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Richard Saul Wurman ©1989 ÍNDICE

1. A EXPLOSÃO DA NÃO INFORMAÇÃO......................................................................................... 3


1.1 Informação................................................................................................................................... 3
1.2 Os cinco anéis .............................................................................................................................. 4
1.3 Sinais reveladores......................................................................................................................... 5
2. A INDÚSTRIA DA COMPREENSÃO............................................................................................... 6
2.1 Ode à ignorância .......................................................................................................................... 6

Ansiedade de
2.2 Organizando informação .............................................................................................................. 6
2.3 Exemplos de informação organizada ............................................................................................ 7
2.4 No início está o fim ...................................................................................................................... 8
3. A ARTE DA CONVERSA................................................................................................................. 9

Informação 3.1 Falar é profundo........................................................................................................................... 9


3.2 A arquitetura das instruções ....................................................................................................... 10
4. LINGUAGEM E PENSAMENTO ................................................................................................... 10
4.1 Expressões triviais...................................................................................................................... 11
5. A ARTE DA COMUNICAÇÃO....................................................................................................... 12
5.1 Comunicar é lembrar como era quando não se sabia ................................................................... 13
6. APRENDIZADO - AQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO..................................................................... 14
6.1 Aprender é lembrar o que interessa............................................................................................. 14
6.2 Conexões de interesse................................................................................................................. 14
7. EDUCAÇÃO E APRENDIZADO .................................................................................................... 15
7.1 Fantasias de aprendizado............................................................................................................ 15
8. APRENDIZAGEM E COMPREENSÃO.......................................................................................... 16
Como transformar informação 8.1 Posse da informação................................................................................................................... 16
8.2 Tema e variações........................................................................................................................ 16
em compreensão 8.3 Aprender é fazer conexões.......................................................................................................... 16
8.4 O jogo dos números.................................................................................................................... 17
9. FRACASSO E SUCESSO................................................................................................................ 17
9.1 A correta administração do fracasso leva ao sucesso ................................................................... 17
Trechos selecionados 9.2 Informação cultural .................................................................................................................... 18
9.3 A desigualdade da percepção...................................................................................................... 19
10. INFORMAÇÃO DE REFERÊNCIA .............................................................................................. 19
10.1 Os mapas como metáfora.......................................................................................................... 19
10.2 Mapas de números e idéias....................................................................................................... 20
Tradução de 10.3 Diagramas e gráficos................................................................................................................ 20
11. TECNOMANIA............................................................................................................................. 21
11.1 Informação como mercadoria ................................................................................................... 21
Virgílio Freire 11.2 O efeito de ricochete ................................................................................................................. 21
12. RECEITA CONTRA ANSIEDADE............................................................................................... 22
12.1 Menos, menos, menos .............................................................................................................. 22
12.2 Decisões indolores.................................................................................................................... 22
12.3 Atitudes firmes......................................................................................................................... 22
12.4 Ações vigorosas........................................................................................................................ 23

EDITORA Cultura Editores Associados ©1991

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de trabalho engajada em ocupações principalmente voltadas para o processamento de informação.
A mudança para uma sociedade baseada na informação vem sendo tão rápida que ainda não nos
1. A EXPLOSÃO DA NÃO INFORMAÇÃO adaptamos às implicações que isso gera.
• Um processamento de informação melhor pode resultar no aumento do fluxo de dados, mas é de
• Informação não é conhecimento. Você pode produzir dados primários em massa e incríveis pouca ajuda ler a listagem, decidir o que fazer com ela ou encontrar um significado mais alto.
quantidades de fatos e números. Mas não pode fazer produção em massa de conhecimento, que Significado requer meditação, que leva tempo, e o ritmo da vida moderna trabalha contra a idéia de
é, criado por mentes individuais, partindo de experiências individuais, separando o nos dar tempo para pensar.
significativo irrelevante, realizando julgamentos de valor.
• A compreensão da diferença entre dados brutos e aqueles que podem ajudar na compreensão e
• Com novas informações, surgem novas exigências que desafiam nossas capacidades. Precisamos aumentar o conhecimento, entre informação como coisa e informação como significado, tornará
aprender novos conceitos e vocabulários. Hoje, a língua inglesa soma aproximadamente 500 mil você um processador de informação mais competente. Maior competência lhe dará mais confiança e
palavras disponíveis — cinco vezes mais do que no tempo de Shakespeare. O número de livros nas mais controle, permitindo-lhe relaxar. Sentindo-se mais relaxado e menos culpado, você chegará à
principais bibliotecas duplica a cada quatorze anos, dando um novo peso à expressão "pôr a leitura compreensão.
em dia".
• Comunicação demais pode acabar resultando em nenhuma comunicação. Talvez devamos
• Ansiedade de informação é o resultado da distância cada vez maior entre o que compreendemos e o adicionar o corolário de Don Juan: assim como quanto mais se seduz menos se ama, também
que achamos que deveríamos compreender. É o buraco negro que existe entre dados e quanto mais se é "informado" menos se sabe.
conhecimento, e ocorre quando a informação não nos diz o que queremos ou precisamos saber.
• Nossa relação com a informação não é a única fonte de ansiedade de informação. Também ficamos 1.2 Os cinco anéis
ansiosos pelo fato de o acesso à informação ser geralmente controlado por outras pessoas.
Dependemos daqueles que esquematizam a informação, dos editores e produtores de noticiários que • Estamos todos cercados por informação que atua em diferentes níveis de urgência sobre nossa vida.
decidem quais notícias iremos receber, dos que tomam decisões nos setores público e privado e Estes níveis podem ser divididos de forma simplificada em cinco anéis, embora aquilo que constitui
podem restringir o fluxo da informação. Também sofremos de ansiedade causada pelo que informação em um nível para uma pessoa possa atuar em nível diverso para outra. Eles se irradiam
deveríamos saber para atender às expectativas das outras pessoas a nosso respeito, sejam elas o desde a informação mais pessoal, a que é essencial para nossa sobrevivência física, até a forma mais
presidente da empresa, os colegas ou até nossos pais. abstrata de informação, que abrange nossos mitos pessoais, desenvolvimento cultural e perspectiva
sociológica.
• Nos últimos trinta anos, produziu-se um volume de informações novas maior do que nos cinco
mil anos precedentes. Cerca de mil livros são publicados no mundo por dia e o total do • O primeiro anel é o da informação interna. São as mensagens que governam nossos sistemas
conhecimento impresso duplica a cada oito anos. internos e possibilitam o funcionamento do nosso corpo. Aqui, a informação toma a forma de
mensagens cerebrais. Provavelmente, temos um controle menor sobre este nível de informação do
• É inquietante ouvir que os computadores irão nos suprir com mais informação. Talvez você sinta que sobre os outros, mas é o que mais nos afeta.
que já está sendo bombardeado com informação demais. Mas o que as pessoas realmente querem,
quando falam de informação, é significado, não fatos. Indubitavelmente, somos bombardeados com • O segundo anel é o da informação conversacional. São as trocas formais e informais, as conversas
fatos demais — bits de dados isolados e sem contexto... que mantemos com as pessoas à nossa volta, sejam amigos, parentes, colegas de trabalho, estranhos
na fila de embarque ou clientes em reuniões de negócios. A conversa — talvez por sua natureza
• Atribuir significado exige mais informação para organizar a que já temos. Os computadores informal — constitui uma importante fonte de informação, embora nossa tendência seja desprezar
dispõem desse talento organizador. Eles podem reunir grandes quantidades de fatos e convertê-los ou ignorar seu papel. E, no entanto, esta é a fonte de informação sobre a qual mais exercemos
em comparações, listagens, gráficos. Em suma, podem nos auxiliar a atribuir significados. controle, tanto como emissores quanto como receptores de informação.
• Mais significado o menos fatos. Esta é a idéia, enfim. Dados são fatos; informação é o sentido que • O terceiro anel é o da informação de referência. Aqui nos voltamos para a informação que opera os
os seres humanos atribuem a eles. Elementos individuais de dados pouco significam por si mesmos; sistemas do nosso mundo — ciência e tecnologia — e, mais imediatamente, para os materiais de
é só quando esses fatos são de alguma forma agrupados ou processados que o significado começa a referência que usamos em nossa vida. A informação de referência pode ser qualquer coisa, desde um
se tomar claro. manual de física quântica até a lista telefônica ou o dicionário.

