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Caderno Didático n0 1:
Introdução à Economia
(Versão não-revisada)
Santa Maria
2009
2
SUMÁRIO
Introdução 04
Capítulo 1 – Conceitos Básicos
1. O conceito de economia 05
2. De que se ocupa a economia 05
3. A quantificação da realidade econômica 06
4. Breve contexto histórico do conceito economia 08
5. As escolhas na economia 10
6. Os argumentos da economia 11
7. Método de investigação da ciência econômica 13
8. Evolução do pensamento econômico 14
9. Interação entre os agentes econômicos e as questões-chave da economia 15
Sistema Financeiro 22
1. Moeda
2. Evolução das formas de moeda 23
3. Ativos financeiros 24
4. Oferta e demanda de moeda 24
5. Medida da Oferta de Moeda 25
6. Base monetária 25
7. Estrutura e organização do SFN (brasil) 26
8. Diferentes mercados 27
Oferta de Moeda
1. Formas de financiamento 29
2. Criação e destruição de moeda 29
3. Multiplicador bancário 30
4. Política monetária 31
5. Moeda e inflação
5.1 Velocidade-circulação da moeda
5.2 Teoria Quantitativa da Moeda (TQM)
5.3 Política monetária e inflação
Capítulo 3 – Inflação
1. Situações possíveis de variação dos preços 36
2. Teorias da inflação 37
3. Inflação e Números-Indices 38
4. Indicadores de inflação no Brasil e no RS 39
5. Inflação no Brasil e Planos de Estabilização 42
INTRODUÇÃO
Este caderno não pretende dar respostas definitivas às questões sobre economia, mas
suscitar o interesse, provocar o debate e proporcionar aos alunos do curso de ciências econômicas
uma capacidade de análise crítica das questões econômicas atuais. Para isso, serão estudadas as
noções básicas de Economia para observar de forma crítica a realidade e interpretar o significado
dos diferentes conceitos econômicos frente aos acontecimentos da economia brasileira.
Por se tratar de assuntos ainda gerais da Ciência Econômica e relacionar
acontecimentos recentes da economia brasileira, o caderno se torna uma ferramenta auxiliar
para o estudante da disciplina de Introdução à Economia.
5
O QUE É ECONOMIA ?
O que veremos?
- O Conceito de Economia
- De que se ocupa a economia
- A quantificação da realidade econômica
- Contexto histórico do conceito economia
- Argumentos da economia
- Método de investigação da ciência econômica
- Evolução pensamento econômico
- Interação entre os agentes econômicos
- Questões-chave da economia
1. O CONCEITO DE ECONOMIA
A palavra economia vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei). Seria
administração da casa ou administração da coisa pública.
A economia pode ser definida como ciência social que estuda como o indivíduo e a
sociedade decidem utilizar os recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços,
de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade de
satisfazer às necessidades humanas.
Como umas das ciências sociais (ciência política, sociologia, antropologia, psicologia,
direito), a economia não pode ser considerada como fechada em torno de si mesma. Pelas
implicações da ação econômica sobre outros aspectos da vida humana, o estudo da economia
implica a abertura de suas fronteiras às demais áreas das ciências sociais ou humanas. Essa
abertura se dá em uma dupla direção, assumindo um caráter biunívoco.
- quantificar os resultados,
- construir identidades quantificáveis,
- estabelecer relações quantitativas entre diferentes categorias de transações,
- desenvolver modelos explicativos da realidade, baseados em sistemas de equações
simultâneas,
- proceder a análises fundamentais em parâmetros quantificados,
- desenvolver sistemas quantitativos para diagnóstico e prognóstico.
Mesmo que alguns filósofos da Grécia Antiga, como Platão e Aristóteles, tenham
explorado temas de conteúdo econômico, Roma não deixou nenhum escrito notável na área de
economia.
A abordagem clássica
A preocupação não era com o fortalecimento do estado, mas com a riqueza das
Nações. A fisiocracia elaborou alguns trabalhos dignos de destaque. Maior representante foi
François Quesnay e seu Quadro Econômico de 1758.
Dentre os clássicos, destaca-se Adam Smith, cujas principais obras são Sentimentos
Morais (1759) e A Riqueza das Nações (1776). Os sentimentos morais, as paixões originais da
natureza humana, a busca da aprovação social, as razões maiores da acumulação e da
conservação da fortuna material foram os pressupostos de sua descrição da ordem econômica,
fundamentada nas leis que regem a formação, a acumulação, a distribuição e o consumo. Esse
polinômio foi a base do conceito clássico de economia. Os outros economistas clássicos na
transição dos séculos XVIII e XIX, como Robert Malthus, David Ricardo e John Stuart Mill
definiram a economia a partir destes quatro fluxos.
Os neoclássicos
Alfred Marshall, quem procurou fazer uma síntese de clássicos com neoclássicos,
acredita que a economia examinava a ação individual e social, em seus aspectos mais
estritamente ligados à obtenção e ao uso dos elementos materiais do bem-estar. Assim, de um
lado, é um estudo da riqueza; e, de outro, e mais importante, é uma parte do estudo do
homem.
A perspectiva socialista
9
Segundo Rosseti (2003), Robbins não partiu de categorias de fatos econômicos, como
produção, distribuição, dispêndio, acumulação, riqueza e bem-estar. Ele partiu da existência
de:
- uma multiplicidade de fins que a humanidade procura alcançar
- a priorização de fins possíveis: podem ser classificados por ordem de prioridade
- a limitação dos meios para alcançar os fins possíveis
- o emprego alternativo dos meios.
O fator de maior importância e que faz o elo de ligação entre as quatro condições é a
capacidade humana de fazer escolhas. O fato econômico resume-se, assim, nos atos de
escolha entre fins possíveis e meios escassos aplicáveis a uso alternativos.
Com isso, podemos notar que em Economia tudo se resume a uma restrição quase
física – a lei da escassez, isto é, produzir o máximo de bens e serviços com os recursos
escassos disponíveis de cada sociedade. Mas lembre-se só existirá escassez se houver uma
demanda para a aquisição do bem – tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana.
E um bem é demandado porque é útil.
1
Para a definição de economia, ver ROBBINS (1935 in Hausman, 1994).
10
Conflito fundamental
Meios Fins
(ou recursos) escassos e (ou necessidades)
limitados múltiplos e ilimitáveis
Alocação de recursos
(custoso)
Consecução de Não-consecução de
determinado fim outros fins
Custo de
Benefício oportunidade
- O fim último de que cuida a processo se completa com a resultam da relação entre
economia consiste em distribuição do produto necessidades ilimitadas e
descobrir como as virtudes social. recursos escassos.
humanas e a concorrência
podem conduzir ao bem- - O estudo das leis sociais - Meios escassos, fins
estar social. que regulam a produção e a alternativos, escolha e
distribuição resume o campo alocação são os elementos a
de que se ocupa a partir dos quais se define o
economia. campo de que se ocupa a
economia.
Fonte: Rossetti, 2003.
5. AS ESCOLHAS NA ECONOMIA:
Resumindo:
Por enquanto teremos uma visão geral dos argumentos e do método de investigação na
ciência econômica, da evolução do pensamento econômico, das interações entre os diferentes
agentes da economia e de como a partir dessas interações surgem as questões-chave que
preocupam a Economia.
6. OS ARGUMENTOS DA ECONOMIA
Teoria econômica: leis que explicam o comportamento humano e fazem parte do conjunto de
conhecimentos.
12
2. a redução da renda per capita implica na perda do poder aquisitivo real da sociedade,
mantidos os níveis vigentes de preços;
As duas primeiras não são condições suficientes para dar sustentação à terceira. Essa
ressalva metodológica não implica a inexistência de conexões entre os compartimentos
positivos e normativos na economia.
A política econômica, não obstante seja formulada a partir de escolhas que envolvem
juízos de valores, tem o respaldo na modelação teórica desenvolvida pelos diferentes troncos
da economia positiva. Ou seja, a Economia se interessa primordialmente pelos argumentos
positivos, como pode ser visto na figura abaixo.
13
Economia Descritiva
Observação
Observação sistematizada do
sistematizada do
mundo real.
mundo real.
Descrição
Descrição ee mensuração defatos
mensuração de fatos
econômicos
econômicos. .
ContabilidadeSocial.
Contabilidade Social. OOconsumidor
consumidoree
Sistemas
Sistemas dede contas
contas a análise
a análise da da
nacionais e matrizes
nacionais e matrizes procura
procura
de relações
de relações
interindustriais. AAempresa
empresae e aa
interindustriais.
Teoria
Teoria Econômica
Econômica análise da oferta
análise da oferta
Princípios,
Princípios,
Teoria teorias, leis
teorias, leis ee Teoria
Teoria Teoria
Macroeconômica
Macroeconômica modelos dada
modelos Microeconômica
Microeconômica
economia
economia
Remuneração
Remuneração
Análise de
Análise de dos fatores
fatores de
de
dos
macrovariáveis:
macrovariáveis: produção e
renda,
produção e
renda, repartição da
repartição da
consumo,
consumo, renda
poupança, renda
poupança,
investimento,
investimento,
exportações, Estrutura
exportações, Estrutura
importações,
importações,
tributos e dispêndio
concorrencial ee
concorrencial
tributos e dispêndio equilíbriodos
equilíbrio dos
público, mercados
oferta e demanda
público, mercados
monetárias.
oferta e demanda
monetária.
Política Econômica
Atuação sobre a
A condução do realidade, com 3 A regulação da atividade
processo econômico objetivos: dos agentes econômicos:
agregativamente * Crescimento o interajuste de custos e
considerado. * Estabilidade benefícios privados e
* Equitatividade sociais.
Abstrações resultantes de
levantamentos e informes
Método indutivo quantitativos.
Construção de modelos
validados por testes
estatísticos.
Observação
sistematizada da
realidade
Abstrações teóricas
envolvendo situações e
Método dedutivo comportamentos não
mensuráveis a partir de
levantamentos da realidade
concreta.
Esforço de teorização
substitutivo da validação
experimental.
Validação, pelo
permanente confronto com
a realidade
Formulação de princípios,
Reelaboração resultante de teorias, leis u modelos
novas observações ou de explicativos ou interpretativos
da realidade.
mudanças nas condições
preexistentes.
FONTE: Rossetti, p.
2
Para uma discussão sobre metodologia na economia, ver Blaug (1993).
15
3
Para maiores informações sobre as escolas de pensamento econômico ver o website The History of Economic
Thought: http://homepage.newschool.edu/het/ e History of Economics: http://historyofeconomics.org. Para obter uma
perspectiva geral da trajetória do pensamento econômico, recomenda-se a leitura de HEILBRONER (1981).
16
As três categorias que formam a base de qualquer sistema econômico são os recursos, os
agentes, e as instituições, como pode ser visto na figura 6 abaixo:
Recursos naturais
Estoque de fatores de Recursos humanos
produção Capital
Capacidade tecnológica
Elementos Capacidade empresarial
constitutivos do
sistema
Quadro de agentes Unidades familiares
econômico econômicos Empresas
Governo
como um todo:
recursos, agentes
e instituições
Jurídicas
Complexo de instituições
Políticas
Sociais
EMPRESAS FAMÍLIAS
EMPRESAS FAMÍLIAS
Pagamentos
(bens e serviços)
GOVERNO
A forma como esses processos de realizam e seus resultados finais estão relacionados
com as quatro questões-chave da economia:
* A plena utilização dos recursos produtivos – Eficiência Produtiva: emprego dos fatores de
produção;
20
Questões:
2. O que compreende o fator capital. Por que o conceito de capital se associa aos de investimento e de
acumulação?
5. Quanto à intensidade de emprego dos fatores e à natureza dos bens e serviços gerados, as atividades
de produção classificam-se em primárias, secundárias e terciárias. Mostre as diferenças entre elas.
6. A função de produção para a economia considerada agregativamente mostra a relação funcional entre
a produção e os recursos empregados. Exemplifique essa função e diga qual é o tipo de relação entre as
variáveis produção e recursos de produção.
7. Descreva a partir da função de produção as precondições para que uma economia tenha crescimento
econômico e, conseqüentemente, uma maior disponibilidade de bens e serviços finais por habitante.
8. A maior disponibilidade de bens e serviços finais por habitante é considerada precondição quantitativa
para a promoção do crescimento econômico e do bem-estar social. Essa precondição é suficiente
também para o desenvolvimento econômico? Comente.
9. Diferencie, conceituando cada uma delas, as três seguintes categorias de elementos constitutivos do
sistema econômico: estoque de fatores, quadro de agentes econômicos e o complexo de instituições.
10. São três os agentes econômicos que interagem dentro de determinado sistema econômico: unidades
familiares, empresas e governo. Destaque os papéis de cada um.
11. Descreva sucintamente como ocorreu a evolução do sistema de trocas até a instituição da moeda
como conhecemos na atualidade.
13. Diferencie os conceitos de fluxo real e fluxo monetário. Sintetize esses dois fluxos em um modelo
simples de interação entre as famílias e as empresas.
14. O modelo simples de interação entre famílias e empresas é modificado com a introdução do agente
Governo. Explique.
