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Novembro 2010
Conteúdo
Introdução....................................................................................................................................2
Conclusão...................................................................................................................................14
Bibliografia................................................................................................................................16
1
Introdução
A ética nos negócios deve ser entendida como um guia normativo da conduta das
empresas, definindo-se princípios e valores que são potenciadores da responsabili-
dade social. Ou seja, como a assunção de valores gera práticas e como as práticas
determinam resultados, os resultados a obter devem obedecer a uma matriz dada. É
essa matriz, que define as exigências de responsabilidade social das empresas.
1
Não poderá pactuar nunca com práticas não éticas, como sejam: assédio sexual, discriminação negativa, coacção psicológica,
hostilização das organizações de trabalhadores, etc.
2
Deve promover um equilíbrio entre os tempos de trabalho e de lazer; dever promover a segurança e a ergonomia nos locais de
trabalho; deve promover a formação e o treino contínuo dos seus trabalhadores.
2
social, reúne o trio económico-social-ambiental da sustentabilidade, não só da
organização mas do mundo global em que vivemos.
3
Da ética nas Organizações
Mesmo em termos simples, será difícil formular e justificar uma definição real da
Ética na sua versão propriamente filosófica, até porque, historicamente, foi na filo-
sofia que, originariamente, se constituiu a ciência do ethos, portanto, ainda é a única
forma adequada que nos permite pensar os fundamentos racionais dessa ciência.
A ética pode ser considerada como um conjunto de valores e regras sociais que, a
cada momento3, distinguem o que está certo do que está errado, ou seja fornece uma
grelha de análise que permite elucidar se um dado comportamento é socialmente
aceitável ou não. O ethos é, assim, inseparavelmente, social e individual, é uma
realidade sócio histórica, mas só existe concretamente, na prática dos indivíduos.
Distingue-se da moral, já que a grelha de confronto desta, para determinar o acei-
tável, pode relevar de um quadro filosófico, religioso e até eventualmente, mítico,
enquanto esta releva das práticas dominantes do quadro social, enformado este,
ainda que não na sua totalidade4, pelo quadro jurídico-legal em vigor.
3
Queremos dizer com isto que, as normas sociais, tem um carácter histórico, alterando-se o conceito de certo ou errado de acordo
com a evolução das sociedades.
4
Embora exista legislação que pretende evitar acções tidas como não éticas, é impossível a legislação prever todas as situações,
além de que se cairia na existência de um quadro de hiper-legislação.
4
Assim sendo, as organizações devem pautar-se por um quadro de auto-limitação
própria5, evitando promover condutas que, ainda que possam ser legalmente não
censuráveis, sejam erradas, de acordo com padrões éticos a que elas próprias deci-
dam auto-sujeitar-se6. Isto porque, existem variadas situações, em que os interesses
das organizações podem colidir com os interesses mais amplos da sociedade em que
se inserem, em que os interesses das organizações podem colidir com os interesses
pessoais dos seus membros, e tal pode conduzir à promoção de actuações menos
éticas com o objectivo de fazer prevalecer os objectivos das organizações sobre os
restantes. Estas situações surgem quando se pretendem atingir vantagens finan-
ceiras, normalmente de curto prazo, por quaisquer meios, quando se utilizam os
recursos das organizações em benefício próprio, ou quando não são executadas as
funções que supostamente deveriam ser executadas dentro de um dado quadro de
atribuição de competências funcionais. Há pois, muitas formas não éticas de agir nas
organizações, como, de resto, na vida em geral. Podemos fazer afirmações que não
são verdadeiras, sobreavaliar ou subestimar circunstâncias e situações, reter infor-
mações que deveriam ser partilhadas, sonegar impostos, burlar leis, distorcer factos,
contar meias verdades que redundam em mentiras dissimuladas com aparência de
verdade.
