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Apesar de enfrentar dificuldades para entrar no Aterro Sanitário, o cineasta afirma que é
recebido de braços abertos pelos catadores, que têm o desejo de fazer com que a sua voz
seja ouvida. Além do filme sobre o lixão, Robert já fez documentários para o mercado
externo sobre crianças que vivem em um projeto social no Recife e sobre o dia a dia dos
traficantes da favela do Muquiço, no Rio de Janeiro.
Com muito tempo livre, Robert Ziehe teve a oportunidade de voltar a ver os cenários
que deixou para trás quando pequeno. Gostou tanto que ficou. Ao longo destes dez
anos, ele se casou, se separou, teve duas filhas e fincou raízes por aqui.
Em entrevista ao G1, o secretário Carlos Roberto Osório afirma que a mudança de local
ainda não tem um prazo determinado porque as obras do novo depósito de lixo não têm
prazo de conclusão. “A obra é complexa porque existem várias questões ambientais que
devem ser observadas. Nós só vamos estabelecer um cronograma depois que a obra for
efetivamente entregue.” Ainda assim, ele estima que a mudança possa ser concluída em
2012.
Cristina Boeckel do G1
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O secretário estadual de Meio Ambiente de São Paulo, Bruno Covas, disse que o
governo vai ajudar os municípios da Baixada Santista a encontrarem uma solução para o
descarte de lixo da região. Covas se reuniu com os nove secretários municipais de Meio
Ambiente da região hoje em Santos e a destinação do lixo foi um pleito de todo o grupo.
Do G1 SP
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No ano passado, foram recolhidas nos 22,9 mil quilômetros de rodovias paulistas 41,5
mil toneladas de lixo. O volume equivale à carga de 10 mil caminhões. É como se todo
o lixo produzido por uma cidade do porte de Araraquara, no interior de São Paulo, fosse
espalhado pelas estradas.
Já a Via Rondon, que recolheu até máquinas de lavar roupas abandonadas na pista, na
altura de Bauru, iniciou uma campanha educativa nas cidades do Oeste paulista.
Você acha que na Inglaterra a moça enterraria o cigarro na areia? “Não, em Londres não tem
praia”, debocha a turista inglesa. A amiga tenta consertar e diz que pode recolher, mas achar a
guimba não é fácil. Agora imagine o trabalho dos garis no fim de um dia de praia lotada?
Quer saber o quanto esta sujeira toda pesa? O Fantástico fez o teste em quatro regiões do
Brasil, medindo o volume de lixo recolhido ao longo de um quilômetro de praia, em um
domingo de sol. Os trechos escolhidos são os mais badalados do litoral.
Começamos lá em cima no mapa, Fortaleza, no Ceará. A imagem não combina nada com a
beleza da Praia do Futuro. No local, os garis recolheram 800 quilos de lixo. O mais comum é a
casca de coco.
Nossa equipe encontrou uma "salada de frutas" na Praia da Redinha, em Natal, Rio Grande do
Norte. No local, o pessoal fica tão acomodado que nem ouve o aviso. O alto-falante avisa:
"banhista, por favor, não jogue lixo na praia". Somando pernas de caranguejo e o que ficou
pela areia, foram 1,55 mil quilos de lixo.
Na capital pernambucana, os recifes, que deram nome à cidade, são agredidos pelos copos
plásticos. Em um quilômetro da Praia de Boa Viagem, foram recolhidas 2,5 toneladas de
resíduos.
E agora um salve para Salvador. No teste feito pelo Fantástico no ano passado, Piatã tinha
ficado com o título de praia mais suja do Brasil. Foram 7,5 toneladas de lixo. Desta vez, os
baianos tiveram um desempenho muito melhor: 2 toneladas e 390 quilos.
E o domingão na Baixada Santista? O rap está animado, mas é preciso guardar fôlego para
juntar 2.150 quilos de lixo que os banhistas deixaram para trás.
“É horrível entrar no mar e não conseguir andar de tanta sujeira”, comenta a estudante Aline
Pires. “Nasci e me criei aqui. A gente lamenta muito a sujeira e a falta de consciência”, critica o
aposentado Adilson Masagão.
Nós também lamentamos. No Sul, encontramos praias mais limpas. Canasvieiras, no norte da
ilha de Florianópolis, está cheia de turistas nessa época, e encontramos mais gente com o
péssimo hábito de enterrar o lixo.
De lixinho em lixinho, foram 800 quilos de resíduos. E olha que a cada 30 metros tem uma
lixeira. Mas o volume que pesamos foi só do lixo que estava na areia.
Capão da Canoa é a praia preferida dos gaúchos. Estreante no teste, foi a que se saiu melhor.
Foram recolhidos 700 quilos de lixo em um quilômetro.
E qual é a praia que melhor representa o Brasil? A primeira que vem à cabeça é Copacabana.
Nós pulamos o Rio de Janeiro no mapa de propósito, porque a sede da Copa de 2014 e das
Olimpíadas de 2016 ganhou medalha de ouro em lixo na praia. Foram 2,8 mil quilos. Mais que
triplicou em relação ao ano passado, quando foram coletados 870 quilos de lixo.
As lixeiras existem. O problema é que o povo não parece disposto a andar até elas, mas quem
gosta de limpeza, dá um jeito. “Trouxemos uma bolsinha, e estamos colocando na bolsinha”,
revela a professora Alina dos Santos.