1.1 Informação • O quarto anel é o da informação noticiosa. Ela abrange os eventos da atualidade — a informação
transmitida pela mídia sobre pessoas, lugares e acontecimentos que talvez não afetem diretamente a
• Dados brutos podem ser informação, mas não necessariamente. A não ser que sejam usados para nossa vida, mas podem influenciar nossa visão de mundo.
informar, não têm valor intrínseco. Eles devem ser imbuídos de forma e aplicados para se tomar • O quinto anel é o da informação cultural. Esta é a forma menos quantificável. Abrange história,
informação significativa. Contudo, em uma época faminta de informação como a nossa, filosofia e artes, qualquer expressão de uma tentativa de compreender e acompanhar nossa
frequentemente permite-se que passem por informação. civilização. Informações colhidas nos outros anéis são incorporadas aqui para construir o conjunto
• Assim, a grande era da informação é, na verdade, uma explosão da não-informação — uma que determina nossas atitudes e crenças, bem como a natureza de nossa sociedade como um todo.
explosão de dados. Para enfrentar a crescente avalanche dos dados, é imperativo fazer a distinção • A ansiedade de informação pode nos atingir em qualquer nível e pode resultar tanto de excesso
entre dados e informação. Informação deve ser aquilo que leva à compreensão. Cada um precisa como de carência de informação.
dispor de uma medida pessoal para definir a palavra. O que constitui informação para uma pessoa
pode não passar de dados para uma outra. Se não faz sentido para você, a denominação de • Existem várias situações gerais que costumam provocar ansiedade de informação: não compreender
informação não se aplica. a informação; sentir-se assoberbado por seu volume; não saber se uma certa informação existe; não
saber onde encontrá-la; e, talvez a mais frustrante, saber exatamente onde encontrá-la, mas não ter a
• As diferenças entre dados e informação tornam-se mais críticas à medida que a economia mundial chave de acesso. Você está sentado diante do seu computador, que contém todas as listagens para
caminha para um sistema de economias dependentes de informação. A informação impulsiona o justificar o dinheiro que está usando para desenvolver um novo produto, mas não consegue lembrar-
campo educacional, a mídia, empresas de consultoria e de prestação de serviços, correios, se do nome do arquivo. A informação permanece no limiar e fora do seu alcance.
advogados, contadores, escritores, alguns funcionários governamentais, bem como os que trabalham
em comunicação e armazenamento de dados. Muitos países já possuem a maior parte de sua força

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• A ansiedade surge em conseqüência da superestimulação que não pode ser descarregada por
meio da ação.
2. A INDÚSTRIA DA COMPREENSÃO
1.3 Sinais reveladores • Na indústria da comunicação, existem apenas três tipos de atividade ligados à difusão da
Se a caixinha de "Entrada" de seu escritório lança sobre sua mesa uma sombra corno a do monte informação: transmissão, armazenamento e compreensão.
Annapurma e se à simples menção da palavra "informação" você se arrepia de pavor, é provável que • O ramo da transmissão é facilmente reconhecido. Abrange a televisão, o telégrafo, o telefone, o
esteja sofrendo de ansiedade de informação. Mas, se não tem certeza, os comportamentos a seguir são telex — tudo o que comece com "tele" e possa ser transmitido por fios, rebatido por um satélite ou
indicativos de que lidar com informação talvez seja um problema em sua vida. impresso numa página.
• O armazenamento de informação não é domínio exclusivo das grandes empresas. Na verdade,
Falar compulsivamente que não consegue se manter atualizado com o que ocorre a envolve companhias de todos os tamanhos, entre as quais estão os fabricantes de computadores e os
seu redor. bancos de dados.

Sentir-se culpado com aquela pilha cada vez mais alta de periódicos à espera de • A atividade de compreensão, por sua vez, permanece ainda praticamente inexplorada. A
compreensão constitui a ponte entre os dados e o conhecimento — é o objetivo da informação.
leitura.
Embora existam pessoas preocupadas com esse fator, são poucas até agora as empresas delicadas a
Balançar a cabeça compenetradamente quando alguém menciona um livro, um ele.
artista ou uma notícia de que você, na verdade, nunca tinha ouvido falar.
• As velhas fórmulas e os antigos sistemas de processamento de dados são impotentes diante da
Descobrir que é incapaz de explicar algo que pensava ter entendido. complexidade da informação que precisamos assimilar atualmente. Necessitamos desenvolver novas
fórmulas para a compreensão. Precisamos tratar a compreensão como uma atividade econômica e
Xingar-se por não ser capaz de seguir as instruções para montar uma bicicleta.
uma indústria em si, não apenas como um componente das outras áreas.
Recusar-se a comprar um novo eletrodoméstico ou equipamento apenas por medo
de não conseguir operá-lo. 2.1 Ode à ignorância
Sentir-se deprimido por não saber para que servem todos aqueles botões do seu • Para compreender qualquer tipo de informação nova seja ela um relatório financeiro, o manual de
videocassete. um eletrodoméstico ou urna nova receita, você precisa passar por certos processos e preencher certas
Comprar aparelhos eletrônicos de alta tecnologia, achando que pode aprender a condições prévias. Deve ter algum interesse em receber a informação; descobrir a estrutura ou o
tecnologia por osmose. arcabouço em que ela está ou deveria estar organizada; relacioná-la a idéias que já compreenda e
examiná-la sob diferentes perspectivas para poder "possuí-la" ou entendê-la.
Qualificar um livro de "genial" mesmo sem ter entendido sua resenha, que foi tudo
o que você leu a respeito. • Mas o pré-requisito mais essencial para a compreensão é ser capaz de admitir a ignorância quando
não entender alguma coisa. A capacidade de admitir que não se sabe é libertadora. Permitir-se não
Consultar seu relógio digital para registrar a hora exata no livro de entradas e saber tudo fará você relaxar, e este é o estado de espírito ideal para receber informação nova. Você
saídas de um prédio de escritórios, mesmo sabendo que na verdade ninguém liga precisa estar tranqüilo para ouvir, para realmente escutar a informação nova.
para isso.
• Quando puder admitir a ignorância, irá perceber que, não sendo propriamente um êxtase, ela é um
Dedicar tempo e atenção a notícias que não têm qual quer impacto cultural, estado ideal para se aprender. Quanto menos preconceitos você tiver diante de um assunto e quanto
econômico ou científico em sua vida mais à vontade se sentir em relação a não saber, mais aumentará sua capacidade de compreender e
aprender. Ao admitir que não sabe, você pode superar o medo de que sua ignorância seja descoberta.
Ao preencher um formulário, sentir-se compelido a ocupar todos os espaços em A curiosidade, essencial ao aprendizado, prospera com a superação do receio. Isto mexe com uma
branco. insegurança quase universal: a de sermos de certa forma inferiores se não compreendemos algo.
Reagir emocionalmente à informação que você de fato não compreende - por Vivemos com medo de que descubram nossa ignorância e passamos a vida tentando contar
exemplo, entrar em pânico ao saber que o índice Dow Jones caiu 500 pontos, vantagem para o mundo. Se pudéssemos nos deleitar com a nossa ignorância e usá-la como
inspiração para aprender, em lugar de considerá-la uma vergonha a esconder, não haveria
mesmo sem saber o que ele realmente é.
ansiedade de informação.
Achar que a pessoa ao seu lado está entendendo tudo e você não.
• Quando lhe perguntaram qual havia sido o evento mais útil no desenvolvimento da teoria da
Ficar muito receoso ou encabulado de dizer "Não sei". relatividade, Albert Einstein respondeu: "Descobrir como pensar sobre o problema".
Ou, pior, chamar de informação alguma coisa que você não compreende. • A chave para a compreensão é aceitar que qualquer relato de um evento é sempre subjetivo, não
importa o empenho do relator em ser exato e objetivo. Uma vez aceito que a informação sempre
chega filtrada pelo ponto de vista de outra pessoa, ela de certa forma se torna menos ameaçadora;
você começa a compreendê-la em perspectiva e a personalizá-la, que é o que conduz à posse.

2.2 Organizando informação


• As formas de organizar informação são finitas. Ela só pode ser organizada por: (l) categoria, (2)
tempo, (3) localização (4) alfabeto, (5) seqüência. Estas formas são aplicáveis a quase qualquer
projeto — desde as e suas pastas de arquivo pessoais até as empresas multinacionais. Elas
constituem o arcabouço da organização de relatórios anuais, livros, conversas, exposições, catálogos,
convenções e até de depósitos.

