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UTILIZAÇÃO DA TONFA PELO OFICIAL DA POLÍCIA MILITAR

EM EVENTOS ESPECIAIS: O CMT DE PATRULHA TAMBÉM


DEVE PORTAR A TONFA?

ALDEN JOSÉ LÁZARO DA SILVA

ALDENOR SILVA FILHO

MAIO – 2009

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UTILIZAÇÃO DA TONFA PELO OFICIAL DA POLÍCIA MILITAR EM EVENTOS
ESPECIAIS: O CMT DE PATRULHA TAMBÉM DEVE PORTAR A TONFA?

ALDEN JOSÉ LÁZARO DA SILVA

ALDENOR SILVA FILHO

Resumo:Este artigo tem como objetivo refletir sobre as práticas policiais


militares decorrentes do uso da força. O tema invoca a multidisciplinaridade do
conhecimento com enfoque no uso da Tonfa pelo cmt de patrulha. O estudo foi
sistematizado em duas partes: a primeira contextualiza a função policial, uso da
tonfa no serviço policial e seu histórico no Brasil, possibilidades e limitações;
na segunda parte são apresentadas algumas sugestões;

Palavras-chave: tonfa, muitidisciplinaridade, uso legal da força, arma não-letal,


treinamento, ensino continuado.

“A defesa da agressão inicia-se antes que esta se concretize, precisamos


educar o policial a estar sempre preparado, para que ele possa, através
de treinamento, melhorar a sua capacidade de antever e prever uma
situação de risco ou agressão”.

1. Introdução

A Polícia Militar, na qualidade de instituição responsável pelo


policiamento ostensivo destinado à preservação da ordem pública, enfrenta o
árduo desafio de proteger os cidadãos contra a violência em suas diversas e
modernas acepções.

Assim, para atender às crescentes exigências sociais na área da


segurança pública, é indispensável o desenvolvimento, aperfeiçoamento e
implantação de táticas e técnicas policiais de alto nível, possibilitando o
exercício eficaz, eficiente e efetivo do policiamento.

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O policial militar passou a exercer funções que extrapolam sua singular
condição de guardião da sociedade. Hoje ele aconselha, orienta, assiste,
socorre e, principalmente se insere em todas as camadas de nossa sociedade,
constituindo-se num elo entre o povo e o Governo, exercendo sem sombra de
dúvida o papel de agente social do Estado, se constituindo num grande
anteparo do Estado para conter as condutas perniciosas, fazer cumprir a Lei e
manter a Ordem Pública. Sendo justamente com tal finalidade que a sociedade
organizada outorgou ao Estado, através do Instituto Polícia, o monopólio do
uso da força..

No entanto, não raras vezes, pela desqualificação técnica, fazem ou


se tornam vítimas do insucesso de suas ações, acarretando em prejuízo de
várias ordens, quer pessoal, quer social respondendo diretamente pelos erros
advindos do mau uso da força que venha a empreender, discricionariamente
em sua atividade profissional.

É muito expressivo o número de Policiais que, no Brasil inteiro,


respondem criminalmente por ter utilizado inadequadamente o uso da força no
exercício de sua profissão, arbitrariedades, lesões corporais graves ou morte
de pessoas em confronto com policiais.

A própria morte de policiais em ações mal realizadas, poderiam ser


minimizadas com o aprimoramento do profissional proporcionado por
treinamento especializado através da prática de Defesa pessoal, que mais do
que uma mera capacitação física e motora, objetiva implementar uma cultura
de Sobrevivência, em que a força, absolutamente traduzida pela técnica, é um
recurso na resolução dos conflitos, e cingida à dimensão de, tão somente,
neutralizar a resistência à ação legal, acompanhada ou não de agressão física.

