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MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ

PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA


7ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DE FORTALEZA
AVENIDA DESEMBARGADOR FLORIANO BENEVIDES, 220
BAIRRO AGUA FRIA – FORTALEZA – CEARÁ - CEP 60 811 690
TELEFONES: (85) 3488 6531 / (85) 3488 6532

EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUIZA DE DIREITO DA 7ª VARA


CRIMINAL DE FORTALEZA - ESTADO DO CEARÁ.

Inquérito nº 2009.0018.6655-3

Denunciado:

NOME: JOSÉ FARES LOPES NETO.


NACIONALIDADE: BRASILEIRO.
NATURALIDADE: FORTALEZA/CE.
ESTADO CIVIL: CASADO.
PROFISSÃO: COMERCIANTE.
NASCIMENTO: 18/01/1982.
PAI: FARES CANDIDO LOPES.
MÃE: MARIA ANTONIETA COSTA LOPES.
ENDEREÇO: RUA DESEMBARGADOR FRANCISCO BARROS
FONTENELE, 1580, JARDIM DAS OLIVEIRAS, FORTALEZA –
CEARÁ.

Denunciado:

NOME: MAURO CARMÉLIO SANTOS COSTA JUNIOR.


NACIONALIDADE: BRASILEIRO.
NATURALIDADE: FORTALEZA/CE.
ESTADO CIVIL: CASADO.
PROFISSÃO: ADVOGADO.
NASCIMENTO: 18/02/1962.
PAI: MAURO CARMÉLIO SANTOS COSTA.
MÃE: TERESA NATERCIA FARIAS COSTA.
ENDEREÇO: AVENIDA WASHINGTON SOARES, Nº1400, SALA 304,
AGUA FRIA, FORTALEZA – CEARÁ.

Denunciado:

NOME: FRANCISCO DE ASSIS PEREIRA.


NACIONALIDADE: BRASILEIRO.
NATURALIDADE: CHAVAL/CE.
ESTADO CIVIL: CASADO.
PROFISSÃO: COBRADOR.
NASCIMENTO: 03/10/1948.
PAI: MANOEL DA HORA PEREIRA.
“O Ministério Público é instituição permanente, essencial a função jurisdicional 1
do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis”( Artigo 127, caput, da Constituição
Federal )
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MÃE: MARIA APARECIDA SANTOS PEREIRA.
ENDEREÇO: RUA FRANCISCO LEANDRO, 160 8A, MESSEJANA,
FORTALEZA – CEARÁ.

O representante do Ministério Público do Estado do Ceará, no uso


de suas atribuições constitucionais, especialmente aquelas do artigo 129,
inciso I da Magna Carta, vem respeitosamente à presença de V. Exa.,
oferecer a presente DENÚNCIA contra o(s) acriminado(s) acima
qualificado(s), pelo que passamos a expor, para em seguida requerer:

DA NARRAÇÃO DOS FATOS


1. Consta no anexo inquérito policial, aberto por portaria, que a empresa
“AIG FACTORING”, atualmente denominada como “ATG
FACTORING FOMENTO COMERCIAL LTDA”, contratou os
serviços do escritório de advocacia “MAURO CARMÉLIO
ADVOGADOS ASSOCIADOS”, cuja titularidade pertence ao Dr.
Mauro Carmélio Santos Costas Júnior, OAB/CE 6.426, para que
realizasse a cobrança de 17 (dezessete) cheques inadimplidos, que
juntos totalizavam a quantia de R$ 50.447,00 (cinquenta mil
quatrocentos e quarenta e sete reais), pela empresa “MARCPLAST
INDÚSTRIA DO NORDESTE LTDA”, conforme se infere das fls. 08
dos autos.

