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D I S C I P L I N A Geometria Analítica e Números Complexos

Estudando a reta no plano

Autores

Cláudio Carlos Dias

Neuza Maria Dantas

aula

02
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
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Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Dias, Cláudio Carlos.


   Geometria analítica e números complexos / Cláudio Carlos Dias, Neuza Maria Dantas. – Natal, RN :
EDUFRN, 2006.

320 p.  : il

   1. Geometria analítica plana.  2. Geometria analítica espacial.  3. Números complexos.  I. Dantas,


Neuza Maria.  II. Título.

ISBN 978-85-7273-331-1 CDU 514.12


RN/UF/BCZM 2006/88 CDD 516.3

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação

N
esta aula, faremos uso de sistemas de coordenadas no plano (que você aprendeu
na aula 1 – Aprendendo a marcar pontos na reta, no plano e no espaço), para
estabelecer equações de retas. Isso permite o estudo de propriedades da reta
usando métodos algébricos, ao contrário da Geometria Plana, na qual isso era feito através
do método axiomático-dedutivo.
Ao longo da aula, deduziremos as equações mais utilizadas da reta. Além disso, trazemos
vários exemplos, atividades e exercícios. Em alguns exemplos, são feitas aplicações da
Geometria Plana; algumas atividades auxiliam você na descoberta de resultados que
serão confirmados na seqüência da aula, outras o conduzirão à demonstração de resultados
significativos; e os exercícios constituem parte importante, uma vez que auxiliam na fixação
dos conceitos e podem elucidar suas dúvidas. Ao final da aula, são dadas sugestões para a
resolução dos exercícios (atenção, não fique tentado a olhá-las! Ao contrário, tente chegar a
uma solução, e só em último caso recorra à nossa ajuda).

Objetivos
Ao final desta aula, esperamos que você esteja apto a: fazer uso
do conceito de declividade para o cálculo de ângulos de figuras
planas; reconhecer retas paralelas, perpendiculares, concorrentes
e coincidentes através de suas equações; usar apropriadamente
sistemas de coordenadas na resolução de problemas.

Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos 


Inclinação e declividade de retas

N
a disciplina Geometria Plana e Espacial, você aprendeu que por dois pontos distintos
no plano passa uma única reta. Acontece que em alguns problemas conhecemos
apenas um ponto por onde uma reta deve passar e uma direção a ser seguida, como
no importante problema de determinar a reta tangente a uma curva em um ponto dado (você
estudará isso na disciplina Cálculo I). Veremos aqui que é possível determinar a reta com
essas condições dadas.

Atividade 1
Em um plano coordenado, marque um ponto e por ele trace quantas retas
quiser. Em seguida, destaque um fato comum que distinga as várias retas.
sua resposta

Você deve ter percebido que a maneira mais natural de distingui-las é por meio de suas
inclinações em relação ao eixo positivo x . Procure observar isso no desenho que fez. Desse
modo, define-se: a inclinação de uma reta no plano é o ângulo, no sentido anti-horário,
que ela forma com o semi-eixo positivo x . Veja a Figura 1 a seguir.

 Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos


y

135°
30°
x
r2
r1

Figura 1 – Retas r1 e r2 e suas inclinações

Atividade 2
Reveja a Atividade 1. O que você observa? Constate que a inclinação de
qualquer reta, medida em graus, varia de 0º a 180º.

sua resposta

Na prática, ao invés de usarmos a inclinação de uma reta, utilizaremos sua tangente


trigonométrica, dita a declividade ou coeficiente angular da mesma, o que se torna mais
vantajoso devido às propriedades algébricas da tangente. Além disso, lembre-se de que, dado
um ângulo não reto entre 0º e 180º, ele tem uma única tangente, e, reciprocamente, dado um
número real, existe um único ângulo não reto entre 0º e 180º, cuja tangente é esse número.

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Nota: como tg 90º não existe como número real, segue-se que as retas verticais não têm
declividade. Por isso, daqui em diante, sempre que falarmos em declividade, estamos
excluindo-as.

