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Cardiopatia isquêmica
Antônio C. C. Carvalho, José Marconi A. Sousa

Resumo Vários exames não-invasivos estão disponíveis na prática


clínica, variando sua acurácia e seu custo. Neste artigo
O diagnóstico de doença aterosclerótica coronária mui- fazemos uma revisão do diagnóstico da doença ateroscle-
tas vezes constitui um desafio. O exame padrão-ouro para rótica coronária, levando em consideração a sensibilidade
esse fim é a coronariografia, entretanto é exame invasivo e e a especificidade dos exames não-invasivos nas várias
dispendioso, devendo ser utilizado em casos específicos. situações clínicas.

Palavras-chave: Angina; Diagnóstico; Doença aterosclerótica coronária.

Recebido: 17/07/01 – Aceito: 23/08/01 Rev Bras Hipertens 8: 297-305, 2001

As doenças cardiovasculares, es- 156,2; na Itália, 245 e 71,6 e, no Japão, gênio pelo miocárdio. A isquemia
pecificamente a doença arterial coro- 110,7 e 45, respectivamente3. miocárdica ocorre quando há desequi-
nária, representam a causa mais fre- A apresentação clínica da doença líbrio na oferta e na demanda de oxi-
qüente de morte nos países desen- coronária varia desde a angina estável gênio. Por outro lado, duas situações
volvidos, respondendo por cerca de até a morte súbita. Nesse espectro alteram a oferta de oxigênio para o
um milhão de mortes anualmente nos encontram-se os quadros de infarto miocárdio: a isquemia e a hipoxemia.
EUA; em 1990 foi a causa mais co- agudo do miocárdio com supradesni- Em algumas condições, o compro-
mum de morte no mundo1,2. velamento do segmento ST, infarto metimento da oferta de oxigênio é
No Brasil, a mortalidade por essa agudo do miocárdio sem supradesni- secundário à diminuição do fluxo
doença é também elevada, equipa- velamento do segmento ST e angina sanguíneo, sendo essa a fisiopatologia
rando-se à dos países com maior mor- instável, atualmente catalogados como da maioria dos casos de infarto agudo do
talidade, como a Finlândia e a Hungria. síndrome coronária aguda. miocárdio (IAM) e dos episódios de
Em São Paulo, as doenças do coração angina instável. Em outras situações,
foram responsáveis por 403,1 óbitos como a hipertrofia ventricular, o au-
masculinos e 171,9 óbitos femininos Fisiopatologia mento na demanda de oxigênio é o
por 100 mil habitantes, na faixa etária principal responsável pela isquemia
de 45 a 64 anos, no período de 1984 a Na fisiopatologia da cardiopatia miocárdica. Além disso, o sinergismo
1987, enquanto na Hungria essa taxa isquêmica dois processos estão im- desses dois mecanismos é o principal
foi de 547,3 e 229; nos EUA, 422,8 e plicados: a oferta e a demanda de oxi- fator na determinação de isquemia nos

Correspondência:
José Marconi A. Sousa
Rua da Consolação, 3.075, apto. 801
CEP 01416-001 – Jardins – São Paulo, SP
E-mail: jmarconi.dmed@epm.br