1) Regras de conduta nos locais de trabalho que enformem a acção de todos os co-
laboradores;
2) Regras de conduta que enformem o relacionamento com os clientes, os forne-
cedores e todos aqueles que contactem com a organização;
3) Regras de conduta que promovam a difusão de informação verdadeira no inte-
rior e para o exterior da organização, levando a que a transparência na actuação
da organização determine:
i) Os seus métodos de produção;
ii) Os seus processos de comunicação interna e externa;
iii) Os seus sistemas de organização interna;
5
Segundo Nash (2001, pg. 3) "apesar da actividade de ganhar dinheiro ter tido sempre uma aliança meio desconfortável com o
senso de moralidade nas pessoas", cabe aos gestores a missão de tornar as suas empresas éticas, e que ganhar sempre não é o melhor
caminho para o crescimento.
6
Os quadros mais comuns para as organizações são os que decorrem da Norma Portuguesa de Ética nas Organizações, NP 4460-1/2
bem como os códigos deontológicos e de ética criados pelas associações caminho para o crescimento e que obrigam os seus
membros a respeitarem normas de conduta ética.
5
iv) Os seus quadros de incentivos e de remuneração;
v) Os seus processos de controlo interno, seja do produto, seja dos recursos
humanos, não só a nível funcional mas comportamental.
Em suma, a ética nos negócios é uma forma de gestão e deve estar imbuída na
cultura e nos processos administrativos, tecnológicos e decisórios de uma organiza-
ção. O seu foco último é a organização. Sem se gerir a cultura organizacional, sem
se aperfeiçoarem os processos, sem se aplicarem os valores definidos e sem se
desenvolverem e motivarem as pessoas, a ética nos negócios será mero discurso,
desarticulado da prática quotidiana.
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Da Responsabilidade Social nas Organizações
Desde há várias décadas – pelo menos, desde a década de 50 do século XX, ainda
que seja possível recuar um pouco mais – que o tema da Responsabilidade Social
das Empresas tem vindo a animar os interesses dos investigadores e gestores; nos úl-
timos anos, tem-se verificado um interesse acrescido pela temática, tanto no meio
académico, como no meio empresarial. A maioria dos estudos tem sido desenvol-
vida no contexto das empresas do sector privado.
Não existindo uma uniformidade consensual sobre o tema, a literatura sobre Res-
ponsabilidade Social é vasta e diversa, chegando-se rapidamente à conclusão que
existem muitas teorias relacionadas com o tema e dentro destas, várias abordagens.
7
Na norma prNP 4469-1:2007 - intitulada Sistema de gestão da responsabilidade social: Parte 1: Requisitos e linhas de orientação
para a sua utilização – podemos ver referido que:
“A actividade das organizações cria impactes positivos e negativos no mundo ao nível económico, social e ambiental. (…)
No quadro da globalização uma organização passou a ter a possibilidade de existir sob a jurisdição de diferentes Leis em
diferentes Estados.(…)
Neste quadro, e na sequência dos objectivos do desenvolvimento sustentável, organizações de múltiplos países sentiram a
necessidade de definirem políticas de intervenção favoráveis ao que consideram ser o melhor interesse das suas comunidades
de suporte ou da comunidade internacional no seu conjunto. Na base dessas opções poderão estar preocupações éticas, de
diferenciação ou de inovação. O resultado foi o surgimento de múltiplas teorias e práticas sob a designação genérica de
responsabilidade social, entendida frequentemente como um instrumento de operacionalização do desenvolvimento sustentável
ao nível das práticas organizacionais.
Outro eixo de motivação, associado à responsabilidade social, é identificado com a redução de riscos, quer ao nível da
governação organizacional, quer nos riscos associados ao investimento financeiro. (…)”
7
para a sua continuidade e crescimento e até mesmo para a existência do negócio em
si mesmo.8
Mas, segundo alguns9, o pai da RSE, é Howard Bowen, que colocou a questão “Que
responsabilidades se espera que o homem de negócios assuma perante a sociedade?”
e para quem, tem o homem de negócios a responsabilidade social de prosseguir polí-
ticas, tomar decisões ou seguir linhas de acção que sejam desejáveis, no âmbito dos
objectivos e valores da sociedade? 10
i) Que a empresa produza bens e serviços e que os venda com lucro (compo-
nente económica);
ii) Que respeite a lei (componente legal);
iii) Que tenha comportamentos éticos e respeite as normas (componente ética);
8
(Garriga & Melé, 2004).
9
Ver Carroll (1999).
10
(Bowen, 1953).