Atividade 3
Faça uma figura da reta que passa pela origem e pelo ponto (1,1) e diga
sua inclinação e sua declividade. Faça o mesmo para a reta que passa pelos
 √ 
3
pontos (2,1) e 3, +1 .
3

Você deve ter percebido que a Atividade 3 sugere que dois pontos distintos de uma
reta determinam sua declividade. De fato isso ocorre: dados P1(x1,y 1) e P 2(x2,y 2) pontos
distintos sobre a mesma reta, tracemos por P1 uma paralela ao eixo x e por P2 uma paralela
ao eixo y, que se encontram no ponto Q(x2,y1), conforme ilustra a Figura 2.

y
P
y 2
2

y -y
2 1

P
y
1 α
1 Q

α
x x x
1 2

x -x
2 1

Figura 2 – Reta passando por P1 e P2 com inclinação α

4 Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos


Observe que os ângulos assinalados são os mesmos, por serem correspondentes.
Assim, a declividade da reta é:

cateto oposto P2 Q y 2 − y 1
m = tgα = = =
cateto adjacente P1 Q x2 − x1

O que acabamos de fazer foi demonstrar a seguinte proposição.

Proposição  – Sejam P1(x1,y1) e P2(x2,y2) pontos distintos sobre uma reta com

declividade m, então: y2 − y 1
m=
x2 − x1

Nota: o denominador (x 2–x 1) na Proposição  é sempre diferente de zero, uma vez que a
reta, por ter declividade, é não vertical.

Paralelismo e
perpendicularismo de retas

Atividade 4
Considere a reta que passa por (0,0) e (1,1) e a que passa por (1,0) e (0,-1).
Calcule suas declividades.
sua resposta

Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos 5


São as mesmas não é? Conclua que as retas são paralelas. Isso não é privilégio desse
exemplo, como veremos agora.

Consideremos a seguir duas retas paralelas com inclinações α1 e α2.

Observe que os ângulos α1 e α2 são correspondentes, logo, α1 = α2, em particular,


tg α1 = tg α2, isso diz que as declividades são as mesmas.

Por outro lado, se tivermos tg α1 = tg α2 como α1 e α2 variam de 0º a 180º, então


α1 = α2, isto é, as retas têm a mesma inclinação, logo, são paralelas. Isso demonstra a
seguinte proposição.

Proposição 2 – duas retas são paralelas se, e somente se, têm a mesma
declividade. Em símbolos: sejam r1 e r2 retas no plano com declividades m1 e
m2, respectivamente, então:
r1 //r2 ⇔ m1 = m2

Exemplo 1
Mostre que num triângulo qualquer a reta que passa pelos pontos médios de dois de
seus lados é paralela à reta que contém o terceiro lado.

Nota – Esse resultado foi demonstrado na aula 5 da disciplina Geometria Plana e Espacial.

Você é convidado a confrontar a demonstração feita na aula 5 daquela disciplina com a


que apresentaremos a seguir.

Solução
Como não são estabelecidas coordenadas, vamos escolhê-las a fim de simplificar a
solução. Para tanto, sejam A, B, C os vértices do triângulo e o sistema de coordenadas,
de modo que A seja a origem e o eixo x contenha o lado AB, conforme mostrado na
Figura 3 seguinte.

y C(b,c)

M M

A(0,0) B(a,0) x

Figura  – Os pontos médios M e M’ de AC e BC

6 Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos


   
b c a+b c
Sejam M , e M , as coordenadas dos pontos médios dos lados AC
2 2 2 2
e BC, respectivamente. Desse modo, a declividade m da reta que passa por M e M’ é :

c c

m = 2 a 2 = 0,
2

que é a mesma da reta que passa por A e B. Donde MM’ é paralelo a AB. Além disso,
a 1
M M  = = AB conforme você pôde constatar
2 2

Atividade 5
Trace a reta que passa pelos pontos (0,0) , (1,2) e a que passa pelos pontos (0,0)
e (-2,1). Verifique que elas são perpendiculares. Calcule suas declividades.

sua resposta

1
O que você observou? Que elas têm declividades 2 e − , respectivamente, não é
2
mesmo? Isto é, a declividade de uma delas é o inverso do simétrico da outra. Novamente, isso
não é privilégio do exemplo considerado. É o que demonstraremos na seguinte atividade.

Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos 7


Atividade 6
Acompanhe atentamente os passos seguintes.

Passo 1 – Sejam r 1 e r 2 retas perpendiculares com declividades m1 e m 2 ,


respectivamente. Trace, passando pela origem, retas r1 ’ e r 2’ com
r1’ paralela a r1 e r 2’ paralela a r 2 . Conclua que r1’ e r 2’ são também
perpendiculares e têm declividades m1 e m 2’ respectivamente.

Passo 2 – Verifique que o ponto P(1,m1) pertence a r1’ e que o ponto


Q(–1, –m 2) pertence a r 2’. Veja na Figura 4 a seguir.

Q ({1,{m2)

P (1,m1)

{1 O 1 x

r1
r2

Figura 4 – Retas r’1 e r’2 perpendiculares

Passo 3 – Use o Teorema de Pitágoras no triângulo OPQ,


2 2 2
retângulo em O, para obter P Q = OQ + OP , ou seja,

22 + m21 + 2m1 m2 + m22 = 1 + m21 + 1 + m22 que dá m1m 2 = –1 ou


1
m2 = − . Conclusão: r 1 perpendicular a r 2 , então, a declividade de r 2 é o
m1
inverso do simétrico da de r 1.

1
Passo 4 – Para a recíproca, parta de m2 = − m . Reverta todas as
1
igualdades do Passo 3 para chegar a 22 + (m1 + m2 )2 = 1 + m21 + 1 + m22
2 2 2
o que significa P Q = OP + OQ Assim, o triângulo OPQ satisfaz ao
Teorema de Pitágoras, logo, é retângulo em O. Portanto, as retas r 1’ e r 2’ são
perpendiculares, o mesmo acontecendo com r 1 e r 2 .

 Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos


Toda essa discussão pode ser resumida na seguinte proposição.

Proposição 3 – Duas retas são perpendiculares se, e somente se, a declividade


de uma delas é o inverso do simétrico da outra.
Em símbolos: se r 1 e r 2 são retas com declividades m 1 e m 2, respectivamente, então,

1
r 1 ⊥ r2 ⇔ m2 = −
m1

Exercícios

Marque em um plano cartesiano os pontos A(2, 4); B(–3, 1);


 C(5, –2); D(10, 1) e verifique que eles são os vértices de um
paralelogramo.

Se A e B têm coordenadas (1, 2) e (–3, 5) respectivamente, ache


2 o quarto vértice do paralelogramo do qual OA e OB são lados
adjacentes, em que O(0, 0) é a origem do sistema de coordenadas.

Encontre os ângulos do triângulo cujos vértices são os pontos A(0, 0);


 B(4, 1); C(2, –3).

Verifique que os pontos A(0, 4); B(–6, –2); C(4,0) são vértices de
4 um triângulo retângulo.

Mostre que os pontos médios dos lados de um losango são vértices


5 de um retângulo.

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Equações da reta
Seja (x, y) um ponto qualquer sobre a reta que passa por (x 0, y 0) com declividade m.
Vimos no tópico Inclinação e declividade de retas, desta aula, que:
y − y0
= m, ou seja, y − y 0 = m(x − x 0),
x − x0

a qual é chamada de equação reduzida da reta.

Nota – Isso significa que se (x, y) pertence à reta, ele satisfaz essa equação e vice-versa.
No caso em que a reta é vertical e passa por (x 0, y 0), um ponto (x, y) pertence a ela se, e
somente se, x = x 0 (que é sua equação).
Note que a equação reduzida pode ser escrita sob a forma y = mx +b, sendo b = y 0 – mx 0.

