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Materias sobre lixo

De volta aos holofotes desde a indicação ao Oscar do documentário "Lixo


extraordinário", coprodução Brasil-Reino Unido, o Aterro Sanitário de Gramacho é foco
de outra produção cinematográfica que estreia em 2011.

“As crianças do lixão”, do cineasta Robert Ziehe, mostra as condições precárias de


sobrevivência dos mais de 50 mil moradores da comunidade ao redor do local. O
objetivo é mostrar como vivem e quais são as aspirações das pessoas que tiram seu
sustento do que a sociedade joga fora.

Enquanto "Lixo extraodrinário" narra o projeto do renomado artista brasileiro Vik


Muniz para transformar detritos em arte, "As crianças do lixão" se concentra no que
acontece nos arredores, no cotidiano dos moradores. Segundo Ziehe, o lixão pode se
tornar interessante aos olhos do público, graças aos moradores que vivem lá.

“Aquela comunidade é repleta de personalidades. Há pessoas extremamente


interessantes. Há famílias na quarta, na quinta geração vivendo da reciclagem. Você tem
gente extraordinária, com talentos maravilhosos, mas que não é aproveitada porque vive
naquela situação e não tem como se mostrar ao mundo.”

Apesar de enfrentar dificuldades para entrar no Aterro Sanitário, o cineasta afirma que é
recebido de braços abertos pelos catadores, que têm o desejo de fazer com que a sua voz
seja ouvida. Além do filme sobre o lixão, Robert já fez documentários para o mercado
externo sobre crianças que vivem em um projeto social no Recife e sobre o dia a dia dos
traficantes da favela do Muquiço, no Rio de Janeiro.

Jorge Colistet, codiretor do filme, afirma que, apesar da falta de saneamento, os


moradores do aterro tentam se sustentar dignamente com os poucos recursos da venda
de materiais recicláveis. “É um lado que pouca gente vê. Com o pouco que ganham, eles
sobrevivem. E é importante mostrar isso para a sociedade.”

Cineasta redescobriu o Brasil


Robert Ziehe é brasileiro por acaso. Filho de um diplomata alemão que prestava serviço
no país na década de 60, ele nasceu no Rio de Janeiro, mas foi levado para a Alemanha
aos oito meses. Apesar de ter trabalhado como jornalista em agências de notícias alemãs
e inglesas, só foi se reencontrar com o país no ano 2000, durante a primeira edição do
Mundial de Clubes da Fifa, que aconteceu no Rio de Janeiro e em São Paulo. Escalado
para cobrir o Manchester United para o público da Inglaterra, Ziehe ficou sem muita
coisa para fazer após David Beckham, então estrela do time, ser expulso de campo no
Maracanã por uma falta violenta no jogo contra o Necaxa.

Com muito tempo livre, Robert Ziehe teve a oportunidade de voltar a ver os cenários
que deixou para trás quando pequeno. Gostou tanto que ficou. Ao longo destes dez
anos, ele se casou, se separou, teve duas filhas e fincou raízes por aqui.

Paralelo ao filme de Ziehe, há a produção de um making of fotográfico e um ensaio com


as mulheres da comunidade, feitos pela fotojornalista Mariana Vianna. Antes do
trabalho, a maior referência sobre o Aterro Sanitário de Gramacho havia sido o filme
"Estamira", de Marcos Prado. “Eu lembro que, na época, fiquei muito chocada com a
história da Estamira, em relação ao lixão. Não tanto a pessoa, mas a comunidade.”

Mariana acredita que o registro fotográfico e audiovisual do universo do lixão é


importante para que as pessoas tomem conhecimento daquela realidade e, quem sabe,
melhorias reais para a região entrem na pauta dos órgãos públicos. Mesmo assim, ela
crê que a experiência visual não consegue abranger todas as sensações de estar naquele
ambiente. “A fotografia não tem som, não tem cheiro, ela não tem o contato humano.
Eu vejo com os meus olhos, de repente, eu me emociono mais do que as pessoas que
veem as fotografias. Mas eu acho fundamental para mostrar que aquilo ali existe.”

Aterro de Gramacho será desativado


O trabalho de coleta dos catadores retratados no filme deve terminar em breve. Governo
e município do Rio de Janeiro planejam desativar o Aterro Sanitário de Gramacho e
tranferi-lo para Seropédica. Este processo está a cargo da Secretaria Municipal de
Conservação e Serviços.

Em entrevista ao G1, o secretário Carlos Roberto Osório afirma que a mudança de local
ainda não tem um prazo determinado porque as obras do novo depósito de lixo não têm
prazo de conclusão. “A obra é complexa porque existem várias questões ambientais que
devem ser observadas. Nós só vamos estabelecer um cronograma depois que a obra for
efetivamente entregue.” Ainda assim, ele estima que a mudança possa ser concluída em
2012.

Sobre a possibilidade dos catadores de Gramacho ficarem sem trabalho com a


transferência, Osório afirma que este assunto está sendo tratado pelo governo do estado
do Rio e pela Prefeitura de Duque de Caxias, que ainda articulam qual será a política
social para a região.
 

Cristina Boeckel do G1

Baixada Santista busca soluções para


destinação do lixo
Agencia Estado

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O secretário estadual de Meio Ambiente de São Paulo, Bruno Covas, disse que o
governo vai ajudar os municípios da Baixada Santista a encontrarem uma solução para o
descarte de lixo da região. Covas se reuniu com os nove secretários municipais de Meio
Ambiente da região hoje em Santos e a destinação do lixo foi um pleito de todo o grupo.

"Vamos ter um fórum provavelmente na cidade de Mongaguá, no dia 25 de abril, na


nossa próxima reunião, a gente tentar bater o martelo em um projeto, uma metodologia,
para ir buscar financiamento e local para que possa avançar o mais breve possível nessa
questão", disse ele. Covas enfatizou que o Estado tem toda a disposição de ajudar e
dialogar para ajudar a encontrar uma saída, mesmo a questão do lixo sendo
"constitucionalmente" um problema municipal.

Segundo o secretário, há diferentes metodologias possíveis para resolver a questão e que


quem decidirá se será criada uma usina de incineração de lixo na região ou não serão os
próprios municípios. Outra questão levantada na reunião foi a possibilidade da
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) rever o sistema de
avaliação de balneabilidade das praias. De acordo com o secretário de Meio Ambiente
de Santos, Fábio Nunes, a questão da balneabilidade precisa ser mais completa.

Lixo jogado nas estradas de SP enche 10


mil caminhões por ano
Em 2010 foram recolhidas 41,5 mil toneladas em todo o estado.
Custo estimado de coleta e destinação do lixo pode chegar a R$ 30
milhões.

Do G1 SP

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No ano passado, foram recolhidas nos 22,9 mil quilômetros de rodovias paulistas 41,5
mil toneladas de lixo. O volume equivale à carga de 10 mil caminhões. É como se todo
o lixo produzido por uma cidade do porte de Araraquara, no interior de São Paulo, fosse
espalhado pelas estradas.

Só nos 5,4 mil km de rodovias administradas por 18 concessionárias foram coletadas


17,8 mil toneladas. A maioria registrou aumento no volume. As estradas federais sob
concessão produziram 6,1 mil toneladas. A malha administrada por empresas responde
por 68% do tráfego.

Nas rodovias a cargo do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), prestadoras de


serviço recolheram outras 17,6 mil toneladas. Entre todas as vias, as do Sistema Castelo
Branco-Raposo Tavares, que liga São Paulo a Sorocaba, foram campeãs em produção
de lixo, com 3.931 toneladas coletadas em 2010. Em segundo lugar, o Sistema
Anhanguera-Bandeirantes (São Paulo-Campinas) produziu 3.100. O maior volume de
lixo por quilômetro foi registrado em uma rodovia federal: na Fernão Dias, retiraram-se
2,6 mil toneladas em 95 km, média de 27 toneladas por km.

