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A Vida Secreta da Criança com Dislexia

Robert Frank – PhD – com dislexia grave.

Resumo:

A maneira como você vai ensinar, apoiar e o modo como vai reagir e ajudar a
criança disléxica a lidar com esse transtorno contribuirá de forma decisiva para
o sucesso na vida dele.
A dislexia traz dificuldades na escrita, nas relações espaciais, nas direções, na
administração do tempo, na lembrança de palavras e na memória.
A maioria dos indivíduos disléxicos possui inteligência igual ou superior à
média. Crianças com dislexia usam quase cinco vezes mais da área cerebral
do que as “normais”.
Quando pedem a uma criança com dislexia para escrever uma história ou
carta, muitas vezes ela não consegue pensar na palavra que quer usar ou não
imagina como soletrá-la. Uma simples palavra como “só” ou “deles” pode ser
problemática.
Numa prova, o conteúdo pode fugir da lembrança ou o disléxico pode não
entender a essência da pergunta e perder muitos pontos com isso.
Lembrar nomes é uma dificuldade comum para os disléxicos.
Encoraje o disléxico a falar de seus medos. Ele precisa saber que você não vai
rir dele ou depreciar suas preocupações. Deixe-o saber que pode vir a você a
qualquer momento para falar sobre o que o está perturbando.
Muitas pessoas com dislexia têm dificuldades com a lembrança de palavras. A
informação é armazenada no cérebro, mas a recuperação apresenta um
problema. Não perca a paciência quando as palavras simples não saem. Isso
apenas aumenta o sentimento de frustração e de inferioridade da criança.
Escrever um bilhete pode ser uma tarefa difícil para o disléxico, ele pode riscar
palavras, apagá-las, substituí-las e geralmente faz uma bagunça.
A frustração e a tensão se elevam à medida que a criança percebe que está
perdendo outras atividades porque uma tarefa comum toma-lhe muito tempo.
A desorganização que algumas crianças vivenciam pode levar ao sentimento
de confusão e desespero. Quando ela não consegue se concentrar ou sua
mente vagueia, é difícil terminar uma tarefa simples antes de passar para a
próxima.
Parece que a criança com dislexia é extraordinariamente esquecida. Ela não
teve tempo de processar a informação.
Frequentemente, quando um professor dá ordens, a criança vai pedir para que
ele repita. Na verdade, a criança quer dizer que não entendeu o que foi dito,
pois o cérebro é incapaz de processar informações rapidamente.
Com freqüência o disléxico culpa os outros acreditando que sua própria
confusão é resultado do erro dos outros. A percepção de que o erro é seu pode
levá-lo a sentimentos de inferioridade e de perda.
Uma profunda sensação de isolamento e solidão é comum entre as crianças
com dislexia. Será confortante para elas estar com outras crianças que
compartilhem das mesmas preocupações, desafios e experiências.
Pressionar um disléxico apenas causará repetição de erros além do sentimento
de profunda inadequação e incompetência. Muitas vezes eles ficam mais
frustrados e bravos.
É necessário compreender o impacto emocional que a dislexia provoca no dia-
a-dia da criança.
Leitura para a criança com dislexia não é divertida, ela pode inverter ou
misturar as letras. Nomes e palavras vão ser sempre confundidos. Uma
simples palavra pode ser escrita errada e um fato óbvio, esquecido.
O terror de errar que toda criança sente é ampliado na criança com dislexia,
porque o erro foi cometido com alguma coisa que para os outros é simples e
básico, - que uma criança da pré-escola deveria saber. Enquanto todas as
crianças erram e geralmente superam seus erros, a vergonha recorrente da
criança disléxica pode fazê-la desistir de ir atrás de coisas que quer fazer.
Provas-surpresa, mudanças de planos ou de direção e projetos de última hora
podem ser catastróficos para a criança. Preparação e organização são a chave
para seu sucesso. Mudanças inesperadas podem determinar a diferença entre
o sucesso e o fracasso.
Os lados emocional e cognitivo da dislexia estão sempre entrelaçados. Todas
as pessoas são boas em algumas coisas e têm dificuldades em outras.
Encoraje o disléxico a pensar em seus pontos fortes em vez de dar ênfase aos
pontos fortes dos outros. Conte a ele sobre seus próprios pontos fracos.
Encoraje a criança a se concentrar em seu próprio desenvolvimento e
progresso, sem se comparar aos colegas. Ela sente que é a única do mundo
que não “capta”. Você precisa penetrar em sua mente e compreender como é
ser como ele.
As crianças com dislexia demoram muito mais tempo para escrever.
Quando um disléxico escuta uma longa lista de itens ou de direções a seguir, a
informação pode ficar confusa em sua mente. Os disléxicos não entendem os
pontos principais de histórias ou livros que leram, costumam ter problemas em
compreender fatos após lerem uma passagem.
Crianças disléxicas cometem muitos erros quando lêem e podem ser
constantemente corrigidas por seus colegas ou adultos fora de casa. Ela pode,
na hora de escrever, se confundir sobre por onde começar, quais deveriam ser
