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Letra do Hino Nacional, História do Hino, vocabulário, significados, criação e autores,
cerimônias no momento do hino nacional.


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 DEITADO ETERNAMENTE EM BERÇO
OUVIRAM DO IPIRANGA AS MARGENS ESPLÊNDIDO,
PLÁCIDAS AO SOM DO MAR E À LUZ DO CÉU
DE UM POVO HERÓICO O BRADO PROFUNDO,
RETUMBANTE, FULGURAS, Ó BRASIL, FLORÃO DA AMÉRICA,
E O SOL DA LIBERDADE, EM RAIOS ILUMINADO AO SOL DO NOVO MUNDO!
FÚLGIDOS,, DO QUE A TERRA MAIS GARRIDA,
BRILHOU NO CÉU DA PÁTRIA NESSE TEUS RISONHOS, LINDOS CAMPOS TÊM
INSTANTE. MAIS FLORES;
SE O PENHOR DESSA IGUALDADE "NOSSOS BOSQUES TEM MAIS VIDA,"
CONSEGUIMOS CONQUISTAR COM BRAÇO "NOSSA VIDA" NO TEU SEIO "MAIS
FORTE, AMORES".
EM TEU SEIO, Ó LIBERDADE,
DESAFIA O NOSSO PEITO A PRÓPRIA MORTE! Ó PÁTRIA AMADA,
IDOLATRADA,
Ó PÁTRIA AMADA, SALVE! SALVE!.
IDOLATRADA,
SALVE! SALVE! BRASIL, DE AMOR ETERNO SEJA SÍMBOLO
O LÁBARO QUE OSTENTAS ESTRELADO,
BRASIL, UM SONHO INTENSO, UM RAIO E DIGA O VERDE-LOURO DESSA FLÂMULA
VÍVIDO -PAZ NO FUTURO E GLÓRIA NO PASSADO.
DE AMOR E DE ESPERANÇA À TERRA DESCE, MAS, SE ERGUES DA JUSTIÇA A CLAVA
SE EM TEU FORMOSO CÉU, RISONHO E FORTE,
LÍMPIDO, VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À
A IMAGEM DO CRUZEIRO RESPLANDECE. LUTA,
GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA, NEM TEME, QUEM TE ADORA, A PRÓPRIA
ÉS BELO, ÉS FORTE, IMPÁVIDO COLOSSO, MORTE.
E O TEU FUTURO ESPELHA ESSA GRANDEZA.
TERRA ADORADA,
TERRA ADORADA, ENTRE OUTRAS MIL,
ENTRE OUTRAS MIL, ÉS TU, BRASIL,
ÉS TU,BRASIL, Ó PÁTRIA AMADA!
Ó PÁTRIA AMADA! DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL,
DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL, PÁTRIA AMADA,
PÁTRIA AMADA, BRASIL!
BRASIL!
3   
Plácidas: calmas, tranquilas
Ipiranga: Rio onde às margens D.Pedro I proclamou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822
Brado: Grito
Retumbante: som que se espalha com barulho
Fúlgido: que brilha, cintilante
Penhor: garantia
Idolatrada: Cultuada, amada
Vívido: intenso
Formoso: lindo, belo
Límpido: puro, que não está poluído
Cruzeiro: Constelação (estrelas) do Cruzeiro do Sul
Resplandece: que brilha, ilumina da
Impávido: corajoso
Colosso: grande
Espelha: reflete
Gentil: Generoso , acolhedor
Fulguras: Brilhas, desponta com importância
Florão: flor de ouro
Garrida: Florida, enfeitada com flores
Idolatrada: Cultivada, amada acima de tudo
Lábaro: bandeira
Ostentas: Mostras com orgulho
Flâmula: Bandeira
Clava: arma primitiva de guerra, tacape

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Joaquim Osório Duque Estrada nasceu em Pati do Alferes (RJ) em 1870 e faleceu em 1927, no Rio de Janeiro. Além de atuar como
professor do Colégio D. Pedro II e da Escola Normal, foi poeta e crítico literário.
Francisco Manuel da Silva nasceu em 1795 no Rio de Janeiro, onde faleceu em 1865. Dedicou-se à música desde a infância,
fundando a Sociedade Beneficente Musical e o Conservatório de Música do Rio de Janeiro.

    

Trata-se de um texto parnasiano, que privilegia a forma mesmo com sacrifício da clareza da mensagem, gerando dificuldades de
compreensão. Para isso, colaboram o preciosismo vocabular e as frequentes inversões da ordem do discurso, tão ao gosto dos
acadêmicos do final do século XIX, mas distantes do universo das gerações atuais.
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Sabe-se que a forma do poema é rigorosamente parnasiana, porém o seu conteúdo é romântico, inserindo-se nas propostas dessa
escola literária no que se refere à exaltação ufanista.

   

Na segunda parte do hino, os trechos que estão entre aspas foram extraídos do poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias.

  

Desde o descobrimento, o Brasil demorou mais de 300 anos para ter um hino. Em 1831, Francisco Manuel da Silva compôs a
melodia. A letra veio 91 anos mais tarde. Após várias opções não terem sido aprovadas pelos portugueses, em 1922, o presidente
Epitácio Pessoa declarou o texto de Osório Duque Estrada como letra oficial do hino nacional brasileiro.

 

A letra do hino nacional possui ao todo 50 versos, distribuídos em duas partes rigorosamente simétricas, tanto na métrica como no
ritmo.

 Ô  

Você sabia que existem diversas versões que tentam simplificar o hino nacional brasileiro, a fim de facilitar o entendimento da
mensagem? Observe, por exemplo, a versão abaixo:

Nas margens tranquilas do riacho Ipiranga se ouviu Localizado para sempre em terras magníficas,
Um grito muito forte de um povo heroico, Banhado por um oceano e pela luz de um céu imenso,
E, nesse instante, Brilhas, Brasil, joia das Américas,
O sol da liberdade brilhou no céu do Brasil, Iluminado com o sol deste Continente.
Com seus raios muito cintilantes.
Teus campos, risonhos e lindos,
Nós conseguimos conquistar, com muitas lutas, Têm mais flores do que a terra mais enfeitada.
A garantia de sermos iguais aos outros. Nossas florestas têm mais vida.
Ó Liberdade, Nossa vida mais amores,
Desafiamos a própria morte Quando estamos junto de ti.
Quando estamos junto a ti.
Viva! Viva!
Viva! Viva! País amado e adorado.
País amado e adorado.
Brasil, que a tua bandeira estrelada
Brasil, um sonho forte, como um raio muito luminoso, Seja um símbolo de amor eterno!
De amor e de esperança desce à terra, E que o verde-amarelo desta bandeira diga:
Se a imagem das estrelas do Cruzeiro do Sul, "Nós temos glórias no passado e no futuro teremos paz".
Brilha em teu céu bonito, risonho e claro.
Mas se levantares a arma forte da justiça,
Pela sua própria natureza és um gigante, Verás que um brasileiro não foge de uma luta!
Gigante corajoso, és belo, és forte, E quem te adora não tem medo nem da morte.
E o teu futuro vai ser grande como tu.
Brasil, Pátria querida,
Brasil, Pátria querida, Entre tantas outras nações,
Entre tantas outras nações, Tu és a mais adorada.
Tu és a mais adorada.
Brasil, Pátria amada,
Brasil, Pátria amada, És a mãe querida dos filhos
És a mãe querida dos filhos Que nasceram aqui!
Que nasceram aqui!