METODOLOGIA

Partimos de uma realidade constatada empiricamente, vivenciada em


quase 07 anos de serviços prestados à Polícia Militar, atuando inclusive como
instrutor nos Centros de Formação de Policiais, Oficiais e Praças (Sargentos e

3
Soldados) que compõem o quadro organizacional da Polícia Militar do Estado
da Bahia.

Tendo em vista a importância da ação de comando dos Alunos Oficiais,


principalmente na tomada de decisões em momentos críticos, a Academia de
Polícia Militar da Bahia, órgão incumbido da formação profissional dos Oficiais
da Polícia Militar, empregou os referidos alunos em vários eventos que
antecederam o carnaval 2009, visando estimular a prática de comando e
valorizar o preparo profissional dos futuros Oficiais.

Para tanto, solicitamos autorização ao Sr Cel PM Rivaldo, comandante


da Academia de Polícia Militar da Bahia para que nós Instrutores da matéria
Uso Progressivo da Força I (Defesa pessoal), Ten PM Alden1 e Profº
Aldenor2, que na qualidade de partícipes no processo de ensino aprendizagem
dos futuros oficiais da corporação, atuarmos como observadores, no circuito
Dodô (Ondina) com o objetivo de avaliar a adequação das táticas e técnicas
policiais empregadas nas soluções de questões operacionais, permitindo a
salutar troca de experiências pessoais e a eventual propositura de sugestões,
dentro de um contexto supervisionado de legalidade e defesa da cidadania, da
vida, da integridade física e da dignidade humana, independente de sexo, raça,
credo e situação econômica. Acompanhamos as diversas patrulhas
empregadas, realizamos filmagens dos procedimentos adotados pelos alunos
oficiais como também dos demais policiais que estavam trabalhando no
circuito. Após o Carnaval, realizamos uma pesquisa de campo, aplicando cerca
de 96 questionários (foram 96 cmts de patrulha, do 3º CFOPM).

2. Histórico da Tonfa

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Alden Jose Lázaro da Silva: é bacharelando em Direito, formado pela Academia de Formação de
Oficiais Policiais Militares, atualmente se encontra no posto de 1º Tenente da Polícia Militar da Bahia e
serve no Esquadrão de Motociclistas Águia, onde exerce a função de Chefe do CIETrU (Centro de
Instrução Especializado em Trânsito Urbano). É instrutor de Uso progressivo da Força I - Defesa Pessoal
Da Academia De Polícia Militar)

2
Aldenor Silva Filho: é formado em Educação Física pela Universidade Federal de Minas Gerais, e é
instrutor de Uso Progressivo da Força I – Defesa pessoal Da Academia de Polícia Militar e da Acadepol
(Academia da Polícia Civil)

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A tonfa é uma das muitas armas usadas no Kobujutsu, disciplina
especializada no conhecimento, manejo e utilização de diversas armas. É
interessante ressaltar que a técnica foi originalmente desenvolvida em
Okinawa. Durante séculos foi proibido o uso de espadas, facas, lanças ou
outras armas militares tradicionais. A população ficava indefesa frente a
bandidos e os soldados opressores. A necessidade de autopreservação
obrigou as camadas mais populares a desenvolver um sistema de defesa que
utilizasse ferramentas agrícolas ou de pesca, como por exemplo: nunchaku
(duplo bastão articulado), a kama (foice), bo (bastão longo), eiku (remo) e a
tonfa (bastão com empunhadura). Outro ponto interessante é que Okinawa
também foi o berço de um dos sistemas de defesa pessoal desarmada mais
populares da história – o Karatê.

Sua utilização original é controversa, porém, existem referências que era


utilizada para triturar grãos ou para ceifar o arroz. As técnicas eram muitas
vezes sistematizadas e passadas através de movimentos encadeados,
chamados Katas.

3. Como a Tonfa entrou para o universo policial

Após o final da 2ª guerra mundial, muitos mestres de artes marciais


migraram para os EUA, onde passaram a divulgar suas milenares e
diferenciadas técnicas orientais. Contudo, passaram-se muitos anos até que a
Tonfa finalmente ganhasse a admiração dos norte-americanos, acabando por
ganhar um novo nome, um novo manete e, devido à avançada tecnologia
daquele país, um material mais resistente do que a madeira.