Embora nem todas as concessionárias tenham o custo discriminado, o gasto com a


coleta e a destinação pode chegar a R$ 30 milhões anuais. O custo é bancado
indiretamente pelo usuário, por meio de impostos e tarifas de pedágio. O problema do
lixo na rodovia não se restringe à questão ambiental: o material disperso entope os
sistemas de drenagem e eleva o risco de acidentes. Pontas de cigarro podem provocar
queimadas.
Reciclagem
As concessionárias vêm investindo em campanhas e programas educativos. A Ecopistas
adotou a coleta seletiva, com a instalação de coletores coloridos ao longo das vias - ao
custo anual de R$ 371 mil - e mantém o projeto de educação Ecoviver em 18 cidades. A
Ecovias, que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes, também adotou coletores e
realiza o Projeto Casa Limpa, em parceria com a prefeitura de Diadema - que
transformou áreas de descarte em espaços de convivência.

Já a Via Rondon, que recolheu até máquinas de lavar roupas abandonadas na pista, na
altura de Bauru, iniciou uma campanha educativa nas cidades do Oeste paulista.

Sônia Bridi faz reportagem especial


sobre o lixo
O Fantástico refaz o teste do ano passado nas praias brasileiras. Será que Salvador
continua sendo a campeã da sujeira?

Você acha que na Inglaterra a moça enterraria o cigarro na areia? “Não, em Londres não tem
praia”, debocha a turista inglesa. A amiga tenta consertar e diz que pode recolher, mas achar a
guimba não é fácil. Agora imagine o trabalho dos garis no fim de um dia de praia lotada?

Quer saber o quanto esta sujeira toda pesa? O Fantástico fez o teste em quatro regiões do
Brasil, medindo o volume de lixo recolhido ao longo de um quilômetro de praia, em um
domingo de sol. Os trechos escolhidos são os mais badalados do litoral.

Começamos lá em cima no mapa, Fortaleza, no Ceará. A imagem não combina nada com a
beleza da Praia do Futuro. No local, os garis recolheram 800 quilos de lixo. O mais comum é a
casca de coco.

Nossa equipe encontrou uma "salada de frutas" na Praia da Redinha, em Natal, Rio Grande do
Norte. No local, o pessoal fica tão acomodado que nem ouve o aviso. O alto-falante avisa:
"banhista, por favor, não jogue lixo na praia". Somando pernas de caranguejo e o que ficou
pela areia, foram 1,55 mil quilos de lixo.

Na capital pernambucana, os recifes, que deram nome à cidade, são agredidos pelos copos
plásticos. Em um quilômetro da Praia de Boa Viagem, foram recolhidas 2,5 toneladas de
resíduos.

E agora um salve para Salvador. No teste feito pelo Fantástico no ano passado, Piatã tinha
ficado com o título de praia mais suja do Brasil. Foram 7,5 toneladas de lixo. Desta vez, os
baianos tiveram um desempenho muito melhor: 2 toneladas e 390 quilos.

E o domingão na Baixada Santista? O rap está animado, mas é preciso guardar fôlego para
juntar 2.150 quilos de lixo que os banhistas deixaram para trás.

“É horrível entrar no mar e não conseguir andar de tanta sujeira”, comenta a estudante Aline
Pires. “Nasci e me criei aqui. A gente lamenta muito a sujeira e a falta de consciência”, critica o
aposentado Adilson Masagão.

Nós também lamentamos. No Sul, encontramos praias mais limpas. Canasvieiras, no norte da
ilha de Florianópolis, está cheia de turistas nessa época, e encontramos mais gente com o
péssimo hábito de enterrar o lixo.

De lixinho em lixinho, foram 800 quilos de resíduos. E olha que a cada 30 metros tem uma
lixeira. Mas o volume que pesamos foi só do lixo que estava na areia.

Capão da Canoa é a praia preferida dos gaúchos. Estreante no teste, foi a que se saiu melhor.
Foram recolhidos 700 quilos de lixo em um quilômetro.

E qual é a praia que melhor representa o Brasil? A primeira que vem à cabeça é Copacabana.
Nós pulamos o Rio de Janeiro no mapa de propósito, porque a sede da Copa de 2014 e das
Olimpíadas de 2016 ganhou medalha de ouro em lixo na praia. Foram 2,8 mil quilos. Mais que
triplicou em relação ao ano passado, quando foram coletados 870 quilos de lixo.
As lixeiras existem. O problema é que o povo não parece disposto a andar até elas, mas quem
gosta de limpeza, dá um jeito. “Trouxemos uma bolsinha, e estamos colocando na bolsinha”,
revela a professora Alina dos Santos.

“O cidadão precisa entender que cuidar do espaço público para que todos possam frequentar
esse espaço com qualidade, uma coisa limpa, e principalmente porque nós estamos vendendo
turismo”, comenta o diretor da Comlurb, Luis Guilherme Gomes.

A verdade é que nas praias apenas reproduzimos o comportamento que temos nas ruas. No
Brasil o espaço público ainda é tratado não como sendo de todos, mas como terra de ninguém.
No Rio de Janeiro, todos os dias, são recolhidos 3,2 mil toneladas de sujeira.

Não é à toa que a Avenida Rio Branco, no centro da cidade, precisa ser varrida cinco vezes por
dia. Para que pegar o panfleto, se vai jogar no chão? Haja gari para recolher meia tonelada de
resíduos por dia. “Quanto mais gari a gente bota na rua, mais lixo aparece”, diz a presidente
Comlurb, Angela Fonti.

A região Sudeste é a que mais gera lixo. São 89 mil toneladas por dia - uma média de 1,2 quilo
por habitante. Na cidade de São Paulo, a maior do Brasil, há ruas e calçadas transformadas em
lixões. No centro da cidade, sem a menor cerimônia, eles vêm e jogam de tudo. Depois, vem a
prefeitura e limpa. Ao todo, são 13 toneladas de restos de móveis, tábuas, pneus.

A prefeitura lava o chão, e tudo fica limpinho, por alguns minutos. Às 16h, já está formado de
novo o lixão. E isso acontece em 1,3 mil pontos da cidade já mapeados pela prefeitura de São
Paulo.
Só que saber o tamanho do problema não é a mesma coisa do que ter uma solução. “É
importantíssimo que o cidadão que more ou use a cidade tenha espírito de cidadania no
sentido de tratar o bueiro onde eventualmente um saco de lixo entupa, como o jardim da sua
casa, como uma sala de visitas”, afirma o secretário municipal da coordenação das
subprefeituras de SP, Ronaldo Camargo.

Uma sala de visitas para a qual ninguém quer ser convidado. Com tanto lixo espalhado, chega
a chuva. É a receita de desastre.

Uma boca de lobo mostra bem o que acontece quando tem lixo na rua e chove. A água arrasta
o lixo para dentro do esgoto, que funciona como se fosse um tampão. Se a água não tem para
onde escorrer, a cidade enche. Só nesta operação, foram 300 quilos de lixo recolhidos. Um
super jato de água foi usado para desentopir os bueiros.

“Provoca a própria morte, para ele mesmo e para a família, jogando as coisas na rua, sem
responsabilidade nenhuma. Sem pensar no amanhã”, ressalta o gari Rogério Ferreira

Mas amanhã o lixo está nos córregos. O trabalho de limpeza do córrego Itaquera começou há
três meses e, nesse período, as máquinas só conseguiram avançar 700 metros. Mas, em um
trecho, já tiraram mais de 8 mil toneladas de lixo. Dá mais de oito milhões de quilos.

“Quando a gente vê, a gente fala para não jogar, porque, quando alaga, são as nossas casas
que enchem, não é a deles. Mas a gente não pode fazer mais nada do que isso. Eles viram a
cara e não estão nem aí. Jogam mesmo”, revela a dona de casa Verusa Ferreira.

Que diferença de Caxias do Sul, no Rio Grande, onde encontramos um córrego sem lixo. Coisa
de cidade pequena? Não é. Caxias do Sul tem quase 500 mil habitantes e foi a primeira do
Brasil a implantar a coleta mecanizada.

Funciona assim: em vez de deixar o lixo na calçada, na frente de casa, os moradores caminham
um pouco e deixam o lixo separado em dois contêineres. O verde é para lixo orgânico. O
amarelo, para o reciclável. Depois, vem o caminhão e recolhe, sem que alguém precise tocar o
lixo. Uma vez por semana, a coleta é acompanhada do caminhão de limpeza que junta o
container, lava, e devolver bem limpinho para a rua. Assim, nunca tem cheiro.