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casos de angina crônica estável. Esforço presença de placas ateroscleróticas sobrevida e diminuição na taxa de
físico, estresse emocional, taquicardia não só no leito coronário como também reinfarto14,17.
ou hipertensão arterial associados à nos vasos cerebrais e periféricos11. Hipertensão – A hipertensão
obstrução coronária alteram não só a Só a partir dos resultados iniciais arterial e a hipertrofia ventricular
demanda como a oferta de oxigênio, do estudo de Framingham, publicados esquerda são dois fatores de risco
desencadeando isquemia miocárdica. no início da década de 1960, é que se bem estabelecidos para doença
A hipoxemia, por sua vez, caracteriza- começou a utilizar o conceito de fatores coronária, morte por doença coronária,
se pela redução da oferta de oxigênio, de risco para doença aterosclerótica insuficiência cardíaca e acidente vas-
mas com perfusão sanguínea adequada. coronária11. Hoje, a partir de estudos cular cerebral18,19. De acordo com o
Alguns exemplos desse quadro são as epidemiológicos12,13, os fatores de estudo de Framingham, a pressão
cardiopatias congênitas cianóticas, risco convencionais para doença sistólica é um fator de risco coronário
asfixia, a insuficiência respiratória aterosclerótica coronária incluem pelo menos da mesma magnitude que
hipoxêmica e a intoxicação por monóxi- tabagismo, hipertensão arterial a da pressão diastólica, e hipertensão
do de carbono4. sistêmica, hiperlipidemia, diabetes sistólica isolada está sabidamente
Fatores que alteram a demanda e a melito e intolerância à glicose, relacionada a doença coronária e aci-
oferta de oxigênio, portanto, são os resistência à insulina, obesidade, vida dente vascular cerebral20.
responsáveis pela evolução do paciente sedentária e estado hormonal (defi- De todas as pressões, a que mais se
para síndrome coronária aguda e angina ciência de estrógeno). Além desses, associa com risco coronário é a pressão
crônica estável. O grau de obstrução da outros fatores também estão associa- de pulso, definida como a diferença
artéria responsável pelo episódio agudo, dos a risco elevado de eventos coroná- entre a pressão sistólica e a pressão
a ocorrência de lesões em outros vasos rios: níveis altos de homocisteína, diastólica. Pope et al.21, avaliando 10.689
e o grau de circulação colateral são os fibrinogênio, lipoproteína (a) (um pacientes com quadro de dor precordial,
determinantes mais importantes da composto de LDL, apo B-100 e apo- verificaram associação entre a pressão
diminuição da oferta; a pressão arterial A), fator tissular ativador do plasmino- de pulso mais alta e os pacientes que
sistêmica, a freqüência cardíaca e a gênio (t-PA), inibidor do plasminogênio tiveram diagnóstico final de isquemia.
hipertrofia e contratilidade ventricular ativado (PAI 1) e proteína C reativa. No estudo de Framingham, a pressão
são as variáveis mais importantes na Tabagismo – O tabagismo é um de pulso foi um preditor mais potente
determinação da demanda de oxigênio. fator de risco independente para de eventos cardiovasculares que a
Apesar da contribuição de todos doença coronária, tanto em homens pressão diastólica ou a sistólica
esses fatores na determinação da como em mulheres. Nos homens que isoladamente22. Mais recentemente,
isquemia miocárdica, a doença ateroscle- fumam pelo menos 20 cigarros por dia Millar e Lever23, estudando homens
rótica coronária é o substrato anatômico a incidência de infarto agudo do mio- hipertensos, desenvolveram um
mais importante na fisiopatogenia da cárdio aumenta 3 vezes em relação modelo de regressão logística empírico
cardiopatia isquêmica. A partir de aos não-fumantes; nas mulheres esse e complexo, que levou em conside-
estudos importantes da literatura5,6,7,8, risco é de 6 vezes em relação às não- ração a interação das pressões sistó-
sabemos hoje da importância do fumantes 13,14 . O risco aumenta lica e diastólica, bem como da pressão
processo aterotrombótico não só no linearmente com a quantidade de de pulso na determinação do risco de
desencadeamento da isquemia aguda cigarros fumados e também é maior eventos coronários. Esses autores de-
como também na progressão da doença nos fumantes passivos. Na angina monstraram que a pressão de pulso foi
aterosclerótica com relação à gravidade instável, recentemente demonstramos o fator preditivo mais potente para
da obstrução da luz vascular9,10. que as mulheres tabagistas, indepen- determinação do risco cardíaco.
O processo aterosclerótico é insi- dentemente da quantidade de cigarros Em nosso meio, em mulheres com
dioso, iniciando-se na adolescência com inalados, apresentavam risco de placa angina instável ou infarto agudo do
as placas gordurosas e progredindo aterosclerótica coronária grave (= 70%), miocárdio sem supradesnivelamento
para complicações trombóticas na idade 4,5 vezes maior do que as não-taba- do segmento ST (82% com antece-
adulta e na população geriátrica. gistas15. O mais importante é que esse dente de hipertensão arterial), ve-
risco é completamente reversível, rificamos, em uma regressão logís-
Fatores de risco independente do tempo de tabagismo tica com todos os fatores de risco
e da quantidade de cigarros fumados. convencionais e as pressões sistólica
Diversos fatores, agindo sinergisti- Como conseqüência da abolição do e diastólica medidas na raiz da aorta,
camente ou não, estão associados à tabagismo observa-se aumento da que a pressão que se associou a risco