os elementos principais do parágrafo, quais partes essenciais a serem
transmitidas e em que ordem colocar tudo isso.
As palavras e os números, direções como direita e esquerda, norte e sul,
podem se tornar confusos no cérebro de uma pessoa com dislexia. De forma
parecida, ela pode ter dificuldade em organizar itens como criar um sistema de
arquivamento ou compreender o conceito de cronologia.
O disléxico não só tem dificuldade em recuperar informações que arquivou em
seu cérebro, mas também a tem com a organização, como anotar e organizar
informações em cadernos e pastas. Para ele, não saber qual passo vem depois
do outro em uma sequência, é uma vivência comum.
É importantíssimo contar aos outros sobre sua dislexia, caso contrário, é
possível que os colegas riem ou se irritem com o disléxico e suas dificuldades.
É difícil para o disléxico anotar informações. É preciso que ele aprenda a usar
frases simples para isso.
Ajude a criança a manter uma perspectiva mais leve sobre seus erros.
Encontre seus dons e ajude-a a exercê-los e a curtir a sensação de confiança e
de realização que eles proporcionam. Dê a ela muitas oportunidades para
experimentar atividades novas.
A comunicação entre os pais do disléxico e os professores é fundamental.
Dê um tempo para a criança se preparar antes de ler em voz alta. Não dê
ênfase às notas das provas, mas a importância em aprender. Enfatize que o
importante é que ela se torne uma boa cidadã e membro da comunidade do
que simplesmente aluno nota dez.
Geralmente, os disléxicos são muito criativos. Aproveite isso.
Ao lidar com a criança disléxica, não subestime sua importância nem pense
que não há nada que possa fazer. Uma ao no ombro de uma criança e um
comentário como “Você consegue!” ou as palavras mágicas “Te amo” podem
causar a diferença vital e desenvolver a autoconfiança necessária para
continuar tentando.
A criança fica nervosa algumas vezes e acabam atacando outras crianças por
causa de seu sentimento de inadequação. Para amenizar isso, lembre a
criança das coisas que ela é capaz de fazer bem e depois encontre um espaço
adequado para que ela expresse sua raiva. A criança precisa encontrar um
lugar onde possa se sobressair. É fundamental qualquer cenário que lhe dê
chance de vencer.
Existem 3 tipos de dislexia: a visual, auditiva e uma combinação de ambas.
A criança com dislexia apenas aprende de uma maneira diferente, ela não é
doente. Dislexia é característica, portanto não tem cura. A única maneira de
lidar com a dislexia é trabalhar com ela, não contra ela.
Escrever um plano de ação com pequenos alvos a serem alcançados ajuda
muito o disléxico.
Auxilie o disléxico apenas em atividades que ele não consegue fazer.
Crie metas realistas e positivas para eles.
Explique ao disléxico o porquê de realizar determinada tarefa e o que você
espera que ele aprenda.
Ao dar instruções, peça para que a criança repita para verificar se entendeu.
Dê um retorno positivo diariamente ao disléxico. As crianças precisam ouvir
sobre as coisas que fazem bem, assim como sobre as quais precisam
melhorar.
Geralmente os amigos têm curiosidade no que diz respeito à dislexia. As
crianças podem ter medo de contar aos colegas porque pensam que serão
ridicularizadas, mas, uma vez que os amigos entendem o que é dislexia,
costumam escolher ser compassivos em vez de críticos.
Para as crianças com dislexia, a auto-estima é uma área especialmente
sensível, porque muitas delas são tratadas como se não fossem “espertas”,
especialmente por quem não entende a natureza do problema. A aceitação dos
colegas e da família também pode afetar a auto-estima.
As crianças com dislexia são muito intuitivas.
Para ajudar um disléxico você pode:
• Guiá-lo e ajudá-lo a ser independente e desenvolver suas próprias
capacidades;
• Deixar que ele expresse sua opinião e tome decisões;
• Dar responsabilidades;
• Respeitá-lo;
• Ajude-o a aprender ouvindo fatos, em vez de ler sozinho;
• Utilize métodos sensoriais para ensiná-lo – vendo, ouvindo, tocando;
• Use cartazes e linhas de tempo;
• Selecione figuras que represente o conteúdo a ser organizado em
sequência;
• Certifique-se de que as instruções para o exercícios de escrita sejam
claras;
• Faça uma lista organizada do que precisa ser feito;
• Dê duas notas para redações: uma pela ortografia e outra pelo conteúdo
(pela lei brasileira o que vale é o conteúdo);
• Dê mais tempo para ele realizar as provas;
• As provas devem ser orais;
• Dê um guia de estudo para que estude para a prova;
• Caso a prova seja longa, dê um pequeno intervalo;
• O professor deve checar o caderno e verificar se a informação está
correta,
• O professor deve colocar o aluno perto de si e da lousa, porém longe de
janelas;
• O professor deve verificar se ele está prestando atenção ao que está
sendo ensinado (faça perguntas como: entendeu? O que é que eu disse
mesmo?);
• Avise com bastante antecedência o prazo de entrega de trabalhos e
provas,
• Coloque-o perto de um colega que seja positivo e dê apoio;
• Exija que ele deixe sua carteira arrumada após usá-la.