Atividade 7
Dê as coordenadas de cinco pontos distintos sobre a reta de equação y = 2x + 1.
Verifique se os pontos de coordenadas (0, 1); (−3, 5) e (10, 1) estão sobre ela.
sua resposta

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Atividade 8
Desenhe uma reta paralela ao eixo x e descubra sua declividade. Qual
é sua equação?

sua resposta
Atividade 9

Escreva a equação reduzida da reta que passa pelo ponto P(1, –2) e é perpendicular
1
a uma reta com declividade − . E, se ao invés de perpendicular, ela for paralela?
2
Faça o mesmo para o caso geral, isto é, quando P(x 1, y1) e a declividade for m. sua resposta

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Exemplo 2
Mostrar que as mediatrizes de um triângulo se encontram em um mesmo ponto.

Solução
Sejam A, B e C os vértices do triângulo, escolhamos o sistema de coordenadas, de
modo que o eixo x contenha o lado AB e o eixo y seja a mediatriz do segmento AB, conforme
mostramos na Figura 5.

C(b,c)
y

M M

A(-a,0) 0 B(a,0) x

Figura 5 – Mediatrizes de um triângulo


   
a+b c  b − a, c
Os pontos O(0, 0), M 2
,
2 e
M marcados na Figura 5 são os
2 2
pontos médios dos lados AB, BC e AC, respectivamente. Como as mediatrizes passam

por esses pontos e são perpendiculares aos respectivos lados, suas equações são:
x = 0, que é o eixo y

c a−b a+b
y− = x−
2 c 2
 
c a+b b−a
y− =− x−
2 c 2

Fazendo x = 0, na segunda e terceira equações, obtemos, para y, o mesmo valor:


 
c a2 − b2 c a2 − b2
y= − . Isso mostra que as mediatrizes se cortam no ponto D 0, − .
2 2c 2 2c

Exemplo 3
Considere a seguinte situação problema.
Duas empresas de táxi praticam preços diferenciados. A empresa EAD cobra
R$1,80 por quilômetro rodado mais uma bandeirada de R$3,00. Enquanto a empresa
DAE cobra R$1,90 por quilômetro rodado e uma bandeirada de R$2,00. Em qual das
empresas você pegaria um táxi?

12 Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos


Nota – A bandeirada é uma taxa inicial cobrada em qualquer corrida de táxi.

Solução
Se x é a quantidade de quilômetros rodados e y é o valor cobrado pela corrida de táxi,
então, as empresas EAD e DAE cobram, respectivamente, segundo as equações, y = 1,8x + 3
e y = 1,9x + 2, as quais representam retas ilustradas na Figura 6 seguinte.

empresa DAE empresa EAD

21

3
2

10 x

Figura 6 – Modelo geométrico da corrida de táxi

Como você pode verificar, as retas se interceptam no ponto (10, 21). Além disso, de
0 até 10 km, a reta que representa a empresa EAD está acima da que representa a empresa
DAE e, depois de 10 km, a situação se inverte.

Conclusão
n   entre 0 e 10 km, a empresa DAE é a mais vantajosa;

n   acima de 10 km, a vantagem passa a ser da empresa EAD;

n  se a corrida é de exatamente 10 km, tanto faz uma empresa como a outra: o valor da
corrida é R$ 21,00.

Dada uma equação de grau 1 em x e y, a saber ax + by + c = 0, se b = 0, ela


c
representa a reta vertical x = − (como a equação é de grau 1, necessariamente, a ≠ 0 ).
a
Se b ≠ 0, temos que:
a c
y =− x−
b b
a  c
y = − e passando pelo ponto 0, − do eixo y.
que é a equação de uma reta com declividade
b b
Verifique isso!

Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos 13


Em síntese, qualquer reta tem uma equação do tipo ax+by+c = 0 e,
reciprocamente, qualquer equação desse tipo representa uma reta.

Exemplo 4
Considere esta situação problema.
Os irmãos Renata, Thales e Gabriel têm apenas moedas para saldar suas dívidas.
Renata tem 120 moedas, as quais são de 25 ou 50 centavos. As moedas de Thales são de 50
centavos ou 1 real, sendo que a quantidade das primeiras somadas ao dobro da quantidade
das segundas totalizam 130 moedas. Gabriel tem somente moedas de 10 ou 50 centavos,
sendo que o número das de 10 centavos mais o quíntuplo das de 50 centavos somam 300
moedas. As dívidas dos mesmos são, respectivamente, 50, 90 e 30 reais. De quantos modos
eles podem quitá-las?