Os estadunidenses passaram então a admirar a Tonfa e suas


múltiplas utilizações. Desse modo, eles deixaram de lado o cassetete, termo
que designa o instrumento cuja denominação original é casse-tête (vocábulo de
origem francesa), aperfeiçoaram o manete – o qual era liso – e confeccionaram
a Tonfa em materiais sintéticos de alta resistência mecânica como, por
exemplo – e principalmente – a fibra de carbono. Assim, em 1970, a Tonfa
passou a ser conhecida nos EUA, recebendo finalmente naquele país ocidental
o nome carinhoso de Monadnock sob qual a Tonfa efetuou, pelas mãos de

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norte-americanos, seus primeiros passos para o mundo da Segurança, sendo
eles então os primeiros a utiliza-la com tal intuito. As técnicas permaneceram
desconhecidas e com poucas mudanças até 1971, quando Lon Anderson
adaptou técnicas com tonfa para trabalho policial. A tonfa pode ser trabalhada
individualmente ou em pares, porém, para o trabalho policial foram
desenvolvidas técnicas apenas para uma tonfa.

Nos anos 80, a Tonfa passou também a ser divulgada em alguns paises
da Europa, tais como Inglaterra, Alemanha, Dinamarca e França, sendo este
último o país que mais levou a sério o assunto: tratou a Tonfa como arma,
instituiu leis para a sua utilização e criou até um porte.

Ao vir para o Brasil (o que aconteceu somente em 1985), a


Tonfa teve que ser adaptada aos padrões de altura dos brasileiros já
que, na época, não existiam Tonfas de fabricação nacional. As Tonfas
importadas tinham proporções muitas maiores do que as atualmente
aqui fabricadas, medindo 80 centímetros de comprimento.

A estatura média do norte-americano é muito maior do que a do


brasileiro padrão. Para ficar adequada ao manuseio, ela deve ser
alongados oito centímetros mais, em seu comprimento, em relação
ao cotovelo do portador. A Tonfa norte-americana, por sua vez,
impossibilita alguns movimentos para os brasileiros. Após a
adequação por nós efetuada, ela passou a ter aproximadamente 58
centímetros, sendo 13 de uma extremidade ao manete, e 41
centímetros do manete à outra extremidade.

Historicamente, o primeiro estudo de emprego da Tonfa no


Brasil foi encomendado para a FEPASA, porém não tendo à época
grande apreciação da diretoria daquele órgão. Contudo, logo depois o
Metrô de São Paulo passou a utiliza-la, seguindo por alguns outros
usuários, como, por exemplo, empresas voltadas ao mercado de
segurança Privada e também por Policiais Militares de todo o Brasil.

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4. O Uso da Tonfa na PMBA

A Polícia Militar é cheia de estórias antigas, e muitas vezes viram


paradigmas difíceis de serem quebrados. Tais como: o revólver é para o praça
(Sargento e soldado) e a pistola é para oficial; a metralhadora é do sargento e
a espada para o oficial; a tonfa é para patrulheiro (praça) e arma de fogo para o
oficial.

Independente do posto ou graduação, o critério que deve ser observado


é o critério técnico. Não adianta dar uma metralhadora ao sargento se o
mesmo nunca treinou para tal, do mesmo jeito, não adianta dar uma pistola ao
oficial, se o mesmo também não teve o treinamento adequado.

É importantíssimo que o Policial Militar seja equipado com recursos que


aumentem sua segurança (independente de posto ou graduação), ao mesmo
tempo tenha a capacitação necessária para sua utilização de maneira efetiva e
finalmente tenha treinamento e domínio de procedimentos e técnicas para sua
defesa pessoal. Exemplificando a questão podemos citar um policial que tem
uma tonfa em seu cinto de guarnição, não tendo sido treinado em técnicas de
defesa pessoal, irá utilizá-lo para desferir golpes contudentes ao invés de tentar
aplicar uma chave de braço para controlar o agressor.