“O cidadão precisa entender que cuidar do espaço público para que todos possam frequentar
esse espaço com qualidade, uma coisa limpa, e principalmente porque nós estamos vendendo
turismo”, comenta o diretor da Comlurb, Luis Guilherme Gomes.
A verdade é que nas praias apenas reproduzimos o comportamento que temos nas ruas. No
Brasil o espaço público ainda é tratado não como sendo de todos, mas como terra de ninguém.
No Rio de Janeiro, todos os dias, são recolhidos 3,2 mil toneladas de sujeira.
Não é à toa que a Avenida Rio Branco, no centro da cidade, precisa ser varrida cinco vezes por
dia. Para que pegar o panfleto, se vai jogar no chão? Haja gari para recolher meia tonelada de
resíduos por dia. “Quanto mais gari a gente bota na rua, mais lixo aparece”, diz a presidente
Comlurb, Angela Fonti.
A região Sudeste é a que mais gera lixo. São 89 mil toneladas por dia - uma média de 1,2 quilo
por habitante. Na cidade de São Paulo, a maior do Brasil, há ruas e calçadas transformadas em
lixões. No centro da cidade, sem a menor cerimônia, eles vêm e jogam de tudo. Depois, vem a
prefeitura e limpa. Ao todo, são 13 toneladas de restos de móveis, tábuas, pneus.
A prefeitura lava o chão, e tudo fica limpinho, por alguns minutos. Às 16h, já está formado de
novo o lixão. E isso acontece em 1,3 mil pontos da cidade já mapeados pela prefeitura de São
Paulo.
Só que saber o tamanho do problema não é a mesma coisa do que ter uma solução. “É
importantíssimo que o cidadão que more ou use a cidade tenha espírito de cidadania no
sentido de tratar o bueiro onde eventualmente um saco de lixo entupa, como o jardim da sua
casa, como uma sala de visitas”, afirma o secretário municipal da coordenação das
subprefeituras de SP, Ronaldo Camargo.
Uma sala de visitas para a qual ninguém quer ser convidado. Com tanto lixo espalhado, chega
a chuva. É a receita de desastre.
Uma boca de lobo mostra bem o que acontece quando tem lixo na rua e chove. A água arrasta
o lixo para dentro do esgoto, que funciona como se fosse um tampão. Se a água não tem para
onde escorrer, a cidade enche. Só nesta operação, foram 300 quilos de lixo recolhidos. Um
super jato de água foi usado para desentopir os bueiros.
“Provoca a própria morte, para ele mesmo e para a família, jogando as coisas na rua, sem
responsabilidade nenhuma. Sem pensar no amanhã”, ressalta o gari Rogério Ferreira
Mas amanhã o lixo está nos córregos. O trabalho de limpeza do córrego Itaquera começou há
três meses e, nesse período, as máquinas só conseguiram avançar 700 metros. Mas, em um
trecho, já tiraram mais de 8 mil toneladas de lixo. Dá mais de oito milhões de quilos.
“Quando a gente vê, a gente fala para não jogar, porque, quando alaga, são as nossas casas
que enchem, não é a deles. Mas a gente não pode fazer mais nada do que isso. Eles viram a
cara e não estão nem aí. Jogam mesmo”, revela a dona de casa Verusa Ferreira.
Que diferença de Caxias do Sul, no Rio Grande, onde encontramos um córrego sem lixo. Coisa
de cidade pequena? Não é. Caxias do Sul tem quase 500 mil habitantes e foi a primeira do
Brasil a implantar a coleta mecanizada.
Funciona assim: em vez de deixar o lixo na calçada, na frente de casa, os moradores caminham
um pouco e deixam o lixo separado em dois contêineres. O verde é para lixo orgânico. O
amarelo, para o reciclável. Depois, vem o caminhão e recolhe, sem que alguém precise tocar o
lixo. Uma vez por semana, a coleta é acompanhada do caminhão de limpeza que junta o
container, lava, e devolver bem limpinho para a rua. Assim, nunca tem cheiro.
“Nós acabamos de ver as cenas do lixo correndo para a boca de lobo provocadas pelas
enxurradas. Essa cena na área dos contêineres felizmente acabou”, diz o diretor da empresa
de coleta, Adiló Didomênico.
“Adoro morar aqui, acho minha cidade muito limpa e muito linda”, comenta uma mulher.
O lixo reciclável vai para cooperativasde catadores.
Outra Caxias, outro mundo. Duque de Caxias, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
O trabalho duro de homens e mulheres que tiram a vida do lixo inspirou o artista Vik Muniz.
Ele documentou o processo em que os catadores trabalham com ele em uma série de retratos.
O filme "Lixo Extraordinário" concorre ao Oscar de Melhor Documentário.
Jardim Gramacho ganhou notoriedade, porque é o maior, não porque é raro. No Brasil inteiro,
são 1.688 lixões, que recebem 22 milhões de toneladas de lixo por ano. O lixo é depositado em
condições inadequadas, agredindo a natureza e a saúde da população.
Em todo o Brasil, 72% das cidades jogam o lixo em lugares inadequados. No Piauí, a situação é
mais grave. A capital Teresina não tem um único aterro sanitário, só lixão.
Para ser chamado de aterro sanitário, precisa ser como o de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.