Sônia Bridi: não dá muito trabalho?


Eledina Spadetto: Não, é melhor do que antes que ficava ali frente. Ficava ali um ou dois dias.
Assim, a gente leva e põe lá. Pode chove e cachorro não rasga.Não faz sujeira nenhuma.

“Nós acabamos de ver as cenas do lixo correndo para a boca de lobo provocadas pelas
enxurradas. Essa cena na área dos contêineres felizmente acabou”, diz o diretor da empresa
de coleta, Adiló Didomênico.

“Adoro morar aqui, acho minha cidade muito limpa e muito linda”, comenta uma mulher.
O lixo reciclável vai para cooperativasde catadores.

Outra Caxias, outro mundo. Duque de Caxias, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

O trabalho duro de homens e mulheres que tiram a vida do lixo inspirou o artista Vik Muniz.
Ele documentou o processo em que os catadores trabalham com ele em uma série de retratos.
O filme "Lixo Extraordinário" concorre ao Oscar de Melhor Documentário.

Jardim Gramacho ganhou notoriedade, porque é o maior, não porque é raro. No Brasil inteiro,
são 1.688 lixões, que recebem 22 milhões de toneladas de lixo por ano. O lixo é depositado em
condições inadequadas, agredindo a natureza e a saúde da população.

Em todo o Brasil, 72% das cidades jogam o lixo em lugares inadequados. No Piauí, a situação é
mais grave. A capital Teresina não tem um único aterro sanitário, só lixão.

Para ser chamado de aterro sanitário, precisa ser como o de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.
Ele só recebe o lixo que não pode ser reciclado. O chorume, aquele líquido que sai de matéria
orgânica em decomposição, é tratado e volta a ser água limpa. E o gás metano, que tanto
agride o planeta, é coletado e vira energia. Transformar lixões em aterros sanitários no Brasil
seria um passo importante. Mas solução mesmo só com coleta geral, educação e fiscalização.

“Então, acho que a sensação de impunidade que existe em outras áreas, no trânsito, até no
crime comum, acaba indo para essa área da limpeza. Isso gera uma cadeia perversa de
impunidade”, conclui o professor de Ciência Ambiental da UFF, Emílio Eigenheer.

Lixão se forma no meio do Oceano


Pacífico
Toneladas de sujeira contaminam a água.

Entre o litoral da Califórnia e o Havaí, uma área enorme ganhou um triste apelido: o
Lixão do Pacífico. Levadas pela corrente marítima, toneladas e toneladas de sujeira,
produzidas pelo homem, se acumulam num lugar que já foi um paraíso.

Um oceano de plástico, uma sopa intragável, de tamanho incerto e aproximadamente


1,6 mil quilômetros da costa entre a Califórnia e o Havaí e que, segundo estimativas,
seria maior do que a soma de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás.

É o Pacífico, o maior dos oceanos, agredido pela humanidade onde a humanidade


raramente chega. Há plástico e plâncton, lixo e alimento, tudo misturado. Poluindo o
paraíso, confundindo as aves, criando anomalias - como a tartaruga que cresceu com um
anel de plástico em volta do casco - e matando os moradores do mar.

Mas qual será afinal o tamanho exato gigantesca massa de lixo que se acumula no
Oceano Pacifico? Será que a gente ainda tem tempo para limpar tudo isso? E os
animais? Se adaptam ou sofrem as consequências?

Charles Moore viajava pelo Pacífico, entre o Havaí e a Califórnia, quando resolveu
arriscar um novo caminho. "Foi perturbador. Dia após dia não víamos uma única área
onde não houvesse lixo. E tão distantes do continente”, lembra o capitão.

Como um descobridor nos tempos das Navegações, Charles Moore foi o primeiro a
detectar a massa de lixo. E batizou o lugar de Lixão do Pacífico. Primeiro, viu pedaços
grandes de plástico, muitos deles transformados em casa para os mariscos. Depois,
quando aprofundou a pesquisa, o capitão descobriu que as águas-vivas estavam se
enrolando em nylon e engolindo pedaços de plástico. O albatroz tinha um emaranhado
de fios dentro do corpo.

"Antes não havia plástico no mar, tudo era comida. Então os animais aprenderam a
comer qualquer coisa que encontram pela frente. Você pode ver que eles tentaram
comer isso [pedaço de embalagem]. Mas não conseguiram", diz o capitão.

Com a peneira na popa, o capitão e sua equipe filtram a sopa de plástico e fazem
medições. Já descobriram, por exemplo, que 27% do lixo vem de sacolas de
supermercado. Em uma análise feita com 670 peixes, encontraram quase 1,4 mil
fragmentos de plástico.

São informações valiosas, fonte de pesquisa e argumentos para a grande denúncia de


Charles Moore: "Gostaria que o mundo inteiro percebesse que o tipo de vida que
estamos levando, isso de jogar tudo fora, usar tantos produtos descartáveis, está nos
matando. Temos que mudar, se quisermos sobreviver."

Um gesto despreocupado, uma simples garrafa de plástico esquecida em uma praia da


Califórnia. Muitas vezes ela é devolvida pelas ondas e recolhida pelos garis. Mas grande
parte do material plástico que é produzido nessa região acaba embarcando em uma
longa e triste viagem pelo Oceano Pacifico.

Pode ser também depois de uma tempestade. O plástico jogado nas ruas é varrido pela
chuva, entra nas galerias fluviais das cidades e chega até o mar; ou vem de rios poluídos
que desembocam no oceano.

No caminho, os dejetos do continente se juntam ao lixo das embarcações e viajam até


uma região conhecida como o Giro do Pacífico Norte. Diversas correntes marítimas que
passam às margens da Ásia e da América do Norte acabam formando um enorme
redemoinho feito de água, vida marinha e plástico.

Mas, outra vez uma tempestade, um vento forte, talvez, e parte do lixo viaja para fora da
sopa, até uma praia distante.

Estamos numa praia linda e deserta de uma região praticamente desabitada do Havaí.
Não era para ser um paraíso ecológico? Mas Kamilo Beach recebe tantos dejetos
marítimos que acabou virando um lixão a céu aberto. Basta procurar um pouquinho para
entender a origem de todo o plástico que chega até a praia. Em uma embalagem,
caracteres chineses. Uma bóia de pescadores provavelmente veio do Japão. Um pouco
mais adiante, há o pedaço de um tanque de plástico com ideogramas coreanos.

E olha que Kamilo Beach está mais de 1 mil quilômetros distante do Lixão do Pacífico,
no extremo sudoeste da ilha de Hilo, no Havaí. Kamilo Beach dificilmente vê um gari.
O plástico que chega lentamente pelo mar vai ficando esquecido no paraíso.

Há dois anos, depois que se mudaram para cá, Dean Otsuki e Suzanne Frazer
resolveram fazer de Kamilo um alerta planetário. Suzanne pergunta: "Será que o
governo japonês, por exemplo, sabe quanto plástico o Japão está mandando para o
Havaí?"

Dean vem trazendo um galão que, sem dúvida, chegou da Ásia. Tem também tubo de
shampoo usado nos Estados Unidos e sacos de plástico sabe-se lá de onde. Agora, são
todos farrapos do mar. As mordidas impressas no plástico levaram os ambientalistas a
mudar de alimentação.

"O que acontece é que as toxinas estão se acumulando ao longo da cadeia alimentar. Os
predadores no topo da cadeia, que somos nós, estamos comendo plástico também",
alerta Suzanne Frazer.

O casal toma notas, calcula as quantidades, recolhe o equipamento de pesca para saber
os pesos e as medidas de cada tipo de poluição. Não é pessimismo. Por enquanto,
praticamente nada está sendo feito e não dá para dizer que existe um ou outro culpado.
Estamos todos com as mãos completamente sujas de plástico.

