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AO

MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

Aos cuidados do Dr. Luiz Henrique Acquaro Borsari

A Associação dos Usuários do Transporte Público de Uberlândia – AUTRAP,


fundada 14/01/2006, devidamente registratada no Cartório de Registro das Pessoas
Jurídicas sob o nº 7212, e no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas do Ministério da
Fazenda – CNPJ nº 07.804.046/0006-02, com sede provisória à Av. Ortizio Borges, nº
294, Casa 02, Bairro Santa Mônica, através de seu representante, vem à presença de
V. Sa., com o devido respeito à ordem jurídica, de acordo com a Constituição de 1988 e
protegido pelo Estado de Direito, apresentar a REPRESENTAÇÃO nos termos que
passa a expor:

Os usuários do transporte público de Uberlândia desde a criação do Sistema


Integrado de Transporte – SIT vêm sofrendo com a baixa qualidade do serviço prestado
pela Prefeitura de Uberlândia, através das empresas concessionárias.

A tarifa do transporte público de Uberlândia, que era R$ 0,70 em 1997, quando o


SIT passou a funcionar, já acumula mais de 320% de reajustes. De 1997 a 2010, o
IGP-M - Índice Geral de Preços, da Fundação Getúlio Vargas, é de 219%. O Índice de
Custo de Vida – IVC no período é de 131.04%. O Índice de Preços ao Consumidor
Ampliado – IPCA, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE,
neste mesmo período foi de 127%. Então, porque a tarifa do transporte coletivo de
Uberlândia subiu tanto? Este fato por si só indica a necessidade de uma auditoria no
histórico das planilhas que definem os reajustes da tarifa aos longos desses anos.

Mesmo com todos estes reajustes no valor da tarifa o transporte público de


Uberlândia continua a promover sofrimento, transtorno e insegurança à população que
precisa deste tipo de meio para sua mobilidade. Em períodos de normalidade é comum
enfrentarmos ônibus sempre lotados, linhas insuficiente para atender as necessidade
dos trabalhadores e diversas pessoas que precisam transitar entre os bairros da cidade.

Os reajustes seguidos oneram o custo de vida do cidadão, fazendo com que o


uberlandense tenha de dispor de mais recursos para o transporte, privando-o de outros
benefícios, e podendo provocar, inclusive, perda de empregos, uma vez que também
oneram mais o empregador

O transporte coletivo urbano é um Serviço Público delegado do Município ao


particular, sendo que este possui a obrigação de o prestar de forma eficiente e
adequada, cabendo ao Poder Público o dever de fiscalização e de intervenção para que
este serviço seja prestado com qualidade, conforme Lei Federal nº 8.987, de 13 de
fevereiro de 1995.

Já o inciso V do artigo 30 da atual Constituição da República Federativa do Brasil


assim o prevê: " Art. 30. Compete aos Municípios:

(...)

V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os


serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter
essencial"

Nas palavras do eminente professor Helly Lopes Meireles, "Serviço Público é


todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e
controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da
coletividade ou simples conveniência do Estado" (DIREITO ADMINISTRATIVO
BRASILEIRO, Ed. Malheiros, 2002, p. 320).

O transporte coletivo, dentro do conceito exato de Serviço Público, expendido


acima, pode ser definido com um serviço de utilidade pública, pois visa a facilitar a vida
da coletividade, colocando à disposição veículos para lhe proporcionar maior conforto,
velocidade e modicidade na locomoção. Em face disso, a natureza deste serviço é
direcionada apenas aos usuários que o remuneram por meio de tarifas. Embora a
remuneração principal do concessionário não provenha do Poder Executivo, é dele a
incumbência de fiscalizar e interceder para que este serviço de transporte seja prestado
de forma eficiente à coletividade.

Helly Lopes Meireles, em sua Obra "Direito Administrativo Brasileiro", traz,


sinteticamente, as obrigações da entidade concessionária para com a coletividade, as
quais devem ser objetos de controle pelo Poder Público: "Os requisitos do Serviço
público ou de utilidade pública são sintetizados, modernamente, em cinco princípios que
a Administração deve ter sempre presentes, para exigi-los de quem os preste: o
princípio da permanência impõe a continuidade no serviço; o da generalidade impõe
serviço igual para todos; o da eficiência exige a atualização do serviço; o da
modicidade exige tarifas razoáveis; e o da cortesia traduz-se em bom tratamento
para com o público. Faltando qualquer desses requisitos em um Serviço Público ou de
utilidade pública, é dever da Administração intervir para restabelecer seu regular
funcionamento ou retomar a sua prestação" - grifou-se (p. 321).

