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Como podemos avaliar a validade do argumento acima? Observe que ele não utilizada nenhum
dos cinco operadores lógicos e, portanto, não conseguimos avaliar sua validade. Se quiséssemos
formalizá-lo, obteríamos: P, Q R
A Lógica Proposicional, estudada até o momento, não é capaz de representar o argumento
acima! Assim, para representar essa forma de argumento, utilizaremos a Lógica de Predicados.
Considere a sentença: "Nenhum homem é mortal". É o mesmo que dizer "Para todo x, se x é um
homem, então x não é mortal". Formalizando, temos:
"∀x (Hx $→ #¬Mx)
%
Porém, além do quantificador universal, precisamos também de um outro quantificador (o
quantificador existencial ∃ - lê-se "para pelo menos um" ou "existe um...tal que") que represente
frases do tipo "Alguns pais são irresponsáveis". Tal frase pode ser reescrita como "Para pelo
menos um x, x é um pai e x é um irresponsável". Formalizando, teremos:
%∃x (Px &∧ Ix)
Vejamos mais algumas frases:
Enunciado Formalização
%∃x (Px &∧ #¬Ix)
#¬%∃x (Px &∧ Ix)
Existe um x tal que x é pai e x não é irresponsável
Não é verdade que alguns pais são irresponsáveis
Existe uma menina que é bonita (existe um x tal que x é
%∃x (Mx &∧ Bx)
menina e x é bonita)
Para todo x, se x é mortal e x é um homem, então x está
"∀x ((Mx &∧ Hx) $→ (Ex &∧ Tx))
situado no espaço e no tempo
Enunciado Formalização
Maria é inteligente Im
Maria ama João Amj
João ama Maria Ajm
Maria ama a si mesma Amm
Maria deu um livro para João
% Dmlj
Alguém ama João
% ∃xAxj
Alguém ama a si mesmo
" # ∃xAxx
#¬%∃xAjx
João ama ninguém
% %∀x¬Ajx ou
Alguém ama alguém
% "
∃x∃yAxy
Existe um x tal que para todo y, x ama y
" % ∃x∀yAxy
Para todo x, existe um y tal que x ama y
Todos amam todos
" " ∀x∃yAxy
∀x∀yAxy
O vocabulário da lógica de predicados é formado por símbolos lógicos (cuja interpretação é fixa
em qualquer contexto) e símbolos não-lógicos (cuja interpretação varia de problema para
problema).
Símbolos Lógicos:
Operadores lógicos: ¬ , ∧ , ∨ , → , ↔
Quantificadores: ∀ , ∃
Parênteses: ( )
Símbolos Não-lógicos:
Letras nominais: letras minúsculas de 'a' a 't'
Variáveis: letras minúsculas de 'u' a 'z'
Letras predicativas: letras maiúsculas
Definimos uma fórmula como sendo uma seqüência qualquer, finita, de elementos do
vocabulário. Uma fórmula atômica é uma letra predicativa seguida por zero ou mais letras
nominais.
Uma fórmula bem formada (wff) no cálculo de predicados é definida pelas seguintes regras de
formação:
A regra 4 tem o objetivo de gerar fórmulas quantificadas a partir de uma fórmula dada, não
quantificada. Para exemplificar, observe a seguinte fórmula (não quantificada):
(Ma ∧ Hab)
Esta fórmula contém duas letra sentenciais ‘a’ e ‘b’. Ambas são o que a regra 4 chama de α.
Consideremos a letra ‘a’. A regra permite substitui-la por uma variável β, que não ocorre na
fórmula. Seja ‘x’ essa variável. Então, teremos as seguintes fórmulas resultantes da substituição
de uma ou mais ocorrências de α (que é ‘a’) por β (que é ‘x’):
∀x (Mx ∧ Hab)
∀x (Ma ∧ Hxb)
∀x (Mx ∧ Hxb)
∃x (Mx ∧ Hab)
∃x (Ma ∧ Hxb)
∃x (Mx ∧ Hxb)
([HUFtFLRV
2. Algumas das expressões a seguir são wffs, outras não. Para as que são wff, diga como foram
construídas a partir das regras de formação e, para as demais, justifique porque não são.