Maldivas têm ilha só de lixo

Haveria depósito de lixo em cinco régios dos oceanos. Nas Ilhas Maldivas, no Oceano
Índico, uma nova ilha está sendo criada. É uma ilha de lixo. Em pouco menos de duas
décadas, a ilha já tem 50 mil metros quadrados e abriga indústrias e depósitos.
Caminhões chegam em barcos o tempo todo.

O lixo orgânico é queimado na hora. Garrafas de plástico e pedaços de metal são


separados e exportados para Índia, onde são reciclados. O resto forma a base do
território que avança sobre o oceano.

O nativos das Maldivas se recusam a fazer esse tipo de trabalho. Eles ganham mais se
passarem o dia inteiro na praia, só pescando. Por isso, os trabalhadores do lixão são 150
imigrantes de Bangladesh, que aceitam trabalhar ganhando o equivalente a US$ 60 e
US$ 100 por mês.

A maior parte do lixo vem da capital, Malé, que concentra 100 mil habitantes, um terço
da população do país. Mas os 10 mil turistas que visitam as ilhas por dia provocaram
uma explosão na produção de lixo e a criação da ilha das Maldivas que ninguém quer
visitar.
Salvador fica em primeiro lugar em blitz
de lixo urbano
A capital baiana que amargou o título de campeã da sujeira na praia, no último
domingo, também ficou em primeiro lugar na blitz do lixo urbano.

Domingo passado, o Fantástico fez a blitz do lixo em sete praias do litoral brasileiro. O
resultado deixou muita gente de cabelo em pé. Agora é a vez das principais avenidas, de sete
capitais do país, passarem pelo raio-x da sujeira. Qual será a mais suja?

Está todo mundo careca de saber que lugar de lixo é na lixeira, mas, então, por que as ruas das
cidades brasileiras andam tão sujas?

“É culpa nossa mesmo, do ser humano”, afirma o comerciante John Rodbson. “As pessoas
mesmo sujam”, aposta a advogada Genir Avelino. “A maioria não tem um pingo de educação”,
critica a professora Rosângela Menezes.

“Tem plástico, tem copo descartável”, aponta a vendedora Maria da Conceição. “É o que você
mais vê por aqui: a lixeira está do lado e o cara joga o lixo no chão”, diz o militar Rodrigo
Cardoso.

No Rio de Janeiro, um segurança uniformizado abaixa para pegar o saco plástico. Parecia uma
boa ação. Que nada! Ele simplesmente joga o saco de volta no chão. E isso porque ele está do
lado de uma lixeira.

A presença da câmera do Fantástico também não inibiu uma moça. Ela abre a bala, passa
pertinho e joga o papel no chão.

Fantástico - Reparou que você jogou o papel no chão?


Mulher - Reparei.
Fantástico - Tem uma lixeira aqui, tem uma outra do outro lado.
Mulher - Desculpa.

De desculpas esfarrapadas, o pessoal que recolhe o lixo já está cansado. “Tinha que educar o
povo, porque o povo joga tudo. O cara acaba de varrer. Daqui a pouco, suja de novo”, ressalta
o gari Ricalho Benedito Rosa.

Em Goiânia, uma mulher abaixa e deixa um copinho no chão. E a criança que está com ela
rapidinho aprende o mau exemplo. Outra mulher dá aquela disfarçada para se livrar do
papelzinho.

Já em São Paulo, um pessoal nem se preocupa e joga ponta de cigarro no chão na maior cara
de pau. “O brasileiro joga mesmo, não tem jeito. Não sou eu que jogo, todo mundo joga”, diz
um homem.

Infelizmente é verdade. E, para saber a quantidade de lixo que as pessoas andam deixando
pela rua, o Fantástico convoca um novo teste.

Na semana passada, a equipe do Fantástico mediu o lixo de sete praias do litoral do Brasil.
Hoje, são grandes avenidas de sete capitais brasileiras que vão passar pelo pente fino da
sujeira. A pedido do Fantástico, as companhias municipais pararam de varrer as ruas
pesquisadas em um trecho de um quilômetro, durante o horário comercial de um dia útil.

Só no final do dia, a turma da limpeza entrou em cena para recolher e pesar a sujeira. Mas
atenção: no teste só foi contabilizado o lixo recolhido do chão, aquele da falta de educação. O
que estava dentro das lixeiras não entrou na soma.

E como resultado, uma má notícia para a Bahia! Salvador, que amargou o título de campeã da
sujeira na praia, no último domingo, também ficou em primeiro lugar na blitz do lixo urbano,
com 1.2 toneladas.

Logo atrás, vem a outra representante do Nordeste: Fortaleza, com pouco mais de uma
tonelada. O terceiro lugar é da região Norte: Belém, com 710kg.

”A cidade está muito suja, está faltando até lixeiras aqui. Não encontrei lixeira nenhuma aqui
na Presidente Vargas”, critica a contadora Andria Duarte, que mora em Belém.

A prefeitura tenta justificar:“Belém tem um problema sério que é o vandalismo. Você implanta
lixeiras e elas são vandalizadas com muita rapidez. Às vezes, faltam recursos para repor essas
lixeiras que são vandalizadas”, afirma o secretário municipal de Saúde, Sérgio Pimentel.

Só que sem lixeiras, o lixo vai acumulando. E nesta época de chuvas, a situação só piora. Veja
em vídeo o trabalho dos garis para desentupir os bueiros.

No Rio de Janeiro, não faltam lixeiras. Mesmo assim, a cidade aparece em quarto lugar, com
680 kg.

“A Comlurb gostaria de ter essa parceria com os moradores, com todos os que utilizam a
cidade, para que prestassem atenção no horário em que o caminhão passa, para só colocar o
lixo uma hora antes do caminhão passar”, diz a presidente da Comlurb, Ângela Fonti.

São Paulo, a maior cidade do Brasil, se saiu um pouquinho melhor que o Rio e somou 540 kg
de lixo. E ainda teve a forcinha do dono de banca Antônio Araújo. “Tem uma lixeira ao lado
aqui, tem uma aqui na banca, mas sempre jogam na rua”, diz.

Em Goiânia, o início da manhã parecia animador, mas foi só o comércio abrir para o cenário
mudar. Uma funcionária varre o lixo de dentro da loja direto para calçada e deixa tudo ali
mesmo, no meio da rua. No final do dia, são 203 kg de sujeira, a maior parte de papel picado.

“Você vai ver que está com 80%, 90% de materiais recicláveis que poderiam ser reaproveitados
e a gente ter um nível de consciência ambiental maior”, aponta o presidente da Comurg,
Wagner Siqueira.

E o título de campeã da limpeza vai para Curitiba, com apenas 33 kg de lixo recolhidos do chão.
E olha que os curitibanos não estão satisfeitos. “Essa rua é bastante suja”, afirma o vendedor
Elias Silveira. Mas justiça seja feita. Em Curitiba e nas demais capitais, também não faltaram
flagrantes de bons exemplos. Nem tudo está perdido.

PROBLEMA DO LIXO URBANO NO BRASIL E RECICLAGEM

O Brasil produz cerca de 240 mil t de lixo por dia – número inferior ao dos EUA (607
t/dia), mas bem superior ao de países como a Alemanha (85 t/dia) e a Suécia (10,4
t/dia). Desse total, a maior parte vai parar nos lixões a céu aberto; apenas uma pequena
porcentagem é levada para locais apropriados. Uma cidade como São Paulo gasta, por
dia, 1 milhão de reais com a questão do lixo.

São poucas as prefeituras do país que possuem equipes e políticas públicas específicas
para o lixo. Quando ele não é tratado, constitui-se num sério problema sanitário, pois
expõe as pessoas a várias doenças (diarréia, amebíase, parasitose) e contamina o solo, as
águas e os lençóis freáticos. Entre as soluções para a questão estão a criação de aterros
sanitários em locais adequados, a adoção de programas de coleta seletiva e reciclagem,
a realização de campanhas de conscientização da sociedade e uma maior atuação dos
poderes públicos.

O lixo pode ser classificado de acordo com sua natureza física, composição química,
origem, riscos potenciais ao meio ambiente, entre outros fatores. Conforme A maior
parte do lixo domiciliar no Brasil é composta de matéria orgânica; em seguida vem o
papel. O tratamento adequado do lixo envolve tanto vantagens ambientais (preservação,
saúde e qualidade de vida) como econômicas. O consumo de energia e de água no
processo de reciclagem do papel, por exemplo, é 50% menor que o verificado na
produção do material novo.

