You are on page 1of 10

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL

UMA NOVA GEOGRAFIA PARA A EUROPA

POLICENTRISMO, COMPETITIVIDADE E INOVAÇÃO


Faro

ALGARVE
OS DESAFIOS DA
COMPETITIVIDADE
uma visão

Vítor Cabrita Neto – Presidente do NERA

SÓ O FUTURO INTERESSA!

QUE ECONOMIA TERÁ O ALGARVE


DAQUI A 10, 20, 30 ANOS ?

TERÁ AINDA TURISMO?

O QUE É NECESSÁRIO FAZER ?

1
1. Um diagnóstico:
• O Turismo do Algarve está a perder Competitividade
• A Economia do região corre sérios riscos

2. Uma certeza:
• É possível criar no Algarve condições para vencer

3. O que fazer:
• Uma análise rigorosa da «economia do Turismo»
• A definição de uma estratégia regional integrada
• A criação de um instrumento político: Regionalização
• Uma liderança forte, aberta e esclarecida

1. Factos indiscutíveis:

• O Algarve construiu uma forte economia em torno do


Turismo.
• O Algarve é hoje o principal destino turístico de
Portugal.
• O Algarve, com o Turismo, em pouco mais de duas
décadas, cresceu economicamente e socialmente de
forma espectacular, colocando-se entre as regiões mais
desenvolvidas do país.

2
2. O Algarve está perante um enorme desafio:
• Integrado numa UE agora alargada a 25 países,
• Encravado entre o Atlântico e uma Espanha imparável
- nossa principal concorrente

3. O Algarve possui fraquezas de fundo e vive


várias contradições:
• uma estrutura económica jovem e não consolidada,
• polarizada em torno de uma actividade dominante –
• o Turismo – uma ruptura radical com o passado
• Um «modelo» de desenvolvimento turístico que apresenta
sinais de cansaço

4. As NOVAS AMEAÇAS do Turismo:

A 1ª ameaça: o aumento brutal da concorrência –


ibérica, mediterrânica, europeia, mundial.
Causas?
• O aumento exponencial da oferta turística: países,
destinos, produtos: camas
• A recessão económica de alguns países emissores
que conduzem a uma baixa de preços:
- do transporte aéreo (low cost),
- do alojamento,
- dos «pacotes» turísticos

3
A 2ª ameaça:
Tudo isto acontece num quadro de alteração de
comportamento e perfil dos turistas.
Os turistas mudaram:

• Turistas mais experientes, informados e exigentes; tendência para


estadias mais curtas (10,4-6,7 dias); mais viagens ao longo do ano
• as consequências da utilização da internet: a procura de informação,
a comparação fácil de novos destinos e preços, a contratação directa
do transporte aéreo e do alojamento.

A concorrência no Turismo já não é apenas local,


ou regional, é global.
7

5. Que ninguém tenha dúvidas:


É este o quadro em que o Turismo já está a
actuar.
E vai estar cada vez mais.
Trata-se de alterações estruturais e qualitativas de
consequências incalculáveis.
O Algarve está preparado para a batalha da
concorrência no Turismo, neste quadro?

4
6. Numa primeira resposta: NÃO.

Vejamos: O Algarve tem cada vez mais


dificuldade em competir pelo PREÇO e tem
dificuldades em competir em QUALIDADE
• O Algarve é em geral mais caro no segmento «barato»;
• O Algarve não consegue competir no segmento CARO
porque não tem qualidade global (produto e envolvente)
garantida, permanente, regular, que o justifique.

É esta a nossa grande contradição. E ponto fraco.

7. Causas?

1º lugar: Os factores «velhos» que se mantêm:


São as «desvantagens competitivas», do Algarve.
São pontos fracos para uma actividade turística:

• O Algarve possui um território pequeno (5000 Km2) num país


pequeno
• O Algarve possui recursos turísticos fortes, espectaculares,
mas limitados – 80-90% do Turismo na região concentrado no
litoral em 500 Km2 (10%) – o que gera uma oferta pequena,
pouco concorrencial
• O Algarve é uma região periférica na Europa, quase uma
«ilha», o que limita os fluxos via terra
10

5
• O Algarve tem uma oferta de alojamento
irregular, incaracterística, unidades pequenas,
com pouca hotelaria de qualidade e muito
alojamento não classificado.
• O crescimento do Turismo foi espontâneo,
improvisado, sob muita «pressão» urbanística
• O Algarve não tem, nunca teve, uma
estratégia de desenvolvimento turístico,
integrada, à escala da Região

11

2º lugar: existem factores objectivos que não


se podem ignorar
•PORTUGAL está inserido no maior mercado turístico do mundo (Europa) e o
mais concorrencial, com os mesmos produtos, em geral mais baratos

• PORTUGAL faz fronteira com a uma das maiores potências turísticas – ESPANHA

•O Algarve faz fronteira com a Andaluzia. É muito concorrente e pouco cliente.

