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CDD-700.7
Créditos
MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA
Organização: Instituto Arte na Escola
Coordenação: Mirian Celeste Martins
Gisa Picosque
Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação
MAPA RIZOMÁTICO
Copyright: Instituto Arte na Escola
Concepção: Mirian Celeste Martins
Gisa Picosque
Concepção gráfica: Bia Fioretti
Ficha técnica
Gênero: Documentário com narração e comentários sobre as
obras do artista.
Palavras-chave: Arte afro-brasileira; sincretismo cultural e re-
ligioso; heranças culturais; temática religiosa; forma; geometria.
Foco: Saberes Estéticos e Culturais.
Tema: Vida e obra de Rubem Valentim, um artista afro-brasileiro.
Artistas abordados: Rubem Valentim, Alfredo Volpi, Tarsila do
Amaral, Kandinsky, Malevitch, Cézanne e Paul Klee.
Indicação: A partir da 5ª série do Ensino Fundamental e Ensi-
no Médio.
Direção: Cacá Vicalvi.
Realização/Produção: Rede SescSenac de Televisão, São Paulo.
Ano de produção: 2001.
Duração: 23’.
Coleção/Série: O mundo da arte.
Sinopse
A produção de Valentim na sua trajetória artística e a influência
do candomblé, associado ao sincretismo religioso brasileiro são
assuntos que constituem este documentário, produzido a partir
da exposição Rubem Valentim: artista da luz na Pinacoteca do
Estado de São Paulo, em 2001. O documentário apresenta a
análise do crítico de arte, Olívio Tavares de Araújo, sobre a obra
desse importante artista brasileiro que criou imagens únicas,
reveladoras das heranças culturais, fruto de um país marcado
pela pluralidade que se desvela na arte afro-brasileira. O
documentário se divide em três blocos que mostram um artista
imerso em uma arte simbólica e repleta de espiritualidade.
Trama inventiva
Há saberes em arte que são como estrelas para aclarar o cami-
nho de um território que se quer conhecer. Na cartografia, para
pensar-sentir sobre uma obra ou artista, as ferramentas são
como lentes: lente microscópica, para chegar pertinho da
visualidade, dos signos e códigos da linguagem da arte, ou len-
te telescópica para o olhar ampliado sobre a experiência esté-
tica e estésica das práticas culturais, ou, ainda, lente com zoom
que vai se abrindo na história da arte, passando pela estética
e filosofia em associações com outros campos de saberes. Por
assim dizer, neste documentário, tudo parece se deixar ver pela
luz intermitente de um vaga-lume a brilhar no território dos
Saberes Estéticos e Culturais.
O passeio da câmera
A criação de Rubem Valentim dá corpo visível ao imaterial, ma-
nifesta o espírito religioso na forma da arte, construindo a pai-
xão pelo sagrado com formas e cores. O documentário apresen-
ta a obra desse artista, com depoimentos e narrações, amplian-
do a visão do leitor sobre a sua produção. Mostra seu trabalho
com as cores, sem transparências e sobreposições, recursos da
pintura não apropriados pelo artista. Valentim utiliza a cor chapada
e pura ou vai à procura da luz, o branco sobre o branco, a cor ao
lado da cor, sem matizes cromáticos. Com estilo construtivista,
combina formas de modo sensível e criativo em uma concepção
que procura a beleza dos emblemas religiosos.
A obra de Valentim é marcada pela brasilidade intrínseca com
características afro-brasileiras. O crítico de arte Olívio Tavares
de Araújo traça um paralelo entre os símbolos religiosos da
cultura ioruba e o traço representativo do imaginário que rege
o pensamento racional da composição construtivista com a in-
tuição criadora desse artista. Estabelece, também, relações
entre sua obra e as pinturas de Tarsila do Amaral e Alfredo Volpi.
A partir deste documentário, podemos considerar muitas
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material educativo para o professor-propositor
RUBEM VALENTIM – GEOMETRIA SAGRADA
Os olhos da arte
... há algo de muito específico na geometria de Valentim, que nasce
das fontes em que bebe e o distingue de todos os demais artistas
geométricos: a religiosidade.