a) ∀xLxx
b) ∃x∀xLxx
c) ∃aFa
d) ∃xFa
e) ∀x∀y(Lxy ↔ Lyx)
f) (Laa)
g) ¬∀x¬Fx
h) (∃xFx → ∃xFx)
i) (P → ∃xFx)
j) Lab → Lba
a) Aristóteles é grego.
b) Platão é um grego feminista.
c) Se Platão é um feminista, então alguém é um grego feminista.
d) Nenhum grego é feminista.
e) Todos os feministas são filósofos.
f) Todos os gregos feministas são filósofos.
g) Aristóteles escreveu algo.
h) Aristóteles escreveu tudo.
i) Aristóteles escreveu nada.
j) Nietzsche ridicularizou todos que são feministas.
k) Nietzsche ridicularizou todos que eram mais espertos que ele.
l) Alguns filósofos ridicularizam a si mesmos.
m) Alguns filósofos ridicularizam tudo.
O cálculo de predicados usa as mesmas dez regras do cálculo proposicional e as mesmas regras
derivadas. Entretanto, quatro novas regras serão introduzidas: introdução e eliminação para cada
um dos quantificadores.
Vejamos, antes de introduzir as novas regras, um exemplo de demonstração que utiliza apenas
as dez regras já conhecidas.
1. ¬Fa ∨ ∃xFx P
2. ∃xFx → P P
3. Fa H (PC)
4. ¬¬Fa 3, DN
5. ∃xFx 1, 4 SD
6. P 2, 5 MP
7. Fa → P 3-4 PC
Veja como as regras já conhecidas são tratadas da mesma forma que no cálculo proposicional. A
seguir, são introduzidas as novas regras.
Eliminação universal (EU): de uma wff quantificada universalmente, ∀βφ, podemos inferir
uma wff, da forma φα/β, a qual resulta da substituição de cada
ocorrência da variável β em φ por uma letra nominal α.
1. ∀x (Hx → Mx) P
2. Hs P
3. Hs → Ms 1, EU
4. Ms 2, 3 MP
Exemplos:
A ?
Prove: ∀x (Fx → Gx), ∀xFx
A @DC+E
1. ∀x (Fx → Gx) P
2. ∀xFx P
3. Fa → Ga 1, EU
4. Fa 2, EU
5. Ga 3, 4 MP
1. ∀x∀yFxy P
2. ∀yFay 1, EU
3. Faa 2, EU
Introdução universal (IU): para uma wff φ contendo uma letra nominal α que não ocorre em
qualquer uma das premissas ou em qualquer hipótese vigente na
linha em que φ ocorre, podemos inferir uma wff da forma ∀βφβ/α,
onde φβ/α é o resultado de se substituir todas as ocorrências de α
em φ por uma variável β que não ocorra em φ.
1. ∀x (Px → Ax) P
2. ∀x (Ax → Vx) P
3. Pa → Aa 1, EU
4. Aa → Va 2, EU
5. Pa → Va 3, 4 SH
6. ∀x (Px → Vx) 5, IU
Atente para as seguintes restrições, que são cruciais para que a regra seja utilizada corretamente:
a) A letra nominal α não pode ocorrer em qualquer premissa, ou seja, da suposição de que
Sócrates é peixe não podemos inferir que qualquer coisa é peixe.
b) A letra nominal α não deve ocorrer em qualquer hipótese vigente numa linha em que φ
ocorre.
c) φβ/α é o resultado de substituir todas as ocorrências de α em φ por uma variável β.