15. A principal fonte de renda do governo é a arrecadação de tributos. Diferencie tributos diretos e
tributos indiretos e dê exemplos de cada um deles.
21
Política Monetária:
Instrumentos
Política Restritiva vs. Expansionista
1. O QUE É MACROECONOMIA
Estabilidade de preços
A inflação, que é aumento contínuo no nível geral de preços, é um problema porque
acarreta distorções sobre a distribuição de renda, expectativas empresariais e etc.
Distribuição de renda
A economia brasileira cresceu bastante entre o fim dos anos 60 e a maior parte da
década de 70. Mas, houve um aumento da disparidade entre as classes de renda, ou seja,
ocorreu uma concentração de renda. Alguns críticos do chamado “milagre econômico”
argumentam que piorou a concentração de renda nos anos de 1968/73 devido a uma política
deliberda do governo (a Teoria do Bolo): primeiro crescer, aumentando a parte dos lucros e da
poupança dos mais ricos na renda nacional, para depois pensar em repartição de renda.4
4
Para uma discussão sobre o Milagre Econômico, ver: Abreu (1990) “A Retomada do Crescimento e as Distorções
do “ Milagre” (1967-1973).
22
Crescimento econômico
Quando se fala em crescimento econômico, estamos pesando no crescimento da renda
nacional per capita. A renda per capita é considerada o melhor indicador para se aferir a
melhoria do bem-estar, do padrão de vida da população.
Mas, o fato do país estar aumentando sua renda per capita não necessariamente
significa que está tendo uma melhoria do seu padrão de vida. O crescimento econômico capta
apenas o crescimento da renda per capita. Um pais está realmente melhorando seu nível e
desenvolvimento econômico e sociais, juntamente com o aumento da renda per capita, se
estiver também melhorando os indicadores sociais (pobreza, desemprego e etc.).
Esses objetivos não são independentes uns dos outros e podem ser até conflitantes. Ou
seja, atingir uma meta pode ajudar (ou não) a alcançar outras.
Por exemplo, o crescimento pode facilitar a solução dos problemas de pobreza, uma
vez que torna possível abrandar conflitos sociais sobre a divisão da renda, se a renda
aumentar. Nesse sentido, é possível aumentar a renda dos pobres sem diminuir a dos ricos.
A economia pode ser dividida em parte real e parte monetária. A primeira relacionada
com a produção de bens serviços bem como no emprego do fator trabalho, tendo como
variáveis a serem determinadas: o produto nacional, o nível geral de preços, o nível de
emprego e os salários nominais. A segunda relacionada com o que pode ser chamado de parte
invisível da economia e determina a taxa de juros, o estoque de moeda e a taxa de câmbio. O
quadro 3 mostra os mercados e as diferentes variaveis determinadas em cada uma das partes
da economia.
* Séc. XVIII, primeiras revoluções, que serviram como ponto de partida. Maior desenvolvimento
da Teoria Microeconômica.
* Séc. XX: Primeira Guerra Mundial, Identificação de “ciclos de negócios” e Grande Depressão
dos anos 30.
* Principais idéias Keynesianas, publicadas no livro “Teoria Geral do Emprego, do Juros e da
Moeda” de 1936.
* A teoria prevalecente antes de Keynes acreditava que a economia (i) era autoregulatória, (ii)
utilizava eficientemente todos os recursos, (iii) produziam em pleno emprego (existia apenas a
taxa natural de desemprego), (iv) as ações do governo apenas para os bens públicos.
* Com a teoria de Keynes, a economia (ii) não regula a si própria, (ii) está sujeita à flutuações,
(iii) pessimismo na comunidade de negócios e (iv) necessita de ação do governo para sua
estabilização.
* Em 1937: John Hicks introduz o aparato conhecido como IS/LM – a chamada síntese
neoclássica – que permite analisar a economia tanto pela hipótese de pleno emprego
(clássicos e neoclássicos) como pela de desemprego (Keynes).
* Nos anos 50, surge a Curva de Phillips que mostrava que uma relação inversa entre as taxas
de inflação e taxas de desemprego.
* Até os anos 60, tinha o instrumental IS/LM analisando os componentes da demanda
agregada acoplado à Curva de Phillips, que retratava as condições de oferta agregada. Mas,
numa herança keynesiana, a ênfase da política econômica ainda era nos instrumentos de
política fiscal, negligenciando a política monetária.
* Segunda metade dos nos 50, surge a Teoria Monetária com Milton Friedman da Universidade
de Chicago. Trata do papel das expectativas inflacionárias sobre a produção e o emprego,
recuperando o papel da oferta agregada na Teoria Macroeconômica. Atenção para como os
agentes formas suas expectativas.
* Décadas de 70 e 80: Escola das Expectativas Racionais (os novos clássicos).
* Quatro principais linhas de pensamento macroeconômico: keynesianos, neoclássicos, novos
clássicos e pós-keynesianos.
24
Questões:
1. Descreva as metas da política econômica.
2. Por que os objetivos de politica econômica podem ser conflitantes. Explique.
3. O que se entende por política fiscal, política monetária, política cambial e política de rendas?
4. Você seria capaz de explicar qual objetivo de política econômica o governo brasileiro tem buscado nos
últimos anos? Comente.
SISTEMA FINANCEIRO
1 ORIGEM DA MOEDA
Nas economias primitivas, o modo de vida do homem não lhe oferecia qualquer
instrumento que possibilitasse a transformação dos produtos disponíveis, restringindo suas
atividades à caça, à pesca e à coleta de frutos. Vivia em grupo tribal fechado, cujo objetivo
primordial era a sobrevivência. Essa primitiva sociedade, em que tribos vizinhas representavam
rivais em potencial, era naturalmente impermeável à idéia de se estabelecer entre as
comunidades um sistema de trocas de mercadorias.
Considerando-se que a moeda pode ser trocada por bens ou serviços em qualquer
ocasião, sua posse constitui reserva de valor, desde o momento em que é recebida pelo seu
detentor, até ao instante em que é gasta. A retenção da moeda, como reserva de valor, traduz-
se, portanto, numa forma alternativa de guarda ou de acumulação de riqueza.
Além disso, havia ainda a desvantagem de ser perecível, o que causava sérios
problemas para o sistema como um todo. Imagine alguém que tivesse todo o seu estoque de
moeda representado por 100 sacas de trigo e todas elas se deteriorassem. Esse indivíduo teria
zerado o seu estoque de moeda, e uma das causas poderia ser até mesmo não ter conseguido
arcar com os custos de uma acomodação adequada para o trigo.
A utilização dos metais preciosos (ouro e prata) como moeda facilitou muito o
desenvolvimento das trocas e da circulação dos bens e serviços necessários à sociedade.
Entretanto, apresentava problemas relativos a seu valor intrínseco e a seu transporte, em
virtude do peso e da segurança, já que os possuidores ficavam muito mais vulneráveis ao
ataque de saqueadores.
Como os cunhadores eram geralmente ourives, que possuíam locais seguros para
guarda dos metais preciosos passou-se a adotar o costume de deixar as moedas depositadas
com eles, em troca de um comprovante de depósito, de um recibo. Esse recibo tinha, assim,
um lastro. Toda vez que se precisasse de moeda, era só trocá-lo por metal precioso. Com o
26
Observe-se que, até então, os banqueiros da época não concediam e nem tomavam
empréstimos. Não tardou muito, contudo, para que adquirissem a confiança do público e
iniciassem uma transformação na sua forma de "operação bancária". Ao verificarem que os
metais ficavam guardados em seus cofres por um longo período de tempo, sem qualquer
utilização, passaram a emitir os chamados bilhetes de banco negociáveis. Tais operacões
consistiam na emissão de recibos sem a contrapartida de um depósito em moedas, cuja
validade dependia única e exclusivamente de sua aceitação geral, como meio de pagamento,
em função da confiança do público. Essa transformação fez com que os bancos deixassem de
ser simples depositários de metais e passassem a exercer a função de emissores, surgindo a
partir daí a moeda fiduciária.
3. ATIVOS FINANCEIROS
A quantidade de moeda existente na economia pode ser medida com a utilização dos
chamados agregados monetários. Esses agregados são agrupados de acordo com a liquidez
dos diferentes ativos financeiros da economia. A seguir são definidos os agregados
monetários:
M0 = PMPP (notas e moedas)
27
Fonte: Bacen
6. BASE MONETÁRIA
Além dos agregados monetários, existe ainda outra medida da moeda na economia que
é a base monetária. O conceito de base monetária (BM) equivale ao passivo monetário do
Banco Central que serve de lastro aos meios de pagamento e é definida por:
BM = PME + RB
Fonte: Bacen
Fonte: Bacen
29
8 DIFERENTES MERCADOS:
Fonte: Bacen
Fonte: Bacen
30
Fonte: Bacen
A OFERTA DE MOEDA
1. FORMAS DE FINANCIAMENTO
Existem dois tipos de agentes no sistema financeiro, aqueles que podem ser chamados
de unidades superavitárias (US) e outros que podem ser chamados de unidades deficitárias
(UD). Os primeiros, por serem agentes que poupam, suprem as necessidades de
financiamento dos segundos por meio da intermediação das instituições financeiras.
As unidades deficitárias possuem, então, duas formas para obter financiamento que
são: o autofinanciamento que é a venda de algum patrimônio, por exemplo, um bem imóvel e
financiamento externo que pode ser direto através da venda de ações ou de títulos da dívida ou
indireto por meio de empréstimo via instituições financeiras.
Haveres não-monetários: não possuem liquidez imediata, como depósitos a prazo, títulos
públicos, duplicatas e etc.
Haveres monetários
Instituição Financeira
Bancária Público
Haveres não-monetários
Quando o público quita uma duplicata – a instituição bancária entrega ao público haveres não-
monetários (duplicata quitada) e recebe haveres monetários (moeda), conforme ilustrado na
figura a seguir:
Haveres não-monetários
Instituição Financeira
Bancária Público
Haveres monetários
3. MULTIPLICADOR BANCÁRIO
Esse fenômeno decorre do fato de ser altamente improvável que todos os depositantes
saquem seus recursos ao mesmo tempo, o que permite aos bancos comerciais emprestar parte
dos depósitos à vista por eles recebidos, mantendo encaixes bem inferiores ao volume destes
depósitos.
Multiplicador Simples
k = 1/R
Exemplo:
Multiplicador Elaborado:
k = 1/C+D(R1+R2)
C = PMPP/M1
D = DV/M1
R1 = CX/DV
R2 = RB/DV
Onde:
PMPP = papel moeda em poder do público
DV = depósitos à vista
CX = caixa dos bancos comerciais
RB = reservas bancárias (voluntárias e compulsórias)
4. POLÍTICA MONETÁRIA
Recolhimentos compulsórios:
Redesconto
Se, de um lado, tem-se a oferta de moeda na economia que é realizada pelo Bacen e
multiplicada pela intermediação das instituições financeiras, de outro lado, tem-se a demanda
por moeda para a efetivação da produção de todos os bens e serviços necessários à
sociedade. Assim, é necessário fazer a ligação do lado monetário com o lado real da
economia.
Essa ligação permite discutir questões importantes como, por exemplo, o desemprego e
a inflação e em como a política monetária pode ser utilizada.
V = PIB nominal/M
Supondo:
PIB nominal = $ 500 milhões
M = $100 milhões
Tem-se que:
V= 500/100 = 5
Essa teoria estabelece a ligação entre o lado monetário e o lado real da economia.
MV = Py
Onde:
M = quantidade de moeda
V = velocidade circulação
P = nível geral de preços
y = PIB real (PIB nominal/P)
MV = indica que a quantidade de moeda depende da velocidade com a qual ela circula.
Py = quantidade de bens e serviços finais produzidos multiplicada pelo preço dos bens e
serviços finais consumidos.
35
A quantidade de moeda multiplicada pelo número de vezes que ela circula é igual ao
valor da renda criada (PIB).
Os fatores que afetam a velocidade renda da moeda (V) são diferenciados dependendo
da corrente de pensamento econômico. Para os pensadores clássicos, (V) permanece
constante no curto prazo. Para Keynes, a (V) depende da taxa de juros, pois quanto maior a
taxa de juros menor a quantidade de moeda na forma de M1. Para os monetaristas da Escola
de Chicago a (V) também pela expectativa de inflação.
Questões Conceituais:
1. Dados os seguintes agregados monetários (em mil R$):
Papel moeda emitido (PME) 1.100
Papel moeda em poder do público (PMPP) 600
Dep. a vista do público nos BC 1.400
Reservas dos BC no Bacen
36
- Voluntárias 100
-Compulsórias 400
Depósito em poupança 200
Quotas de fundo de renda fixa 150
Títulos públicos federais (Selic) 430
a) Qual a base monetária ?
b) Qual o total do M1?
c) Qual o total do M2?
c) Qual o total do M3?
c) Qual o total do M4?
3. Uma empresa deficitária possui duas opções de financiamento. Quais são essas opções? Por
que a intermediação financeira é a forma mais utilizada de financiamento pelos agentes econômicos
deficitários? Comente.