O que se verifica, atualmente em Uberlândia, é uma Administração Pública


displicente ao fiscalizar os concessionários e, ao mesmo tempo, acessível às suplicas
das empresas no que diz respeito ao ajuste das tarifas.
Assim, de um lado vê-se um concessionário preocupado apenas com o aumento
de seus lucros e de outro um Executivo Municipal negligente, que acaba não se
preocupando com os administrados, cedendo às pressões para o "restabelecimento do
equilíbrio econômico", freqüentemente postulado à luz de uma capitalismo selvagem, e
ignorando a modicidade da tarifa e a eficiência do serviço, que devem ser observados
na prestação do serviço delegado, como bem acentuado pelo professor Helly L.
Meireles.

Ora, como o próprio nome já diz, os concessionários de Serviços Públicos ou de


utilidade pública têm como fim precípuo servir o público, sendo, portanto, inadmissível
que os serviços sejam prestados de forma precária, visando apenas o lucro gerado pela
tarifa cobrada dos usuários.

Dessa forma, inconcebível, no transporte coletivo, estarem até os corredores dos


veículos lotados, fazendo com que, muitas vezes, trabalhadores se atrasem e coloquem
em risco os empregos que os sustentam por não conseguir sequer entrar no ônibus. É
de se exigir do Poder Público que use de suas prerrogativas típicas dos contratos
administrativos, como o é o de concessão, e fazer com que os concessionários prestem
um serviço de qualidade ou, então, revogar a delegação por interesse público, inclusive
encampando o serviço, se necessário.

Nesse sentido, Helly Lopes Meireles ensina que "é dever do concedente exigir
sua prestação em caráter geral, permanente, regular, eficiente e com tarifas
módicas", salientando que "no poder de fiscalização está implícito o de
intervenção para regular o serviço quando estiver sendo prestado
deficientemente aos usuários" (Direito Administrativo Brasileiro, 2002, p. 373).

A Lei acima citada dá, ainda, a possibilidade para os próprios cidadãos


exercerem este direito de fiscalização, pois "aquele a quem for negado o serviço
adequado (art. 7º, I) ou que sofrer-lhe a interrupção pode, judicialmente, exigir em seu
favor o cumprimento da obrigação do concessionário inadimplente, exercitando um
direito subjetivo próprio" (MELLO, Celso A. B., in CURSO DE DIRETO
ADMINISTRATIVO, Ed. Malheiros, 2000, p. 638). Porém, absurdamente, as autoridades
da Prefeitura de Uberlândia que cuidam do transporte coletivo não permitem sequer a
presença dos representantes da Associação dos Usuários do Transporte Público nos
Terminais de Passageiros do SIT.

Agora, as empresas concessionárias do transporte coletivo de Uberlândia


querem aumentar a passagem para R$ 2,76. O Prefeito Municipal, conforme
reportagem de TV anexa, acenou com um reajuste para R$ 2,40.

Nós, da Associação dos Usuários do Transporte Público somos denunciamos


como abusivo qualquer aumento na tarifa baseando no que concerne ao mérito da
modicidade prevista no art. 6º da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.
É importante lembrar que recentemente a Prefeitura Municipal concedeu, com
aprovação da Câmara Municipal, a redução de 2% na taxa de administração do
Sistema de Transporte Coletivo (CGO - Contribuição Geral de Operação) a título de
subsídio, sem que isto significasse qualquer benefício para a qualidade do serviço
prestado ou para a redução da tarifa. Todos sabem que é prática consistente como
resultados da política pública de desoneração a redução dos preços das tarifas.

Se as empresas já receberam o subsídio, porque ainda querem aumento? E por


que as empresas alegam um prejuízo de R$ 30 milhões, confirme declaram na
imprensa? Neste sentido solicitamos a auditoria nas contas das empresas
concessionárias, na arrecadação total do Sistema Integrado feita sob a
responsabilidade da Ubertrans, associação constituída para tal fim.

