujeitas à tributação do
IR com base no Lucro Real.

• Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º.01.2012, as demais pessoas jurídicas sujeitas à tributação do
IR com base no Lucro Presumido ou Arbitrado.

• Também com relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º.01.2012, as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6º, 8º
e 9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 (instituições financeiras que específica, pessoas jurídicas que tenham por objeto a
securitização de créditos, operadoras de planos de assistência à saúde) e empresas particulares que explorem serviços
de vigilância e de transporte de valores (Lei nº 7.102/83).

Às demais pessoas jurídicas não obrigadas fica facultada a entrega da EFD-PIS/COFINS, em relação aos fatos contábeis
ocorridos a partir de 1º.01.2011.

A apresentação dos livros digitais, nos termos da IN em comento, supre, em relação aos arquivos correspondentes, a
exigência contida na IN SRF nº 86/2001 de manter os arquivos digitais e sistemas utilizados pela pessoa jurídica pelo
prazo decadencial.

A não apresentação da EFD-PIS/COFINS no prazo fixado acarretará a aplicação de multa no valor de R$ 5 mil/mês-
calendário ou fração.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 95


1.17 Multas sobre compensação não 1.18 Variação Cambial – Tratamento
homologada - Instrução Normativa Tributário - Instrução Normativa
RFB nº 1.067/2010 RFB nº 1.079/2010

Em 25 de agosto de 2010, foi publicada a Instrução O tratamento tributário aplicável às variações


Normativa RFB nº 1.067, por intermédio da qual a monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do
Receita Federal do Brasil altera a IN RFB nº 900/2008, contribuinte, em função da taxa de câmbio, obedecerá
que disciplina a restituição e a compensação de quantias o disposto na Instrução Normativa RFB nº 1.079,
recolhidas a título de tributo administrado pela RFB. publicada em 4 de novembro de 2010.
Dentre as alterações, destacam-se, resumidamente:
Regime de Caixa
• Previsão de multa isolada de 50% sobre o valor do
crédito objeto de declaração de compensação não As variações monetárias dos direitos de crédito
homologada, podendo ser majorada para 75% no caso e das obrigações do contribuinte, em função da
de não comparecimento do sujeito passivo, no prazo taxa de câmbio, serão consideradas, para efeito de
marcado, para prestar esclarecimentos ou apresentar determinação da base de cálculo do IRPJ, da CSLL,
arquivos magnéticos. do PIS e da COFINS, bem como da determinação
do lucro da exploração, quando da liquidação da
• Alteração do termo inicial de incidência da taxa correspondente operação, segundo o regime de caixa.
SELIC e dos juros de 1% ao mês para os créditos
tributários passíveis de reembolso e restituição para Regime de Competência
o 2º mês subsequente ao mês da competência cujo
direito à percepção do salário-família e/ou do salário- À opção da pessoa jurídica, as variações monetárias
maternidade tiver sido reconhecido pela empresa. poderão ser consideradas na determinação da base
de cálculo desses tributos, segundo o regime de
• Enquanto não disponibilizada dotação orçamentária competência. Essa opção aplicar-se-á, de forma
específica, o pagamento de reembolso feito pela simultânea, a todo o ano-calendário e a todos os
RFB mediante crédito em conta-corrente bancária tributos antes referidos.
ou poupança de titularidade do beneficiário
obedecerá ao disposto na Portaria Conjunta RFB/ A partir do ano-calendário de 2011, o direito de optar
INSS nº 10.381/2007, que dispõe sobre as formas pelo regime de competência somente poderá ser
de pagamento das restituições e dos reembolsos das exercido no mês de janeiro ou no mês do início de
contribuições sociais. atividades.

• Previsão de multa isolada de 50%, mediante Além disso, também a partir do ano-calendário de
lançamento de ofício, sobre o valor do crédito objeto 2011, a opção pelo regime de competência deverá ser
de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido comunicada à RFB por intermédio da DCTF relativa ao
e de 100% na hipótese de ressarcimento obtido com mês de adoção do regime, não sendo admitida DCTF
falsidade no pedido apresentado pelo sujeito passivo. retificadora, fora do prazo de sua entrega, para essa
comunicação.
• Fica mantida a previsão de multa de 150% sobre
o valor total do débito tributário indevidamente Adotada a opção pelo regime de competência, o
compensado, quando se comprove falsidade da direito de sua alteração para o regime de caixa, no
declaração apresentada. Essa multa passa a ser de decorrer do ano-calendário, é restrito aos casos em
225%, nos casos de não atendimento à intimação para que ocorra elevada oscilação da taxa de câmbio
prestação de esclarecimentos ou para apresentação de comunicada mediante a edição de Portaria do
documentos ou arquivos magnéticos. Ministro de Estado da Fazenda. Note-se que essa
alteração deverá ser informada à RFB por intermédio
da DCTF relativa ao mês subsequente ao da
publicação da Portaria Ministerial que comunicar a
oscilação da taxa de câmbio.

96 PwC
Alteração do critério de reconhecimento de um ano- 1.19 Parcelamento de débitos federais (Lei nº
calendário para outro 11.941/2009 e MP nº 470/2009)
Caixa para Competência • Débitos a serem incluídos nos parcelamentos
especiais - Instrução Normativa RFB
Na hipótese de alteração do critério de reconhecimento nº 1.049/2010
das variações monetárias pelo regime de caixa para o
regime de competência, deverão ser computadas na base Em 1º de julho de 2010, a RFB publicou a Instrução
de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS, em 31 de Normativa nº 1.049 para dispor sobre os débitos a serem
dezembro do período de encerramento do ano precedente incluídos nos parcelamentos especiais de que trata a
ao da opção, as variações monetárias dos direitos de Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 6/2009 e revogar a IN
crédito e das obrigações incorridas até essa data, inclusive RFB nº 968/2009, que anteriormente dispunha sobre o
as de períodos anteriores ainda não tributadas. assunto.

Competência para Caixa Dentre as principais alterações, destacam-se,


resumidamente:
Na hipótese de alteração do critério de reconhecimento
das variações monetárias pelo regime de competência • Poderão ser incluídos nos parcelamentos de que trata
para o regime de caixa, no período de apuração em que a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 6/2009 os débitos
ocorrer a liquidação da operação, deverão ser computadas ainda não declarados, vencidos até 30.11.2008, em
na base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS, relação aos quais o sujeito passivo esteja obrigado à
as variações monetárias dos direitos de crédito e das apresentação de declaração a RFB e se encontra omisso,
obrigações relativas ao período de 1º de janeiro do ano- desde que seja apresentada a respectiva declaração até
calendário da opção até a data da liquidação. 30.07.2010 (antes 30.11.2009), observadas as demais
disposições previstas pela Portaria. Vale ressaltar que
Alteração do critério de reconhecimento no curso do esse mesmo prazo foi alterado em casos específicos
ano-calendário apontados na Portaria, como construção civil, pessoa
física, reclamatória trabalhista etc.
Na hipótese de alteração do critério de reconhecimento
das variações monetárias pelo regime de competência • Poderão integrar os parcelamentos de que trata a
para o regime de caixa no decorrer do ano-calendário, Portaria Conjunta nº 6/2009, entre outras, as multas
no momento da liquidação da operação, deverão ser de ofício isoladas, cujo vencimento tenha ocorrido até
computadas na base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e 30.11.2008 - antes previa que tais multas não poderiam
da COFINS, as variações monetárias dos direitos de crédito ser vinculadas a débitos de imposto ou contribuição
e das obrigações relativas ao período de 1º de janeiro para fins de inclusão no parcelamento.
do ano-calendário da alteração da opção até a data da
liquidação. Ocorrendo a alteração, deverão ser retificadas • Os débitos com vencimento até 30.11.2008 e objeto
as DCTF relativas aos meses anteriores do próprio ano- de compensação declarada à RFB poderão integrar a
calendário. dívida consolidada nos parcelamentos de que trata a
Portaria Conjunta RFB/PGFN nº 6/2009, desde que:
Por fim, foi revogado o art. 2º da IN SRF nº 345/2003 que
trazia o tratamento anterior para as variações cambiais. i. Até 30.07.2010 (anteriormente o prazo era
30.11.2009) ocorra decisão definitiva de não
homologação da compensação no âmbito
administrativo.

ii. Caso o débito esteja com exigibilidade suspensa, o


sujeito passivo desista, expressamente e de forma
irrevogável, da manifestação de inconformidade,
do recurso administrativo ou da ação judicial
proposta.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 97


• Inclusão de débitos - Portaria Conjunta PGFN/ • Inclusão de valores - Portaria Conjunta PGFN/
RFB nº 3/2010 RFB nº 11/2010

Em 3 de maio de 2010, a Procuradoria Geral da Em 28 de junho de 2010, a Procuradoria Geral da


Fazenda Nacional e a Receita Federal do Brasil Fazenda Nacional e a Receita Federal do Brasil
publicaram a Portaria Conjunta nº 3, a qual dispõe publicaram a Portaria Conjunta nº 11 determinando
sobre a necessidade dos sujeitos passivos, que tiveram que o optante que se manifestar pela não inclusão da
deferido seu pedido de parcelamento previsto na Lei totalidade de seus débitos nos parcelamentos previstos na
nº 11.941/2009, de se manifestarem com relação à Lei nº 11.941/2009 (Portaria Conjunta PGFN/RFB
inclusão dos débitos nos respectivos parcelamentos. nº 3/2010) deverá indicar, pormenorizadamente, os
débitos a serem incluídos nos parcelamentos até 30 de
Período de manifestação sobre a inclusão dos julho de 2010.
débitos: período de 1º a 30 de junho de 2010. A não
manifestação acarreta o cancelamento automático do Em se tratando de débito inscrito em Dívida Ativa da
pedido de parcelamento. União, o optante deverá comparecer à unidade da
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional de seu domicílio
A indicação sobre a inclusão da totalidade dos débitos tributário e apresentar, devidamente preenchidos, os
nos parcelamentos consiste em confissão irretratável e formulários constantes nos Anexos I e II da Portaria
irrevogável dos débitos constituídos, podendo o sujeito Conjunta PGFN/RFB nº 3/2010.
passivo emitir a Certidão Positiva de Débitos com Efeito
de Negativa, conjunta ou específica, pela Internet, nos Em se tratando de débitos no âmbito da Secretaria da
sítios da PGFN ou da RFB, desde que não existam Receita Federal do Brasil, o optante deverá comparecer à
outros impedimentos. unidade da RFB de seu domicílio tributário e apresentar,
  devidamente preenchidos, os formulários constantes nos
Na hipótese de não indicação da inclusão da totalidade Anexos III e IV da mesma Portaria.
dos débitos nos parcelamentos, o contribuinte estará
impedido de obter a mencionada Certidão pela Internet. • Parcelamento da MP nº 470/2009 - Utilização de
Nesse caso, para obtenção de certidão, será necessário Prejuízo Fiscal e Base Negativa de CSLL - Portaria
o comparecimento à unidade da PGFN ou da RFB do Conjunta PGFN/RFB nº 12/2010
domicílio tributário do sujeito passivo para indicar os
débitos a serem incluídos no parcelamento. Em 1º de julho de 2010, a Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional e o Secretário da Receita Federal publicaram
A Portaria também dispõe que caso o sujeito passivo a Portaria Conjunta nº 12 para dispor sobre a utilização
tenha optado por parcelar os saldos remanescentes de créditos decorrentes de prejuízo fiscal e de base de
do REFIS, do PAES, do PAEX, dos parcelamentos cálculo negativa de CSLL na liquidação das prestações do
previstos no art. 38 da Lei nº 8.212, de 1991, ou nos parcelamento previsto na MP nº 470/2009.
arts. 10 a 14-F da Lei nº 10.522, de 2002, e não tenha
formalizado a desistência através da Internet, o A Portaria ora em comento dispõe que as pessoas
pagamento, realizado até 30 de novembro de 2009, jurídicas que optaram pelo referido parcelamento
com as reduções previstas, importa a desistência do poderão liquidar as prestações com a utilização de
parcelamento anterior, desde que o pagamento abranja prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL
a integralidade dos débitos da respectiva modalidade. relativos aos períodos de apuração encerrados até
31.12.2009 (antes 30.09.2009), desde que sejam
próprios, passíveis de compensação e declarados, no
tempo e na forma determinados na legislação, à RFB.