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de lesão coronária grave (= 70%) foi metabólica são todos fatores associa- aumento de 10 mg nos níveis de HDL
a pressão sistólica maior ou igual a dos com isquemia miocárdica, contri- reduz o risco de doença coronária nas
165 mmHg15. buindo também para deterioração da mulheres em 40% a 50%. Além da
De acordo com o estudo de função ventricular nos pacientes hiper- HDL, os triglicérides e a lipoproteína
Framingham, pacientes com padrão tensos27. A detecção desses fatores a Lp(a) são fatores associados à
eletrocardiográfico definitivo de com terapêutica adequada é passo presença de doença coronária em
hipertrofia ventricular esquerda apre- fundamental na prevenção da insu- mulheres33. Nestas, os níveis de HDL
sentam mortalidade de 59% em 12 ficiência cardíaca nesses pacientes. são mais elevados que nos homens e
anos; risco três vezes maior de de- Dislipidemia – O estudo epide- diminuem pouco durante a fase após a
senvolver insuficiência coronária miológico Multiple Risk Factor menopausa; a LDL é mais baixa nas
grave em 14 anos; risco seis vezes Intervention Trial (MRFIT), com mulheres e aumenta progressivamente
maior de morte súbita nos homens e 361.662 homens, estabeleceu clara- com a idade, particularmente a partir
três vezes nas mulheres e aumento mente que o risco de doença coronária da menopausa até os 70 anos34.
de dez vezes na evolução para aumenta linearmente com o aumento Diabetes melito, intolerância à
insuficiência cardíaca em 16 anos19. do colesterol total28. glicose, resistência à insulina – A
O risco de insuficiência cardíaca é Outros estudos demonstraram a doença coronária é a principal causa
independente da idade e diretamente importância das frações do colesterol de morte em pacientes diabéticos
relacionado ao nível pressórico, e a na determinação do risco coronário29. (75% dos casos)35. Apesar dos dados
hipertrofia ventricular, uma resposta Pacientes com valores de LDL acima conflitantes com relação ao efeito do
à hipertensão sendo demonstrada de 160 mg/dl são considerados de alto controle glicêmico no acometimento
mesmo em crianças e adolescentes risco; de 130 a 159 mg/dl, de médio macrovascular em pacientes com
com hipertensão limítrofe. risco; abaixo de 130 mg/dl, de baixo diabetes tipo 2, não há dúvida de que
Estudos sugerem que um sistema risco. Com relação à fração HDL os pacientes diabéticos são grandes
renina-angiotensina cardíaco contribui (lipoproteína de alta densidade) existe beneficiários do controle dos fatores
para o desenvolvimento da hipertrofia uma relação inversa entre o seu nível de risco para doença coronária, já que
ventricular e que a hipertensão arterial e a doença coronária. De acordo com nessa população específica existe
também pode levar à fibrose intersti- o estudo de Framingham, uma dimi- associação de vários fatores de risco,
cial, com os dois fatores determinando nuição da HDL de 5 mg/dl aumenta o com provável sinergismo na determi-
alterações na função diastólica ventri- risco de infarto agudo do miocárdio nação do pior prognóstico desses
cular24,25. em 25% tanto em homens como em pacientes em relação a todos os
Além desse sistema, a endotelina, mulheres. A relação entre a taxa de aspectos da doença cardiovascular.
as proteínas G, a predisposição ge- colesterol total e a fração HDL- Resistência à insulina, hiperinsulinemia,
nética, a viscosidade sanguínea e o colesterol é outro índice eficiente de hiperglicemia e intolerância à glicose
tipo de hipertrofia (concêntrica ou estimativa de risco coronário. Nos são todas associadas a processo
excêntrica) são fatores associados com homens, taxa de 6,4 ou mais e nas aterogênico difuso e acelerado36,37.
o desenvolvimento de hipertrofia mulheres de 5,6 ou mais está O diabetes melito é um fator de
ventricular e disfunção cardíaca. Pa- relacionada à elevação do risco de risco para doença coronária, tanto em
cientes com hipertrofia da parede evento coronário29. homens quanto em mulheres, mas
ventricular e sem aumento do índice Os triglicérides isoladamente nestas é mais potente, praticamente
de massa ventricular apresentam o parecem desempenhar papel mais tirando todo o benefício decorrente do
mesmo risco que pacientes com importante nas mulheres, principal- sexo feminino, mesmo antes da meno-
aumento da massa ventricular26. mente nas mulheres diabéticas30. pausa. A coronariopatia é uma com-
Além de todos esses fatores, a Ao contrário dos homens, o plicação maior do diabetes, tanto tipo 1
redução do fluxo coronário subendo- aumento do colesterol total e da LDL quanto tipo 2. No estudo Rancho Ber-
cárdico e da reserva de fluxo pela (lipoproteína de baixa densidade) tem nardo38, 334 homens e mulheres
própria hipertrofia (elevação da baixa correlação com doença arterial diabéticos foram comparados com
pressão diastólica final); do fluxo coronária em mulheres e, nestas, ape- 2.137 homens e mulheres não-diabéti-
coronário total pelo aumento do tono nas em idade inferior a 65 anos31,32. cos e seguidos por 14 anos. Após ajuste
coronário e da relação parede/luz Na mulher, o fator mais importante é para outros fatores de risco, o risco
vascular; o aumento da resistência o nível de HDL-colesterol. De acordo relativo de morte por doença coronária
periférica e, portanto, da demanda com o estudo de Framingham, um em homens e mulheres diabéticos foi