Noutro aspecto, Associação dos Usuários do Transporte Público –


AUTRAP exige o cumprimento da Lei Orgânica do Município que no seu art. 85, § 1º -
O Município assegurará transporte coletivo a todos os cidadãos. Ora, com o preço
altíssimo da tarifa cada vez mais parcelas maiores da população estarão proibidas de
utilizar o transporte coletivo por falta de condições de pagar.

Reivindicamos ainda o cumprimento do § 2º do mesmo artigo em tela, que diz: -


É obrigatória a manutenção de linhas noturnas de transporte coletivo em toda a área do
Município, racionalmente distribuídas pelo órgão ou entidade competente. É sabido que
o SIT paralisa suas atividades à meia-noite, impedindo ao usuário que precisa de um
hospital, ou que trabalhe até mais tarde, o acesso ao transporte coletivo.

Denunciamos o descumprimento do art. 87 da Lei Orgânica Municipal, que no §


3º determina: “É assegurado à entidade representativa da sociedade civil e à Câmara o
acesso aos dados informadores da planilha de custos, bem como a elementos da
metodologia de cálculo, parâmetros e coeficientes técnicos”. Até a presente data, a
Associação dos Usuários do Transporte Público de Uberlândia – AUTRAP não teve
acesso aos dados atuais da planilha para o aumento da tarifa admitido pela autoridade
municipal, o Sr. Odelmo Leão, através da imprensa. Não temos notícia que qualquer
outra entidade ou a Câmara Municipal de Uberlândia tenha tido acesso. Denunciamos
ainda o fato de que o site da Prefeitura de Uberlândia não dispor da planilha de custo
que reajustou a tarifa em 2,27% em 2010.

Como está claro: a Prefeitura Municipal descumpre a própria Lei Orgânica, as


leis sobre transparência, a Constituição Federal e a legislação pertinente ao transporte
público municipal. Todavia, conforme Art. 5º da CF, inciso XXXV - a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Portanto, acreditamos que o
Ministério Público possa requerer a volta do ordenamento jurídico à gestão do
transporte coletivo de Uberlândia.
Denunciamos ainda ao Ministério Público o desrespeito aos representantes da
Associação dos Usuários do Transportes Público que foram impedidos nos dias 13 e 14
de distribuir informativos no Terminal Central. Além de sermos excluídos da
participação na gestão da política pública de transporte municipal, somos açodados e
impedidos de informar aos usuários as atividades da associação e o que acontece com
a política tarifária pratica injustamente pela Prefeitura de Uberlândia. Esta conduta da
Prefeitura, através da SETTRAN, desrepeita o inciso XII do artigo 30 da Lei 9279/2006,
que diz que a esta Secretaria cabe: “estimular a formação de associações de usuários
para defesa de interesses relativos ao serviço”. Em vez de estimular, a Secretaria de
Trânsito e Transporte ameaça e impede o direito de acesso aos terminais do SIT.

Diante dos fatos, solicitamos ao Ministério Público ajuizar uma Medida Cautelar
para que o Município de Uberlândia se abstenha de expedir novo decreto aumentando
novamente o preço da tarifa de serviços de transportes coletivo urbano tendo como
base dados falsos e coeficientes absurdos, como os apresentados na planilha de 2009.

Em síntese, o prefeito municipal, ao permitir a majoração da tarifa de ônibus, está


acolhendo cálculos realizados em planilha elaborada pela Secretária Municipal de
Trânsito e Transporte da Prefeitura Municipal de Uberlândia, onde o trabalho técnico
vem utilizando dados imprecisos e coeficiente incorretos para definir o valor da tarifa,
desconsiderando as Instruções Práticas para Cálculo de Tarifas de Ônibus Urbanos do
Ministério dos Transportes - elaboradas pelo grupo de trabalho instituído pela Portaria
nº 644, de 09 de julho de 1993, adequadas para a atualização da metodologia de
cálculo tarifária orientadora dos municípios brasileiros -, bem como o Manual para
Cálculo de Tarifa de Ônibus preparado pelo referido Ministério. Além do mais, todos os
anos em que a tarifa é majorada escolhem-se justamente o período de férias para evitar
o debate e a mobilização das instituições sociais envolvidas na questão do transporte
coletivo.