11
Ver Davis ( 1960).
12
Sethi (1975).
13
Ver Davis (1973).
14
Ver Carroll (1979).
8
iv) Que, de forma voluntária, desempenhe papéis e que beneficie a sociedade
(componente discricionária ou filantrópica).
(i) o estudo de Cochran & Wood (1984) que visou verificar se existia alguma
relação entre a RSE e o desempenho financeiro;
(ii) o estudo de Aupperle, Carroll & Hatfield (1985) que foi o primeiro estudo a
desenvolver uma escala para o conceito de RSE de acordo com o modelo de
Carroll com quatro dimensões.
Também nesta década, Carroll (1991) reviu a sua definição de RSE de quatro di-
mensões: primeiro, ele passou a designar a componente discricionária por filan-
trópica e sugeriu que esta dimensão englobasse a cidadania corporativa; segundo,
propôs que as quatro componentes do modelo pudessem ser dispostas numa
pirâmide. Ele também deixou claro que apesar de existir uma configuração
piramidal, as empresas não devem olhar para as componentes de um modo sequen-
cial mas sim, considerá-las todas em simultâneo:
9
Figura 1: Pirâmide de Responsabilidade Social Empresarial
10
Níveis Caracterização
As empresas têm uma responsabilidade de natureza
Responsabilidade económica. Têm a responsabilidade de produzir bens e
Económica serviços que a sociedade deseja e vendê-los de forma
rentável.
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i) a configuração piramidal, sugerindo que as responsabilidades do topo são
mais importantes do que as de base, pode induzir em erro, uma vez que não é
esse o argumento subjacente ao modelo;
ii) a pirâmide não evidencia as sobreposições entre domínios;
iii) as acções filantrópicas podem, na maioria das vezes, ser enquadradas no âm-
bito das responsabilidades éticas e/ou económicas, pelo que os autores opta-
ram por remover este domínio, passando a estar integrado nos dois domínios
referidos.
Assim, o modelo de RSE com três domínios inclui os três tipos de responsabilidade:
económica, legal e ética. O modelo sugere que nenhum dos três domínios é mais
importante do que os restantes. De seguida explicita-se o significado destes
domínios de acordo com Schwartz & Carroll (2003):
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O domínio económico capta as actividades que têm um impacto económico positivo
na empresa, seja ele directo ou indirecto. Como exemplo tem-se as acções que vi-
sam o aumento das vendas (actividades directas), ou as acções que visam melhorar a
moral dos trabalhadores ou a imagem pública da empresa (actividades indirectas).
O domínio legal tem que ver com a receptividade da empresa às expectativas da so-
ciedade expressas na jurisdição estatal e local, ou através dos princípios legais pre-
sentes na lei.
Este domínio vem agora mais detalhado. Neste contexto, considera-se que a lega-
lidade pode ser vista no âmbito de três categorias: (1) cumprimento da lei (seja a-
través de um comportamento passivo, restritivo ou oportunista); (2) diminuição da
litigância civil; (3) antecipação das mudanças da lei.
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Conclusão
1) A temática que discutimos e expusemos surge e desenvolve-se no campo da
economia de mercado onde se inserem as organizações e tem tido como enfoque
essencial as empresas e os negócios que prosseguem.
2) O primeiro objectivo das empresas é a obtenção do lucro e a remuneração dos
seus accionistas, sob pena de se desmoronarem.
3) Mas, sendo a empresa um organismo multi-social que interage com os todos os
actores da sociedade, coloca-se a questão de saber:
a) se a prossecução do seu objectivo principal não deve subordinar-se, pontual-
mente ou não, a objectivos mais globais da sociedade em que se insere e dos
seus actores;
b) se os processos usados para a obtenção do lucro não devem ser regulados,
ou auto-regulados, de acordo com um padrão de acção que balize os limites
desses processos.
4) A resposta é positiva, e a ética nas organizações surge como o quadro delimi-
tador dos seus processos de actuação, tendo-se inclusive concluído que a assun-
ção de tais limites tem, no imediato ou a prazo, benefícios económicos para a
própria empresa, ou seja acaba por potenciar o seu objectivo principal de obten-
ção de lucros.