Os valores dos créditos decorrentes de prejuízo


fiscal e da base de cálculo negativa da CSLL somente
poderão ser utilizados para liquidação de prestações do
parcelamento de que trata a Portaria Conjunta PGFN/
RFB nº 9, de 2009, observando-se a ordem decrescente
de seu vencimento. As prestações serão amortizadas
considerando os valores devidos em 30 de junho de 2010.

98 PwC
• Reabertura do prazo para inclusão de débitos • Tratamento das adesões em casos de eventos de
no parcelamento - Portaria Conjunta PGFN/ incorporação, fusão ou cisão
RFB nº 13/2010
Será cancelado o requerimento de adesão à modalidade
Como se sabe, a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 3/2010 de parcelamento ou de pagamento à vista com a utilização
dispôs que até 30.06.2010 os sujeitos passivos, que tiveram de créditos decorrentes de prejuízo fiscal ou de base de
deferido seu pedido de parcelamento previsto na Lei cálculo negativa da CSLL, de que tratam os arts. 1º a 3º Lei
nº 11.941/2009, deveriam se manifestar sobre a inclusão nº 11.941/2009, efetuado em nome de pessoa jurídica que
dos débitos nos respectivos parcelamentos. tenha sido extinta por operação de incorporação, fusão ou
cisão total, ocorrida em data anterior à adesão.
Em 5 de julho de 2010, a Procuradoria Geral da Fazenda
Nacional e a Receita Federal do Brasil publicaram a Os débitos da PJ com adesão cancelada poderão ser
Portaria Conjunta nº 13, que reabriu o prazo da Portaria consolidados pela pessoa jurídica sucessora, responsável
Conjunta PGFN/RFB nº 3/2010 até 30 de julho de 2010. pelos referidos débitos, caso a sucessora seja optante por
modalidade da Lei nº 11.941/2009, compatível com as
Na hipótese de o optante se manifestar pela não inclusão características dos débitos a serem consolidados.
da totalidade dos débitos nos parcelamentos, deverá
indicar, pormenorizadamente, os débitos a serem incluídos Na hipótese em que a pessoa jurídica tenha sido extinta
até 16 de agosto de 2010. em data posterior à adesão, os seus débitos serão
consolidados nas modalidades requeridas pela PJ extinta,
O optante que não cumprir com o disposto na Portaria independentemente da existência de requerimento de
em comento terá seu pedido de parcelamento adesão por modalidades da Lei nº 11.941/2009 pela
automaticamente cancelado. pessoa jurídica sucessora.

A Portaria também dispõe que são válidas as manifestações Caso a pessoa jurídica sucessora também seja optante
de que trata a Portaria Conjunta nº 3/2010 feitas até a sua por modalidade da Lei nº 11.941, de 2009, deverá ser
publicação. realizada a consolidação dos seus débitos separadamente
dos débitos da pessoa jurídica extinta. Não sendo optante,
• Parcelamento da Lei nº 11.941/2009 - Portaria a indicação dos débitos para consolidação abrangerá
Conjunta RFB/PGFN nº 15/2010 exclusivamente débitos de responsabilidade da pessoa
jurídica extinta.
Em 3 de setembro de 2010, foi publicada a Portaria
Conjunta nº 15, por intermédio da qual a Receita Federal O disposto aplica-se às modalidades de parcelamento
do Brasil e a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional ou de pagamento à vista com a utilização de créditos
dispõem sobre procedimentos a serem adotados pelos decorrentes de prejuízo fiscal ou de base de cálculo
sujeitos passivos optantes pelos parcelamentos ou negativa da CSLL.
pagamentos à vista de que tratam os artigos 1º a 3º da Lei
nº 11.941/2009. • Efeitos do Cancelamento de Requerimentos de
Adesão
Dentre suas principais disposições, destacam-se,
resumidamente: Os pagamentos efetuados pelos optantes que tiverem
cancelados os requerimentos de adesão poderão ser
• Reabertura do Prazo para Desistência de Ações restituídos ou aproveitados para amortização dos débitos
Judiciais e Administrativas consolidados nas modalidades requeridas pela pessoa
jurídica sucessora, observadas as demais disposições da
Foram reabertos, até 30 de setembro de 2010, os Portaria.
prazos para desistência de ações para os optantes pelos
parcelamentos ou pagamento à vista, atendidas as O sujeito passivo poderá requerer a regularização da
condições da portaria. situação de modalidade de parcelamento que tiver sido
cancelada, caso comprove a quitação integral dos débitos
passíveis de inclusão na respectiva modalidade, mediante
pagamento realizado até 16 de agosto de 2010.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 99


2
Tributos Estaduais e
Municipais

Convênio autoriza 2.1 Reconhecimento de recolhimentos - Importação por


conta e ordem de terceiros - ES e SP - Convênio ICMS
os Estados de São nº 36/2010
Paulo, Espírito Santo
Em 1º de abril de 2010, foi publicado o Convênio ICMS nº 36, que autoriza
e DF a reconhecer os Estados do Espírito Santo e São Paulo, bem como o Distrito Federal, a
recolhimentos efetuados reconhecer os recolhimentos efetuados em operações de importação por
conta e ordem de terceiros na hipótese em que especifica.
em operações de
importação por conta e Nos termos desse ato, relativamente às operações de importação de bens
ou mercadorias por conta e ordem de terceiros, nas quais o importador e o
ordem de terceiros. adquirente não se localizam no mesmo Estado, os recolhimentos do ICMS
devido pela importação que tenham sido efetuados em desacordo com
o disposto no Protocolo ICMS nº 23/2009 (dispõe sobre procedimentos
a serem adotados nessas operações), deverão ser feitos de acordo com o
cronograma previsto no Convênio.

Fica suspensa a exigibilidade dos créditos tributários, constituídos ou


não, relativos ao ICMS recolhido desta forma, até as datas previstas,
momento em que ficarão definitivamente reconhecidos os respectivos
recolhimentos, desde que não seja denunciado o Protocolo ICMS
nº 23/2009.

O Convênio enumera ainda as hipóteses em que suas disposições não


são aplicáveis.

O Ato Declaratório CONFAZ nº 4/2010 ratificou o convênio ora tratado.

100 PwC
2.2 Importação por conta e ordem - Reconhecimento dos
recebimentos ao ES - Decreto Estadual/SP nº 56.045/2010

Em 27 de julho de 2010, foi publicado O decreto prevê ainda como deverá


o Decreto nº 56.045, por intermédio ser o requerimento, estabelecendo
do qual o governador do Estado que cada contribuinte deverá
de São Paulo estabelece que serão apresentar um único requerimento
extintos os créditos tributários englobando as importações
devidos a SP, por reconhecimento do contratadas até 20.03.2009, cujo
recolhimento ao Estado do Espírito desembaraço aduaneiro tenha
Santo, decorrentes de operações de ocorrido até 31.05.2009.
importação por conta e ordem de
terceiro, efetuadas em desacordo com Na hipótese de o contribuinte
o disposto no Protocolo ICMS ter realizado as importações na
nº 23/2009. modalidade “por conta e ordem
de terceiros”, nos períodos que
Nos termos do decreto em comento, especifica, sem recolhimento ao
o contribuinte paulista que tiver Estado de São Paulo, poderá recolher
adquirido bens ou mercadorias do o imposto devido com os acréscimos
exterior, por meio de operações legais, no prazo de 15 dias, contados
de importação “por conta e ordem da protocolização do requerimento.
de terceiros”, promovidas por
importadores situados no ES, pode
requerer, até 31 de outubro de 2010,
o reconhecimento dos recolhimentos
realizados a esse Estado.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 101


3
Comércio
Exterior

CAMEX disciplina 3.1 Medidas antidumping - Resolução CAMEX nº 63/2010


extensão das medidas Prevê o artigo 10-A da Lei nº 9.019/1995, na redação da Lei nº 11.786/2008,
“antidumping”. que as medidas antidumping e compensatórias poderão ser estendidas a
terceiros países, bem como a partes, peças e componentes dos produtos objeto
de medidas vigentes, caso seja constatada a existência de práticas elisivas que
frustrem a sua aplicação.

Em 18 de agosto de 2010, foi publicada a Resolução CAMEX nº 63, por


intermédio da qual o Conselho de Ministros da Câmara de Comércio
Exterior disciplina a extensão das medidas antidumping e compensatórias
mencionadas nesse artigo, com a finalidade de assegurar a efetividade das
medidas de defesa comercial em vigor.

102 PwC
4
Outros
Assuntos

Parecer da Consultoria 4.1 Registro de derivativos contratados por instituições


financeiras no exterior - Resolução CMN nº 3.824/2009
Geral da União prevê
restrições à aquisição Em 18 de dezembro de 2009, o Banco Central do Brasil publicou a Resolução
CMN nº 3.824 para dispor sobre o registro de instrumentos financeiros
de imóvel rural por derivativos contratados por instituições financeiras no exterior, a partir de 1º
estrangeiros. de fevereiro de 2010.

Nos termos da Resolução, as instituições financeiras e demais instituições


autorizadas a funcionar pelo Banco Central devem registrar em sistema
administrado por entidade de registro e de liquidação financeira de ativos,
autorizado pelo BACEN ou pela CVM, as posições assumidas em instrumentos
financeiros derivativos contratados no exterior, diretamente ou por meio de
dependências ou empresas integrantes do conglomerado financeiro.

O registro aqui tratado deve: (i) abranger os ativos subjacentes, os valores e


as moedas envolvidos, os prazos, as contrapartes, a forma de liquidação e os
parâmetros utilizados, como limites, multiplicadores e aceleradores; e (ii)
ser efetuado até dois dias úteis após a contratação do instrumento financeiro
derivativo.

4.2 Hedge - registro das operações - Resolução CMN


nº 3.833/2010

Foi editada em 29 de janeiro de 2010 a Resolução nº 3.833, do Conselho


Monetário Nacional, instituindo o registro das transferências financeiras do
e para o exterior, decorrentes de operações destinadas à proteção (hedge) de
direitos e obrigações de natureza comercial ou financeira, sujeitos a riscos
de variação, no mercado internacional, de taxas de juros, de paridades entre
moedas estrangeiras e preços de mercadorias.