2. No final do ano de 2005 o advogado Mauro Carmélio apresentou a seu


cliente um termo de confissão de dívida (com algumas rasuras, como se
infere das fls. 15 dos autos), datado de 15 de setembro de 2005, onde a
empresa devedora supostamente se obrigava a pagar 30 (trinta) parcelas
de R$ 2.000,00 (dois mil reais) em beneficio de “MAURO
CARMÉLIO ADV. ASSOCIADOS S/C”, ao invés de constar o nome
do legitimo credor (a empresa “ATG FACTORING FOMENTO
COMERCIAL LTDA”), fato que intrigou bastante o Sr. Leonam
Onofre Cavalcante Sobrinho (representante legal da empresa “ATG
FACTORING FOMENTO COMERCIAL LTDA”), entretanto o
2
“O Ministério Público é instituição permanente, essencial a função jurisdicional
do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis”( Artigo 127, caput, da Constituição
Federal )
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supramencionado advogado garantiu que repassaria todos os valores
recebidos para o credor de direito.

3. Ocorre que, de fato, o escritório de responsabilidade do Dr. Mauro


Carmélio Santos Costas Júnior sequer repassou uma parcela completa
recebida ao legítimo credor, tendo entregue a este apenas a quantia de
R$ 1.250,00 (hum mil duzentos e ciquenta reais), em 19 de outubro de
2005, referente a uma suposta parcela de R$ 2.000,00 (dois mil reais)
recebida.

4. Em face da inércia dos repasses dos pagamentos, o Sr. Leonam Onofre


Cavalcante Sobrinho procurou novamente o Advogado Mauro
Carmélio que lhe informou que a empresa “MARCPLAST” não estava
cumprindo o acordado, razão pela qual havia ingressado com uma ação
de execução que tramitava na 11ª Vara Cívil sob o número
“2006.000835632-8/0”, tendo inclusive mostrado ao representante legal
da vítima cópia do espelho de andamento processual com timbre do TJ-
CE (como se infere das fls. 24 e 25 dos autos).

5. Tal ação, entretanto, como restou provado no inquérito policial nunca


existiu, não tendo sido localizado qualquer processo que tenha como
parte a empresa “AIG FACTORING”, nem tampouco a empresa “ATG
FACTORING FOMENTO COMERCIAL LTDA”, como dispõe a
certidão emitida por aquele juízo que dormita às fls. 30 dos autos.

6. O escritório de advocacia “MAURO CARMÉLIO ADVOGADOS


ASSOCIADOS” ainda requereu da empresa “ATG FACTORING
FOMENTO COMERCIAL LTDA” a quantia de R$ 704, 91 (setecentos
e quatro reais e noventa e um centavos) para o pagamento das custas
processuais, dinheiro este que foi entregue ao preposto do referido
escritório, o Sr. JOSÉ FARES LOPES NETO, tendo o Dr. Mauro
Carmélio Santos Costas Júnior apresentado ao Sr. Leonam Onofre

“O Ministério Público é instituição permanente, essencial a função jurisdicional 3


do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis”( Artigo 127, caput, da Constituição
Federal )
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Cavalcante Sobrinho uma cópia de recolhimento do “FERMOJU”,
documento constante nas fls. 18 dos autos, que comprovaria a suposta
prestação de seus serviços, diga-se, por ser importante, que tal guia de
recolhimento é falsa.

7. As falsificações com o fim de manter a vítima em erro não pararam por


aí, uma vez que o advogado Mauro Carmélio Santos Costas Júnior
apresentou ao representante legal da vítima um Mandado de Penhora e
Avaliação supostamente assinado pela magistrada MARIA IRANEIDE
SILVA, sendo que, como se demonstrará, tal documento também é
falsificado (vide fls. 26 dos autos) , tendo sido supostamente emitido
em 21 de janeiro de 2007.

8. Nos autos da disquisição policiail restou comprovado que a referida


magistrada sequer, em toda sua vida, respondeu pela 11ª Vara Civil da
Comarca de Fortaleza, sendo esta, uma nova falsidade engendrada pelos
denunciados.

