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BREVES NOTAS SOBRE

PUBLICAÇÕES CIENTIFICAS E APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS E


RELATÓRIOS

1- COMO ESCREVER UM RELATÓRIO (OU ARTIGO)

É essencial a ideia de que o estilo de um relatório conta bastante como parâmetro de


primeira apreciação, considerando como estilo o aspecto gráfico e formatação, assim como a
i1ustraç~o. Não há logicamente um estilo único. Cada pessoa deverá desenvolver o seu estio
pessoal e adaptado a situação concreta.

Contudo os parâmetros básicos na avaliação de um relatório serão o conteúdo e a sua


estruturação.

Em qualquer tipo de trabalho, quer seja no âmbito de uma disciplina da licenciatura, quer
seja na preparação de teses de mestrado ou de doutoramento (ou seja nas situações em que ha
orientação de um professor ou orientador) o trabalho de campo, e de laboratório se for caso
disso, são acompanhados e orientados, o mesmo acontecendo quanto a estruturação e conteúdo
geral do trabalho. Mas ii redacção final deverá ser inteiramente da responsabilidade do estudante.

Em qualquer trabalho deve haver a preocupação de fazer uma prévia recolha e leitura da
bibliografia existente sobre o assunto ou área em estudo, mesmo as pub1icac~es mais antigas.
Isto permitirá não só melhorar e enquadrar os conhecimentos sobre o referido assunto, mas
também servir de exemplo e modelo a elaboração do próprio relatório. Sem dúvida a leitura de
trabalhos sobre tópicos semelhantes ajuda na estruturação e escrita do trabalho.

Qualquer relatório ou trabalho cientifico deve ser estruturado de modo a abranger, em


termos gerais, os seguintes pontos fundamentais:

- 0 conhecimento prévio sobre o assunto abordado no traba1ho~

- 0 estado actual do conhecimento


- Os dados e respectivas interpretações conseguidos no desenvolvimento do trabalho

- conclusões permitidas pelos dados e interpretações. e as suas re1acões com outra


informação disponível.
Concretamente, tratando-se de um relatório sobre um assunto de geologia regional
deverão incluir-se os seguintes tópicos:

- SUMARIO. Descrição dos pontos e Tópicos do trabalho e respectiva paginação.

-RESUMO: Aspectos principais desenvolvidos no trabalho e respectivas


conclusões.

- INTRODUcA0: Apresentação da finalidade do trabalho e descrição das principais


conclusões; 1ocaIizaç~o geográfica e geológica da área em estudo; referência breve aos
trabalhos antecedentes sobre a região e agradecimentos da ajuda ou informações recebidas

-METODOS DE TRAEALHO: Descrição pormenorizada de novos métodos de


descrição ou análise; datas do trabalho de campo e de outros estudos analíticos, se for caso
disso; referência ao tipo de laboratórios utilizado, nomeadamente os de petrologia e de
micropaleontologia.

ENQUADRAMENTO REGIONAL: Relações geológicas e cronológicas conhecidas


-

regionalmente e que são necessárias para o entendimento da estruturação da área; exemplos


típicos de estruturas regionais; sequências estratigráficas regionais, corpos ígneos próximos e
regionalmente relacionados e padrão de distribuição regional do metamorfismo.

- APRESENTAcA0 DOS DADOS E RESULTADOS: Aqui deverão ser utilizados


critérios de apresentação adaptados a cada caso concreto, consoante se trate, por exemplo, de
dados quantitativos (neste caso será importante a apresentação de tabelas) ou se trate de dados ou
factos descritivos (neste caso deve haver um critério sistemático de descrição). Seguem-se
alguns exemplos de dados ou factos frequentes em relatórios ou artigos sobre

Geologia:

a) Unidades litológicas: Este é um dos tópicos centrais, pois nele vão ser descritas
todas as unidades litológicas da área; as já existentes e as agora definidas.
Este ponto pode ser introduzido por urna descrição da sequência mitológica e das
suas inter-re1aç~es, seguida depois por uma descrição pormenorizada e sistemática de
todas as unidades litológicas, incluindo: os principais tipos de rocha; espessuras e formas
das unidades; a sua distribuição geográfica; explicação do nome da unidade, variações
laterais
das unidades; presença de fósseis e determinações isotópicas; idade geológica provável
ou segura da unidade; descrição dos contactos da unidade e a interpretação da sua
origem.
b) Estrutura: Descrição de dobras; falhas, diaclases, zonas brechificadas, relações
intrusivas. A apresentação destas estruturas beneficia se for convenientemente ilustrada,
nomeadamente recorrendo a mapas, perfis, e diagramas, nomeadamente diagramas de
contorno e diagramas de roseta.
c) composição química: Tratando-se de dados quantitativos estes devem ser
apresentados em tabelas e acompanhados pela descrição dos métodos de análise
utilizados, bem assim como pela descrição das rochas ou minerais analisados.