Precisamos adequar nosso equipamento à missão a ser realizada. No


caso específico, eventos especiais, os equipamentos obrigatórios,
independente do posto ou graduação, são o capacete e a tonfa.

Atualmente os grandes comandos (CPC, COORDOP, CPRMS,


CPE...etc) quando publicam os planos de operação dos principais eventos
(Carnaval, Micareta de Feira de Santana, Jogos Futebolísticos e etc) constam
no item prescrições diversas, a relação dos equipamentos a serem utilizados,
tanto por oficiais quanto dos praças (Sargentos e soldados) que comporão as
patrulhas nos eventos especiais. E nesses planos constam que os patrulheiros
e o cerra-fila utilizarão a tonfa e o capacete, e o comandante utilizará a pistola
ou o revólver com o capacete.

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a. De acordo com o manual
básico de abordagem/2000,
adotado pela PMBA, A
abordagem será executada
fazendo-se uma cerco em
torno do(s) suspeito(s)
ficando os componentes da
patrulha de números
ímpares (pares) voltados
para a parte externa e os de números pares (ímpares) voltados para a
parte interna, permanecendo no interior da circunferência o(s)
suspeito(s), o Cmt e um Revistador previamente escolhido por ele, que
fará a busca ligeira no abordado (Fig. 15). A depender do número de PM
integrantes

5. Função dos membros da patrulha

Comandante: Fica claro e evidente que nas publicações existentes sobre


formação patrulha, diz que a função do comandante é o de entre outras,
comandar, coordenar, gerenciar a ocorrência. Ele tem que estar livre sem uma
posição definida.

Cerra-fila: É o responsável pela custódia dos conduzidos

Patrulheiro: Farão a segurança interna e externa do perímetro

6. Argumentos utilizados por aqueles que são contrários a utilização da


Tonfa pelo cmt de patrulha:

1) Que o Cmt de patrulha possui função pré-definida, tal qual sendo o


responsável pela coordenação da ocorrência, tomando decisões. Não
cabe a ele conduzir, imobilizar ou até mesmo afastar a multidão se
necessário for, pois há na patrulha um patrulheiro responsável pela sua
segurança, sendo desnecessário portanto, a utilização da tonfa pelo cmt.

Resp: O cmt de patrulha não está imune aos ataques de um possível


agressor ou agressores...e o que fará diante de uma situação de crise?

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Solicitar que o patrulheiro resolva o problema? E se o patrulheiro já estiver
ocupado resolvendo outra situação? O Cmt utilizará o único recurso que ele
dispõe naquele momento, a arma de fogo!! Sim, pois ele não vai arriscar
trocar socos e pontapéis em plena avenida. E se o cmt por motivos diversos
não conseguir dissuadir o agressor do seu intento, o que fará? Vai atirar? E se
pegar em alguém? Afinal, quantas pessoas estão na avenida naquele
momento? É uma questão impossível de acontecer? A história mostra que não.

Se os demais integrantes da minha patrulha fosse composta de 04 Velho


Gracie (Lutador de Jiujitsu), eu poderia afirmar categoricamente que não
utilizaria a tonfa, pois eu teria certeza, que o mesmo a despeito de qualquer
situação, me protegeria. Mas a realidade que nos circunda é outra. A maioria
dos policiais de hoje não gostam de defesa pessoal, não têm afinidade com o
serviço policial, só estão ali pra receber o salário no final do mês, sem
compromisso ou até mesmo amor à própria vida. Pergunta-se, eu cmt
entregaria minha vida nas mãos desse patrulheiro? É claro que não! É questão
de sobrevivência!

