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Isomeria
Ao pesquisarmos um composto orgânico molecular C2 H6 O, um fato logo nos chama a
atenção: existem dois, e não um composto com esta composição.

Nas condições ambientais, um deles é um gás, enquanto o outro é um líquido. O


primeiro não reage com sódio metálico; enquanto o segundo o faz com certa facilidade,
desprendendo hidrogênio. Essas e muitas outras observações nos permitem afirmar que
nos encontramos frente a dois compostos diferentes.

Se eles apresentam a mesma fórmula molecular, o que será responsável pelas diferenças
nas propriedades físicas e químicas verificadas?

Encontramos a resposta na análise de suas estruturas:

H H H H
H-C-O-C-H H-C-C-O-H
H H H H

A diferença na distribuição dos átomos nas moléculas (estrutura) é a responsável por


diferentes comportamentos e consequentemente pela existência de duas substância
diferentes com a mesma fórmula molecular. Isso é isomeria: fenômeno que aparece na
Química Inorgânica, mas é na Química Orgânica que apresenta aspectos qualitativos
e quantitativos importantes.
Isômeros

Do grego isso= igual, meros = partes

São compostos diferentes que apresentam a mesma fórmula molecular.


Formalmente dizemos:

Isômer os s ão compos tos de mes ma fór mula


mo lecu lar e dif er entes fór mu la s est r utur ai s

A grande versatilidade de ligação do elemento carbono é que torna a isomeria um


problema fundamental da Química Orgânica.

O número de isômeros em cada caso depende da composição molecular. Quanto maior


o número de átomos constituintes, especialmente de carbono, maior o número de
estruturas possíveis. Só para dar uma idéia, mostramos alguns números: com a
composição C3 H6, teremos só dois isômeros; já com a fórmula C5 H12, serão 3

isômeros; com C10 H22, serão 75 isômeros e com a composição C15 H32, serão 4347
isômeros possíveis.

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Podemos considerar dios casos gerais de isomeria : a isomeria plana e a isomeria


espacial.
 Isomeria Plana

Os casos de isômeros cujas estruturas apresentam diferenças visíveis nas fórmulas


estruturais planas. Podemos dividi-la em isomeria plana de:

• Função
• Cadeia
• Posição
• Compensação ou metameria
• tautomeria

 Isomeria Plana de Função

Também chamada de isomeria funcional, é o caso de isomeria plana no qual os


isômeros pertencem a funções diferentes.

Exemplos:

H3 C - O - CH 3 H3C - CH2 - OH (Ambos com a fórmula C2


Éter dimetílico (éter) álcool etílico (álcool) H6 O)

O
O H3 C - C (Ambos com fórmula
H3 C- CH2 - C CH3 C3 H6 O)
H

Propanal propana
(aldeído) (cetoana)

Fig Fig Fig (OsTrês com


Fórmula
C7 H8 O)

Álcool benzílico O- hidróxitolueno metóxi-benzeno


(álcool) (fenol) (éter)

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 Isomeria Plana de Cadeia

É o caso de isomeria plana no qual os isômeros pertencem à mesma função, mas têm
tipos de cadeias diferentes.

Exemplos:

H3 C- CH2 - CH2 - CH3 H3 C- CH - CH3 (ambos C4 H10)

CH3
n-butano isobutano

H3 C == CH - NH3 H2 (ambos C3 H6)


propeno
C

H2 C ---- C H2

ciclopropano

H3 C- CH2 - NH2 H3 C- NH - CH3 (ambos C2 H7 H)


Etil-amina dimetil amina

 Isomeria Plana de Posição

É o caso de isomeria plana no qual os isômeros pertencem à mesma função, possuem o


mesmo tipo de cadeia, mas diferem na posição de uma radical ou localização de
insaturação

Exemplos:

(ambos C3 H8 O)

1 propanol 2 propanol

(ambos C4 H8)

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1 buteno 2 buteno

Fig Fig Fig (os três C8 H10)

Orto-xileno meta-xileno para-xileno

 Isomeria Plana de Compensação

Também chamada metameria, é o caso de isomeria plana no qual os isômeros


pertencem à mesma função, têm o mesmo tipo de cadeia, mas diferem na posição
relativa de um heteroátomo.

