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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ


CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL
DISCIPLINA: T. O. APLICADA AO ADULTO E VELHICE II
PROFESSORAS: DANIELLA COUTINHO E MICHELLE SINIMBÚ

ADRIANE LEITE

RELAÇÃO DA SAÚDE MENTAL COM O PROCESSO DE


HOSPITALIZAÇÃO.

BELÉM-PA
2009
ADRIANE LEITE

RELAÇÃO DA SAÚDE MENTAL COM O PROCESSO DE


HOSPITALIZAÇÃO.

Trabalho referente à disciplina T. O.


Aplic. ao Adulto e Velhice II, ministrada
pelas professoras Daniella Coutinho e
Michelle Sinimbú, como critério de
avaliação.

BELÉM-PA
1- INTRODUÇÃO:

O adoecimento é uma forma de perturbação da homeostase.


Considera-se que o adoecimento é uma forma de adaptação, de resposta do
indivíduo frente às situações de conflito, sejam estas internas ou externas.
O processo de adoecimento é permeado de particularidades histórico-
culturais, que influenciam diretamente a relação que o indivíduo estabelecerá
com a doença.
Cada sujeito traz em si uma subjetividade única, composta de
aspectos inerentes à sua realidade .
São muitas as alterações de ordem psíquica que podem estar
associadas ao processo de adoecimento, estas alterações devem
consideradas visando o conceito que cada indivíduo tem de si e de seu
adoecer.
A hospitalização é um processo que também pode trazer uma série de
perdas e través dela podem ser experenciadas situações diversas, que
colocarão o sujeito em conflito com sua realidade. Esses conflitos podem ser
manifestados das mais variadas formas, porém devem ser entendidos em suas
particularidades.
O terapeuta ocupacional é o profissional que, no ambiente hospitalar,
deve compor a equipe multidisciplinar e através de sua abordagem promover
ao máximo o bem-estar do paciente, considerando suas reais demandas. Este
profissional pode utilizar-se de uma gama de atividades e recursos que devem
estar embasados em um plano de tratamento, realçando o indivíduo em sua
globalidade e buscando o máximo possível de integração com a família e
equipe multidisciplinar.

2- ASPECTOS SUBJETIVOS DO SUJEITO:

Cada indivíduo como parte integrante de uma realidade sócio-cultural,


possui aspectos subjetivos que precisam ser analisados e discutidos cada vez
que se busca uma análise de uma determinada realidade inerente ao mesmo.
Subjetividade, segundo Houiass, é realidade psíquica, emocional e
cognitiva do ser humano, passível de manifestar-se simultaneamente nos
âmbitos individual e coletivo, e comprometida com a apropriação intelectual dos
objetos externos; O campo conceitual de subjetivação surge no trabalho de
Foucault e é retomado por Deleuze e Guatarri. A subjetividade é engendrada,
produzida, pelas redes e campos de força social .
Por subjetividade entendemos um conjunto de condições que torna
possível que instâncias individuantes e/ou coletivas estejam em posição de
emergir como território existencial auto-referencial em adjacência ou em
relação com uma alteridade ela mesma subjetiva''. (GUATTARI, 2002).
Guatarri coloca, mesmo que provisoriamente, que a definição da
própria subjetividade é o conjunto das condições que torna possível que
instâncias individuais e/ou coletivas estejam em posição de emergir como
território existencial auto-referencial, em adjacência ou em relação de
delimitação comum a alteridade, ela mesma subjetiva.
O conceito de subjetividade é híbrido por excelência. Não descreve
uma essência ou uma natureza, mas diz respeito a um processo de produção
de si que se realiza com componentes heterogêneos, matérias distintas ou
vetores de existencialização diversos (REY, 2003).
É importante que o sujeito possua o contato e a relação com seus
elementos de natureza subjetiva, para que possa utilizar-se deles como meio
de ressignificação de suas ações.
O que é produzido pela subjetividade, o que nos chega por meio da
mídia, da família, enfim, de todos os equipamentos que estão em nossa volta,
não são apenas idéias, transmissões de significados mediante enunciados
significantes; nem são modelos de identidade e identificações com pólos
maternos, paternos, etc. São, mais essencialmente, sistemas de conexão
direta entre, de um lado, as grandes máquinas produtoras de controle social e,
de outro, as instâncias psíquicas, as formas de perceber o mundo (GUATARRI,
2002).
Considerar que cada indivíduo é único em suas ações é entender que
as particularidades e as minúcias de cada um devem ser entendidas como
possibilidade de crescimento e construção de uma realidade que possibilite ‘ser
e ‘estar’ de forma mais saudável e comprometida com suas possibilidades e
limitações.
Atualmente fala-se muito da necessidade de respeitar ou de levar em
conta a subjetividade, no caso, uma vez que estamos no âmbito da saúde, a
subjetividade do paciente ou usuário do sistema de saúde.
A Política Nacional de Humanização – PNH – do Sistema Único de Saúde –
SUS –, que mesmo não sendo uma proposta que diga respeito
especificamente à saúde mental, mas à construção de novos modelos de
gestão e atenção na saúde em geral, parece referir-se à questão da
subjetividade. Parece referir-se, uma vez que quando se fala em PNH ou
simplesmente em humanização ou processo de humanização do atendimento,
vem junto, subentendida, certa noção de humano, de sujeito e de subjetividade,
mas tais noções não aparecem de modo explícito. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2009)
Nesse sentido, poder-se-ia pensar até mesmo que nosso sistema de
saúde, o SUS, foi estruturado visando respeitar a subjetividade de seus
usuários no momento em que tem como base os princípios da integralidade,
eqüidade e universalidade, de modo que seus usuários devem ser atendidos
em sua integralidade, isto é, nas suas diferentes e complexas necessidades,
recebendo, assim, em extensão o cuidado de que precisam, mas de modo que
todos tenham igual acesso aos serviços de saúde.
Considerar que cada indivíduo é único em suas ações é entender que
as particularidades e as minúcias de cada um devem ser entendidas como
possibilidade de crescimento e construção de uma realidade que possibilite ‘ser
e ‘estar’ de forma mais saudável e comprometida com suas possibilidades e
limitações.
Sabe-se que diferentes conceitos em relação a subjetividade e ao
sujeito partem de diferentes campos epistemológicos, atribuindo diferentes
funções, e trazem, com isso, diferentes efeitos na prática em saúde .
Descartes propõe uma concepção do sujeito como agente absoluto,
ponto de partida da totalidade de seus atos e plenamente coincidente consigo
mesmo.
No sentido que aqui interessa, Descartes propõe que nossa existência
é dada no registro da consciência, no registro do pensamento, da reflexão, de
modo que há uma coincidência entre eu, sujeito, consciência e pensamento.
Lacan afirma que “o inconsciente é o discurso do outro” (1998, p. 266),
bem como que “o inconsciente é a parte do discurso concreto, como
transindividual, que falta à disposição do sujeito para restabelecer a
continuidade de seu discurso consciente” .
Os processos de subjetivação são máquinas de produção de
subjetividade (Guattari & Rolnik, 1986/1999), conjuntos de elementos
originários dos equipamentos sociais e dos dispositivos políticos de poder, da
cultura, dos modos de produção econômicos e das instituições que engendram
a subjetividade individual e coletiva, encarregados da produção de
subjetividade. Eles definem “estilos” do sujeito ser e estar no mundo e
constituem o indivíduo, este que: não cessa de passar de um estado fechado a
outro, cada um com suas leis: a família, depois a escola, (...) depois a caserna,
(...) depois a fábrica, de vez em quando o hospital, eventualmente a prisão, que
é o meio de confinamento por excelência (DELEUZE, 1997).
Entendemos o sujeito como aquele que não é um indivíduo e que não
se centra no indivíduo, que não é universal e não se separa de seus objetos,
não se prendendo a uma ontologia em particular. A subjetividade, por sua vez,
é algo que não é passível de totalização e também não está centrada no
indivíduo, porque uma coisa é a individuação do corpo, e outra é a
multiplicidade de processos que fabricam subjetividade (Teixeira, 2001). São
múltiplos os vetores de formação de subjetividade e, neste sentido, a
subjetividade toma o lugar de “coisa”, é “coisa produzida”, é concebida como
algo modelado e produzido nos processos coletivos, sociais e institucionais que
não se dão no indivíduo, mas que o atravessam e o constituem como sujeito,
dando forma e matérias de expressão ao desejo. (Birman, 1995) destaca corpo
e afeto como dimensões essenciais da subjetividade, sendo que o sujeito é
aquele que vivencia afetivamente determinada situação.
LUZ (1999) questiona a importância da saúde na cultura atual e
elabora a hipótese de que o apelo à saúde se tornou importante na cultura
contemporânea porque os valores que asseguram sua presença estão
ausentes. E vai além, supondo que 80% dos atendimentos em ambulatórios da
rede pública das metrópoles brasileiras são motivados por queixas relativas “ao
que poderia ser designado como síndrome do isolamento e pobreza” (p.35) ou
pela busca de reorganização do corpo e da saúde, em função da necessidade
de o sujeito estar normalizado para o mundo do trabalho. Enquanto isso,
aqueles que não estão nas filas de atendimento dos serviços públicos
aparecem “despojados de autonomia em relação a sua saúde,
irreversivelmente medicalizados” (p.35-36),
Junto aos modelos de governabilidade e gestão dos serviços e o
sofrimento psíquico emergente nas relações de trabalho, vemos a necessidade
do sujeito de ser cuidado – ser olhado – , e observamos a emergência nos
serviços de saúde do profissional e sujeito do desamparo – tão cheios de tudo
e de nada, ao mesmo tempo – reproduzindo os sintomas e efeitos colaterais do
mundo pós- moderno, na busca constante do gozo ideal da saúde, cada um ao
seu jeito.
ALVES & RABELO (1994), em um estudo antropológico da construção
da enfermidade como realidade social, levando em conta os processos
narrativos pelos quais os indivíduos constroem e expressam a aflição,
elaboraram uma compreensão hermenêutica dos significados das construções
culturais sobre o discurso da enfermidade. Apontam que “a relação entre a
faticidade objetiva dos processos, por um lado, e as significações subjetivas,
por outro, constituem uma ‘realidade sui generis’ e é no entrelaçamento e nos
efeitos recíprocos entre essas duas instâncias que a realidade social é
construída” (p.223). Levar em conta a produção de subjetividade na saúde é
entender que o significado da enfermidade é, em parte, moldado pelas
experiências subjetivas, mas, para que tenham uma significação, necessitam
ser confirmadas pelo olhar de uma consciência, estruturada sob uma base
social específica que acompanha os processos sociais para sua conservação.
Tomando esta idéia, é importante considerar que os profissionais de
saúde têm o poder de nomear a enfermidade no sujeito, dando sentido
subjetivo ao processo do sujeito, significando-o culturalmente.
O cenário dos serviços de saúde marcado pelas contradições do
Sistema Único de Saúde, as relações sociais entre profissionais, usuários e
sociedade, bem como a produção de subjetividade na saúde, são elementos
que não podem ser considerados separadamente, correndo o risco de
reproduzirmos estratégias viciadas de promoção de saúde.

3- ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO ADOECIMENTO.


Knobel (2003) considera a saúde como sendo o resultado dinâmico e
estrutural do aparelho psíquico funcionando adequadamente, ou seja,
possuindo algumas características, tais como:
• a ausência de sinais de sofrimento do organismo não é igual à saúde
• saúde não é apenas ausência de enfermidade
• ser saudável não é um estado que o indivíduo obterá ou perderá de uma
vez por todas
Quanto à saúde mental Knobel a concebe como a capacidade que tem
o ser humano de viver:
• dentro dos limites impostos por seu físico
• com outros seres humanos
• sentindo-se feliz
• viver produtivamente

Enfatiza que uma personalidade bem integrada está implicada a uma


adaptação crítica que pressupõe um ponto de vista histórico, religioso, social e
antropológico. Dessa forma, considera-se uma pessoa saudável aquela que
segue um objetivo próprio, um propósito de vida assim como ideais os quais
deseja realizar traçando caminhos para essa concretização.
Sabemos que desde o nascimento, cotidianamente, nos deparamos
com diversas situações sejam de alegrias e/ou de conflitos, sendo estes
últimos, capazes de gerar angústias neurótica, psicótica ou existencial
(PALBERT, 2000)
De acordo com Otto Rank, Freud diz que o trauma do nascimento seria o
protótipo da angústia; para outros, Melaine Klein por exemplo, diante da
incapacidade de projetar a pulsão de morte, o ser é ameaçado com o
aniquilamento ou desintegração estrutural, ocasionando o caos psíquico,
psicose, que é mais temida e angustiante que a própria morte
Dessa forma, entram em funcionamento todos os mecanismos de
defesa do indivíduo dentro da sua singularidade.
A avaliação desses eventos perturbadores e as reações resultantes
serão únicas; dependerão de uma série de fatores como as experiências
vividas, o momento existencial do sujeito e seu próprio desenvolvimento do
aparelho psíquico, questões essas que são de uma singularidade muito
pessoal e individual, onde devem ser respeitadas as interações do sujeito com
o mundo externo e também com seu mundo interno, dados os diferentes
ângulos de percepção que o sujeito possa vir a ter tornando determinado
evento estressante ou não. (CANGUILHEM, 2002)
O ser humano é de vasta complexidade; seus aspectos físicos e
mentais estão inseridos em um estado de interação simbiótica, já anteriormente
descrita por Aristóteles: “psique (alma) e corpo reagem um com outro, uma
mudança no estado da psique produz uma mudança no corpo e vice-versa”.
Sendo assim podemos dizer que todas as doenças têm seus aspectos
psicológicos que devem ser levados em consideração em todo o processo de
adoecer. (IDEM)
A patologia passa então a ser interpretada como algo que não está
“funcionando bem” tanto em suas características físicas como mentais.
Adoecer também poderá ser compreendido como uma expressão de um
estado psíquico atípico; como se o sujeito expressasse através do soma
(corpo), seus males psíquicos.
É plausível de observação que o adoecer está intimamente ligado com
a capacidade do sujeito lidar com suas emoções e sentimentos.
A manifestação dos sintomas é um sinal de que algo não vem fluindo
bem há algum tempo; esses sintomas representariam a quebra dos limites do
sujeito.
Assim, quando o nível de suportação de adversidades é extrapolado,
as alterações emocionais tornam-se presentes, antes e durante o curso da
patologia, podendo estas alterações emocionais ser dos mais diversos cunhos,
seja um sentimento de insegurança, retraimento social, dificuldade para
expressar seus sentimentos, sensibilidade afetiva muito aumentada,
incapacidade de lidar com perdas e frustrações. ( BENEVIDES, 1993)
Dessa forma, poderíamos dizer que a manifestação somática, ou seja,
o adoecer, está interligado à tentativa de manter o prazer, resgatar algo que se
perdeu, que tem medo de perder ou na manutenção de algo ou alguém que se
quer.
PERESTRELLO (1992), ressalta que antigos conceitos negavam as
implicações psicológico-emocionais, bem como a subjetividade da vida
emocional, implícita nos relacionamentos interpessoais e, dentro de uma visão
organicista, o relacionamento médico-paciente se restringia ao questionamento
da queixa da doença, sua evolução, sua história, sem que se buscasse a
reação emocional.
No entanto, enfatiza que a pessoa é única, com impressões digitais
que a distinguem de qualquer outra; possui uma fisionomia diferente dos
outros, assim como suas próprias formas de viver, de conviver, de agir, de
reagir, tendo uma configuração única e um modo de adoecer, também próprios.