O registro da operação de proteção (hedge) deve ser feito em sistema


administrado por entidade de registro e de liquidação financeira de ativos
autorizado pelo Banco Central do Brasil ou pela Comissão de Valores
Mobiliários.

Referido registro deve:

i. Ser realizado por meio de instituição financeira e demais instituições


autorizadas a funcionar pelo BACEN.

ii. Abranger os ativos subjacentes, os valores e as moedas envolvidos, os


prazos, as contrapartes, a forma de liquidação e os parâmetros utilizados.

Essa resolução produz efeitos a partir de 15 de março de 2010.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 103


4.3 Aquisição de terras rurais por 4.4 Alterações na Lei de Licitações - Medida
estrangeiros - Parecer CGU Provisória nº 495/2010
AGU nº 1/2010
Em 20 de julho de 2010, foi publicada a Medida
Em 23 de agosto de 2010, foi publicado o Parecer Provisória nº 495 alterando, principalmente, a Lei de
nº 1 da Consultoria Geral da União/Advocacia Geral Licitações (Lei nº 8.666/93).
da União, aprovado pelo Presidente da República,
com efeito vinculante para a administração pública, Sobre o tema destacam-se, resumidamente, os seguintes
estabelecendo que as disposições da Lei nº 5.709/1971, pontos:
que prevê restrições à aquisição de imóvel rural por
estrangeiro residente no país ou pessoa jurídica • Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida
estrangeira autorizada a funcionar no Brasil, também se margem de preferência para produtos manufaturados
aplica à pessoa jurídica brasileira, da qual participem, a e serviços nacionais que atendam a normas técnicas
qualquer título, pessoas estrangeiras, físicas ou jurídicas brasileiras.
que tenham a maioria do seu capital social e residam ou
tenham sede no exterior. • A margem de preferência por produto, serviço, grupo
de produtos ou grupo de serviços, será definida pelo
O parecer em comento revogou os Pareceres GQ Poder Executivo Federal, limitada a até 25% acima
nº 181/1998 e 22/1994, os quais entendiam que do preço dos produtos manufaturados e serviços
as restrições previstas na Lei nº 5.709/1971 não estrangeiros, estabelecido conforme os critérios
se aplicavam à pessoa jurídica brasileira, da qual definidos pela MP.
participem, a qualquer título, pessoas estrangeiras,
físicas ou jurídicas que tenham a maioria do seu capital • Poderá ser estabelecida margem de preferência
social e residam ou tenham sede no exterior. adicional para os produtos manufaturados e para os
serviços nacionais resultantes de desenvolvimento e
Vale ressaltar que as restrições legais se aplicam inovação tecnológica realizados no País.
também aos casos de arrendamento de imóvel rural
• Nas contratações destinadas à implantação,
(Lei nº 8.629/93).
manutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas
de tecnologia de informação e comunicação,
Referido parecer terá efeitos a partir de 23.08.2010,
considerados estratégicos em ato do Poder Executivo
data da sua publicação no DOU.
Federal, a licitação poderá ser restrita a bens e
serviços com tecnologia desenvolvida no País, e
produzidos de acordo com o processo produtivo
básico de que trata a Lei nº 10.176/2001, que dispõe
sobre a capacitação e competitividade do setor de
tecnologia da informação.

O Ato do Congresso Nacional nº 29, de 24 de setembro de


2010, prorrogou pelo período de 60 dias a vigência da MP
nº 495/2010.

104 PwC
5
Atos do Poder
Judiciário

As informações adiante alinhadas sobre julgamentos do Supremo Tribunal


Federal e do Superior Tribunal de Justiça foram extraídas dos seus boletins
informativos, divulgados nos respectivos sites da internet, e contêm resumos
não oficiais de decisões proferidas por aqueles tribunais.

Supremo Tribunal Federal


STF - IPI e Creditamento: Insumos Isentos, Não Tributados
ou Sujeitos à Alíquota Zero

Em conclusão de julgamento, o Tribunal desproveu recurso extraordinário


interposto contra acórdão do TRF da 4ª Região que negara à contribuinte
do IPI o direito de creditar-se do valor do tributo incidente sobre insumos
adquiridos sob regime de isenção, não tributados ou sujeitos à alíquota zero.
Evany Oliveira
Sustentava-se ofensa ao princípio da não cumulatividade (CF, art. 153, §
Diretora
3º, II) - v. Informativos 554 e 591. Inicialmente, consignou-se que o STF,
PwC - Brasil
ao apreciar os recursos extraordinários 353657/PR (DJE de 6.3.2008) e
370682/SC (DJE de 19.12.2007), referentes à aquisição de insumos não
tributados ou sujeitos à alíquota zero, aprovara o entendimento de que o
direito ao crédito pressupõe recolhimento anterior do tributo, cobrança
Julgados do Supremo implementada pelo Fisco.

Tribunal Federal e do Enfatizou-se que tal raciocínio seria próprio tanto no caso de insumo sujeito
à alíquota zero ou não tributado quanto no de insumo isento, tema não
Superior Tribunal de examinado nos precedentes citados. Contudo, julgou-se inexistir dado
Justiça. específico a conduzir ao tratamento diferenciado.

No tocante à definição técnico-constitucional do princípio da não


cumulatividade, afirmou-se que esse princípio seria observado compensando-
se o que devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores,
ante o que não se poderia cogitar de direito a crédito quando o insumo entra
na indústria considerada a alíquota zero.

Relativamente à questão alusiva ao valor do crédito e do imposto final,


asseverou-se que a pretensão da recorrente colocaria em plano secundário a
sistemática pertinente ao IPI e, no que voltada a evitar a cumulatividade, o
tributo sequencial.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 105


Ressaltando a seletividade do IPI, expôs-se que, uma STF - Base de Cálculo da CSLL e da CPMF:
vez adquirido o insumo mediante incidência do tributo Receitas Oriundas das Operações de
com certa alíquota, o creditamento far-se-ia diante do
que realmente fosse recolhido, gerando a saída final
Exportação
do produto novo cálculo e, então, como já ocorrido
A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
o creditamento quanto ao recolhido na aquisição do
e a Contribuição Provisória sobre Movimentação
insumo, a incidência da alíquota dar-se-ia sobre o preço
Financeira - CPMF não são alcançadas pela imunidade
(valor total).
sobre as receitas decorrentes de exportação prevista
no inciso I do § 2º do art. 149 da CF, incluído pela EC
Mencionou-se que não se comunicariam as operações a
33/2001 (“Art. 149. ... § 2º As contribuições sociais e
serem realizadas, deixando-se de individualizar insumos
de intervenção no domínio econômico de que trata o
e produtos, pois, se assim não fosse, instalar-se-ia um
caput deste artigo... I - não incidirão sobre as receitas
pandemônio escritural.
decorrentes de exportação;”).
Assinalou-se que o sistema consagrador do princípio
Com base nessa orientação, o Tribunal, por maioria,
da não cumulatividade, presente quer o IPI quer o
desproveu o RE 564413/SC, em que se alegava que a
ICMS, implica crédito e débito em conta única e que o
referida imunidade abarcaria a CSLL - v. Informativos
argumento desenvolvido a respeito do que se denomina
531 e 594.
crédito do IPI presumido, considerada a entrada de
insumo, resultaria em subversão do sistema nacional de
No ponto, prevaleceu o voto do Min. Marco Aurélio,
cobrança do tributo, partindo-se para a adoção do critério
relator. Ele asseverou que, se ficasse entendido que o
referente ao valor agregado.
vocábulo receita, tal como previsto no inciso I do § 2º do
art. 149 da CF, englobaria o lucro, acabar-se-ia aditando
Dessa forma, reputou-se que isso potencializaria a
norma a encerrar benefício para o contribuinte,
seletividade, a qual geraria vantagem, à margem de
considerada certa etapa, além de deixar capenga o
previsão, para o contribuinte, que passaria a contar
sistema constitucional, no que passaria a albergar a
com um crédito inicial, presente na entrada do insumo
distinção entre receita e lucro, em face da incidência
tributado, e, posteriormente, haveria a apuração do que
da contribuição social para as pessoas jurídicas em
fosse agregado para se estipular valor que não seria o do
geral (CF, art. 195) e, de forma incongruente, a alusão
produto final.
explícita à receita a ponto de alcançar, também, o lucro
de certo segmento de contribuintes - os exportadores.
Considerou-se que esse raciocínio revelaria desprezo
pelo sistema pátrio de cobrança do tributo, assim como
Ressaltou que a EC 33/2001 foi editada à luz do
discreparia das balizas próprias à preservação dos
texto primitivo da Carta Federal, não se podendo, em
princípios da não cumulatividade, que direcionam, no
interpretação ampliativa, a ela conferir alcance que com
concernente ao produto final, à aplicação da alíquota
este se mostrasse em conflito.
levando-se em conta o valor respectivo, porquanto já
escriturado o crédito decorrente da satisfação do tributo
Afirmou que o princípio do terceiro excluído, bem
com relação ao insumo.
como o sistema constitucional até aqui proclamado
pelo Tribunal afastariam a visão de se assentar que,
Concluiu-se que, em última análise, ante o critério
estando o principal - a receita - imune à incidência da
seletivo, com o tributo final menor, passar-se-ia a ter jus
contribuição, também o estaria o acessório - o lucro.
a uma segunda diferença relativa ao que foi recolhido a
maior anteriormente e já é objeto do creditamento.
Concluiu que o legislador poderia ter estendido ainda
mais a imunidade, mas, mediante opção político-
Por fim, deu-se por prejudicada a discussão referente à
legislativa constitucional, não o fez, não cabendo ao
prescrição, dado que esta somente teria utilidade se o
Judiciário esta tarefa. Vencidos os Ministros Gilmar
recurso viesse a ser provido, ocorrendo o mesmo com a
Mendes, Cármen Lúcia, Eros Grau, Celso de Mello e
atualização monetária.
Cezar Peluso (Presidente), que proviam o recurso.
Vencido o Min. Cezar Peluso, Presidente, que provia o
De igual modo, por maioria, o Tribunal também
recurso.
desproveu o RE 474132/SC, no qual se pleiteava o
reconhecimento da imunidade relativamente à
RE 566819/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 29.9.2010.
CSLL e à CPMF.
Tribunal Plenário do STF. Informativo de
Jurisprudência do STF nº 602 (27 de setembro a
1º de outubro de 2010).