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Conotação é o emprego de uma palavra tomada em um sentido incomum, figurado, circunstancial, que depende
sempre de contexto. Muitas vezes é um sentido poético, fazendo comparações.
Exemplos:

Å A frieza do olhar
Å A lua nova é o sorriso do céu.

Exemplos de conotação

Os provérbios ou ditos populares são exemplos da linguagem de uso conotativo.

ó "Quem está na chuva é para se molhar" seria o mesmo que: r      
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ó "Em Casa de ferreiro, o espeto é de pau" é equivalente a que a pessoa faz favores fora de casa, para os outros,mas
não faz em casa, para si mesma.
ó "Ele é um '½ "seria o mesmo que dizer "Ele é ?  ."
Divisões do sentido conotativo


Quando compara uma coisa com a outra usando figuras.
Exemplo: O homem é forte como o leão.

Linguagem denotativa

Quando o emissor busca objetividade de expressão da mensagem, utiliza a linguagem denotativa, com função
referencial. As palavras são empregadas em sua significação (usual, literal, real), referindo-se a uma realidade
concreta ou imaginária.

A denotação é encontrada em textos de natureza informativa, como textos jornalísticos ou científicos, visto que o
emissor busca informar objetivamente o receptor.

É comum na literatura os autores empregarem as palavras em um outro sentido, o conotativo (figurado). Todavia, é
na poesia que isso ocorre com mais frequência, embora não seja apenas na literatura e na poesia que a conotação
aparece, mas também nos anúncios publicitários e até mesmo na linguagem do dia-a-dia.



A palavra ͞rima͟ vem do latim m , e quer dizer de algo relativo a ritmo, a musicalidade e,
consequentemente, a sonoridade. Obviamente, deve vir da origem a definição mais freqüentes dos
dicionários para a palavra rima: ͞repetição dum som no final de dois ou mais versos; identidade de som na
terminação de duas ou mais palavras.͟ (Dicionário Aurélio) e ͞Igualdade ou concordância de sons, a partir da
sílaba tônica da palavra final de dois ou mais versos; Repetição, no meio de um verso, de som que termina o
verso anterior.͟ (Dicionário Larousse).

De acordo com a última denominação do Dicionário Larousse a rima pode vir tanto ao final do verso como
em seu interior.

Há alguns tipos de classificação de rimas:

Rima pobre: quando as palavras rimadas são de mesma classe gramatical (substantivo com substantivo,
adjetivo com adjetivo). São denominadas pobres porque são obviamente mais fáceis de serem rimadas, sem
exigir muito esforço por parte do poeta.
Exemplo: Os meninos choram
Por causa dos que foram.

Rima rica:quando as palavras rimadas são de diferentes classes gramaticais (substantivo com adjetivo, verbo
com substantivo)
Exemplo: Oh, meu amigo!
Não chores porque não te ligo...

Preciosa ou rara: quando as palavras rimadas estão em formas gramaticais diferentes.


Exemplo: Como poderei vê-la?
Parece-me mais distante que uma estrela.

As rimas ainda podem ser classificadas de acordo com a sua organização no poema:

RIMAS EMPARELHADAS OU PARALELAS

"Ele deixava atrás tanta recordação!.......................................A


E o pensar, a saudade até no próprio cão,.............................A
Debaixo de seus pés, parece que gemia,................................B
Levanta-se o sol, vinha rompendo o dia,.................................B
E o bosque, a selva, o campo, a pradaria em flor... ...............C
Vestiam-se de luz com um peito de amor"..............................C
(A de Oliveira)

RIMAS ALTERNADAS, CRUZADAS OU ENTRELAÇADAS:


AB AB AB AB
Quando de um lado, rimam os versos ímpares(o 1º com o 3º, etc ); de outro, os versos pares (o 2º com o 4º,
etc)
"Tu és beijo materno!.............................................A
Tu és um riso infantil..............................................B
Sol entre as nuvens de inverno,..........................A
rosa entre as flores de abril...................................B
RIMAS OPOSTAS OU INTERPOLADAS OU INTERCALADAS: ABBA ABBA
Quando o 1º verso rima com o 4º, e o 2º com o 3º
"Saudade! Olhar de minha mãe rezando ...........................A
E o prato lento deslizando em fio.........................................B
Saudade! Amor de minha terra... o rio .................................B
Cantigas de águas claras soluçando" ................................A
(Da Costa e Silva)

RIMAS ENCADEADAS OU INTERNAS


Quando rima a final de um verso com o interior de verso seguinte, conforme o esquema abaixo:
...............................A
...............A.............C
...............................B
...............B.............C
Exemplo:
"Quando alta noite n'amplidão flutua
Pálida a lua com fatal palor,
Não sabes, virgem, que eu te suspiro
E que deliro a suspirar de amor."
(Castro Alves)

RIMAS COROADAS
Quando rimam palavras dentro de um mesmo verso, conforme o esquema abaixo:
A-A..................................................B -B
C-C..................................................D
E-E..................................................F -F
G-G..................................................D
Exemplo:
"Donzela bela, que me inspira lira
Um canto santo de fervente amor
Ao bardo cardo de tremenda senda
Estanca, arranca - lhe a terrível dor"
(Castro Alves)

ó 3   : São os versos que não tem rima


 A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada

(J  
m  , Vinícius de Moraes)



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É uma figura de estilo que consiste em atribuir, a seres irracionais ou inanimados, sentimentos e acções
próprios de pessoas. Exemplos:

"Então a neve desaparecia e o degelo soltava as águas do rio que corria ali perto e cuja corrente recomeçava
a cantar noite e dia entre ervas, musgos e pedras."

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

"- Na verdade - admitiu a formiga - a maioria dos animais tornou-se muda."