Ele só recebe o lixo que não pode ser reciclado. O chorume, aquele líquido que sai de matéria
orgânica em decomposição, é tratado e volta a ser água limpa. E o gás metano, que tanto
agride o planeta, é coletado e vira energia. Transformar lixões em aterros sanitários no Brasil
seria um passo importante. Mas solução mesmo só com coleta geral, educação e fiscalização.
“Então, acho que a sensação de impunidade que existe em outras áreas, no trânsito, até no
crime comum, acaba indo para essa área da limpeza. Isso gera uma cadeia perversa de
impunidade”, conclui o professor de Ciência Ambiental da UFF, Emílio Eigenheer.
Entre o litoral da Califórnia e o Havaí, uma área enorme ganhou um triste apelido: o
Lixão do Pacífico. Levadas pela corrente marítima, toneladas e toneladas de sujeira,
produzidas pelo homem, se acumulam num lugar que já foi um paraíso.
Mas qual será afinal o tamanho exato gigantesca massa de lixo que se acumula no
Oceano Pacifico? Será que a gente ainda tem tempo para limpar tudo isso? E os
animais? Se adaptam ou sofrem as consequências?
Charles Moore viajava pelo Pacífico, entre o Havaí e a Califórnia, quando resolveu
arriscar um novo caminho. "Foi perturbador. Dia após dia não víamos uma única área
onde não houvesse lixo. E tão distantes do continente”, lembra o capitão.
Como um descobridor nos tempos das Navegações, Charles Moore foi o primeiro a
detectar a massa de lixo. E batizou o lugar de Lixão do Pacífico. Primeiro, viu pedaços
grandes de plástico, muitos deles transformados em casa para os mariscos. Depois,
quando aprofundou a pesquisa, o capitão descobriu que as águas-vivas estavam se
enrolando em nylon e engolindo pedaços de plástico. O albatroz tinha um emaranhado
de fios dentro do corpo.
"Antes não havia plástico no mar, tudo era comida. Então os animais aprenderam a
comer qualquer coisa que encontram pela frente. Você pode ver que eles tentaram
comer isso [pedaço de embalagem]. Mas não conseguiram", diz o capitão.
Com a peneira na popa, o capitão e sua equipe filtram a sopa de plástico e fazem
medições. Já descobriram, por exemplo, que 27% do lixo vem de sacolas de
supermercado. Em uma análise feita com 670 peixes, encontraram quase 1,4 mil
fragmentos de plástico.
Pode ser também depois de uma tempestade. O plástico jogado nas ruas é varrido pela
chuva, entra nas galerias fluviais das cidades e chega até o mar; ou vem de rios poluídos
que desembocam no oceano.
Mas, outra vez uma tempestade, um vento forte, talvez, e parte do lixo viaja para fora da
sopa, até uma praia distante.
Estamos numa praia linda e deserta de uma região praticamente desabitada do Havaí.
Não era para ser um paraíso ecológico? Mas Kamilo Beach recebe tantos dejetos
marítimos que acabou virando um lixão a céu aberto. Basta procurar um pouquinho para
entender a origem de todo o plástico que chega até a praia. Em uma embalagem,
caracteres chineses. Uma bóia de pescadores provavelmente veio do Japão. Um pouco
mais adiante, há o pedaço de um tanque de plástico com ideogramas coreanos.
E olha que Kamilo Beach está mais de 1 mil quilômetros distante do Lixão do Pacífico,
no extremo sudoeste da ilha de Hilo, no Havaí. Kamilo Beach dificilmente vê um gari.
O plástico que chega lentamente pelo mar vai ficando esquecido no paraíso.
Há dois anos, depois que se mudaram para cá, Dean Otsuki e Suzanne Frazer
resolveram fazer de Kamilo um alerta planetário. Suzanne pergunta: "Será que o
governo japonês, por exemplo, sabe quanto plástico o Japão está mandando para o
Havaí?"
Dean vem trazendo um galão que, sem dúvida, chegou da Ásia. Tem também tubo de
shampoo usado nos Estados Unidos e sacos de plástico sabe-se lá de onde. Agora, são
todos farrapos do mar. As mordidas impressas no plástico levaram os ambientalistas a
mudar de alimentação.
"O que acontece é que as toxinas estão se acumulando ao longo da cadeia alimentar. Os
predadores no topo da cadeia, que somos nós, estamos comendo plástico também",
alerta Suzanne Frazer.
O casal toma notas, calcula as quantidades, recolhe o equipamento de pesca para saber
os pesos e as medidas de cada tipo de poluição. Não é pessimismo. Por enquanto,
praticamente nada está sendo feito e não dá para dizer que existe um ou outro culpado.
Estamos todos com as mãos completamente sujas de plástico.
Haveria depósito de lixo em cinco régios dos oceanos. Nas Ilhas Maldivas, no Oceano
Índico, uma nova ilha está sendo criada. É uma ilha de lixo. Em pouco menos de duas
décadas, a ilha já tem 50 mil metros quadrados e abriga indústrias e depósitos.
Caminhões chegam em barcos o tempo todo.
O nativos das Maldivas se recusam a fazer esse tipo de trabalho. Eles ganham mais se
passarem o dia inteiro na praia, só pescando. Por isso, os trabalhadores do lixão são 150
imigrantes de Bangladesh, que aceitam trabalhar ganhando o equivalente a US$ 60 e
US$ 100 por mês.