106 PwC
No tocante à CSLL, ficaram vencidos os Ministros STF - Legitimidade do Ministério Público:
Gilmar Mendes, relator, Cármen Lúcia, Eros Grau, Ação Civil Pública e Anulação de TARE
Celso de Mello e Cezar Peluso (Presidente).
O Ministério Público tem legitimidade para propor ação
Quanto à CPMF, prevaleceu o voto do Min. Gilmar civil pública com o objetivo de anular o Termo de Acordo
Mendes, relator, no propósito de não enquadrá-la na de Regime Especial - TARE firmado entre o Distrito Federal
hipótese de imunidade em questão, visto que ela não e as empresas beneficiárias de redução fiscal.
se vincularia diretamente à operação de exportação,
mas a operações posteriormente realizadas, nos Com base nesse entendimento, o Tribunal, por maioria,
termos do art. 2º da Lei nº 9.311/96. proveu recurso extraordinário interposto contra acórdão
do STJ que afastou essa legitimidade - v. Informativos 510,
Observou que a exportação, tomada isoladamente, 545 e 563.
não constituiria fato gerador para a cobrança da
CPMF, conforme disposto na aludida lei. Acrescentou Na espécie, alegava o Ministério Público, na ação civil
que, se fosse o caso de haver imunidade, ela seria pública sob exame, que a Secretaria de Fazenda do Distrito
garantida ao exportador apenas na operação de Federal, ao deixar de observar os parâmetros fixados no
entrada do numerário no país, e, após esse primeiro próprio Decreto regulamentar, teria editado a Portaria
momento, haveria a incidência da CPMF, pois a 292/99, que estabeleceu percentuais de crédito fixos para
imunidade não marcaria o resultado da operação os produtos que enumera, tanto para as saídas internas
indeterminadamente. quanto para as interestaduais, reduzindo, com isso, o valor
que deveria ser recolhido a título de ICMS.
Assim, uma vez configurada a entrada no país da
receita provinda da exportação, igualar-se-iam esses Sustentava que, ao fim dos 12 meses de vigência
valores a qualquer outro existente no território do acordo, o Subsecretário da Receita do DF teria
nacional, a fim de submeter-se às regras pertinentes, descumprido o disposto no art. 36, § 1º, da Lei
inclusive à incidência da CPMF. Complementar federal 87/96 e nos artigos 37 e 38 da Lei
distrital 1.254/96, ao não proceder à apuração do imposto
Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Menezes devido, com base na escrituração regular do contribuinte,
Direito. RE 474132/SC, rel. Min. Gilmar Mendes, computando eventuais diferenças positivas ou negativas
12.8.2010. RE 564413/SC, rel. Min. Marco Aurélio, para o efeito de pagamento.
12.8.2010. Tribunal Plenário do STF. Informativo
de Jurisprudência do STF nº 595 (9 a 13 de agosto Afirmava, por fim, que o TARE em questão causara
de 2010). prejuízo mensal ao DF que variava entre 2,5% a 4%,
nas saídas interestaduais, e entre 1% a 4,5%, nas saídas
STF - Art. 149, § 2º, I, da CF e CPMF internas, do ICMS devido.

Ao aplicar o entendimento antes firmado, o Tribunal, Entendeu-se que a ação civil pública ajuizada contra o
por maioria, desproveu recurso extraordinário no citado TARE não estaria limitada à proteção de interesse
qual se sustentava que a imunidade das receitas individual, mas abrangeria interesses metaindividuais,
decorrentes de exportação, prevista inciso I do § pois o referido acordo, ao beneficiar uma empresa privada
2º do art. 149 da CF, incluído pela EC 33/2001, e garantir-lhe o regime especial de apuração do ICMS,
abrangeria a CPMF - v. Informativo 532. Vencidos os poderia, em tese, implicar lesão ao patrimônio público,
Ministros Marco Aurélio e Cezar Peluso (Presidente), fato que, por si só, legitimaria a atuação do parquet, tendo
que lhe davam provimento. RE 566259/RS, rel. em conta, sobretudo, as condições nas quais foi celebrado
Min. Ricardo Lewandowski, 12.8.2010. Tribunal ou executado esse acordo (CF, art. 129, III).
Plenário do STF. Informativo de Jurisprudência do
STF nº 595 (9 a 13 de agosto de 2010). Reportou-se, em seguida, à orientação firmada pela Corte
em diversos precedentes no sentido da legitimidade
do Ministério Público para ajuizar ações civis públicas
em defesa de interesses metaindividuais, do erário e do
patrimônio público.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 107


Asseverou-se não ser possível aplicar, na hipótese, o STF - ICMS: Software e Transferência
parágrafo único do art. 1º da Lei 7.347/85, que veda Eletrônica
que o Ministério Público proponha ações civis públicas
para veicular pretensões relativas a matérias tributárias Em conclusão, o Tribunal, por maioria,
individualizáveis, visto que a citada ação civil pública não indeferiu medida cautelar em ação direta de
teria sido ajuizada para proteger direito de determinado inconstitucionalidade ajuizada pelo Partido do
contribuinte, mas para defender o interesse mais Movimento Democrático Brasileiro - PMDB contra
amplo de todos os cidadãos do Distrito Federal, no que dispositivos da Lei 7.098/98, do Estado do Mato
respeita à integridade do erário e à higidez do processo Grosso, que trata da consolidação das normas
de arrecadação tributária, o qual apresenta natureza referentes ao ICMS - v. Informativos 146 e 421. Na
manifestamente metaindividual. linha do voto divergente do Min. Nelson Jobim,
entendeu-se que o ICMS pode incidir sobre softwares
No ponto, ressaltou-se que ao veicular, em juízo, a adquiridos por meio de transferência eletrônica de
ilegalidade do acordo que concede regime tributário dados, e reputou-se constitucional, em princípio,
especial a certa empresa, bem como a omissão do o art. 2º, § 1º, VI, e o art. 6º, § 6º, da Lei 7.098/98
Subsecretário da Receita do DF no que tange à apuração (“Art. 2º. ... § 1º. O imposto incide também: ... VI -
do imposto devido, a partir do exame da escrituração do sobre as operações com programa de computador
contribuinte beneficiado, o parquet teria agido em defesa - software -, ainda que realizadas por transferência
do patrimônio público. eletrônica de dados. ... Art. 6º. ... § 6º - Integra a
base de cálculo do ICMS, nas operações realizadas
Vencidos os Ministros Menezes Direito, Cármen Lúcia, com programa de computador - software - qualquer
Eros Grau e Gilmar Mendes que negavam provimento outra parcela debitada ao destinatário, inclusive
ao recurso. RE 576155/DF, rel. Min. Ricardo o suporte informático, independentemente de sua
Lewandowski, 12.8.2010. Tribunal Plenário do STF. denominação.”). Esclareceu-se que, se o fato de ser o
Informativo de Jurisprudência do STF nº 595 (9 a 13 bem incorpóreo fosse ressalva à incidência do ICMS,
de agosto de 2010). não poderia, da mesma forma, ser cobrado o imposto
na aquisição de programa de computador de prateleira,
visto que, nesse caso, estar-se-ia adquirindo não um
disquete, um CD ou um DVD, a caixa ou o livreto de
manual, mas também e principalmente a mercadoria
virtual gravada no instrumento de transmissão. Assim,
se o argumento é de que o bem incorpóreo não pode
ser objeto de incidência do ICMS, a assertiva haveria
de valer para o caso de bens incorpóreos vendidos
por meio de bens materiais. Considerou-se ainda a
conveniência política de se indeferir a cautelar, tendo
em conta o fato de a lei estar vigente há mais de dez
anos. Vencidos os Ministros Octavio Gallotti, relator,
Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e Celso de Mello
que deferiam em parte a cautelar. ADI 1945 MC/MT,
rel. orig. Min. Octavio Gallotti, red. p/ o acórdão
Min. Gilmar Mendes, 26.5.2010. Tribunal Plenário
do STF. Informativo de Jurisprudência do STF
nº 588 (24 a 28 de maio de 2010).

108 PwC
STF - Contribuição Previdenciária e Vale-Transporte
O Tribunal, por maioria, proveu Após digressão sobre o tema, Vencidos os Ministros Joaquim
recurso extraordinário, afetado concluiu-se que, pago o benefício em Barbosa e Marco Aurélio que
ao Pleno pela 2ª Turma, no qual vale-transporte ou em moeda, isso desproviam o recurso ao fundamento
a instituição financeira discutia a não afetaria o caráter não salarial do de que o valor configuraria vantagem
constitucionalidade da cobrança de auxílio. Tendo isso em conta, reputou- remuneratória e, portanto, se
contribuição previdenciária sobre o se que a cobrança de contribuição enquadraria no gênero “ganhos
valor pago, em dinheiro, a título de previdenciária sobre o valor pago, em habituais do empregado”, integrando
vales-transporte aos seus empregados, pecúnia, a título de vales-transporte a remuneração (CF, art. 201, § 11).
por força de acordo trabalhista - v. pelo recorrente aos seus empregados,
Informativo 552. afrontaria a Constituição em sua O Min. Marco Aurélio afirmava
totalidade normativa. ainda não estar diante do vale-
Inicialmente, enfatizou-se que a transporte tal como definido pela lei,
questão constitucional envolvida Consignou-se ademais que a autarquia porquanto esse não poderia ser pago
ultrapassaria os interesses subjetivos previdenciária buscava fazer incidir em pecúnia.
da causa. Em seguida, salientou-se pretensão de natureza tributária sobre
que o art. 2º da Lei 7.418/85, a qual a concessão de benefício, parcela esta RE 478410/SP, rel. Min. Eros
instituiu o vale-transporte, estabelece que teria caráter indenizatório. Grau, 10.3.2010. Tribunal
que o benefício: Plenário do STF. Informativo de
Jurisprudência do STF nº 578 (8 a
i. Não tem natureza salarial, nem 12 de março de 2010).
incorpora a remuneração para
quaisquer efeitos.

ii. Não constitui base de incidência


de contribuição previdenciária ou
de Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço.

iii. Não se configura como


rendimento tributável do
trabalhador.

No ponto, aduziu-se que a referida


exação não incide sobre o montante
correspondente à benesse quando esta
é concedida ao empregado mediante a
entrega de vales-transporte, devendo-
se perquirir se a sua substituição por
dinheiro teria o condão de atribuir ao
benefício caráter salarial.

Asseverou-se, desse modo, que


o deslinde da causa importaria
necessária consideração sobre o
conceito de moeda, conceito jurídico
- não conceito específico da Ciência
Econômica -, haja vista as funções por
ela desempenhadas na intermediação
de trocas e como instrumento de
reserva de valor e padrão de valor.