(José Gomes Ferreira)

"A Terra começou a pensar e mandou reunir os ani mais que ainda restavam"

(Extracto de uma fábula guineense)

«A formiga não se apressou a responder. Refletiu alguns momentos antes de adiantar estas palavras
cautelosas: Bem vês? Os nossos costumes foram evolucionando devagarinho?»
José Gomes Ferreira, a m      

«O inverno estendeu uma toalha branca» (Jorge de Sousa Braga,  

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É uma figura que consiste na substituição de um termo por outro, com o qual apresenta semelhanças. É uma
espécie de comparação abreviada pela omissão, ou do primeiro termo e da partícula comparativa, ou apenas
da partícula comparativa.
Exemplos:

"Amigo é uma grande tarefa." (Alexandre O'Neill)

"Santarém é um livro de pedra..." (Almeida Garrett)

«O poema é A liberdade ͟ ( Sophia de Mello Breyner Andresen, m    

Exemplos de metáforas da linguagem corrente: maçãs do rosto, primavera da vida͙

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É uma aproximação entre dois termos ou expressões através de uma conjunção ou locução subordinativa
comparativa (como, assim como, bem como, etc.) ou de um verbo com função semelhante (parecer,
lembrar, sugerir, assemelhar-se, sugerir, etc.).A comparação leva à compreensão mais profunda do primeiro
termo.Exemplos:

(A cidade) "É como um tecido orgânico". (António Gedeão)

͟Alma árida como urze". (Alexandre Herculano)

«O silêncio é como se fosse água͟. Jorge de Sousa Braga,  

«O monte estava ao lado da quinta de Cavaleiros e era como uma cabeça que saía da terra, com os olhos
fechados.» Agustina Bessa-Luís,    J 
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A história da literatura procura entender todas as modificações que a produção literária passou ao longo da evolução da
sociedade.Para este estudo, a análise e compreensão dos textos literários são muito importantes, pois nos ajudam a entender
melhor o contexto histórico em que o texto foi escrito.Quando estudamos a história ou origem da literatura deparamos com um
conceito: o de     ou    .
ͻ Estilos de época: é o nome dado conjunto de obras escritas em uma determinada época.
O critério usado para dividir os estilos de época varia muito: às vezes, o autor publica uma obra revolucionária e ela acaba se
tornando o marco inicial de um determinado período, outras vezes um fato histórico influencia uma infinidade de obras que darão
origem a um determinado movimento literário.
É importante ressaltar que as datas estabelecidas para um determinado período não são tão rigorosas quanto parecem, são
apenas recursos didáticos usados para facilitar o estudo, já que é quase impossível estabelecer precisamente quando iniciou ou
terminou um período.
Também é bom sabermos que um estilo de época não ͞morre͟ por completo e que a passagem de um estilo para outro não é tão
rápida assim.
Muitas ideias adotadas em um período podem ser aproveitadas por outros estilos literários que fazem uma releitura ou uma
reinterpretação de textos já escritos.
A Literatura busca influência nela mesma para sempre ter a possibilidade de abrir novos caminhos e novas ideias. É por esta razão
que o entendimento correto sobre cada estilo é tão importante, pois através dessa compreensão temos uma visão geral da
Literatura e da sociedade que a produziu.
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% $÷ (Dividido em dois momentos: )
* ÷  ,    (Literatura de Informação, Barroco e Arcadismo ʹ 1500 até 1822)
Nesse período ocorreram várias manifestações literárias de um grupo composto por alguns escritores que copiavam os padrões e
tendências de Portugal.
* ÷  ,    (Romantismo, Realismo ʹ Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo,
Pré-Modernismo, Modernismo, Pós-Modernismo ʹ da Independência até os dias de hoje). Todos os acontecimentos históricos e
marcantes da história do Brasil contribuíram para fortalecer os movimentos literários. O público cresceu e com isso estimulou os
escritores a melhorar cada vez mais suas obras.
¦ *%+%$÷ %$ x¦%÷
- x + 3÷
(Trovadorismo e Humanismo) -
Trovadorismo: poemas feitos para serem cantados, são as cantigas (de amor, amigo, escárnio e maldizer)
- x% (eu-lírico masculino)
- Exaltação das qualidades da dama
- Sofrimento amoroso
- Ambiente aristocrático
- x% (eu-lírico feminino)
- Ambientação rural
- Linguagem e estrutura simples
- Fala do amor da mulher pelo seu amigo
- $
% x÷+- 
- Crítica aos membros da sociedade
- Jogos de palavras e ironias
- Abordavam temas como escândalos, sexo, falsa religiosidade
OBS: Na cantiga de escárnio o nome da pessoa era ocultado, na de maldizer a crítica era direta e a vítima tinha seu nome reve lado.
Humanismo: Valorização do homem.
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(Classicismo, Barroco e Arcadismo).
Classicismo: Teve em Camões o seu maior representante.
Barroco: Textos ricos com profunda elaboração formal.
Arcadismo:
- Textos bucólicos,
- Valorização do homem,
- Linguagem simples,
- Imitação dos modelos da literatura da Antigüidade Clássica e do Renascimento.
- x%+ 

(Romantismo, Realismo-Naturalismo, Simbolismo, Modernismo)
Romantismo
liberdade de expressão e de pensamento,
tentativa de buscar soluções para os problemas sociais etc.
Realismo: ͞O Crime do Padre Amaro͟ e ͞O Primo Basílio͟ de Eça de Queirós foram duas obras importantes que ajudaram a
divulgar o realismo no Brasil.
Simbolismo: Marco inicial do Simbolismo em Portugal foi a publicação do livro de poesias ͞Oaristos͟ de Eugênio de Castro, em
1890.
V  (Final do séc.XVI e início do séc. XVII)

Período literário caracterizado pelos contrastes, oposições e dilemas.


O homem do barroco buscava a salvação ao mesmo tempo que queria usufruir dos prazeres mundanos,daí surgiram os conflitos.É o
antropocentrismo (homem) opondo-se ao Teocentrismo (Deus).O homem deste período está entre o céu e a Terra. Mesmo se valorizando,
ele vivia atormentado pela idéia do pecado, então vivia buscando a salvação.

CARACTERÍSTICAS 1-Culto dos contrastes.Presença


da antítese.
claro/escuro
vida/morte
tristeza/alegria

2-Pessimismo
3-Intensidade=presença da hipérbole(figura de linguagem caracterizada pelo exagero da expressão)
4-Linguagem muito rebuscada

AUTORES E OBRAS

1-Bento Teixeira: DzProsopopéiadz marco inicial do Barroco brasileiro em 1601

2-Gregório de Matos:apelidado DzBoca do Infernodz.Escreveu poesia lírica,satírica e religiosa.Não publicou nada em vida,o que conhecemos
de sua obra é fruto de pesquisas.O apelido é porque o autor retratava a sociedade da época(às vezes, com uma linguagem considerada de
baixo calão.)

3 Ȃ Padre Antônio Vieira: DzSermão da Sexagésimadz,dzSermão de Santo Antônio aos peixesdz

ANÁLISE DO POEMA DzA INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDOdz DE GREGÓRIO DE MATOS

Nasce o sol e não dura mais que um dia. (antítese vida/morte)


Depois da luz, se segue a noite escura, (ant. claro/escuro)
Em tristes sombras morre a formosura, (ant.feio/belo)
Em contínuas tristezas a alegria. (ant. tristeza/alegria)

Porém, se acaba o sol, porque nascia? (dúvida)


Se é tão formosa a luz, porque não dura?
Como a beleza assim se trasfigura?
Como o gosto da pena assim se fia? (sofrimento)

Mas no sol e na luz falta a firmeza;


Na formosura, não se dê constância
E, na alegria, sinta-se tristeza. (ant. tristeza/alegria)

Começa o mundo, enfim pela ignorância,


E tem qualquer dos bens por natureza:
A firmeza somente na inconstância.

(Gregório de Matos.Obra Completa.)