4- ASPECTOS SUBJETIVOS DA HOSPITALIZAÇÃO:


O imaginário social atual sobre o hospital e sobre o corpo doente está
permeado de conceitos constituídos historicamente: o corpo doente é
improdutivo e deve ser resgatado rapidamente para a volta ao trabalho; o
hospital assusta a todos, pois a doença é sempre relacionada à morte; a
doença é externa ao sujeito, faz parte do contexto da patologia, que deve ser
cercada e eliminada; o doente deve se submeter passivamente aos
procedimentos médicos e à rotina hospitalar; o hospital é um local que deve ser
purificado, o doente, isolado, sem contato com outros aspectos da vida não têm
a ver com a doença.
Rocha apud De Carlo (2004), refere que o corpo como objeto da
intervenção no hospital contemporâneo é das patologias para as atividades
médicas de lucro para a administração, ou seja, a patologia é mercadoria. Essa
mercadoria é vasculhada em suas partes e minúcias, com fins de diagnóstico e
possível lucro. Nesse processo, a intimidade da pessoa doente é violada; há
uma separação do corpo e da mente, e os procedimentos geralmente são
impessoais e invasivos. Aliado a esses aspectos, muitas vezes o ambiente
hospitalar é mórbido: suas salas, corredores, quartos e enfermarias
apresentam uma estética que só lembra a doença; as expressões de alegria,
como a música e a presença de visitas a acompanhantes, são proibidas; a
rotina está voltada apenas para o procedimento de intervenção e, finalmente,
há uma grande dificuldade de comunicação entre o paciente e seus familiares e
as equipes médicas, de enfermagem, de reabilitação, entre outras. Todos
esses aspectos têm seus fundamentos na história, além de terem justificativa
econômica; porém, o que não se pode negar são as conseqüências disso na
subjetividade do indivíduo hospitalizado.
No hospital o sujeito doente inicia um processo de ruptura com a vida
cotidiana, vivencia o desconforto da doença, é dominado pela dor, passa a
sentir que sua vida está em jogo, que depende de socorro externo para tê-la de
volta e sucumbe à hospitalização. Quando há uma radicalização dessa ruptura
e da falta de controle sobre a própria vida, ocorre também uma ruptura com a
identidade, permeada por noções do que é o corpo doente. Assim o indivíduo é
incapaz, está dissociado das suas capacidades mentais, do seu eu como um
todo, tem de se despojar do controle sobre si mesmo, deve se submeter à
rotina e aos processos hospitalares, visando ao resgate da boa forma. Com
isso, a capacidade de agir do sujeito é freada, seja em decorrência da própria
doença, da disciplina e das intervenções hospitalares. O sintoma, a dor e os
sentidos da doença não estão para a instituição hospitalar como estão para a
pessoa doente. A interação entre a pessoa doente e seu sintomas e dores gera
tristezas e, muitas vezes, medo diante do que essa vivência lhes reserva. Para
o equipamento hospitalar, o objeto da intervenção é algo externo ao sujeito, ou
seja, a patologia. (IDEM)
Normalmente as pessoas custam muito a acreditar que aquele
diagnóstico, culturalmente muito temido, esteja acontecendo exatamente com
elas. Muito freqüentemente as pessoas duvidam que estejam lhes dizendo a
verdade. É um momento de grande angústia, sensação de vazio e abandono,
onde a introspecção proporciona uma revisão nos valores e na vida em geral,
onde afloram lembranças de pessoas queridas ou conhecidas que, muito
possivelmente serão deixadas para trás.