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 109


STF - Majoração de Alíquota do ICMS e STF - Súmulas Vinculantes
Não Vinculação
• Súmula Vinculante nº 31
O Tribunal, por maioria, desproveu recurso
extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal É inconstitucional a incidência do Imposto Sobre
de Justiça do Estado de São Paulo que reputara Serviços de Qualquer Natureza - ISS sobre operações de
constitucional a majoração da alíquota de ICMS de locação de bens móveis.
17% para 18% efetivada pela Lei estadual 9.903/97.
Entendeu-se que, diversamente do que ocorria Fonte de Publicação:
com leis paulistas anteriores - a Lei 6.556/89, que, DJe nº 28, p. 1, em 17/02/2010
ao majorar a alíquota genérica do ICMS de 17% DOU de 17/02/2010, p. 1.
para 18%, destinara a arrecadação obtida com o Fonte: site STF
novo acréscimo ao financiamento de determinado
programa habitacional, e as Leis 7.003/90, 7.646/91 • Súmula Vinculante nº 28
e 8.207/92, as quais implicaram mera prorrogação
do acréscimo irregularmente vinculado -, todas É inconstitucional a exigência de depósito prévio como
declaradas inconstitucionais pelo Supremo, não se requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se
verificaria, no caso, a existência de vinculação do pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.
aumento da alíquota do citado imposto a órgão, fundo
ou despesa específica, vedada pela Constituição Fonte de Publicação:
Federal (art. 167, IV). Salientou-se que, não obstante DJe nº 28, p. 1, em 17/02/2010
o diploma em questão tivesse previsto uma inédita DOU de 17/02/2010, p. 1.
obrigação de prestação de contas para o Governador Fonte: site STF
do Estado [“Art. 3º - O Poder Executivo publicará,
mensalmente, no Diário Oficial do Estado, até o dia 10 • Súmula Vinculante nº 21
(dez) do mês subsequente, a aplicação dos recursos
provenientes da elevação da alíquota de que trata É inconstitucional a exigência de depósito ou
o Art. 1º.”], ele não teria estabelecido uma prévia arrolamento prévios de dinheiro ou bens para
destinação dos recursos provenientes da majoração do admissibilidade de recurso administrativo.
ICMS, haja vista permitir a livre definição pelo Chefe
do Poder Executivo no planejamento orçamentário. Fonte de Publicação:
Ressaltou-se, por fim, que a necessidade de publicação DJe nº 210, p. 1, em 10/11/2009.
da destinação dada a essa receita oriunda do aumento DOU de 10/11/2009, p. 1.
de alíquota, embora não tivesse qualquer previsão Fonte: site STF
constitucional, estaria em consonância com os
princípios da publicidade e da moralidade, previstos
no art. 37, caput, da CF, e em nada violaria qualquer
dispositivo dela constante. Vencido o Min. Marco
Aurélio, que provia o recurso, asseverando que a
interpretação sistemática da lei impugnada revelaria
a continuidade da vinculação. Tendo em conta o
disposto no citado art. 3º e no art. 5º desse diploma
legal (“Art. 5º - A Secretaria da Fazenda baixará
as instruções necessárias ao cumprimento desta
lei.”), concluiu que este teria afastado a destinação
específica, mantendo, no entanto, a destinação de
parte do ICMS, mediante disciplina a ocorrer por ato
da Secretaria do próprio Estado. Precedentes citados:
RE 183906/SP (DJU de 30.4.98); RE 188443/SP (DJU
de 11.9.98); RE 213739/SP (DJU de 2.10.98).
RE 585535/SP, rel., Min. Ellen Gracie,
1º 2.2010. Tribunal Plenário do STF. Informativo
de Jurisprudência do STF nº 573 (1º a 5 de
fevereiro de 2010).

110 PwC
Superior Tribunal de Justiça

STJ - Recurso Repetitivo - Concessionária de STJ - Compensação de Tributos com


Energia Elétrica - PIS/COFINS - Repasse ao Precatórios - Vedação
Consumidor
Na hipótese, cuida-se da possibilidade de pagar débito
A Seção, ao julgar recurso submetido ao regime do art. tributário mediante a efetivação de compensação com
543-C e Res. n. 8/2008-STJ suscitado pelo tribunal a quo, precatório requisitório vencido e não pago (art. 78, § 2º,
negou provimento ao recurso, entendendo que é legítimo do ADCT). É cediço que o Codex tributário permite ao
repassar às faturas de energia elétrica a serem pagas legislador ordinário de cada ente federativo autorizar,
pelo consumidor o valor correspondente ao pagamento por lei própria, compensações entre créditos tributários
da contribuição ao programa de integração social (PIS) da Fazenda Pública e do sujeito passivo (art. 170 do
e da contribuição para financiamento da Seguridade CTN). Com efeito, compete à legislação local estabelecer
Social (COFINS) devidas pela concessionária. No REsp, o regramento da compensação tributária, ainda que
o recorrente buscava o reconhecimento da ilegalidade para fins do referido artigo do ADCT. No caso dos autos,
desse repasse às faturas de consumo de energia elétrica o Decreto paranaense n. 418/2007, em seu art. 1º, veda
do custo correspondente ao recolhimento do PIS e à expressamente qualquer tipo de utilização de precatórios
COFINS, bem como almejava repetição de indébito. na compensação de tributos, razão pela qual é inviável a
Destacou o Min. Relator que a tese defendida pelo compensação pretendida. Desse modo, diante da ausência
recorrente foi encampada pelo Instituto Brasileiro de de previsão legal para a referida compensação, não há
Defesa do Consumidor (IDEC) e pelo Ministério Público, falar em direito líquido e certo da recorrente. Com essas
entretanto parte de um pressuposto manifestamente considerações, a Turma negou provimento ao recurso.
equivocado: atribuir à controvérsia uma natureza Precedentes citados: AgRg no Ag 1.228.671-PR, DJe
tributária. Observa que, na relação jurídica que se 3/5/2010; EDcl no AgRg no REsp 1.157.869-RS, DJe
estabelece entre concessionária e consumidor de 16/8/2010; AgRg no Ag 1.207.543-PR, DJe 17/6/2010;
energia elétrica, não existe relação tributária, em que os AgRg no Ag 1.272.393-RS, DJe 14/4/2010; AgRg no
partícipes necessários são o Fisco e o contribuinte, mas RMS 30.489-PR, DJe 15/6/2010; RMS 28.406-PR, DJe
há relação de consumo de serviço público, cujas fontes 16/4/2009, e RMS 28.500-PR, DJe 23/9/2009. RMS
normativas são próprias, especiais e distintas das que 31.816-PR, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/9/2010.
regem as relações tributárias. Anotou-se ainda que o PIS Primeira Turma do STJ. Informativo de Jurisprudência
e a COFINS, cobrados em decorrência da edição das Leis do STJ nº 447 (13 a 17 de setembro de 2010).
10.637/2002, 10.833/2003 e 10.865/2004, alteraram
a forma de cobrança, mas trouxeram a possibilidade STJ - Contribuição Previdenciária - Aviso
de que seus valores sejam fiscalizados não apenas pela Prévio Indenizado
ANEEL, mas pelos consumidores de energia elétrica
individualmente, visto que passaram a ser cobrados de O valor pago a título de indenização em razão da ausência
forma destacada nas faturas, a exemplo do que ocorre de aviso prévio tem o intuito de reparar o dano causado
com o ICMS. REsp 1.185.070-RS, Rel. Min. Teori Albino ao trabalhador que não fora comunicado sobre a futura
Zavascki, julgado em 22/9/2010. Primeira Seção do rescisão de seu contrato de trabalho com a antecedência
STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 448 (20 mínima estipulada na CLT, bem como não pôde usufruir
a 24 de setembro de 2010). da redução na jornada de trabalho a que teria direito (art.
487 e seguintes da CLT). Assim, por não se tratar de verba
salarial, não incide contribuição previdenciária sobre os
valores pagos a título de aviso prévio indenizado. REsp
1.198.964-PR, rel., Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 2/9/2010. Segunda Turma do STJ.
Informativo de Jurisprudência do STJ nº 445 (30 de
agosto a 3 de setembro de 2010).

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 111


STJ - Recurso Repetitivo - Fato Gerador do STJ - CIDE - Royalties - Patentes e Marcas
ICMS
É cediço que a Contribuição de Intervenção Econômica
Ao julgar recurso repetitivo (art. 543-C do CPC e Res. (CIDE) foi instituída pela Lei n. 10.168/2000 e alterada
n. 8/2008-STJ), a Seção reiterou o entendimento de pela Lei n. 10.332/2001 incidente sobre pagamento de
que o deslocamento de bens ou mercadorias entre royalties, serviços técnicos, assistência administrativa
estabelecimentos de uma mesma empresa não se e semelhantes. Essa exação teria por finalidade
subsume à hipótese de incidência do ICMS, porquanto, estimular o desenvolvimento tecnológico brasileiro,
para a ocorrência do fato imponível é imprescindível a mediante programas de pesquisa científica e tecnológica
circulação jurídica da mercadoria com a transferência cooperativa entre universidades, centros de pesquisa
da propriedade. Assim, não constitui fato gerador do e o setor produtivo (art. 1º da citada lei). Trata-se de
referido tributo o simples deslocamento de mercadoria de contribuição que é devida pela pessoa jurídica detentora
um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte de licença de uso ou adquirente de conhecimentos
(Súm. n. 166-STJ). Precedentes citados do STF: AgRg no tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos
AI 618.947-MG, DJe 25/3/2010; AgRg no AI 693.714- que impliquem transferência de tecnologia, firmados
RJ, DJe 21/8/2009; do STJ: AgRg nos EDcl no REsp com residentes ou domiciliados no exterior (art. 2º da
1.127.106-RJ, DJe 17/5/2010; AgRg no Ag 1.068.651-SC, citada lei). Isso posto, destaca o Min. Relator que, no
DJe 2/4/2009; AgRg no AgRg no Ag 992.603-RJ, DJe REsp, busca-se definir se o crédito estabelecido na MP
4/3/2009; AgRg no REsp 809.752-RJ, DJe 6/10/2008, n. 2.159-70/2001, relativo à CIDE, tem origem a partir
e REsp 919.363-DF, DJe 7/8/2008. REsp 1.125.133-SP, do surgimento do dever de pagar essa contribuição ou
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/8/2010. Primeira apenas quando há o seu efetivo pagamento. Explica ainda
Seção do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ que, apesar de esse tributo ter nítido intuito de fomentar
nº 444 (23 a 27 de agosto de 2010). o desenvolvimento tecnológico nacional, o legislador
reduziu temporariamente o montante da carga tributária
devida, por meio da instituição de crédito relativo à CIDE,
criado pela MP n. 2.159-70/2001. Esses créditos seriam
aferidos a partir do cálculo do pagamento da exação
e apurados em períodos pretéritos ao que se pretende
utilizar em percentuais definidos na lei. Dessa forma, o
crédito surge apenas com o efetivo recolhimento da CIDE
paga no mês, aproveitando-se os períodos subsequentes.
Diante do exposto, a Turma negou provimento ao
recurso. REsp 1.186.160-SP, rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 26/8/2010. Segunda Turma do
STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 444 (23
a 27 de agosto de 2010).