5) Mas, assumindo práticas éticas, as empresas acabam por estar a subordinar o seu
objectivo primário a constrições sociais mais amplas, as quais consubstanciam a
sua responsabilidade social.
6) Quando a responsabilidade social das empresas é discutida, discute-se, em certa
forma, quais são essas constrições sociais mais amplas que devem fazer as em-
presas subordinar, em dado momento, ou colocar entre parênteses o seu objecti-
vo primário, atendendo às exigências da comunidade e do seu interesse comum.
7) No nosso entender, a responsabilidade social das empresas é múltipla e estende-
se aos mais variados domínios da esfera social, pois a continuidade dos seus ne-
gócios e a manutenção dos seus lucros, só é conseguida contribuindo para evitar
a manifestação de fenómenos que potenciem a entropia social e/ou ambiental.
8) E isto, independentemente das imposições do quadro legal ou da acção de regu-
ladores estatais mais ou menos eficazes, devendo ir para além disso, e abranger
acções voluntárias que contribuam para o desenvolvimento da sociedade através
da educação, cultura e melhoria das condições de vida, por exemplo.
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9) Muitas empresas estão já conscientes desta realidade e daí avançarem para a
implementação de Normas de Responsabilidade Social nas suas organizações
mormente as multinacionais.
10) Mas a RSE deverá fazer parte da estratégia de qualquer empresa e de qualquer
sector de actividade, incluindo as pequenas e médias empresas.
11) Uma empresa socialmente responsável respeita os direitos dos seus traba-
lhadores, não recorre à exploração de mão-de-obra infantil, não exerce práticas
discriminatórias e no caso de recorrer a mão-de-obra localizada noutros países,
nomeadamente, de países em desenvolvimento, tem preocupação pelas condi-
ções de vida destes trabalhadores. O conceito Comércio Justo diz respeito preci-
samente a proporcionar aos produtores de países em desenvolvimento um rendi-
mento justo pelo seu trabalho e condições para o seu desenvolvimento.
12) Uma empresa socialmente responsável tem um papel importante no desen-
volvimento das comunidades locais e pode fazê-lo através de patrocínios,
doações, mecenato e voluntariado em áreas como a educação, cultura e desporto,
por exemplo. O número de actividades que se pode desenvolver é enorme e a ní-
vel nacional há exemplos de empresas a apoiar a construção de escolas e hospi-
tais, fornecimento de material para escolas, conservação de monumentos e edifí-
cios. Há casos de empresas em que os empregados participam voluntariamente
em acções de educação e apoio a pessoas idosas ou doentes, durante o horário
normal de trabalho.
“No novo milénio, onde o realinhamento de crenças e o valor da ética têm sido
rediscutidos como consequência natural da cidadania e do desenvolvimento da
consciência crítica, necessitamos de estar atentos às mudanças necessárias.
As fronteiras flexibilizam-se ou fecham-se, na medida em que as empresas
adoptam um ou outro modelo.
Cabe, portanto, ao corpo gestor das Organizações, incentivar e iniciar
mudanças.”
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Bibliografia
AS PERCEPÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL E O EMPENHAMENTO
ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO APLICADO A COOPERATIVAS EM
PORTUGAL
Jorge Faria
Doutor em Gestão de Empresas
Professor Coordenador
Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém – Instituto Politécnico de Santarém
Susana Leal
Doutoranda em Gestão de Empresas, Mestre em Estatística e Gestão de Informação
Equiparada a Professora Adjunta
Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém – Instituto Politécnico de Santarém
http://mingaonline.uach.cl/scielo.php?pid=S0718-64282007000100003&script=sci_arttext
http://www.inscoop.pt/Inscoop/comunicacao/5Coloquio/Comunicacoes/Economia_Social_e
_a_Responsabilidade_Social_das_Empresas/Terceiro_Sector_e_RS._Um_Novo_Paradigma
_de_Organizacao_Social_-_Pedro_Patraquim_,_J_Basilio_,_J_Ramalho_e_M
%C2%AA_J_Rebelo.pdfhttp://www.cadenasdevaloryppp.org/files/responsabilidadsocialem
presarial/responsabilidade.pdf
http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Jogo_da_etica_na_empresa.htm
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