Denunciamos a existência de superfaturamento na fixação da tarifa de ônibus


deste município, ressaltando que o usuário de ônibus de Uberlândia paga uma das
mais caras do país, sendo que o Município, através das empresas concessionárias,
não prestam aos usuários adequado serviço de transporte coletivo urbano, pois falece
modicidade no valor daquela tarifa, em ofensa ao disposto no artigo 175, parágrafo
único, inciso IV, da Carta Magna, no artigo 6º, § 1º, da Lei nº 8.987/95, e 22 da Lei nº
8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor).

Recentemente a população de Uberlândia sentiu-se ameaçada quanto os


representantes das empresas concessionárias frente à TV ameaçaram a Prefeitura
dizendo “Se a Prefeitura não reajustar a tarifa para R$, 2,76 ou completar o valor,
teremos que diminuir as linhas e número de ônibus em circulação”. Ora, esta
afirmação é uma afronta e um desrespeito ao Município, a quem o senhor prefeito
municipal deveria proteger, e aos usuários do transporte coletivo, ofendidos nos seus
direitos metaindividuais. Sem apresentar à imprensa dados concretos, através de
planilhas de cálculo, identificadas numericamente, através das quais poderia se apurar,
consideradas as prerrogativas contratuais e legais - municipal e federal - as empresas
alegaram que o valor da tarifa teria que ser elevada para R$ 2,76 para garantir o
equilíbrio econômico-financeiro visando “garantir” a adequada e contínua prestação do
serviço público de transporte coletivo urbano, alegando um prejuízo no valor de R$ 30
milhões.

Senhor promotor, cumpre ressaltar que a “choradeira” das empresas


concessionárias não se justifica, uma vez que o Município reduziu no ano de 2010 a
Contribuição Geral de Operação de 5% (cinco por cento)) para 3% (três por cento),
resultado num incentivo aproximado de R$ 24 milhões anuais por ano. O Valor
atualizado quem poderá informar será a Prefeitura de Uberlândia, que normalmente
faltado com a transparência.

Outro fato que reivindicamos investigação são aquelas propagandas que há nos
ônibus. Isso é ganho financeiro, que não desconta nada na planilha. Eles estão
prestando um serviço público, de transporte, eles deveriam ser remunerados com o
transporte, da tarifa paga. Então, no momento em que as empresas concessionárias
colocam uma propaganda no ônibus, autorizada ou não, o fato é que eles ganham com
isso. Quanto que é arrecadado? Este valor deveria ser contabilizado para a amortecer o
custo da tarifa na planilha.

Então, são fatos que indicam improbidade. Ato de improbidade que causa
prejuízo ao erário público e ao cidadão. Facilita-se o enriquecimento ilícito de outros, de
empresários, então há prejuízo ao erário, o que indica em ato de improbidade, como no
caso da redução da CGO sem nem benefício para o serviço do transporte público.

E o ato de improbidade atenta contra os princípios da administração pública.


Improbidade, segundo a Lei Federal nº 8.429, de 2 de junho de 1992, são atos que:
“viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições,
e notadamente: I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso
daquele previsto, na regra de competência; II – retardar ou deixar de praticar,
indevidamente, ato de ofício” o que indicamos no descumprimento dos itens das leis em
tela.

Portanto, em decorrência dos princípios constitucionais da legalidade,


impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência e probidade administrativa, os
contratos que envolvem responsabilidade do erário público necessitam, sob pena de
invalidade,ou seja, devem obedecê-la com rigorosa formalística como precedente
necessário a todos os contratos da administração, visando proporcionar-lhe sua licitude,
devendo, portanto, sua conduta pautar-se pelos imperativos constitucionais e legais,
bem como pela mais absoluta e cristalina transparência.
Reconhecemos que é a finalidade da tarifa é a manutenção do equilíbrio
financeiro do contrato do prestação do serviço de utilidade pública, que ser oferecido
com qualidade, pontualidade, segurança e conforto. Todavia, a planilha de Uberlândia
é elaborada sem o devido estudo técnico, conforme se exige na Lei Municipal nº 9.279,
de 26/09/2006, que no art. 30, incisivo V, diz a Secretaria de Trânsito e Transporte –
SETTRAN da PMU deverá “proceder resultados técnicos e econômico-financeiros,
objetivando reajustes e revisão das tarifas na Forma desta Lei, das normas pertinentes
e do contrato”.

