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Jornal Interno de Saúde

(O Jornal Interno de Saúde é um documento interno do SMS desenvolvido com o objetivo de levar aos
colegas de trabalho informações úteis sobre o tema da Saúde, obtidas em sites especializados e/ou
adaptadas pela Coordenação de SMS. Lembramos que as informações aqui contidas não se destinam a
prescrever medicamentos e nem induzir os colegas a automedicação. Quem deve avaliar o estado clínico e
medicar é o Médico Especialista)

Assunto da Semana: Zumbido


O que é?
O zumbido, também denominado acúfeno, tinnitus ou tinido, é uma sensação de som percebido
pelo indivíduo na ausência de uma fonte sonora externa. É uma das queixas de problemas no ouvido
mais comum e freqüentemente vem associada com tontura e surdez.
O zumbido pode ser considerado como um sintoma de alguma doença ou como seqüela de
alguma agressão sofrida pelo ouvido (externo, médio, interno). Existe uma estimativa de que 6% a 17%
da população apresenta zumbido. Em sua forma severa, que corresponde a cerca de 20% dos casos, o
zumbido causa sofrimento ao paciente; é a queixa principal e freqüentemente dramática na consulta
médica. Felizmente, a maioria dos pacientes não sofre com o zumbido; referem-no secundariamente ou
quando são inquiridos.

Como é?
O barulho (zumbido) pode ser referido como um chiado, apito, barulho de chuveiro, de cachoeira,
de concha, de cigarra, do escape da panela de pressão, de campainha, do esvoaçar de inseto, de
pulsação do coração, batimento da asa de borboleta e de outros modos. Pode ser de forma contínua ou
intermitente, constante, mono ou politonal.
O zumbido pode ser subjetivo quando é somente ouvido pelo paciente; ou objetivo, quando
outras pessoas também podem ouvi-lo.
Quanto à intensidade, pode ser considerado leve quando só é percebido pelo paciente em certas
situações; moderado quando o paciente sabe da sua existência, porém não o incomoda; intenso
quando a sensação desagradável o incomoda, prejudicando-o em diversas situações ou atividades;
severo quando a manifestação se torna intolerável, acompanhando-o todo o tempo e dele não
conseguindo se livrar, prejudicando-o ininterruptamente em suas atividades. O grau de desconforto,
intolerância ou incapacidade causado ao paciente nem sempre se relaciona com o grau de intensidade do
zumbido. As alterações psicológicas, freqüentemente presentes, exercem fortes influências no
agravamento do sintoma zumbido.

afnavarro@ABC da Saúde 2003


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O ouvido é divido em três partes: externo, médio e interno. O ouvido externo é formado pela orelha e canal auditivo
com a membrana timpânica no fundo do canal. No ouvido médio estão os três ossículos (martelo, bigorna, estribo) e a
abertura da tuba auditiva. O ouvido interno também chamado de labirinto, é formado pelo aparelho vestibular
(equilíbrio) e cóclea (audição). O som chega ao cérebro através do nervo coclear.

Zumbido tem causa?


Muito se fala sobre a dificuldade de tratamento do zumbido, mas essa dificuldade será bem
menor se soubermos a causa que o originou.
O zumbido continua sendo considerado como um sintoma sem cura estabelecida. Entretanto, isto
não significa que nada se possa fazer pelo paciente, principalmente sabendo que a determinação da
causa é de suma importância para obter maior possibilidade de êxito no tratamento. Basicamente
existem dois tipos de zumbido:
 zumbidos gerados pelo sistema auditivo.
 zumbidos gerados pelo sistema pára-auditivo, formado pelas estruturas próximas ao sistema
auditivo.
Os zumbidos gerados pelo sistema auditivo são os mais freqüentes e podem se originar em
qualquer local das vias auditivas, desde o conduto auditivo externo até o cérebro. São divididos em sete
principais grupos causadores, a saber:
 Causas otológicas: a princípio, qualquer doença ou distúrbio do ouvido pode vir acompanhado de
zumbido, desde o ouvido externo (cera no conduto auditivo), ouvido médio (otite) e ouvido interno
(ruído intenso).
 Causas metabólicas: alterações metabólicas, especialmente da glicose, triglicerídios e hormônios
tireoideanos podem causar ou acentuar o zumbido.
 Causas cardiovasculares: devem ser analisadas, pois são doenças facilmente encontradas na
população em geral. As mais comuns são: anemia, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, entre
outras. De modo geral, essas doenças promovem uma diminuição do fluxo sangüíneo na cóclea
(ouvido interno), provocando um zumbido agudo.
 Causas neurológicas: doenças neurológicas (esclerose múltipla), traumatismo de crânio, tumores,
seqüelas de infecções neurológicas (meningite), entre outras, podem ser causa de zumbido. Algumas
vezes, o zumbido pode ser referido na cabeça e não propriamente nos ouvidos.
 Causas farmacológicas que merecem um alerta: O American Physician's Desk Reference lista mais de
70 medicamentos que podem provocar zumbido como efeito colateral, entre eles: ácido acetilsalicílico
(aspirina), antiinflamatórios, certos antibióticos e alguns antidepressivos.
 Causas odontológicas: segundo alguns autores, a disfunção da articulação têmporo-mandibular (ATM),
bem como do aparelho mastigador podem causar zumbido.
 Causas psicológicas: ansiedade e depressão podem estar envolvidas com zumbido. Muitas vezes, é
difícil diferenciar se isso é causa ou conseqüência ou mera coincidência, principalmente, no paciente
que já apresenta ambos os problemas há vários anos.
Os zumbidos gerados pelo sistema pára-auditivo (estruturas próximas ao sistema auditivo) são
geralmente causados por alterações nos vasos arteriais ou venosos, nos músculos ou na tuba auditiva.
Resumidamente, são divididos em vasculares (pulsáteis) e musculares (cliques). As principais causas são
os tumores vasculares, as malformações vasculares, as contrações rápidas (involuntárias, rítmicas) de
um ou vários grupos musculares e a disfunção da tuba auditiva.