112 PwC
STJ - ISS - Locação de Serviços STJ - IR sobre indenização de dano moral

Cuida-se de mandado de segurança impetrado por O imposto de renda não incide sobre o valor recebido a
sociedade empresária, com objetivo de afastar a incidência título de dano moral visto inexistir qualquer acréscimo
de ISS sobre locação de bens móveis. O tribunal a quo patrimonial em seu percebimento. Essa verba tem
confirmou a sentença, pela denegação da ordem, ao natureza indenizatória, de reparação do sofrimento e da
fundamento de que não se trata de simples locação de dor causados pela lesão de direito e sentidos pela vítima
máquinas copiadoras, impressoras e outros equipamentos, ou seus parentes. Com a reiteração desse entendimento, a
pois o contrato firmado entre a sociedade empresária e Seção negou provimento ao especial sujeito ao regramento
o município também englobaria serviços de assistência contido no art. 543-C do CPC (recurso representativo
técnica para manutenção das máquinas. Assim, por causa de controvérsia). Na hipótese, a indenização adveio
da prestação desse serviço, entendeu aquele tribunal de reclamação trabalhista. Precedentes citados: REsp
tornar-se obrigatória a exação sobre o valor total da 686.920-MS, DJe 19/10/2009; AgRg no Ag 1.021.368-RS,
operação, adotando o critério da preponderância do DJe 25/6/2009; REsp 865.693-RS, DJe 4/2/2009; AgRg
serviço prestado. Para Min. Relatora, tal circunstância não no REsp 1.017.901-RS, DJe 12/11/2008; REsp 963.387-
justifica a incidência do ISS sobre a parcela referente à RS, DJe 5/3/2009; REsp 402.035-RN, DJ 17/5/2004, e
operação de locação “pura” de bem móvel, apenas permite REsp 410.347-SC, DJ 17/2/2003. REsp 1.152.764-CE,
a tributação sobre os serviços em questão, visto que não rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/6/2010. Primeira
se aplica mais o critério da preponderância do serviço Seção do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº
para definir a exação devida. Ademais, a partir do advento 444 (21 a 25 de junho de 2010).
da Súmula Vinculante n. 31-STF, é inconstitucional a
cobrança de ISS pelo Fisco sobre a totalidade do contrato STJ - ICMS-ST - Bonificação
de locação de bens móveis. Destacou que sempre há
dúvida nos casos em que não se individualiza o quantum Trata-se, no caso, da base de cálculo a ser considerada em
remuneratório para cada atividade, ou seja, não se regime de substituição tributária quando o contribuinte
delimita o valor da operação relativa à locação e à quantia substituto concede descontos incondicionais em sua
devida a título de serviços de manutenção. Mas o STF própria operação. A Turma, ao prosseguir o julgamento,
ainda não tem solução definitiva para as situações de por maioria, manteve seu entendimento de que, embora
conjugação de locação de bens móveis e serviços. Dessa as mercadorias dadas em forma de bônus não integrem
forma, assevera merecer reforma o acórdão recorrido, sob a base de cálculo do tributo, considera-se devido o
pena de ofensa direta ao referido enunciado vinculante, ICMS no regime de substituição tributária, já que não se
devendo a autoridade fiscal (o município) proceder pode presumir a perpetuação da bonificação na cadeia
à apuração do quantum devido apenas a título dos de circulação no sentido de beneficiar igualmente
serviços de assistência técnica prestados, por meio do o consumidor final. Na hipótese de bonificação -
procedimento administrativo próprio ou retificação do concessão de mais mercadorias pelo mesmo preço -, há
auto infracional, respeitando-se o prazo decadencial do favorecimento tão somente ao partícipe imediato da
débito tributário. Com essas considerações, a Turma deu cadeia de circulação (próximo contribuinte na cadeia), a
provimento ao recurso. REsp 1.194.999-RJ, Rel. Min. não ser que a bonificação seja estendida a toda a cadeia
Eliana Calmon, julgado em 26/8/2010. Segunda Turma até atingir o consumidor final, o que demandaria prova
do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 444 da repercussão. O mesmo se pode dizer da existência
(21 a 25 de junho de 2010). do desconto incondicionado na operação por conta do
próprio substituto. Precedente citado: REsp 993.409-MG,
DJe 21/5/2008. REsp 1.167.564-MG, Rel. Min. Eliana
Calmon, julgado em 5/8/2010. Segunda Turma do STJ.
Informativo de Jurisprudência do STJ nº 441 (28 de
junho a 6 de agosto de 2010).

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 113


STJ - Recurso Repetitivo - Sucessão STJ - Denúncia Espontânea - Multa -
Empresarial - Responsabilidade Prescrição

A Seção, ao julgar recurso submetido ao regime do art. Cuida-se de tributo sujeito a lançamento por
543-C do CPC e da Resolução n. 8/2008-STJ, reiterou homologação em que as contribuintes declararam e
que a responsabilidade tributária da empresa sucessora recolheram o valor que entenderam devido, realizando
abrange, além dos tributos devidos pela empresa o autolançamento e, posteriormente, apresentaram
sucedida, as multas moratórias ou punitivas que, por declaração retificadora com o intuito de complementar
representarem dívida de valor, acompanham o passivo do o valor do tributo, acrescido de juros legais, antes de
patrimônio adquirido pela empresa sucessora desde que qualquer procedimento da administração tributária. Na
seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. espécie, ficou caracterizada a incidência do benefício
Assim, quanto à multa aplicada à empresa incorporada da denúncia espontânea; pois, se as contribuintes não
sucedida, procede a cobrança; pois, segundo dispõe o efetuassem a retificação, o Fisco não poderia promover
art. 113, § 3º, do CTN, o descumprimento de obrigação a execução sem antes proceder à constituição do crédito
acessória faz surgir imediatamente nova obrigação tributário atinente à parte não declarada, razão pela
consistente no pagamento da multa tributária. Isso qual é aplicável o benefício previsto no art. 138 do CTN
porque a responsabilidade da sucessora abrange, nos com a devida exclusão da multa moratória imposta.
termos do art. 129 do CTN, os créditos definitivamente Com relação à prescrição da ação de repetição de
constituídos, em curso de constituição ou constituídos indébito tributário de tributo sujeito a lançamento por
posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a homologação, a jurisprudência deste Superior Tribunal
obrigações tributárias surgidas até a referida data, que é adotou o entendimento de que, quando não houver
o caso dos autos. Por outro lado, como ficou consignada, homologação expressa, o prazo para a repetição do
nas instâncias ordinárias, a ausência de comprovação indébito é de 10 (dez) anos a contar do fato gerador
da incondicionalidade dos descontos concedidos (REsp 1.002.932-SP, DJe 25/11/2009, julgado como
pela empresa recorrente, a questão não pode ser repetitivo). Na hipótese dos autos, a ação foi ajuizada
conhecida. Precedentes citados: REsp 1.111.156-SP, DJe em 18/3/2001, referindo-se a fatos geradores ocorridos
22/10/2009; REsp 1.085.071-SP, DJe 8/6/2009; REsp a partir de 1995, razão pela qual não há que se falar em
959.389-RS, DJe 21/5/2009; AgRg no REsp 1056302- prescrição. Diante do exposto, a Turma deu provimento
SC, DJe 13/5/2009; REsp 544.265-CE, DJ 21/2/2005; ao recurso. Precedentes citados: AgRg no AgRg no
REsp 745.007-SP, DJ 27/6/2005, e REsp 3.097-RS, REsp 1.090.226-RS, DJe 2/12/2009; MC 15.678-SP,
DJ 19/11/1990. REsp 923.012-MG, rel. Min. Luiz DJe 16/10/2009, e AgRg no REsp 1.039.699-SP, DJe
Fux, julgado em 9/6/2010. Primeira Seção do STJ. 19/2/2009. REsp 889.271-RJ, rel. Min. Teori Albino
Informativo de Jurisprudência do STJ nº 438 (7 a 11 Zavascki, julgado em 1/6/2010. Primeira Turma do
de junho de 2010). STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 437 (31
de maio a 4 de junho de 2010).

114 PwC
STJ - Recurso Repetitivo - Prescrição - STJ - IR - Alienação de Ações Societárias
Lançamento por Homologação
Discute-se o reconhecimento do direito adquirido à
O prazo prescricional quinquenal para o Fisco exercer isenção de imposto de renda (IR) sobre o lucro auferido
a pretensão da cobrança judicial do crédito tributário na alienação de ações societárias, nos termos do DL
conta-se da data estipulada como vencimento da obrigação n. 1.510/1976, revogado pela Lei n. 7.713/1988. O
tributária declarada, nos casos de tributos sujeitos a contribuinte recorrente alega que, entre a aquisição
lançamento por homologação, em que o contribuinte das ações (dezembro de 1983) e o início da vigência da
cumpriu o dever instrumental de declarar a exação citada lei (janeiro de 1989), houve o transcurso dos cinco
mediante Declaração de Débitos e Créditos Tributários anos estabelecidos no referido DL como condição para
Federais (DCTF) ou Guia de Informação de Apuração do obter a isenção do imposto, não havendo revogação do
ICMS (GIA), entre outros, mas não adimpliu a obrigação benefício, mesmo que a venda das ações tenha ocorrido
principal de pagamento antecipado, nem sobreveio depois da revogação da regra de isenção. Diante disso, a
qualquer causa interruptiva da prescrição ou impeditiva Min. Relatora, ao enumerar precedentes deste Superior
da exigibilidade do crédito. A hipótese cuida de créditos Tribunal quanto ao direito adquirido, reconheceu a
tributários de IRPJ do ano-base de 1996 calculados pleiteada isenção. Sucede que o Min. Herman Benjamin,
sobre o lucro presumido. O contribuinte declarou seus em voto vista, divergiu ao consignar que o art. 178 do CTN
rendimentos em 30/4/1997, mas não pagou mensalmente apenas atribui caráter irrevogável àquelas isenções que
o tributo no ano anterior (Lei n. 8.541/1992 e Dec. n. observarem, concomitantemente, os requisitos do prazo
1.041/1994). Assim, no caso, há a peculiaridade de que certo e onerosidade. Assim, na hipótese, como o benefício
a declaração entregue em 1997 diz respeito a tributos fiscal foi deferido por prazo indeterminado, entendeu que
não pagos no ano anterior, não havendo a obrigação de seria lícita sua revogação por aquela lei. Por sua vez, o
previamente declará-los a cada mês de recolhimento. Min. Castro Meira, em seu voto vista, apesar de reconhecer
Consequentemente, o prazo prescricional para o Fisco ponderáveis as razões do voto divergente, acompanhou
cobrá-los judicialmente iniciou-se na data de apresentação a Min. Relatora, ressaltando a peculiaridade de que a
da declaração de rendimentos, daí não haver prescrição, própria Fazenda Nacional, mediante pronunciamentos
visto que foi ajuizada a ação executiva fiscal em 5/3/2002, de seu Conselho Superior de Recursos Fiscais, tem
ainda que o despacho inicial e a citação do devedor sejam reconhecido o direito adquirido dos contribuintes em casos
de junho de 2002. É incoerente interpretar que o prazo semelhantes ao julgado; dessarte, negar a isenção seria
prescricional flui da constituição definitiva do crédito afrontar a segurança jurídica e o princípio da isonomia.
tributário até o despacho ordenador da citação do devedor Assim, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria,
ou de sua citação válida (antiga redação do art. 174, deu provimento ao recurso especial do contribuinte.
parágrafo único, I, do CTN). Segundo o art. 219, § 1º, do Precedentes citados: REsp 656.222-RS, DJ 21/11/2005,
CPC, a interrupção da prescrição pela citação retroage à e REsp 723.508-RS, DJ 30/5/2005. REsp 1.126.773-
propositura da ação, o que, após as alterações promovidas RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 4/5/2010.
pela LC 118/2005, justifica, no Direito Tributário, Segunda Turma do STJ. Informativo de Jurisprudência
interpretar que o marco interruptivo da prolação do do STJ nº 433 (3 a 7 de maio de 2010).
despacho que ordena a citação do executado retroage à
data do ajuizamento da ação executiva, que deve respeitar
o prazo prescricional. Dessa forma, a propositura da ação
é o dies ad quem do prazo prescricional e o termo inicial
de sua recontagem (sujeita às causas interruptivas do art.
174, parágrafo único, do CTN). Esse entendimento foi
acolhido pela Seção no julgamento de recurso repetitivo
(art. 543-C do CPC). Precedentes citados: EREsp 658.138-
PR, DJe 9/11/2009; REsp 850.423-SP, DJ 7/2/2008; AgRg
no EREsp 638.069-SC, DJ 13/6/2005, e REsp 962.379-
RS, DJe 28/10/2008. REsp 1.120.295-SP, rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 12/5/2010. Primeira Seção do STJ.
Informativo de Jurisprudência do STJ nº 434 (10 a 14
de maio de 2010).