Diferentemente de IU, IE não coloca restrições em ocorrências prévias da letra nominal α. Com
relação a variável β, ela não precisa substituir todas as ocorrências de α em φ. Portanto, ambas
as demonstrações abaixo são corretas:
1. Fa ∧ Ga P 1. Fa ∧ Ga P
2. ∃x(Fx ∧ Ga) 1, IE 2. ∃x(Fx ∧ Gx) 1, IE
T S
Prove: ¬∃xFx R P∀x¬T Fx
1. ¬∃xFx P
2. Fa H (RAA)
3. ∃xFx 2, IE
4. ∃xFx ∧ ¬∃xFx 1, 3 ∧I
5. ¬Fa 2-4 RAA
6. ∀x¬Fx 5, IU
T S U T
Prove: ¬∃x(Fx ∧ ¬Gx) R P∀x(Fx V→ Gx)
1. ¬∃x(Fx ∧ ¬Gx) P
2. Fa H (PC)
3. ¬Ga H (RAA)
4. Fa ∧ ¬Ga 2, 3 ∧I
5. ∃x(Fx ∧ ¬Gx) 4, IE
6. ∃x(Fx ∧ ¬Gx) ∧ ¬∃x(Fx ∧ ¬Gx) 1, 5 ∧I
7. ¬¬Ga 3-6 RAA
8. Ga 7, ¬E
Lógica de Predicados - Profa. Márcia Rodrigues Notare 8
9. Fa → Ga 2-8 PC
10. ∀x(Fx → Gx) 9, IU
Eliminação Existencial (EE): dada uma wff quantificada existencialmente ∃βφ e uma
derivação de alguma conclusão ψ de uma hipótese da forma
φα/β (o resultado de se substituir cada ocorrência da variável β
em φ por uma letra nominal α que não ocorre em φ), podemos
descartar φα/β e rearfirmar ψ.
Restrição: a letra nominal α não pode ocorrer em ψ, nem em qualquer premissa, nem em
qualquer hipótese vigente na linha em que EE é aplicada.
Observe que, da mesma forma que RAA e PC, a regra EE também é hipotética. Vejamos os
exemplos:
W X
Prove: ∀x(Fx → Gx), ∃xFx
Y Z Y∃xGx
1. ∀x(Fx → Gx) P
2. ∃xFx P
3. Fa H (EE)
4. Fa → Ga 1, EU
5. Ga 3, 4 MP
6. ∃xGx 5, IE
7. ∃xGx 2, 3-6 EE
Y [
Prove: ∃x(Fx ∨ Gx) Z Y∃xFx [∨ Y∃xGx
1. ∃x(Fx ∨ Gx) P
2. Fa ∨ Ga H (EE)
3. Fa H (PA)
4. ∃xFx 3, IE
5. ∃xFx ∨ ∃xGx 4, ∨I
6. Fa → (∃xFx ∨ ∃xGx) 3-5 PC
7. Ga H (PC)
8. ∃xGx 7, IE
9. ∃xFx ∨ ∃xGx 8, ∨I
10. Ga → (∃xFx ∨ ∃xGx) 7-9 PC
11. ∃xFx ∨ ∃xGx 2, 6, 10 ∨E
12. ∃xFx ∨ ∃xGx 1, 2-11 EE
Y [ Y
Prove: ∃xFx ∨ ∃xGx Z Y∃x(Fx [∨ Gx)
1. ∃xFx ∨ ∃xGx P
2. ∃xFx H (PC)
3. Fa H (EE)
4. Fa ∨ Ga 3, ∨I
5. ∃x(Fx ∨ Gx) 4, IE
6. ∃x(Fx ∨ Gx) 2, 3-5 EE
7. ∃xFx → ∃x(Fx ∨ Gx) 2-6 PC
8. ∃xGx H (PC)
9. Ga H (EE)
10. Fa ∨ Ga 9, ∨I
11. ∃x(Fx ∨ Gx) 10, I
Lógica de Predicados - Profa. Márcia Rodrigues Notare 9
12. ∃x(Fx ∨ Gx) 8, 9-11 EE
13. ∃xGx → ∃x(Fx ∨ Gx) 8-12 PC
14. ∃x(Fx ∨ Gx) 1, 7, 13 ∨E
\ ]
Prove: ∃x∀yLxy ^ ]∀x∃\ yLyx
1. ∃x∀yLxy P
2. ∀yLay H (EE)
3. Lab 2, EU
4. ∃yLyb 3, IE
5. ∀x∃yLyx 4, IU
6. ∀x∃yLyx 1, 2-5 EE
] _ \ \