Tem crescido também a preocupação com materiais tóxicos, como pilhas, baterias de
telefone celular e pneus. Quando descartados de forma irregular, esses objetos ampliam
os problemas sanitários e de contaminação.

As pilhas, por exemplo, deixam vazar metais como o zinco e o mercúrio, extremamente
prejudiciais à saúde. Os pneus, ao acumular água, transformam-se em focos de doenças,
como a dengue e a malária. Desde julho de 1999, uma resolução do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (Conama) responsabiliza os fabricantes e comerciantes pelo destino
final desse tipo de produto, depois que forem descartados pelos usuários. O governo
federal também pretende implantar a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que tem
por objetivo estimular o uso dos resíduos de maneira sustentável, pela redução do
consumo, da reciclagem e da reutilização de materiais.
O lixo no Brasil
MaurÍcio sotto maior

Todo e qualquer resíduo proveniente das atividades humanas ou gerado pela natureza
em aglomerações urbanas se chama lixo. A quantidade de lixo produzida diariamente
por um brasileiro é estimada em aproximadamente 1kg. São frutos do homem em seu
consumo desenfreado de matérias-primas ou industrializadas que, sem uma destinação
final adequada, agridem profundamente o meio ambiente e degrada a própria natureza
humana. Mas na natureza nada se perde, nada se cria; tudo se transforma. A última
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo IBGE em 2000,
revelou uma tendência surpreendente de melhora na situação de destinação final do lixo
coletado no País nos últimos anos. Melhora, no entanto, muito aquém das nossas reais
necessidades de preservação ambiental e de melhoria da qualidade de vida.
A PNSB avaliou que 63,6 % dos municípios brasileiro utilizavam lixões e 32,2 %
aterros adequados, sendo que 5% não informaram para onde vão seus resíduos. Dez
anos antes, a pesquisa mostrava que o percentual de municípios que destinavam seus
resíduos de forma adequada era de apenas 10,7 %. A pesquisa também estimou que a
quantidade coletada de lixo diariamente nas cidades com até 200.000 habitantes gira em
torno de 450 a 700 gramas por habitante. Já as cidades com mais de 200 mil habitantes a
quantidade aumenta para a faixa entre 800 e 1.200 gramas por habitante. A pesquisa
informa que em 2000 eram coletadas diariamente 125.281 toneladas de lixo domiciliar
em todos os municípios brasileiros. Hoje já se fala em mais de 200 mil toneladas.
Até a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
(CNUMAD), a ECO-92, realizada no Rio de Janeiro em 1992, o pensamento brasileiro
considerava o lixo um problema municipal, de responsabilidade das prefeituras. Hoje, a
questão do lixo no Brasil é pauta urgente para o poder público, empresas privadas e para
a própria sociedade civil organizada. No bojo dos números do IBGE, se escondem
algumas iniciativas que pretendem transformar a natureza humana através da filosofia
do três “Rs”: Reduzir/Reciclar/Reutilizar. São pessoas que pensam que uma “coisa” tão
cara, que gasta tanta energia e tempo para decompor na natureza, não pode ser
considerada lixo. São materiais que podem ser reutilizados ou reciclados.
Para Antonio Bunchaft, diretor do Centro de Estudos Socioambientais (Pangea), o lixo
hoje significa potencialidade, energia e geração de postos de trabalho dos mais
rudimentares aos mais complexos. “A questão do lixo é um problema mundial. Mas
existem cada vez mais tecnologias para tornar esse problema um recurso, uma
potencialidade. No Brasil, esse processo está em crescimento. Porém, o que é
importante observar é a necessidade fundamental de associar todo esse vasto parque de
tecnologias de tratamento do lixo com a inclusão social.” O Pangea viabilizou a
Cooperativa de Catadores Agentes Ecológicos de Canabrava, fundada por catadores
remanescentes do antigo Lixão de Canabrava, em 2003.
De acordo com a mestre em biologia e professora da Ufba, Goya Lima, são justamente
os impostos que vêm se constituindo como obstáculo para as cooperativas. “A
legislação não diferencia pequenas cooperativas daquelas de grande porte. Assim, uma
cooperativa formada por um grupo de jovens de uma comunidade carente de Salvador
acaba pagando os mesmos impostos das grandes cooperativas rurais, por exemplo”,
explica a professora e coordenadora da Cooperativa de Reciclagem Novo de Novo,
citando o próprio exemplo. A cooperativa, criada pela Fundação OndAzul, trabalha com
23 jovens do Bairro da Paz, que produzem uma linha variada de mobiliário feito de
garrafa PET.
De acordo com os dados da organização não-governamental Compromisso Empresarial
para Reciclagem (Cempre), constituída por empresas como a Alcoa, Ambev, Wal-Mart
Brasil, Philips, Sadia, entre outras, o Brasil recicla aproximadamente 1,5 % do lixo
sólido orgânico urbano. No caso da resina PET, o percentual cresce para 15%, mas os
maiores percentuais estão na reciclagem de latas de aço e das embalagens de vidro
(35%), do papel e papelão (36%), da produção nacional de latas de alumínio (64%), e de
papel ondulado (71%). Para a realização desse trabalho é fundamental um processo
educacional para o recolhimento, previamente separados na origem, de materiais
potencialmente recicláveis, como papéis, plásticos, vidros e metais.
Após a coleta seletiva de lixo, o seu beneficiamento, como enfardamento e acúmulo
para comercialização, é vendido à indústria recicladora que o transforma em novos
materiais. Apesar de tramitar um projeto de lei no Congresso Nacional há mais de dez
anos, ainda não existe no Brasil uma política nacional de resíduos sólidos. Em virtude
disso, alega Bertrand Sampaio da organização ambientalista Associação Pernambucana
de Defesa da Natureza, a reciclagem é o mais incentivado representante dos 3Rs. “As
indústrias e o comércio consideram que a reutilização, e sobretudo a redução, têm forte
impacto no consumo. Já a reciclagem não, pelo contrário, potencializa o mercado, uma
vez que barateia a obtenção dos materiais recicláveis onde os catadores são os maiores
contribuintes e os mais explorados dessa nova cadeia produtiva.”