9. Estas ações falsificatórias dos réus tinham por escopo ludibriar a


vitima, mantendo-a com a falsa impressão que seus contratados
estavam defendendo os seus interesses, quando estes, na verdade,
estavam se locupletando ilicitamente do patrimônio do ofendido,
recebendo o dinheiro que era pago pela “MARCPLAST INDÚSTRIA
DO NORDESTE LTDA” referente ao resgate dos cheques que haviam
sidos emitidos.

10. No inquérito policial restou comprovado que a empresa devedora teria


pago ao senhor Francisco de Assis Pereira valor equivalente ao resgate
de 15 (quinze) dos 17 (dezessete) cheques emitidos em favor “ATG
FACTORING FOMENTO COMERCIAL LTDA”.

11. A representante legal da empresa “MARCPLAST INDÚSTRIA DO


NORDESTE LTDA”, Ana Marcia Ferreira da Cunha, narrou perante o
“O Ministério Público é instituição permanente, essencial a função jurisdicional 4
do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
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reitor da ordem pública que de fato emitiu cheques em favor da “ATG
FACTORING FOMENTO COMERCIAL LTDA”, os quais não pôde,
na época, honrar, ocasião em que começou negociar sua dívida com o
“Sr. Leonam”.

12. Ana Márcia Ferreira da Cunha asseverou que posteriormente (não sabe
precisar quando) foi procurada por Francisco de Assis Pereira, tendo
este se apresentado como advogado do escritório “MAURO
CARMÉLIO ADVOGADOS ASSOCIADOS” e patrono jurídico da
“AIG FACTORING FOMENTO COMERCIAL LTDA”, tendo-lhe
proposto assinar um Termo de Confissão de Dívida, algo que se negou
a fazer, instante em que disse a este suposto advogado que adimpliria
com suas obrigações paulatinamente, que resgataria todos os cheques,
um a um, o que de fato ocorreu, já que até o dia 05 de junho de 2009
havia resgatado 15 (quinze) dos 17 (dezessete) cheques que havia
emitido em favor da empresa vítima.

13. A representante legal da empresa “MARCPLAST INDÚSTRIA DO


NORDESTE LTDA” aduziu que o Sr. Francisco de Assis Pereira lhe
emitia recibos que comprovavam o pagamento do débito, além de
restituir os cheques originais emitidos (os quais garantiu ter em sua
posse). Fato que constatamos ser verdadeiro, consoante documentos
anexados nas fls. 41 usque 46 dos autos.

14. Temos como compravado, portanto, que os delatadaos, todos do


escritório de advocacia “MAURO CARMÉLIO ADVOGADOS
ASSOCIADOS”, tenham, dentre outros delitos, falsificado o referido
Termo de Confissão de Dívida.

15. A Juíza de Direito Maria Iraneide Moura Silva, narrou perante o reitor
da ordem pública que foi comunicada pelo Advogado Mozart Gomes de
Lima Neto acerca do suposto mandado de penhora ordenado por sua

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pessoa, o qual disse ser falso, até mesmo porque JAMAIS respondeu
por aquele juízo.

16. O Sr. Leonam Onofre Cavalcante Sobrinho narrou perante autoridade


policial que após descoberto os fatos ilícitos em epígrafe entrou em
contato como Mauro Carmélio Santos Costas Júnior com o fim de ter
seu prejuízo sanado, tendo este proposto pagar-lhe R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais) em 26 (vinte e seis) parcelas.

17. Mesmo o valor sendo inferior ao devido, Leonam Onofre Cavalcante


Sobrinho aceitou a proposta, entretanto Mauro Carmélio não
concretizou o acordo verbal.

18. O Dr. Mauro Carmélio Santos Costas Júnior, conhecedor do


ordenamento jurídico brasileiro que é, demonstrou total destemor aos
mecanismos repressivos pátrio, ficando bem claro aos nossos olhos o
seu animus de postergar a querela e beneficiar-se às custas de outrem,
apropriando-se de coisa alheia móvel a qual tinha posse.

