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1 – INTRODUÇÃO
Procurámos neste nosso trabalho dar uma ideia geral do desenvolvimento das relações
entre o mundo rural e o mundo urbano ao longo dos tempos e a forma actual como são
encaradas. Para além disso, não quisemos deixar de dar uma perspectiva sobre o caso
português. Consultámos, para tal, vários trabalhos, de vários autores que, esperamos,
nos possam dar uma ideia, o mais aproximada possível, da realidade que pretendemos
confrontar.
Tanto Afonso de Barros como João Ferrão se debruçam sobre as relações entre o mundo
rural e o mundo urbano e a problemática do espaço. João Ferrão critica as recentes
visões sobre o mundo rural que, segundo ele, revelam uma grande permeabilidade à
ideia de património como elemento estruturador de uma nova geração de estratégias e
políticas de desenvolvimento para este tipo de territórios. Também Afonso de Barros
analisa o processo de reorganização territorial que vêm atravessando as sociedades
modernas, tendo em conta as grandes linhas de transformação dos espaços rurais.
Analisa o posicionamento da sociologia rural perante a problemática do espaço
concluindo ser este que confere especificidade tanto à sociologia rural como à
sociologia urbana e, ao mesmo tempo, como ponto de convergência entre ambas.
João Ferrão apresenta, ainda, diversas orientações estratégicas para a definição de
políticas e medidas que visem uma nova complementaridade rural-urbano, mais sensível
aos ensinamentos da história, aos requisitos ambientais e às expectativas e necessidades
das populações residentes em cada uma dessas áreas.
Por outro lado, Teresa Barata Salgueiro e Aida Valadas de Lima dão-nos uma
perspectiva do caso português. A primeira autora debruça-se, especialmente, sobre as
relações entre o mundo rural e o mundo urbano no nosso país. Dá-nos uma perspectiva
do desenvolvimento dessas relações ao longo dos tempos, assim como uma perspectiva
mais actual, definindo as novas formas de relacionamento entre estes dois mundos.
Quanto a Aida Valadas de Lima debruça-se sobre a agricultura de pluriactividade e,
complementarmente, sobre o que ela própria designa por construção social da
ruralidade. A autora procura colocar a questão da necessidade de redefinir as fronteiras
entre o rural e o urbano. Tomando como realidade empírica de referência, a realidade
portuguesa, procura salientar a pertinência do paradigma da integração entre espaços
sociais, sem deixar de questionar a imagem do “fim do rural”.
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Importa alterar atitudes e comportamentos por parte das pessoas e das organizações e
melhorar as condições reais de acesso, não apenas físico mas também económico e
social, a infra-estruturas, equipamentos e serviços não locais mas de proximidade sub-
regional ou até regional. Só esta visão evitará a falsa alternativa entre duas opções
extremas: manter, a qualquer preço, iniciativas sem qualquer viabilidade económico-
financeira ou encerrar e impedir a criação de novas estruturas incapazes de sobreviver
em termos de mercado (João Ferrão dá o exemplo do serviço de transporte posto
gratuitamente à disposição das populações por algumas grandes superfícies comerciais
localizadas em aglomerados urbanos de média e reduzida dimensão).
Por outro lado, o essencial das instituições de interface localiza-se em áreas urbanas.
Assim sendo, uma relação de complementaridade menos assimétrica e mais simbiótica
entre as populações e as organizações dos mundos rural e urbano implica que os meios
urbanos funcionem como veículo redistribuidor entre as áreas rurais e o mundo exterior,
tanto de forma ascendente (condições de mobilidade e de acesso a mercados distantes)
como descendente (condições de atracção e de disseminação ao nível local). Esta função
redistributiva depende grandemente da disponibilidade evidenciada por parte das
instituições existentes para integrarem as necessidades e os interesses do mundo rural.
Assim, o patamar de exigência nos dias de hoje deve ser colocar na agenda das
instituições de sede urbana os problemas do mundo rural. O papel dos órgãos de
comunicação social e dos movimentos de opinião pública é decisivo para que
determinados assuntos ganhem não só visibilidade mas também notoriedade,
reconhecimento social e credibilidade.
É possível defender que os meios urbanos serão uma ponte entre as áreas rurais e o
mundo exterior, tanto mais eficiente quanto conseguirem transformar-se em focos de
uma cultura de ruralidade susceptível de contribuir não só para consolidar a visão
patrimonialista actualmente dominante mas, também, para a ultrapassar, reintroduzindo
a componente produtiva com a centralidade que esta merece.
3 – O CASO PORTUGUÊS
3.1 – MODELAÇÃO DO SISTEMA URBANO
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4 – CONCLUSÃO
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Esperamos com este nosso trabalho ter conseguido, por um lado, dar uma perspectiva
do pensamento dos quatro autores escolhidos e, por outro, contribuir para a reflexão
sobre as novas orientações estratégicas de forma a poder olhar para o futuro do mundo
rural à luz das grandes linhas de evolução das relações campo-cidade observadas nos
países mais evoluídos.
Tendo em conta o evoluir do movimento teórico que tem vindo a guindar o espaço,
tentámos dar, neste trabalho, uma ideia do novo posicionamento da sociologia rural
perante a problemática do espaço. O campo e a cidade não são compreensíveis em si
mesmos, à margem das relações entre ambos existentes. A problemática espacial vem-
se desenhando, com precisão crescente, como representando o campo analítico e a
perspectiva de análise susceptíveis de conferir especificidade tanto à sociologia rural
como à urbana e, ao mesmo tempo, como ponto de convergência entre ambas.
Gostaríamos de poder olhar para o futuro com esperança na sustentabilidade do meio
ambiente. É para isso necessário olharmos para as relações cidade-campo tendo em
conta os requisitos ambientais e as expectativas e necessidades das populações que
residem em cada uma dessas áreas.
BIBLIOGRAFIA:
- Ferrão, J., 2000, “Relações entre mundo rural e mundo urbano”, Sociologia -
Problemas e Práticas, nº 33, Lisboa: CIES - ISCTE, pp. 45-54.
- Barros, A., 1990, “A Sociologia Rural perante a problemática do espaço”,
Sociologia - Problemas e Práticas, nº 8, Lisboa: CIES - ISCTE, pp. 43-53.
- Lima, A. Valadas, 1990, “Agricultura de pluriactividade e integração espacial”,
Sociologia - Problemas e Práticas, nº 8, Lisboa: CIES – ISCTE, pp. 55-61.
- Salgueiro, T. B., 1992, A cidade em Portugal, Porto: Afrontamento, pp. 55-79,
200-209.
TRABALHO DE:
José Paulo da Costa Neves – Turma: SPA3 – Nº: 22700
Maria Luísa Ekila Madeiras – Turma: SPA3 – Nº: 22707
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ANEXOS
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FIGURA 2
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