O poema acima é formado por 2 quartetos e 2 tercetos, num total de 14 versos. Esta é a estrutura de um soneto.
Se notarmos bem veremos que há uma figura constante: a antítese.Figura pela qual se faz a contraposição de palavras.Exemplos.

Verso 1: vida/morte
Verso 2: claro/escuro
Verso 3: feio/belo
Verso 4: tristeza/alegria
Verso 11: tristeza/alegria

O traço comum a todos os versos da segunda estrofe é a interrogação, a dúvida e a incerteza.

O Barroco enfatiza tudo que é inconstante,que muda de aparência,que está em movimento.


 

  
O Arcadismo, também conhecido como Neoclassicismo, surgiu no continente europeu no século XVIII,
durante uma época de ascenção da burguesia e de seus valores sociais, políticos e religiosos. Esta
escola literária caracterizava-se pela valorização da vida bucólica e dos elementos da natureza. O
nome originou-se de uma região grega chamada Arcádia (morada do deus Pan).

Os poetas da escola literária escreviam sobre as belezas do campo, a tranqüilidade proporcionada pela
natureza e a contemplação da vida simples. Portanto, desprezam a vida nos grandes centros urbanos e
toda a vida agitada e problemas que as pessoas levavam nestes locais. Os poetas arcadistas chegavam
a usar psedônimos (apelidos) de pastores latinos ou gregos.

 
 V


No Brasil, o arcadismo chega e desenvolve-se na segunda metade do século XVIII, em pleno auge do
ciclo do ouro na região de Minas Gerais. É também neste momento que ocorre a difusão do
pensamento iluminista, principalmente entre os jovens intelectuais e artistas de Minas Gerais. Desta
região, que fervia culturalmente e socialmente nesta época, saíram os grandes poetas.

Entre os principais poetas do arcadismo brasileiro, podemos destacar Cláudio Manoel da Costa (autor
de Obras Poéticas), Tomás Antônio Gonzaga (autor de Liras, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu),
Basílio da Gama (autor de O Uraguai) , Frei Santa Rita Durão (autor do poema Caramuru) e Silva
Alvarenga (autor de Glaura).

As principais características das obras do arcadismo brasileiro são: valorização da vida no campo,
crítica a vida nos centros urbanos (fugere urbem = fuga da cidade), uso de apelidos, objetividade,
idealização da mulher amada, abordagem de temas épicos, linguagem simples, pastoralismo e
fingimento poético.

O Arcadismo foi um estilo literário que perdurou pela maioria do século XVIII, tendo como principal
característica o bucolismo, elevando a vida despreocupada e idealizada nos campos. Muitos dos participantes da
Conjuração Mineira foram poetas árcades.

 


Introdutor do Arcadismo no Brasil, Cláudio Manuel da Costa (1729 -1789) estudou Direito em Coimbra. Rico,
advogou em Mariana, SP, onde nasceu e estabeleceu-se depois em Vila Rica. Foi um poeta de transição, ainda
muito preso ao Barroco. Era grande amigo de Tomás Antônio Gonzaga, como atesta a poesia deste. Tinha os
pseudônimos (apelido, no caso dos árcades, de origem pastoril) de Glauceste Satúrnio e Alceste. O nome de sua
musa era Eulina. Foi preso em 1789, acusado de reunir os conjurados da Inconfidência Mineira. Após delatar seus
colegas, é encontrado morto na cela, um caso de suicídio até hoje nebuloso. Na citação a seguir está presente um
elogio ao campo, lugar idealizado pelos árcades.

"Quem deixa o trato pastoril, amado,


Pela ingrata civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro da paz não tem provado."

V 
é o termo utilizado para designar uma espécie de poesia pastoral, que descreve a qualidade ou o caráter dos
costumes rurais, exaltando as belezas da vida campestre e da natureza, característica do arcadismo. A base material do
progresso consubstanciava-se nas cidades. Mudava o mundo, modernizavam-se as cidades e, consequentemente,
redobravam os problemas dos conglomerados urbanos. A natureza acenava com a ordem nos prados e nos campos, os
indivíduos resgatavam sentimentos corroídos pelo progresso. Os árcades buscavam uma vida simples, bucólica, longe do
burburinho citadino.
 
 V


O Romantismo no Brasil é o movimento dos pensamentos e mudanças advindos da Revolução Industrial e


Francesa ocorridos na Europa. A burguesia ganhava poder e uma nova classe surgia, a dos proletariados. No
Brasil, a repercussão destas revoluções é a luta e conquista da independência.
Já na literatura observa-se uma introspecção frente à realidade, pois na fase romântica a literatura passa a refletir
e observar o homem no seu aspecto subjetivo: as emoções, as condições do estado de alma, os sentimentos de
amor e saudade, além disso, valoriza as características nacionais na figura do índio.
Além da fuga da realidade ou Dzescapismodz, do nacionalismo e do subjetivismo, o romantismo apresenta as
seguintes características: liberdade de expressão e produção, individualismo, pessimismo, medievalismo e crítica
social.
A publicação de DzSuspiros poéticos e saudadesdz, em 1836, do autor Gonçalves de Magalhães é o marco inicial do
Romantismo brasileiro. No entanto, o responsável pela consolidação da literatura romântica no Brasil é
Gonçalves Dias.
O Romantismo brasileiro pode ser dividido em três gerações distintas:

Ȉ   

Geração cujo tema é a valorização da natureza e da figura do índio. A temática desta fase é o indianismo e tem
como principal autor Gonçalves Dias.
Quanto à prosa, José de Alencar se encaixa na primeira geração em função de seus romances indianistas.

Ȉ

Geração do chamado DzUltra-Romantismodz, o qual é justificado pelo exagero na exposição dos sentimentos, na sua
maioria, pessimistas (tédio, morte). O poeta Álvares de Azevedo é reconhecidamente o poeta mais dramático
desta geração poética.

  

Geração que apresenta tendências do Realismo, por introduzir uma literatura mais voltada para os problemas
regionais, políticos e sociais. O romance regionalista de mais repercussão é DzInocênciadz e tem como autor
Visconde de Taunay.

Os principais autores do Romantismo brasileiro são:

 
Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Castro Alves.


 Joaquim Manuel Macedo, José de Alencar, Visconde de Taunay.



O Realismo surge em meio ao fracasso da Revolução Francesa e de seus ideais de Liberdade, Igualdade e
Fraternidade. A sociedade se dividia entre a classe operária e a burguesia. Logo mais tarde, em 1848, os
comunistas Marx e Engels publicam o Manifesto que faz apologias à classe operária.
Uma realidade oposta ao que a sociedade tinha vivido até aquele momento surgia com o progressotecnológico: o
avanço da energia elétrica, as novas máquinas que facilitavam a vida, como o carro, por exemplo. As correntes
filosóficas se destacam: o Positivismo, o Determinismo, o Evolucionismo e o Marxismo.
Contudo, o pensamento filosófico que exerce mais influência no surgimento do Realismo é o Positivismo, o qual
analisa a realidade através das observações e das constatações racionais.
Dessa forma, a produção literária no Realismo surge com temas que norteiam os princípios do Positivismo. São
características deste período: a reprodução da realidade observada; a objetividade no compromisso com a
verdade (o autor é imparcial), personagens baseadas em indivíduos comuns (não há idealização da figura
humana); as condições sociais e culturais das personagens são expostas; lei da causalidade (toda ação tem uma
reação); linguagem de fácil entendimento; contemporaneidade (exposição do presente) e a preocupação em
mostrar personagens nos aspectos reais, até mesmo de miséria (não há idealização da realidade).
A literatura realista surge na França com a publicação de Madame Bovary de Gustave Flaubert, e no Brasil com
Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, em 1881.