19. Mauro Carmélio Santos Costas Júnior narrou perante o reitor da ordem
pública que de fato recebeu do Sr. Leonam Onofre Cavalcante Sobrinho
17 (dezessete) cheques emitidos pela empresa “MARCPLAST
INDÚSTRIA DO NORDESTE LTDA”, os quais repassou para seu
primo JOSÉ FARES LOPES NETO, para que este realizasse as devidas
cobranças, já que o mesmo, em sociedade com Francisco de Assis
Pereira, possuía um firma especializada em cobrança.

20. O delatado Mauro Carmélio Santos Costas Júnior asseverou que desde
então não teve qualquer contato com o Sr. Sr. Leonam Onofre
Cavalcante Sobrinho, nem com seu primo Fares Neto, até que o Dr.
Mozart Gomes o procurou para saber o motivo pelo qual o crédito de
seu cliente não era repassado, ocasião em que ficou sabendo das fraudes
perpetradas para manter a vítima em erro.
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21. O supramencionado advogado afirmou que foi uma surpresa saber que
Fares Neto havia falsificado vários documentos, e que não reconhece a
assinatura constante nas fls. 19 dos autos como sendo sua, todavia
confirma ter assinado o Termo de Confissão de Dívida constante nas
fls. 48 dos autos, o qual Ana Marcia Ferreira da Cunha nega ter
assinado.

22. Mauro Carmélio Santos Costas Júnior aduziu ter recebido de José Fares
Lopes Neto apenas a quantia de R$ 1.200,00, referente ao suposto
acordo feito com empresa “MARCPLAST INDÚSTRIA DO
NORDESTE LTDA”, quantia esta que repassou para seu cliente.

23. O acusado José Fares Lopes Neto narrou em seu interrogatório que não
possui firma de cobrança, mas que é cobrador autônomo, razão pela
qual recebeu do acusado Mauro Carmélio ente 15 a 17 cheques para
efetuar cobranças.

24. Fares Neto asseverou que durante cinco anos recebeu dinheiro referente
a esses cheques, quantia que recebia de forma aleatória e paulatina, até
que em novembro de 2008 o Sr. Leonam manifestou insatisfação na
forma que estes valores eram pagos pela “MARCPLAST INDÚSTRIA
DO NORDESTE LTDA”, ocasião em que disse ao representante legal
da empresa credora que iria devolver os cheques através da pessoa do
Dr. Mauro Carmélio, e “acertaria as contas do recebimento” (sic).

25. O referido acusado disse que acredita que aproximadamente cinco dos
cheques emitidos pela “MARCPLAST INDÚSTRIA DO NORDESTE
LTDA” estão com Mauro Carmélio, enquanto 11 (onze) ainda estão sob
sua posse, não sabendo precisar a quantia que recebeu.

26. José Fares Lopes Neto declarou que a empresa devedora pagava
paulatinamente cada cheque, e que quando a quantia paga atingia o
valor de um cheque, este era devolvido.
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27. O supramencionado acusado, em termo de declarações bastante
confuso, asseverou que o Sr. Leonam desentendeu-se com o Dr. Mauro
Carmélio, pois esse achava que teria direito a receber R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais), enquanto este achava que a soma dos cheques
recebidos só totalizavam R$ 42.000,00 (quarenta e dois mil reais), razão
pela qual, em janeiro de 2009, firmaram um contrato num valor
aproximado da dívida de R$74.000,00 (setenta e quatro mil reais), que
sua pessoa (Fares Neto) e Mauro Carmélio pagariam em 36 meses.
Entretanto, posteriormente, o representante da empresa credora veio a
desistir do acordo.