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de 1,9 e 3,3 em relação aos não- aquisitivo da região Sudeste, Monteiro do a fração HDL-colesterol. Além
diabéticos, respectivamente. No estu- e Conde 41 demonstraram que a disso, estudos demonstraram a ação be-
do de Framingham ocorreu um aumento obesidade em mulheres foi menor em néfica dos estrógenos na função endo-
de 5,4 vezes no risco de um evento 1997 do que em 1989. Na população telial48, em moléculas de adesão, na
coronário para mulheres diabéticas como um todo houve aumento desse função fibrinolítica e no metabolismo
versus não-diabéticas; nos homens índice, especialmente nas camadas da glicose49. Apesar desse benefício,
diabéticos, esse aumento foi de 2,4 mais pobres. alguns efeitos indesejáveis são
vezes em relação aos não-diabéticos. O estudo de Framingham, com relatados com o uso de estrógeno por
Em estudo comparando mulheres 5.209 homens e mulheres, estabeleceu via oral em mulheres jovens: trombose
diabéticas e não diabéticas com angina a obesidade como fator de risco cardio- venosa profunda, embolia pulmonar,
instável ou IAM sem supradesni- vascular independente42. Essa relação infarto agudo do miocárdio e acidente
velamento do segmento ST demons- é mais proeminente na presença de vascular cerebral. Esses efeitos
tramos que as mulheres diabéticas obesidade andróide, ou seja, aquela ocorrem principalmente em mulheres
mais freqüentemente apresentaram que predomina no abdome e na parte tabagistas50.
lesões em três e quatro vasos, artérias superior do corpo, com uma razão Novos fatores de risco para doen-
com obstrução total e fração de ejeção entre as medidas das circunferências ça coronária – Várias substâncias
menor do que as não diabéticas15. da cintura e do quadril maior do que dosadas no sangue têm demonstrado
Insuficiência renal crônica – A 0,95 nos homens e 0,85 nas mulhe- relação com risco coronário maior.
doença arterial coronária é também a res43. Esse tipo de obesidade, descrito Entre essas, as mais estudadas são o
principal causa de morte em pacientes por Jean Vague em 1947, está valor total de homocisteína, lipoproteína
renais crônicos em tratamento dia- associado, de forma independente, à (a), marcadores da função fibrinolítica
lítico. Isso ocorre em parte pela idade hipertensão, dislipidemia e diabetes, (PAI-1, t-PA e d-dímero), fibrinogênio
avançada desses pacientes, bem co- caracterizando-se a síndrome de e marcadores inflamatórios (proteína
mo pela proporção de pacientes dia- resistência à insulina quando todos C reativa, interleucina 6, fatores de
béticos com essa complicação. Cerca esses fatores estiverem presentes44. adesão celular – ICAM-1 e fator de
de 35% dos pacientes com insufi- Atividade física – Estudos epide- necrose tumoral – TNFα). A descri-
ciência renal crônica, em diálise, têm miológicos têm demonstrado que a ção detalhada da ligação dessas (subs-
diabetes melito. atividade física habitual diminui o risco tâncias com doença coronária) foge
A aterosclerose acelerada desses de doença coronária. Mesmo exercí- do escopo deste artigo; entretanto,
pacientes é multifatorial. Alterações cios moderados apresentam efeito recentemente, Ridker51 realizou uma
lipídicas, hipertrigliceridemia, intolerân- protetor contra doença coronária e revisão desse tópico, devendo o leitor
cia à glicose e resistência à insulina morte por qualquer causa 45 . O reportar-se a esta.
ocorrem cedo nos pacientes renais crô- exercício físico, quando analisado
nicos, independentemente de serem ou objetivamente, associa-se com maior
não diabéticos. Outros fatores ligados diminuição de risco no sexo feminino, Diagnóstico
ao processo aterosclerótico incluem sendo o sedentarismo um fator de
deficiência de carnitina, hipertensão risco independente e mais prevalente O diagnóstico da cardiopatia
arterial, hiperparatireoidismo secundá- nas mulheres46,47. isquêmica baseia-se na história clínica,
rio, alterações no sistema fibrinolítico O exercício físico se associa a uma na presença de fatores de risco coro-
e nas plaquetas, com conseqüente série de benefícios, como elevação da nário e em exames complementares.
aumento na formação de trombo e fração HDL-colesterol, redução dos Dependendo da situação apresen-
deposição plaquetária39,40. Todos esses níveis pressóricos, da resistência à tada, esse diagnóstico muitas vezes
fatores contribuem para tornar essa insulina e também à perda de peso47. constitui um desafio. A coronariografia
população de alto risco para eventos Deficiência de estrógeno – A é o exame padrão-ouro para esse
coronários. mulher após a menopausa está sob diagnóstico; no entanto, é exame
Obesidade – Em países desenvol- maior risco de eventos coronários. invasivo e relativamente dispendioso,
vidos, a obesidade vem aumentando Acredita-se que isso ocorra pela de- sendo indicado como procedimento
sua prevalência. No Brasil, essa ficiência de estrógeno característica inicial da investigação de pacientes
prevalência também tem aumentado dessa fase. O estrógeno atua no perfil com dor precordial em uma pequena
em ambos os sexos; entretanto, nos lipídico diminuindo a fração LDL- proporção de casos. A história clínica
25% da população de maior poder colesterol e sua oxidação e aumentan- e o exame físico, complementados por

