Professional Documents
Culture Documents
RESUMO:
Palavras Chave
INTRODUÇÃO
É normal que alunos que frequentam a escolaridade básica obrigatória tenham maior
acompanhamento familiar e escolar. As escolas de Ensino Básico (2º ciclo) promovem
diversas actividades extra escolares, de acordo, ou não, com a programação. Nesta
programação é vulgar encontrar actividades que se destinem a sensibilizar os jovens
para o problema do SIDA. Também as ONG têm tido um papel interventivo, sendo
chamadas às escolas para esclarecer e informar sobre o tema, o que leva a supor que
os alunos que frequentam o 9º ano tenham a percepção de estar mais informados. No
ensino Secundário (3º ciclo), este tipo de programas é mais da responsabilidade dos
alunos que frequentam a área de saúde havendo menos actividades que se
relacionem com a sexualidade. Em nosso entender, os jovens de 14 aos 16 anos vão
perdendo informação com o aumento da idade e na razão directa com o aumento dos
comportamentos sexuais. Pelas suas características de desenvolvimento psicosocial,
estes (10º e 11º anos) têm a percepção de que estão mais informados, em
comparação com os alunos que frequentam o 9º ano.
É sabido que a informação é necessária, mas ela só por si é insuficiente para se poder
deduzir que provoca mudanças de atitudes e de hábitos. Há um conjunto de crenças
em relação á doença que podem constituir um obstáculo á prevenção. Por exemplo,
para quem tenha a percepção de que o SIDA é uma doença só de toxicodependentes
e homossexuais (Le Poire, 1994; Herek y Glunt, 1988), descurará toda a informação e
abrandará os cuidados preventivos, por se considerar fora desses grupos e imune á
doença (Páez et al. 1991; DiClemente, 1990). Quem possua ainda uma atitude
negativa para com os infectados pelo vírus, tenderá a desvalorizar a informação e a
valorizar conceitos incorrectos (Bauman e Siegel, 1987; Pierret, 1990; DiClement,
1990).
Em suma: será que os adolescentes, têm medo da doença? Têm a percepção de que
a SIDA é um doença de todos? Têm atitudes discriminatórias para com os infectados?
Temem a doença ao ponto de não aceitarem uma bebida, evitar tomar banho numa
piscina, evitar sanitários públicos? Considerar-se-ão imunes á infecção? Têm a
percepção da necessidade de informação? Importa ainda diagnosticar o grau de
motivação para temas relacionados com a SIDA, e a sua opinião sobre o que são e o
que devem ser os programas de prevenção de SIDA.
Em Portugal, é também na adolescência que se pode contrair a doença, revelando-se
esta aos 26, 27 anos de idade. E as variáveis que podem influir negativamente no uso
dos contraceptivos são diversas
A maioria dos jovens inicia as primeiras relações sexuais sem planificar (Lowenstein y
Furstenberg, 1991), muitas vezes envolvida em elevada dose de romantismo (estar
apaixonado). Têm a percepção de que não estão em risco (sentimento de
invulnerabilidade), que a sua parceira(o) é de confiança, pois pertence ao grupo de
amigos. Confiam na sua capacidade para reconhecer uma pessoa infectadada (por
observação), que associam a grupos marginais (toxicodependentes ou
homossexuais). Estas são algumas das muitas razões que parecem justificar o
elevado número de jovens que têm relações desprotegidas (McLean et al., 1994).
Também a prática contraceptiva tem sofrido alterações e está em função da idade.
Enquanto que nos anos 80 os jovens dos 15 aos 19 anos de idade usavam os
contraceptivos orais, seguido do preservativo, na década de 90 o método mais usado
pelos jovens dos 15 aos 17 anos foi o preservativo, enquanto que a pílula é a escolha
mais frequente para os jovens dos 18 aos 19 anos de idade (Brown & Eisenberg,
1995). Os jovens entendem que o preservativo tem custos: limita o prazer, tira o
romantismo á relação; quando se ama não são precisos; são incómodos; cria dúvidas
á outra pessoa acerca do seu estado de saúde; são caros, não são acessíveis; têm
vergonha de os comprar; etc. Reconhecem que têm também benefícios como: dão
segurança a uma relação; são higiénicos; não têm contra indicações; previnem das
doenças sexualmente transmissíveis; são fáceis de obter; etc. O preservativo será
uma metodologia preventiva a seguir pelo indivíduo, se os benefícios forem
superiores aos custos, se teme uma gravidez ou se tem uma relação esporádica. O
uso do preservativo diminui com a idade, o que associado ao uso excessivo de álcool
e a substâncias psicoactivas, constitui factores de risco acrescidos (Robertson & Plant,
1988; Stall, Mckusick, Wiley, Coates, & Ostrow, 1986).