28. Esta versão do indiciado Fares Neto é inverrossímel, posto que, é


razoável se indagar por que uma empresa desistiria de um acordo desta
natureza, onde receberia o que lhe era devida e uma quantia a mais (R$
24.000,00) que possivelmente seria a título indenizatório.

29. O delatado Fares Neto, em continua declarações asseverou que seu


amigo Francisco de Assis Pereira não tem qualquer envolvimento nesse
negócio, tendo apenas trabalhado a seu pedido no sentido de realizar
cobranças.

30. Segundo Fares Neto sempre que a empresa devedora realizava algum
pagamento, sua pessoa dava a Francisco de Assis Pereira uma
comissão, entretanto nega que seu amigo tenha recebido a quantia de
R$ 43.000,00 (quarenta e três mil reais) da “MARCPLAST
INDÚSTRIA DO NORDESTE LTDA”, até porque os cheques que
recebeu totalizavam apenas R$ 42.000,00 (quarenta e dois mil reais).

31. José Fares Lopes Neto admite que chegou a receber a quantia de R$
26. 000,00 (vinte e seis mil reais) dos cheques que lhe foram entregues,
tendo repassado cerca de R$ 19.500,00 (dezenove mil e quinhentos

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reais) ao credor de direito, e ficado com R$ 6.500,00 (seis mil e
quinhentos reais) referentes a sua comissão.

32. O referido delatado negou qualquer envolvimento com as falsificações


perpetradas para manter a vítima em erro, tendo aduzido que falou ao
Dr. Mauro Carmélio e ao Sr. Leonam que assumiria qualquer débito ou
diferença de valores que houvesse na prestação de contas, já que as
cobranças haviam sido feitas por sua pessoa.

33. O acusado Francisco de Assis Pereira narrou perante autoridade policial


que é titular da empresa de cobrança “RECUPERA CRÉDITO E
COBRANÇA LTDA”, que foi procurado por José Fares Lopes Neto, a
quem conhece há mais de vinte anos, para realizar cobranças acerca de
10 (dez) cheques que totalizavam quantia aproximada de R$ 70.000,00
(setenta mil reais), valor este que inicialmente disse recordar-se muito
bem, entretanto posteriormente (ainda durante o mesmo interrogatório)
disse não saber precisar se o valor dos cheques recebidos totalizavam
R$ 70,000,00 (setenta mil reais) ou R$ 50,000, 00 (cinquenta mil reais)

34. Francisco de Assis Pereira asseverou que de toda quantia que era paga
retirava 50 % referente à sua comissão (conforme disse ter combinado
com José Fares Lopes Neto) e repassava o restante, entretanto afirmou
não saber ao certo quanto chegou a receber pelas cobranças efetuadas,
mas disse que esse valor poderia ser equivalente a quantia de R$
43.000,00 (quarenta e três mil reais).

35. O supracitado delatado disse ter apresentado à empresa devedora um


termo de confissão de dívida assinado a seu favor (não se recordando se
em nome de sua empresa ou de sua pessoa física).

36. Francisco de Assis Pereira negou que se apresentasse como advogado,


negandp também que sabia que os cheques que cobravam eram

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provenientes do escritório do Dr. Mauro Carmélio, apesar de admitir já
ter prestado serviços de cobrança para este.

37. O referido acusado negou também ter conhecimento de qualquer


falsificação de documento ou ação de execução referente ao caso em
baila, deixando claro que em nenhum momento utilizou qualquer tipo
de documento para pressionar a empresa devedora honrar com seus
compromissos.

38. Francisco de Assis Pereira em contínuo interrogatório aduziu que ao


receber valores de Ana Márcia Ferreira da Cunha emitia recibos
referentes ao valor recebido e discriminava que aquele valor era parte
do pagamento de determinado cheque.

39. Vemos claramente com as declarações dos acriminados são


contraditórias e nem um pouco convincente, estando este representante
do Ministério Público convencido que os acusados agiram em conluio,
comunhão de designos, com o fim se apropriarem indevidamente de
valores pertencentes por direito à empresa “ATG FACTORING
FOMENTO COMERCIAL LTDA”.