Olívio Tavares de Araújo4
meios artes
tradicionais visuais ritmo, equilíbrio, simetria, harmonia,
qual FOCO? música
composição, formas bidimensionais
e tridimensionais, economia de formas
dança
qual CONTEÚDO? relações entre elementos
da visualidade
o que PESQUISAR?
temáticas temática religiosa, não-figurativa
Linguagens
Artísticas elementos da forma, cor chapada, luz,
visualidade espaços cheios e vazios
bens patrimoniais
materiais e imateriais,
patrimônios ambientais,
monumentos, edificações,
sítios arqueológicos,
conjuntos arquitetônicos Forma - Conteúdo
Patrimônio
Cultural
bens simbólicos
Saberes
Estéticos e
preservação e memória Culturais
heranças culturais,
conservação, documentação,
práticas culturais sincretismo cultural e religioso, ritual
catalogação, restauro,
tombamento, IPHAN,
memória coletiva, história da arte arte afro-brasileira,
construtivismo, arte abstrata
imaginário popular, Conexões
estética do cotidiano
Transdisciplinares sistema simbólico signos da cultura afro-brasileira,
Processo de ícones, emblemas, logotipos, totens
Criação
Zarpa
ando ação criadora poética pessoal, pensamento visual
geometria, história,
antropologia, geografia, ambiência do trabalho viagens de estudo, ateliê
filosofia, mitologia,
candomblé
de cada aluno. Quais foram as suas escolhas, materiais,
cores, formas, linhas, texturas e temas? As produções se
centraram nas questões de formação cultural individual ou
partiram para elaborações mais externas entre arte e soci-
edade? O segundo bloco do documentário pode auxiliar a
olhar para essas questões.
No percurso do documentário o crítico de arte Olívio
Tavares de Araújo faz um paralelo entre a obra de Rubem
Valentim e as pinturas de Tarsila do Amaral e Alfredo Volpi,
que também trazem cores e temas do nosso país. Embo-
ra tenham criado em momentos e contextos diferentes
da história da arte no Brasil, é possível traçar o caminho
de percepção estética, obras marcadas pela brasilidade
intrínseca. Trazer para a sala de aula imagens desses três
artistas e propor uma discussão sobre aspectos
temáticos, compositivos e conceitos históricos/sociais/
culturais pode ampliar o olhar sobre os Saberes Estéti-
cos e Culturais. O terceiro bloco do documentário pode
ajudar nessa investigação.
Essas são algumas proposições pedagógicas para iniciar os
projetos, mas outras idéias podem surgir. O interessante é pro-
vocar uma leitura aprofundada e significativa, despertando o
olhar dos alunos e também o seu para novas inquietações e
problematizações.
Ampliando o olhar
Quais os signos africanos presentes em obras artísticas? O
encontro com as obras plásticas de Mestre Didi, Emanuel
Araújo, Ronaldo Rego podem ser somadas a elementos tam-
bém presentes na dança, na música e na moda, como ampli-
ação do olhar sobre a arte afro-brasileira, a formação étnica,
cultural e estética de nosso país. A parceria com professores
de história e literatura pode ampliar possibilidades.
Há diferenças entre aquilo que é considerado arte afro-bra-
sileira e a produção de artistas que utilizam elementos da
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cultura do negro/mestiça em suas obras como, por exem-
plo, Di Cavalcanti que soube expressar a beleza mulata em
suas telas? O que se pode ler nessas obras? Como as ques-
tões culturais e sociais aparecem? É possível ampliar o olhar
de seus alunos trazendo, por exemplo, as obras de arte con-
temporânea de Rosana Paulino? Quais outros artistas po-
dem ser pesquisados pelos alunos?
Na estética do cotidiano, estão presentes imagens e objetos
que expressam o sentimento religioso. Os alunos podem
montar uma pequena mostra com os objetos recolhidos em
suas casas. Quais leituras fazem das peças e imagens? Qual
a história desses objetos? Como poderiam montar uma ex-
posição com eles? A pesquisa sobre desenho museográfico7
poderia ser realizada, como suporte da montagem.
Assim como Rubem Valentim traduziu as formas ícones da
religiosidade em formas geométricas, os alunos podem es-
colher formas ícones do universo jovem e traduzi-las em for-
mas abstratas, pesquisando as escolhas cromáticas presen-
tes nesse universo (por exemplo, os góticos, o hip-hop, etc.),
percebendo as qualidades da cor: tom, saturação (pureza
da cor) e brilho (luminosidade).