Solução
A situação de cada irmão é descrita pelos sistemas de equações a seguir.

x + y = 120
Renata(R):
0, 25x + 0, 50y = 50

x + 2y = 130
Thales(T):
0, 50x + 1, 00y = 90

x + 5y = 300
Gabriel(G):
0, 10x + 0, 50y = 30

Em cada sistema, x denomina-se o número de moedas de menor valor e y, o número


das de maior valor. Cada sistema pode ser reescrito como:

x + y = 120 x + 2y = 130 x + 5y = 300


(R): ; (T): ; (G):
x + 2y = 200 x + 2y = 180 x + 5y = 300

Traduzindo os sistemas anteriores em termos de reta, temos que em:


(R) as retas são concorrentes, logo o sistema admite uma única solução;
(T) as retas são paralelas, logo o sistema não admite solução;
(G) as retas são coincidentes, logo o sistema admite uma infinidade de soluções.

14 Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos


Mais especificamente:

n Renata saldará a dívida de um único modo: com 40 moedas de 25 centavos e 80 de 50


centavos;

n Thales não poderá saldar sua dívida de forma alguma;

n Gabriel poderá saldar suas dívidas de várias formas.


Descreva pelo menos três formas diferentes com as quais Gabriel pode pagar sua dívida.

Atividade 10

ax + by = c
Dado o sistema de equações lineares com a, b, d e e
dx + ey = f
não nulos.
Estabeleça as relações entre os coeficientes das equações para que as
retas sejam:

a) concorrentes: o sistema admite uma única solução;

b) paralelas: não existe solução para o sistema;

c) coincidentes: o sistema apresenta uma infinidade de soluções.


sua resposta

Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos 5


Continuando os exercícios
Determine a equação da reta que passa pelo ponto (2,3) e tem
6 inclinação de 135º.

7 Encontre a reta que passa por (−1,−2) e é paralela:


a) ao eixo x ;
b) ao eixo y ;
c) à reta de equação 2x−4y−1=0.
   
7 5
 Mostre que os pontos 0,
2
; (−5,1) e −2,
2
são colineares.

Verifique que para todo valor real de k , as retas y+kx+k−1=0


9 passam todas pelo mesmo ponto. Que ponto é esse?

Dadas as retas 3x−2y−1=0 e kx+4y−5=0 determine k para


0 que as mesmas sejam:
a) paralelas;
b) perpendiculares

Ache a equação de uma reta de declividade −2 que intercepta a reta


 x−y+3=0. Quantas retas distintas existem satisfazendo essas
condições?

Determine os vértices do triângulo cujos lados estão contidos nas retas:


2 x−y+1=0, 2x+y+2=0 e 2x+3y+4=0.

Uma reta que não passa pela origem intercepta os eixos coordenados
 nos pontos (a,0) e (0,b). Mostre que sua equação pode ser escrita sob
x y
a forma + = 1. Esta é a chamada equação segmentária da reta.
a b

6 Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos


Calcule a área do triângulo formado pela reta de equação 2x−3y+4=0
4 e os eixos coordenados.

5 Ache a área do triângulo de vértices A(−1,1); B(1,−2) e C(3,3).

Distância de um ponto a uma reta


Dados uma reta r e um ponto P não pertencente a ela, tente descobrir a menor distância
de P aos pontos de r.
É fácil! Para tanto, trace por P uma perpendicular a r, que a intercepta em Q, e tome R
um ponto qualquer de r (veja a Figura 7 a seguir).

R Q r

Figura 7 – A distância de P a r

Examinando atentamente a Figura 7, você observou que P R é a hipotenusa de um


triângulo retângulo, sendo P Q um cateto, logo, P R > P Q.
Conclusão: P Q é a menor distância de P aos pontos da reta r. Isso nos conduz à
seguinte definição.

A distância de um ponto P a uma reta r, que não passa por P, é o comprimento


do segmento P Q onde Q é o pé da perpendicular traçada de P à r.