O 
e o 
apresentam semelhanças e diferenças entre si. O Realismo retrata o
homem interagindo com seu meio social, enquanto o Naturalismo mostra o homem como produto de
forças Dznaturaisdz, desenvolve temas voltados para a análise do comportamento patológico do homem,
de suas taras sexuais, de seu lado animalesco.
Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é mero produto da hereditariedade e seu comportamento é
fruto do meio em que vive e sobre o qual age.
A perspectiva evolucionista de Charles Darwin inspirava os naturalistas, esses acreditavam ser a
seleção natural que impulsionava a transformação das espécies.
Assim, predomina nesse tipo de romance o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a agressividade,
a violência, o erotismo como elementos que compõe a personalidade humana.
Ao lado de Darwin, Hippolyte Taine e Auguste Comte influenciaram de modo definitivo a estética
naturalista.
Os autores naturalistas criavam narradores oniscientes, impassíveis para dar apoio à teoria na qual
acreditavam. Exploravam temas como o homossexualismo, o incesto, o desequilíbrio que leva à loucura,
criando personagens que eram dominados por seus instintos e desejos, pois viam no comportamento
do ser humano traços de sua natureza animal.
No Brasil, a prosa naturalista foi influenciada por Eça de Queirós com as obras O crime do padre
Amaroe O primo Basílio, publicadas na década de 1870. Aluísio de Azevedo com a obra O mulato,
publicada em 1881, marcou o início do Naturalismo brasileiro, a obra O cortiço, também de sua autoria,
marcou essa tendência.
Em O cortiço a face completa do Naturalismo pode ser vista, nessa obra o indivíduo é envolvido pelo
meio, o cenário é promíscuo e insalubre e retrata o cruzamento das raças, a explosão da sexualidade, a
violência e a exploração do homem.
Além de Aluízio de Azevedo e Eça de Queirós, existem outros escritores que se destacaram como Júlio
Ribeiro com o romance A carne (1888); Adolfo Caminha com A normalista (1893) e O bom-crioulo; Raul
Pompéia com O Ateneu (1888).



 V


O Parnasianismo tem seu marco inicial com a publicação de DzFanfarrasdz de Teófilo Dias, em 1882.
Contudo, Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e Raimundo Correia também auxiliaram a implantação do
Parnasianismo no Brasil.
A estética parnasiana, originada na França, valorizava a perfeição formal, o rigor das regras clássicas na
criação dos poemas, a preferência pelas formas fixas (sonetos), a apreciação da rima e métrica, a
descrição minuciosa, a sensualidade, a mitologia greco-romana. Além disso, a doutrina da Dzarte pela
artedz esteve presente nos poemas parnasianos: alienação e descompromisso quanto à realidade.
Contudo, os parnasianos brasileiros não seguiram todos os acordos propos tos pelos franceses, pois
muitos poemas apresentam subjetividade e preferência por temas voltados à realidade brasileira,
contrariando outra característica do parnasianismo francês: o universalismo.
Os temas universais, vangloriados pelos franceses, se opunham ao individualismo romântico, que
revelava aspectos pessoais, desejos, aflições e sentimentos do autor.
Outra característica que o Parnasianismo brasileiro não seguiu à risca foi a visão mais carnal do amor
em relação à espiritual. Olavo Bilac, principalmente, enfatizou o amor sensual, entretanto, sem
vulgarizá-lo.
No Brasil, os principais autores parnasianos são: Olavo Bilac e Raimundo Correia.
O poema DzProfissão de fédz de Olavo Bilac é uma representação da estética parnasiana no Brasil:
Veja um trecho:
Î  E horas sem conta passo, Porque o escrever Ȃ tanta Assim procedo Minha pena
mudo, perícia Segue esta norma,
O olhar atento, Tanta requer, Por servir-te, Deusa serena,
A trabalhar, longe de tudo Que ofício tal nem há notícia Serena Forma!
O pensamento De outro qualquer
Vemos nas estrofes acima aspectos parnasianos, como Dza arte pela artedz: o poeta deixa claro que a arte
poética exige do autor o afastamento quanto ao que acontece no mundo.
Ainda vemos a exaltação e procura por um rigor técnico, purismo na forma: o poeta diz que escrever
requer muita perícia, cuidado e engrandece a estética formal DzSerena Formadz.
Além disso, observamos no poema a forma fixa dos sonetos, a rima rica e a perfeita ou rara em
contraposição aos versos livres e brancos dos poetas românticos.

  

O precursor do Simbolismo é o francês Charles Baudelaire com a publicação de DzAs Flores do Maldz, em
1857. O Simbolismo surgiu em meio à divisão social entre as classes burguesa e a proletária, as quais
surgiram com o avanço tecnológico advindo da Revolução Industrial.
O mundo estava em processo de mudanças econômicas, enquanto o Brasil passava por guerras civis
como a Revolução Federalista e a Revolta da Armada, nos anos compreendidos entre 1893 a 1895.
Há um clima de grande desordem social, política e econômica nesse período de transição do século XIX
para o século XX. As potências estão em guerra pelo poderio econômico dos mercados consumidores e
dos fornecedores de matéria-prima, ao passo que no Brasil eclodiam as revoltas sociais.

O Simbolismo é a estética literária do final do século XIX em oposição ao Realismo e teve início no Brasil
em 1893, com a publicação de DzMissaldz e DzBroquéisdz, obras de autoria de Cruz e Sousa. Teve seu fim com
a Semana de Arte Moderna, que foi o marco do início do Modernismo.
O Simbolismo não é considerado uma escola literária, já que nesse período havia três manifestações
literárias em confronto: o Realismo, o Simbolismo e o Pré-Modernismo.
Podemos diferenciar a estética poética simbólica da parnasiana, bem como da realista, no quesito de
temas abordados: negação do materialismo, cientificismo e racionalismo do período do Realismo, busca
ao interior do homem, da sua essência, uso de sinestesias, aliterações, musicalidade, além das
dicotomias alma e corpo, matéria e espírito.
No período do Simbolismo podemos destacar os escritores Eugênio de Castro e Cruz e Souza.

 ! 