Causa do zumbido: como o médico faz o diagnóstico?


A história do paciente é o primeiro e o mais importante passo no diagnóstico. A descrição de
alguns tipos de zumbido, a maneira como o paciente relata, o desconforto que ele produz, podem ser
informações úteis na avaliação do médico, sugerindo as prováveis etiologias de cada caso.
O passo seguinte na avaliação do médico é o exame do paciente. Consiste no exame físico
(pressão arterial, pulso, peso, exame otorrinolaringológico), avaliação da audição e equilíbrio. Um exame
de imagem como a tomografia computadorizada ou ressonância magnética poderá ser necessário para
estudo do ouvido médio, interno e estruturas crânio-encefálicas relacionadas. Exames laboratoriais
poderão ser solicitados como sangue, secreções, excreções ou fragmento de tecido, a fim de detectar
possíveis alterações tóxicas, infecciosas, sangüíneas, metabólicas, endócrinas, renais, hepáticas,
intestinais. A avaliação cuidadosa, minuciosa, criteriosa e global de todas as informações obtidas poderá
determinar o diagnóstico etiológico (causa) do zumbido. Sabendo a causa, será dado um passo à frente

afnavarro@ABC da Saúde 2003


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na obtenção de melhores resultados, pois vai tornar possível tratar de modo específico a doença da qual
o zumbido é apenas um sintoma.

Como se trata?
Antes de tudo, o médico deve tranqüilizar o paciente quanto à pequena probabilidade de doença
grave. Muitos pacientes diminuem a percepção de seu zumbido apenas com palavras confortantes que
lhe tirem quaisquer suspeita de "tumor na cabeça" ou "enlouquecimento". Também é importante
assegurar ao paciente que dificilmente seu zumbido vai piorar, mas pelo contrário, na maioria dos casos
pode ocorrer uma melhora com o passar do tempo.
Os ambientes excessivamente barulhentos devem ser evitados, pois é muito freqüente a queixa
de piora após exposição ao ruído. Também evitar o abuso de cafeína, limitando seu uso a três xícaras de
café caseiro por dia. Chocolate, chá (preto e mate) e refrigerantes (tipo cola) também contêm cafeína e,
além disso, muitos produtos ditos descafeinados não são isentos de cafeína, mas apresentam redução de
50% no seu teor. Evitar o fumo e o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, fatores considerados
agravantes do zumbido.
Certos medicamentos em uso podem ser a causa do zumbido, como, por exemplo, o ácido
acetilsalicílico (aspirina) e os antiinflamatórios. Alguns pacientes podem, ao mesmo tempo, estar
tomando vários remédios (diabete, hipertensão, coração, depressão, ansiedade, reumatismo) e, nesses
casos, fica difícil saber qual das medicações pode ter feito o zumbido aparecer ou piora
Se houver a constatação de alterações psicológicas relevantes como depressão e ansiedade,
agravando o zumbido, um tratamento com o psicólogo ou psiquiatra tornar-se-á necessário. Tratamento
medicamentoso: não existe fórmula única de tratamento para o zumbido. Cada caso é um caso e,
portanto, o tratamento deve ser adequado para cada paciente.
O tratamento da causa é o mais eficaz, neutralizando ou suprimindo o agente agressor, curando
ou melhorando o zumbido. Muitas vezes, a causa não ficou estabelecida e para esses pacientes existem
vários medicamentos disponíveis com potencial para promover alívio. Caso isso não aconteça com a
primeira opção, muitas outras podem ser usadas.
 Terapia de habituação: é uma terapia comportamental, um retreinamento das vias auditivas cujo
objetivo é provocar o desaparecimento de reação ao som do zumbido e a perda de sentimentos
negativos associados. É um processo terapêutico longo, do qual são partes importantes o
enriquecimento dos sons ambientais, o aconselhamento intensivo explicando ao paciente os
mecanismos do zumbido e o apoio psicológico.
 Mascaramento: consiste na utilização de um aparelho auditivo que produz um ruído constante, a fim
de encobrir o zumbido. Baseia-se no princípio de que o ruído externo é bem mais tolerado do que o
zumbido. Esses aparelhos podem ser somente mascaradores de zumbido, ou então estarem
associados com próteses auditivas (aparelhos de surdez), dependendo da audição do paciente.
 Outros métodos de tratamento poderão ser utilizados para diminuir a percepção do zumbido, como a
estimulação elétrica da cóclea, a acupuntura e técnicas de relaxamento.

Como o zumbido evolui?


A maneira como o zumbido severo evolui com o passar do tempo é uma informação importante
no aconselhamento médico-paciente. Respondendo a questionários, a maioria dos pacientes afirmou que
passou a tolerar melhor o zumbido com o passar do tempo; aqueles que foram submetidos à terapia de
habituação responderam que o zumbido diminui. A conclusão importante é que o zumbido severo
melhora com o passar do tempo, especialmente para os pacientes submetidos a tratamento psicológico
concomitante.

Perguntas que você pode fazer ao seu médico


 Zumbido é doença?
 Por que estou com zumbido?
 O meu zumbido tem cura?
 Se o meu zumbido não tem cura no momento, o que devo fazer para conviver com ele?

afnavarro@ABC da Saúde 2003

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