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1.Introdução
Desta maneira, este escrito jurídico-penal se traduz ainda na meta de estimular junto
aos operadores do Direito Penal, a real necessidade do questionamento acerca da eficácia
do método racional-final e teleológico utilizado pelo funcionalismo.
O modelo finalista é integralmente adotado pelo sistema penal brasileiro, vez que
seguido pela majoritária doutrina e ainda, em razão de ter inspirado de forma direta o nosso
Código Penal em sua reforma ocorrida em 1.984.
E arremata GRECO aduzindo que "Numa síntese: o finalista pensa que a realidade é
unívoca(primeiro engano), e que basta conhecê-la para resolver os problemas
jurídicos(segundo engano-falácia naturalista); o funcionalista admite serem várias as
interpretações possíveis da realidade, de modo que o problema jurídico só pode ser
resolvido através de considerações axiológicas, isto é, que digam respeito à eficácia e a
legitimidade da atuação do direito penal".5
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Não seria correta a afirmação de que existe apenas um funcionalismo, vez que na
essência, distinguem-se basicamente duas orientações teleológico-funcionalistas: a moderna
ou moderada defendida por CLAUS ROXIN e seus discípulos e a radical(sistêmica)
representada pelo funcionalismo sociológico(teoria dos sistemas) de GÜNTHER JAKOBS,
"as quais apresentam diferenças substanciais". 8
Como adverte SILVA SÁNCHEZ, "en efecto, la pretensión de Roxin es superar las
barreras existentes entre el Derecho Penal y la Política Criminal, haciendo del sistema un
instrumento válido para la solución satisfactoria(político-criminalmente) de los problemas
reales de la sociedad. Su preocupación es, por tanto, práctica y se halla muy próxima a las
exigencias de la tópica".10
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Só para se ter uma idéia do quanto são os funcionalistas fieis ao método racional-
final(teleológico), basta ressaltar que a majoritária doutrina do funcionalismo prega que
existem duas fases distintas no Direito Penal: antes e depois de CLAUS ROXIN.
Não concordo com tais afirmações, vez que a meu sentir, cada qual prestou em sua
época, distintas colaborações ao engrandecimento da cultura jurídico-penal, sendo, pois,
figuras ímpares na história do Direito Penal.
Os defensores do sistema funcionalista se orgulham dos ideais que impulsionam o
pensamento racional-final, cujo escopo primordial é a utilização de conceitos meramente
valorativos.
Outro expoente, LUÍS GRECO, discípulo direto de ROXIN, atenta para a visão da
pena sob a ótica do funcionalismo, aduzindo que: "a teoria dos fins da pena adquire
portanto valor basilar no sistema funcionalista. Se o delito é o conjunto de pressupostos da
pena, devem ser estes construídos tendo em vista sua conseqüência, e os fins desta. A pena
retributiva é rechaçada, em nome de uma pena puramente preventiva, que visa a proteger
bens jurídicos ou operando efeitos sobre a generalidade da população(prevenção geral), ou
sobre o autor do delito(prevenção especial)".17
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4. Críticas ao funcionalismo
Dentre nós, a principal crítica parte de LUIZ REGIS PRADO, no sentido de que "os
modelos funcionalistas ou teleológicos, especialmente o funcionalista sistêmico ou radical,
representam, na verdade, uma volta às concepções neokantianas e positivistas sociológicas,
caracterizando-se, portanto, como um movimento neopositivista, organicista, ainda que
com roupagem nova. Concebidos, inicialmente, no domínio das ciências
biológicas(biologia molecular), nos anos 70, como sistemas de auto-referência e de
circularidade, foram transpostos para as ciências sociais por influência de Niklas
Luhmann".18
Outra crítica que se observa diz respeito ao conceito atribuído a ação pelos
funcionalistas, vez que "prejulga, em certas ocasiões, a tipicidade, a valoração jurídica
implícita no tipo, nos delitos de omissão, ao considerar que o conceito de omissão é um
conceito puramente normativo".19
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5. Conclusão
Destarte, o modelo funcional de ROXIN sob nosso ponto de vista é mais aceitável e
realístico, embora deva ainda ser questionado sob alguns aspectos.
Por fim, conclui-se que a idéia de que o Direito Penal deve ser orientado a satisfazer
as necessidades de uma nova sociedade, consistindo, pois, em um sistema aberto a novas
políticas criminais é por demais atraente, merecendo novos estudos e reflexões sobre o
tema de um sistema penal teleologicamente orientado.
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BIBLIOGRAFIA
Cerezo Mir, José. Curso de Derecho Penal español, II. Madrid: Tecnos, 1.998.
Gomes, Luiz Flávio. Curso de Direito Penal pela internet, PG – Fato punível, in
www.estudoscriminais.com.br, em 13/02/02.
Prado, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. 2ª edição. RT: 2.000.
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NOTAS
1. Neste sentido: Claus Roxin, Wolfgang Frisch, Hans-Ludwig Günther, Harro Otto,
Bernd Schünemann, Günther Jakobs, dentre outros.
2. Diego Manuel Luzón Peña, Santiago Mir Puig, Margarita Martinez Escamilla etc.
5 Idem, p. 39.
6Gomes, Luiz Flávio, Curso de Direito Penal pela internet, PG – Fato punível, in
www.estudoscriminais.com.br, em 13/02/02.
10 Idem, p.69.
17 Idem, p. 38.
19 Cerezo Mir, José, Curso de Derecho Penal español, II, Madrid, Tecnos, 1.998, p.
44.
20 - Observa-se o fato de que a maioria dos manuais de Direito Penal brasileiro não
tratam do tema "funcionalismo penal".