O avanço científico e tecnológico no início do século XX traz novas perspectivas à humanidade. As


invenções contribuem para um clima de conforto e praticidade. Afinal, o telefone, a lâmpada elétrica, o
automóvel e o telégrafo começam a influenciar, definitivamente, a vida das pessoas.
Além dessas, a arte mostrou um inovado meio de comunicação, diversão e entretenimento: o cinema.
É em meio a tanto progresso que a 1ª Guerra Mundial eclode. Em meio a tantos acontecimentos, havia
muito que se dizer, e por isso, a literatura é vasta nos primeiros anos do século XX. Logo, os estilos
literários vão desde os poetas parnasianos e simbolistas (que ainda produziam) até os que se
concentravam na política e nas peculiaridades de sua região.
Chamamos de Pré-Modernismo a essa fase de transição literária entre as escolas anteriores e a ruptura
dos novos escritores com as mesmas.
Enquanto a Europa preparava-se para a guerra, o Brasil vivia a chamada política do Dzcafé-com-leitedz,
onde os grandes latifundiários do café dominavam a economia.
Ao passo que esta classe dominante e consumista seguia a moda europeia, as agitações sociais
aconteciam, principalmente no Nordeste.
Na Bahia, ocorre a famosa DzRevolta de Canudosdz, que inspirava a obra DzOs Sertõesdz do escritor Euclides
da Cunha. Em 1910, a rebelião DzRevolta da chibatadz era liderada por João Cândido, o DzAlmirante Negrodz,
contra os maltratos vividos na Marinha.
Aos poucos, a República Dzcafé com leitedz ficava em crise e em 1920 começam os burburinhos da Semana
de Arte Moderna, que marcaria o início do Modernismo no Brasil.
Os principais escritores pré-modernistas são: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato, Graça
Aranha e Augusto dos Anjos.
Os marcos literários são, especialmente, o já citado DzOs Sertõesdz, de Euclides da Cunha, e Canaã, de
Graça Aranha.
O Pré-Modernismo não chega a ser considerado uma Dzescola literáriadz, pois não há um grupo de
escritores que seguem a mesma linha temática ou os mesmos traços literários.

 

O Modernismo teve início em meio à fortalecida economia do café e suas oligarquias rurais. A política
do Dzcafé com leitedz ditava o cenário econômico, ilustrado pelo eixo São Paulo - Minas Gerais. Contudo, a
industrialização chegava ao Brasil em consequência da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e
ocasionou o processo de urbanização e o surgimento da burguesia.O número de imigrantes europeus
crescia nas zonas rurais para o cultivo do café e nas zonas urbanas na mão de obra operária.
Nesta época, São Paulo passava por diversas greves feitas pelos movimentos operários de
fundamentação anarquista. Com a Revolução Russa, em 1917, o partido comunista foi f undado e as
influências do anarquismo na sociedade ficavam cada vez menos visíveis. A sociedade paulistana estava
bastante diversificada, formada por Dzbarões do cafédz, comerciantes, anarquistas, comunistas, burgueses
e nordestinos refugiados na capital.
O Modernismo tem seu marco inicial com a realização da Semana de Arte Moderna, em fevereiro de
1922, no Teatro Municipal de São Paulo. O grupo de artistas formado por pintores, músicos e escritores
pretendia trazer as influências das vanguardas europeias à cultura brasileira. Estas correntes europeias
expunham na literatura as reflexões dos artistas sobre a realidade social e política vivida. Por este
motivo, o movimento artístico DzSemana de Arte Modernadz quis trazer a reflexão sobre a realidade
brasileira sociopolítica do início do século XX.


"
! 


O estilo chamado Pós-Modernismo ainda não é aceito por todos os estudiosos. Alguns acreditam que
após a 2ª Guerra Mundial (1945) o tempo Pós -Moderno já seria uma realidade; para outros, ainda não
saímos da Modernidade (e estaríamos vivendo uma 3ª fase do Modernismo).
Na literatura brasileira podemos perceber características que se diferem do Modernismo após a
década de 50. Há uma intensificam dos traços Modernistas no Movimento da Poesia Concreto e
Instauração-Práxis. A transição do Modernismo para o Pós-Modernismo "se evidencia no Tropicalismo
e no Movimento do Poema-Processo. Os traços pós-modernos podem ser encontrados mais
acentuadamente em alguns textos da poesia marginal e na prosa de determinados autores
contemporâneos"1.
A poesia marginal é feita por jovens que buscam uma liberdade de criação e de palavras, além de uma
liberdade editorial (pois publicam seus textos de forma artesanal ou em folhetos). "Por sua própria
natureza, a produção 'marginal' ou 'independente' é bastante volumosa e diversificada, ainda que
alguns de seus autores já tenham, em 1987, obras publicadas pelas editoras convencionais"2. Podemos
ainda citar entre os movimentos de Vanguarda do Pós-Modernismo: o Neoconcretismo, a poesia ligada
à revista Tendência, a produção poética de Violão de rua e os cultores da Arte Postal.
As principais características desse estilo são: intensificação do ludismo na criação literária, utilização
deliberada da intertextualidade, ecletismo estilístico, exercício da metalinguagem, fragmentarismo
textual, na narrativa há uma autoconsciência e autorreflexão, radicalização de posições
antirracionalistas e antiburguesas.

Os principais autores desse estilo literário são: Guimarães Rosa, Clarice Lispector, João Cabral de Melo
Neto, Nelson Rodrigues, Adélia Prado, Autran Dourado, Augusto e Haroldo de Campos , João Ubaldo
Ribeiro, Mário Quintana, entre outros...



 # 

A época do trovadorismo abrange as origens da Língua Portuguesa, a língua galego-portuguesa (o
português arcaico) que compreende o período de 1189 a 1418 . Portugal ocupava-se com as Cruzadas, a
luta contra os mouros, e estava marcado pelo teocentrismo (universo centrado em Deus, a vida estava
voltada para os valores espirituais e a salvação da alma) e pelo sistema feudal (sistema econômico e
político, entre senhores e vassalos ou servos), já enfraquecido, em fase de decadência. Quando
finalmente a guerra chega ao fim, começam manifestações sociais de período de paz, entre elas a
literatura, e em torno dos castelos feudais também desenvolveu-se um tipo de literatura que
redimensiona a visão do mundo medieval e aponta para novos caminhos, essa manifestação literária é o
Trovadorismo.
Os poetas e cronistas dessa época eram chamados de trovadores, pois no norte da França, o poeta
recebia o apelativo trouvère (em Português: trovador), cujo radical é: trouver (achar), dizia-se que os
poetas Dzachavamdz sua canção e a cantavam acompanhados de instrumentos como a cítara, a viola, a lira
ou a harpa. Os poemas produzidos nessa época eram feitos para serem cantados por poetas e músicos.
Os trovadores tinham grande liberdade de expressão, entravam em questões políticas e exerceram
destacado papel social. O primeiro texto escrito em português foi criado no século XII (1189 ou 1198)
era a DzCantiga da Ribeirinhadz, do poeta Paio Soares de Taveirós, dedicada a D. Maria Paes Ribeiro, a
Ribeirinha. As poesias trovadorescas estão reunidas em cancioneiros ou Livros de canções, são três os
cancioneiros: Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Vaticana e Cancioneiro da Biblioteca N acional de
Lisboa (Colocci-Brancuti), além de um quarto livro de cantigas dedicadas à Virgem Maria pelo rei
Afonso X, o Sábio. Surgiram também os textos em prosa de cronistas como Rui de Pina, Fernão Lopes e
Eanes de Azuraram e as novelas de cavalaria, como A Demanda do Santo Graal.
 