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 115


STJ - Recurso Repetitivo - ICMS - Notas STJ - Dividendos - Valor Patrimonial da Ação
Fiscais Inidôneas
A Turma decidiu que o acionista investidor recebe os
A Seção, ao julgar o recurso sob o regime do art. 543-C do dividendos a partir da data da integralização do capital,
CPC, c/c a Res. n. 8/2008-STJ, reiterou o entendimento como se dá com os demais acionistas, porquanto suas
de que o comerciante de boa-fé que adquire mercadoria ações têm os mesmos direitos e obrigações das ações da
cuja nota fiscal, emitida pela empresa vendedora, seja mesma natureza. Dessa forma, é devido ao novo acionista
declarada inidônea pode aproveitar o crédito do ICMS o valor distribuído aos demais com ações da mesma
pelo princípio da não cumulatividade, uma vez que natureza, proporcionalmente à quantidade delas em
demonstrada a veracidade da compra e venda, porquanto seu nome. O termo inicial ou a obrigação do pagamento
o ato declaratório de inidoneidade somente produz ocorre na mesma data em que os dividendos foram pagos
efeitos a partir de sua publicação. A responsabilidade do aos outros acionistas. Quanto ao Valor Patrimonial da
adquirente de boa-fé reside na exigência, no momento Ação (VPA), não obstante a jurisprudência reiterada
da celebração do negócio jurídico, da documentação neste Superior Tribunal no sentido de tomar como
pertinente à assunção da regularidade do alienante, base os dados do VPA segundo o balancete do mês da
cuja verificação de idoneidade cabe ao Fisco, razão respectiva integralização (o que deve ser obedecido em
pela qual não incide o art. 136 do CTN, aplicável ao cada processo, conforme o que transitou em julgado),
alienante. A boa-fé do adquirente em relação às notas no caso em questão, o título judicial transitou em
fiscais declaradas inidôneas após a celebração do negócio julgado, determinando que o VPA deve ser o aprovado
jurídico realizado, uma vez que caracterizada, legitima na Assembléia Geral Ordinária imediatamente anterior,
o aproveitamento dos créditos do ICMS. Assim, a Seção não havendo como alterar essa regra na execução sob
negou provimento ao recurso. Precedentes citados: pena de ofensa à coisa julgada. Outrossim, referente
REsp 737.135-MG, DJ 23/8/2007; REsp 623.335-PR, DJ ao cumprimento de sentença não é necessário intimar
10/9/2007; REsp 556.850-MG, DJ 23/5/2005, e REsp o devedor para iniciar a contagem dos 15 dias para o
246.134-MG, DJ 13/3/2006. REsp 1.148.444-MG, rel. pagamento, visto que o prazo flui do trânsito em julgado
Min. Luiz Fux, julgado em 14/4/2010. Primeira Seção da sentença da qual o devedor já foi intimado, quando
do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 430 de sua publicação, na pessoa de seu advogado, conforme
(12 a 16 de abril de 2010). o art. 475-J do CPC, no caso de quantia certa, que não
requer liquidação de sentença, perícia ou outro trabalho
STJ - Recurso Repetitivo - ICMS - Leasing - técnico de elevada complexidade. É cabível, pois, a multa
tal como aplicada. Por sua vez, são devidos os honorários
Avião advocatícios também no cumprimento de sentença, nas
situações em que o devedor optou por não efetuar o
A Seção, ao apreciar recurso representativo de pagamento nos 15 dias estipulados no referido artigo e
controvérsia (art. 543-C do CPC e Res. n. 8-2008-STJ), resolveu impugnar ou continuar obstando o pagamento
reiterou a jurisprudência deste Superior Tribunal da dívida, com a necessidade de participação nos autos
com base no art. 3º, VIII, da LC n. 87/1996 quanto à de advogado do credor. Precedentes citados: AgRg
não incidência de ICMS sobre operação de leasing em no Ag 1.210.428-RS, DJe 25/11/2009; AgRg no REsp
que não se efetivou a transferência de titularidade do 1.134.345-RS, DJe 9/11/2009; AgRg no Ag 1.108.238-
bem. A incidência do ICMS pressupõe circulação de RS, DJe 30/6/2009, e AgRg no Ag 1.174.877-RS, DJe
mercadoria (transferência da titularidade do bem) 6/11/2009. REsp 1.136.370-RS, rel. Min. Massami
quer o bem arrendado provenha do exterior quer não. Uyeda, julgado em 18/2/2010. Terceira Turma do STJ.
No caso dos autos, trata-se de importação de aeronave Informativo de Jurisprudência do STJ nº 423 (15 a 19
mediante contrato de arrendamento mercantil (leasing). de fevereiro de 2010).
Com esse entendimento, deu-se provimento ao recurso
especial adesivo da companhia aérea, julgando
prejudicado o recurso principal interposto pela Fazenda
estadual. Precedentes citados do STF: RE 461.968-SP,
DJ 24/8/2007; do STJ: AgRg no Ag 791.761-RS, DJe
9/3/2009; AgRg no REsp 969.880-SP, DJe 29/9/2008;
REsp 337.433-PR, DJ 1º/12/2003; REsp 264.954-
SE, DJ 20/8/2001; REsp 93.537-SP, DJ 16/2/1998, e
AgRg nos EDcl no REsp 851.386-MG, DJ 1º/2/2007.
REsp 1.131.718-SP, rel. Min. Luiz Fux, julgado em
24/3/2010. Primeira Seção do STJ. Informativo de
Jurisprudência do STJ nº 428 (22 de março a 2 de
abril de 2010).

116 PwC
STJ - Súmulas
• Súmula nº 457 • Súmula nº 430

Os descontos incondicionais nas operações mercantis O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade
não se incluem na base de cálculo do ICMS. Rel. Min. não gera por si só a responsabilidade solidária do sócio-
Eliana Calmon, em 25/8/2010. Primeira Seção do STJ. gerente. Rel. Min. Luiz Fux, em 24/3/2010. Primeira
Informativo de Jurisprudência do STJ nº 444 (23 a 27 Seção do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ
de agosto de 2010). nº 428 (22 de março a 2 de abril de 2010).

• Súmula nº 451 • Súmula nº 424

É legítima a penhora da sede do estabelecimento É legítima a incidência de ISS sobre os serviços bancários
comercial. Rel. Min. Luiz Fux, em 2/6/2010. Corte congêneres da lista anexa ao DL n. 406/1968 e à LC n.
Especial do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ 56/1987. Rel. Min. Eliana Calmon, em 10/3/2010.
nº 437 (31 de maio a 4 de junho de 2010). Primeira Seção do STJ. Informativo de Jurisprudência
do STJ nº 426 (8 a 12 de março de 2010).

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 117


Evolução de taxas de câmbio,
índices de inflação e juros
1. Taxas de câmbio

118 PwC
Cotação do último Dólar norte-americano comercial Euro Libra esterlina Iene
dia do mês Compra Venda Venda Venda Venda

2008
Janeiro 1,7595 1,7603 2,61510 3,50115 0,016545
Fevereiro 1,6825 1,6833 2,55685 3,34623 0,016190
Março 1,7483 1,7491 2,76060 3,46864 0,017547
Abril 1,6864 1,6872 2,63527 3,35567 0,016247
Maio 1,6286 1,6294 2,53502 3,22719 0,015458
Junho 1,5911 1,5919 2,50629 3,17059 0,014991
Julho 1,5658 1,5666 2,44388 3,10594 0,014522
Agosto 1,6336 1,6344 2,39848 2,97918 0,015022
Setembro 1,9135 1,9143 2,69309 3,40219 0,017985
Outubro 2,1145 2,1153 2,69197 3,41008 0,021453
Novembro 2,3323 2,3310 2,96234 3,58714 0,024407
Dezembro 2,3362 2,3370 3,23815 3,41506 0,025800

2009
Janeiro 2,3154 2,3162 2,96911 3,34899 0,025779
Fevereiro 2,3776 2,3784 3,02116 3,41015 0,024341
Março 2,3289 2,3297 3,07404 3,32124 0,024001
Abril 2,1775 2,1783 2,88254 3,22258 0,022086
Maio 1,9722 1,9730 2,78935 3,18509 0,020734
Junho 1,9508 1,9516 2,73985 3,21294 0,020265
Julho 1,8718 1,8726 2,67145 3,12977 0,019783
Agosto 1,8856 1,8864 2,70100 3,06751 0,020285
Setembro 1,7773 1,7781 2,60108 2,84217 0,019811
Outubro 1,7432 1,7440 2,57031 2,86663 0,019372
Novembro 1,7497 1,7505 2,62621 2,87409 0,020296
Dezembro 1,7404 1,7412 2,50733 2,82405 0,018809

2010
Janeiro 1,8740 1,8748 2,60297 3,00045 0,020746
Fevereiro 1,8102 1,8110 2,46694 2,76467 0,020376
Março 1,7802 1,7810 2,40760 2,70430 0,019060
Abril 1,7298 1,7306 2,3039 2,6454 0,01843
Maio 1,8159 1,8167 2,2365 2,6426 0,01995
Junho 1,8007 1,8015 2,2043 2,6929 0,02038
Julho 1,7564 1,7572 2,2942 2,7586 0,02033
Agosto 1,7552 1,756 2,2261 2,6951 0,02092
Setembro 1,6934 1,6942 2,3104 2,6619 0,02030
Outubro 1,7006 1,7014 2,3666 2,7273 0,02113
Novembro
Dezembro

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 119


Evolução de taxas de câmbio,
índices de inflação e juros
2. Índices de inflação

Período Índice de Preços Variação acumulada - % Índice Geral Variação acumulada - %


ao Consumidor de Preços -
Fundação Getúlio Disponibilidade
Vargas (IPC-FGV ) No mês 12 meses Interna (IGP-DI) No mês 12 meses

2007
Janeiro 290,608 0,69 2,09 344,850 0,43 3,49
Fevereiro 291,589 0,34 2,42 345,652 0,23 3,79
Março 292,991 0,48 2,69 346,407 0,22 4,49
Abril 293,899 0,31 2,67 346,878 0,14 4,61
Maio 294,633 0,25 3,12 347,421 0,16 4,38
Junho 295,874 0,42 2,98 348,328 0,26 3,96
Julho 296,694 0,28 4,20 349,628 0,37 4,17
Agosto 297,945 0,42 4,47 354,495 1,39 5,19
Setembro 298,616 0,23 4,50 358,633 1,17 6,16
Outubro 299,005 0,13 4,50 361,308 0,75 6,10
Novembro 299,801 0,27 4,53 365,100 1,05 6,60
Dezembro 301,909 0,70 4,60 370,485 1,47 7,89

