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Recensão crítica de um artigo

Teachers’ journeys towards critical use of ICT


Renato Schibeci, Judith MacCallum, Wendy Cumming-Potvin, Cal Durrant, Barry Kissane and Erica-Jane Miller
Austrália, 2008
r01234LTRO.037saeerc.

Carla Alves| a20091790


ULHT_Mestrado em Ensino de Artes Plásticas
alves.carla.sr@gmail.com

Palavras-chave dade de se virar ao contrário e ver para onde é que


Confiança do professor com as TIC, desenvolvimento estamos a andar. Se não conseguimos ver muito adiante
profissional, integração das TIC em direcção ao futuro, ao menos que sejamos capazes
de descrever aquilo que se nos depara imediatamente à
ABSTRACT nossa frente, para que possamos ajudar aqueles que
O artigo “Teachers’ journeys towards critical use of estão a escolher quais os bilhetes a comprar.
ICT”, reflecte um estudo que explora a competência e a Ronald Rice, 1984
confiança dos professores na utilização de Tecnologias O projecto foi definido dentro de um contexto explora-
da Informação e Comunicação (TIC) e o uso destas em tório de investigação sobre as aprendizagens de alunos e
sala de aula como prática pedagógica. Sendo que os professores num ambiente que integra o uso das TIC. A
professores têm um papel fundamental no desenvolvi- pesquisa foi direccionada não apenas para o potencial de
mento de novos modelos de aprendizagem, os resulta- impactos positivos na aprendizagem dos alunos, mas
dos apresentados correspondem a dados qualitativos que também para a importância de proporcionar meios para
se obtiveram ao longo do projecto com os 200 professo- professores desenvolverem competências em TIC. Foca-
res envolvidos, nas 12 escolas primárias australianas lizando um paradigma construcionista (Papert, 1980),
seleccionadas e nas quatro fases destinadas à conclusão como meio de responder ao desafio colocado à escola
do projecto de investigação. Neste sentido, o governo por uma sociedade em profunda e acelerada mudança,
australiano procurou respostas para as seguintes ques- notoriamente incapaz de “preparar para o futuro”, mas
tões: talvez ainda com alguma capacidade para formar pes-
1- Qual o impacto do processo de implementação de soas peritas em aprender e em mudar. (Jesus Maria
utilização das TIC na confiança e competência dos pro- Sousa & Carlos Nogueira Fino, 2008) O construcionis-
fessores durante o período do projecto e quais os facto- mo centra-se na criação de ambientes propícios à activi-
res que influenciaram essa confiança e competência? dade reflexiva do indivíduo, onde a aprendizagem signi-
2- Como é que a utilização das TIC pelos professores ficativa é o resultado desse ambiente permitir processos
durante o período do projecto mudou a sala de aulas? de escolha, de ter uma multiplicidade de problemas que
3- Qual é o impacto de diferentes tipos de DP (Desen- permitem a recontextualização (aprender – com e
volvimento Profissional) na confiança e competência aprender – sobre) e de permitir também interacções
dos professores na utilização adequada das TIC? ajustadas à forma como cada indivíduo coloca em acção
as suas hipóteses. Vistos como alunos adultos, os pro-
PARADIGMA E QUADRO TEÓRICO fessores podem fazer escolhas diárias personalizadas de
Como alguém disse no passado, no comboio para o aprendizagem para a transferência de novas competên-
progresso os novos assentos estão virados para a reta- cias em prática através de percursos pessoais de apren-
guarda. Os investigadores ainda não tiveram oportuni- dizagem.

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RECENSÃO CRÍTICA DE UM ARTIGO

“Teachers’ journeys towards critical use of ICT”