A avaliação da situação deve ser a somatória de vários fatores


relacionados ao policial ou ao agressor como, por exemplo, a idade, sexo,
tamanho, porte, preparo físico, nível de habilidade, relação numérica entre
policiais e agressores, etc., bem como circunstancias especiais, como a
proximidade do oponente a uma arma de impacto ou de fogo, o conhecimento
de informações relevantes sobre a periculosidade do oponente, o fato do
agente de segurança estar ferido ou exausto ou em posição vulnerável, etc.

A percepção da totalidade da situação que proporciona a escolha e


dosagem do nível de força que será utilizado para conter o agressor.

O cmt ao possuir uma tonfa, terá mais de uma opção de força, ou seja,
mais uma oportunidade de resolução de conflitos.

Como o poder de polícia permite o uso da força física, há de ser


revestido de legalidade, necessidade e proporcionalidade na ação. Várias
publicações estabelecem parâmetros e princípios sobre o uso da força e armas

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de fogo pelas polícias, com destaque aos Princípios Básicos sobre Uso da
Força e Armas de Fogo – PBUFAF (ONU, 1990). Vejamos:

“[...] os policiais, no exercício das suas funções, devem, na


medida do possível, recorrer a meios não violentos antes
de utilizarem a força ou armas de fogo. Só poderão recorrer
à força ou a armas de fogo se outros meios se mostrarem
ineficazes ou não permitirem alcançar o resultado
desejado. Paralelamente instrumentos de controle das
polícias são instituídos, a exemplo de ouvidorias,
julgamentos de policiais militares em tribunais civis, cursos
de direitos humanos, empregos de armas não letais e
reformas curriculares”.3

Em 1992 nos Estados Unidos, o Instituto de Treinamento Policial da


Universidade de Ilinois desenvolveu uma pirâmide de uso de força crescente,
chamada de “Modelo de Uso de Força” adotado nos cursos policiais.4 Este
modelo envolve a percepção do policial quanto ao agressor em cinco níveis:
submissão à ordem, resistência passiva, resistência ativa, agressão física não
letal, e agressão física-letal. Para cada grau corresponde a ação de resposta
do policial contra o suspeito na mesma ordem: verbalização, contato físico,
imobilização, força não-letal e força letal.

É importante ressaltar que podemos pular etapas no gradiente de força,


por exemplo, imagine onde um policial tenta retirar uma pessoa de um local,
sorrimos e pedimos educadamente, se ele não concorda, aumentamos o tom e
solicitamos com maior ênfase, se ele nos ofende, usamos um comando
autoritário e assim por diante.

A defesa da agressão inicia-se antes que esta se concretize,


precisamos educar o policial a estar sempre preparado, para que ele possa,
3
ROVER, C. Manual do Instrutor. Direitos Humanos e Direito Internacional Humanitário
para Forças Policiais e de Segurança. Genebra: Comitê Internacional da Cruz Vermelha,
1998. Disponível em www.dhnet.org.br/dados/manuais/dh/mundo/rover/c5.htm . Acesso em:
15 de abr 2006.
4
LEAO, Décio Jose Aguiar. Quando Atirar. O Conceito Americano do Uso da Força Letal.
Unidade n. 45 – janeiro/março 2001. Revista de Assuntos Técnicos de Polícia Militar.

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através de treinamento, melhorar a sua capacidade de antever e prever uma
situação de risco ou agressão

O grande desafio é estabelecer que o uso legal da força não resulte do


acaso no momento de agir, é preciso de mediação entre o aprendizado
curricular e a prática policial.