Os pacientes podem começar a experimentar ansiedade moderada ou


severa enquanto esperam os resultados dos exames de diagnóstico (Jenkins,
1991). Para os pacientes que estão recebendo o tratamento, a ansiedade
também pode aumentar a possibilidade de sofrer mais dor, bem como uma
série de outros sintomas, desde a angústia e depressão, até as incoercíveis
náusea e vômitos agravados pelas emoções.

Tem-se demonstrado que a ansiedade, independentemente de seu


grau, pode reduzir substancialmente a qualidade de vida dos pacientes e de
suas famílias, podendo ainda favorecer a morte prematura do paciente. Assim
sendo, a atenção terapêutica da ansiedade é uma das medidas fundamentais
durante o tratamento.

A ansiedade, como atitude psico-fisiológica, pode ser parte da


adaptação normal da pessoa à sua doença. Na maioria dos casos, as reações
de ansiedade mais intensas são limitadas no tempo (circunstanciais) e acabam
sendo até benéficas, no sentido de motivar pacientes e familiares a procurar
medidas de alívio, como por exemplo, obter mais informação sobre os
benefícios do tratamento, novas atitudes diante da vida, etc. Entretanto, as
reações de ansiedade que se prolongam por muito tempo ou são muito
intensas podem comprometer a adaptação. Nesses casos elas se classificam
como Transtornos de Ajustamento. (CAMPOS, 1992)

Posteriormente surge o medo, medo de morrer, de deixar pessoas


queridas, de abandonar projetos futuros. Há uma forte angústia diante da
possibilidade da dependência dos outros, do sofrimento futuro, quer pela
doença, quer pelas conseqüências do tratamento. Mas todos esses
sentimentos devem ser reavaliado ou orientado por profissionais para
minimizar os efeitos sobre as emoções.

Os interesses do paciente estão relacionados à cura, ao bem-estar; os


do hospital, como administração, estão ligados ao lucro. Quanto aos interesses
das equipes de intervenção clínica, há uma dupla finalidade: a cura e a
otimização do recurso hospitalar, necessária à obtenção de lucro. Muitas
vezes, essa distância de interesses dentro do universo hospitalar cria
impasses. Espinosa afirma que uma paixão no corpo produz um efeito na alma
e uma paixão na alma produz um efeito no corpo, ou seja, os afetos vividos
pelo corpo, os sintomas e as dores produzem determinado efeito na alma,
como, por exemplo, o medo de morrer. E esses afetos não podem ser
desconsiderados. (CANGUILHEM, 2002).

5- PACIENTE TERMINAL:
O termo doença terminal é utilizado para designar o estágio da doença
em que não há mais possibilidade de se restabelecer a saúde, evoluindo para a
insuficiência de órgãos-alvo e iminência de morte. Em geral, relacionado
com doença crônica , também pode ocorrer em situações agudas e subagudas.
Ao sujeito que se encontra nesse estado denominamos paciente terminal,
sendo a eles dirigidos cuidados que melhorem a qualidade de vida, como alívio
da dor e tratamento da depressão, chamados de paliativos, por não serem
curativos. Um paciente terminal não tem cientificamente chances de sobreviver.
Ninguém está obviamente preparado para ser rotulado de doente
terminal, pelo que quaisquer conversas sobre o fim da vida são quase sempre
evitadas – quer por familiares e amigos, quer por médicos e outros assistentes
hospitalares. Cria-se uma espécie de tabu com o objetivo de proteger os
interesses do doente, na esperança de que a vulnerabilidade decresça com a
inexistência de conversações à volta de tão mórbido assunto. (DEJOURS,
1993)
A perspectiva da morte levanta dúvidas acerca da natureza e do
significado da vida e das razões para o sofrimento e a morte. Não existem
respostas fáceis para essas dúvidas fundamentais. Na busca por respostas, os
pacientes gravemente enfermos e suas famílias podem fazer uso de seus
próprios recursos, religião, conselheiros e amigos. Eles podem falar e participar
de rituais religiosos ou familiares ou de atividades significativas. (IDEM)

Com a proximidade da morte, o antídoto mais importante para o


desespero é, na maioria dos casos, se sentir amado. Não se deve permitir que
a enorme quantidade de diagnósticos e tratamentos clínicos acabe ocultando
as questões maiores e a importância das relações humanas. Normalmente, é
difícil prever o momento exato da morte.

As famílias são orientadas a não insistir no estabelecimento de


previsões exatas e a não confiar totalmente nas previsões fornecidas. Às
vezes, pacientes muito frágeis sobrevivem além do que seria de se esperar.
Outros pacientes morrem rapidamente. Se o paciente exprimir o desejo de que
uma determinada pessoa permaneça ao seu lado no momento da morte,
devem ser tomadas providências para acomodar essa pessoa por um tempo
indefinido. Freqüentemente, existem sinais característicos que indicam a
iminência da morte.

A consciência pode diminuir, os membros tornam-se frios e podem


apresentar uma coloração azulada ou um moteamento e a respiração pode
tornar-se irregular. As secreções na garganta ou o relaxamento dos músculos
dessa região levam à produção de uma respiração ruidosa, às vezes
denominada “estertor agônico”.