Investigar em museus, galerias e espaços culturais cujo acervo
permanente ou exposições temporárias apresentem obras de
arte afro-brasileira. Essas informações podem ser obtidas ob-
servando as referências das imagens reproduzidas em livros,
catálogos de museus ou internet. Junto a seus alunos, você
poderá descobrir uma maneira de apreciar obras originais de
Rubem Valentim. Em São Paulo, na Pinacoteca do Estado,
ou na Bahia, no Museu de Arte Moderna da Bahia, no Solar
do Unhão, por exemplo, há salas especiais dedicadas a
Valentim, mas há outros museus e espaços culturais em todo
Brasil onde podemos visitar e encontrar suas pinturas, pai-
néis e esculturas, vale a pena pesquisar!
Ameríndios, africanos e europeus não podem ser conside-
rados povos de apenas três etnias, pois há muitas outras
14 nações e etnias em cada uma dessas culturas. Convoque
material educativo para o professor-propositor
RUBEM VALENTIM – GEOMETRIA SAGRADA
Valorizando a processualidade
Houve avanços? O que os alunos puderam de fato conhecer
e estudar?
A apresentação e discussão a partir do portfólio podem desen-
cadear boas reflexões e uma avaliação, somando todas as que
foram feitas ao longo do projeto. A problematização de todo o
processo vivido, buscando cercar o que aprenderam, o que foi
mais interessante, o que levam para a vida, o que faltou, etc,
pode permitir uma visão mais ampla e crítica. No documentário,
a fala do crítico de arte, e não do próprio artista, está presente.
Assim, no momento da avaliação, os alunos podem se colocar
à distância para uma crítica mais apurada, sistematizando o que
foi aprendido e estudado.
A análise deste momento também permite a reflexão sobre suas
proposições pedagógicas. Para isso, utilize também o seu diário
de bordo. O que você percebe que aprendeu com este projeto?
Quais novos achados para sua ação pedagógica foram desco-
bertos nessa experiência? O projeto germinou novas idéias em
você? Você gostaria de trabalhar com um outro documentário?
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Glossário
Assemblage – “consiste na aproximação de elementos descontínuos, proveni-
entes de diversas origens e não de uma única peça como um mesmo bloco de
mármore, e que, portanto, têm distintas naturezas: um pedaço de madeira é liga-
do a um pedaço de ferro ou um fragmento de pedra; e um pedaço de cano, objeto
previamente manufaturado, pode entrar em composição com algum elemento
que ainda é uma matéria prima, como a argila; e papel usado, terra, plástico e
sangue do artista podem ser acrescentados, se for o caso”. Fonte: COELHO,
Teixeira. A arte de ocupar o mundo. Fonte: <www.mac.usp.br/exposicoes/01/
formas/teixeira.html>. Acesso em: 5 abr. 2005.
Arte afro-brasileira – produção artística realizada no contexto da estética que
se forma no encontro entre as culturas brasileira e africana. O termo arte afro-
brasileia aparece no século 20 e reconhece toda manifestação artística que
expresse a religiosidade, signos, emblemas do universo sociocultural do negro,
expressos nas linguagens visuais, musicais ou cênicas. Hoje, há uma preocupa-
ção em não associar essa produção a uma simples manifestação popular. Tal
produção artística apresenta proposta estética que se desencadeia desde o pós-
modernismo até os conceitos atuais de arte contemporânea. Fonte: AGUILAR,
Nelson (org.). Arte afro-brasileira. Mostra do Redescobrimento. São Paulo:
Fundação Bienal: Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, 2000, p. 112-3.
Arte concreta – movimento artístico que teve adeptos no Brasil e no mundo.
Tem como proposta a exploração dos elementos visuais (puramente plásticos)
em composições abstratas e com elementos geométricos. No Brasil, essa arte
se manifestou também na poesia. Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes
Visuais <www.itaucultural.org.br>. Acesso em: 10 jul. 2005.