A maior parte do lixo vem da capital, Malé, que concentra 100 mil habitantes, um terço
da população do país. Mas os 10 mil turistas que visitam as ilhas por dia provocaram
uma explosão na produção de lixo e a criação da ilha das Maldivas que ninguém quer
visitar.
Salvador fica em primeiro lugar em blitz
de lixo urbano
A capital baiana que amargou o título de campeã da sujeira na praia, no último
domingo, também ficou em primeiro lugar na blitz do lixo urbano.
Domingo passado, o Fantástico fez a blitz do lixo em sete praias do litoral brasileiro. O
resultado deixou muita gente de cabelo em pé. Agora é a vez das principais avenidas, de sete
capitais do país, passarem pelo raio-x da sujeira. Qual será a mais suja?
Está todo mundo careca de saber que lugar de lixo é na lixeira, mas, então, por que as ruas das
cidades brasileiras andam tão sujas?
“É culpa nossa mesmo, do ser humano”, afirma o comerciante John Rodbson. “As pessoas
mesmo sujam”, aposta a advogada Genir Avelino. “A maioria não tem um pingo de educação”,
critica a professora Rosângela Menezes.
“Tem plástico, tem copo descartável”, aponta a vendedora Maria da Conceição. “É o que você
mais vê por aqui: a lixeira está do lado e o cara joga o lixo no chão”, diz o militar Rodrigo
Cardoso.
No Rio de Janeiro, um segurança uniformizado abaixa para pegar o saco plástico. Parecia uma
boa ação. Que nada! Ele simplesmente joga o saco de volta no chão. E isso porque ele está do
lado de uma lixeira.
A presença da câmera do Fantástico também não inibiu uma moça. Ela abre a bala, passa
pertinho e joga o papel no chão.
De desculpas esfarrapadas, o pessoal que recolhe o lixo já está cansado. “Tinha que educar o
povo, porque o povo joga tudo. O cara acaba de varrer. Daqui a pouco, suja de novo”, ressalta
o gari Ricalho Benedito Rosa.
Em Goiânia, uma mulher abaixa e deixa um copinho no chão. E a criança que está com ela
rapidinho aprende o mau exemplo. Outra mulher dá aquela disfarçada para se livrar do
papelzinho.
Já em São Paulo, um pessoal nem se preocupa e joga ponta de cigarro no chão na maior cara
de pau. “O brasileiro joga mesmo, não tem jeito. Não sou eu que jogo, todo mundo joga”, diz
um homem.
Infelizmente é verdade. E, para saber a quantidade de lixo que as pessoas andam deixando
pela rua, o Fantástico convoca um novo teste.
Na semana passada, a equipe do Fantástico mediu o lixo de sete praias do litoral do Brasil.
Hoje, são grandes avenidas de sete capitais brasileiras que vão passar pelo pente fino da
sujeira. A pedido do Fantástico, as companhias municipais pararam de varrer as ruas
pesquisadas em um trecho de um quilômetro, durante o horário comercial de um dia útil.
Só no final do dia, a turma da limpeza entrou em cena para recolher e pesar a sujeira. Mas
atenção: no teste só foi contabilizado o lixo recolhido do chão, aquele da falta de educação. O
que estava dentro das lixeiras não entrou na soma.
E como resultado, uma má notícia para a Bahia! Salvador, que amargou o título de campeã da
sujeira na praia, no último domingo, também ficou em primeiro lugar na blitz do lixo urbano,
com 1.2 toneladas.
Logo atrás, vem a outra representante do Nordeste: Fortaleza, com pouco mais de uma
tonelada. O terceiro lugar é da região Norte: Belém, com 710kg.
”A cidade está muito suja, está faltando até lixeiras aqui. Não encontrei lixeira nenhuma aqui
na Presidente Vargas”, critica a contadora Andria Duarte, que mora em Belém.
A prefeitura tenta justificar:“Belém tem um problema sério que é o vandalismo. Você implanta
lixeiras e elas são vandalizadas com muita rapidez. Às vezes, faltam recursos para repor essas
lixeiras que são vandalizadas”, afirma o secretário municipal de Saúde, Sérgio Pimentel.
Só que sem lixeiras, o lixo vai acumulando. E nesta época de chuvas, a situação só piora. Veja
em vídeo o trabalho dos garis para desentupir os bueiros.
No Rio de Janeiro, não faltam lixeiras. Mesmo assim, a cidade aparece em quarto lugar, com
680 kg.
“A Comlurb gostaria de ter essa parceria com os moradores, com todos os que utilizam a
cidade, para que prestassem atenção no horário em que o caminhão passa, para só colocar o
lixo uma hora antes do caminhão passar”, diz a presidente da Comlurb, Ângela Fonti.
São Paulo, a maior cidade do Brasil, se saiu um pouquinho melhor que o Rio e somou 540 kg
de lixo. E ainda teve a forcinha do dono de banca Antônio Araújo. “Tem uma lixeira ao lado
aqui, tem uma aqui na banca, mas sempre jogam na rua”, diz.
Em Goiânia, o início da manhã parecia animador, mas foi só o comércio abrir para o cenário
mudar. Uma funcionária varre o lixo de dentro da loja direto para calçada e deixa tudo ali
mesmo, no meio da rua. No final do dia, são 203 kg de sujeira, a maior parte de papel picado.
“Você vai ver que está com 80%, 90% de materiais recicláveis que poderiam ser reaproveitados
e a gente ter um nível de consciência ambiental maior”, aponta o presidente da Comurg,
Wagner Siqueira.