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• Categoria. Refere-se à organização dos bens. Lojas de varejo são normalmente organizadas desta • Roget’s Thesaurus - As palavras são organizadas alfabeticamente, mas os sinônimos sob cada uma
forma, por tipos diferentes de mercadoria, ou seja, artigos de cozinha em um departamento e roupas delas aparecem em disposição seqüencial conforme a proximidade do significado em relação à
em outro. A categoria pode significar diferentes modelos, diferentes tipos ou até mesmo diferentes palavra base.
perguntas a serem respondidas, como num folheto dividido em perguntas sobre uma em . Este modo
• TVGuide - Normalmente, as programações dos canais são organizadas por tempo e os filmes de
resta-se bem a reorganizar itens de importância similar. A categoria é bem reforçada pela cor, ao
televisão, alfabeticamente. Existem também índices de pro gramação infantil e esportiva.
contrário dos números, que possuem valor intrínseco.
• Famílias - Organizadas por grau de autoridade e poder.
• Tempo. O tempo funciona melhor como um princípio de organização para eventos que ocorrem em
intervalos fixos, tais como convenções. Também tem sido usado criativamente para organizar • Corpo humano - Organizado por categoria funcional (sistema circulatório, sistema nervoso
lugares, como na série de livros Um dia na vida (de um determinado país). Funciona com etc.). Embora a localização seja importante, ela não é a base fundamental de organização dos seres
exposições, museus e histórias, seja de países ou empresas. O projetista Charles Eames criou uma humanos como entidades biológicas.
exposição sobre, Thomas Jefferson e Benjamin Franklin apresentada como uma linha de tempo em
que os visitantes podiam ver quem estava fazendo o que e quando. O tempo é uma estrutura • Fábrica ou linha de montagem - As fábricas que não utilizam linhas de montagem podem ser
facilmente compreensível a partir da qual observar e fazer comparações. organizadas por categoria, por tempo ou por seqüência. As fábricas com linhas de montagem são
organizadas por tempo. A linha de montagem em si é normalmente organizada por tempo,
• Localização. E a forma natural a escolher quando você está tentando examinar e comparar começando com as primeiras coisas a serem montadas.
informação vinda de diferentes fontes ou locais. Se estiver envolvido com um ramo industrial, por
exemplo, pode interessar-lhe o modo como ele se distribui pelo mundo. Médicos usam as diferentes • Um produto - Os produtos com partes móveis são organizados por localização, porque as peças
localizações no corpo como agrupamentos para estudar medicina.(Na China, os médicos usam precisam conectar-se às outras com base no lugar em que estão. Produtos eletrônicos não são
manequins em seus consultórios para que os pacientes possam apontar o local específico de sua dor necessariamente obrigados à isso, portanto, a arrumação dos componentes pode basear-se em outros
ou problema). atributos, tais como tamanho (seqüência), necessidade de acesso (seqüência), seqüência de
montagem (seqüência), submontagem (seqüência ou categoria) etc.
• Alfabeto. Este método presta-se muito bem para grandes conjuntos de informação, como as palavras
de um dicionário ou os nomes de uma lista telefônica. Como a maioria decorou as letras do alfabeto, • Descobrir os princípios de organização é como ter o cabide definitivo. Ele é tão essencial para você
a organização alfabética da informação funciona quando o público ou os leitores abrangem um trabalhar com conjuntos já existentes de informação quanto para desenvolver seus próprios
amplo espectro da sociedade que talvez não admitisse a classificação por outra forma, como programas de informação. O tempo gasto para compreender o método de organização de outra
categoria ou localização. pessoa irá reduzir o tempo empregado na procura de itens específicos. Quando você organiza a
informação, a estrutura assim criada vai poupá-lo da frustração de fazer malabarismos com as partes
• Seqüência. Organiza os itens por ordem de grandeza do menor ao maior, do mais barato ao mais desconexas. Muita gente acaba se confundindo quando mistura os diferentes métodos de
caro -, de importância etc. É o modo ideal quando se deseja conferir valor ou peso à informação, organização na tentativa de descrever algo simultaneamente em termos de tamanho, localização e
querendo usá-la para estudar algo como um setor industrial ou uma empresa. categoria, por falta de uma compreensão clara de que estes são todos modos válidos, mas separados,
de estruturar a informação. Compreender a estrutura e a organização da informação lhe permite
2.3 Exemplos de informação organizada extrair dela valor e significado.

• Páginas Amarelas - Estes catálogos são organizados por categoria e apresentados alfabeticamente, • Desde que você tenha um senso de organização, mesmo que instintivo, pode ficar à vontade com
com listagens alfabéticas dentro de cada atividade; por exemplo: os advogados são listados este conhecimento e começar a examinar a informação de diferentes perspectivas, o que lhe
alfabeticamente sob o título "Advogados" na letra A. permitirá compreender as relações entre conjuntos de informação. Pergunte-se: como posso encarar
esta informação? Posso distanciar-me dela? Ela pode ser resumida? Posso vê-la em algum contexto?
• Dicionário - As palavras são organizadas em ordem alfabética; as definições, por categoria de Posso chegar mais perto dela, de modo que não seja identificável com base em minha impressão
significado; e as etimologias, por tempo. anterior sobre o assunto? Posso observar os detalhes?
• Goodels World Atlas -A organização geral é por categoria, conforme o tipo de mapa (temático, de • Seja qual for o seu problema na vida — relacionamentos pessoais, uma transação comercial, o
cidades ou regional). A informação dentro dessas seções é, em seguida, organizada por localização. projeto de uma casa —, ele pode ser esclarecido com a formulação destas perguntas. Como posso
• World Almanac - Organizado por assuntos (categorias) e, dentro destes são usadas as cinco safar-me da situação? Como vejo a coisa ao mudar de escala? Como posso olhar o problema de
formas possíveis, em diferentes níveis de organização (alguns chegam a três níveis de diferentes pontos de vista? Como posso dividi-lo em partes menores? Como arrumar e rearrumar es-
aprofundamento). tas partes de modo que seja possível lançar uma nova luz sobre o problema?

• Catálogo da Sears - Este catálogo é organizado por categorias e, dentro destas, em forma • Cada ponto de vista, cada modo de organização criará uma nova estrutura. E cada estrutura nova
lhe permitirá ver uma forma diferente de significado, funcionando como um novo método de
seqüencial de preço ou de sofisticação. O índice vem em ordem alfabética.
classificação a partir do qual o todo pode ser captado e compreendido.
• EPCOT Center - A organização de um lugar pode ser feita sob qualquer das cinco formas - não
somente por localização mas, como o EPCOT Center, por culturas nacionais, épocas históricas etc. 2.4 No início está o fim
• Uma conversa - Uma conversa não possui fluxo determinado ou padrão e se desloca
• Antes de desenvolver qualquer solução para uma dada tarefa, deve-se encetar um movimento no
seqüencialmente por diferentes tópicos.
sentido de descobrir o seu início. Compreender o veio da questão é o caminho para resolvê-la. A
• Romeu e Julieta Como a maior parte das histórias, novelas e anedotas, este livro é organizado melhor maneira de concluir um projeto é definir sua finalidade essencial, seu objetivo mais básico.
por tempo; a maioria dos programas de televisão e os comerciais também. Qual o objetivo a ser alcançado? Qual o motivo para iniciá-lo? É aqui que reside a solução.
• Disneylândia - Ao contrário do EPCOT Center, a Disneylândia é organizada por categoria (Terra • Existem duas partes na solução de qualquer problema: o que você pretende conseguir e como deseja
da Aventura,Terra da Fronteira etc.). Estas são categorias e não localizações, pois não estão fazê-lo. Mesmo as pessoas mais criativas atropelam essas questões, omitindo o que pretendem e
baseadas em locais reais, mas em combinações de locais reais. indo direto para o como desejam fazer. Existem muitos "comos" e apenas um " quê". O "o quê"
dirige os "comos". Você deve sempre perguntar "o quê?" antes da pergunta "como?".
• Governos - Organizados por localização de autoridade e poder, avançando por grau de autoridade e
poder.

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• Se você não se perguntar o objetivo do projeto, suas escolhas tornam-se arbitrárias, e essa ansiedade 3.2 A arquitetura das instruções
gera uma sensação incômoda. Você fica, então, imaginando ansiosamente se não haveria uma
solução melhor. • Os blocos construtivos da boa instrução são os tijolos da descrição. Quanto melhor você descreve a
situação ou o ambiente existentes, mais corretamente seguidas serão suas orientações — esteja você
explicando a um convidado como chegar em sua casa ou dizendo a uma agência de publicidade o
3. A ARTE DA CONVERSA que espera de uma campanha.
• Os computadores tornaram-se um símbolo onipresente de uma nova era, mascotes da era da • Dispomos de apenas três meios para descrever: as palavras, as imagens e os números. A gama é
informação e de um novo modo de pensar. Contudo, os computadores não são, nem deveriam ser, limitada. Geralmente, as melhores instruções utilizam os três, mas em qualquer caso uma forma
um modelo da mente. Por um lado, se é difícil encontrar quem discorde desta afirmação, por outro, deve predominar enquanto as outras duas auxiliam e esclarecem. A chave para dar boas instruções é
a reverência, a adulação e o culto a eles sugerem que chegamos ao ponto de acreditar não apenas escolher os termos apropriados.
que se baseiam no modelo da mente humana, como também que seria muito melhor se nossas
mentes humanas fossem modeladas por eles.
• Existe um único método para transmitir o pensamento, para comunicar a informação de uma
forma que praticamente capte o espírito da mente: a conversa. A conversa pode ser o espelho
4. LINGUAGEM E PENSAMENTO
da mente, um espaço de desenvolvimento para as idéias. Ela nos permite comunicar nossos • A linguagem é uma chaleira rachada na qual tocamos ritmos toscos para ursos dançarem,
pensamentos de modo bastante similar à forma como eles ocorrem em nossa mente. desejando fazer música para derreter as estrelas. Gustave Flaubert