5. Nas afirmações abaixo, diga quando ocorre criação (C), destruição (D) de moeda:
( ) Governo Federal deposita taxas e impostos arrecadados de empresas no Bacen;
( ) Importadores trocam R$ por US$ no Bacen;
( ) Indivíduo transfere saldo da conta corrente para a conta de poupança no banco comercial;
( ) Empresa adquire quotas de um fundo de ações sacando sobre seus depósitos à vista;
( ) Empresa efetua um depósito à vista em um banco comercial.
( ) indivíduo leva ao banco uma certa quantia em unidades monetárias e efetua um depósito á
vista.
( ) Indivíduo leva ao banco uma certa quantia em unidades monetárias e efetua um depósito à
prazo.
( ) Empresa leva ao banco uma duplicata para descontar, recebendo a inscrição de um depósito à
vista.
( ) Banco compra cambiais de um exportador.
( ) Banco vende divisas a um importador.
( ) Banco compra títulos da dívida pública possuídos pelo público.
( ) Banco vende um imóvel a uma pequena empresa recebendo o pagamento à vista em dinheiro.
( ) Banco aumenta seu capital vendendo ações ao público.
6. Dos instrumentos que o Bacen pode utilizar para controlar a oferta de moeda na economia, qual
é o mais punitivo para os bancos. Comente.
9. A oferta de moeda pode dar-se pelo Bacen ou pelos Bancos Comerciais, sendo este último dado
pelo mecanismo do multiplicador monetário. Se R = 0,75, então o valor do multiplicador simples na
economia será de..................... Se o montante inicial em depósito a vista é de R$ 4.000,00, qual
será o valor multiplicado.
12. A elevação da taxa dos depósitos compulsórios dos bancos comerciais junto as autoridades
monetárias diminuiu o valor do multiplicador dos meios de pagamentos porque:
a. ( )diminui o saldo do papel-moeda emitido
b. ( ) diminui o saldo do papel-moeda em circulação
c. ( )diminui o saldo do papel-moeda em poder do público
d. ( )diminuem os depósitos à vista nos bancos comerciais
e. ( )diminuem os recursos dos bancos comercias para empréstimos ao público.
13. Demanda por moeda para ____________: as pessoas mantêm dinheiro porque isso lhes
permite comprar e vender bens com facilidade. Demanda por moeda para ________________: as
pessoas mantêm dinheiro porque ele é mais seguro que outros ativos, já que o preço de ações,
títulos e imóveis pode flutuar muito. Demanda de moeda para _______________: ficando com mais
dinheiro as pessoas podem enfrentas melhor as despesas imprevistas.
a)transação – especulação – precaução
b)precaução – especulação – transação
c)especulação – transação – precaução
d)precaução – transação – especulação
e)nenhuma das anteriores
14. O sistema financeiro nacional constituído do mercado monetário, mercado de crédito, mercado
de capitais e mercado cambial, é usualmente subdividido em 2 subsistemas: o _______________ e
o __________________. O primeiro congrega as autoridades monetárias, responsável pela
disciplina operacional e pela liquidez do sistema. O segundo congrega as instituições bancárias e
não bancárias.
a) normativo – cambial
b) intermediação – normativo
c) intermediação – cambial
d) normativo – intermediação
e) nenhuma das anteriores
15. O encaixe próprio dos bancos (parcela dos depósitos que é mantida em caixa) é um dos freios à
multiplicação infinita da moeda escritural. Mas o freio maior é o recolhimento compulsório que o
Banco Central exige dos bancos comerciais. Quanto ___________ forem as taxas voluntárias e
compulsórias, __________________seu efeito multiplicador.
a)maiores – maior será
38
16. As operações entre o público e o setor bancário podem criar ou destruir os meios de
pagamento. Entre as operações a seguir relacionadas, qual delas é responsável pela criação de
meios de pagamento?
a) pessoas realizam depósitos a prazo nos bancos
b) bancos vendem ao público, mediante pagamento à vista, em moeda, títulos de diversas espécies
c) saque de cheques nos caixas dos bancos
d) empresas levam aos bancos duplicatas para desconto, recebendo a inscrição de depósitos à
vista
19. A principal função da reserva compulsória sobre os depósitos bancários, como instrumento de
política monetária, é:
a) permitir ao governo controlar a demanda de moeda
b) permitir as autoridades monetárias controlar o montante de moeda bancária que os bancos
comerciais podem criar
c) impedir que os bancos comerciais obtenham lucros excessivos
d)forçar os bancos a manter moeda ociosa no sentido de cobrir as necessidades de caixa do banco
central
e) cortar subsídios governamentais às empresas privadas
Questões Aplicadas:
1. O que aconteceria com os agregados monetários M1, M2, M3 e M4 (medidas da moeda) numa
economia que estivesse praticando uma taxa de juros reais de 9% ao ano? E o que aconteceria se
a economia passasse a conviver com altas taxas de inflação? Explique.
2. Do total de crédito direcionado para as atividades econômicas nos de 2004 e 2005, a maior
parcela ficou com as pessoas físicas. De que forma essa distribuição de crédito pode afetar o
crescimento futuro da economia? Argumente.
39
3. O Bacen reduziu a taxa de recolhimento compulsório sobre os DV dos bancos comerciais de 75%
(março/1999) para 45% (outubro/2003). Essa redução foi possível graças ao crescimento
econômico da economia?
40
CAPÍTULO 3 – INFLAÇÃO
O que veremos?
Definição e Cálculo
Teorias Explicativas
Mensuração da Inflação no Brasil
Planos de Estabilização Econômica
INFLAÇÃO
Deflação = redução no nível da atividade econômica (estagnação – Ex. anos 30), de queda
generalizada dos dispêndios e dos preços;
Situações Possíveis
INFLAÇÃO DESINFLAÇÃO
LINHA DE
ESTABILIDADE
DEFLAÇÃO REFLAÇÃO
41
2. TEORIAS DA INFLAÇÃO
Inflação de demanda
Ocorre quando há variação dos preços de itens com alta participação no processo
produtivo (aumento salarial, desvalorização cambial, quebra de safra, reajuste de tarifas
públicas, etc...), que leva a um aumento dos custos das empresas que é em alguma medida
repassado para os preços finais.
Inflação Inercial5
Efeitos da Inflação
5
Para uma discussão sobre a inflação inercial ver: Pereira (1996).
42
Período seguinte t + 1
Carne: $1,00 (preços estáveis), então 10 * 1 = 10
Batata: $1,00 (aumento de 100%), então: 30 * 1 = 30
Cesta (ponderada): (10*40%) + (30*60%) = $22
Variação: (22-13)/13 = 69%
Números Índices
Índice de Laspeyres
É um dos mais populares índices agregado de preços, no qual os preços são ponderados
pelas quantidades associadas com o ano-base antes de serem somados.
A fórmula é:
p0 × q0
IL = × 100
p1 × q0
Onde:
p0 = preço no período inicial;
p1 = preço no período atual;
q0 = quantidade no período inicial;
q1 = quantidade no período atual.
6
Para mais informação sobre o cálculo dos diferentes índices de preços no Brasil, consultar Índices de Preços-
Perguntas mais Frequentess: http://www4.bcb.gov.br/pec/gci/port/focus/FAQ02-
%C3%8Dndices%20de%20Pre%C3%A7os.pdf
43
O índice de Laspeyres pondera preços (p) em duas épocas, inicial (0) e atual (1),
tomando como pesos quantidades (q) arbitradas para estes insumos na época inicial.
Como essas quantidades são consideradas adequadas à época inicial e não à época
atual, admite-se que o numerador possa se apresentar super dimensionado e assim o índice
de Laspeyres apresentar tendência de elevação.
Índice de Paasche
Como essas quantidades são consideradas adequadas à época atual e não à época
inicial, admite-se que o denominador possa se apresentar, eventualmente, super dimensionado
e assim o índice de Paasche apresentar tendência a rebaixamento.
Para comparar os custos de alimentos ou de vida, em uma cidade, durante um ano, com os
de um ano anterior, ou a produção de aço, durante determinado ano, em uma região do país, com a
de outra.
Existem vários índices de preços que são calculados por instituições diferentes. Por
exemplo, o Índice Geral de Preços (IGP) é calculado pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de
Janeiro. Índice Nacional Preços ao Consumidor (INPC) é calculado pela Fundação IBGE. Veremos
a seguir os números índices que são usados no Brasil para medir a inflação.
O mapa a seguir mostra as regiões metropolitanas que são alvo para o cálculo do índice
de preço ao consumidor (IPC).
IPCA- IBGE: Calculado desde 1980, semelhante ao INPC, porém refletindo o custo de vida
para famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. A pesquisa é feita em 11 regiões
metropolitanas. Foi escolhido como alvo das metas de inflação ("inflation targeting") no Brasil.
IGP- FGV:É uma média ponderada do índice de preços no atacado (IPA), com peso 6; de
preços ao consumidor (IPC) no Rio e SP, com peso 3; e do custo da construção civil (INCC),
com peso 1. Usado em contratos de prazo mais longo, como aluguel.
IGP-M (FGV): Metodologia igual à do IGP-DI, mas pesquisado entre os dias 21 de um mês e
20 do seguinte. O IGP tradicional abrange o mês fechado. O IGP-M é elaborado para contratos
do mercado financeiro.
IGP-10 (FGV): Elaborado com a mesma metodologia do IGP e do IGP-M. A única diferença é o
período de coleta de preços: entre o dia 11 de um mês e o dia 10 do mês seguinte.
IGP-DI (FGV): Reflete as variações de preços de todo o mês de referência. Formado pelo IPA
(Índice de Preços por Atacado) e IPC (Índice de Preços ao Consumidor).
INCC (Índice Nacional do Custo da Construção), com pesos de 60%, 30% e 10%,
respectivamente. Apura as variações de preços de matérias-primas agrícolas e industriais no
atacado e de bens e serviços finais no consumo.
INCC- Índice Nacional do Custo da Construção: Um dos componentes das três versões do
IGP, o de menor peso. Reflete o ritmo dos preços de materiais de construção e da mão-de-obra
no setor. Utilizado em financiamento direto de construtoras/incorporadoras
CUB - Custo Unitário Básico: Reflete o ritmo dos preços de materiais de construção e da
mão-de-obra no setor. Calculado por sindicatos estaduais da indústria da construção,
chamados de Sinduscon, e usado em financiamentos de imóveis.
Indicadores Econômicos
(IEPE-UFRGS) - 2006
5. INFLAÇÃO NO BRASIL
-10
0
10
20
30
40
50
60
1980 01
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
-5
5
15
25
35
45
55
65
75
1990 01 1980 05 1944 02
1990 07 1980 09 1946 02
1991 01 1981 01 1948 02
1991 07 1981 05 1950 02
1992 01 1981 09 1952 02
1992 07 1954 02
1982 01
1993 01 1956 02
Plano Collor
1993 07 1982 05
1958 02
1994 01 1982 09 1960 02
1994 07 1983 01 1962 02
1995 01 1983 05 1964 02
1995 07 1983 09 1966 02
1996 01 1984 01 1968 02
1996 07 1970 02
1984 05
1997 01 1972 02
Crise da Dívida
Era FHC
1984 09
1997 07 1974 02
1998 01 1985 01
1976 02
1998 07 1985 05
1978 02
Plano Cruzado
1999 01 1985 09
1980 02
(IGP-DI (% a.m.))
1999 07 1986 01 1982 02
(IGP-DI %a.m.)
2000 01
Heterodoxos
2001 01
1987 01 1988 02
2001 07
1990 02
Inflação no Brasil na década de 1980
1987 05
Plano Bresser
2002 01
1987 09 1992 02
2002 07
Era Lula
2004 07 1989 01
2005 01 2002 02
Plano Real
1989 05
Plano Verão
2005 07 2004 02
1989 09 2006 02
2006 01
2006 07
47
48
A inflação era tida como inercial. O diagnóstico era de que a inflação tinha caráter
autônomo, sustentado pela indexação formal e informal da economia. Houve a utilização de
instrumentos heterodoxos para a eliminação da memória inflacionária (inércia inflacionária):
Medidas:
1. introdução de nova moeda: reforma monetária, com o cruzado – (000)
2. congelamento de preços por prazo indeterminado ao nível de 28/02.
3. conversão de salários: além do valor real médio, concedido um abono de 8%.
4. conversão de aluguéis, prestação do sistema financeiro e mensalidades escolares pelo
princípio da média.
5. Desindexação:
5.1 proibição de clausula de indexação: proibição de correção monetária para contratos
inferiores a um ano e para contratos maiores de um ano, reajuste conforme a OTN em
cruzados;
5.2 indexação de salários: escala móvel, salários reajustados toda vez que a inflação
atingisse a casa dos 20%;
6 tablitas: tabela de conversão diárias de valores em cruzeiros para cruzados.
Conseqüências:
1 parte dos recursos foram destinados para a compra de imóveis e reativação da produção;
2 reativação do consumo via salário móvel, seguro-desemprego e abono;
3 viver de renda ficou difícil porque caíram as taxas de juros (teve até taxa negativa);
49
O congelamento de preços foi peça fundamental e a inflação caiu nos primeiros meses.
Houve explosão do consumo devido ao aumento do poder de compra do salário, a
despoupança em função da desilusão monetária, a queda nas taxas de juros e ao consumo
reprimido dos anos de recessão e ao congelamento de alguns preços defasados aos custos.