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eletrocardiograma e radiografia de A dor isquêmica pode irradiar-se fatores de risco presentes naquele
tórax, são suficientes para o diagnós- para os dois membros superiores, paciente. Esses fatores são os mais
tico da maioria dos casos de dor torá- (mais comumente se irradia para o importantes preditores em pacientes
cica, discernindo quem necessitará de esquerdo), região epigástrica, mandí- que não sofreram infarto agudo do
maior investigação. bula, pescoço e garganta. Irradiação miocárdio. Nessa população, o IAM é
O quadro clínico da cardiopatia is- acima da mandíbula ou abaixo da região o fator mais importante.
quêmica depende de qual síndrome clí- epigástrica é rara. De acordo com o estudo CASS
nica o paciente esteja apresentando. En- O diagnóstico diferencial deve ser (Coronary Artery Surgery Study)56:
tretanto, a dor anginosa caracteriza-se feito com alterações esofágicas, cólica a) história de angina típica considerada
por sensação de aperto, compressão, biliar, pericardite aguda, inflamação como dor precordial desencadeada
constrição, estrangulamento ou quei- costocondral (síndrome de Tietze), pelo esforço ou estresse emocional e
mação espalhada na região precordial afecção musculoesquelética, dis- aliviada com o repouso ou nitroglicerina
(retroesternal), e não em um ponto secção aórtica, embolia pulmonar e com duração menor que 10 min; b)
localizado do precórdio; habitualmente hipertensão pulmonar crônica. angina atípica, caracterizada por dor
o paciente relata a sensação com a O exame físico é importante na prolongada sem relação com exercício
mão espalmada nessa região. A sen- avaliação do grau de comprometimen- que não melhora com repouso ou
sação de dor muitas vezes não é rela- to da função ventricular (terceira e nitroglicerina e c) dor não-anginosa,
tada. É importante ressaltar que se o quarta bulhas) e para o diagnóstico são fatores pré-teste determinantes
paciente já é comprovadamente diferencial de outras condições, como da presença de lesão coronária.
portador de doença coronária, ele já a miocardiopatia hipertrófica ou A partir desses dados e de outros
conhece as características da dor doenças orovalvares. Quarta bulha e estudos, a American Heart Associa-
isquêmica e isso ajuda no diagnóstico sopro sistólico apical podem fazer parte tion57 elaborou a probabilidade pré-
final de isquemia miocárdica. da cardiopatia isquêmica, no entanto teste de homens e mulheres em
Na angina crônica, caracteristi- sopro diastólico é um achado pouco diversas faixas etárias (Tabela 1).
camente, o paciente apresenta descon- freqüente nessa condição55. Algumas características, além da
forto precordial aos esforços, com Exames não-invasivos – Vários dor precordial, são importantes na
duração de alguns minutos, melho- exames não-invasivos estão hoje determinação do risco pré-teste. En-
rando com repouso ou com nitrato disponíveis na prática clínica para tre os fatores de risco, hipertensão
sublingual; entretanto, no IAM e na diagnóstico da isquemia miocárdica, arterial, tabagismo, hipercolestero-
angina instável a dor precordial é variando sua acurácia diagnóstica e lemia (> 250 mg/dl) e diabetes são os
desencadeada em repouso com custo. A escolha de um desses testes mais importantes; entretanto, o dia-
duração mais prolongada no primeiro deve pautar-se principalmente na betes melito é o preditor mais forte de
(acima de 30 min) e menos duradoura probabilidade de doença coronária pré- lesão coronária. No eletrocardiograma,
no segundo (até 15 min). Dor precordial teste, o que se ganha com outro exame ondas Q compatíveis com necrose e
com duração de segundos ou que se em relação ao que se indicou e o que alterações do segmento ST-T são as
apresenta constante, o dia inteiro ou especificamente o médico gostaria de alterações mais importantes52.
semanas, não é de etiologia isquêmica. avaliar naquele paciente. Testes diagnósticos – Os testes
A intensidade da dor é outro fator que Probabilidade de doença coro- mais freqüentemente utilizados para o
se deve levar em consideração, já que nária pré-teste – A probabilidade diagnóstico de cardiopatia isquêmica
ela não está relacionada especifi- pré-teste do exame depende da idade, são: teste ergométrico, ecocardiogra-
camente com a gravidade do quadro, do sexo, da apresentação clínica e dos ma sob estresse com exercício, dobu-
mas com a percepção individual do
paciente52. Estudos epidemiológicos
mostram que quase metade dos Tabela 1 – Probabilidade pré-teste de doença coronária de acordo com a idade,
o sexo e as características da dor precordial
episódios de IAM são assintomáti-
Dor não-anginosa Angina atípica Angina típica
cos 53 . Em pacientes idosos e/ou
Idade (anos) Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher
diabéticos os sintomas podem ser mais
atípicos, sendo a dor substituída por 30-49 4 2 34 12 76 26
queixas como dispnéia aos esforços 40-49 13 3 51 22 87 55
ou mesmo em repouso, fadiga, sensa- 50-59 20 7 65 31 93 73
ção de desmaio e sudorese54. 60-69 27 14 72 51 94 86