E o título de campeã da limpeza vai para Curitiba, com apenas 33 kg de lixo recolhidos do chão.
E olha que os curitibanos não estão satisfeitos. “Essa rua é bastante suja”, afirma o vendedor
Elias Silveira. Mas justiça seja feita. Em Curitiba e nas demais capitais, também não faltaram
flagrantes de bons exemplos. Nem tudo está perdido.
O Brasil produz cerca de 240 mil t de lixo por dia – número inferior ao dos EUA (607
t/dia), mas bem superior ao de países como a Alemanha (85 t/dia) e a Suécia (10,4
t/dia). Desse total, a maior parte vai parar nos lixões a céu aberto; apenas uma pequena
porcentagem é levada para locais apropriados. Uma cidade como São Paulo gasta, por
dia, 1 milhão de reais com a questão do lixo.
São poucas as prefeituras do país que possuem equipes e políticas públicas específicas
para o lixo. Quando ele não é tratado, constitui-se num sério problema sanitário, pois
expõe as pessoas a várias doenças (diarréia, amebíase, parasitose) e contamina o solo, as
águas e os lençóis freáticos. Entre as soluções para a questão estão a criação de aterros
sanitários em locais adequados, a adoção de programas de coleta seletiva e reciclagem,
a realização de campanhas de conscientização da sociedade e uma maior atuação dos
poderes públicos.
O lixo pode ser classificado de acordo com sua natureza física, composição química,
origem, riscos potenciais ao meio ambiente, entre outros fatores. Conforme A maior
parte do lixo domiciliar no Brasil é composta de matéria orgânica; em seguida vem o
papel. O tratamento adequado do lixo envolve tanto vantagens ambientais (preservação,
saúde e qualidade de vida) como econômicas. O consumo de energia e de água no
processo de reciclagem do papel, por exemplo, é 50% menor que o verificado na
produção do material novo.
Tem crescido também a preocupação com materiais tóxicos, como pilhas, baterias de
telefone celular e pneus. Quando descartados de forma irregular, esses objetos ampliam
os problemas sanitários e de contaminação.
As pilhas, por exemplo, deixam vazar metais como o zinco e o mercúrio, extremamente
prejudiciais à saúde. Os pneus, ao acumular água, transformam-se em focos de doenças,
como a dengue e a malária. Desde julho de 1999, uma resolução do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (Conama) responsabiliza os fabricantes e comerciantes pelo destino
final desse tipo de produto, depois que forem descartados pelos usuários. O governo
federal também pretende implantar a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que tem
por objetivo estimular o uso dos resíduos de maneira sustentável, pela redução do
consumo, da reciclagem e da reutilização de materiais.
O lixo no Brasil
MaurÍcio sotto maior
Todo e qualquer resíduo proveniente das atividades humanas ou gerado pela natureza
em aglomerações urbanas se chama lixo. A quantidade de lixo produzida diariamente
por um brasileiro é estimada em aproximadamente 1kg. São frutos do homem em seu
consumo desenfreado de matérias-primas ou industrializadas que, sem uma destinação
final adequada, agridem profundamente o meio ambiente e degrada a própria natureza
humana. Mas na natureza nada se perde, nada se cria; tudo se transforma. A última
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo IBGE em 2000,
revelou uma tendência surpreendente de melhora na situação de destinação final do lixo
coletado no País nos últimos anos. Melhora, no entanto, muito aquém das nossas reais
necessidades de preservação ambiental e de melhoria da qualidade de vida.
A PNSB avaliou que 63,6 % dos municípios brasileiro utilizavam lixões e 32,2 %
aterros adequados, sendo que 5% não informaram para onde vão seus resíduos. Dez
anos antes, a pesquisa mostrava que o percentual de municípios que destinavam seus
resíduos de forma adequada era de apenas 10,7 %. A pesquisa também estimou que a
quantidade coletada de lixo diariamente nas cidades com até 200.000 habitantes gira em
torno de 450 a 700 gramas por habitante. Já as cidades com mais de 200 mil habitantes a
quantidade aumenta para a faixa entre 800 e 1.200 gramas por habitante. A pesquisa
informa que em 2000 eram coletadas diariamente 125.281 toneladas de lixo domiciliar
em todos os municípios brasileiros. Hoje já se fala em mais de 200 mil toneladas.
Até a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
(CNUMAD), a ECO-92, realizada no Rio de Janeiro em 1992, o pensamento brasileiro
considerava o lixo um problema municipal, de responsabilidade das prefeituras. Hoje, a
questão do lixo no Brasil é pauta urgente para o poder público, empresas privadas e para
a própria sociedade civil organizada. No bojo dos números do IBGE, se escondem
algumas iniciativas que pretendem transformar a natureza humana através da filosofia
do três “Rs”: Reduzir/Reciclar/Reutilizar. São pessoas que pensam que uma “coisa” tão
cara, que gasta tanta energia e tempo para decompor na natureza, não pode ser
considerada lixo. São materiais que podem ser reutilizados ou reciclados.