Nota – Essa definição foi dada na aula 5 da disciplina Geometria Plana e Espacial.
Seria interessante obter uma fórmula para a distância de um ponto P(x 0, y 0) a uma
reta r em função das coordenadas de P e dos coeficientes a , b, c da equação ax+by+c=0
da mesma. Isso é perfeitamente possível e é o que faremos a partir dos seguintes passos.

Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos 7


Passo 1 – Considere inicialmente o caso em que a ≠ 0, isto é, em que a reta não é horizontal,
o que permite traçar por P uma paralela ao eixo x a qual encontra r em R(x1,y0).
Passo 2 – O ângulo α indicado na Figura 8 a seguir é a inclinação de r ; por quê?

y
P ax + by + c = 0
y0
R

P c
b

R
c O x0 x1 x
a

Figura 8 – A distância P Q de P à reta de equação ax + by + c = 0

Traçando o segmento P Q perpendicular à r em Q, o triângulo PQR é retângulo em


Q, e segue-se que P Q = P R · senα .

Passo 3 – Para o cálculo de P R observe que como R pertence à reta r, então, ax1+by0 +c=0,
b c
o que dá x1 = − y0 − . Desse modo,
a a
 
 b c  |ax0 + by0 + c|
P R = |x1 − x0 | = − y0 − − x0  =

a a |a|
OP 
Passo 4 – Olhando para o triângulo retângulo OP’R’, vemos que senα =   Mas,
c PR
OP  =   , b ≠ 0 e
b
  �   
2 a2 + b2
c 2 c2 c  c √ 2 |c| √ 2
P  R = + = =   a + b 2 = . a + b2
b2 a2 a2 b2 ab |a||b|
|a|
Assim, senα = √
a2 + b2

Passo 5 – Voltando ao Passo 2, em que encontramos P Q = P R.senα, substituindo os


|ax0 + by0 + c|
valores de P R (Passo 3) e de sen (Passo 4), obtém-se P Q = √ . Em resumo,
a2 + b2
|ax0 + by0 + c|
se a distância de P a r é denotada por d(P, r), então, d(P, r) = √ . Note que se
a2 + b2
P pertence à reta r, então d(P, r)=0 e ax 0 +by0 +c=0. Donde se conclui que a fórmula
anterior vale para qualquer ponto P do plano. No caso em que a =0, faça uma figura e
|by0 + c|
conclua que d(P, r) = que é a fórmula anterior para a =0.
|b|

18 Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos


Atividade 11
Deduza, de outro modo, a fórmula anterior seguindo os passos descritos a
seguir.
Passo  – Determine a equação da reta que passa por P e é perpendicular à r.
Passo 2 – Encontre o ponto Q de interseção da reta anterior com r, resolvendo
o sistema constituído pelas equações das mesmas.
Passo  – Calcule o comprimento do segmento P Q e observe que
d(P, r)
r) = P Q

sua resposta
Continuando os exercícios

Calcule a distância entre as retas paralelas de equações x–2y=3


6 e 2x–4y=1. Faça uma ilustração.

Encontre a equação de uma reta cuja distância à reta r de equação


7 2x+y=3 vale 4 unidades. Ilustre sua conclusão.

Ache uma reta cujos pontos são eqüidistantes das retas concorrentes
 r e s de equações x+y+1=0 e x+3y –2 = 0, respectivamente. Qual
a natureza geométrica da reta que você encontrou?

Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos 9


Resumo
Nesta aula, você viu que retas paralelas e perpendiculares podem ser
reconhecidas a partir de suas declividades, isto é, da tangente do ângulo que
formam, no sentido anti-horário, com o semi-eixo positivo x. Além disso,
constatamos que por um ponto do plano passa uma única reta tendo como
declividade um número real dado. Estabelecemos, em termos dos coeficientes
da equação de uma reta, uma fórmula que serve para calcular a distância de um
ponto a uma reta.

Auto-avaliação
Como você identifica retas paralelas em Geometria Plana? E em Geometria
1 Analítica?