3.1 Falar é profundo • O QUE VEIO PRIMEIRO - A LINGUAGEM OU O PENSAMENTO? Os lingüistas discordam
quanto à relação entre a linguagem e o pensamento e, portanto, quanto à compreensão. Alguns
• Planejamento de reuniões. As pautas de reuniões deveriam ser organizadas de modo a possibilitar a consideram que a língua determina o pensamento, podendo este ocorrer apenas dentro das regras e
participação de todos os presentes. Deveriam incorporar mecanismos para a exposição de novas dos limites de uma linguagem. Outros acreditam exatamente o contrário: que o pensamento
idéias, para ajustar a, complexidade da informação com base nas respostas dos participantes. determina a forma da linguagem. Quanto a mim, acredito que, a relação entre pensamento e
Deveriam ser flexíveis o suficiente para permitir desvios e mudanças de rumo. linguagem é uma combinação dessas duas idéias opostas. A linguagem é usada para organizar e co-
municar o pensamento. Ela é, em parte, um reflexo de como pensamos e, em parte, uma influência
• Treinamento e educação de empregados. Os novos funcionários deveriam participar da preparação
e, às vezes, uma limitação sobre como pensamos.
de seu treinamento, adaptando seus próprios programas, cada um aprendendo segundo seu próprio
ritmo. Deveria ter a oportunidade de fazer perguntas, de parar e testar seu aprendizado no caminho. • Às vezes, a compreensão depende bastante do vocabulário. Se você não tiver a palavra adequada,
O treinamento deveria se programado como uma conversa ampliada. torna-se difícil comunicar um conceito (e, às vezes, até pensar nele). Quanto mais conceitos
compreender, mais poderoso seu pensamento, mais combinações poderá fazer e mais criativo será.
• Trocas sociais. As conversas desempenham um papel cada vez mais insignificante em nossa vida, Isto não significa que quanto mais palavras você souber, melhor. O importante não é a palavra em
contribuindo para sentimentos de alienação e de isolamento em relação à sociedade. Todos têm a si, mas o conceito por ela representado. Você deve escolher e desenvolver seu próprio vocabulário,
oportunidade de utilizá-la como um modelo para a comunicação. Embora isso pareça ser recheando-o com palavras/conceitos que façam sentido para você. As matérias-primas estão à sua
absurdamente simples e a maioria das pessoas afirme que já faz isso todos os dias, o que realmente disposição, mas só você pode tomar as decisões sobre o que é adequado ou não.
fazemos a maior parte do tempo é preleção. Conversar, em sua forma mais pura, significa ouvir,
responder a novos estímulos, trocar idéias. Exige reflexão, atenção e uma paciência que pouca gente • Compreender conceitos é muito mais difícil do que ensinar nomes, datas e eventos. No entanto, é
tem. muito mais importante. O conceito de "equilíbrio" parece bastante simples quando aplicado ao peso
e à gravidade, mas se você o compreende realmente, pode aplicá-lo a tudo, desde nutrição,
• A boa comunicação é tão estimulante e torna tão difícil dormir depois quanto o café. movimento e economia, até filosofia, política e design. O que significaria equilíbrio no contexto do
• A leitura faz um homem completo; a meditação, um homem profundo; o discurso, um homem cérebro? Da ecologia? De um dicionário? De um carro? Compreender o significado desta palavra e
claro. Benjamin Franklin de seu conceito é conseguir mais um tijolo para a construção.
• A alta administração tem a responsabilidade de determinar a política de comunicação e de criar um
ambiente em que os empregados sejam encorajados a dizer o que pensam. O relatório do Centro de
Liderança Criativa sugeria que os executivos adotassem os seguintes passos para estimular o diálogo
produtivo com seus empregados:
• Atenuar as diferenças hierárquicas. O tamanho e a posição dos escritórios dos executivos podem ser
definidos de modo a criar maior proximidade entre o empregado e o executivo.
• Criar mecanismos geradores de crítica construtiva. Os empregados de todos os níveis deveriam poder
avaliar os executivos com a mesma facilidade com que são criticados por seus superiores.
• Empregados sérios, leais, francos, devem ser incentivados. Se sua organização tem um ou dois
indivíduos aos quais esta definição se aplica, considere-se um sujeito de sorte; a coragem nunca foi
endêmica nas organizações.
• Redes. Os executivos também podem estabelecer o tipo de linha de comunicação que seus
empregados provavelmente vêm mantendo há anos.

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4.1 Expressões triviais
• Se as expressões a seguir parecem ocupar grande parcela do seu discurso ou da sua escrita, escolha
algumas a cada semana e tente exorcizá-las. Substitua-as por palavras e frases mais significativas.
Uma linguagem muito estática torna-se demasiado insípida.
5. A ARTE DA COMUNICAÇÃO

1. Quem guarda tem 21. Você está em casa agora? 41. Nada como um dia depois • Qualquer que seja o projeto no qual esteja envolvido, provavelmente a comunicação tem nele um
do outro lugar especial, e quanto mais você enriquecer sua linguagem, mais possibilidades terá de comunicar
2. Para encurtar a história 22. São coisas da vida suas idéias. Quanto mais aprender sobre a linguagem que usa, menos ansioso ficará-em relação a se
42. As voltas que a mundo dá comunicar com os outros.
3. Desnecessário dizer 23. Bom demais
43. Evidentemente • Lee Iacocca, presidente da Chrysler Corporation, concorda. Um de seus oito mandamentos
4. Indo direto ao ponto 24. Todo dia é dia
44. Tudo tem um limite para a boa administração é: "Fale claro e seja breve. Escreva do jeito que fala. Se você não
5. Não se incomode comigo 25. Estou numa roda-viva fala assim, não escreva assim”...
45. Não estou no meu normal
6. É a vida 26. Posso ser franco? • A linguagem da transmissão de informação está cheia de armadilhas que nos desviam da
46. De volta para o batente preocupação com o desempenho e nos levam à ansiedade, à confusão e ao mal-entendido. Você pode
7. Só tenho duas mãos 27. Subiu feito um rojão
47. Em cheio no alvo ficar à vontade e aprender, simplesmente permanecendo atento a elas. Tenha-as em mente quando
8. De corta forma 28. Tudo o que sobe desce mergulhar em nova informação, quando folhear um jornal, assistir o noticiário, iniciar um novo
48. Onde termina isso? projeto ou tirar da caixa uma nova torradeira. Compreender as ciladas da comunicação de
9. Está no papo 29. Na verdade
49. Já sei onde você quer chegar informação constitui uma defesa contra ser intimidado ou subjugado por ela.
10. Morri de modo 30. Criança tem cada uma
50. Ele é boa gente • A doença da familiaridade. A familiaridade gera confusão. Sofrem deste mal todos os especialistas
11. Então, como é que é? 31. Falei, está falado do mundo que, de tão atolados em seu próprio conhecimento, normalmente omitem os pontos
51. De qualquer modo principais quando tentam explicar o que sabem.
12. Que história é casa? 32. Está brincando
52. Para ser bem honesto • Parecer bom é ser bom. O mal da boa aparência é confundir a estética com o desempenho. Uma
13. Posso dizer uma coisa? 33. Isto deve dar para o gasto
53. Jogar verde informação funciona quando comunica bem uma idéia, e não quando é transmitida de forma
14. Vou ser claro com você 34. Não quero ouvir um pio agradável. A informação sem comunicação não é informação.
54. Por outro lado
15. Estou lhe falando como 35. O tempo voa
• A síndrome do “hã-hã”. Ocorre quando o receio de parecer burro supera o desejo de compreender.
amigo 55. Nunca mo aconteceu
36. Para dizer a verdade Os sintomas são os meneios involuntários de cabeça e a repetição do "hã-hã", que fingem um
16. Diga o que está pensando 56. Diga o que tem a dizer conhecimento que não temos.
37. Você tirou as palavras da
17. Algo me diz que minha boca 57. Deixa como está para ver • Comparações inconsistentes. Comparar incógnitas ou coisas intangíveis, bem como elementos que
como é que fica não têm nada em comum é não-informativo.
18. Conte de novo 38. Chovendo canivete
58. Seguro as pontas • Se é exato, é informativo. Um não é necessariamente consequência do outro. A solução é aprender a
19. Posso lhe fazer uma 39. Isola no madeira
ir além dos fatos, até o significado, e reconhecer a natureza do receptor. A exatidão dos fatos não
pergunta? 59. Eu ia mesmo te ligar
40. Vamos levando toma necessariamente as coisas compreensíveis.
20. Está na ponto da língua 60. Nunca vou me conformar
• Exatidão desnecessária. Arrendondar não é pecado. A exatidão extrema nem sempre constitui
informação e frequentemente é desnecessária.
• O culto do arco-íris ou adjetivite aguda. Trata-se de uma crença epidêmica a de que mais cores e
linguagem mais enfeitada irão por si sós aumentar a compreensão.
• Amnésia de sobrecarga. É uma variante da disfunção de memória do jantar chinês, que ocorre mais
especificamente como resultado do fato de você sobrecarregar-se de dados. Quando sobrecarregada,
sua memória não só libera os dados que você tenta reter, como também pode arbitrariamente
descarregar outros arquivos.
• A síndrome da opinião especializada. Temos tendência a achar que quanto mais opiniões
especializadas obtivermos - sejam elas legais, médicas, automobilísticas ou outras.
• Não me diga como termina. A popularidade do gênero de suspense em livros e filmes levou as
pessoas a extrapolarem esse aspecto de manter o interesse pelo suspense quando estão transmitindo
informação nova. Embora o suspense tenha seu espaço, ele tende a produzir ansiedade, que
provavelmente não é o estado ideal para se receber informação. Se você sabe o final, pode relaxar e
desfrutar a forma de algo que está sendo apresentado.