Para Antonio Bunchaft, diretor do Centro de Estudos Socioambientais (Pangea), o lixo
hoje significa potencialidade, energia e geração de postos de trabalho dos mais
rudimentares aos mais complexos. “A questão do lixo é um problema mundial. Mas
existem cada vez mais tecnologias para tornar esse problema um recurso, uma
potencialidade. No Brasil, esse processo está em crescimento. Porém, o que é
importante observar é a necessidade fundamental de associar todo esse vasto parque de
tecnologias de tratamento do lixo com a inclusão social.” O Pangea viabilizou a
Cooperativa de Catadores Agentes Ecológicos de Canabrava, fundada por catadores
remanescentes do antigo Lixão de Canabrava, em 2003.
De acordo com a mestre em biologia e professora da Ufba, Goya Lima, são justamente
os impostos que vêm se constituindo como obstáculo para as cooperativas. “A
legislação não diferencia pequenas cooperativas daquelas de grande porte. Assim, uma
cooperativa formada por um grupo de jovens de uma comunidade carente de Salvador
acaba pagando os mesmos impostos das grandes cooperativas rurais, por exemplo”,
explica a professora e coordenadora da Cooperativa de Reciclagem Novo de Novo,
citando o próprio exemplo. A cooperativa, criada pela Fundação OndAzul, trabalha com
23 jovens do Bairro da Paz, que produzem uma linha variada de mobiliário feito de
garrafa PET.
De acordo com os dados da organização não-governamental Compromisso Empresarial
para Reciclagem (Cempre), constituída por empresas como a Alcoa, Ambev, Wal-Mart
Brasil, Philips, Sadia, entre outras, o Brasil recicla aproximadamente 1,5 % do lixo
sólido orgânico urbano. No caso da resina PET, o percentual cresce para 15%, mas os
maiores percentuais estão na reciclagem de latas de aço e das embalagens de vidro
(35%), do papel e papelão (36%), da produção nacional de latas de alumínio (64%), e de
papel ondulado (71%). Para a realização desse trabalho é fundamental um processo
educacional para o recolhimento, previamente separados na origem, de materiais
potencialmente recicláveis, como papéis, plásticos, vidros e metais.
Após a coleta seletiva de lixo, o seu beneficiamento, como enfardamento e acúmulo
para comercialização, é vendido à indústria recicladora que o transforma em novos
materiais. Apesar de tramitar um projeto de lei no Congresso Nacional há mais de dez
anos, ainda não existe no Brasil uma política nacional de resíduos sólidos. Em virtude
disso, alega Bertrand Sampaio da organização ambientalista Associação Pernambucana
de Defesa da Natureza, a reciclagem é o mais incentivado representante dos 3Rs. “As
indústrias e o comércio consideram que a reutilização, e sobretudo a redução, têm forte
impacto no consumo. Já a reciclagem não, pelo contrário, potencializa o mercado, uma
vez que barateia a obtenção dos materiais recicláveis onde os catadores são os maiores
contribuintes e os mais explorados dessa nova cadeia produtiva.”
Recicláveis:
Papel reciclável
Caixa de papelão, jornal, revista, impressos em geral, fotocópias, rascunhos, envelopes,
papel timbrado, embalagens Longa-Vida, cartões, papel de fax, folhas de caderno,
formulários de computador, aparas de papel, copos descartáveis, papel vegetal, papel
toalha e guardanapo
Vidro reciclável
Garrafas de bebidas alcóolicas e não-alcóolicas, bem como seus cacos. Frascos em geral
(molhos, condimentos, remédios, perfumes e produtos de limpeza); ampolas de
remédios e potes de produtos alimentícios
Metal reciclável
Latas de alumínio (cerveja e refrigerante)
Sucatas de reforma, lata de folha de flandres (lata de óleo, salsicha e outros enlatados)
Tampinhas, arames, pregos e parafusos, objetos de cobre, alumínio, bronze, ferro,
chumbo ou zinco
Canos e tubos
Plástico reciclável
Embalagens de refrigerante, de materiais de limpeza e de alimentos diversos.
Copos plásticos, canos, tubos e sacos plásticos.
Embalagens Tetrapak (misturas de papel, plástico e metal)
Embalagens de biscoito
Não recicláveis:
Papel ainda não-reciclável
Papel sanitário, papel carbono, fotografias, fitas adesivas Stencil e tocos de cigarro
Vidro ainda não-reciclável
Espelhos, vidros de janela, boxes de banheiro, lâmpadas incandescentes e fluorescentes,
cristais, utensílios de vidro temperado e vidros de automóveis.
Tubos e válvulas de televisão
Cerâmica, porcelana, pirex e marinex
Metal ainda não-reciclável
Clipes e grampos
Esponjas de aço
Plástico ainda não-reciclável
Ebonite (cabos de panelas, tomadas)
O lixo brasileiro é considerado um dos mais ricos do mundo e sua reciclagem é fortemente sustentada pela
catação informal
O planeta atingiu este ano a marca de seis bilhões de pessoas. E esse enorme contingente humano terá que
procurar sobrevivência em um mundo em que a deterioração do meio ambiente é um fato presente e uma
realidade dolorosa. A degradação da condição humana é constatada, sobretudo, nas grandes cidades.
Estará o homem do terceiro milênio, da era da modernidade, preparado para o desafio de resolver os
desequilíbrios ambientais e assegurar uma qualidade mínima de vida? Estará ele capacitado para realizar
tarefas aparentemente simples como a de dar destinação adequada ao lixo produzido por todos os cantos do
mundo?