Procuram-se ainda respostas para o seguinte: Que relação haverá entre as crenças e
atitudes em relação á SIDA e infectados, com os conhecimentos que possuem, a
informação percebida e as precauções para evitar a infecção do vírus? Qual a relação
entre as atitudes e crenças sobre SIDA e infectados e o grau de interesse para temas
relacionados com a SIDA; opinião sobre a doença; fontes de informação; programas
de prevenção; preferências por fontes e crenças sobre o uso do preservativo?
MÉTODO
A amostra.
questionários
1. Guarda 102 Norte Braga 206 9
2. Viseu 82 Porto
3. Coimbra 149 Vila Real
4. Aveiro 89 Viana Castelo
5. Porto 108 Centro Guarda 446 14
6. Lisboa 93 Viseu
7. Évora 90 Coimbra
8. Beja 25 Aveiro
9. Leiria 24 Leiria
10. Braga 40 Sul Lisboa 348 9
11. Faro 53 Évora
12. Setúbal 42 Beja
13. Portalegre 45 Faro
14 Viana do Castelo 38 Setúbal
15. Vila Real 20 Portalegre
Total: 1000 15 1000 32
2. Instrumento de avaliação
· Variáveis do questionário
SOCIOLÓGICOS - Sexo
- Nível de escolaridade
- Correctas.
- Incorrectas
Conhecimentos sobre SIDA
- medir os
conhecimentos dos sujeitos
CONHECIMENTOS - conhecimentos sobre VIH/SIDA
Tabela 3: Análise factorial dos componentes principais. Factores atitudinais para com
a SIDA e os infectados e as variáveis a explicar.
- Grau de interesse
Factor 3 3. Acreditam estar informados
e têm a percepção de que não - Opiniões sobre a doença
precisam de mudar a sua conduta
sexual - Fontes de informação
RESULTADOS
Os sujeitos inquiridos, são 46.3% do sexo masculino e 52.9% do sexo feminino. Têm
14 (19.6%) 15 (37.8%) e 16 anos (42.6%) de idade. A maioria afirma ainda não ter
iniciado relações sexuais coitais e os que já tiveram relações sexuais coitais (com uma
ou mais pessoas) são preferencialmente do sexo masculino e com 16 anos de idade;
Os jovens (22.6%) afirmam que, ao longo da vida, nunca tiveram quaisquer
experiências sexuais; apenas trocaram beijos e carícias (40.8%); já tiveram
intimidades sexuais, próximas ao coito (16.4%); experiências sexuais coitais (com uma
ou mais pessoas) 20.1%. Actualmente, 63.3% não têm relações sexuais e 12.3% têm
relações sexuais coitais. Em breve, 39.0% pensam ter relações sexuais. Os homens
são os que já tiveram mais experiências sexuais, embora a maioria ainda não tenha
tido actividades sexuais que possam constituir comportamentos de risco. Mas, pensam
que ocorra em breve.
2. Os sujeitos que acreditam nas suas capacidades para evitar a infecção; estão
conscientes dos comportamentos que podem conduzir á infecção, tolerantes e
compreensivos para com os infectados. São pessoas informadas, têm a percepção
subjectiva de que possuem informação, mas desejam aprender mais sobre tudo que
se relacione com a doença. Têm precauções correctas mas também incorrectas.
Segundo o Modelo de Acção Racional (ou de intenção de conduta de Fishbein y
Ajzen,1973)as condutas estão relacionadas com as atitudes. Deste modo, estão
também sujeitos a uma possível infecção, na medida em que assumem ter precauções
incorrectas, para evitar a infecção.
Em relação á doença acreditam (ambos os sexos) que a SIDA é uma doença que
afecta todos e que deve ser resolvido só por médicos. Os homens distinguem - se das
mulheres pelo cepticismo em relação á existência da doença (têm a crença de que é
uma doença que não existe, que é uma moda e que foi inventada só para evitar
condutas reprovadas socialmente). Pensamos que muitos jovens não acreditam na
existência da doença, por não conhecerem (86.9%) realmente pessoas infectadas.