 $
Os primórdios da literatura galaico-portuguesa foram marcados pelas composições líricas destinadas
ao canto.Essas cantigas dividiam-se em dois tipos:
Refrão, caracterizadas por um estribilho repetido no final de cada estrofe,
Mestria, que era mais trabalhada, sem algo repetitivo.
Essas eram divididas em temas, que eram:  
 ,  e de %
 e  &.
Mas com o surgimento dos textos em prosa e novelas de cavalaria, houve uma nova Dzclassificaçãodz, que
deixou dividido em:
Lírico Amorosa, subdividida em: cantiga de amor e cantiga de amigo.
Satírica, de escárnio e maldizer.
 

  

Quem fala no poema é um homem, que se dirige a uma mulher da nobreza, geralmente casada, o amor
se torna tema central do texto poético. Esse amor se torna impraticável pela situação da mulher.
Segundo o homem, sua amada seria a perfeição e incomparável a nenhuma outra. O homem sofre
interiormente, coloca-se em posição de servo da mulher amada. Ele cultiva esse amor em segredo, sem
revelar o nome da dama, já que o homem é proibido de falar diretamente sobre seus sentimentos por
ela (de acordo com as regras do amor cortês), que nem sabe dos sentimentos amorosos do trovador.
Nesse tipo de cantiga há presença de refrão que insiste na idéia central, o enamorado não acha palavras
muito variadas, tão intenso e maciço é o sofrimento que o tortura.
São cantigas que espelham a vida na corte através de forte abstração e linguagem refinada.
   

O trovador coloca como personagem central uma mulher da classe popular, procurando expressar o
sentimento feminino através de tristes situações da vida amorosa das donzelas. Pela boca do trovador,
ela canta a ausência do amigo (amado ou namorado) e desabafa o desgosto de amar e ser abandonada,
em razão da guerra ou de outra mulher. Nesse tipo de poema, a moça conversa e desabafa seus
sentimentos de amor com a mãe, as amigas, as árvores, as fontes, o mar, os rios, etc. É de caráter
narrativo e descritivo e constituem um vivo retrato da vida campestre e do cotidiano das aldeias
medievais na região.
 

   &
Esse tipo de cantiga procurava ridicularizar pessoas e costumes da época com produção satírica e
maliciosa.
As cantigas de escárnio são críticas, utilizando de sarcasmo e ironia, feitas de modo indireto, algumas
usam palavras de duplo sentido, para que, não entenda-se o sentido real.
As de maldizer, utilizam uma linguagem mais vulgar, referindo-se diretamente a suas personagens, com
agressividade e com duras palavras, que querem dizer mal e não haverá outro modo de interpretar.
Os temas centrais destas cantigas são as disputas políticas, as questões e ironias que os trovadores se
lançam mutuamente.
As novelas de cavalaria - Surgiram derivadas de canções de gesta e de poemas épicos medievais.
Refletiam os ideais da nobreza feudal: o espírito cavalheiresco, a fidelidade, a coragem, o amor servil,
mas estavam também impregnadas de elementos da mitologia céltica. A história mais conhecida é A
Demanda do Santo Graal, a qual reúne dois elementos fundamentais da Idade Média quando coloca a
Cavalaria a serviço da Religiosidade. Outras novelas que também merecem destaque são "José de
Arimatéia" e "Amadis de Gaula".
 
' # 
(
Os mais conhecidos trovadores foram: João Soares de Paiva, Paio Soares de Taveirós, o rei D. Dinis, João
Garcia de Guilhade, Afonso Sanches, João Zorro, Aires Nunes, Nuno Fernandes Torneol.
Mas aqui falaremos apenas sobre alguns.
  
# "

Paio Soares Taveiroos (ou Taveirós) era um trovador da primeira metade do século XIII. De origem
nobre, é o autor da Cantiga de Amor A Ribeirinha, considerada a primeira obra em língua galaico-
portuguesa.
$ 

Dom Dinis, o Trovador, foi um rei importante para Portugal, sua lírica foi de 139 cantigas, a
maioria de amor, apresentando alto domínio técnico e lirismo, tendo renovado a cultura numa época
em que ela estava em decadência em terras ibéricas.
$ ) 
*
D. Afonso X, o Sábio, foi rei de Leão e Castela. É considerado o grande renovador da cultura
peninsular na segunda metade do século XIII. Acolheu na sua corte e trovadores, tendo ele próprio
escrito um grande número de composições em galaico-português que ficaram conhecidas
como antigas de Santa Maria. Promoveu, além da poesia, a historiografia, a astronomia e o direito,
tendo elaborado aGeneral Historia, a rônica de España, Libro de los Juegos, Las Siete Partidas, Fuero
Real, Libros del Saber de Astronomia, entre outras.
$
D. Duarte foi o décimo primeiro rei de Portugal e o segundo da segunda dinastia. D. Duarte foi
um rei dado às letras, tendo feito a tradução de autores latinos e italianos e organizando uma
importante biblioteca particular. Ele próprio nas suas obras mostra conhecimento dos autores latinos.
Obras: Livro dos onselhos; Leal onselheiro; Livro da Ensinança de Bem avalgar Toda a Sela .
^ + 

Fernão Lopes é considerado o maior historiógrafo de língua portugues a, aliando a investigação à


preocupação pela busca da verdade. D. Duarte concedeu-lhe uma tença anual para ele se dedicar à
investigação da história do reino, devendo redigir uma rônica Geral do Reino de Portugal. Correu a
província a buscar informações, informações estas que depois lhe serviram para escrever as várias
crônicas (rônica de D Pedro I, rônica de D Fernando, rônica de D João I, rônica de inco Reis de
Portugal e rônicas dos Sete Primeiros Reis de Portugal). Foi Dzguardador das escriturasdz da Torre do
Tombo.


^ ,  -#

Frei João Álvares a pedido do Infante D. Henrique, escreveu a rônica do Infante Santo D
Fernando. Nomeado abade do mosteiro de Paço de Sousa, dedicou-se à tradução de algumas obras
pias: Regra de São Bento, os Sermões aos Irmãos do Ermo atribuídos a Santo Agostinho e o livro I
daImitação de risto.
. 
%
/
Gomes Eanes de Zurara, filho de João Eanes de Zurara. Teve a seu cargo a guarda da livraria real,
obtendo em 1454 o cargo de Dzcronista-mordz da Torre do Tombo, sucedendo assim a Fernão Lopes. Das
crônicas que escreveu destacam-se: rônica da Tomada de euta , rônica do onde D Pedro de
Meneses, rônica do onde D Duarte de Meneses e rônica do Descobrimento e onquista de Guiné.
Algumas cantigas:
 
No mundo non me sei parelha,
Mentre me forǯcomo me vay
Ca já moiro por vos Ȃ e ay!
Mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraya
Quando vus eu vi em saya!
Mao dia me levantei,
Que vus enton non vi fea!
E, mia senhor, des aquel diǯ ay!
Me foi a mi muyn mal,
E vos, filha de don Paay
Moniz, e bemvus semelha
Dǯaver eu por vos guarvaya
Pois eu, mia senhor dǯalfaya
Nunca de vos ouve, nem ei
Valia dǯua correa.