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tamina ou dipiridamol, teste ergomé- tivas entre eles, embora exista uma probabilidade pré-teste, a sensibilidade
trico com mapeamento cardíaco com tendência de o ecocardiograma com e especificidade desses exames nas
tálio ou com tecnécio 99m (sestamibi) exercício ser mais sensível que o eco mulheres são similares às dos homens61.
e o SPECT (single photon emission com outro estresse. Uma metanálise com 21 estudos e
computed tomography) com tálio ou De todos os testes, o ergométrico 4.113 mulheres submetidas a teste
sestamibi. Menos comumente utilizada com ECG é o mais freqüentemente ergométrico, teste com tálio e ecocar-
é a tomografia por emissão de pósitron utilizado. Como teste inicial é útil, diograma sob estresse demonstrou que
(PET). simples e barato. Os fatores limitantes o primeiro exame apresentou sensibi-
Para o paciente sem contra-indi- desse exame, entretanto, são altera- lidade e especificidade de 61% e 70%,
cações para quaisquer desses testes, ções eletrocardiográficas prévias, o segundo de 78% e 64% e o terceiro
o que se deve levar em consideração como bloqueios de ramos e alterações de 86% e 79%, respectivamente62.
é o custo do procedimento e a sua do segmento ST-T, impossibilidade de Testes seqüenciais – É comum
acurácia. Ecocardiograma sob estres- realização do exame por problemas inicialmente a realização de um teste
se, SPECT e PET são os testes mais físicos e testes que não atingem a ergométrico seguido por outro teste
sensíveis e específicos para o diagnósti- carga máxima preconizada. Uma me- com melhor acurácia. É importante
co de lesão coronária grave. A PET tanálise de 147 estudos envolvendo ressaltar que, quando os dois testes
apresenta sensibilidade igual à da mais de 24 mil pacientes demonstrou são positivos, a probabilidade de doença
SPECT, com especificidade um pouco sensibilidade de 68% e especificidade coronária é muito alta; mesmo com
maior, e é menos específica que o de 77% para o diagnóstico de lesão teste ergométrico negativo, mas teste
ecocardiograma sob estresse. Em coronária grave60. Esse exame deve com radioisótopo positivo, a interpre-
metanálise comparando SPECT com ser a escolha inicial em pacientes com tação deve ser calcada no segundo
ecocardiograma, a acurácia deste dor precordial com probabilidade exame, já que nessa situação a proba-
último foi melhor58. De maneira geral, moderada pré-teste e com ECG basal bilidade de lesão coronária também
a sensibilidade desses testes para o normal. permanece alta63.
diagnóstico de lesão de tronco de artéria Em pacientes com ECG basal alte- Atenção especial deve ser dada ao