O ano de 1986 foi marcado pela redução drástica da inflação, após o congelamento de
preços decretado pelo Plano Cruzado, e uma violenta expansão do consumo, que
determinaram novamente a boa performance em termos de crescimento econômico (8,3%).
O crescimento do consumo foi explicado por várias razões: transferência de renda real
aos trabalhadores (aumento de salário real), fim da “ilusão monetária” com fuga dos ativos
financeiros, expansão monetária e creditícia etc. Entretanto, foi também o responsável por
vários problemas na economia e pela volta da inflação. Dentre os problemas, destacavam-se a
crise de abastecimento, a presença do ágio como forma de burlar o controle de preços e outras
formas travestidas de inflação, bem como uma profunda crise cambial.
Foram feitos ajustes no Plano Cruzado, como pode ser visto a seguir:
O Plano Bresser não tinha por objetivo a inflação zero, mas promoveu o choque
deflacionário com a supressão da escala móvel de salários. Os objetivos eram sustentar a taxa
de inflação a níveis mais baixos e reduzir o déficit público. Foi instituída uma nova base de
indexação salarial, a unidade referencial de preço (URP), ou seja, a cada três meses seriam
pré-fixados os percentuais de reajuste para os três meses subseqüentes; com base na inflação
média dos três precedentes.
O Plano Bresser objetivava conter a inflação com a redução da demanda num contexto
de desaceleração mantendo o crescimento econômico com o redirecionamento da oferta para
exportações. O plano incorporou ingredientes inutilizados no Cruzado tais como a preocupação
com a taxa de juros, a taxa de câmbio, o déficit público e acordo com o FMI. Porém, acreditava
que a sociedade agia de forma irracional. O plano foi uma tentativa de debelar a inflação que,
sem o apoio popular do plano anterior, teve acertos e erros.
Assim, o Plano Collor realizou ampla reforma monetária, cujo elemento central foi o
confisco da liquidez e o alongamento compulsório da dívida pública. Além disso, buscou uma
reforma fiscal centrada no Imposto sobre Operações Financeiras, no Imposto de Renda e no
combate à sonegação, com base na eliminação dos títulos ao portador (inclusive cheques) e na
redução de gastos públicos, com base na eliminação dos subsídios e diminuição dos juros. A
expectativa era transformar um déficit de 8% do PIB em superávit da ordem de 2% do PIB. A
principal medida foi o confisco de ativos financeiros com o objetivo de drástica redução da
liquidez da economia. Esse confisco estava ancorado na MP 168 que bloqueava 70% do M4.
Pretendia-se retomar a capacidade de fazer a política monetária e a elaboração de programas
de abertura comercial e de privatização de empresas estatais.
7
Para uma dicussão sobre a trajetória da inflação (passando à hiperinflação) nesse ano, ver Pereira (1990).
52
O Plano Real veio alterar esse quadro, obtendo êxito inédito no combate à inflação, com
notória recuperação da credibilidade da moeda nacional que se refletiu, inclusive, numa
retomada do interesse nos agregados econômicos expressos na própria moeda do País.
Eventos importantes
A renegociação da dívida dos Estados
Questões conceituais:
1 Destaque alguns efeitos perversos da inflação. A seu critério, coloque-os em ordem decrescente de
importância. Justifique suas escolhas e a ordem em que as colocou.
2 Diferencie, usando suas próprias palavras, as inflações de procura das inflações de custos.
3 Qual é uma das conseqüências mais claras de todo o processo inflacionário. Explique.
4 Se todos os preços subirem, pode-se ter certeza de que houve inflação. Quais os dois tipos de inflação
mais conhecidos.
8
Para uma discussão do Plano Real, ver: Pereira (1994).
53
5 A essência das análises econômicas realizadas pelos ideólogos da reforma monetária que culminou no
Plano Cruzado (1986) reside no fato de que “um determinante significativo da inflação corrente é a
própria inflação passada” e que “o melhor previsor da inflação futura é a inflação passada”. A esse
fenômeno os analistas denominam:
a) efeitos de preços relativos
b) hiperinflação
c) inflação de demanda
d) inflação inercial
6 Assinale entre as alternativas abaixo, a que representa um fato causador de uma inflação de custos:
( ) a. um aumento nos gastos do governo
( ) b. um aumento dos investimentos
( ) c. um aumentos das exportações
( ) d. um aumento da oferta de moeda
( ) e. um aumento das matérias-primas importadas
7.Coloque F(falso) ou V(verdadeiro) nas seguintes afirmações, e quando a resposta estiver falsa
reescrever a frase.
a. ( ) A inflação de demanda se caracteriza pelo excesso de demanda agregada em relação à produção
de bens e serviços, sendo causada pelo aumento de importações e tributos.
b. ( ) A inflação é um aumento persistente no nível geral de preços, enquanto a desinflação é a redução
no nível da atividade econômica, acompanhada de queda generalizada dos dispêndios e dos preços.
c. ( ) Alguns índices que são utilizados pelo governo para medir a variação dos preços na economia são
o IPCA, o INPC e o IGP, sendo que cada um adota uma metodologia específica e o segundo deles serve
de índice para o sistema de metas de inflação.
d. ( ) De acordo com a corrente estruturalista, a inflação nos países subdesenvolvidos são causadas
pela oferta inelástica dos alimentos, pela rigidez das importações e pouco dinamismo das exportações,
pela própria substituição de importações e pela estrutura oligopolística no mercado.
e. ( ) Inflação se caracteriza como um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços em um
determinado período de tempo desestruturando a distribuição de renda, o balanço de pagamentos, o
mercado de capitais, além de outros efeitos.
f. ( ) De acordo com os inercialistas, a inflação está relacionada aos mecanismos de indexação formal e
informal que provocam a perpetuação das taxas de inflação anteriores, que são sempre repassadas aos
preços.
pouco dinamismo das exportações, pela própria substituição de importações e pela estrutura
oligopolística do mercado.”
a) monetarista
b) fiscalista
c) estruturalista
d) clássica
e) nenhuma das anteriores
Questões Aplicadas:
1. Após as diferentes tentativas para conter a inflação nos anos de 1980 e 1990, o Plano Real
conquistou a tão sonhada estabilidade econômica. Será que essa estabilidade já é condição suficiente
para o país buscar outras metas além da meta de inflação, como por exemplo, a meta do crescimento
econômico. Expresse sua opinião.
2. Usando a tabela abaixo, calcular os números índices de Laspeyres e Paasche para 1976 para os três
bens, usando 1970 como ano-base.
Tabela 1. Preço e consumo de três bens em Palmeira das Missões, 1970 e 1976
Bem Unidade de Preço médio Preço médio Consumo Consumo
medida 1970 1976 per capita per capita
1970 1976
Leite Litro 0,30 0,38 30 35
Pão 500 g 0,25 0,35 3,8 3,7
Ovos Dúzia 0,60 0,90 1,5 1,0
3. A tabela abaixo apresenta o índice de produção industrial para o Brasil no período de 1975-1980,
tendo como ano-base 1975. Obter uma nova série adotando 1977 como ano-base.
Anos 1975 1976 1977 1978 1979 1980
Indices 100,0 112,5 115,1 123,8 132,8 142,4
(1975=100)
1977=100
Fonte: Conjuntura Econômica
4. A tabela abaixo apresenta os valores do salário mínimo, vigente em dezembro cidade do Rio de
Janeiro, bem como os valores do Índice de Preços ao Consumidor (IPC-FGV). Determinar a respectiva
série de salários mínimos reais (a preços constantes), comparando-os com o de 1975.
Finanças Públicas = setor que controla a massa de dinheiro e de crédito que o governo
federal e os órgãos a ele subordinados movimentam em um país.
Política fiscal: Tendo como instrumentos os gastos e a receita tributária, a política fiscal
consiste em tentar expandir a atividade econômica com o objetivo de criar mais empregos.
2. ESTRUTURA TRIBUTÁRIA
- Princípio do benefício recebido: um tributo é justo quando cada contribuinte paga ao Estado
um montante diretamente relacionado com os benefícios que recebe do governo. Dificuldade:
como individualizar os benefícios a partir do funcionamento de bens públicos. Exemplo:
serviços públicos que utilizam taxas específicas para o seu financiamento. Outros exemplos de
instituir tributos de forma que funcionem como financiamento de determinados programas do
governo são a cobrança de um imposto sobre combustíveis, para financiar a construção de
56
- Principio da capacidade de pagamento: cada agente deveria pagar tributos conforme sua
capacidade de pagamento. Medidas da capacidade de pagamento: renda, consumo e
patrimônio.
Tipos de Tributos
2. Taxas: é um tributo vinculado, porque seu fato gerador é sempre uma atuação do Estado,
referida ao obrigado, em geral desempenhada tendo em vista sua pessoa, ou a possibilidade
de uma referência direta à sua pessoa.
3. Contribuições fiscais: um tributo é fiscal quando sua cobrança não visa senão a arrecadação
de recursos financeiros para os cofres públicos e objetivam a sustentação dos encargos que
são próprios do órgão central da administração.
- Contribuição parafiscais: se destinam à sustentação de encargos paralelos aos da
administração pública direta. Ex: PIS, FINSOCIAL e COFINS.
- Contribuição extrafiscal: utilizadas para tributar externalidades.
4. Impostos: tributo cuja obrigação tem por fator gerador uma situação independente de
qualquer atividade estatal. Existem dois tipos de impostos:
a) impostos diretos: a pessoa que recolhe o tributo é a mesma que arca com o seu ônus, é
aquele que incide sobre renda e riqueza.
b) impostos indiretos: a pessoa que recolhe o tributo não arca totalmente com o seu ônus. É
aquele que incide sobre transações de mercadorias e serviços e que podem ser ou ad
valorem ou específicos (Ad valorem: alíquota % fixada; específico: valor em R$ fixado).
Além disso, podem ser estruturados em: impostos regressivos, impostos progressivos e
impostos proporcionais.
- Regressivos: A relação entre carga tributária e renda decresce com o aumento do nível de
renda. Quem ganha mais paga menos. Todos os impostos indiretos. Ex: 10% de imposto sobre
o preço de venda de TVs.
- Progressivo: a relação entre carga tributária e renda cresce com o aumento no nível de renda.
Quem ganha mais, paga um percentual maior sobre a renda. Ex: IR.
A seguir são mostradas tabelas com a arrecadação federal para o período de janeiro a
outubro de 2005 e de 2006.
58
5. DÉFICIT PÚBLICO
6. FINANCIAMENTO DO DÉFICIT
O déficit do governo pode ser financiado pela emissão de moeda ou pela venda de
títulos da dívida pública ao setor privado (interno e externo). A primeira alternativa é vista com
receio porque pode gerar inflação na economia através do estímulo ao consumo. A venda de
títulos da dívida não gera inflação, mas aumenta a dívida uma vez que a os títulos são
remunerados pelas taxa de juros vigentes na economia. A tabela abaixo mostra a
representatividade em termos do PIB da dívida do setor público brasileiro para os anos de 2004
e 2005.
FONTE: Bacen
9
Para mais informações sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal ver “Gestão Fiscal Responsável. Dicas sobre a Lei
de Responsabilidade Fiscal (LRF)”. Disponível: http://www.planejamento.gov.br/lrf/conteudo/publicacoes/dicas.htm
61
O Orçamento Geral da União (OGU) é formado pelo Orçamento Fiscal, da Seguridade e pelo Orçamento de Investimento das
empresas estatais federais. A Constituição Federal de 1988 atribui ao Poder Executivo a responsabilidade pelo sistema de
Planejamento e Orçamento que tem a iniciativa dos seguintes projetos de lei:
O Projeto de Lei do PPA define as prioridades do governo por um período de quatro anos e deve ser enviado pelo Presidente da
República ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto do primeiro ano de seu mandato.
De acordo com a Constituição Federal, o Projeto de Lei do PPA deve conter "as diretrizes, objetivos e metas da administração
pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada". O
PPA estabelece a ligação entre as prioridades de longo prazo e a Lei Orçamentária Anual.
Para saber mais sobre o PPA 2004-2007 que tomou o nome de Plano Brasil - Um País de Todos, clique no endereço
www.planobrasil.gov.br.
O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deve ser enviado pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional até o dia 15 de
abril de cada ano. A LDO estabelece as metas e prioridades para o exercício financeiro subsequente; orienta a elaboração do
Orçamento; dispõe sobre alteração na legislação tributária; estabelece a política de aplicação das agências financeiras de fomento.
Com base na LDO aprovada pelo Legislativo, a Secretaria de Orçamento Federal elabora a proposta orçamentária para o ano
seguinte, em conjunto com os Ministérios e as unidades orçamentárias dos poderes Legislativo e Judiciário. Por determinação
constitucional, o governo é obrigado a encaminhar o Projeto de Lei do Orçamento ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto de
cada ano. Acompanha o projeto uma Mensagem do Presidente da República, na qual é feito um diagnóstico sobre a situação
econômica do país e suas perspectivas.
O governo define no Projeto de Lei Orçamentária Anual, as prioridades contidas no PPA e as metas que deverão ser atingidas
naquele ano. A Lei Orçamentária disciplina todas as ações do governo federal. Nenhuma despesa pública pode ser executada fora
do Orçamento, mas nem tudo é feito pelo governo federal. As ações dos governos estaduais e municipais devem estar registradas
nas leis orçamentárias dos Estados e municípios.