Exemplos baianos a partir do lixo

Na década passada o lixão de Canabrava


entulhava junto com os dejetos da Região
Metropolitana de Salvador mais de 700
catadores,
entre adultos e crianças. Foi um projeto
elaborado pelo Centro de Estudos
Socioambientais (Pangea) para a instituição
italiana Cooperação para o Desenvolvimento dos
Países Emergentes (Cospe) que mudou
completamente a vida daquelas pessoas. Com
financiamento da União Européia, foi criada a
Cooperativa de Catadores Agentes Ecológicos de Canabrava (Caec). “Hoje nós temos
200 cooperativados e cerca de 800 cadastrados”, explica Antônio Bunchaft, diretor do
Pangea.
Os catadores da Caec batem de porta em porta, devidamente fardados e acompanhados
de carrinhos coletores, para recolher material reciclável e divulgar noções básicas de
educação ambiental por meio de panfletos e outros impressos. Considerada uma
iniciativa modelo, a Caec foi um dos destaques do livro “50 Jeitos Brasileiros de Mudar
o Mundo: O Brasil Rumo aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, uma
publicação organizada pelo Programa de Voluntários das Nações Unidas. “O importante
é não se deslumbrar e aproveitar a potencialidade da reciclagem do lixo para o máximo
de inclusão social. Estou falando dos milhares de catadores de materiais recicláveis que
hoje vivem em condições críticas e de indigência”, pontua Antônio Bunchaft.
Para Bunchaft, a estrutura de coleta na Bahia é precária e a coleta seletiva é residual,
circunscrita a algumas iniciativas promovidas por parcerias entre ONGs e prefeituras
municipais. “Nós estamos enterrando dinheiro, pior nós que pagamos para enterrar
dinheiro em aterros sanitários. Praticamente todo o lixo gerado hoje pelo ser humano
tem tecnologias para seu reaproveitamento. Todo o lixo, em sua grande parte, acaba
jogado em aterros sanitários ou lixões. Aí vem o trabalho fundamental dos catadores,
que fazem a verdadeira coleta seletiva, recolhendo esses recicláveis das ruas, bueiros e
lixões, aumentando a vida útil dos aterros sanitários e melhorando a qualidade do meio
ambiente urbano.”
Para Goya Lima, coordenadora da Cooperativa de Reciclagem Novo de Novo, algumas
iniciativas têm tido sucesso em reduzir o volume de lixo que é descartado, dando outros
destinos a materiais que podem ser reciclados ou reutilizados. A Novo de Novo
pretende produzir 2.500 móveis por ano, a partir do reaproveitamento de
aproximadamente 150 mil garrafas PET usadas, criando 23 postos de trabalho para
jovens do Bairro da Paz, gerando dezenas de empregos indiretos. A cooperativa
comercializa os seus produtos desde fevereiro e, em maio passado, a renda média dos
cooperados foi de R$ 450. “A nossa expectativa é que em um ano o grupo esteja
gerenciando a cooperativa de forma autônoma.”
“Com garrafas PET, por exemplo, podem ser feitas vassouras, camisetas, bijuterias. A
Novo de Novo reutiliza garrafas PET na produção de móveis, mas pretende ter novos
produtos no futuro, talvez até usando outros materiais como papelão ou alumínio”,
acrescenta Goya, que vislumbra no mercado das feiras especializadas em econegócios
um vasto campo para as idéias e os produtos da cooperativa. “Algumas pessoas têm
dificuldade de acreditar que o pufe é resistente e durável. Mas, a Fundação OndAzul já
fez os testes necessários, constatando que os pufes da PET são tão resistentes quanto os
pufes de madeira e podem ser mais duráveis”. Mais importante que reciclar o lixo é
reciclar o conceito que temos dele.

Ficha Técnica do Lixo

Recicláveis:
Papel reciclável
Caixa de papelão, jornal, revista, impressos em geral, fotocópias, rascunhos, envelopes,
papel timbrado, embalagens Longa-Vida, cartões, papel de fax, folhas de caderno,
formulários de computador, aparas de papel, copos descartáveis, papel vegetal, papel
toalha e guardanapo
Vidro reciclável
Garrafas de bebidas alcóolicas e não-alcóolicas, bem como seus cacos. Frascos em geral
(molhos, condimentos, remédios, perfumes e produtos de limpeza); ampolas de
remédios e potes de produtos alimentícios
Metal reciclável
Latas de alumínio (cerveja e refrigerante)
Sucatas de reforma, lata de folha de flandres (lata de óleo, salsicha e outros enlatados)
Tampinhas, arames, pregos e parafusos, objetos de cobre, alumínio, bronze, ferro,
chumbo ou zinco
Canos e tubos
Plástico reciclável
Embalagens de refrigerante, de materiais de limpeza e de alimentos diversos.
Copos plásticos, canos, tubos e sacos plásticos.
Embalagens Tetrapak (misturas de papel, plástico e metal)
Embalagens de biscoito

Não recicláveis:
Papel ainda não-reciclável
Papel sanitário, papel carbono, fotografias, fitas adesivas Stencil e tocos de cigarro
Vidro ainda não-reciclável
Espelhos, vidros de janela, boxes de banheiro, lâmpadas incandescentes e fluorescentes,
cristais, utensílios de vidro temperado e vidros de automóveis.
Tubos e válvulas de televisão
Cerâmica, porcelana, pirex e marinex
Metal ainda não-reciclável
Clipes e grampos
Esponjas de aço
Plástico ainda não-reciclável
Ebonite (cabos de panelas, tomadas)

Fonte: Universidade Federal de Viçosa - Viçosa (MG)


Artigo - O Lixo nosso de cada dia

O lixo brasileiro é considerado um dos mais ricos do mundo e sua reciclagem é fortemente sustentada pela
catação informal

O planeta atingiu este ano a marca de seis bilhões de pessoas. E esse enorme contingente humano terá que
procurar sobrevivência em um mundo em que a deterioração do meio ambiente é um fato presente e uma
realidade dolorosa. A degradação da condição humana é constatada, sobretudo, nas grandes cidades.
Estará o homem do terceiro milênio, da era da modernidade, preparado para o desafio de resolver os
desequilíbrios ambientais e assegurar uma qualidade mínima de vida? Estará ele capacitado para realizar
tarefas aparentemente simples como a de dar destinação adequada ao lixo produzido por todos os cantos do
mundo?
A administração do lixo já é hoje uma das grandes preocupações na organização urbana. As instituições e
entidades ambientalistas têm divulgado números astronômicos sobre o assunto. De acordo com os dados mais
freqüentemente utilizados, só nos Estados Unidos, cada pessoa gera dois quilos de lixo por dia, alcançando um
total anual de 190 trilhões de qui-los. No Brasil, cada pessoa gera, em média, um quilo de lixo por dia Por ano,
são produzidos 55 trilhões de quilos.
O lixo brasileiro é tido como um dos mais ricos do mundo. Mas, para Heliana Katia Campos, secretária-
executiva do Fórum Nacional Lixo e Cidadania, da Unicef não está sendo dada a devida importância às
questões relativas ao saneamento ambiental, em especial à coleta e destinação adequada dos resíduos. Ela
alerta para o fato de que o descarte aleatório dos resíduos em nascentes, córregos, margens de rios e
estradas, além de provocar problemas ambientais graves e poluir as águas, que muitas vezes são captadas
para consumo, atrai para estes locais um exército de desempregados e famintos, que sobrevivem à custa da
cata de resíduos para a sua alimentação e para comercialização. Katia ressalta ainda que o problema da
catação de lixo por seres humanos é "regra geral", de norte a sul do país, tanto em cidades de pequeno porte
como nas grandes capitais. "É uma situação constrangedora e inaceitável, fruto da miséria, do desemprego e
da busca desesperada pela sobrevivência".
O programa da Unicef preconiza a necessidade de uma intervenção social voltada ao resgate da cidadania dos
trabalhadores que vivem em condições de absoluta pobreza, "sobrevivendo das sobras e dos desperdícios dos
mais afortunados". Como alternativa à catação nos lixões, o Lixo e Cidadania procura incentivar a coleta
seletiva, com a participação das famílias dos catadores, propiciando a geração de postos de trabalho e renda
para as mesmas.
Reciclagem
A reciclagem no Brasil é fortemente sustentada pelos garimpeiros do lixo (catação informal). Os programas
criados pelo poder púbico, muitas vezes em parecia com os catadores, também têm se difundido. Entre os
principais méritos da reciclagem estão o de reduzir o volume de lixo de difícil degradação, o de contribuir para
a economia de recursos naturais, ode prolongar a vida útil dos aterros sanitários, o de diminuir a poluição do
solo, da água e do ar e o de evitar o desperdício, contribuindo para a preservação do meio ambiente. Trata-se
de um processo de transformação de materiais para reaproveitamento na indústria e na agricultura.
São basicamente dois os modelos de programas de reciclagem implantados em municípios brasileiros: coleta
seletiva de lixo e usinas de reciclagem. Há muitos exemplos de cidades em que a reciclagem já atingiu um
estágio avançado, com resultados importantes. Curitiba (PR), com o programa "Lixo que não é lixo",
implantado há 10 anos, representa com louvor essas experiências bem sucedidas. Mas, de acordo com o
levantamento da Unicef sobre a destinação final do lixo no Brasil, constata-se uma precária situação na maioria
dos municípios: 88% deles não possuem conselho de meio ambiente, tido como principal instrumento de
controle dos problemas ambientais. Apenas 34% das cidades têm um órgão ambiental especifico, em 25% são
outras instâncias que respondem pela área ambiental e em 41% não há qualquer órgão responsável pela
gestão ambiental.

Estatísticas de Reciclagem - Lixo


O lixo é uma fonte de riquezas.