De uma maneira geral os sujeitos acreditam que os preservativos têm mais benefícios
(m = 4.52) do que custos (m = 3.53) e demonstraram ter mais intenções de
precauções correctas do que incorrectas. É um facto que a intenção de conduta é uma
possibilidade, mas não uma certeza da concretização do comportamento. Quando se
procuram relacionar as crenças sobre a doença e as crenças sobre a utilização do
preservativo (correlações significativas) as conclusões são surpreendentes.
1. Os jovens que têm medo da doença, e têm atitudes de discriminação para com os
doentes de SIDA e infectados são de opinião de que os preservativos não têm
benefícios (correlação significativa negativa), mas têm custos (correlação significativa
positiva). Se acreditam que os preservativos têm custos a intenção de conduta deverá
estar de acordo atendendo a que há uma relação significativa com as precauções
incorrectas.
3.Os sujeitos que têm a percepção subjectiva de estarem informados e de que não
precisam de mudar os seus comportamentos sexuais só com o medo da SIDA são de
opinião de que os preservativos têm benefícios e têm custos e intenções preventivas
imprudentes (precauções incorrectas).
CONCLUSÕES FINAIS
Apesar dos sujeitos afirmarem ter mais precauções correctas para evitar uma infecção
há no entanto alguns erros assinaláveis a merecer atenção.
Para os que desejarem iniciar ou já iniciaram uma relação sexual coital devem
ser -lhes fornecidas, para além das competências cognitivas, as competências sociais
e comportamentais, ou seja, um conjunto de recursos que lhes permitam afrontar as
situações, que possam implicar risco, fomentando uma atitude positiva para com uma
prática sexual de prazer, mas segura, mediante a utilização correcta do preservativo.
Este deve ser anunciado como uma das metodologias preventivas mais seguras
(informação); como se utilizam (competências); como resistir á pressão dos que não
desejem usá - lo (habilidades sociais).
Qualquer programa destinado a este tipo de jovens deve: a) motivar para mudar
comportamentos; b) informar de modo a aclarar as crenças e atitudes que possuem
em relação á doença e aos doentes de SIDA; c) envolvê -los de modo a que
acreditem que são susceptíveis de contrair a doença, e as consequências para si
próprio caso se infectem; d)que percebam os benefícios de um comportamento
preventivo, antecipando as barreiras ou custos; e) devem promover a auto eficácia
(habilidades necessárias para dar forma ao comportamento segundo uma variedade
de circunstâncias).
A Teoria de Acção Racional defende que as condutas dependem das crenças dos
sujeitos. Se os sujeitos possuem a crença de que os heterossexuais não se identificam
com os grupos de risco, que se conhecem as pessoas infectadas pelo aspecto, as
suas condutas estarão de acordo com as crenças e por conseguinte em risco de
infectarem -se visto que não haverá intenção de conduta preventiva. A dificuldade para
perceber o risco é um factor que determina uma falsa percepção sobre a
vulnerabilidade ou invulnerabilidade de eles próprios, face ao vírus. Estes e outros
factores relacionados com as crenças erradas, em que se associa a doença com
alguns grupos específicos, geram nos adolescentes uma falsa segurança de si
mesmos ao concluírem que a doença a eles nunca os afectará por não se
identificarem com esses grupos. Não se consideram individualmente responsáveis
pela propagação da doença; sentem -se protegidos (invulnerabilidade); pensam que
só por muito azar se infectariam pelo vírus (optimismo realista) e tendem a crer que só
acontece aos outros (falsa unicidade).
BIBLIOGRAFIA
BAUMAN, L. J. Y SIEGEL, K. (1987). Misperception among gay men of the risk for
AIDS associated with their sexual behavior. Journal of Applied Social Psychology, 17,
329 - 350.
BOCHOU, M. , CHIAROTTI, F.,DAVIES, P., et al. (1994). Sexual behaviour of gay and
bisexual men in eight European countries. AIDS Care, 6, 533 - 549.
IGARTUA, LIFEN CHEN, ORQUIDEA LOPES, M. ( Nov- Dec 2003) To Think or Not
to ThinkTwo Pathways Towards Persuasion by Short Films on Aids Prevention, Public
Health Communication, V. 8(6).
MANN, J. M. (1993). We are all Berliners. Notes from the ninth international
conference on AIDS. American Journal of Public Health, 83, 1378 - 1379.
MCLEAN, J., BOULTON, M. et al, (1994). Regular partners and risk behaviour: why do
gay men have unprotected intercourse? AIDS Care, 6 (3), 331 - 341.
ROBERTSON, J. A. & PLANT, M. A. (1988). Alcohol, Sex and risks of HIV infection.
Drug and Alcohol Dependence, 22, 75 – 78.