Dificuldades do Miguel:

• Inverte números;
• Esquece letras maiúsculas, pontuação e escreve palavras emendadas;
• Não compreende regras, precisa de repetição diariamente;
• Não guarda nomes;
• Esquece material, lanche, perde as coisas;
• Tem baixa auto-estima, se magoa facilmente, se irrita quando se sente
ridicularizado;
• Consegue ler relativamente bem, mas detesta escrever, é lerdo, deixa
de copiar palavras e frases;
• Não entende enunciados; se perde em sequenciação;
• Devido ao TDAH, desvia sua atenção facilmente;
• Ao falar, às vezes troca J por Z e CH por S, fala zogo (jogo), save
(chave). Sabe falar corretamente;
• Confunde o uso do Q com C. Pode escrever “ceizo” em vez de “queijo”;
• É desorganizado, esquece onde colocou as coisas;
• Se isola facilmente.

Pontos fortes:

• É muito inteligente e criativo;


• Desenha e pinta muito bem;
• É carinhoso e obediente;
• Aprende facilmente quando se trata de geografia, história, ciências,
principalmente se é ensinado através de conversa;
• É bom em matemática, mas precisa de interpretação;
• Respeita as colegas, não ridiculariza as pessoas, procura sempre
elogiar;
• É prestativo;
• Gosta de participar das aulas;
• É muito comunicativo;
• Respeita e cuida dos menores;
• Cuida da natureza, não suja o chão, respeita os animais, recicla e
seleciona lixo;
• Canta muito bem e adora dançar;
• Não é envergonhado.

Miguel tem acompanhamento com duas fonoaudiólogas (Dra Bruna e Dra


Thaís), neuropediatra (Dra Francini), fez acompanhamento com psicóloga por
três anos e com psicopedagoga por um ano. Este ano vai ter acompanhamento
psicológico pela equipe de doutorado de sua psicóloga, será acompanhado
pela professora Elaine duas vezes por semana, além de continuar a terapia
com as fonoaudiólogas e a neuropediatra.
É medicado diariamente com Ritalina para o TDAH.

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