• A Espanha possui 10 vezes mais estabelecimentos de alojamento e 7 vezes mais


camas que Portugal

• Andaluzia possui o dobro das camas classificadas em relação ao Algarve

• Andaluzia está a captar cada vez mais estrangeiros

• Estão previstos para a Andaluzia dezenas de novos hotéis e milhares de camas.

12

6
3º lugar: há realidades de mercado
difíceis de contornar:
• O Algarve depende de poucos mercados europeus
(R.Unido, Alemanha, Holanda, ....)
• Os principais mercados de Portugal são totalmente
dominados pela Espanha

Reino Unido Alemanha Holanda


Portugal 2 0,8 0,5
Espanha 15 10 2,5
Milhões de turistas

13

4º lugar: é difícil competir com a Espanha


nestes mercados
• Porque não temos oferta em termos
quantitativos, para disputar grandes mercados em
condições de igualdade

• Não temos preços competitivos

• Os grandes operadores preferem os grandes


«números» (charters, hotéis próprios)
14

7
5º lugar: O Algarve para além de não ter dimensão
territorial, não tem capacidade empresarial, e estratégia
para concorrer com a Espanha no terreno da massificação e
do preço baixo

• São poucos os grupos hoteleiros algarvios com alguma


dimensão e capacidade financeira
• Os mais fortes grupos hoteleiros portugueses não são da
região, não têm aqui os seus centros de decisão
• programam os seus investimentos numa visão nacional
(Algarve, Lisboa, Madeira) e internacional (América do Sul e
África). É natural.
• E para alguns deles o Turismo não é a actividade principal.

15

• As empresas do Algarve são sobretudo pequenas e micro,


algumas médias, e dedicam-se às actividades complementares do
Turismo, sobretudo as de retorno mais rápido, que são em geral
também as mais sazonais ...
• Não geram nem acumulam capital, nem têm capacidade nem visão
( procurar parceiros...) para grandes iniciativas
• Este é um dos problemas estruturais mais graves da Região.
•Uma das consequências é que uma grande parte da riqueza
gerada no Algarve - no Turismo, no comércio, na construção, na
imobiliária - é canalizado para fora da região

O Algarve corre assim o risco de não ter capacidade de


resposta em termos de oferta à Espanha e de se transformar
no massificado e barato «hipermercado turístico ibérico»

16

8
Que fazer então?
A margem de manobra é escassa, mas não
restam dúvidas:
• Temos de definir uma estratégia para o Turismo
do Algarve
• Que tenha em conta a pequenez do território e a
limitação dos recursos e da oferta
• Que ganhe consciência de que nunca conseguirá
competir com a Espanha em preço, e que será
sempre derrotado se aceitar combater nesse
«terreno»
17

• O Algarve (Portugal) tem de construir um


posicionamento no mercado turístico internacional
que o distinga e o diferencie de Espanha –
diferenciação na arquitectura e originalidade de
oferta, e na qualidade.

• O Algarve – partindo dos seus recursos – tem que


saber construir ofertas capazes de corresponder à
evolução dos perfis de procura, e aos segmentos dos
seus mercados alvo

18

9
• As empresas do Algarve com visões imediatistas, de
curto prazo e lucro imediato, não irão longe

• As empresas do Algarve, devem ganhar músculo e


dimensão, associar-se, construir massa critica financeira,
ter ambição e visão de médio e longo prazo

• As empresas do Algarve têm que ser modernas e


competitivas, inovadoras, capazes de responder a todas as
exigências do Turista do futuro: produtos, oferta e
envolvente urbanística, ambiental e territorial de qualidade;
associados a informação, segurança, higiene, assistência,
tranquilidade, afectividade.
19

A afirmação de todos estes objectivos e valores


estratégicos e sectoriais só é possível no quadro de
uma visão integrada à escala regional,
numa perspectiva de desenvolvimento sustentável,
que privilegie especificidade, diversidade,
diferenciação e qualidade.

20

10

You might also like