No Congresso, deputados e senadores discutem na Comissão Mista de Orçamentos e Planos a proposta enviada pelo Executivo,
fazem as modificações que julgam necessárias através das emendas e votam o projeto. A Constituição determina que o Orçamento
deve ser votado e aprovado até o final de cada Legislatura.
A Lei Orçamentária brasileira estima as receitas e autoriza as despesas de acordo com a previsão de arrecadação. Se durante o
exercício financeiro houver necessidade de realização de despesas acima do limite que está previsto na Lei, o Poder Executivo
submete ao Congresso Nacional projeto de lei de crédito adicional. Por outro lado, crises econômicas mundiais como aquelas que
ocorreram na Rússia e Ásia obrigaram o Poder Executivo a editar Decretos com limites financeiros de gastos abaixo dos limites
aprovados pelo Congresso. São chamados de Decretos de Contingenciamento em que são autorizadas despesas no limite das
receitas arrecadadas.
A Lei de Responsabilidade Fiscal, aprovada em 2000 pelo Congresso Nacional introduziu novas responsabilidades para o
administrador público com relação aos orçamentos da União, dos Estados e municípios, como limite de gastos com pessoal,
proibição de criar despesas de duração continuada sem uma fonte segura de receitas, entre outros. A Lei introduziu a restrição
orçamentária na legislação brasileira e cria a disciplina fiscal para os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
O Orçamento brasileiro tem um alto grau de vinculações - transferências constitucionais para Estados e municípios, manutenção do
ensino, seguridade social, receitas próprias de entidades, etc que tornam o processo orçamentário extremamente rígido. Esse
excesso de vinculações e carimbos ao Orçamento levou o governo federal a propor a DRU - Desvinculação de Recursos da União,
através de emenda constitutucional, o que irá trazer maior flexibilidade à execução orçamentária.
8. FISCALIZAÇÃO
O Tribunal de Contas da União (TCU) faz auditoria nas contas dos administradores
públicos vinculados à União. Os Tribunais de Contas Estaduais (TCEs) faz auditoria nas contas
dos administradores públicos vinculados ao Estado. Ex: Banrisul.10
As principais atribuições do TCE/RS estão destacadas no quadro abaixo:
Alguns municípios têm Tribunal de Contas próprio, por exemplo, a cidade de São Paulo.
Questões Conceituais:
1. Quando o governo gasta mais do que arrecada suas contas entram em déficit, que podem ser nominal
ou total, operacional, e primário. O que diferencia cada um deles.
2. O déficit do setor público pode ser financiado? Explique quais são as alternativas.
10
Para outras informações sobre o setor público federal, acessar o Tribunal de Contas da União
:http://portal2.tcu.gov.br/TCU e sobre o setor público estadual, acessar Tribunal de Contas Estadual:
http://www.tce.rs.gov.br/
63
3. É possível o setor público desempenhar todas as suas funções de maneira harmônica? Comente.
4. Cite e explique os dois princípios fundamentais da tributação.
5. A estrutura tributária pode ser regressiva, progressiva e proporcional. Explique o que significa cada
uma delas e diga qual é a predominante para o caso da economia brasileira.
O que veremos?
Valor adicionado, renda e dispêndio
Produto, renda e dispêndio: da economia fechada à economia aberta
Informações Conjunturais sobre o PIB no Brasil
Problemas com as medidas agregadas
Outras medidas: IDH e IDESE
A Renda Nacional é a soma dos pagamentos feitos aos fatores de produção que foram
utilizados para a obtenção do produto nacional.
EXEMPLO: Empresa agrícola que use trabalho, terra, máquinas e equipamentos, e capital de
giro = para produzir arroz e soja.
PRODUÇÃO RENDA
VT da produção de arroz 600 Total de pgtos de: w 800
VT da produção de soja 400 aluguel 80
Juros pagos 20
Lucro 100
Total 1000 Total 1000
Nesse nosso modelo simplificado de economia sem governo, sem formação de capital e
fechada não existem estoques, ou seja, a empresa vende tudo o que produz. Então,
Produção (PN) = Vendas (DN)
Como no agregado são excluídas as compras de bens intermediários, a empresa gasta
com pagamentos a fatores de produção tudo o que recebe pela venda de bens e serviços que
são os salários, juros, aluguéis e lucros.
Como os gastos das empresas com fatores de produção é a própria Renda Nacional,
segue que:
PN= DN= RN
Ou seja, são três diferentes óticas conceitualmente diferentes para medir a atividade
econômica, mas conduzindo ao mesmo resultado numérico.
Nesse sistema simplificado, todas as decisões partem das famílias. As empresas que
são de propriedade de seus acionistas são abstrações jurídicas, representado o local onde se
organiza a produção.
Bens e serviços
FAMÍLIAS
EMPRESAS
Fatores produtivos
O fluxo circular da renda pode ser analisado sob o ponto de vista do fluxo real (fluxo de
fatores de produção e fluxo de bens e serviços finais) ou de sua expressão em moeda - o fluxo
monetário.
O fluxo monetário é medido pelo dispêndio das famílias em bens e serviços finais
produzidos pelas empresas ou pela remuneração percebidas pelas famílias em troca dos
fatores de produção.
O fluxo monetário representa a contrapartida pelo fluxo real, i.e., pelo fornecimento de
bens e serviços, e serviços dos fatores de produção. A remuneração dos fatores de produção
constitui-se de: salários (w), juros (j), aluguéis (a) e lucros (l).
Pelo lado das famílias, proprietárias dos fatores de produção, trata-se de rendimentos;
pelo ângulo das empresas, representam custos de produção.
Até aqui consideramos que as famílias apenas consomem e que as firmas só produzem
bens que são consumidos pelas famílias (bens de consumo). Mas, consideraremos agora que
as famílias poupam e as empresas adquirem bens de capital. Disso, a necessidade de
introduzir dois novos conceitos:
CONCEITO DE POUPANÇA:
Poupança = parcela da renda não consumida no período, i.e., da renda gerada (w, j, a, l),
parte não é gasta em bens de consumo.
S= RN - C
onde C= Consumo Agregado
CONCEITO DE INVESTIMENTO:
I = PN – C
I = Ibk + ∆E
O CONCEITO DE DEPRECIAÇÃO:
O dispêndio passa a ser dividido agora em gastos com consumo e gastos com a
acumulação. Do total de produto e renda gerados, parte será destinada para os bens de
consumo final e outra para bens de consumo duráveis e investimentos.
O governo gasta suas rendas em: Consumo (C), Investimento (I), Transferências (Tr),
Subsídios (Sub).
IMPORTANTE:
- Se os gastos do Governo superaram a arrecadação: déficit primário ou fiscal;
- Se a arrecadação do Governo superar os gastos: superávit primário ou fiscal.
PN a custo de fatores (PNcf) = medido a partir dos valores que refletem os custos de
produção, a remuneração aos fatores (w + j+ a + l). Incluindo ainda os subsídios (Sub).
69
Outros ajustamentos na renda nacional que levam aos conceitos de Renda Pessoal e de
Renda Pessoal Disponível.
Renda Pessoal: quantias recebidas pelas famílias e empresas individuais,
Renda pessoal Disponível: montante de recursos financeiros de que as famílias e empresas
individuais podem dispor após o cumprimento de suas obrigações fiscais para com o governo.
Somam-se aqui as transferências do governo para a sociedade como por exemplo o
pagamento de aposentadoria.
SUBSÍDIOS
EMPRESAS GOVERNO
TRIBUTOS
FP
TRANSFERÊNCIAS
REMUNERAÇÃO
DOS FATORES TRIBUTOS
FAMÍLIAS
residentes no exterior. Da mesma forma que alguns residentes no país tem fatores de
produção que são utilizados em outros países.
PRODUTO INTERNO BRUTO = mede a renda que é produzida dentro das fronteiras
nacionais, não importando quem obtenha a renda.
RENDA LÍQUIDA DE FATORES EXTERNOS (RLFE): é a remuneração dos gastos dos ativos
pertencentes a estrangeiros. Divide-se em:
- RENDA ENVIADA AO EXTERIOR (RE): parte do que foi produzido internamente não
pertence aos nacionais, principalmente o capital e a tecnologia. A remuneração desses fatores
vai para fora do país, na forma de remessa de lucros, royalties, juros e assistência técnica.
- RENDA RECEBIDA DO EXTERIOR (RR): recebemos renda devido à produção de nossas
empresas operando no exterior. Assim:
RLFE = RR – RE
Teremos então o conceito de:
PRODUTO NACIONAL BRUTO (PNB): renda que pertence efetivamente aos nacionais,
incluindo a renda recebida de nossas empresas no exterior, e excluindo a renda enviada para o
exterior pelas empresas estrangeiras localizadas no Brasil. Portanto:
O Brasil bem como a quase totalidade dos países emergentes, inclui-se no primeiro caso, em
que o PIB supera o PNB, devido às altas remessas de juros, lucros e royalties aos
estrangeiros. Aqui, como a RLFE é negativa, ela é chamada de Renda Líquida Enviada ao
Exterior.
RE AO EXTERIOR
EMPRESAS GOVERNO
RESTO
DO
MUNDO
FAMÍLIAS
RR DO EXTERIOR
71
Resumo:
PIB = mede o total do valor adicionado produzido por firmas operando no país, independente
da origem de seu capital.
RIB = mede a contribuição dos fatores de produção independentemente da nacionalidade dos
possuidores desses fatores.
Preços a custos de fatores: (PIBcf: PIBpm – Ti + sub)
Preço de mercado: (PNpm: PNcf + Ti – sub)
PIL = PIB – d
RIL = RIB – d
PNB = (valor produção – valor dos consumos intermediários) + RLFE
RNB = soma das remunerações dos fatores de produção pagas a residentes.
A CONTABILIDADE SOCIAL
Os agregados macroeconômicos que discutimos até agora são calculados com base em
dois sistemas principais de contabilidade social: o Sistema de Contas Nacionais e a Matriz de
Insumo-Produto.
Os lançamentos das transações são feitos de acordo com o método das partidas
dobradas (débito e crédito).
Por exemplo:
Conta do produto interno bruto: temos no lado do débito o pagamento das unidades
produtivas aos fatores de produção, incluindo os impostos indiretos (menos os subsídios) e, no
lado do crédito, o que as empresas receberam dos agentes que adquiriram os bens e serviços
finais.
Conta da renda nacional disponível líquida: no lado do débito está como as famílias e o
governo utilizam a renda recebida e, no lado do crédito, as rendas recebidas pelas famílias e
72
pelo governo mais o resultado líquido dos recebimentos e das transferências com o exterior. Os
subsídios e a depreciação entram com sinal negativo.
Conta transações correntes com o resto do mundo: no lado do débito estão os gastos
dos não-residentes com os bens produzidos internamente (exportações CIF), os rendimentos e
as transferências recebidas do resto do mundo, bem como a poupança externa. No lado do
crédito, estão as compras realizadas por residentes de bens e serviços produzidos no exterior
(importações CIF) e os pagamentos e as transferências pagas aos não-residentes.
Produto Interno Bruto, Produto Interno Bruto per capita, população residente e deflator implícito
do PIB – 1999 a 2003
Para outras informações sobre o PIB brasileiro ver Indicadores IBGE. Contas Nacionais
Trimestrais. Indicadores de Volume. julho/setembro 2006 (disponível: http://www.ibge.gov.br).
75
Para exemplificar: se a esperança de vida no Brasil, em 2005, foi de 71,7 anos, o índice
de esperança de vida desse país será de:
71,7 – 25/85 – 25 = 0,7783
Depois de calculados os índices de cada dimensão, o IDH é obtido com a média
simples entre eles:
IDH = 1/3 (índice da esperança de vida ao nascer)
76
Aplicada a média entre os índices e encontrado um dado valor, pode-se classificar esse
valor do IDH da seguinte maneira:
0,0 ≤ IDH < 0,5 – baixo desenvolvimento humano.
0,5 ≤ IDH < 0,8 – médio desenvolvimento humano.
0,8 ≤ IDH ≤ 1,0 – alto desenvolvimento humano.
Além do IDH, foi desenvolvido em 1996 o índice de desenvolvimento humano municipal
(IDH-M), elaborado pelas equipes da Fundação João Pinheiro (FJP) e do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA) para um estudo sobre o desenvolvimento humano nos municípios
mineiros. Embora esse índice siga a mesma metodologia do IDH, houve a necessidade de
realizar algumas adaptações devido à disponibilidade de dados estatísticos. As principais
alterações foram: o PIB per capita e a taxa combinada de matrícula do IDH foram substituídos,
respectivamente, pela renda familiar per capita média do município e pelo número médio de
anos de estudo da população adulta (Rolim, 2005). O IDH-M é um índice aplicável a um
município ou a um grupo de indivíduos, diferindo, assim, do IDH no tamanho da área de
abrangência, pois este último é utilizado em grandes áreas como a de estados e de países.