Vários itens dos insumos que compõem a planilha de custo do transporte coletivo
de Uberlândia, conforme dados anteriores, são majorados artificialmente porque são
adquiridos por atacado, quando o comprador consegue menores preços, e lançados
valores do varejo, que são mais elevados. Em tela, é necessária a auditoria com a
verificação de todas as notas fiscais de aquisição de pneus, gasolina, peças e outros
insumos para identificar essa majoração e o qual é a diferença resultante no final dos
cálculos na planilha elaborada pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte –
SETTRAN.

Necessário se faz observar, outrossim, que enquanto a população sofre com a


superlotação nas linhas 131, 132, 121, 120 e 129 (só para citar algumas), verificamos
o excessivo número de veículos não operantes mantidos pelas concessionárias no
decorrer do dia estacionados em garagens, ou seja, carros parados na reserva para
quaisquer eventualidades do serviço - fator que também onera consideravelmente o
valor final da tarifa -, o qual deveria variar entre 5% e 15% do total de carros da
empresa, segundo consta no Manual editado no âmbito do Ministério dos Transportes
(fl.435).

Deveras, os fatos acima destacados estão a demonstrar que a tarifa de


transporte coletivo urbano cobrada em Uberlândia sofre questionável majoração em
virtude de incorreções e excessos ocorridos nos dados utilizados para o seu cálculo, em
descompasso com o Manual para Cálculo de Tarifa de Ônibus, produto de elaborado
trabalho técnico do Ministério dos Transportes, em cujo favor opera a presunção de
acerto e razoabilidade. É sintomático, portanto, que o valor dessa tarifa seja
sobremaneira elevado para os usuários do serviço, a maioria composta por
trabalhadores assalariados de baixa renda que dependem do transporte coletivo para
seguirem a sua rotina.

Nesse contexto, o Prefeito Municipal têm tornado o serviço em tela inadequado,


porquanto vem autorizando um valor de tarifa que muito se afasta da modicidade
exigida pelo § 1º do artigo 6º da Lei nº 8.987/95, estatuto que disciplina o regime de
concessão e permissão da prestação de serviços públicos. Prescreve o dispositivo: Art.
6º. Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao
pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas
pertinentes e no respectivo contrato.§ 1º. Serviço adequado é o que satisfaz as
condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade,
generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

Esse conjunto de requisitos ou princípios é, modernamente, sintetizado na


expressão serviço adequado, que a nossa Constituição adotou, com propriedade
técnica, ao estabelecê-lo como uma das diretrizes para a lei normativa das concessões
(art. 175, parágrafo único, IV), que o definiu no art. 6º (Lei nº 8.987/95).Desatendendo a
qualquer desses requisitos, o concessionário expõe-se às sanções regulamentares ou
contratuais da concessão, por execução inadequada do serviço. Em Uberlândia, o
serviço de transporte público é sinônimo de sufoco, irritação, atrasos, desorganização e
sofrimento. O número de fiscais para a fiscalização do serviço é insuficiente. Que o
Ministério Público convoque alguns fiscais e pergunte como é feito o serviço.

Portanto, tudo nos leva a crer que as práticas da SETTRAN são lesivas aos
usuários do transporte coletivo. Esta secretaria em sua gestão como órgão gerenciador
do Sistema Integrado de Transporte – SIT tem atuado sem transparência e democracia,
que além de tudo que foi relatado acima, vem à imprensa acenar com um novo
aumento da passagem de ônibus, constituindo-se em distorções e excessos que
devem ser tratados com o rigor da Legislação pertinente. Em vez de defender o
Município dos agravos atuais, o Prefeito Odelmo Leão, por sua vez, em entrevista pela
imprensa, indica um reajuste de acordo com a inflação do período também resultará
numa tarifa gravosa para os consumidores em torno de R$ 2,40. Ocorre que os
reajustes já superar a inflação há vários anos.

Destarte, aflora das ações do Secretário do Trânsito e Transporte, engenheiro


Paulo Sérgio Ferreira, e do Prefeito Municipal, Odelmo Leão Carneiro, uma fonte
generosa a plausibilidade jurídica de um pedido de medida liminar que deve ser
formulado por este Ministério Público visando proteger os direitos dos consumidores,
cidadãos, e usuários do transporte coletivo de Uberlândia.