 O lixo é uma fonte de riquezas. As indústrias de reciclagem produzem papéis,


folhas de alumínio, lâminas de borracha, fibras e energia elétrica, gerada com a
combustão.
 No Brasil, a cada ano são desperdiçados R$ 4,6 bilhões porque não se recicla
tudo o que poderia.
 O Brasil é considerado um grande "reciclador" de alumínio, mas ainda
reaproveita pouco os vidros, o plástico, as latas de ferro e os pneus que consome.
 A cidade de São Paulo produz mais de 12.000 toneladas de lixo por dia, com
este lixo, em uma semana dá para encher um estádio para 80.000 pessoas.
 Se toda água do planeta coubesse em um litro, a água doce corresponderia a uma
colher de chá.
 Somente 37% do papel de escritório é realmente reciclado, o resto é queimado.
Por outro lado, cerca de 60% do papel ondulado é reciclado no Brasil.
 Um litro de óleo combustível usado pode contaminar 1.000.000 de litros de
água.
 Menos de 50% de produção nacional de papel ondulado ou papelão é reciclado
atualmente, o que corresponde a cerca de 720 mil toneladas de papel ondulado.
O restante é jogado fora ou inutilizado.
 Pesquisas indicam que cada ser humano produz, em média, um pouco mais de 1
quilo de lixo por dia. Atualmente, a produção anual de lixo em todo o planeta é
de aproximadamente 400 milhões de toneladas.

Perfil do lixo produzido nas grandes cidades brasileiras:


1. 39%: papel e papelão
2. 16%: metais ferrosos
3. 15%: vidro
4. 8%: rejeito
5. 7%: plástico filme
6. 2%: embalagens longa vida
7. 1%: alumínio

Problemática do lixo no Brasil e no


mundo foi tema de palestra em São Paulo
O PROAONG - Programa Estadual de Apoio às ONG`s, da Secretaria do
Meio Ambiente, dentro da sua proposta de aprofundar os
conhecimentos ambientais dos membros das Organizações Não-
Governamentais, promoveu na quinta-feira, dia 30/10, em São Paulo,
uma pales

26 de Novembro de 2003. Publicado por Equipe EcoViagem  

O PROAONG - Programa Estadual de Apoio às ONG`s, da Secretaria do Meio


Ambiente, dentro da sua proposta de aprofundar os conhecimentos ambientais dos
membros das Organizações Não-Governamentais, promoveu na quinta-feira, dia 30/10,
em São Paulo, uma palestra com o jornalista Washington Novaes, que abordou a
problemática do lixo no Brasil e no mundo.

A experiência do jornalista nessa questão vem de quatro vertentes. Foi secretário do


Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal, época em que enfrentou uma
série de dificuldades para tentar implantar um sistema de coleta seletiva e reciclagem no
município.

Trabalha há 50 anos como jornalista e realizou uma série de documentários sobre o lixo,
para a TV Cultura, denominada “Ciclo do Lixo”, quando percorreu diversos países e
cidades do Brasil. Foi diretor do Instituto D. Fernando, em Goiânia, onde implantou,
entre outros projetos, uma cooperativa de coleta seletiva. Também foi o responsável
pela concepção do Plano Diretor de Limpeza Urbana na cidade de Goiânia.

Após viver todas essas experiências, o jornalista chegou à conclusão de que é muito
difícil mexer com o lixo, que constitui um dos temas mais polêmicos da área ambiental,
envolvendo muitos interesses financeiros e políticos, o que dificulta a implantação de
sistemas eficientes de coleta e reciclagem, pelo menos no Brasil.

Quanto ao lixo no mundo, os números são assustadores. Entre lixo domiciliar e


comercial são produzidas, por dia, 2 milhões de toneladas, o que equivale a 700 gr por
habitante de áreas urbanas. Só em Nova York, porém, são gerados 3 kg de lixo/dia por
pessoa, enquanto em São Paulo esse número chega a 1,5 kg/dia por pessoa.

O Brasil produz de 125 a 130 mil toneladas/dia de lixo, resultando em 45 milhões de


toneladas por ano.Analisando esses números, fica claro que o Brasil, que concentra 3%
da população mundial, é responsável por 6,5% da produção de lixo no mundo.

Fica evidente, conforme Novaes, que estamos vivendo numa sociedade consumista e
que gera muito lixo, sendo que apenas 11% desse lixo vai para aterros adequados. Vale
ressaltar que nesses números não estão incluídos o lixo industrial, hospitalar, rural e
tecnológico.

Para o jornalista, a situação nacional só não é pior porque temos uma “legião de heróis”
que são os catadores, que hoje já estão organizados reivindicando o reconhecimento da
profissão.

`Se não fossem eles já estaríamos numa situação dramática`, afirmou.

Europa

A Europa está muito à frente do Brasil e a legislação da União Européia é progressiva,


sendo que o não cumprimento significa advertências e punições.

Na Alemanha, a legislação responsabiliza os produtores de embalagem por todo o ciclo


do produto, a coleta seletiva é obrigatória em todo o país e o gerador de entulho paga
pelo recolhimento e reciclagem.

Na Suécia, a proposta é a eliminação da coleta domiciliar, com a instalação de postos


públicos para receber o lixo levado pelos cidadãos. Esse é o único país onde existe
reciclagem de veículos, cujos proprietários, já na compra, pagam uma taxa de
reciclagem.

O último usuário do veículo, ao decidir levá-lo para a reciclagem, recebe de volta a taxa
paga na compra, com o rendimento acumulado no período.
Já na Noruega, que tem um território muito pequeno e exporta o seu lixo para a Suécia,
o próprio rei faz a compostagem do material orgânico dentro da sua propriedade, que
fica aberta à visitação pública. Exemplos de criatividade e experiências bem-sucedidas
são inúmeros, porém, o drama da depredação ambiental é crescente.

Novaes ressaltou que `os padrões de produção e consumo no mundo, hoje, estão 20%
acima da capacidade de reposição da biosfera, isso porque existe mais de 1 bilhão de
pessoas passando fome”.

Se essas pessoas saírem da linha da miséria serão necessários mais dois ou três planetas
para atender às necessidade de extração dos recursos naturais, segundo alertou o
jornalista.

Fonte: Ass. Imprensa da Secr. do Meio Ambiente de SP

Para onde vai o lixo no Brasil?


Posted on Janeiro 29, 2010 by hayrton

Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil produz, em média, 90


milhões de toneladas de lixo por ano e cada brasileiro gera, aproximadamente, 500
gramas de lixo por dia, podendo chegar a mais de 1 kg, dependendo do local em que
mora e do poder aquisitivo. Algumas cidades brasileiras coletam o lixo produzido por
seus habitantes. Em outras, entretanto, quase metade dele é atirado nas ruas, terrenos
baldios, rios, lagos, lagoas e no mar.

Em relação à coleta seletiva, visa separar e classificar o lixo para que se possa
aproveitar tudo o que é reciclável. Geralmente, separa-se o material inorgânico (vidro,
papel, metais e plásticos) do orgânico, composto de restos de comida, frutas, verduras,
aparas de grama e esterco de animais, em recipientes de cores diferenciadas. Na
reciclagem, o lixo passa por um processo de transformação industrial ou artesanal, que
possibilita reaproveitar o material inorgânico. Deixa de ser lixo para servir de matéria
prima para outras coisas.

Por exemplo, latinhas de alumínio, quando recicladas, podem dar origem a outras
latinhas, e papéis rasgados ou riscados podem gerar novas folhas. Mas é preciso prestar
a atenção, pois nem todo lixo pode ser reciclado. Apenas papel, metal, plástico e vidro –
dependendo de seus tipos. Confira no quadro abaixo:

CLIQUE NOS QUADROS PARA UMA MELHOR VISUALIZAÇÃO

O lixo é coletado pelas prefeituras ou por uma companhia particular contratada e levado
a um depósito, juntamente com o lixo de outras residências da área. Lá pode haver certa
seleção – sobras de metal, por exemplo, são separadas e reaproveitadas. O resto do lixo
deveria ser levado para aterros apropriados. O local adequado para colocar o lixo de
uma cidade é o aterro sanitário. Trata-se de um amplo terreno com sistema de drenagem
e impermeabilizado para não vazar o chorume (líquido que contamina o ar, o solo e os
lençóis d’água subterrâneos). O material depositado deve ser coberto com terra para
evitar a poluição e a exposição aos animais.

