WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. Lisboa: Editorial Presença, 1994.
· As teorias das influências seletivas podem ser divididas em: abordagem
empírico-experimental e abordagem empírica de campo. A primeira respalda na psicologia, enfatiza a intervenção de fatores individuais e subjetivos no processo comunicativo. A segunda enfatiza os fatores de mediação social que interferem na recepção e decodificação de mensagens.
Abordagem empírico-experimental ou da persuasão
· Esta abrange duas coordenadas: estudos sobre características dos
destinatários que intervêm para a obtenção dos efeitos e pesquisas sobre a organização ótima das mensagens com fins persuasivos.
· A abordagem da persuasão propõe a revisão do processo comunicativo
entendido como relação mecanicista e imediata entre estímulo e resposta, levando em consideração fatores psicológicos intervenientes.
· A teoria empírico-experimental pretende observar a eficácia persuasiva
de determinadas mensagens e a priorizar a avaliação dos efeitos dessas em situações específicas de campanha eleitoral, informativa ou publicitária.
· Persuadir os destinatários é um objetivo possível, se a forma e a
organização da mensagem forem adequadas aos fatores pessoais que o destinatário ativa quando interpreta a mesma.
· Os efeitos da mídia são diferentes para cada tipo de receptor, devido as
diferenças individuais deste.
· Modelo: causa (estímulo) Þ (processos psicológicos intervenientes) Þ
efeito (resposta).
· Fatores relativos à audiência
ª. Motivação
ü A escassez de interesse e de motivação por certos temas, a dificuldade
de acesso à própria informação, a apatia social interferem no processo de recepção de mensagens.
ü Quanto mais expostas as pessoas são a um determinado assunto, mais
seu interesse aumenta, mais as pessoas se sentem motivadas para saberem mais acerca do mesmo.
b. Exposição seletiva
ü Determinadas camadas da população se interessam por meios
diferentes. Para o lançamento de uma campanha há que se observar qual o meio mais eficaz para determinada mensagem e para um público específico, que é exposto de forma diferenciada aos veículos de comunicação.
ü Os componentes da audiência tendem a se expor à informação que está
de acordo com suas atitudes e a evitar aquelas que agridam seus valores.
c. Percepção seletiva
ü Os elementos do publico não se expõem aos meios de comunicação num
estado de nudez psicológica, apresentam-se revestidos e protegidos por predisposições.
ü A interpretação transforma e adapta o significado da mensagem
recebida, podendo resultar em decodificação aberrante (ruído).
d. Memorização seletiva
ü A memorização das mensagens contém elementos de seletividade
análogos aos anteriores.
ü Aspectos que estão em consonância com os valores e atitudes do
receptor são memorizados num grau mais elevado do que os outros, e essa tendência se acentua à medida que vai decorrendo o tempo de exposição da mensagem.
ü Efeito Bartlett
A medida que o tempo passa, a memorização seleciona os elementos mais
significativos para o indivíduo em detrimento dos discordantes ou culturalmente mais distantes.
ü Efeito latente (sleeper efect)
Em certos casos, a eficácia persuasiva é quase nula imediatamente após a
exposição à mensagem. Mas, a medida que o tempo passa, pode-se obter o efeito esperado.
· Fatores ligados à mensagem
ª. Credibilidade da fonte
ü A reputação da fonte é um fator que influencia mudanças de opinião, a
falta de credibilidade do emissor incide negativamente na persuasão. ü Mensagens idênticas passadas por fontes diversas têm efeitos e eficácia diferenciados.
ü Pode existir apreensão do conteúdo, mas a escassa credibilidade da
fonte seleciona a sua aceitação.
b. Ordem da argumentação
ü efeito primacy: a persuasão é influenciada sobretudo pelos argumentos
iniciais da mensagem.
ü efeito recency: a persuasão é influenciada pelos argumentos finais da
mensagem.
ü A ordem de argumentos pró ou contra provocam efeitos diferenciados,
em situações específicas.
c. Integralidade das argumentações
ü Estudo do impacto que provoca a apresentação de um único aspecto ou,
pelo contrário, de ambos os aspectos de um tema controverso, com o objetivo de mudar a opinião da audiência.
ü A eficácia da estrutura das mensagens varia, ao variarem certas
características dos destinatários os efeitos das comunicações de massa dependem das interações que se estabelecem entre estes fatores.
· Aspectos positivos da abordagem
ü As pesquisas psicológico-experimentais redimensionam a capacidade
indiscriminada dos meios de comunicação para manipularem o público, levando em conta fatores psicológicos individuais, em circunstâncias específicas que interferem na mudança de atitude do receptor.
ü Oferecem subsídios teóricos e empíricos para a avaliação do resultado
de determinada campanha.
ü A influência e a persuasão não são indiferenciadas e constantes nem se
justificam apenas pelo fato de ter havido transmissão de uma mensagem.