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• Imposturas de informação. Absurdos nos são impostos disfarçados como informação.
Automaticamente damos um certo peso aos dados, dependendo da forma como eles nos são
transmitidos. Dado que não paramos para questionar, supomos estar recebendo alguma informação.
• Administrativite. É uma doença que se manifesta em escolas, instituições e grandes empresas, onde
6. APRENDIZADO - AQUISIÇÃO DE
os indivíduos pensam que estão mandando no sistema, sendo que, na prática, acontece exatamente o
contrário. É caracterizada por uma grande preocupação com os detalhes de operação — questões
INFORMAÇÃO
administrativas, salários, área das salas em metros quadrados, material de escritório — e por um
total descaso pelos objetivos de operação.
• Construtivite. É um mal caracterizado pela crença de que um edifício melhor ou um escritório mais 6.1 Aprender é lembrar o que interessa
bem decorado ou um relatório anual mais enfeitado irão resolver todos os problemas.
• Aprender pode ser definido como o processo de lembrar aquilo que interessa. E ambos andam de
mãos dadas com a comunicação. Os comunicadores mais eficazes são aqueles que compreendem o
5.1 Comunicar é lembrar como era quando não se sabia
papel do interesse no sucesso da transmissão de mensagens, seja para tentar explicar astrofísica ou
• A informação é a matéria-prima que alimenta toda a comunicação, pois a motivação básica de para orientar proprietários de automóveis em estacionamentos.
qualquer comunicação está em transmitir de uma mente para outra algo que será recebido como • Assim como comer sem vontade faz mal à saúde, também estudar sem gosto faz mal à
informação nova. Assim, talvez, a armadilha mais universal, aquela em que se cai inevitavelmente memória, que não retém nada do que recebe. Leonardo da Vinci
quando se tenta comunicar informação, é o esquecimento de como é não saber. No instante em que
passamos a saber algo, esquecemo-nos de como era quando ignorávamos. • Em seu livro Liberdade de aprender em nossa década, Carl Rogers afirma que o único aprendizado
que influencia significativamente o comportamento é o "auto descoberto" e "auto-apropriado".
• Podemos não ser capazes de escapar completamente desta armadilha, mas, se pelo menos tentarmos Somente quando o assunto é percebido como relevante para os próprios fins da pessoa ocorrerá um
nos colocar no lugar de alguém que nada sabe sobre o que estamos falando, poderemos prever volume significativo de aprendizado.
algumas de suas perguntas e nos transformar em melhores transmissores de informação. Se
podemos simular cegueira tapando os olhos, também podemos tentar nos lembrar de como é não • A ansiedade de informação resulta da constante superestimulação; não nos dão tempo ou
saber ao comunicar novas informações aos outros. oportunidade de fazer transições de um cômodo a outro ou de uma idéia para a próxima. Ninguém
funciona bem perpetuamente tomando fôlego. O aprendizado e o interesse requerem "paradas
intermediárias" em que possamos nos deter e pensar sobre uma idéia antes de prosseguir até a
seguinte.
• Aprender sem meditar é inútil; meditar sem aprender é perigoso. Confúcio
• As pessoas lembram 90 por cento do que fazem, 75 por cento do que dizem e 10 por cento do
que ouvem.
• NINGUÉM SE PERDE NOS CAMINHOS DO INTERESSE - A importância de estimular e manter
o interesse permeia toda a mídia e todas as formas de expressão. Qualquer apresentação escrita ou
verbal deve ser desenvolvida para estimular o interesse ao longo do caminho. O roteiro deve ser
flexível o suficiente para permitir ao leitor ou ouvinte ver as conexões entre o tópico em pauta e ou-
tros.

6.2 Conexões de interesse


• A idéia de ser possível expandir um interesse em uma variedade de outros torna suas opções menos
ameaçadoras. Você pode mergulhar num assunto em qualquer nível e segui-lo não apenas até seus
níveis mais altos de complexidade como passar para outros assuntos.
• Parte do trauma da tomada de decisão está no seu receio de ter de eliminar alternativas talvez mais
viáveis do que aquela que escolheu. Mas quando você percebe que um interesse pode sempre ser
conectado a outro, esse receio é afastado. Se optar por estudar automóveis, isso não significa que não
possa estudar história também.
• DIFERENCIANDO INTERESSES E OBRIGAÇÕES - O problema com os interesses não é tanto o
de fazer opções, mas o de diferenciá-los das obrigações. Muitas pessoas não conseguem distinguir
seus interesses genuínos dos assuntos que elas pensam que as tornariam mais interessantes como
indivíduos — interesse verdadeiro versus culpa ou status. O truque está em separar seus interesses
reais de tudo aquilo que você pensa que deveria interessá-lo. A busca do primeiro proporcionará
prazer; a do segundo produzirá ansiedade. Tendo determinado seus interesses, você pode
desenvolver seu potencial de curiosidade maximinizando as conexões entre eles. Como evoluir do
seu interesse por vasos Ming para a história chinesa e daí para seu trabalho como avaliador? Qual a
importância da palavra interesse na sua vida cotidiana? O que você persegue de forma planejada

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para aumentar seu envolvimento com esses interesses? Seu trabalho deveria ser uma extensão de seu • Viva o erro! É possível aprender mais pelo estudo das coisas que não funcionam do que das que
hobby. funcionam. A maioria dos grandes avanços tecnológicos e científicos partiu do exame de coisas que
falharam.
• A IMPORTÂNCIA DE ESTAR INTERESSADO - Se minha premissa de que você só lembra
aquilo que lhe interessa for correta, então o interesse torna-se uma palavra-chave na assimilação da • Lista de espera. Gastamos boa parte do tempo esperando — em filas de caixa, em guichês, em
informação e na redução da ansiedade. No entanto, o interesse normalmente ganha no máximo um consultórios médicos. Como poderíamos ocupar melhor esse tempo?
papel secundário em nossa vida. Tem para nós a insignificância de um hobby. Um item que está
• Como explicar algo para que sua mãe entenda? O reconhecimento da capacidade de compreensão
desaparecendo dos currículos profissionais é o das "áreas de interesse". Passou a ser chamado de
do outro é essencial em toda comunicação e, no entanto, é algo em que raramente pensamos.
"interesses externos". E estes quase se tornaram algo que as pessoas não deveriam ter - desvios de
Supomos que os outros podem compreender as mesmas coisas que nós.
seu objetivo ou de sua missão final. Deveríamos observar com atenção o que a palavra "interesse"
significa para nós. • A diferença entre a verdade e os fatos. Os fatos só têm significado quando ligados a idéias e
• O conceito de interesse pode ser simplório, mas acredito que por isso mesmo deveria ser uma relacionados à sua experiência e, no entanto, eles são oferecidos em lugar da verdade.
palavra de especial deleite, por representar uma forma de entrar em contato com a clareza. • O óbvio e como admiti-lo. Em nosso zelo por parecer cultos, frequentemente não apenas
esquecemos como evitamos o óbvio. E, no entanto, é no domínio do óbvio que reside a maioria das
soluções.