2 Faça o mesmo que na questão 1 anterior para retas perpendiculares.

Liste pelo menos dois resultados de Geometria Plana envolvendo paralelismo.


3 Demonstre-os usando primeiro Geometria Plana, em seguida, usando Geometria
Analítica. Qual das demonstrações você acha menos trabalhosa?

4 Faça o mesmo que na questão 3 anterior envolvendo perpendicularismo.

Como você define bissetriz de um ângulo em Geometria Plana? Como construí-la?

5 E em Geometria Analítica, como defini-la? Como achar sua equação?

20 Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos


Sugestões para a resolução dos exercícios
1.  Um quadrilátero é um paralelogramo se, e somente se, seus lados opostos são paralelos.

2.  Se C é o quarto vértice, então, BC//OA e AC//OB.

3.  Faça uma figura e observe que:


←→ ←→

 =“declividade de AB” + “180o − declividade de AC”


←→ ←→

B̂ = “declividade de BC” − “declividade de AB”

C= “180º – (A+B) ”
←→

Nota – XY representa a reta que passa pelos pontos distintos X e Y.

←→ ←→
2 2 2
4.  Mostre que conseqüentemente BC = AB + AC .

5.  S
 e A, B, C e D são seus vértices, adapte um sistema de coordenadas, em que o lado
AB está sobre o eixo x. Sejam F, G, H e I os pontos médios dos lados AB, BC, CD
←→ ←→ ←→ ←→ ←→ ←→ ←→ ←→

e AD, respectivamente. Mostre que , , e .


Lembre-se de que num losango todos os lados são iguais e, conseqüentemente, os
lados opostos são paralelos.

6.  Aplicação imediata da equação y–y 0 =m(x–x 0) sendo m a declividade da reta e


P(x 0,y 0), um ponto por onde ela passa.

7.  Retas paralelas têm a mesma declividade.

8.  Pontos colineares estão sobre uma mesma reta.

9.  Mostre que o ponto (–1,1) pertence a todas as retas.

10.  R
 etas paralelas têm declividades iguais e em retas perpendiculares, a declividade de uma
delas é o simétrico do inverso da declividade da outra.

11.  E scolha um ponto sobre a reta de equação x–y+3=0 e imponha a condição da reta
pedida passar por ele. Como existe uma infinidade de pontos sobre uma reta, então,
existem infinitas retas satisfazendo as condições estipuladas.

12.  Cada vértice do triângulo é a interseção de duas dessas retas.

Aula 02 Geometria Analítica e Números Complexos 21


13.  E ncontre sua declividade e trabalhe sua equação reduzida para escrevê-la sob a
forma pedida.

14.  E ncontre os pontos em que a reta corta os eixos coordenados e lembre que o triângulo
formado é retângulo.

15.  T ome o lado AB como base e lembre-se de que a altura que parte do vértice C para AB
é dada por d(C,r), em que r é a reta que contém o lado AB.

16.  Lembre-se de que a distância entre duas retas paralelas é igual à distância entre um
ponto de uma delas à outra.

17.  A reta pedida deve ser paralela à reta r. Logo, se ela passa por P(0,y 0), sua equação é
y –y 0 =–2x . Imponha a condição de ser d(P,r)=4, para obter valores para y 0 . Você
deve encontrar duas retas. Explique, geometricamente, o porquê.

18.  E ssa reta é qualquer uma das duas bissetrizes dos ângulos formados pelas retas r e s
dadas. Seja y=mx+b a equação da reta procurada. Imponha a condição de que, se
P(x,y) está sobre essa reta, então, d(P,r)=d(P,s). Para determinar m e b, atribua
dois valores distintos a x na equação anterior para obter dois pontos P diferentes.

Referências
LIMA, Elon Lajes et al. A matemática do ensino médio. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira
de Matemática, 1998. 3 v.

RICHARD, Courant; ROBBINS, Herbert. O que é a matemática? Rio de Janeiro: Ciência


Moderna, 1976.

VANCE, Elbridge P. Introducción a la matemática moderna. São Paulo: Fundo Educativo


Interamericano, 1968.

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Anotações

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Anotações

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