Onde:
Portanto, assim como no IDH, as unidades geográficas podem ser classificadas pelos
índices (construídos dessa forma) em três grupos:
______________
1
Coredes: Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) - criados pela Lei nº 10.283, de
17 de outubro de 1994, os Coredes têm por objetivo a promoção do desenvolvimento regional,
harmônico e sustentável, através da integração dos recursos e das ações de governo na
região, visando à melhoria da qualidade de vida da população, à distribuição eqüitativa da
riqueza produzida, ao estímulo à permanência do homem em sua região e à preservação e
recuperação do meio ambiente.
Questões conceituais:
Questões Aplicadas:
1. Observe a seguinte passagem:
“Transformar crescimento econômico em bem-estar para todos é o grande desafio enfrentado pelos
diversos países e suas comunidades, na redução das desigualdades existentes nas sociedades
nacionais e entre elas”.
11
Alguns trabalhos realizados para o RS: MARIN e OTONELLI (2008), PICOLOTTO (2005), CONTERATO; SCHNEIDER;
WAQUIL (2008).
78
2. Um agricultor colhe um hectare de trigo e vende a um moleiro por $1,00. O moleiro transforma o trigo
em farinha, e depois vende a farinha a um padeiro por $3,00. O padeiro usa a farinha para fazer o pão, e
vende o pão a um engenheiro por $6,00. O engenheiro come o pão. Qual é o valor agregado por cada
pessoa? Qual é o PIB?
3. Considere uma economia que produz e consome pão e automóveis. A tabela a seguir contém dados
de dois anos diferentes.
Ano 2000 Ano 2010
Preço ($) Quantidade Preço ($) Quantidade
Automóveis 60.000,00 110 70.000,00 130
Pão 12,00 510.000 25,00 410.000
a) Tomando 2000 como ano-base, calcule as seguintes estatísticas: PIB nominal dos dois anos, PIB real
do ano de 2010 e taxa de crescimento real.
O Índice de Laspeyres, tendo 1990 como ano-base, foi de 120. Pergunta-se: qual é a taxa de
crescimento real do PIB no período? Explique.
79
O Que veremos?
Teoria das trocas internacionais
Taxa de Câmbio
Balanço de Pagamentos
Instrumentos de Ajuste dos Fluxos Externos
Organismos Internacionais
O princípio das vantagens comparativas sugere que cada país deva se especializar na
produção daquela mercadoria em que é relativamente mais eficiente (ou que tenha um custo
relativamente menor). Essa será, portanto, a mercadoria a ser exportada. Por outro lado, esse
mesmo país deverá importar aqueles bens cuja produção implicar custo relativamente maior
(cuja produção é relativamente menos eficiente). Desse modo, explica-se a especialização dos
países na produção de bens diferentes, a partir da qual concretiza-se o processo de troca entre
eles.
Sem comércio internacional, na Inglaterra são necessárias 100 horas de trabalho para a
produção de uma unidade de tecido e 120 horas para a produção de uma unidade de vinho.
Desse modo, uma unidade de vinho deve custar 1,2 unidades de tecido (120/100). Por outro
lado, em Portugal essa unidade de vinho custa 0,89 unidades de tecido (80/90). Se houver
comércio entre os países, a Inglaterra poderá importar uma unidade de vinho por um preço
inferior a 1,2 unidades de tecido, e Portugal poderá comprar mais que 0,89 unidades de tecido
vendendo seu vinho.
Assim, por exemplo, se a relação de troca entre o vinho e o tecido for de uma para uma,
ambos os países sairão beneficiados. A Inglaterra, em autarquia (produzindo e consumindo
sem comércio internacional), gastará 120 horas de trabalho para obter uma unidade de vinho.
Com o comércio com Portugal, poderá utilizar apenas 100 horas de trabalho, produzir uma
unidade de tecido e trocá-la por uma unidade de vinho, poupando, portanto, 20 horas de
trabalho que poderiam ser utilizadas produzindo mais tecidos, obtendo maior nível de
consumo. O mesmo raciocínio vale para Portugal: em vez de gastar 90 horas produzindo uma
unidade de tecido, poderia usar apenas 80 produzindo uma unidade de vinho e trocá-la no
mercado internacional por uma unidade de tecido, também economizando 10 horas de
trabalho.
Porém, tal teoria possui pressupostos bastante restritivos. Critica-se o modelo por não
fazer maiores considerações sobre a demanda e a estrutura de gostos e preferências dos
agentes. Resume-se a considerações estáticas, não dando atenção à evolução das estruturas
de oferta e demanda, bem como da relação de preço entre os produtos negociados no
mercado internacional.
Também a teoria moderna recebeu críticas em função de seu caráter estático e de suas
premissas por demais restritivas.
A teoria Estruturalista
têm a mesma consistência teórica dos modelos clássico e moderno e ainda devem ser melhor
testados. De modo geral, o livre comércio continua mostrando-se estaticamente a melhor
situação, porém percebe-se nessas teorias certa recuperação de idéias protecionistas, em
função da introdução de problemas relacionados à incerteza, a economias de escala e a
estruturas de mercado não concorrenciais.
Taxa de câmbio é o valor que uma moeda nacional possui em termos de outra moeda
estrangeira, ou seja, é a taxa pela qual duas moedas de países diferentes podem ser trocadas
(cambiadas). Outra definição: é o preço de uma unidade de moeda estrangeira em moeda
nacional.
Assim temos, por exemplo, que a taxa de câmbio do real (moeda nacional brasileira) em
relação ao dólar norte-americano (moeda nacional dos EUA) era, em outubro de 1994, de
aproximadamente 0,85 R$/US$, ou seja, cada um (1) dólar valia 0,85 reais. A cotação de real
em dólar também poderia ser expressa como sendo de aproximadamente 1,17 US$/R$, ou
seja, com um real poder-se-ia obter 1,17 dólares norte-americanos, que é o inverso de 0,85.
Deve-se tomar cuidado com a forma pela qual a taxa de câmbio está expressa. No Brasil,
costuma-se expressar a taxa de câmbio como sendo a quantidade de moeda nacional
necessária para comprar uma unidade de moeda estrangeira (no exemplo, 0,85 reais para 1
dólar). Em outros países, ela é expressa como a quantidade de moeda estrangeira necessária
para comprar uma unidade de moeda nacional (no exemplo, então seria 1,17 doláres para 1
real). Também em outubro de 1994, a taxa de câmbio entre o franco suíço e a libra inglesa era
de 2,05 SF/£, ou seja, eram necessários 2,05 francos suíços para se obter uma libra inglesa.
Através das taxas de câmbio, torna-se possível realizar as transações entre os países.
Se a mercadoria custa 100 marcos alemães, o importador brasileiro troca reais por marcos
alemães pela taxa de câmbio (0,55 R$/DM, no exemplo). Assim, trocaria 55 reais por 100
marcos, com os quais compra a mercadoria desejada. As taxas de câmbio são basicamente
determinadas através do mercado cambial.
Por outro lado, há agentes que oferecem dólares e procuram reais: os exportadores
brasileiros, os estrangeiros que querem investir no Brasil, os tomadores de empréstimo no
exterior, os turistas que trazem dólar para o Brasil.
Desse modo, compõe-se a demanda e a oferta por dólares e reais. Da mesma forma,
isso se realiza, no Brasil, com outras moedas (francos, marcos etc.) e no resto do mundo,
também em relação ao dólar e às diversas moedas nacionais. Em tese, o equilíbrio entre a
oferta e a demanda das diferentes moedas nacionais estabelece as taxas de câmbio, que são
os preços relativos entre as moedas nacionais, assim como as quantidades de moedas
nacionais transacionadas.
Entendendo como fundamento básico na variação das taxas cambiais a oferta e procura
de divisas estrangeiras, que, conforme dito acima, elevará ou reduzirá as taxas cambiais,
podemos entender a formação das taxas cambiais de acordo com o referido princípio basilar
econômico. No caso das transações de comércio exterior a oferta e procura de divisas
estrangeiras representam o movimento das operações exportação e importações efetuadas,
empréstimos, remessas e entrada de capital.
3. BALANÇO DE PAGAMENTOS
Débitos: Créditos:
Importações de Bens e Serviços Exportações de Bens e Serviços
Pagamentos de doações e Recebimentos de doações e inde-
indenizações nizações
Recebimentos de empréstimos
Pagamentos de capital Recebimento de reembolso de
emprestado capital
Reembolsos de capital a Vendas de ativos para
estrangeiros estrangeiros
Compras de ativos de
estrangeiros
Se essa conta for superavitária, o país estará recebendo recursos que podem ser
utilizados para pagar compromissos assumidos anteriormente (diminuição do endividamento
externo), para investimento do país no exterior (aumento do controle do país sobre
empreendimentos no exterior) ou para aumentar as reservas do país. Se tal conta for
deficitária, o país necessita de buscar investimentos no estrangeiro (aumentando o controle de
estrangeiros sobre emprendimentos no país), de contrair empréstimos no exterior (aumentando
o endividamento do país) ou de reduzir as reservas de divisas internacionais.
86
Por muito tempo, a Balança de Transações Correntes foi praticamente identificada com
a Balança Comercial. Com a crescente importância dos serviços e dos rendimentos de capital
(pagamentos de juros e remessas de lucros), a Balança de Transações Correntes passou a ser
assim decomposta:
No caso brasileiro, essa conta mostrou-se deficitária nos anos 70, com destaque para
1974, quando ocorreu o primeiro choque do petróleo e caíram os termos de troca. Na década
de 80, especialmente a partir de 1983, observou-se uma reversão neste quadro com o
surgimento de superavits significativos. Com a implementação do Plano Real, a balança
comercial passou novamente a apresentar saldos negativos, cenário que deve ser mantido por
mais alguns anos, caso não haja alteração significativa na condução da política econômica.
A.2.1. Transportes e Seguros — são o saldo das receitas e despesas efetuadas com fretes e
prêmios de seguros;
A.2.3. Rendas de Capital — são rendas referentes aos rendimentos de capital auferidos ou
pagos pelo país. Estão incluídos os juros pagos ao exterior por empréstimos ou
financiamentos recebidos de não-residentes (e os juros recebidos do exterior por empréstimos
ou financiamentos concedidos por residentes) em um momento anterior. Também estão
incluídos os lucros remetidos por empresas nacionais no exterior (crédito) e os lucros das
empresas estrangeiras no país (débito). Os lucros de empresas estrangeiras, que não foram
remetidos, também devem ser contabilizados como débito nessa conta, porém esses lucros
são considerados reinvestidos e significarão também uma entrada (crédito) na balança de
capital, na rubrica (re)investimentos de estrangeiros no Brasil;
A.2.4. Diversos — incluem o saldo de diversas transações como: dispêndios efetuados com
representações diplomáticas no exterior (e as transferências dos demais países para os gastos
de suas representações diplomáticas no país), recebimentos e pagamentos referentes a
royaltes, patentes, assistência técnica, comissões, aluguel de equipamentos, filmes.
C. Erros e Omissões — essa conta surge em função de equívocos existentes no registro das
operações do país com o exterior. Na verdade, inúmeras contas são registradas com valores
estimados, o que impede a equivalência perfeita entre os créditos e os débitos (mesmo
levando-se em consideração as transações compensatórias). Desse modo, esse item entra no
balanço de pagamento, a fim de cobrir os erros estatísticos cometidos e as transações não
registradas.
D.1. Variação de Reservas — registra a variação nos haveres em moeda estrangeira e ouro
possuídos em reserva pelo país. Desse modo, um deficit no balanço poderá ser coberto por
uma saída de divisas ou de ouro do país, ou seja, há uma variação negativa no volume de
reservas, indicada por uma conta credora no item variação de reservas. Se o balanço for
superavitário, haverá uma entrada de divisas, um aumento das reservas, indicada por um
débito.
D.3. Atrasados Comerciais — dizem respeito aos empréstimos que não foram pagos na
data de vencimento.
4. INSTRUMENTOS DE AJUSTE DO BP
Instrumentos Cambiais:
- Administração da taxa de câmbio
- Controle das operações cambais
Outros Instrumentos:
- Imposição de tarifas alfandegárias de proteção.
- Imposição de proteção não tarifárias.
- Fixação de quotas setoriais de comércio.
Questões conceituais:
2. Quando um país necessita aumentar o volume de exportações de determinado produto para importar
a mesma quantidade de bens em relação a outro país, pode-se dizer que:
a) há um incremento nas suas relações de troca
b) há estabilidade nos seus termos de troca
c) ocorreu aumento nos termos de troca entre eles
d) há uma deterioração nos termos de troca
e) os termos de troca nunca variam
5. Relação entre o valor de duas unidades monetárias, indicando o preço, em termos monetários
nacionais, da divisa estrangeira correspondente:
a) par- metálico
b) gold-points
c) pontos de compensação
d) relação de troca
e) taxa de câmbio
89
6. A recente crise financeira que se instalou no Brasil é fruto de sérios problemas externos e teve como
consequência a alteração do regime cambial (janeiro/1999). Atualmente o regime cambial é de:
a) Flutuação limpa.
b) Banda cambial explícita
c) Câmbio fixo
d) Câmbio flutuante com intervenção
e) Câmbio flutuante sem intervenção
Questões aplicadas:
1- São dados para uma economia hipotética os seguintes dados do Balanço de Pagamentos (em US$
milhões)
a) exportação de mercadorias: 5.000
b) importação de mercadorias: 6.000
c) donativos recebidos: 100
d) donativos enviados: 50
e) fretes pagos: 100
f) fretes recebidos: 50
i) amortizações pagas: 1.000
j) juros pagos: 500
k) investimento estrangeiro direto no país: 1.000
l) empréstimos recebidos do exterior: 1.000
m) remessa de lucros e dividendos: 500
Com estas informações elabore o Balanço de Pagamentos da economia hipotética.