A administração do lixo já é hoje uma das grandes preocupações na organização urbana. As instituições e
entidades ambientalistas têm divulgado números astronômicos sobre o assunto. De acordo com os dados mais
freqüentemente utilizados, só nos Estados Unidos, cada pessoa gera dois quilos de lixo por dia, alcançando um
total anual de 190 trilhões de qui-los. No Brasil, cada pessoa gera, em média, um quilo de lixo por dia Por ano,
são produzidos 55 trilhões de quilos.
O lixo brasileiro é tido como um dos mais ricos do mundo. Mas, para Heliana Katia Campos, secretária-
executiva do Fórum Nacional Lixo e Cidadania, da Unicef não está sendo dada a devida importância às
questões relativas ao saneamento ambiental, em especial à coleta e destinação adequada dos resíduos. Ela
alerta para o fato de que o descarte aleatório dos resíduos em nascentes, córregos, margens de rios e
estradas, além de provocar problemas ambientais graves e poluir as águas, que muitas vezes são captadas
para consumo, atrai para estes locais um exército de desempregados e famintos, que sobrevivem à custa da
cata de resíduos para a sua alimentação e para comercialização. Katia ressalta ainda que o problema da
catação de lixo por seres humanos é "regra geral", de norte a sul do país, tanto em cidades de pequeno porte
como nas grandes capitais. "É uma situação constrangedora e inaceitável, fruto da miséria, do desemprego e
da busca desesperada pela sobrevivência".
O programa da Unicef preconiza a necessidade de uma intervenção social voltada ao resgate da cidadania dos
trabalhadores que vivem em condições de absoluta pobreza, "sobrevivendo das sobras e dos desperdícios dos
mais afortunados". Como alternativa à catação nos lixões, o Lixo e Cidadania procura incentivar a coleta
seletiva, com a participação das famílias dos catadores, propiciando a geração de postos de trabalho e renda
para as mesmas.
Reciclagem
A reciclagem no Brasil é fortemente sustentada pelos garimpeiros do lixo (catação informal). Os programas
criados pelo poder púbico, muitas vezes em parecia com os catadores, também têm se difundido. Entre os
principais méritos da reciclagem estão o de reduzir o volume de lixo de difícil degradação, o de contribuir para
a economia de recursos naturais, ode prolongar a vida útil dos aterros sanitários, o de diminuir a poluição do
solo, da água e do ar e o de evitar o desperdício, contribuindo para a preservação do meio ambiente. Trata-se
de um processo de transformação de materiais para reaproveitamento na indústria e na agricultura.
São basicamente dois os modelos de programas de reciclagem implantados em municípios brasileiros: coleta
seletiva de lixo e usinas de reciclagem. Há muitos exemplos de cidades em que a reciclagem já atingiu um
estágio avançado, com resultados importantes. Curitiba (PR), com o programa "Lixo que não é lixo",
implantado há 10 anos, representa com louvor essas experiências bem sucedidas. Mas, de acordo com o
levantamento da Unicef sobre a destinação final do lixo no Brasil, constata-se uma precária situação na maioria
dos municípios: 88% deles não possuem conselho de meio ambiente, tido como principal instrumento de
controle dos problemas ambientais. Apenas 34% das cidades têm um órgão ambiental especifico, em 25% são
outras instâncias que respondem pela área ambiental e em 41% não há qualquer órgão responsável pela
gestão ambiental.
Trabalha há 50 anos como jornalista e realizou uma série de documentários sobre o lixo,
para a TV Cultura, denominada “Ciclo do Lixo”, quando percorreu diversos países e
cidades do Brasil. Foi diretor do Instituto D. Fernando, em Goiânia, onde implantou,
entre outros projetos, uma cooperativa de coleta seletiva. Também foi o responsável
pela concepção do Plano Diretor de Limpeza Urbana na cidade de Goiânia.
Após viver todas essas experiências, o jornalista chegou à conclusão de que é muito
difícil mexer com o lixo, que constitui um dos temas mais polêmicos da área ambiental,
envolvendo muitos interesses financeiros e políticos, o que dificulta a implantação de
sistemas eficientes de coleta e reciclagem, pelo menos no Brasil.
Fica evidente, conforme Novaes, que estamos vivendo numa sociedade consumista e
que gera muito lixo, sendo que apenas 11% desse lixo vai para aterros adequados. Vale
ressaltar que nesses números não estão incluídos o lixo industrial, hospitalar, rural e
tecnológico.
Para o jornalista, a situação nacional só não é pior porque temos uma “legião de heróis”
que são os catadores, que hoje já estão organizados reivindicando o reconhecimento da
profissão.
Europa
O último usuário do veículo, ao decidir levá-lo para a reciclagem, recebe de volta a taxa
paga na compra, com o rendimento acumulado no período.
Já na Noruega, que tem um território muito pequeno e exporta o seu lixo para a Suécia,
o próprio rei faz a compostagem do material orgânico dentro da sua propriedade, que
fica aberta à visitação pública. Exemplos de criatividade e experiências bem-sucedidas
são inúmeros, porém, o drama da depredação ambiental é crescente.
Novaes ressaltou que `os padrões de produção e consumo no mundo, hoje, estão 20%
acima da capacidade de reposição da biosfera, isso porque existe mais de 1 bilhão de
pessoas passando fome”.
Se essas pessoas saírem da linha da miséria serão necessários mais dois ou três planetas
para atender às necessidade de extração dos recursos naturais, segundo alertou o
jornalista.