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HIPÓTESE E PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO como os alunos aprendem, mas também o que aprender
A grande tragédia da ciência: o massacre de uma bela- (DEST 2002).
hipótese por parte de um horrível facto. O sistema de ensino recolheu dados documentais, como
Thomas Huxley parte do projecto de implementação do processo e estas
Estudos revistos sugerem que a adopção das TIC pelos foram as fontes de dados primários do estudo. O projec-
professores depende dos seus valores e convicções to envolveu cerca de 200 professores em 12 escolas
sobre a importância das TIC no sistema de ensino. Da primárias australianas, seleccionadas geograficamente
mesma forma, Durrant e Green (2000) argumentaram próximas umas das outras, verificando a suas capacida-
que a aprendizagem, alfabetização tecnológica dos pro- des das redes de telecomunicações e relação socioeco-
fessores é um exercício complexo, envolvendo explora- nómica das populações. Numa primeira leitura dos
ção, dimensões culturais, sociais. Como tal, a integração dados formou-se uma apreciação do nível e tipo de
efectiva das TIC nas escolas deve incluir políticas e provas de confiança dos professores, a competência, a
práticas que, simultaneamente, considerem os processos utilização das TIC e da participação no DP em cada tipo
pelos quais os professores aprendem e desenvolvem a de registo. Desta análise resultou um esquema onde
sua literacia tecnológica conferindo-lhes competências foram referenciados 4 níveis para apontar a progressão
técnicas, bem como o contexto cultural, social e históri- dos professores.
co dessa aprendizagem. Nível 1: where’s the ON button?
A iniciativa do projecto foi em parte desenvolver no A primeira fase tem como objectivo a literacia tecnoló-
sistema de educação um modelo para uma nova apren- gica dos professores e estabelecer a confiança pessoal
dizagem nas escolas, tendo em vista como objectivos no uso das TIC disponíveis.
mais relevantes determinar o impacto da infra-estrutura Nível 2: Black Line mastery
da tecnologia sobre a capacidade dos professores no uso A segunda fase é conceptualizada incidindo sobre a
das TIC e investigar as oportunidades de aprendizagem utilização das TIC por alunos e professores para tarefas
fornecidas pelas mesmas verificando/determinando as específicas nos currículos existentes.
mudanças resultantes na pedagogia educacional. O Nível 3: routine teacher and student use
impacto na aprendizagem dos alunos, por si só não foi o A terceira fase é apontada como o uso rotineiro da tec-
foco. nologia como parte da aprendizagem do aluno, espe-
cialmente em aprendizagens não relacionadas com as
DESENHO DE I&D TIC.
O relatório encomendado pelo governo australiano Nível 4: what’s in the curriculum?
(DEST 2002) propôs um quadro de desenvolvimento de A quarta e última fase têm como objectivo o desen-
competências dos professores com as TIC em quatro volvimento curricular e da escola modificados como
fases distintas. A expectativa é que professores e outros resultado da implementação das TIC.
profissionais evoluam de modestos utilizadores das TIC
para utilizadores altamente qualificados. Neste caso, RESULTADOS
significa passar de um nível mínimo, em que as TIC são Observou-se assim, que os níveis de conhecimentos e
utilizadas como uma ferramenta para melhorar resulta- confiança dos professores variaram consideravelmente e
dos de aprendizagem dos alunos com os currículos exis- foram ligados ao tamanho da escola, os recursos da
tentes e em vigor, para passar para um próximo nível escola e apoio tecnológico. Além disso, os professores
inovador, em que os professores devem ser capazes de eram mais susceptíveis de tirar proveito da formação
se envolver no domínio das TIC como parte integrante escolar se baseavam, na forma de cursos de curta dura-
de uma ampla reforma curricular, a qual muda não só ção ou workshops (em vez de mais um longo tempo) e
através de tutoriais de pequeno grupo ou um grupo

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RECENSÃO CRÍTICA DE UM ARTIGO

“Teachers’ journeys towards critical use of ICT”


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grande de instrução. O uso das TIC acrescentou signifi- REFERÊNCIAS


[1]
cado e motivação para as actividades de aula, possibili- http://www3.uma.pt/carlosfino/publicacoes/9.pdf
tando aos professores reflectir sobre suas estratégias de (13-04-10)
[2]
ensino e evolução registando mudanças no sistema de http://lexico.universia.pt/hipotese/(13-04-10)
[3]
ensino para uma aprendizagem colaborativa. Damásio, José Manuel, Tecnologia e Educação: as tecnolo-
gias da informação e da comunicação e o processo educativo,
Embora tenha havido vislumbres de uma abordagem Vega, Lisboa, 2007
[4]
crítica no trabalho de alguns professores e coordenado- http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/an
res, os dados foram insuficientes e inconclusivos para ais/pdf/417_688.pdf (13-04-10)
documentar a última fase, pois cada escola tinha um
conjunto único de circunstâncias que afectaram a direc-
ção e o sucesso do projecto, necessitando este de mais
tempo para ser concluído. Ainda assim, os dados dispo-
níveis para a análise qualitativa revelaram que a maioria
dos professores (para que existem registos) não passou
de pouco ou nenhum conhecimento das TIC.
A percentagem de desenvolvimento deste processo, no
entanto, variou de professor para professor e de escola
para escola. Enquanto uma maioria dos professores
apresentaram características atribuíveis ao nível 1 ou 2,
menos progrediram para o nível 3 e não havia registos
de competências tecnológicas notáveis nos professores
no desenvolvimento do nível 4.

CONCLUSÕES | ILAÇÕES PARA CONTEXTO UC


Embora a pesquisa não tenha sido conclusiva, face ao
problema de investigação descrito, permite tirar como
ilações que as TIC não são ainda um recurso integrado
nas actividades de ensino, logo torna-se fundamental
que compreendamos como os professores podem ser
ajudados a actualizar os seus conhecimentos, dadas as
demandas da sua movimentada vida profissional. Por-
tanto, evidencia-se que o envolvimento dos professores
em acções de formação é um dos suportes mais impor-
tantes para o desenvolvimento das competências dos
professores relativamente às TIC e ao seu uso na prática
pedagógica, quer numa formação inicial como na for-
mação ao longo da vida. O quadro descrito que foi
desenvolvido para este projecto pode ser um ponto de
partida útil para outros pesquisadores que considerem
importante rastrear o desenvolvimento das TIC na
actualização dos currículos e das metodologias pedagó-
gicas.

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