2- Considere as seguintes operações realizadas entre residentes e não residentes num determinado ano
(em milhões de dólares):
i. o país exporta, recebendo à vista, mercadorias no valor de US$ 100 milhões;
ii. o país importa, pagando à vista, mercadorias no valor de US$ 110 milhões;
iii. ingressam no país, sob a forma de investimento direto, US$ 70 milhões em forma de bens de capital;
iv. ingressam no país, sob a forma de investimento de curto prazo, em moeda estrangeira, US$ 80
milhões;
v. o país paga ao exterior US$ 50 milhões sob a forma de juros e lucros;
vi. o país paga ao exterior US$ 10 milhões sob a forma de fretes;
vii. o país recebe de residentes no exterior um total de US$ 25 milhões;
viii. as empresas estrangeiras instaladas no país reinvestem US$ 5 milhões nesse país.
Com base nestas operações, construa o balanço de pagamentos e determine e interprete:
a) o saldo da balança comercial;
b) o saldo da balança de serviços;
c) o saldo na balança em transações correntes;
d) o saldo total do balanço de pagamentos.
Além disso, explique se a atual forma de financiamento do saldo das transações correntes será
prejudicial para o comportamento futuro do BP.
3 – Admita que as seguintes operações foram realizadas entre o Brasil e o exterior em um dado período:
a) Um grupo japonês realiza investimento de US$ 500 milhões em razão da privatização da Vale do Rio
Doce.
b) Companhias estrangeiras instaladas no Brasil remetem lucros de US$ 50 milhões ao exterior.
c) Uma agência de turismo brasileira efetua pagamentos a uma cadeia de hotéis norte-americana no
valor de US$ 20 milhões, referentes a serviços de hospedagem de turistas brasileiros.
d) Uma montadora francesa de automóveis investe US$ 100 milhões na construção de uma fábrica no
Paraná.
e) O Brasil importa, pagando à vista, US$ 180 milhões em automóveis coreanos.
f) O Brasil paga ao exterior US$ 50 milhões em fretes.
g) O Banco Central obtém empréstimo junto a um banco norte-americano a fim de financiar o pagamento
de juros vincendos no valor de US$ 80 milhões.
h) Uma companhia aérea norte-americana realiza uma compra à vista de aviões brasileiros no valor de
US$ 150 milhões.
90
i) Uma indústria brasileira de autopeças importa maquinário da Alemanha no valor de US$ 60 milhões,
financiados a longo prazo por um banco alemão.
Com base nessas informações:
a) Monte o BP.
b) Encontre o saldo da balança comercial, o saldo em transações correntes, o saldo da conta de capital e
financeira e o resultado do balanço de pagamentos.
Pede-se:
a) Qual a principal mudança nos resultados das contas do BP nesses diferentes anos? Explique.
b) A estrutura do BP mostra que a soma do saldo em transações correntes e do movimento de capitais
deve ser igual a zero (TC + K = 0 e, então, que TC = - K). Explique essa afirmação usando os resultados
do BP para 1994, 1998 e 2005.
91
Questões retiradas de concursos para Auditor Fiscal da Receita Federal (AFRF), Auditor Fiscal do
Tesouro Nacional (AFTN) e Banco Central do Brasil (BACEN):
2) (AFRF, 2002) Segundo o critério de partidas dobradas, o registro de toda transação internacional no
balanço de pagamentos
a) é realizado duas vezes, uma vez como crédito e uma vez como débito.
b) é realizado apenas uma vez como crédito ou débito, de acordo com a natureza da operação.
c) é realizado duas vezes na conta corrente ou na conta de capital.
d) é realizado simultaneamente na conta de transações correntes e na conta de capital em uma delas
como crédito, na outra como débito.
e) é realizado apenas uma vez, como débito ou crédito, em uma das contas do balanço de
pagamentos.
3) (AFRF, 2000) Sobre balanço de pagamentos, não se pode fazer a seguinte afirmativa:
7) (BACEN, 1998) Considere as seguintes operações realizadas entre residentes e não residentes num
determinado ano (em milhões de dólares)
I. o país exporta, recebendo à vista, mercadorias no valor de US$100 milhões
II. o país importa, pagando à vista, mercadorias no valor de US$ 110 milhões
III. ingressam no país, sob a forma de investimento direto, US$ 70 milhões em forma de bens de capital
IV. ingressam no país, sob a forma de investimentos de curto prazo, em moeda estrangeira, US$ 80
milhões
V. o país paga ao exterior US$ 50 milhões sob a forma de juros e lucros
VI. o país paga para o exterior US$ 10 milhões sob a forma de fretes;
VII. o país recebe de residentes no exterior um total de US$ 25 milhões;
VIII. as empresas estrangeiras instaladas no país reinvestem US$ 5 milhões nesse país.
Com base nestas operações, pode-se afirmar que o saldo do balanço comercial, o saldo do balanço de
serviços, o saldo do balanço de pagamento em conta corrente e o saldo total do balanço de pagamentos
são, respectivamente:
a) –80, -65, - 120, + 35
b) –10, -60, -45, +110.
c) –10, -65, -50, +105.
a) –80, -60, -115, +40.
e) + 80, +60, +165, +320.
ORGANISMOS INTERNACIONAIS
As grandes Guerras Mundiais, assim como os conturbados anos do período entre
guerras, provocaram enormes perturbações na economia de praticamente todos os países e,
por conseguinte, nas relações econômicas internacionais. Já ao final da II Guerra Mundial,
mostrava-se necessária a existência de um novo sistema monetário internacional.
Vários autores destacam que é mais fácil determinar o período em que o padrão ouro
chegou ao fim – 1914 do que a data efetiva de sua origem. O que se sabe é que não existia em
1870, mas operava plenamente em 1900. O Padrão-Ouro vigorou na sua forma original até
1914, início da Primeira Guerra Mundial: Nesse sistema, existia:
a) a unidade comum entre os países era o ouro. As moedas nacionais emitidas tinham,
portanto, o seu valor correspondente em ouro.
b) havia a conversibilidade das moedas em ouro.
Na prática isso significava que um padrão-ouro estabelecia uma paridade fixa entre
cada moeda e o preço do ouro, e, portanto entre as diversas moedas.
Durante o período entre as Guerras Mundiais não existiu nenhum sistema monetário
internacional. Os países adotavam taxas fixas ou flutuantes de acordo com suas
conveniências.
É importante destacar que nos anos imediatos após o fim da guerra (1919-23), as
paridades entre as principais moedas oscilaram de forma pronunciada. Isso estimulou as
autoridades de diversos países a buscar a volta da estabilidade obtida nos vinte anos
anteriores à guerra. Mas, as pressões inflacionárias em quase todos os países levaram à
escassez relativa de estoques de ouro. Para superar essa escassez o Comitê Financeiro de
Conferência de Genebra na Convenção de Gênova (1922), recomendou a adoção mundial do
padrão-ouro. Surgiu o sistema de câmbio-ouro (gold exchange standard), no qual os países
adotariam como reservas monetárias, além do ouro, outras moedas conversíveis.
Nesse período entre as duas grandes guerras, foram feitas algumas tentativas de
preservar a paz mundial e auxiliar o crescimento econômico. Foi criada a Liga das Nações que,
embora tivesse semelhança com a atual ONU, infelizmente fracassou.
Em 1930, foi criado o BIS (Bank For International Settlements), com sede na Basiléia,
Suíça, para administrar os pagamentos, relativos aos Acordos Young, devidos pela Alemanha
a título de reparação de guerra. A tradução de BIS é “Banco Internacional de Pagamentos”.
Sua principal finalidade era promover a cooperação dos principais bancos centrais do mundo
motivo por que ele é considerado Banco Central dos Bancos Centrais.
Tais eram as preocupações presentes nos últimos anos da II Guerra Mundial, quando
se via no comércio mundial um importante instrumento para potencializar o desenvolvimento do
mundo capitalista. Na Conferência de Bretton Woods, surgiram algumas propostas de
remodelagem do sistema monetário internacional. Dentre elas destacaram-se as do
economista inglês John Maynard Keynes e as de Henry White, secretário do Tesouro dos EUA,
que prevaleceu.
O Sistema de Bretton Woods foi definido em 1944 ao fim da II Guerra Mundial com o
objetivo de determinar as regras econômicas internacionais que deveriam vigorar no pós-
guerra. O Sistema de Bretton Woods consagrou a gestão de taxas de câmbio chamada de
padrão dólar-ouro, que procurava flexibilizar o Padrão-Ouro, base do sistema monetário
internacional anterior à I Guerra Mundial. Foi estabelecido o dólar como moeda internacional, e
essa era a única moeda que manteria sua conversibilidade em relação ao ouro, sendo as
outras moedas nacionais livremente conversíveis em dólar, a uma taxa de câmbio fixa (não
havia limitações à mobilidade de capital).
O dólar tinha uma paridade com o ouro e as demais moedas com o dólar. Porém, havia
a possibilidade de se reajustar a taxa de câmbio quando uma moeda nacional apresentava
uma tendência demasiadamente forte de se afastar do seu valor estabelecido em relação ao
dólar. Essa possibilidade de ajustamento, quando se verificasse um desequilíbrio fundamental,
era a principal distinção entre o sistema de Bretton Woods e o Padrão-Ouro.
Este paradoxo decorreu de um trabalho publicado por Triffin em 1960, e era a seguinte
questão: para que a expansão do comércio ocorresse, era necessário o crescimento das
reservas mundiais em dólares (a fim de não haver crises de liquidez internacional).
Essa injeção de liquidez se fazia a partir de déficits externos dos EUA. Se esses déficits
fossem, porém, sistemáticos, e se os ativos em ouro norte-americanos fossem constantes (na
verdade eram cadentes), a confiança na conversibilidade do dólar e, por conseqüência, a base
dos acordos de Bretton Woods ruiria.
Por outro lado, se não houvesse injeção de liquidez, o crescimento também não
ocorreria. Assim, o que se verificou foi um forte crescimento econômico, porém com uma
contínua perda de confiança no sistema.
A solução para o problema só poderia ocorrer depois que fosse sanado o déficit
comercial norte-americano. Na ausência de uma moeda universal, a solução para o problema
do dólar só poderia ocorrer por meio de modificações na paridade do dólar, o que significaria
alterar a relação dólar-ouro ou abandonar o sistema das taxas fixas de câmbio.
Originalmente, o valor dos DES foi definido em termos de ouro, mas à mesma paridade
do dólar, ou seja, cada unidade de DES equivaleria a 35 onças de ouro, e o estoque inicial foi
alocado entre os diversos países de acordo com suas quotas no Fundo Monetário Internacional
(FMI). Ou seja, os DES são emitidos pelo FMI e alocados entre os países-membro do Fundo na
proporção de suas quotas.
96
Mas, a partir de 1974, a paridade inicial de um para um com o dólar foi finalmente
alterada, para ser uma função de uma cesta de dezesseis moedas (com predominância do
dólar), e novamente em 1981 o valor dos DES foi redefinido como uma média ponderada das
paridades do dólar, marco alemão, iene, franco francês e libra esterlina.
O volume dos DES é controlado pelo FMI e não pode ser ampliado, a menos que haja
decisão favorável nesse sentido por parte de ao menos 80% dos países do Fundo.
A partir dessa época, a desvalorização da libra (1967), o mercado duplo de ouro (1968)
e as crises especulativas do final da década foram passos no caminho de destruição do
sistema montado em Bretton Woods.
Seu fim foi decretado por Nixon em 1971, com o rompimento da conversibilidade do
dólar em relação ao ouro. Desde então, seguiu-se um período de forte instabilidade, baseada
em taxas flutuantes de câmbio, depois de 1973. Houve uma grande desvalorização do dólar,
que, apesar de ainda ser a principal reserva internacional, perdeu importância, principalmente
em relação ao ien e ao marco alemão.
12
Para maiores informações sobre o Fundo Monetário Internacional, acessar International Monetary Fund:
http://www.imf.org/external/index.htm
97
O FMI tem sede em Washington, Estados Unidos. Seu capital é composto pelas quotas
constituídas pelos países associados, integralizadas em ativos de reservas (Direitos Especiais
de Saque) e em moeda nacional do país associado. Essa quota-parte é fixada em função do
peso econômico do estado, tendo em vista seu desenvolvimento industrial e sua participação
no campo financeiro internacional. Maiores quotistas: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Grã-
Bretanha e França.
O FMI não concede empréstimos. O país, para utilizar os recursos do FMI tem direito de
saque, isto é, a compra de divisas estrangeiras em troca de ouro ou de sua própria moeda
nacional, com o compromisso de recomprar a sua moeda em ouro ou em divisas conversíveis.