7. EDUCAÇÃO E APRENDIZADO
8. APRENDIZAGEM E COMPREENSÃO
• A EDUCAÇÃO ESTÁ PARA O APRENDIZ COMO O TURISMO EM GRUPO PARA A
AVENTURA 8.1 Posse da informação
• A escola é o lugar onde são formados nossos hábitos de informação e, no entanto, saímos dela mal
• A interação com a informação é o que lhe possibilita a posse. Colocando-se no contexto, você criará
preparados para manipular a avalanche de informação nova que teremos de adquirir continuamente.
uma conversação que permitirá o aprendizado. Você pode fazer perguntas, corrigir erros e ajustar-se
Sofremos de ansiedade de informação principalmente devido à maneira como fomos treinados, ou
a novas idéias num ambiente ativo.
não, para aprender.
• VOCÊ SÓ APRENDE O QUE TEM RELAÇÃO COM O QUE COMPREENDE. No século IV
• Os pesquisadores identificaram quatro estilos de aprendizado: o dos ativos, que aprendem
a.C., Aristóteles observou que a lembrança de determinado conhecimento era facilitada mediante
melhor com as atividades enquanto estão envolvidos nelas; o dos reflexivos, que aprendem com
associação com outra, fosse por contigüidade, seqüência ou contraste. O aprendizado comparativo,
as atividades que tiveram a oportunidade de revisar; o dos teóricos, que aproveitam as
fazendo ligações entre uma informação e outra, é conceito do qual derivo minha primeira lei: “você
atividades quando oferecidas como parte de um conceito ou teoria; e o dos pragmáticos, que
só aprende o que tem alguma relação com o que compreende”.
aprendem melhor quando há uma ligação direta entre o assunto e um problema da vida real.
Alan Mumford, "Learning Styles and Learning'.
8.2 Tema e variações
• É impossível para um homem aprender aquilo que ele pensa já saber. Epiteto
• O que isoladamente é apenas um fato pode tornar-se informação se colecionado junto com outros
• Quem aprende pela descoberta tem sete vezes mais capacidade do que quem aprende por ouvir
fatos. O conhecimento é obtido pela compreensão do tema e das variações. Se eu lhe mostrasse um
falar. Arthur Guiterman
repolho, você pensaria que os repolhos são redondos, verdes e cheios de folhas. E são. Mas se eu lhe
mostrasse um repolho roxo, um verde e um repolho chinês, você começaria a compreender as
7.1 Fantasias de aprendizado características essenciais — o odor, a textura e a densidade que definem o repolho. Isto é
informação. Esse conjunto lhe permite entender muito mais sobre cada elemento, vendo as relações
• Aprender a aprender. Para mim, este deveria ser o único curso durante os seis primeiros anos da
entre eles — as variações sobre um tema.
escola.
• As pessoas desperdiçam tanta energia procurando o melhor exemplo para um argumento, quando
• A pergunta e como formulá-la Fazer perguntas é o passo mais importante para achar as respostas.
talvez fosse melhor usar três exemplos medíocres.
Melhores perguntas provocam melhores respostas.
• O círculo de cinco minutos. O que poderia fazer ou ver em cinco minutos a partir de onde está 8.3 Aprender é fazer conexões
sentado?
• Estou convencido de que agrupar idéias é vital para a comunicação. Um número num relatório
• O círculo de cinco quilômetros. O que poderia fazer, ver e compreender sobre sociologia, estrutura
anual por exemplo, o do faturamento não lhe diz muita coisa. Mesmo uma curva de tempo, que
das escolas, da vida urbana e dos sistemas num raio de cinco quilômetros a partir de onde está
mostre os valores ao longo de dez anos, não lhe diz o que você quer saber. Interessa-lhe saber o
sentado?
lucro de cada ano e como se compara a lucratividade de uma empresa com a de outra do mesmo
• Este é seu novo mundo. Se você fosse rei desse reino de cinco quilômetros, como o governaria? setor.
Você iria mudá-lo, compreendê-lo, comunicar-se com ele?
• A forma de extrair sentido de dados brutos é recorrer à comparação e ao contraste para
• Curso sobre uma pessoa. Você poderia fazer um curso sobre Albert Einstein, Louis Kahn ou Yasser captar as diferenças. Fazendo uma analogia com um mapa: este não é o próprio território, mas
Arafat. as diferenças — seja de altitude, vegetação, população, terreno. Gregory Bateson, Steps to an
Ecology of Mind.

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8.4 O jogo dos números • Se o fracasso puder ser visto como um prelúdio necessário para a grande realização, o processo do
êxito pode ser mais bem compreendido.
• Os números têm o poder de resumir aspectos relevantes da realidade e, no entanto, é muito comum a
incapacidade de compreendê-los, especialmente os grandes números. Quantas pessoas sabem a
diferença entre um milhão e um bilhão? Quantas são.capazes de entender a diferença entre gastar • O QUE VOCÊ NÃO SABE É TÃO IMPORTANTE QUANTO O QUE SABE
bilhões ou trilhões de dólares num projeto do governo? No entanto, isso afeta nossa vida. • A explosão da informação equivale a urna explosão de conhecimento? A resposta é não! Conversei
• NÃO CHOVA NO MEU DESFILE - Estatísticas sobre a distribuição de renda podem não com meu amigo Carlos Fuentes, que afirmou: "O maior desafio que se apresentará à civilização
significar grande coisa, mas imagine se a altura das pessoas refletisse sua renda. Um desfile de moderna será o de como transformar informação em conhecimento estruturado." Para isso, as
uma hora com os 38 milhões de britânicos que têm renda começaria com vários minutos de pessoas precisam aprender a superar sua falta de dimensão e descobrir como fazer melhores
gente sem altura alguma (pessoas que, embora trabalhem, estão perdendo dinheiro), conexões entre as informações.
continuaria por mais de meia hora com pessoas muito baixas (principalmente mulheres, • As pessoas frequentemente despejam não-informação como informação, informação obsoleta como
aposentados e adolescentes). Só depois de quarenta minutos começariam a aparecer as de verdadeira ou atual.
altura média, seguidas por umas poucas ridiculamente altas, pairando 32 km acima da cabeça
das que começaram o desfile. The Economist • A noção clássica de conhecimento tem duas partes. Uma delas é saber o que se sabe. Saber o que
não se sabe é a outra metade. Saber o que se sabe e saber o que não se sabe é o conhecimento
• Nós nos deixamos levar pela informação (especialmente sob a forma de estatística) e admitimos que total.
ela tome decisões por nós. Se não questionarmos os fatos e os números que nos chegam, não
poderemos compreendê-los, e é mais provável que sejamos enganados. Você sempre se sairá melhor • Muitas vezes vi para onde deveria ir ao me encaminhar para outro rumo. R. Buckminster
se ignorar a informação que não entende do que se tentar agir com base nela. Fuiler

• Os números se tornam significativos quando podem ser relacionados a conceitos passíveis de ser • Toda saída é uma entrada para outro lugar. Tom Stoppard
captados visceralmente. Um bilhão e um trilhão não têm significado sem um quadro de referência. • “... Planos são uma coisa e destino outra. Quando coincidem, resulta o sucesso. Contudo, o
O que se pode comprar com l trilhão? Os números são meramente simbólicos em toda a informação. sucesso não deve ser considerado absoluto. Questiona-se inclusive se ele é uma resposta
A não ser que possam ser comparados com algo que você já entende, eles não têm nenhuma adequada à vida. O sucesso pode eliminar tantas opções quanto o fracasso". Tom Robbins
utilidade.
• Parte do problema atual é que não ensinamos as pessoas a conviver com a adversidade e com o
• Comparar os dados pode responder à pergunta: "Onde está o dinheiro?", mas não esclarece sobre fracasso. Pensamos que elas deveriam aprender apenas com o sucesso — e isso é parte da
renda disponível ou sobre onde estão as pessoas ricas. Estas são perguntas diferentes. Isso é parte do gratificação instantânea, do conhecimento instantâneo que as pessoas exigem. "Dê-me apenas o
processo de informação; você tem de construir a partir de coisas que compreende. As comparações remédio; poupe-me da agonia de aprender" — é o que dizem.
permitem o reconhecimento.
• Verdadeiras inovações na compreensão — o tipo de percepção que pode revitalizar uma empresa —
• Acho que temos uma sobrecarga de dados, mas pouquíssimas pessoas realmente conseguem utilizar geralmente só vêm depois de algum tipo de queda. Nessa queda, é como se o administrador chegasse
bem a informação. Quando dizemos informação, a palavra de certo modo sugere que ela informa, e ao fundo. Ao chegar ao fundo, ele tem a traumática experiência de descobrir que na realidade
"informa" significa que você está compreendendo e aprendendo alguma coisa e que possivelmente ajudou a criar a confusão, o sistema que não funcionou. Essa percepção é um primeiro passo
está interessado naquilo. Acho que "dados" é uma palavra melhor do que "informação", porque é importante para ele começar a ver as coisas de uma nova maneira.
mais uma nomenclatura de máquina (o que estamos discutindo) e é algo extremamente inamistoso.
Os dois extremos são constituídos de dados em uma ponta e conhecimento na outra. John Sculley. • Henry Thoreau conta uma história sobre um viajante a cavalo que chega à beira de um pântano. Ele
pergunta a um jovem nativo se o fundo do pântano é firme. O rapaz garante ao viajante que sim,
• O conhecimento deve ser interessante, compreensível e relevante para os seus interesses. Os dados, mas, à medida que este avança pelo pântano, começa a afundar. "Pensei que você tivesse dito que o
por outro lado, não têm contexto. Como você lhes dá um contexto? A maioria dos dados não passa fundo deste pântano era firme", diz o viajante ao rapaz. "E de fato é", responde o jovem, "mas você
nesse teste. John Sculley. ainda não avançou nem a metade para chegar até ele".
• Acho que o mais difícil é dar à informação uma forma reconhecível, a fim de que as pessoas a • Fracassado é um homem que errou e não foi capaz de aproveitar a experiência. Elbert
considerem suficientemente importante em sua vida para desejar mudar seu comportamento. John Hubbard
Sculley.
• Quase todos os meus sucessos são baseados em fracassos anteriores. Louis Parker
• Tudo o que temos feito é perceber a forma como as máquinas criam dados e os ampliam. Estamos
concluindo que os dados correspondem à escala da máquina e não à escala do homem. • Minha definição de fracasso é: sucesso com efeito retardado.
Simplesmente não é muito útil ter essas quantidades maciças de dados. John Sculley.
9.2 Informação cultural
• Algumas coisas é preciso ver para crer. S. Harward
9. FRACASSO E SUCESSO • Em algumas coisas é preciso crer para ver. L Ralf Hodgson
• Quantes vezes em minha vida fiquei decepcionado com a realidade porque, na ocasião em que
9.1 A correta administração do fracasso leva ao sucesso a estava observando, minha imaginação, o único meio pelo qual eu poderia desfrutar a beleza,
não foi capaz de funcionar devido à lei inexorável que determina que apenas o que está ausente
• O sucesso explora as sementes plantadas pelo fracasso. O malogro contém uma tremenda energia de pode ser imaginado. Marcel Proust
crescimento.
• Os esforços humanos que falham dramatizam a nobreza do empenho inspirado e persistente.
Grandes realizações foram construídas sobre os alicerces da inadequação e do erro.