Prove: ∀x(Fx → ∃yLxy), ∃x(Fx ∧ Gx)` ^ \∃x∃\ y(Gx `∧ Lxy)
1. ∀x(Fx → ∃yLxy) P
2. ∃x(Fx ∧ Gx) P
3. Fa ∧ Ga H (EE)
4. Fa → ∃yLay 1, EU
5. Fa 3, ∧E
6. ∃yLay 4, 5 MP
7. Lab H (EE)
8. Ga 3, ∧E
9. Ga ∧ Lab 7, 8 ∧I
10. ∃y(Ga ∧ Lay) 9, IE
11. ∃x∃y(Gx ∧ Lxy) 10, IE
12. ∃x∃y(Gx ∧ Lxy) 6, 7-11 EE
13. ∃x∃y(Gx ∧ Lxy) 2, 3-12 EE
] _ a
Prove: ∀x(Fx → ¬Gx) ^ a¬\∃x(Fx `∧ Gx)
1. ∀x(Fx → ¬Gx) P
2. ∃x(Fx ∧ Gx) H (RAA)
3. Fa ∧ Ga H (EE)
4. Fa → ¬Ga 1, EU
5. Fa 3, ∧E
6. ¬Ga 4,5 MP
7. Ga 3, ∧E
8. P ∧ ¬P 6,7 CONTRAD
9. P ∧ ¬P 2, 3-8 EE
10 ¬∃x(Fx ∧ Gx) 2-9 RAA
2. Algumas das expressões a seguir são wffs, outras não. Para as que são wff, diga como
foram construídas a partir das regras de formação e, para as demais, justifique
porque não são.
a) ∀xLxx
É uma wff: Laa (regra 1) ⇒ ∀xLxx (regras 4).
b) ∃x∀xLxx
Não é uma wff, pois possui dois quantificadores com a mesma variável x.
c) ∃aFa
Não é uma wff, pois não podemos quantificar letra nominal.
d) ∃xFa
Não é uma wff, pois a variável x está quantificada e não ocorre na fórmula.
e) ∀x∀y(Lxy ↔ Lyx)
É uma wff: Lab ↔ Lba (regra 3) ⇒ ∀y(Lay ↔ Lya) (regra 4) ⇒ ∀x∀y(Lxy ↔ Lyx) (regra 4).
f) (Laa)
Não é uma wff, pois possui parênteses desnecessários.
g) ¬∀x¬Fx
É uma wff: Fa (regra 1) ⇒ ¬Fa (regra 2) ⇒ ∀x¬Fx (regra 4) ⇒ ¬∀x¬Fx (regra 2).
h) (∃xFx → ∃xFx)
É uma wff: Fa e Fb (regra 1) ⇒ ∃xFx e ∃xFx (regra 4) ⇒ (∃xFx → ∃xFx) (regra 3).
1
i) (P → ∃xFx)
É uma wff: P e Fa (regra 1) ⇒ ∃xFx (regra 4) ⇒ (P → ∃xFx) (regra 3).
j) Lab → Lba
É uma wff: Lab e Lba (regra 1) ⇒ Lab → Lba (regra 3).
a) Aristóteles é grego.
Ga
b) Platão é um grego feminista.
Gp ∧ Fp
c) Se Platão é um feminista, então alguém é um grego feminista.
Fp → ∃x(Gx ∧ Fx)
d) Nenhum grego é feminista.
∀x(Gx → ¬Fx)
e) Todos os feministas são filósofos.
∀x(Fx → Px)
f) Todos os gregos feministas são filósofos.
∀x((Gx ∧ Fx) → Px)
g) Aristóteles escreveu algo.
∃xWax
h) Aristóteles escreveu tudo.
∀xWax
i) Aristóteles escreveu nada.
¬∃xWax ou ∀x¬Wax
j) Nietzsche ridicularizou todos que são feministas.
∀x(Fx → Rnx)
k) Nietzsche ridicularizou todos que eram mais espertos que ele.
∀x(Exn → Rnx)
l) Alguns filósofos ridicularizam a si mesmos.
∃x(Px ∧ Rxx)
m) Alguns filósofos ridicularizam tudo.
∃x∀yRxy