Os aterros ajudam a acabar com os lixões ou espaços a céu aberto que não foram
preparados para receber o lixo. Infelizmente, no Brasil, 90% do lixo são jogados nos
lixões, o que contribui para a proliferação de doenças. Segundo dados da Síntese de
Indicadores Sociais – 2000 – do IBGE, 85% dos 34.870.828 domicílios brasileiros
localizados na área urbana foram beneficiados com a coleta realizada por empresa
pública ou privada (coleta direta), contra 8,8% cujo lixo foi depositado em caçamba,
tanque ou depósito para depois ser removido (coleta indireta). E em apenas 3,4% do
total, o lixo foi queimado ou enterrado na propriedade ou ainda jogado em terreno
baldio, rua, rio ou mar. Sinal de que o lixo está sendo destinado ao lugar certo, evitando
assim a proliferação de doenças e a poluição do solo e do ar. Veja as tabelas.
Além disso, antes de se projetar o aterro, são feitos estudos geológico e topográfico para
selecionar a área a ser destinada para sua instalação não comprometa o meio ambiente.
É feita, inicialmente, impermeabilização do solo através de combinação de argila e lona
plástica para evitar infiltração dos líquidos percolados, no solo. Os líquidos percolados
são captados (drenados) através de tubulações e escoados para lagoa de tratamento. Para
evitar o excesso de águas de chuva, são colocados tubos ao redor do aterro, que
permitem desvio dessas águas, do aterro.

A quantidade de lixo depositado é controlada na entrada do aterro através de balança. É


proibido o acesso de pessoas estranhas. Os gases liberados durante a decomposição são
captados e podem ser queimados com sistema de purificação de ar ou ainda utilizados
como fonte de energia (aterros energéticos). Segundo a Norma Técnica NBR 8419
(ABNT, 1984), o aterro sanitário não deve ser construído em áreas sujeitas à inundação.
Entre a superfície inferior do aterro e o mais alto nível do lençol freático deve haver
uma camada de espessura mínima de 1,5 m de solo insaturado. O nível do solo deve ser
medido durante a época de maior precipitação pluviométrica da região. O solo deve ser
de baixa permeabilidade (argiloso).

O  aterro deve ser localizado a uma distância mínima de 200 metros de qualquer curso d
´água. Deve ser de fácil acesso. A arborização deve ser adequada nas redondezas para
evitar erosões, espalhamento da poeira e retenção dos odores. Devem ser construídos
poços de monitoramento para avaliar se estão ocorrendo vazamentos e contaminação do
lençol freático: no mínimo quatro poços, sendo um a montante e três a jusante, no
sentido do fluxo da água do lençol freático. O efluente da lagoa deve ser monitorado
pelo menos quatro vezes ao ano.

Quanto aos aterros controlados, é uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos
no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e a sua segurança, minimizando os
impactos ambientais. Este método utiliza princípios de engenharia para confinar os
resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de cada
jornada de trabalho. Esta forma de disposição produz, em geral, poluição localizada,
pois similarmente ao aterro sanitário, a extensão da área de disposição é minimizada.
Porém, geralmente não dispõe de impermeabilização de base (comprometendo a
qualidade das águas subterrâneas), nem sistemas de tratamento de chorume ou de
dispersão dos gases gerados. Este método é preferível ao lixão, mas, devido aos
problemas ambientais que causa e aos seus custos de operação, a qualidade é inferior ao
aterro sanitário.

Na fase de operação, realiza-se uma impermeabilização do local, de modo a minimizar


riscos de poluição, e a proveniência dos resíduos é devidamente controlada. O biogás é
extraído e as águas lixiviantes são tratadas. A deposição faz-se por células que uma vez
preenchidas são devidamente seladas e tapadas. A cobertura dos resíduos faz-se
diariamente. Uma vez esgotado o tempo de vida útil do aterro, este é selado, efetuando-
se o recobrimento da massa de resíduos com uma camada de terras com 1,0 a 1,5 metro
de espessura. Posteriormente, a área pode ser utilizada para ocupações como zonas
verdes, campos de jogos, etc.

Os lixões são locais onde há uma inadequada disposição final de resíduos sólidos, que
se caracteriza pela simples descarga sobre o solo sem medidas de proteção ao meio
ambiente ou à saúde pública. É o mesmo que descarga de resíduos a céu aberto sem
levar em consideração: a área em que está sendo feita a descarga; – o escoamento de
líquidos formados, que percolados, podem contaminar as águas superficiais e
subterrâneas; a liberação de gases, principalmente o gás metano que é combustível; o
espalhamento de lixo, como papéis e plásticos, pela redondeza, por ação do vento; e a
possibilidade de criação de animais como porcos, galinhas, etc. nas proximidades ou no
local.

Os resíduos assim lançados acarretam problemas à saúde pública, como proliferação de


vetores de doenças (moscas, mosquitos, baratas, ratos etc.), geração de maus odores e,
principalmente, a poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas através do
chorume (líquido de cor preta, mau cheiroso e de elevado potencial poluidor produzido
pela decomposição da matéria orgânica contida no lixo), comprometendo os recursos
hídricos. Acrescenta-se a esta situação, o total descontrole quanto aos tipos de resíduos
recebidos nesses locais, verificando-se, até mesmo, a disposição de dejetos originados
dos serviços de saúde e das indústrias.

Comumente, os lixões são associados a fatos altamente indesejáveis, como a criação de


porcos e a existência de catadores (que, muitas vezes, residem no próprio local).
Embora apresente garantias razoáveis do ponto de vista sanitário, o aterro sanitário tem
algumas desvantagens: desperdício de matérias primas, pois os materiais são perdidos
definitivamente com que se produziram os objetos; e ocupação sucessiva de locais para
deposição, à medida que os mais antigos se vão esgotando. Numa perspectiva de médio
e longo prazo esse é um problema grave, pois normalmente apenas um número reduzido
de locais reúne todas as condições necessárias para ser escolhido.

Quanto à incineração, é um processo de decomposição térmica, onde há redução de


peso, do volume e das características de periculosidade dos resíduos, com a conseqüente
eliminação da matéria orgânica e características de patogenicidade (capacidade de
transmissão de doenças) através da combustão controlada. A redução de volume é
geralmente superior a 90% e em peso, superior a 75%.

Para a garantia do meio ambiente a combustão tem que ser continuamente controlada.
Com o volume atual dos resíduos industriais perigosos e o efeito nefasto quanto à sua
disposição incorreto com resultados danosos à saúde humana e ao meio ambiente, é
necessário todo cuidado no acondicionamento, na coleta, no transporte, no
armazenamento, tratamento e disposição desses materiais.

Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Tratamento, Recuperação e


Disposição de Resíduos Especiais no Brasil, são 2,9 milhões de toneladas de resíduos
industriais perigosos produzidos a cada 12 meses e apenas 600 mil são dispostas de
modo apropriado. Do resíduo industrial tratado, 16% vão para aterros, 1% é incinerado
e os 5% restantes são co-processados, ou seja, transformam-se, por meio de queima, em
parte da matéria prima utilizada na fabricação de cimento.

Normas relacionadas ao tema:

NBR 13896 – de 06/1997 – Aterros de resíduos não perigosos – Critérios para projeto,
implantação e operação

NBR 10004 – de 05/2004 – Resíduos sólidos – Classificação

NBR 10005 – de 05/2004 – Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de


resíduos sólidos

NBR 8418 – de 12/1983 – Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais


perigosos

NBR 8419 – de 04/1992 – Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos


sólidos urbanos

NBR 8849 – de 04/1985 – Apresentação de projetos de aterros controlados de resíduos


sólidos urbanos

NBR 10006 – de 05/2004 – Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de


resíduos sólidos

NBR 10007 – de 05/2004 – Amostragem de resíduos sólidos

NBR 12235 – de 04/1992 – Armazenamento de resíduos sólidos perigosos


NBR 11174 – de 07/1990 – Armazenamento de resíduos classes II – Não inertes e III –
inertes

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