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• Cada um de nós tem sua própria interpretação daquilo que vê. Assim como um artista pinta um • Os mapas podem apresentar uma infinidade de formas. Uma tomografia computadorizada é um
quadro que traduz sua visão, nós usamos nossas próprias percepções para compor uma imagem do mapa do corpo humano. Uma lista de mantimentos é o mapa de uma excursão à mercearia. Um
mundo. gráfico da produção anual de uma empresa mapeia seu rendimento. Um pedido de empréstimo é um
mapa mostrando o caminho entre sua situação financeira atual e a situação desejada. Você pode
• Nossa estrutura cultural é um reservatório de informação ao qual nós, indivíduos, recorremos para
mapear idéias e conceitos tanto quanto locais físicos.
comparar acontecimentos casuais e lhes dar um sentido, e no qual a sociedade em que vivemos
procura parâmetros de comparação com uma ideologia cultural ou com a história. Esses
acontecimentos, uma vez confrontados com nossas idéias pré-existentes, podem ser transpostos para 10.2 Mapas de números e idéias
diversas categorias dentro de nosso reservatório de informação, descartados ou apagados no
• Apesar de não tão exóticos quanto os mapas geográficos de terras distantes, gráficos, diagramas,
esquecimento individual ou coletivo.
ilustrações e até formulários são também mapas — da palavra escrita, de números, de conceitos.
• Estamos cada vez mais sujeitos a presenciar acontecimentos que se contradizem uns aos outros e a Eles nos permitem "formar imagens" da informação. Podem dar sentido ao caos, definir o abstrato
nossas opiniões anteriores, o que nos faz questionar nossa própria capacidade de observação. através do concreto e, de modo geral, funcionam como armas com as quais conseguimos dominar
idéias complexas e números rebeldes.
• Não sendo vivenciada em nível urgente, imediato ou mesmo tangível, a ansiedade produzida pela
informação cultural é muito mais difícil de ser superada e mais ainda de ser compreendida. Embora • Mapas bem feitos podem reduzir a ansiedade; também reduz a ansiedade a capacidade de
possamos facilmente reconhecer em que os mapas são inadequados.
• Mapas de números e de idéias podem ser passivos quando vêm completos, como gráficos e
9.3 A desigualdade da percepção diagramas, ou podem ser ativos, como no caso dos formulários e requerimentos que exigem nossa
participação.
• Em parte, a ansiedade surge porque relutamos em aceitar que a percepção não é apenas uma ação
fisiológica que funciona da mesma forma para todos. Recusamo-nos a aceitar que a percepção
humana não é absoluta e, teimosamente, tentamos agir como se assim fosse. Quando procuramos 10.3 Diagramas e gráficos
explicar alguma coisa a alguém, ou supomos automaticamente que o outro pode ver e compreender
• Um diagrama ou um gráfico é um mapa cujo fim específico é ajudar os leitores a processar a
do mesmo modo que nós, ou gastamos um tempo enorme tentando forçá-lo a isso.
informação. Gráficos e diagramas nos permitem tirar conclusões das estatísticas, de forma a não
• Duelo de informação - Na interação diária com outras pessoas, fazemos milhares de avaliações e perdermos o rumo no meio um emaranhado de números desconexos.
julgamentos sem questionar a origem de nossas opiniões. Estes julgamentos influem sobre nosso
• As quatro formas mais comuns de gráficos usados para comunicar estatísticas são gráficos de barras,
discernimento; chegam até mesmo a ameaçar nossa auto-estima, quando superestimamos as pessoas
circulares, de evolução e tabelas. Cada um deles se presta a tipos específicos de informação. A
que nos rodeiam e imaginamos ser inferiores, sub informados ou mal preparados.
escolha de uma determinada forma deve ter por base o tipo de informação a ser mapeado.
• Ver é algo mecânico. A percepção implica perceptividade, introspecção e intuição — a capacidade
• "Na maior parte dos casos, é o próprio material que irá determinar o tipo a ser utilizado, já que ele
de fazer observações significativas sobre acontecimentos e idéias, de relacionar um conjunto de
ficará visualmente mais claro naquela forma do que em qualquer uma das outras. A finalidade de
imagens a outro. Perceber envolve nossas faculdades mentais, nossa criatividade, nossa visão
um gráfico é esclarecer ou tornar visíveis fatos que de outro modo permaneceriam enterrados em um
pessoal.
aglomerado de material escrito, listas, balanços ou relatórios".
• A ansiedade surge quando confundimos ver com perceber, quando supomos que, por termos visitado
• Gráficos de barra - os gráficos de barras são bons para a comparação de quantidades. A altura da
o Louvre, necessariamente enriquecemos nossa percepção. A sociedade em que vivemos incentiva a
barra representa a quantidade.
perceptividade em todos os campos: artes, negócios, ciência, universidade. Assim, a condição para
crescermos no nosso setor de atividade é o desenvolvimento da percepção. • Gráficos circulares - outro exemplo de gráficos que podem levar freqüentemente à confusão em
lugar de esclarecer é o dos circulares. Os gráficos circulares têm sido excessivamente utilizados, em
parte por serem relativamente fáceis de criar por computador. Somos atolados por eles diariamente
10. INFORMAÇÃO DE REFERÊNCIA nos jornais, nos relatórios anuais e até nos anúncios. A área do círculo é uma forma inadequada
para comparar quantidades simples, porque é impossível compreender pelo olhar a relação entre o
diâmetro e a área de um círculo.
• As formas padronizadas de comunicação que usamos podem ser vistas como mapas. Através deles
extrapolamos nossas próprias idéias e encontramos novas informações. intercambiamos percepções • Gráficos de evolução - Os gráficos de evolução são ótimos para indicar tendências. Linhas que
e idéias através da moeda de troca que são os mapas. sobem ou descem são tão fáceis de entender que esse tipo de "gráfico de montanha" é provavelmente
o mais usado. Mas assim como nos gráficos de barras, se a escala dos gráficos de evolução não for
• Teoricamente, um mapa pode ser uma linguagem, um símbolo, um bastão ou um desenho na areia. constante ou não estiver claramente indicada, a informação comunicada se torna, na melhor das
Um mapa é qualquer coisa que mostre o caminho de um ponto a outro, de um nível de hipóteses, confusa e, na pior delas, enganadora. Sempre pergunte: "Qual é a escala?"
entendimento a outro. Um mapa apresenta a rota através da informação, seja ela um local
geográfico ou um tratado de fisiologia. • Tabelas - As tabelas são mapas maravilhosos quando se deseja saber quantidades exatas. As tabelas
de imposto usadas para determinar quanto devemos ao fisco poderiam ser feitas na forma de
10.1 Os mapas como metáfora gráficos de evolução ou de barras, mas seria irreal esperar que algum tipo de gráfico, exceto uma
tabela, determine valores exatos em dinheiro.
• A maior parte das pessoas tem um conceito bastante limitado do mapa como a representação de um
local geográfico específico. Para achar nosso caminho através da informação, precisamos contar
com mapas que nos digam onde estamos em relação à informação, que nos dêem um sentido de
perspectiva e nos permitam fazer comparações entre as informações.

(CC)1996 http://SergioLins.blogspot.com 10 http://creativecommons.org/licenses/by-nd/2.5/