Exemplos:

H3 C - O - CH2 - CH2 - CH3 H3 C -CH2 - O - CH2 CH3 (ambos C4 H10 O)

Éter metil n-propílico éter dietílico

Fig Fig (ambos C3 H6 O2)

Acetato de metila formiato de etila

H3 C - NH - CH2 - CH2 - CH3 H3 C - CH2 -NH -CH2 - CH2 - CH3

Metil n-butil amina etil n-propil amina (ambos C5 H13 N)

 Tautomeria

É o um caso muito particular de isomeria plana no qual os isômeros coexistem em


equilíbrio dinâmico quando em solução. Por esse motivo é chamado, por alguns, de
isomeria dinâmica.

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Fig

Atingindo o equilíbrio, a quantidade de aldeído é muito superios à do enol ( a forma


enólica é instável).

Dizemos, portanto, que esse equilíbrio está deslocado para o lado do aldeído.

Essas duas substâncias que coexistem em solução são isômeros e tal caso de isomeria é
chamado de tautomeria, do grego teautos = 2 de si mesmo.

O equilíbrio que se estabelece é chamado, genericamente, tautômero. Nesse caso


particular, é denominado equilíbrio aldo-enólico, porque aconteceu entre um aldeído e
um enol.

Nesse equilíbrio teremos acidez do hidrogênio do carbono-2 no aldeído e do hidrogênio


da hidroxila do enol.

Ocorrem então migrações concomitantes, que assim podem ser esquematizadas :

Fig.

O equilíbrio se desloca para o lado do aldeído pelo fato de o enol ser mais ácico.
Outro exemplo de tautomeria:

propanal 1 propenol

Fig

propanoma isopropenol

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O primeiro desses dois equilíbrios é chamado de aldo-enólico, pois envolve um aldeído


e um enol. Já o segundo é chamado ceto-enólico, pois envolve uma cetona e um enol.

A solução que contém os dois tautômeros é denominada aleotrópica.

 Isomeria Espacial - Estereoisomeria

É o caso de isomeria no qual a diferença entre as estruturas dos isômeros só é visível na


fórmula espacial, ou simular.

Temos dois casos de isomeria espacial: a cis-trans e a óptica.

 Isomeria geométrica - Cis-trans

Nos alcenos, além das possíveis isomeiras plana já estudadas, aparece um dos casos
mais simples de isomeria espacial ou estereoisomeria.

Se procurarmos os alcemos existente com a fórmula C4 H8, pelas fórmulas


estruturais planas, vamos descobrir três:

H2 C = CH - CH2 - CH3 H3 C - CH - CH3 H2 C = C - CH3


CH3

1 buteno 2 buteno isobuteno

Porém, no laboratório constamos a existência de quatro alcenos com a fórmula C4 – H8.

De fato, lançando mão das fórmulas estruturais espaciais, vamos notar que o 2 buteno
apresenta duas estruturas diferentes e, portanto, isômeras:

Fig.

Essas duas estruturas não são sobreponíveis, pois dois carbonos que trocam duplas
ligações não possuem “rotação livre”, desse modo são diferentes.

Fig.

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Esse tipo de isomeria existem entre essas duas estruturas é espacial, pois só através da
fórmula estritira; espacial ficou bem evidenciado, e é chamado isomeria geométrica ou
cis-trans.

Ao isômero que possui os agrupamentos semelhantes situados nos semi-espaços opostos


dá-se o nome de isômeros trans:

Fig.

Não acontece tal isomeria nos caso em que pelo menos a um dos carbonos estão
ligados dois grupos iguais.

Um caso importante de isomeria cis-trans é o do ácidobutenodióco:

HOOC – CH = CH – COOH

Usando-se as fórmulas de projeção para simplificar, os dois isômeros geométricos são:

Fig.

Uma distinção importante entre eles é a desidratação intramolecular para originar


anidrido. Tal reação só acontece com o ácido maléico, o que fica fácil entender se
verificarmos as suas estruturas e a estrutura do anidrido.

Fig

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Ácido maléico anidrido maléico

O ácido fumárico não forma o correspondente anidrido; porém se aquecido acima de


certa temperatura, transforma-se no ácido maléico, que posteriormente origina o
anidrido maléico.

Fig

 Isomeria Baeyeriana – Cis-trans

E a estereoisomeria, isto, é, isomeria espacial, que acontece em compostos com cadeia


cíclica.