A mudança de posição do paciente ou o uso de medicamentos para


eliminar as secreções pode minimizar o ruído. Esse tratamento tem como
objetivo o conforto da família ou das pessoas que estão tratando do paciente
terminal, pois a respiração ruidosa ocorre em uma fase em que o paciente não
tem consciência do que está ocorrendo. Esse tipo de respiração pode persistir
por horas.

No momento da morte, podem ocorrer algumas contrações musculares


e o tórax pode movimentar-se como se o paciente estivesse respirando. O
coração pode bater durante alguns minutos após a cessação da respiração e o
paciente pode apresentar uma crise convulsiva de curta duração.

A menos que o paciente terminal seja portador de uma doença


infecciosa rara, deve ser assegurado aos membros da família que tocar,
acariciar ou abraçar o organismo de uma pessoa moribunda, mesmo um pouco
após o óbito, são atitudes aceitáveis. Em geral, ver o corpo após o óbito
conforta as pessoas mais íntimas do morto. Essa atitude parece afastar o medo
irracional de que o indivíduo não tenha morrido realmente.

O doente terminal, assim como o seu familiar, na trajetória para a


morte, exibe comportamentos semelhantes caracterizados por aspectos
psicológicos interessantes e que dependerão das vivencias e da dinâmica
familiar frente às perdas ocorridas ao longo de suas vidas. (MILHEIRO, 1999)
São mecanismos de defesas e de luta que possibilitam ao doente e ao
familiar o enfrentamento de situações de extrema dor psíquica.
São fases ou estágios de duração variável, que podem surgir
simultaneamente ou seguir numa linear, ou ainda sofrer um retrocesso, mas
que depois continuam no processo de evolução psíquica para o preparo da
morte:
Negação e isolamento: Grande parte dos pacientes utiliza-se da
negação, ou pelo menos da negação parcial, seja nos primeiros estágios da
doença ou logo após a sua constatação, embora aconteça às vezes numa fase
posterior.
Contudo, observa-se certa coerência, pois esses pacientes podem
considerar a possibilidade da própria morte durante certo tempo, mas precisam
“deixar de lado” tal pensamento a fim de conseguir lutar pela vida.
A negação faz parte desse doloroso processo, funcionando como um
amortecedor de choques, da notícia “inesperada”, fazendo com que o paciente
se recupere com o tempo, mobilizando outras medidas menos radicais.
Raiva: Quando não é mais possível manter firme o primeiro estágio,
de negação, ele é substituído por sentimentos de raiva, revolta, de inveja e
ressentimento. Este pode ser considerado um dos estágios mais delicados no
que diz respeito aos cuidados com o paciente. Tanto familiares quanto a equipe
hospitalar temem este momento. A raiva se propaga em todas as direções e
projeta-se no ambiente. E costuma ser um sentimento de difícil elaboração
nessas condições específicas. Este também tende a ser um sentimento
reprimido, abafado e talvez tenha contribuído anteriormente para o
desenvolvimento da doença.
Barganha: É hora de negociar secretamente o futuro, em geral com
Deus, e colocar-se à disposição de um favor, caso o pedido seja atendido. A
oferta pode também ser negociada com o médico, como uma forma de
planejamento. Ter um bom argumento para manter-se motivado exerce
influência muito positiva sobre o curso da doença.

Depressão: Tanto os fatores externos (objetivos), como os internos


(subjetivos) contribuem para que a tristeza do paciente se intensifique e, muitas
vezes, cronifique, podendo chegar à depressão.
Kübler-Ross (1998, p. 92) identifica dois tipos diferentes de depressão e
considera que deverão ser tratados também de formas distintas. O primeiro é
uma depressão reativa e o segundo, uma depressão preparatória. “Uma
pessoa compreensiva não terá dificuldades em detectar a causa da depressão
nem se aliviar um pouco da culpa ou da vergonha irreais que freqüentemente
acompanham a depressão.”
A forma reativa dessa manifestação significa o surgimento de tristeza e
pesar acentuados por algo que foi perdido, como o emprego, por causa do
excesso de faltas ou da impossibilidade de exercer sua função; a posição de
chefe de família ou até mesmo o imóvel de sua propriedade, em razão do alto
custo do tratamento. São perdas significativas para o paciente que merecem
atenção especial para que ele possa elaborá-las de alguma forma.
Aceitação: a aceitação, em alguns casos, não quer dizer desistir de
lutar em busca da melhora, porém assumir os fatos como eles realmente são.
E contribui para concentrar-se em viver as alegrias e as tristezas do momento
presente.
Este é o estágio final do processo e, como os anteriores, pode oscilar
entre estar presente (assumido pelo paciente) e, de repente, mostrar-se
ausente por instantes, e novamente ser experimentado com maior intensidade.