O Banco tem seu capital subscrito pelos países na proporção da sua importância
econômica. A partir desse capital, o Banco empresta com taxas reduzidas de juros para países
menos desenvolvidos, com o intuito de desenvolver projetos economicamente viáveis e
relevantes para o desenvolvimento desses países (especialmente projetos de infra-estrutura),
mas que não obtêm financiamento no setor privado. Além disso, o Banco também funciona
como avalista de empréstimos efetuados por capitais particulares para esses projetos.
A maneira como o Banco opera na maior parte dos programas é levantando recursos
junto ao mercado financeiro a taxas preferenciais e emprestando aos países a essas taxas,
acrescidas de uma margem para cobrir custos operacionais: desse modo, o Banco provê
crédito em condições preferenciais a países que dificilmente teriam acesso a essas condições
por meio dos mecanismos de mercado.
GATT
Alguns anos depois da Conferência de Bretton Woods, foi criado o GATT - Acordo Geral
de Tarifas e Comércio, cujo objetivo básico é a redução das restrições ao comércio
internacional e a liberalização do comércio multilateral.
Princípios Básicos
Mercado: Oferta e Demanda
Conceito de Elasticidade
Estrutura de Mercado
Princípios Básicos
O que
Economia Quanto
(Ciência Escassez Escolha Produzir
Como
Social) Para quem
- Escassez
- Custos
- Análise Marginal
1 ESCASSEZ
Em economia tudo se resume a uma restrição física – a lei da escassez, isto é, produzir
o máximo de bens e serviços com os recursos disponíveis de cada sociedade.
O conceito de escassez econômica deve ser entendido como a situação gerada pela
razão de produzir bens com recursos limitados, a fim de satisfazer as ilimitadas necessidades
humanas. Porém, somente existirá escassez se houver um demanda para a aquisição de bens.
Por que os bens são procurados. Um bem é demandado porque ele é útil. Daí surgem os
conceitos:
- Utilidade: a capacidade que um bem tem de satisfazer uma necessidade humana.
- Bem: tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana.
- Necessidade humana: qualquer manifestação de desejo que envolva a escolha de um bem
econômico capaz de contribuir para a sobrevivência ou para a realização social da pessoa.
Trocas Compensatórias:
Pessoas desejam mais do que
satisfazer mais de uma
pode ser satisfeito com recursos
Escolha necessidade significa satisfazer
disponíveis.
menos de outra.
2. CUSTO DE OPORTUNIDADE
Suponhamos uma economia em que haja certo número de pessoas, certa técnica de
produção, certo número de fábricas e instrumentos de produção e um conjunto de recursos
naturais. Considerem todos essas dados constantes.
Ao decidir “o que” e “como” produzir, o sistema econômico terá decidido como alocar ou
distribuir os recursos disponíveis entre as milhares de diferentes linhas de produção
possíveis.Para simplificar nossa análise, supomos que apenas dois bens deverão ser
produzidos: camisas e carros.
0 carros
À medida que se passa do ponto A para B e assim por diante, até F, está ocorrendo a
transformação de carros em camisas. Essa transformação não é física, significa apenas que
estão sendo transferidos recursos da produção de carros para a produção de camisas.
Ou então:
iguais na produção de camisas (10 milhões) levam a queda cada vez maior na produção de
carros.
Esse fenômeno dos custos crescentes surge à medida que se transferem recursos
adequados e eficientes de uma atividade para outra, em que eles se apresentam ineficientes e
inadequados. Aqui opera a chamada lei dos rendimentos decrescentes. Assim, se insistir
somente na produção de camisas, será necessário recorrer aos soldadores de chapas de aço
para passarem a pregar mangas de camisas.
- Eficiência
Bens
de I
A= capacidade ociosa
*A B = situação ideal
Bens de C
Teste para determinar a eficiência: veja se para produzir mais de um bem a economia deve produzir
menos de outro. Se a resposta for sim, então a economia está produzindo eficientemente e está
sobre a sua curva de possibilidades de produção.
- Crescimento Econômico
A CPP pode sofrer mudanças que ocasionarão o seu deslocamento para fora ou para
dentro. Aqui são destacados três principais fatores de deslocamento:
3. ANÁLISE MARGINAL
Análise marginal: análise dos benefícios e custos da unidade marginal de um bem ou insumo.
As pessoas desejam maximizar o máximo beneficio líquido (lucro).
Beneficio liquido = beneficio total (BT) – custo total (CT)
POIS,
BMg = aumento BT
CMg = aumento CT
Δ BT = BMg - CMg
Exemplo: Uma indústria moveleira está produz 30 jogos de cozinha a um custo de $ 30.000 e
as vende por $ 40.000. Se produzir a 31º, sua venda total será de $34.000 e seu custo total
será $ 32.500. Será que a indústria produzirá a 31º unidade?
OBS. A análise marginal, assim como problemas de otimização são ferramentas utilizadas no
estudo dos comportamentos de consumidores e de produtores..Segundo a teoria econômica
tradicional13, os consumidores sempre buscam a maximização de sua satisfação (ou utilidade)
ao consumir. Os produtores buscam maximizar seus lucros ou minimizar seus custos ao
produzir.
13
Existem muitas críticas à essa definição de comportamento maximizador da economia tradicional, dentre elas
pode-se citar Sen (1977; 1999).
103
15 A *B
*D
*C
10 E
0
57 59
8. O que fará com que a CPP se desloque para cima e para a direita? Comente.
9. Se o custo marginal de uma ação excede seu beneficio marginal, por que o beneficio liquido cairá?
Questões Aplicadas:
10. A IBM está produzindo 50 laptps a um custo de $50.000 e os está vendendo a $60.000. Se ela
produzir uma 51a unidade, sua venda total será igual a $62.000, e seu custo total será de $51.500. Será
que ela deve produzir a 51a unidade? Explique.
11. Se uma firma está sujeita aos custos e benefícios mostrados abaixo, quantas plantas deveria
construir? Comente.
12. Em uma ilha, um trabalhador pode produzir em uma hora um tapete ou duas cestas.
a) Qual o custo de oportunidade de um tapete?
b) Suponha que o trabalhador torne-se duas vezes mais eficiente, produzindo em uma hora dois tapetes
ou duas cestas. Como mudou o custo de oportunidade de um tapete?
13. A Empresa Justus Ltda treinou o administrador A por um custo de $ 40.000, e o administrador A vale
$ 80.000 para a Empresa. Mais tarde a Empresa tem a oportunidade de contratar o administrador B.
Esse administrador B custaria $ 40.000 para ser treinado, mas valeria $ 100.000. Porém, para contratar
o administrador B a Empresa deve demitir o funcionário A. Será que a Empresa deve contratar o
administrador B?
104
Escala de procura
A 3% a.a 100
B 6% a.a 80
C 9% a.a 60
D 12% a.a 40
E 15% a.a 20
15%
Curva de Procura
9%
3%
20 60 100 Q
105
2. OFERTA
A oferta é definida como a quantidade (Q) de bem ou serviço que um vendedor ou
produtor está disposto a oferecer a cada preço (P) e em determinado período de tempo, ceteris
paribus.
Escala de Oferta
ALTERNATIVAS TAXA DE JUROS REAIS VALORES OFERTADOS
(preço do dinheiro) (unidades monetárias)
A 15% a.a 100
B 12% a.a 80
C 9% a.a 60
D 6% a.a 40
E 3% a.a 20
15%
9%
Curva de Oferta
3%
20 60 100 Q
106
Se a análise for sob o enfoque da oferta, diversas causas, além do preço, podem
influenciar as quantidades ofertadas. Aperfeiçoamento das técnicas produtivas, redução dos
custos de produção, condições climáticas favoráveis ou concessão de subsídios ao produto,
certamente aumentarão as quantidades ofertadas, mesmo mantendo-se estável o preço. Por
outro lado, fatores como condições climáticas desfavoráveis ou aumento dos impostos sobre o
produto provocarão diminuição nas quantidades ofertadas.
D S
Preços
15%
12%
E
Pe 9%
6%
3%
S D
20 40 60 80 100
Qe Quantidade
107
Curva de Demanda
P Movimento
P0
Q Q0 Q
Curva de Oferta
P
P
P
P0
P0
P0
Q0 Q Q
108
Curvas de Demanda
Curvas de Oferta
Maior Demanda
Preços D1 S
D
P0 = Preço de equilíbrio
P1 Q0 = Quantidade de equilíbrio
ΔP P1 = Novo preço de equilíbrio
P0
D1 Q1 = Nova quantidade de equilíbrio
S
ΔQ D
Q0 Q1 Quantidade
Efeito do deslocamento da Demanda sobre o equilíbrio de mercado
Maior oferta
D S P0 = Preço de equilíbrio
Preços
S1
Q0 = Quantidade de equilíbrio
P0
S P1 = Novo preço de equilíbrio
ΔP
P1 Q1 = Nova quantidade de equilíbrio
S1 D
ΔQ
Q0 Q1 Quantidade
5. INTERVENÇÕES DE MERCADO
- Pisos de Preço: governo proíbe que o preço caia abaixo e certo valor.
Exemplo: piso salarial
6. O CONCEITO DE ELASTICIDADE
A noção de elasticidade é de fundamental importância na compreensão e análise dos
mercados de bens e serviços. Considerando o equilíbrio de mercado, ela mede o impacto
sobre a quantidade decorrente de alterações no preço (elasticidade-preço) do próprio bem e na
renda do consumidor (elasticidade-renda), por exemplo. Nesse sentido, foi visto que, a um
preço mais elevado, correspondia uma redução da quantidade demandada e, por outro lado,
um aumento da quantidade ofertada.
Elasticidade-preço da procura
Nesse sentido, sal é exemplo clássico de produto com procura inelástica e viagem de
turismo é um bem de demanda elástica.
Elasticidade-renda da procura
Elasticidade-preço da oferta
7. ESTRUTURA DE MERCADO
O comportamento de ofertantes e demandantes no mercado não é uniforme. Em
decorrência da própria dinâmica da economia capitalista, o poder dos diferentes agentes
econômicos é também diferenciado. Veremos a seguir as características básicas dos principais
tipos de mercado.
Concorrência perfeita:
- grande número de consumidores e ofertantes, tornando o mercado pulverizado de tal forma
que nenhum comprador ou vendedor tenha condições de influenciar os preços ou o
comportamento dos demais agentes;
- perfeito conhecimento do mercado, a começar pelo preço, por parte dos que o integram;
- perfeita mobilidade de recursos;
- ausência de entraves ao ingresso de novas empresas;
- homogeneidade de produtos.
Exemplos: feira livre, comércio varejista em geral.
Concorrência monopolística:
- grande número de empresas;
- fracas barreiras quanto ao ingresso e saída do mercado;
- pouca diferenciação dos produtos. Cada concorrente estabelece um produto único e
ligeiramente diferenciado pela marca, embalagem, publicidade. A diferença é subjetiva.
Exemplos: calças jeans, pizzarias, franquias, etc.
Oligopólio:
- pequeno número de empresas controla a quase totalidade do mercado;
- forte bloqueio à entrada de concorrentes;
- concorrência pela diferenciação de produtos;
- tendência à concentração de capitais através de fusões;
- tendência à formação de cartéis e à rigidez de preços.
Exemplos: indústria automobilística, de vidros, cimento, aço, pneumáticos, química,
petroquímica etc.
Monopólio:
- existência de uma única empresa produtora de bens e serviços para os quais, no curto prazo,
não existem substitutos próximos;
- barreiras legais, tecnológicas e econômicas ao ingresso de concorrentes no mercado;
- dimensões do mercado estabelecidas pela empresa via determinação prévia do volume de
produção e dos preços desejáveis;
- o lucro total da empresa é máximo para cada nível de produção e preço por ela estabelecido.
Exemplo: correios.
112
Monopsônio:
- uma única empresa compradora de determinado produto;
- preço determinado pelo comprador.
Exemplo: setor público na compra de produtos específicos.
Oligopsônio:
- poucas empresas compradoras;
- preço do produto determinado pelos demandantes;
- grande dificuldade de entrada no mercado para novos compradores.
Exemplo: indústria automobilística, fábricas de cigarros.
O mercado também cria algumas imperfeições que impedem o que se poderia chamar
de seu comportamento “natural”. Essas imperfeições estão relacionadas ao poder de mercado
e formas de atingi-lo ou mantê-lo. É o caso do truste, dumping e cartel.
O dumping se caracteriza pela venda de produtos a preços mais baixos que os custos,
com a finalidade de eliminar concorrentes e conquistar fatias maiores de mercado.
Questões Aplicadas:
1. Suponha que uma lei de controle de aluguéis force os aluguéis abaixo do seu preço de mercado.
Como os proprietários compensam s efeitos das leis de controle de aluguéis em seus ganhos?
Exemplifique.
2. Ao longo de um período de 5 anos, o preço dos aparelhos de TV aumentou 5%, e o preço de todos os
outros bens aumentou 12%. Durante o mesmo período, mais TVs foram vendidas. Isso apoia ou
contradiz a lei da demanda? Comente.
3. O preço de casas é tão alto que há uma falta de casas. Nem todos os que desejam comprar uma casa
poderão comprar uma. Essa afirmação está correta? Explique.
114
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