coronária esquerda ou de lesões em rado, nos quais a interpretação das resultado desses testes:
três vasos oscila em torno de 90%59. alterações do segmento ST-T fica 1. Pacientes com teste francamen-
Em pacientes com probabilidade prejudicada e em pacientes impossibi- te positivo e de mau prognóstico
pré-teste baixa (5%), o valor preditivo litados de realizar exercícios (idosos, (Tabela 2) devem ser encaminhados à
positivo de um teste anormal é de com insuficiência vascular periférica, coronariografia;
21%. Nesse grupo de pacientes existe doenças pulmonares e acidente vascu- 2. Se os dois testes são normais em
alta probabilidade de teste falso- lar cerebral), a cintilografia torna-se o carga alta, o paciente terá excelente
positivo; em pacientes com probabili- exame de escolha. A sensibilidade e a prognóstico e não deverá realizar ou-
dade pré-teste intermediária (50%), especificidade desse exame oscila em tros procedimentos;
um teste positivo aumenta a possibili- torno de 89% e 76%, respectivamente. 3. Paciente com teste ergométrico
dade de doença coronária para 83%, Estudos ajustados para viés de enca- com ECG normal, em carga máxima,
usando sensibilidade e especificidade minhamentos relatam especificidade mas com teste com radioisótopo ou
de 50% e 90%, respectivamente; em de até 90%57. eco de estresse positivo, de bom prog-
pacientes cuja probabilidade pré-teste O ecocardiograma sob estresse nóstico, deve ser manuseado conser-
é alta (90%), um teste positivo resultará proporciona a mesma acurácia dos vadoramente;
em uma probabilidade de lesão exames com radionuclídeos. Entretan- 4. Pacientes assintomáticos, com
coronária de 98%. Nesse grupo, um to, além da função cardíaca global e teste com ECG positivo, de mau prog-
teste negativo não afasta o diagnóstico regional, esse exame avalia a hipertro- nóstico ou com risco intermediário,
de doença coronária, ficando ainda fia ventricular e doenças orovalvares mas com teste com radioisótopo
uma probabilidade de cerca de 80%, associadas. Imagens adequadas são normal, também apresentam excelente
mesmo com teste negativo. Portanto, obtidas em cerca de 90% dos casos. prognóstico; a sobrevida cardiovascu-
a melhor utilização do exame não- Sua sensibilidade e especificidade para lar em sete anos nesses casos é de
invasivo é no grupo de pacientes com o diagnóstico de doença coronária são 97%64.
risco intermediário. Com relação ao de 85% e 86%, respectivamente60. Pacientes com miocardiopatia
radiofármaco utilizado e ao tipo de Testes não-invasivos em mulhe- dilatada – A cardiopatia isquêmica é
estresse, não há diferenças significa- res – Levando-se em consideração a uma das causas reversíveis de miocardio-

