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A DINÂMICA DOS DESEJOS NOS EXERCÍCIOS

“O DESEJO é o coração e a côr do tempo humano” (D.Vasse)

Em S.Inácio, o tema do desejo ocupa um lugar central. Ele havia experimentado


em si mesmo a força e a energia dos grandes desejos para elevar e impulsionar
o espírito humano.
O desejo é como a pulsação de nossa vida; ele proporciona orientações
enérgicas e poderosas à psique.
Com o têrmo “desejo” queremos indicar aquela complexa realidade
de sensações e emoções,
de sonhos e aspirações, através dos quais exprimimos aquilo que
mais nos atrai, aquilo para o
qual se dirige o nosso olhar e que está no centro da nossa vida.

No fundo, os desejos é que revelam o grau de liberdade e maturidade de uma


pessoa.
Apreciar e desejar o que é verdadeiro-belo-bom é, sem dúvida, sinal de liberdade
interior.
“O desejo é uma tendência que tomou consciência de si mesma” (L.Boisvert)
Somente o desejo pode colocar em movimento o aparato psíquico por inteiro.
Não é a vontade mas sim o desejo que sugere a ação (desejar e, a seguir,
querer).
Não pode existir ação volitiva verdadeira sem um desejo prévio.
O desejo confere calor, conteúdo, côr, imaginação, frescor e riqueza à vontade.
A vontade, por sua vez confere a auto-direção, a maturidade do desejo.
A vontade protege o desejo, possibilitando-lhe a continuidade. No entanto,
sem desejo, a vontade perde sua seiva vital.
Alguém com vontade, mas sem desejo, é um estéril, um voluntarista...
Para S.Inácio, a VONTADE é a sede dos DESEJOS; a VONTADE, mais que a
capacidade
humana de decidir, é a capacidade humana de albergar DESEJOS.
É um QUERER em sua dupla faceta: querer no afeto, sentir amor, sentir o impul-
so do DESEJO; e o QUERER que é uma decisão: “eu quero isto”, o determino.

O desejo não é um impulso cego, um instinto que impele de maneira


incontrolável, e sim uma tendência significativa para “algo” que é importante
em si mesmo.
O desejo é uma força canalizada, com um significado, e não um movimento
caótico, mais ou menos cego e automático.
É uma FORÇA sentida, portadora de significados, uma aspiração, um
impulso para conseguir aquilo para o qual eu me sinto feito, para realização de
meu fim último.
“Se há verdadeiramente desejo, se o objeto do desejo é verdadeiramente a LUZ,
o desejo da LUZ produz a LUZ” (S.Weil).

A Graça de Deus intensifica o desejo e nos leva a realizar desejos que


inicialmente pareciam difíceis de serem realizados.
A atitude radical da pessoa é a de abrir-se a esse desejo e responder a ele e
todo o processo espiritual consiste em ir identificando os próprios desejos
com o desejo de Deus.
Texto bíblico: lReis 3,4-l5

Na oração:
* Queres conhecer a qualidade da tua
vida de oração?
Comece por te interrogar acerca da qualidade
das tuas aspirações e dos teus desejos.
Quanto mais o Espírito de Deus te invadir mais os teus desejos corresponderão aos do Espírito.
A ORAÇÃO nos faz “entrar” progressivamente no mundo dos desejos divinos;
ela é o lugar do nascimento e transformação dos desejos profundos;
ela é o lugar por excelência da “escavação” do desejo.
Nesse sentido pode-se, pois, falar de arqueologia do desejo porque o ato de desejar, próprio do ser humano,
está originalmente voltado para Deus. Para que isso ocorra e seja evidente, é preciso escavar o desejo. Essa
operação consiste em interrogar-se sobre o conteúdo e a origem dos próprios desejos, passando de desejo em
desejo, até captar aquela exigência radical de bem, de verdade, de felicidade, de liberdade, de definitivo
que está presente em todo ser humano e que é límpida expressão do desejo mais radical de Deus.

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