6- TERAPIA OCUPACIONAL E CUIDADOS PALIATIVOS:


O terapeuta ocupacional deve dar assistência ao paciente priorizando
o estágio da doença no qual ele se encontra: inicial, intermediário ou final. É
muito importante a ferramenta de avaliação escolhida. A entrevista deve ser
aplicada não só ao paciente como também à família, sempre questionando que
atividades mais agradavam o paciente e lhe proporcionavam maior bem estar.
A avaliação também deve ser aplicada ao ambiente do paciente, priorizando o
quarto, que geralmente é o lugar em que o paciente passa mais tempo. As
atividades planejadas devem estar adequadas as reais necessidades e anseios
do paciente.
Dentre as estratégias de intervenção do terapeuta ocupacional estão:
suporte emocional no processo de morte, construção de recursos internos do
paciente e facilitação de suportes externos para compensar as perdas
experimentadas nas diferentes fases da doença e aquelas que ainda virão. (DE
CARLO et al, 2007)
O suporte emocional deve ser trabalhado através de atividades
prazerosas e significativas para o paciente. A comunicação com o terapeuta
também é muito importante, um diálogo empático, abordando temas como
aceitação e morte, deve ser desenvolvido dentro das demandas do paciente. O
paciente deve ser encorajado a se expressar, caso não consiga verbalmente
outras estratégias devem ser encontradas pelo terapeuta. Se o paciente se
mantiver resistente em (IDEM)
Abordar assuntos como a morte, o terapeuta deve respeitar a vontade
do paciente, mas deixar aberta a possibilidade de diálogo.
Os recursos internos devem ser trabalhados através da educação e
treinamento funcional. A assistência deve ser embasada em técnicas de
relaxamento e de conservação de energia, que facilitará a realização de tarefas
fundamentais para o idoso. As adaptações no domicílio também são
importantes, porém devem ser procuradas soluções em curto prazo e de baixo
custo. Também podem ser confeccionadas adaptações para atividades de
auto-cuidado e lazer.
Os suportes externos devem ser trabalhados através do apoio dos
familiares e dos profissionais que estão assistindo o paciente. A família deve
receber informações sobre conservação de energia, trocas de postura e
técnicas de transferência.
DE CARLO (2007), refere que o terapeuta ocupacional deve
estabelecer a comunicação com o paciente através de atividades agradáveis
como: música, fotografia e pequenos passeios. As AVD’s constituem um ponto
muito importante, devendo ser realizada com muito cuidado, levando em
consideração as limitações do idoso. Nas refeições os alimentos devem ser
alternados entre quentes e frios, doces e salgados, com consistência pastosa.
O cuidador deve ser orientado quanto à utilização de utensílios e adaptações
que facilitarão o dia a dia do idoso. A higiene pessoal deve ser trabalhada
objetivando o respeito e a manutenção da dignidade do idoso, as adaptações
também devem ser enfocadas. Também deverá ser proporcionado ao idoso,
sempre que possível, a participação em atividades de lazer.
7- TERAPIA OCUPACIONAL NA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR:
O tipo de inserção do terapeuta ocupacional na instituição hospitalar
dependerá muito de sua categorização dentro da hierarquização dos serviços
do SUS, mas, de qualquer forma, o profissional que nela trabalhar deverá
conhecer uma ampla variedade de diagnósticos e procedimentos terapêuticos,
técnicas e métodos de intervenção em terapia ocupacional, além dos diversos
recursos sociais, de saúde e de educação da comunidade, aos quais poderá
recorrer ou para os quais encaminhar os pacientes, de modo a lhes propiciar
continuidade do atendimento extra-hospitalar. (BARTALOTTI, apud DE
CARLO, 2004)
A nova perspectiva de assistência da terapia ocupacional no contexto
hospitalar, que se volta para a importância de sua atuação como promotora da
saúde e da qualidade da vida ocupacional mesmo durante o período de
internação hospitalar, é bastante recente. Essa tendência norteia-se pelo
princípio da necessidade da manutenção não só da capacidade funcional, mas
principalmente de um nível elevado de qualidade de vida, que implica maior
auto-estima e melhores estados de humor e de motivação para a recuperação
da saúde mais rapidamente possível. (IDEM)

PALM apud DE CARLO (2004) afirma que o processo de intervenção


terapêutico-ocupacional busca acolher, canalizar meios, formas de possibilitar
a expressão dessas situações e vivências, dos medos e das fantasias,
procurando identificar as reais necessidades do paciente em relação ao
cotidiano hospitalar e às suas atividades essenciais, Todos esses aspectos são
expressos por meio de linguagens verbal e não-verbal, em atividades ou
através de outros recursos terapêuticos utilizados pelo terapeuta ocupacional .
Nesse sentido, a terapia ocupacional tenta equacionar, junto com o paciente e
sua família, as possibilidades efetivas de encaminhamento de soluções,
centrando-se na principal condição do momento.