11. TECNOMANIA 12. RECEITA CONTRA ANSIEDADE
• Numa era de informação, todos precisam forçosamente começar a se encarar como processadores de
11.1 Informação como mercadoria informação. Toda vez que escutamos um noticiário, falamos com um colega, lemos uma revista,
olhamos para aquele mar de rostos em um congresso, estamos percebendo e processando informação.
• Uma das grandes ironias da era da informação é que, à medida que a tecnologia de transmissão da
Uma vez aceito esse fato, poderemos aperfeiçoar nossa habilidade como processadores de informação
informação se torna mais sofisticada, a possibilidade de conseguirmos processá-la fica mais remota.
em todos os níveis de nossa vida. Isto exigirá:
É como se estivéssemos na ponta de uma linha de produção que despeja dados a uma velocidade
alarmante, e a máquina não tem botão de desligar. • Mudar nossas percepções, atitudes, e chegar a uma compreensão mais ampla da sociedade em que
vivemos (informação cultural)
• O real benefício dos computadores pode ser a análise do desconhecido, usando técnicas como
gráficos computadorizados interativos para explorar os dados, em busca do inesperado. Novas • Melhorar nossas habilidades de comunicação (informação conversacional)
técnicas nos permitem tomar um grande conjunto de variáveis para cada Estado do país e integrá-las
de tal forma que nos contem uma nova história sobre as diferenças ou semelhanças entre eles", Pela • Aprender a discenir nas informações disponíveis o que nos serve e melhorar a qualidade da
primeira vez existe um equipamento para fazer ais comparações essenciais que dão significado à informação que geramos (informação de referência)
estatísticas. • Extrair mais da mídia (informação noticiosa)
• Os sistemas de computação evoluíram das tarefas de “fundo de escritório" até o ponto de
proporcionar o fluxo de informações necessário para a tomada de decisões empresariais vitais. 12.1 Menos, menos, menos
Muitos executivos, no entanto, não compreendem que gastar mais em tecnologia de informação
pode mudar sua estratégia empresarial. Não sabem sequer como separar a informação • O segredo para processar informação é limitar seu campo de informação dentro do que é relevante
importante da rotineira. As empresas precisam pensar em reconstruir os sistemas existentes e para sua vida, isto é, escolher cuidadosamente que tipo de informação merece seu tempo e sua
criar novos sistemas que forneçam os dados de qualidade necessários para que as decisões atenção. A tomada de decisões se torna mais crítica à medida que aumenta o volume de informação.
sejam tomadas de maneira oportuna o responsável. Peter R. Scanlon Muitos encaram as decisões com apreensão, porque elas implicam eliminar possibilidades.
• O que você deve pesar, em relação à tecnologia, assim como em relação à informação, é sua
capacidade de usá-la e avaliá-la. O que é exato? O que é suficiente? Qual a necessidade de saber? 12.2 Decisões indolores
Tem alguma importância saber que o tempo de vôo do avião é de 4 horas, 21 minutos, 13 segundos
• Ter de escolher entre muitas opções não é o único fator de ansiedade na tomada de decisões. Estas
e 4 milissegundos, ou então que voaremos a uma altitude de 9.549 metros? De que grau de exatidão
têm sido tradicionalmente vistas como degraus que levam à ação. Assim, decisões erradas são
você necessita? De que tipo de som? O que percebe com o paladar? Algumas pessoas treinam para
conseguir distinguir a diferença entre os champanhes. Há certas áreas em que minha percepção pode identificadas com ações erradas e, portanto, abordadas com receio. Não precisa ser assim. Vários
discernir coisas que são realmente importantes para mim — e para essas coisas eu quero estar sociólogos que trabalham nesse campo concluíram que tomar decisões leva apenas a tomar mais
cercado da qualidade que minha opinião e julgamento exigem. Mas não em áreas além da minha decisões. Por exemplo, eu poderia decidir me mudar. Depois teria de decidir para onde ir. Vou para
capacidade de percepção. outra cidade? Para o interior? Para uma casa ou um apartamento? De quantos dormitórios eu
necessito? Uma decisão leva a muitas outras. Em lugar de conduzi-lo à ação, as decisões podem fun-
cionar como uma tática de protelação. Freqüentemente servem quase só para adiar a ação, pois
11.2 O efeito de ricochete muitas vezes as decisões tomadas para uma determinada ação têm pouca relação com as decisões
• Os canais através dos quais recebemos informação tem não apenas sua forma, mas também nossa anteriores.
percepção de sua importância. Cada canal tem seu próprio sentido de urgência. Pacotes que vêm • Informação potencialmente infinita, acoplada a capacidades limitadas, exige algumas tomadas de
pelo correio normal parecem menos urgentes do que os que vêm pelo malote. Chamadas telefônicas decisão, ou uma seleção. Assim, qualquer coisa que você possa fazer para simplificar e limitar esse
e mensagens por fax parecem mais urgentes do que a correspondência. Se recebo uma carta pelo processo irá acarretar menos ansiedade.
correio, devo supor que minha atenção imediata não é exigida. Sinto, em relação às máquinas de
fax, uma impressão de urgência que não me ocorre em relação ao serviço do correio. 12.3 Atitudes firmes
• Nossa tendência é reagir de acordo com a forma pela qual a informação é transmitida; mas a forma
• Aceite que existem muitas coisas que você não compreende. Deixe que aquilo que você não sabe seja
de transmissão é frequentemente determinada muito mais pela tecnologia disponível do que pela
a centelha de sua curiosidade. Visualize a expressão "não sei" como um recipiente que pode agora ser
natureza da informação que está sendo enviada. Deixamos, então, que nossa reação reflita a
transmissão, em lugar de refletir o valor da informação. O material que recebo o tempo todo pelos enchido com a água do conhecimento.
malotes dificilmente merece minha atenção, imediata ou não. No entanto, não consigo evitar uma • À medida que você aprende algo, tente se lembrar de como era não saber. Isto aumentará
sensação urgência, não pelo assunto em si, mas pela maneira como foi enviado. imensamente sua habilidade de explicar coisas aos outros.
• Atribuímos à informação um elemento de pânico desnecessário. No entusiasmo de exercitar as • Reduza os sentimentos de culpa em relação ao que não leu, reconhecendo que a quantidade de
novas máquinas, criamos ansiedade inútil; a síndrome do brinquedo novo funciona tanto com um informação é tanta que você não pode ler tudo.
equipamento de telecomunicações como com um brinquedo de lata.
• Sempre que deparar com uma idéia nova, tente relacioná-la a alguma outra coisa. Ache uma ligação
• Sem a tecnologia, a ansiedade de informação existiria em um nível desprezível. Foi a tecnologia de entre a nova idéia e modelos anteriores.
armazenamento e de transmissão que trouxe o dramático crescimento da informação e permitiu sua
disseminação global instantânea. Os esforços dessas duas áreas superam os serviços de apoio, as • Pense nos opostos. Quando tiver um problema, pense numa solução, depois no seu oposto. Quando
políticas institucionais e os programas Institucionais e sistemas que nos permitiriam manipular escolher uma direção, pense no que aconteceria se você fosse na direção oposta.
enormes quantidades de informação pela compreensão.

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12.4 Ações vigorosas • Reduza aquela pilha de material de leitura que parece olhar para você acusadoramente do alto de sua
mesa enquanto espera interminavelmente para ser lida. Eu uso a abordagem das etapas. Primeiro
• Familiarize-se com as armadilhas e emboscadas da comunicação de informação. Descubra se você é deixo que a pilha de periódicos (amontoada no chão ao lado de minha mesa) chegue até uma
uma vítima de: determinada altura (cerca de sessenta centímetros); em seguida, dou uma folheada e separo todos os
1. Doença da familiaridade artigos que me interessam. Isso reduz minha pilha de culpa a um pequeno monte de artigos que se
2. Achar que boa aparência é boa informação tornam minhas fatias de interesse.
3. Síndrome do "hã-hã"
4. Comparações inconsistentes •
5. Pensar que, se algo é exato, é informativo
6. Exatidão desnecessária
7. Culto do arco-íris ou adjetivite
8. Disfunção de memória do jantar chinês
9. A sedução do "favorável ao usuário"
10. O lance da "pequena montagem necessária"
11. Síndrome da opinião especializada
12. Não me diga como termina
13. Não conseguir reconhecer imposturas de informação
14. Administrativite
15. Construtivite
• Estabeleça seu próprio nível de adequação quanto à exatidão. Apenas porque uma informação leva a
exatidão
• Faça uma lista dos termos que você usa sem entender realmente, como o índice da Bolsa de Valores,
Ml, M2 e M3, por exemplo, e proponha-se a aprender o que eles significam — um de cada vez.
• Planeje sua dieta de informação como você planeja as férias. Esboce um sistema para classificar as
necessidades de informação em sua vida com base em suas respostas às seguintes perguntas:
• Qual a informação de que você necessita para seu trabalho?
• Quanta informação é essencial?
• Quanta informação é desejável?
• Que assuntos despertam seu interesse?
• Sobre o que você gosta de falar?
• Em que informação você gasta tempo sem necessidade?
• Como a eliminação dela mudaria sua vida?
• Depois de ter estabelecido categorias, elabore um quadro de seus hábitos informacionais, os jornais
que lê, os programas a que assiste, os livros que consulta etc. Como eles se enquadram nas grandes
categorias e subgrupos?
• Descubra qual o seu método preferido de aprendizado.Algumas pessoas aprendem melhor lendo um
livro; outras, fazendo um curso, experimentando, perguntando a alguém. Depois, quando necessitar
de informação sobre um assunto, tente encontrar um modo compatível com sua forma preferida de
aprender. Pessoalmente, eu aprendo mais conversando com outra pessoa.
• Isole as áreas informacionais que lhe provocam mais ansiedade. Elas podem ser:
• Médica (falar com médicos)
• Financeira (bancos, hipotecas, formulários de seguro, requerimentos de empréstimo)
• Eletrônica (comprar e operar equipamentos)
• Materiais de referência (horários de vôo ou estudos estatísticos)
• O ato de elaborar uma lista já fará você se sentir menos ansioso. Agora tem por onde começar a
reduzir sua ansiedade. Classifique os itens de um a dez. Imagine o que teria de acontecer para
reduzir sua ansiedade em cada área. Você teria de fazer um curso, estudar por dois anos, ou bastaria
telefonar para alguém? Em seguida, você pode decidir o que vale a pena assumir e o que não vale.
Pode decidir que prefere pagar um contador para calcular seu imposto a enfrentar sua fobia de
formulários. Se você aceitar que não pode saber tudo, ficará muito mais à vontade com a idéia de
desconhecer alguma coisa.

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