De acordo com exposto, a Associação dos Usuários do Transporte Público de


Uberlândia – AUTRAP, vem requer ao Ministério Público Estadual que promove uma
ação civil contra a Prefeitura de Uberlândia e a UBERTRANS, uma associação criada
pelas empresas concessionárias de transporte urbano de Uberlândia, para gerir e
comercializar os créditos eletrônicos e centralizar arrecadação do Sistema de
Transporte Integrado da cidade, com as seguintes providências:

1) Determina que a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes –


SETTRAN antes de qualquer discussão sobre o aumento da tarifa do transporte coletivo
seja cumprido o estabelecido na Lei 9.279, de 26/09/2006, que no art. 30, incisivo V,
diz esta secretaria deverá “proceder resultados técnicos e econômico-financeiros,
objetivando reajustes e revisão das tarifas na Forma desta Lei, das normas pertinentes
e do contrato”.

Neste momento, dia 17/01/2011, está divulgado pela impressa escrita, televisada
e radiofônica, que as empresas concessionárias reivindicaram um aumento 22,6%, que
elevaria a tarifa do transporte coletivo para o valor de R$ 2,76.

Ora, nós representantes dos usuários nunca fomos informados ou ouvidos pela
Secretária de Trânsito e Transportes de Uberlândia na hora de discutir o reajuste
tarifário.

2) Que seja realizada uma auditoria contábil e financeira na Planilha de


Custos do calculo da tarifa e em toda a arrecadação feita pela Abertrans, mostrando o
número de passagens efetivamente pagas e dos passes estudantis mensalmente no
Sistema Integrado de Transporte.

Temos informações as empresas concessionários estão majorando


artificialmente os coeficientes de vida útil de vários itens da planilha de custos pneus,
peças e acessórios, que são adquiridos por atacado e lançados na planilha com preços
de varejo.

3) Que o Ministério Público peticione junto à Vara da Fazenda Pública de


Uberlândia uma medida cautelar requerendo a suspensão dos efeitos de qualquer
decreto que reajuste o valor da tarifa e do passe estudantil do transporte coletivo de
Uberlândia.

4)Que a Secretaria de Trânsito e Transporte - SETTRAN cumpra a legislação


pertinente, permitindo o acesso da ASSOCIAÇÃO DOS USUÁRIO DO TRANSPORTE
PÚBLICO livre acesso aos Terminais de Passageiros para distribuição de seus boletins
informativos, bem como para seu trabalho de filiação.

5)Solicitamos ainda que o prefeito Odelmo Leão e o Secretário de Trânsito e


Transportes, Paulo Sérgio Ferreira, respondam por contribuir para o enriquecimento
ilícito das três empresas que o compõem o Sistema Integrado de Transporte de
Uberlândia, tendo em vista que as concessionárias estão recebendo incentivo na
redução na Contribuição Geral de Operação – CGO, que passou de 5% para 3%,
representando aproximadamente cerca de R$ 24 milhões a mais no caixa das
empresas sem nenhum retorno para melhoria do serviço de transporte ou sequer
redução no preço final da tarifa para o usuário do transporte coletivo de Uberlândia.

6) Determinar a alteração na composição do Conselho Municipal de Transporte,


de modo a garantir a participação de uma representantes da Associação dos Usuários
do Transporte Público – AUTRAP, de uma representantes do Diretório Central dos
Estudantes da Universidade Federal de Uberlândia, de um representantes do
estudantes das universidades e faculdades particulares, e de um representantes dos
trabalhadores do transporte coletivo. Que este conselho seja composto com 60% de
representantes da sociedade civil e o poder público com 40%, além de garantir a
participação de representantes do Ministério Público. Isto se faz necessário para
garantir a legitimidade e representatividade para discussão da planilha de custo do
transporte, bem como de toda política pública do setor.

Segue anexo 1 DVD com vídeos sobre a situação precária do transporte público
e a reportagem com o Prefeito e os empresários falando sobre o aumento da tarifa.
Encaminho ainda reportagem do Jornal Correio de Uberlândia, onde empresas e
prefeituras tratam do aumento.

Nestes termos, aguardamos as providências legais.

Uberlândia-MG, 17 de janeiro de 2011.

FRANK BARROSO

Presidente da Associação dos Usuários do Transporte Público

de Uberlândia – AUTRAP

RG 899.593 – SSP/DF

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