No decorrer da internação hospitalar o processo de intervenção da


terapia ocupacional deve ser focada em um plano de tratamento. É parte
importante desse processo a possibilidade de priorizar o estabelecimento de
objetivos a curto e em longo prazo. A intervenção deve estar de acordo as
necessidades e interesses do paciente , indo além de suas condições clínicas.
(IDEM)

O terapeuta ocupacional deve entender o paciente a partir de sua


história, de suas expectativas, de seus medos e ansiedades, de modo a
construir, com ele, uma ação que não só configura significação a esse
cotidiano particular (o hospital), mas abre caminhos para sua inclusão social

De um modo geral o terapeuta ocupacional deve: intervir no cotidiano


hospitalar de modo a promover a qualidade de vida e o desempenho
ocupacional durante a internação por meio da humanização do ambiente, dos
atendimentos e das relações interpessoais; desenvolver durante a internação
atividades adequadas ao perfil do paciente, individualmente ou em grupo;
proporcionar ao paciente condições para expressar seus temores e percepções
sobre a doença; estimular a criatividade e o lazer; minimizar os efeitos da
separação dos familiares ; prevenir incapacidades e/ou promover a
recuperação da capacidade funcional; promover a reeducação sensorial e
motora; favorecer a independência na alimentação, higiene, locomoção,
trabalho e lazer. (DE CARLO et al, 2004)

O terapeuta ocupacional também pode indicar medidas de prevenção


de deformidades. Os posicionamentos podem diminuir a dor e o edema, seja
pelo uso de órtese indicadas ou confeccionadas pelo terapeuta ocupacional,
seja pelo uso de adaptações simples ou de equipamentos de tecnologia
assistiva.

O terapeuta ocupacional deve propor e desenvolver programas de


tratamento que possibilitem a melhora do estado de saúde e da qualidade de
vida do paciente, capacitando-o para alcançar maior grau de funcionalidade,
para garantir autonomia e independência necessárias à manutenção de uma
vida ativa.

Essa atuação tem como base o uso específico de atividades (que


podem ser de autocuidado, de caráter expressivo, artesanal, artístico,
profissional e lúdico) e/ou exercícios, com ou sem a utilização de recursos ou
dispositivos de tecnologia assistiva, como as adaptações .

É fundamental o desenvolvimento de programas de intervenção que


possam abranger a complexidade dos aspectos referidos, buscando investir na
ambientação, na reumanização das relações interpessoais e no cotidiano da
clientela internada no hospital e de suas interfaces com a família e a equipe.
Além de cuidar da otimização das capacidades físicas comprometidas pelas
condições clínicas que levaram o paciente à internação, o terapeuta procura
ajuda-lo a elaborar melhor, por meio da reorganização de seu cotidiano e de
atividades promovidas no próprio espaço hospitalar, os aspectos
socioemocionais envolvidos no processo de hospitalização, como a dor, a
separação, o sofrimento, a perda, a morte, os problemas decorrentes do
afastamento do trabalho e as dificuldades do ambiente doméstico, entre outros.
(PALM apud DE CARLO, 2004).

O cotidiano hospitalar envolve diferentes condições de permanência e


a realização de diversos tipos de tratamento e de procedimento, como
medicação, verificação de sinais vitais, exames, discussão clínica de casos
pelos profissionais diante do leito e atividades de vida diária (como higiene e
alimentação), os quais são, geralmente, desprovidos do respeito à intimidade
no contexto do espaço coletivo, como nas enfermarias, por exemplo. Para
superar as restrições do espaço hospitalar e as limitações clínicas impostas
pela doença, é preciso reumanizar e reestruturar esse cotidiano e os cuidados
prestados pelos diversos profissionais, criando novos espaços de convivência e
novas atividades em espaços diferenciados, embora dentro da mesma
estrutura institucional.
8- CONCLUSÃO:

Na atenção em saúde faz-se de grande importância compreender os


processos subjetivos de cada sujeito, para que seja construída uma abordagem
de forma a considerar cada particularidade, cada demanda do sujeito com o
qual se está lidando.

É natural que cada um possua uma resposta diferente frente a doença,


visto que cada realidade é construída com base em vivências próprias, que
configuram modos diferentes de significação.

O profissional de saúde deve estar atento a essas singularidades de


cada sujeito, para que possa abordá-lo de forma mais humana, para que o
mesmo possa compreender-se como parte integrante de seu meio.

Lidar com o adoecer deve ser prática pautada em uma série de


vivências com o outro, que permitam compreendê-lo em todos os seus sentidos
e, dessa forma, auxiliá-lo em cada etapa de seu tratamento.

O terapeuta ocupacional possui função primordial na abordagem


hospitalar, pois através de suas práticas poderá devolver ao sujeito sua
autonomia, não apenas no sentido físico-funcional, mas autonomia ao
perceber-se como agente de transformação de sua realidade.
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