Candomblé – culto de origem africana com belíssimo efeito coreográfico,
seus cânticos são utilizados para chamar os “espíritos” subordinados aos
orixás. Os cantos geralmente são entoados em dialetos nagô e iorubá. Este
culto religioso tem seu início no Brasil com a vinda dos negros escravos,
que tinham a necessidade de realizar os rituais tradicionais da sua terra
natal. Para não sofrerem represaria, os negros diziam dançar e louvar os
santos católicos, dessa prática surgiu o sincretismo religioso. Por toda
América, há manifestações da religião do candomblé, mantendo muitas
de suas características ancestrais. Para saudar cada orixá há cantos, ba-
tidas de atabaque, roupas, danças e oferendas especificadas de cada di-
vindade. Fonte: <www.orixas.com.br> Acesso em: 16 jul. 2005.
Construtivismo – a pintura e a escultura são pensadas como construções - e
não como representações -, guardando proximidade com a arquitetura em ter-
mos de materiais, procedimentos e objetivos. O termo liga-se diretamente ao
movimento de vanguarda russa e a um artigo do crítico N. Punin, de 1913, so-
bre os relevos tridimensionais de Vladimir Tatlin. Conexões são visíveis entre
outros grupos no primeiro decênio do século 20, entre eles os reunidos em tor-
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material educativo para o professor-propositor
RUBEM VALENTIM – GEOMETRIA SAGRADA
Bibliografia
AGUILAR, Nelson (org.). Arte afro-brasileira. Mostra do Redescobrimento.
São Paulo: Fundação Bienal: Associação Brasil 500 Anos Artes Visu-
ais, 2000.
___. Negro de corpo e alma. Mostra do Redescobrimento. São Paulo:
Fundação Bienal: Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, 2000.
DEMPSEY, Amy. Estilos artísticos e movimentos. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log
On Informática, 1999. 1 CD-ROM sonoro.
FONTELES, Bené; BARJA, Wagner (org.). Rubem Valentim: artista da luz.
São Paulo: Pinacoteca do Estado, 2001. Catálogo.
Seleção de endereços sobre arte na rede internet
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Os sites abaixo foram acessados em 25 fev. 2005.
ANDRADE, Farnese de. Disponível em: <www.revistamuseu.com.br/
galeria.asp>.
ARTE AFRO-BRASILEIRA. Disponível em: <www.pitoresco.com.br/espe-
lho/valeapena/afro_brasil/afro_brasil.htm>.
___. Disponível em: <www.ceao.ufba.br/mafro/apresentacao.htm>.
(Museu Afro-Brasileiro de Salvador/BA).
___. Disponível em:<www.prefeitura.sp.gov.br/portal/a_cidade/noticias/
index.php?p=2058>. (Museu Afro-Brasil, em São Paulo/SP).
ARTE SACRA, Museus. Disponível em: <www.mas.ufba.br/> (em Salvador/BA).
___. Disponível em: < http://artesacra.sarasa.com.br/>. (em São Paulo/SP).
___. MALEVITCH, Kazimir. Disponível em: </www1.uol.com.br/bienal/
24bienal/nuh/enuhmonmale01.htm>.
ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Artes Visuais . Disponível em: <www.
itaucultural.org.br>.
KANDINSKY, Wassily. Disponível em: <www.mac.usp.br/projetos/percur-
sos/abstracao/kandinsk.html>.
MESTRE DIDI. Disponível em: <www.mestredidi.org/>.
VALENTIM, Rubem. Disponível em: <http://mac.mac.usp.br/projetos/
seculoxx/lista.html>.
___. Disponível em: <www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/
artecult/artespla/artistas/rubemv/>.
___. Disponível em: <www.ocaixote.com.br/galeria1/GrubemValentm.html>.
Notas
1
Bené FONTELES; Wagner BARJA (org.). Rubem Valentim: artista da
luz., p. 70.
2
Bené FONTELES; Wagner BARJA (org.). Manifesto ainda que tardio. In: Op. cit.
acima, p. 28.
3
Op. cit. acima, p. 29.
4
ARAÚJO, Olívio Tavares de. Penetrar no amor e na magia. In: ALTARES
emblemáticos de Rubem Valentim. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1993.
5
MUNANGA, Kabengele. Arte afro-brasileira: o que é, afinal. In: AGUILAR, Nel-
son (org.). Arte afro-brasileira. Mostra do Redecobrimento. p. 98-110.
6
Bené FONTELES; Wagner BARJA (org.). Manifesto ainda que tardio.
In: ___. Rubem Valentim: artista da luz, p. 27 e 31.
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Há outros DVDs que tratam sobre espaço expositivo na DVDteca Arte
na Escola. Será interessante buscá-los.
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