DA IMPUTAÇÃO CRIMINAL

1. A conduta dos denunciados ao se apropriar do valor pago referentes


a 15 cheques dados pela empresa “MARCPLAST INDÚSTRIA DO
NORDESTE LTDA” e que pertenciam à empresa “ATG
FACTORING FOMENTO COMERCIAL LTDA” incidiu na figura
típica do artigo 168 §1º, III c/c artigo 69, caput (15 apropriações
indébitas).

2. A conduta dos denunciados ao falsificarem o documento de penhora


(pg. 26 dos autos) e o documento de Fermorju (pg. 18 dos autos)

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incidiu na figura téipica do artigo 297, caput, a estes tipos penais
incidindo também as disposições do artigo 69, caput, do Código
Penal Brasileiro.

3. Os acriminados incidiram ainda na figura delituosa do artigo 298 do


Código Penal Brasileiro ao falsificarem o termo de confissão de
dívida de folhas 15 do anexo inquérito policial.

4. Também imputo aos denunciados, a prática do crime de estelionato


em concurso material de crimes, uma vez, mantiveram a vítima em
logro para obterem vantagem ilícita por mais de dois anos (de 19 de
outubro de 2005, quando falsificaram o termo de confissão de
dívida até, pelo menos, 21 de janeiro de 2007, quando apresentaram
o mandado de penhora e avaliação falsificado).

DOS PEDIDOS

1. Que este Juízo receba a presente DENÚNCIA em todos os seus termos,

para que ao final do presente procedimento considere-a inteiramente

procedente, condenando o acriminado nas penas do artigo a ele imputado.

2. Que seja ordenada a CITAÇÃO do acusado, para que, querendo, responda

nos moldes do artigo 396 e seguintes do CPP aos termos da denúncia e

também para que compareça à audiência uma de instrução e interrogatório.

3. Que seja ordenada a INTIMAÇÃO de todas as testemunhas arroladas nesta

DENÚNCIA, para que deponham em juízo sobre estes fatos, sob as penas

da lei.

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4. QUE SEJA ENVIADA CÓPIA DOS AUTOS À ORDEM DOS

ADVOGADOS DO BRASIL PARA QUE SEJA ADOTADO OS

PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS CABÍVEIS;

5. QUE SEJA FEITO EXAME GRAFOTÉCINICO NO TERMO DE

CONFISSAO DE DIVIDA SUPOSTAMENTE ASSINADO PELA

SRA. ANA MARCIA FERREIRA DA CUNHA.

6. QUE SEJAM JUNTADOS AOS AUTOS OS EXAMES

GRAFOTÉCNIOS REALIZADOS ACERCA DA FALSIFICAÇÃO

DO MANDADO DE PENHORA E AVALIAÇÃO, SUPOSTAMENTE

EMITIDO PELA MM. MARIA IRANEIDE MOURA SILVA.

ROL DE TESTEMUNHAS E VÍTIMA

1. LEONAM ONOFRE CAVALCANTE SOBRINHO, VÍTIMA,


REPRESENTANTE LEGAL DA EMPRESA “ATG FACTORING
FOMENTO COMERCIAL LTDA” FLS. 36;
2. MARIA IRANEIDE SOUZA SILVA, VÍTIMA, JUÍZA DE DIREITO,
FLS. 03;
3. ANA MARCIA FERREIRA DA CUNHA, FLS. 39.

P. deferimento.
Fortaleza, 03 de dezembro de 2009.

Luiz Antônio Abrantes Pequeno


Promotor de Justiça
Titular da 7ª Promotoria Criminal

“O Ministério Público é instituição permanente, essencial a função jurisdicional 12


do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis”( Artigo 127, caput, da Constituição
Federal )

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