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patia dilatada. Na série de Felker et al.65, Na suspeita desses casos, o pacien- definitivo de doença aterosclerótica
em 1.278 pacientes encaminhados por te deve ser investigado com ECG, cororonária, avaliando também sua
miocardiopatia dilatada, 8% apresen- ecocardiograma de estresse e/ou teste extensão, assim como a função ventri-
tavam doença coronária. A presença de com radioisótopo para afastar altera- cular. Todo paciente que se beneficie
miocárdio hibernante pode ser uma das ções compatíveis com doença coro- de outra terapêutica que não a clínica
causas de déficit da função ventricular, nária. deve ser submetido a esse exame.
com reversão da função após a Cinecoronariografia – A cineco-
revascularização miocárdica. ronariografia é o exame diagnóstico
Tratamento
Tabela 2 – Alterações de mau prognóstico em exames não-invasivos
A terapêutica da miocardiopatia
Teste com ECG
isquêmica baseia-se no enfoque dos
Infradesnivelamento do ST maior ou igual a 2 mm seguintes aspectos: orientação geral
Infradesnivelamento do segmento ST maior que 1 mm no primeiro estágio com relação ao estilo de vida e incentivo
Infradesnivelamento do segmento ST com duração maior que 5 min na recuperação para exercícios isotônicos; tratamento
Diminuição da pressão sistólica acima de 10 mmHg e redução dos fatores de risco para
Teste com radioisótopo doença coronária; uso de medicamen-
Hipoperfusão múltipla em mais de um território vascular tos antianginosos e antiplaquetários;
Hipoperfusão extensa tratamento de doenças concomitantes
Captação pulmonar do radiofármaco que piorem a isquemia miocárdica; e,
Dilatação ventricular transitória após exercício por fim, a terapêutica invasiva com
Ecocardiograma de estresse revascularização percutânea por
Hipocontratilidade transitória em múltiplas regiões angioplastia ou eventualmente cirúrgi-
Alto escore de alterações de contratilidade ca com pontes de safena e anastomose
Dilatação cardíaca grave mamária66.

Abstract standard for diagnosing coronary artery disease is coronary


angiography, however a number of noninvasive tests are
Isquemic cardiopathy available that vary in accuracy and cost. In this paper we
Diagnosing coronary heart disease in the patient who review the accuracy of noninvasive test for diagnosis of
presents with chest pain can be challenging. The gold coronary artery disease.

Keywords: Angina; Diagnosis; Coronary artery disease.

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