- DISCUSSAO E Interpretação DOS RESULTADOS: Em qualquer relatório ou


artigo é necessário que as observações factuais e os dados laboratoriais sejam
apresentados• de modo bem individualizado em relação as interpretações e hipóteses
elaboradas com base nesses factos. Se este aspecto for tido em conta os dados poderão ser
futuramente utilizados por outros autores em data posterior, mesmo se a sua interpretação
estiver errada. 0 trabalho beneficiará com a apresentação de esboços e esquemas
interpretativos. Por exemplo apresentação do esquema cronológico da evolução geológica de um
dado sector História geológica.
-

- CONCLUSOES
- BLBLIOGRAIFLA: As referências bibliográficas obedecem a normas internacionais,
sobretudo no que respeita a publicações. Normalmente só os trabalhos citados no texto do
trabalho são listados nas referências bibliográficas, mas esses devem sê-lo em absoluto.

A citação no texto deve ser feita de um dos seguintes modos:


(1) de acordo com Knarf (1976) a camada com dentes de dinossauro tem 2 metros
...

de espessura..
(2) a camada com dentes de dinossauro tem 2 metros de espessura (Knarf,
1976)
Quando existem mais que dois autores a citação no texto deve ser feita do seguinte
modo:
nem sempre esta camada apresenta a mesma espessura, e por vezes é mesmo
inexistente (Knarfet a!, 1978).
A listagem embora possa também ser feita segundo diferentes normas, faz-se
normalmente por ordem alfabética do 10 autor de todos os artigos e livros que foram
citados (e nalguns casos também daqueles que serviram de. suporte ao relatório, embora
sem serem citados). Não existe um critério único de indicar correctamente a bibliografia,
mu o que 6 imprescindível 6 que em cada caso haja um critério uniforme. A regra básica
a respeitar 6 a necessidade de incluir na listagem a informação suficiente para que
qualquer leitor possa encontrar o livro ou revista que contem o trabalho citado.

Nas referências de trabalhos de vários autores, embora na citação seja feita pelo
nome do primeiro autor seguido de et a!, na referenda tem que indicar-se os nomes
(último apelido e não nomes próprios, seguido das restantes iniciais do nome) de todos os
autores. Devem indicar-se ainda a data de publicação, o titulo do trabalho, o nome da
revista ou publicação ou o nome do editor, o n0 da publicação e as páginas.

Exemplos:

a) Publicação periódica

Barbey, P. & Cuney, M. (1982). K, Rb, Sr, Ba and Tb geochemistry of the Lapland
,

granulites (Fennoscandia). LILE fractionation controlling factors. Contrib. Mineral. Petrol.,


81:304-3 16.
b) Livro
Arribas, A. & Gumiel, P. 1984. First occurrence of a stratabound Sb-W-Hg deposit in
Spanish Hercynian rnassif In: Wauschkuhn et a!. (Editors), Syngenesis and Epigenesis in the
Formation of Mineral Deposits. Springer, Berlin, pp 468-48 1.

c) Trabalho não publicado

Bourguignon, A., 1988. Origine des formations paradérivées et oi-thodérivées acides du


Lirnousin central. Une source possible pour les leucogranites uraniféres. Thesis, Univ.
Lyon, 2OSpp. (Unpubl.)

2- PUBLICAçOE5 EM JORNAIS Científicos E LIVROS C~NTIIICOS

Nas revistas ou periódicos científicos o editor responsável pela publicação faz a


triagem dos artigos, depois de pedir a opinião (o “referee”) de outros cientistas que
trabalhem sobre a área ou assunto em questão.

Face aos referidos “referees” o editor decide:


aceitar o artigo para publicação;
-

aconselhar a sua revisão;


-

- recusar a publicação.

Normalniente verifica-se um intervalo de um ou dois anos entre o tempo de escrita e o


tempo de publicação.

A publicação de livros corresponde normalmente a sumarização e condensação de


artigos publicados em revistas cientificas, acerca de um assunto ou terna, sobre 0 qual se
tenham verificado avanços científicos importantes, muitas vezes acompanhados por
discussões ou mesmo polémicas científicas. Estas publicações em livros funcionam corno
destiladores da informação sobre um determinando assunto permitindo um conhecimento
de fundo a comunidade cientifica e um melhor endendimento pelos alunos. Contudo, 0
tempo de preparação de um livro 6 muito superior a que se verifica nas publicações
periódicas, atingindo muitas vezes 10 anos. Este facto coloca estas publicacões em
desvantagem relativamente ao conhecimento dos cientistas que os escrevem.
Na situação dos alunos será sempre importante o conhecimento da literatura básica e da
literatura primária sobre um determinado assunto, porque só depois disso poderá entender
a sua evolução.

3- BLBLIOGRAFL4

Compton, R.R. (1985). Geology in the Field. John Wiley & Sons. New Yor. 398pp. Cap.
16 Preparing Illustrations and Writing Reports
-

Moseley, F. (1981). Methods in Field Geology. W. H. Freeman and Company.


Oxford. 2O8pp.
Cap 10- Preparation of a degree thesis

Fritz, W.J. .& Moore, J. N. (1988?). Physical Stratigraphy and Sedimentology. John Wiley
& Sons. New York. 22lpp.
Cap. 1 Library Research and Report Writing
-

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