2) Durante o deslocamento a uma ocorrência policial, o cmt da patrulha


para evitar a perda ou a queda do armamento de fogo, teria que colocar
a mão protegendo-o de uma eventual queda ou extravio. O mesmo
procedimento seria adotado, com os demais equipamentos, como o HT
(Handy talk) e a tonfa..o que poderia causar transtornos já que nesta
postura o cmt ficaria em situação de vulnerabilidade, tendo que segurar
os três equipamentos (Ht, Tonfa e arma de fogo);

Para refutar os argumentos acima descritos, analisaremos todos os


equipamentos utilizados pelos policiais durante o emprego com patrulha
em eventos especiais;

Porta tonfa: Em simulações realizadas pelo Ten PM Xavier5, Ten PM Alden


e o profº Aldenor, ficou comprovado que durante o deslocamento para uma
ocorrência policial, caso o porta tonfa estivesse devidamente ajustado, não
haveria necessidade de ficar com a mão sobre a mesma durante o
deslocamento. E não houve comprometimento da agilidade do policial
durante o deslocamento, argumento este apresentado pelos alunos oficiais,
alegando que durante o deslocamento, a tonfa poderia balançar a ponto de
ficar entre as pernas do policial, gerando desequilíbrio do mesmo;

5
Luiz Claudio Xavier de Freitas: é bacharelando em Direito, formado pela Academia de Formação de
Oficiais Policiais Militares, atualmente se encontra no posto de 1º Tenente da Polícia Militar da Bahia . É
graduado faixa preta instrutor de Uso progressivo da Força I - Defesa Pessoal Da Academia De Polícia
Militar)

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Foto 1 e 2 – Porta tonfa com presilha, que mantém o mesmo, fixo e protegido.

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Coldre: O coldre utilizado pelos policiais, na maioria das vezes é do tipo
“coldre de perna” ou “coldre robocop”.

Percebeu-se que este tipo de coldre, não é recomendável para eventos


em que haja necessidade de um deslocamento rápido, pois o mesmo fica
balançando, forçando o Policial a manter a mão sobre o equipamento, evitando
dessa forma a perda ou o extravio;

Foto 1 – Coldre utilizado pela


PMBA

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Foto 2 – Coldre de cintura
(fechado) que é o ideal

HT (Handy Talk): O Ht disponibilizado aos policiais, que


desempenham a função de cmt de patrulha, é o HT com suspensório axial,
o que também não é o recomendado, pois o mesmo balança bastante até
mesmo durante uma simples caminhada. O Adequado seria o HT preso no
cinto de guarnição com o PTT (Push to Talk), oferecendo dessa forma
maior firmeza, além de praticidade durante o seu uso.

Proposta mais aceitável (com exceção do coldre que


deve ser o de cintura) 14
7 . Pesquisa feita aos Alunos oficiais após o serviço, sobre a utilização da
tonfa.

Para melhor ilustrar o trabalho, realizamos uma pesquisa junto a todos os


Alunos oficiais que desempenharam a função de comandante de patrulha.

1. Durante o desenvolvimento do seu serviço no carnaval, atuando


como Comandante de Patrulha, em algum momento você
necessitou utilizar a arma de fogo?

( 5.97 % ) SIM.

( 94.03 % ) NÃO

2. Durante o desenvolvimento do seu serviço no carnaval, atuando


como Comandante de Patrulha, em algum momento você
necessitou utilizar a Tonfa?

( 32.84 % ) SIM.

( 67.16 % ) NÃO

3. Adicionando a Tonfa aos demais equipamentos portados pelo


Comandante de patrulha, no seu entendimento, cria-se dificuldade
para o desenvolvimento do serviço?

( 70.15 % ) SIM.

( 29.85 % ) NÃO.

4. Como você classificaria a utilização da Tonfa por parte dos demais


(exceto comandante) integrantes da patrulha?

( 77.61 % ) Imprescindível

( 16.41 % ) Importante

( 5.97 % ) Dispensável

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4. Considerações finais

O estudo multidisciplinar do tema se justifica devido a atual realidade


brasileira, em que o policial recebe uma tonfa e uma capacitação com baixo
conteúdo prático e significativo. Ocorre insegurança no momento de decidir
entre manter a arma na cintura ou sacá-la, e ao sacá-la se vai apertar o gatilho
ou não, em instantes destinos dos envolvidos são lançados ao acaso. O policial
toma decisões de vida e morte em frações de segundo, o resultado positivo
torna-se mais uma ocorrência de rotina, já o erro pode ser irreparável e
condenado com a perda da vida ou liberdade para ambos os lados.