 
- Ai flores, ai flores do verde pino,
Se sabedes novas do meu amigo?
Ai, Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
Se sabedes novas do meu amado?
Ai, Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo, Aquel que mentiu do que pôs comigo?
Ai, Deus, e u é?
  (negra morte o surpreenda
Conheceis uma donzela e o Demônio cedo o tome!)
Por quem trovei e a que um dia quis chamá-la pelo nome
Chamei dona Berinjela? e chamou-lhe Dona Ousenda.
Nunca tamanha porfia Pois que se tem por formosa
Vi nem mais disparatada. Quanto mais achar-se pode,
Agora que está casada Pela Virgem gloriosa!
Chamam-lhe Dona Maria. Um homem que cheira a bode
Algo me traz enojado, E cedo morra na forca
Assim o céu me defenda: Quando lhe cerrava a boca
Um que está a bom recato Chamou-lhe Dona Gondrode.


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O   é um termo relativo ao Renascimento, movimento surgido na Europa, mais precisamente na
Itália, que colocava o homem como o centro de todas as coisas existentes no universo.
Nesse período, compreendido entre a transitoriedade da Baixa Idade Média e início da Moderna (séculos XIV
a XVI), os avanços científicos começavam a tomar espaço no meio cultural.
A tecnologia começava a se aflorar nos campos da matemática, física, medicina. Nomes como Galileu,
Paracelso, Gutenberg, dentre outros, começavam a se despontar, em razão das descobertas feitas por eles.
Galileu Galilei comprova a teoria heliocêntrica que dizia ser o Sol o centro do sistema planetário, defendida
anteriormente por Nicolau Copérnico, além de ter construído um telescópio ainda melhor que os inventados
anteriormente. Paracelso explora as drogas medicinais e seu uso, enquanto Gutenberg descobre um novo
meio de reproduzir livros.
Além disso, a filosofia se desponta co mo uma atividade intelectual renovada no interesse pelos autores da
Antiguidade clássica: Aristótoles, Virgílio, Cícero e Horácio. Por este resgate da Idade Média, este período
também é chamado de Classicismo.
A burguesia e a nobreza, classes sociais que despontam no final da Idade Média, passam a dividir o poderio
com a Igreja.

É neste contexto cultural que a visão antropocêntrica se instala e influencia todo campo cultural: literatura,
música, escultura, artes plásticas.

Na Literatura, os autores italianos que maior influência exerceram foram: Dante Alighieri (Divina Comédia),
Petrarca (Cancioneiro) e Bocaccio (Decameron). Os gêneros mais cultivados foram: o lírico, de temática
amorosa ou bucólica, e o épico, seguindo os modelos consagrados por Homero (Ilíada e Odisséia) e Virgílio
(Eneida).

Podemos denominar Humanismo como ideia surgida no Renascimento que coloca o homem como o centro
de interesse e, portanto, em torno do qual tudo acontece. 


+  )    1


A  )    1 não tem recebido, especialmente nos países de língua
portuguesa, a devidaatenção, merecida por sua importância cultural. Ela tem se manifestado nos
diversos idiomas que configuram a teia linguística do continente africano, dos quais os principais são os
de origem francesa, inglesa e portuguesa.

Esta literatura se enraíza principalmente no movimento denominado negritude. A primeira leva de


escritores africanos, a qual participou do primeiro congresso de escritores da África, concretizado em
1956 na capital francesa, inspirou-se nas revoltas de caráter anticolonialista. Entre eles figuram nomes
como Léopold Sédar Senghor, Mongo Beti, Bernard Dadié, Ahmadou Kourouma, Sembene Ousmane,
Ferdinand Oyono, Tchicaya UǯTamsi e Sony La bou Tansi.

Já as obras escritas após a emancipação das colônias africanas se basearam em outra realidade, na qual
imperavam os governos totalitários, as agitações tribais, as revoluções e golpes de estado. Elas
condenavam as atitudes repressivas, os desmandos dos governantes, ou simplesmente narravam as
vivências de seus autores sob este contexto. Por outro lado, alguns escritores procuravam resgatar as
antigas tradições.

A literatura exercitada neste continente ganhou repercussão mundial por meio de autores renomados e
premiados, como Wole Soyinka, da Nigéria; Nadine Gordimer, da África do Sul; e o egípcio Naguib
Mahfuz, todos detentores do Prêmio Nobel de Literatura. Destacam-se também o queniano Ngugi Wa
Thiongǯo, o poeta ugandense Okot pǯBitek, entre out ros.

Não se pode subestimar o papel significativo que as mulheres africanas exerceram nesta literatura; em
seus livros elas relatam suas experiências complexas e peculiares, em um continente no qual as
mulheres ainda enfrentam problemas típicos dos séculos passados, como a poligamia, ser mãe, a
prostituição e a subjetividade feminina, além das formas encontradas para fugir da intensa repressão
que sofrem.

Escritoras como Amma Darko, Flora Nwapa, Buchi Emecheta, Mariama Ba, Fatou Diome, Bessie Head,
Tsitsi Danaremba, entre outras, fazem de sua obra uma bandeira pela integração do feminino na
sociedade africana, radicalmente patriarcal e machista, bem como nas decisões econômicas e na
vivência cultural.

Na literatura atual sobressaem nomes como os de Mia Couto, José Eduardo Agualusa e José Luandino
Vieira. Mia é de uma família de imigrantes portugueses que se fixaram em Moçambique, país onde ele
nasceu, em 1955. Ele é hoje um dos autores moçambicanos mais importantes, e traduzido em inúmeros
idiomas.
Seus esforços convergem para a elaboração de uma nova narrativa continental. Sua principal
obra, TerraSonâmbula, foi escolhida por um júri especial como uma das melhores produções do século
XX. Este romance é constantemente comparado com os livros do brasileiro Guimarães Rosa.
O angolano José Eduardo Agualusa é integrante da União dos Escritores Angolanos. Ele contribuiu não
só com sua obra, mas também através da criação, em parceria com Conceição Lopes e Fatima Otero, da
editora brasileira Língua Geral, a qual é voltada exclusivamente para a edição de livros no idioma
português. Entre suas publicações constam Na rota das especiarias, o Filho do Vento, A girafa que comia
estrelas, entre outras.
Outro angolano importante é José Luandino Vieira, nascido em Portugal, mas natura lizado cidadão de
Angola por sua imprescindível atuação na construção da República Popular de Angola, logo depois da
conclusão da Guerra Colonial. Em 2006 ele recebeu o Prêmio Camões, o mais significativo nas
premiações literárias, mas o rejeitou, por acreditar que não está mais literariamente ativo; mesmo
depois desse discurso ele ainda lançou mais dois livros, neste mesmo ano. Entre suas criações estão os
contos Luanda e Velhas Histórias; os romances Nosso Musseque e Nós, os do Makulusu; entre outras
novelas e livros infanto-juvenis.

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