Vamos analisar o aspecto mais simples dessa isomeria que é semelhante e alcenos. Em
certos compostos cíclicos ocorre a isomeria cis-trans.

Para que tal ocorra, é necessário que pelo menos a dois carbonos saturados do ciclo
estejam ligado dois grupos diferentes:

1,2 – dimetil ciclopropano

Fig

Se dele fizermos a fórmula espacial , vamos constatar a existência de duas estruturas


diferentes.

Tomando como referência o plano determinado pelos carbonos do anel, vemos que
todas as considerações já feitas por nós, quando estudamos isomeria geométrica, são
aplicadas aqui, guardamos as devidas proporções.

As apresentações em relação ao plano citado podem ser feitas assim:

Fig.

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Cis Trans

Nos ciclos tal isomeria não apresenta sempre a simplicidade existente nos alcenos. Há
possibilidade de existir, conforme o caso vários isômeros cis e vários trans, e ainda
mais: essa isomeria é quase que invariavelmente acompanhada de isomeria óptica, que
abordaremos a seguir:

Isomeria Óptica

 Luz polarizada

Podemos considerar que a luz é uma radiação de natureza eletromagnética.

A luz natural de emissão apresenta infinitos planos de vibração, todos perpendiculares à


direção de sua propagação.

Quando essas vibrações têm lugar em um único plano que contém a direção de
propagação, dizemos que a luz está polarizada.

 Polarizadores

São dispositivos através dos quais se consegue a polarização da luz; o mais usado é o
chamado prisma de nicol.

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Substâncias opticamente ativas

São aquelas que giram o plano da luz polarizada.

Às substâncias que giram o plano da luz polarizada no sentido horário- portanto, para a
direita do observador – damos o nome de dextrorrotatórias ou dextrógiras ( d ),
atribuindo-lhes sinal (+).

As substâncias que giram o plano da luz polarizada no sentido anti-horário – portanto,


para a esquerda do observado – damos o nome de levorrotatórias ou levógiras ( l ),
atribuindo-lhes sinal ( - ) .

 Isomeria óptica

Sempre que há assimetria molecular as substâncias apresentam isomeria óptica.

Essa é observada porque os principais isômeros ópticos são opticamente ativos e por
isso identificáveis em aparelhagem adequada.

As moléculas assimétricas apresentam imagens especulares não-sobreponíveis e,


portanto, enantiomorfas, isto é, formas de orientação contrária ( Veja, por exemplo,
mão direita, mão esquerda). São imagens especulares não-sobreponíveis.

Cada par imagem-objeto corresponderá aos chamados isômeros opticamente ativos e


são os antípodas ópticos.

Os isômeros opticamente ativos podem ser encontrados isolados na natureza. Na síntese


de laboratório, é normal obtermos uma mistura equimolar dos dois, à qual damos o
nome de racêmico e é opticamente inativo.

As propriedades físicas e químicas dos isômeros opticamente ativos são iguais, só


havendo diferença no sentido do desvio do plano da luz polarizada e diferenças
fisiológicas ( que são propriedades estéreo específicas). Já no racêmico as propriedades
físicas são diferentes das dos antípodas.

Observa-se em grande parte dos casos de isomeria óptica a presença do chamado


carbono assimétrico (C*), que está ligado a quatro grupos diferentes: C*XYZW.

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Carbono assimétrico

Observamos imagens especulares não-sobreponíveis, porque enantiomorfas. Portanto,


que agem isoladamente a luz polarizada, sendo assim antípodas ópticos.

Temos então, um isômero dextrógiro ( d ), um levógiro ( l ) e um racêmico ( dl ).

Isomeria óptica com presença de 1 C*

Exemplos:

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Três isômeros, sendo dois opticamente ativos, o d e o l, e um opticamente inativo, o dl,


chamado racêmico.

Dizemos que ácido láctico racêmico pode ser desdobrado em antípodas ópticos.

Teremos, portanto, três isômeros, sendo dois opticamente ativos, o dextrógiro e o


levógiro, e um opticamente inativo, o racêmico.

Existem muitos casos de isomeria óptica, menos complexos e que têm especial
importância na biologia; porém, os casos fundamentais foram aqui apresentados.

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