Em todas as situações apresentadas, pudemos constatar que, em


nenhum momento a utilização da tonfa atrapalha o comandante no
desenvolvimento do serviço policial em eventos externos.

Tanto os testes realizados, bem a pesquisa de campo demonstram que


os problemas apresentados se deram quanto a utilização dos demais
equipamentos (Ht e Armamento) utilizados pelo policial militar, que exerce a
função de comandante de patrulha.

De fato, o que está em jogo é exatamente a capacidade de a


organização dispor de um acervo de conhecimentos e técnicas que qualifiquem
e orientem a ação do policial de ponta, permitindo-lhe aplicar a medida
suficiente e comedida de força numa dada ocorrência. Não havendo
parâmetros, os policiais adotarão um emprego máximo de força, levando à
violência, ou melhor, ao uso amador, ilegítimo, ilegal da força.

Ao longo do trabalho, buscamos mostrar a importância da Defesa


Pessoal na capacitação do profissional de polícia, não apenas sob a ótica de
uma habilidade física, mas fundamentalmente, como uma disciplina de
formação profissional (cursos de formação) e de treinamento, que interage com
todas as áreas do conhecimento, estando presente em praticamente todos os
momentos da rotina do serviço policial.

Nossa proposta foi de conscientizar o policial militar de que tudo é


defesa pessoal, desde a atitude mental que ele mantém enquanto está na
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viatura, como ele anda na via pública, a maneira como ele se aproxima de um
suspeito, a maneira como ele e sua guarnição realizam a abordagem e busca
pessoal ou, ainda, como empunha, conduz e utiliza seu armamento e
equipamento de proteção, como efetua a prisão mediante uso de algemas e
como conduz a pessoa presa até seu encaminhamento previsto. Tudo isto e
todo e qualquer ato policial devem estar baseados, calcados, alicerçados sobre
uma atitude de defesa pessoal, de segurança pessoal. Todas estas fases
fazem parte de um todo que deve ser observado e levado a sério, pois apesar
de parecerem técnicas independentes, estão todas interligadas. Portanto, há a
necessidade de um treinamento integrado e seqüencial.

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8. Referências

ALEXANDER, John B. Armas Não-Letais – Alternativas para os Conflitos


do Século XXI. Traduzido por Jose Magalhães de Souza. Rio de Janeiro:
Editora Welser-Itage, 2003.

______. Vencendo a Guerra – Armas Avançadas, Estratégias e Conceitos


para o Mundo Pós Onze de Setembro. Traduzido por Joubert de Oliveira
Brizida. Rio de Janeiro: Editora Welser-Itage, 2005.

ARENDT, Hannah, 1906-1975. Sobre a violência/ Hannah Arendt; tradução


André Duarte. Rio de Janeiro: Relume Dumara, 1994.

BRASIL. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Perfil das Organizações de Segurança


Pública no Brasil. Brasília: SENASP, 2006.

E FREITAS, Manoel Mendes. Poder de Polícia. In: Revista O Alferes. Polícia


Militar de Minas Gerais, ano 5, n. 14 jul/ago/set 1987. Belo Horizonte: Imprensa
Oficial, 1988.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: História da Violência nas Prisões.


Petrópolis: Vozes,1991.

GOFFMAN, Erving. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo:


Perspectiva, 2005 (sétima edição em 2001).

LAZZARINI, Alvaro. Poder de Polícia e Direitos Humanos. In: Revista Força


Policial. Polícia Militar de São Paulo, n. 30 abr/mar/jun 2001. São Paulo: 2001.

LEAO, Décio Jose Aguiar. Quando Atirar. O Conceito Americano do Uso da


Força Letal.

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