OPINIÃO
Nuno Constantino*
Hotelaria no Brasil
A Bola da Vez?
Após vários anos em que o investimento ex-
terno no Brasil não sofreu grande variação nos
últimos meses (24) tem-se assistido a um cres-
cente interesse e à procura de informação so-
bre este mercado, com cerca de 190 milhões de
habitantes e em profundo crescimento econó-
mico, sendo já a 8ª maior economia do Mundo,
ultrapassando a Espanha.
Para podermos compreender melhor esta rea-
lidade, que muitos ainda desconhecem, deve-
mos referir que em 15 anos verificaram-se as
seguintes alterações:
1995 2010
Tx. Inflacção/ano 22% 5,5%
Tx. Juro (Selic) 47% 12%
..., a taxa de desemprego em todo o país é de
cerca de 7%, o investimento direto estrangei-
ro estimado para 2010 é de R$ 38 bilhões e o
PIB irá crescer 7% face a 2009. Uma realidade
bastante diferente daquela que investidores
enfrentam nas economias mais maduras, como
na Europa ou no EUA.
Existem ainda alguns fatores adicionais que
provocaram este “súbito” interesse no Brasil:
• Superávit primário;
• Taxa de câmbio flutuante;
• Reserva internacional recorde;
• Superávit da balança comercial;
• Melhor qualidade de vida (Classes C e D);
• Financiamento de longo prazo – edifícios
residenciais;
• Democracia consolidada;
• Possibilidade de se tornar exportador de
petróleo em 2016; e
• Visibilidade para a a próxima década decor-
rente da realização dos Jogos Olímpicos e
do Campeonato do Mundo de Futebol.
VIDAIMOBILIÁRIA NOVEMBRO 2010
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Quando observamos o Brasil podemos dividi-lo
em 5 realidades distintas, com diferentes atrac-
tivos mas todas elas com elevado potencial
para o desenvolvimento turístico, seja de lazer
ou de negócios.
De destacar ainda que a riqueza do Pais se
concentra no Sul e Sudeste, representando
o Estado de São Paulo mais de 35% do PIB
Brasileiro constituindo-se como a capital eco-
nómica da América do Sul.
Estes fatores levaram a que nos últimos 5 anos, 30
milhões de brasileiros tenham entrado no mer-
cado de consumo de viagens. Nos próximos 5
anos, irão ingressar mais 40 milhões, “quase uma
Espanha inteira”, prevê Valter Patriani, presidente
da CVC Turismo, maior operadora do Brasil.
No entanto, o turismo é ainda um setor embrio-
nário da economia brasileira representando
menos de 3% do PIB, afirmando o Ministro do
Turismo que a taxa de crescimento em 2010 será
record e que os grandes eventos que se aproxi-
mam (Olimpiadas e Copa do Mundo) irão atrair
ainda mais volume de negócios para o país.
A simples comparação de macro-indicadores
de Brasil, Argentina e México, seus mecrcados
de proximidade, permitem antecipar um forte
crescimento do setor turístico no Brasil
Se, e num prazo dilatado de 10 -15 anos, o Brasil
recuperar desta diferença (e assumindo que os
outros mercados nao se desenvolvem), podem
estimar-se mais de 15 milhões de turistas in-
ternacionais (comparando com a Argentina e
não com o México por causa da forte presença
Americana). Se a isto somarmos o turismo inter-
no, num mercado de 190 milhões de pessoas,
podemos compreender o potencial de cresci-
mento deste sector na economia Brasileira e nos
multiplos negócios associados, desde as agên-
cias, rent-a-car e à hotelaria.
Com esta visão do potencial crescimento, o es-
critório da CB Richard Ellis Brasil e a neoturis
de Portugal, uma empresa especializada em
consultoria hoteleira e de turismo também per-
tencente ao grupo CBRE, estabeleceram uma
parceria visando observar in loco as particula-
ridades do mercado, oferecer os melhores ser-
viços e identificar oportunidades para players
nacionais e internacionais.
A título de exemplo observemos a hotelaria
econômica.
Estima-se que existam hoje no Brasil cerca de
6.000 unidades hoteleiras das quais cerca de
80% sejam hotéis econômicos, ou, seja cerca de
4.800 unidades num segmento baixo do merca-
do; destas, cerca de 120 (cerca de 2%) são uni-
dades pertencentes a grupos econômicos de
dimensão ou geridas sob marca internacional/
nacional consolidada.
Considerando alguns mercados mais madu-
ros em que esta quota de mercado é de 5%
na Europa, 12% em França e mesmo 15% nos
Estados Unidos, sendo esse movimento de con-
solidação algo comum em todo o Mundo, tam-
bém no Brasil este processo irá acontecer.
Perfilam-se já players internacionais mas também
grupos Brasileiros (com produtos desenvolvidos
de raiz) interessados em maximizar o crescimen-
to económico e as oportunidades que existem
e são muitas, não só nas cidades principais mas
também em cidades de média dimensão que no
Brasil tem cerca de 1 milhão de habitantes.
Cabe aos investidores Nacionais e Internacionais
aproveitar este clima econômico e as oportuni-
dades de financiamento existentes por causa
da Copa do Mundo para desenvolver e consoli-
dar um setor hoteleiro, que tantas oportunida-
des apresenta.
*Nuno Constantino
neoturis/CB Richard Ellis
nconstantino@neoturis.com ou
nuno.constantino@cbre.com.br
Norte
Floresta Amazônica – Maior floresta tropical do mundo (20% da água doce do planeta)
1 — Zona Franca de Manaus (produção de eletrônicos, celulares, motos)
1
CENTRO OESTE
2 — Brasília – Capital do Brasil, Sede do Governo Federal
Economia – Pecuária; Pantanal, Protegido pela UNESCO

SUL
2 5
3 — Qualidade de Vida; Recursos Hídricos; Hidroelétrica de Itaipu

SUDESTE
4 — Cidades Ricas; Mercado Imobiliário Consolidado; Boa Infra-estrutura 4
3
NORDESTE
5 — Belezas Naturais; Potencial de Crescimento; Preços Atrativos de Terreno; Baixo Custo de Vida

15%

13%

57% 19% 62%

9%

16%

Sudeste  Sul São Paulo  Rio de Janeiro

Centro Oeste  Nordeste  Norte Minas Gerais  Espírito Santo

Brasil Argentina México

Área total (km2) 8.514.877 3x 2.780.400 1.958.201

População 191.480.630 (2009) 4,8x 39.745.613 (2008) 108.700.891 (2007)

PIB (crescimento 2010) 2.025 Triliões USD (5,5%) 3,7x 558 Biliões USD (3,5%) 1.482 Triliões USD (4,2%)

Chegada de turistas internacionais (2008) 5.050.099 1,09x 4.643.314 22.637.000

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