Em relação à coleta seletiva, visa separar e classificar o lixo para que se possa
aproveitar tudo o que é reciclável. Geralmente, separa-se o material inorgânico (vidro,
papel, metais e plásticos) do orgânico, composto de restos de comida, frutas, verduras,
aparas de grama e esterco de animais, em recipientes de cores diferenciadas. Na
reciclagem, o lixo passa por um processo de transformação industrial ou artesanal, que
possibilita reaproveitar o material inorgânico. Deixa de ser lixo para servir de matéria
prima para outras coisas.
Por exemplo, latinhas de alumínio, quando recicladas, podem dar origem a outras
latinhas, e papéis rasgados ou riscados podem gerar novas folhas. Mas é preciso prestar
a atenção, pois nem todo lixo pode ser reciclado. Apenas papel, metal, plástico e vidro –
dependendo de seus tipos. Confira no quadro abaixo:
O lixo é coletado pelas prefeituras ou por uma companhia particular contratada e levado
a um depósito, juntamente com o lixo de outras residências da área. Lá pode haver certa
seleção – sobras de metal, por exemplo, são separadas e reaproveitadas. O resto do lixo
deveria ser levado para aterros apropriados. O local adequado para colocar o lixo de
uma cidade é o aterro sanitário. Trata-se de um amplo terreno com sistema de drenagem
e impermeabilizado para não vazar o chorume (líquido que contamina o ar, o solo e os
lençóis d’água subterrâneos). O material depositado deve ser coberto com terra para
evitar a poluição e a exposição aos animais.
Os aterros ajudam a acabar com os lixões ou espaços a céu aberto que não foram
preparados para receber o lixo. Infelizmente, no Brasil, 90% do lixo são jogados nos
lixões, o que contribui para a proliferação de doenças. Segundo dados da Síntese de
Indicadores Sociais – 2000 – do IBGE, 85% dos 34.870.828 domicílios brasileiros
localizados na área urbana foram beneficiados com a coleta realizada por empresa
pública ou privada (coleta direta), contra 8,8% cujo lixo foi depositado em caçamba,
tanque ou depósito para depois ser removido (coleta indireta). E em apenas 3,4% do
total, o lixo foi queimado ou enterrado na propriedade ou ainda jogado em terreno
baldio, rua, rio ou mar. Sinal de que o lixo está sendo destinado ao lugar certo, evitando
assim a proliferação de doenças e a poluição do solo e do ar. Veja as tabelas.
Além disso, antes de se projetar o aterro, são feitos estudos geológico e topográfico para
selecionar a área a ser destinada para sua instalação não comprometa o meio ambiente.
É feita, inicialmente, impermeabilização do solo através de combinação de argila e lona
plástica para evitar infiltração dos líquidos percolados, no solo. Os líquidos percolados
são captados (drenados) através de tubulações e escoados para lagoa de tratamento. Para
evitar o excesso de águas de chuva, são colocados tubos ao redor do aterro, que
permitem desvio dessas águas, do aterro.
O aterro deve ser localizado a uma distância mínima de 200 metros de qualquer curso d
´água. Deve ser de fácil acesso. A arborização deve ser adequada nas redondezas para
evitar erosões, espalhamento da poeira e retenção dos odores. Devem ser construídos
poços de monitoramento para avaliar se estão ocorrendo vazamentos e contaminação do
lençol freático: no mínimo quatro poços, sendo um a montante e três a jusante, no
sentido do fluxo da água do lençol freático. O efluente da lagoa deve ser monitorado
pelo menos quatro vezes ao ano.
Quanto aos aterros controlados, é uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos
no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e a sua segurança, minimizando os
impactos ambientais. Este método utiliza princípios de engenharia para confinar os
resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de cada
jornada de trabalho. Esta forma de disposição produz, em geral, poluição localizada,
pois similarmente ao aterro sanitário, a extensão da área de disposição é minimizada.
Porém, geralmente não dispõe de impermeabilização de base (comprometendo a
qualidade das águas subterrâneas), nem sistemas de tratamento de chorume ou de
dispersão dos gases gerados. Este método é preferível ao lixão, mas, devido aos
problemas ambientais que causa e aos seus custos de operação, a qualidade é inferior ao
aterro sanitário.
Os lixões são locais onde há uma inadequada disposição final de resíduos sólidos, que
se caracteriza pela simples descarga sobre o solo sem medidas de proteção ao meio
ambiente ou à saúde pública. É o mesmo que descarga de resíduos a céu aberto sem
levar em consideração: a área em que está sendo feita a descarga; – o escoamento de
líquidos formados, que percolados, podem contaminar as águas superficiais e
subterrâneas; a liberação de gases, principalmente o gás metano que é combustível; o
espalhamento de lixo, como papéis e plásticos, pela redondeza, por ação do vento; e a
possibilidade de criação de animais como porcos, galinhas, etc. nas proximidades ou no
local.
Para a garantia do meio ambiente a combustão tem que ser continuamente controlada.
Com o volume atual dos resíduos industriais perigosos e o efeito nefasto quanto à sua
disposição incorreto com resultados danosos à saúde humana e ao meio ambiente, é
necessário todo cuidado no acondicionamento, na coleta, no transporte, no
armazenamento, tratamento e disposição desses materiais.
NBR 13896 – de 06/1997 – Aterros de resíduos não perigosos – Critérios para projeto,
implantação e operação