2008
Janeiro 304,850 0,97 4,90 374,139 0,99 8,49
Fevereiro 304,862 0,00 4,55 375,558 0,38 8,65
Março 306,220 0,45 4,52 378,194 0,70 9,18
Abril 308,433 0,72 4,95 382,414 1,12 10,24
Maio 311,115 0,87 5,59 389,585 1,88 12,14
Junho 313,512 0,77 5,96 396,954 1,89 13,96
Julho 315,173 0,53 6,23 401,406 1,12 14,81
Agosto 315,619 0,14 5,93 399,870 (0,38) 12,80
Setembro 315,327 (0,09) 5,60 401,327 0,36 11,90
Outubro 316,805 0,47 5,95 405,707 1,09 12,29
Novembro 318,588 0,56 5,52 405,185 0,07 11,20
Dezembro 320,244 0,52 6,07 404,185 (0,44) 9,110

120 PwC
Índice Geral de Variação acumulada - % Índice Nacional de Variação acumulada - %
Preços Mercado Preços ao
(IGP-M) Consumidor (INPC)
No mês 12 meses No mês 12 meses

349,593 0,50 3,40 2.670,07 0,49 2,93


350,524 0,27 3,67 2.681,28 0,42 3,12
351,717 0,34 4,26 2.693,08 0,44 3,30
351,869 0,04 4,75 2.700,08 0,26 3,44
352,020 0,04 4,40 2.707,10 0,26 3,57
352,936 0,26 3,89 2.618,45 0,29 3,44
353,920 0,28 4,00 2.724,18 0,32 4,19
357,404 0,98 4,63 2.740,25 0,59 4,82
361,997 1,29 5,67 2.747,10 0,25 4,92
365,794 1,05 6,29 2.755,34 0,30 4,78
368,334 0,69 6,23 2.767,19 0,43 4,79
374,815 1,76 7,75 2.794,03 0,97 5,16

378,900 1,09 8,38 2.813,31 0,69 5,36


380,906 0,53 8,67 2.826,81 0,48 5,43
383,731 0,74 9,10 2.841,23 0,51 5,50
386,380 0,69 9,81 2.859,41 0,64 5,90
392,592 1,61 11,53 2.886,86 0,96 6,64
400,382 1,98 13,44 2.913,13 0,91 7,28
407,446 1,76 15,12 2.930,03 0,58 7,56
406,127 (0,32) 13,63 2.936,18 0,21 7,15
406,557 0,11 12,31 2.940,58 0,15 7,04
410,524 0,98 12,23 2.955,28 0,50 7,26
412,104 0,38 11,88 2.966,51 0,38 7,20
411,575 (0,13) 9,81 2.975,11 0,29 6,48

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 121


Período Índice de Preços Variação acumulada - % Índice Geral Variação acumulada - %
ao Consumidor de Preços -
Fundação Getúlio Disponibilidade
Vargas (IPC-FGV ) No mês 12 meses Interna (IGP-DI) No mês 12 meses

2009
Janeiro 322,906 0,83 5,92 404,244 0,01 8,05
Fevereiro 323,596 0,21 6,15 403,737 (0,13) 7,50
Março 325,563 0,61 6,32 400,353 (0,84) 5,86
Abril 327,099 0,47 6,05 400,530 0,04 4,73
Maio 328,387 0,39 5,55 401,232 0,18 2,99
Junho 328,768 0,12 4,87 399,966 (0,32) 0,76
Julho 329,892 0,34 4,67 397,393 (0,64) (1,01)
Agosto 330,555 0,20 4,73 397,758 0,09 (0,54)
Setembro 331,166 0,18 5,02 398,738 0,25 (0,65)
Outubro 331,214 0,01 4,55 398,575 (0,04) (1,76)
Novembro 332,076 0,26 4,23 398,857 0,07 (1,76)
Dezembro 332,884 0,24 3,95 398,407 (0,11) (1,43)

2010
Janeiro 337,188 1,29 4,42 402,425 1,01 (0,45)
Fevereiro 319,288 0,74 5,04 406,826 1,09 0,77
Março 342,390 0,86 5,17 409,399 0,63 2,26
Abril 345,002 0,76 5,47 412,341 0,72 2,95
Maio 345,730 0,21 5,28 418,811 1,57 4,38
Junho 344,987 (0,22) 4,93 420,241 0,34 5,07
Julho 344,273 (0,21) 4,36 421,154 0,22 5,98
Agosto 343,992 (0,08) 4,06 425,788 1,10 7,05
Setembro 345,590 0,46 4,36 430,453 1,10 7,95
Outubro 347,629 0,59 4,96 434,882 1,03 9,11
Novembro
Dezembro

122 PwC
Índice Geral de Variação acumulada - % Índice Nacional de Variação acumulada - %
Preços Mercado Preços ao
(IGP-M) Consumidor (INPC)
No mês 12 meses No mês 12 meses

409,782 (0,44) 8,15 2.994,15 0,64 6,43


410,849 0,26 7,86 3.003,43 0,32 6,25
407,808 (0,74) 6,27 3.009,44 0,20 5,92
407,181 (0,15) 5,38 3.025,99 0,55 5,83
406,885 (0,07) 3,64 3.044,15 0,60 5,45
406,486 (0,10) 1,52 3.056,93 0,42 4,94
404,718 (0,43) (0,67) 3.063,96 0,23 4,57
403,253 (0,36) (0,71) 3.066,41 0,08 4,44
404,945 0,42 (0,40) 3.071,32 0,16 4,45
405,129 0,05 (1,31) 3.078,69 0,24 4,18
405,548 0,10 (1,59) 3.090,08 0,37 4,17
404,499 (0,26) (1,72) 3.097,50 0,24 4,11

407,049 0,63 (0,67) 3.124,76 0,88 4,36


411,843 1,18 0,24 3,146,63 0,70 4,77
415,734 0,94 1,94 3.168,97 0,71 5,30
418,917 0,77 2,88 3.192,10 0,73 5,49
423,885 1,19 4,18 3.205,83 0,43 5,31
427,489 0,85 5,17 3.202,30 (0,11) 4,76
428,150 0,15 5,79 3.200,06 (0,07) 4,44
431,445 0,77 6,99 3.197,82 (0,07) 4,29
436,423 1,15 7,77 3.215,09 0,54 4,68
440,829 1,01 8,81 3.244,67 0,92 5,39

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 123


Evolução de taxas de câmbio,
índices de inflação e juros
3. Taxas de juros

Período Taxa SELIC - Variação Taxa CDI - Variação


percentual ao mês acumulada - percentual ao acumulada -
percentual mês percentual
12 meses 12 meses
2007
Janeiro 1,08 14,68 1,08 14,64
Fevereiro 0,87 14,37 0,87 14,33
Março 1,05 13,95 1,05 13,92
Abril 0,94 13,79 0,94 13,76
Maio 1,03 13,51 1,02 13,47
Junho 0,91 13,21 0,90 13,15
Julho 0,97 12,98 0,97 12,93
Agosto 0,99 12,68 0,99 12,64
Setembro 0,80 12,39 0,80 12,36
Outubro 0,93 12,21 0,92 12,17
Novembro 0,84 12,01 0,84 11,97
Dezembro 0,84 11,85 0,84 11,81

2008
Janeiro 0,93 11,68 0,92 11,64
Fevereiro 0,80 11,60 0,80 11,56
Março 0,84 11,37 0,84 11,33
Abril 0,90 11,33 0,90 11,28
Maio 0,88 11,16 0,87 11,12
Junho 0,96 11,22 0,95 11,17
Julho 1,07 11,33 1,06 11,27
Agosto 1,02 11,36 1,01 11,30
Setembro 1,10 11,69 1,10 11,63
Outubro 1,18 11,97 1,17 11,90
Novembro 1,02 12,17 1,10 12,19
Dezembro 1,12 12,48 1,11 12,49

124 PwC
Período Taxa SELIC - Variação Taxa CDI - Variação
percentual ao mês acumulada - percentual ao acumulada -
percentual mês percentual
12 meses 12 meses
2009
Janeiro 1,05 12,61 1,04 12,63
Fevereiro 0,86 12,68 0,85 12,68
Março 0,97 12,83 0,97 12,83
Abril 0,84 12,76 0,84 12,76
Maio 0,77 12,64 0,77 12,65
Junho 0,76 12,41 0,75 12,42
Julho 0,79 12,10 0,78 12,11
Agosto 0,69 11,74 0,69 11,76
Setembro 0,69 11,28 0,69 11,31
Outubro 0,69 10,74 0,69 10,78
Novembro 0,66 10,35 0,66 10,29
Dezembro 0,73 9,92 0,72 9,87

2010
Janeiro 0,66 9,50 0,66 9,46
Fevereiro 0,59 9,21 0,59 9,17
Março 0,76 8,98 0,76 8,95
Abril 0,67 8,80 0,66 8,75
Maio 0,75 8,77 0,75 8,73
Junho 0,79 8,81 0,79 8,77
Julho 0,86 8,88 0,86 8,86
Agosto 0,89 9,10 0,89 9,08
Setembro 0,85 9,27 0,84 9,24
Outubro 0,81 9,40 0,81 9,37
Novembro
Dezembro

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 125


Prezado leitor,

Com a finalidade de aprimorar o conteúdo desta publicação para as próximas edições, gostaríamos
de saber qual sua opinião sobre o “Guia 2010/2011 de Demonstrações Financeiras e Sinopse
Legislativa”. Para tanto, solicitamos sua gentileza em responder o questionário abaixo e nos enviar
pelos Correios por meio desta Carta-Resposta.

Agradecemos sua colaboração!

1. Quais as seções de seu maior interesse?

Contexto macroeconômico
Contexto normativo
Contexto tributário
Sinopse Normativa Nacional
Sinopse Normativa Internacional
Sinopse Normativa Legislativa
Evolução das taxas de câmbio
Evolução dos índices de inflação
Evolução das taxas de juros
Suplemento ao Guia - Checklist de divulgação IFRS/CPC - 2010

2. O conteúdo da(s) seção(ões) de seu interesse é suficiente e adequado para atender suas
necessidades?

Sim Não
Serrilha

3. Se não, quais alterações você sugere?

___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________

4. As informações sobre as alterações normativas, tributárias e regulatórias


são suficientes?

Sim Não

5. Se não, quais as alterações você sugere?

___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________

6. Qual(is) o(s) tema(s) que você gostaria de ver publicado(s) nas próximas edições?

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

7. De forma geral, você considera esta publicação:

Excelente Ótima Boa Regular Ruim


Carta-resposta
não é necessário selar

AC Água Branca
05001-999 - São Paulo O selo será pago por PwC

Endereço:
Remetente:
O Guia 2010/2011: Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa é uma publicação anual editada pelos
sócios e colaboradores da PwC e dirigida aos nossos clientes e profissionais.

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PricewaterhouseCoopers Brasil, firma membro da PricewaterhouseCoopers International Limited, constituindo-se
cada firma membro da PricewaterhouseCoopers International Limited pessoa jurídica separada e independente.

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