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ORDO TEMPLI ORIENTIS

BRASIL

BIOGRAFIA DE ALEISTER CROWLEY


Primórdios de Vida
Aleister Crowley nasceu em 12 de Outubro de
1875 e.v., no n° 36 da Claredon Square, cidade de
Warwickshire, Inglaterra. Seu nome de batismo era
Edward Alexander Crowley e nasceu como membro de
uma família rica e religiosa, sendo seu pai um
destacado Irmão de Plymouth e pregador leigo. Desde
cedo mostrou-se rebelde — a ponto de receber de sua
mãe o apelido de "Besta de Apocalipse" — chegando
mudar seu nome para Aleister (forma gaélica de
Alexander) apenas para não ter o mesmo nome do pai,
o qual morreu quando Crowley tinha 11 anos.
Bem como muitos garotos ativos, Crowley
envolveu-se em uma série de atividades, algumas
bastante incomuns, como a fabricação de fogos de
artifício domésticos (o que quase o levou à morte) a
experiências para comprovar a "teoria das nove vidas
dos gatos". Ele perdeu a virgindade aos 14 anos, com
auxílio de uma empregada da família, e contraiu gonorréia aos 17 com uma
prostituta.
Matriculado da Universidade de Trinity, Cambridge, onde sua principal
disciplina parecia ser o alpinismo (esporte que praticaria ainda por muitos anos,
chegando a escalar o Chogo Ri em 1902 e o Kanchenjunga em 1905), viveu à
maneira da aristocracia privilegiada, com grande atividade sexual (aparentemente
tanto com mulheres quanto com homens). Começou também a trabalhar junto ao
Corpo Diplomático da Coroa Britânica. Entretanto, o próprio Crowley comentou que
"a fama de um embaixador raramente sobrevive um século", decidindo assim deixar
sua marca no mundo.
O Envolvimento com a Magia
Com tal propósito, após passar por uma epifânia, começou a buscar
vivências mais interessantes. A leitura do livro de Carl von
Eckrtshausen, "A Nuvem sobre o Santuário", colocou-o em
contato com a idéia de uma sociedade secreta de grandes
iniciados, a qual dirigia os destinos da Humanidade desde o
princípio dos tempos, a Grande Fraternidade Branca de
Mestres. Crowley traçou então como seu caminho o objetivo
de conquistar seu lugar entre tais iniciados. Este caminho
levou-o ao contato com a Hermetic Order of the Golden
Dawn, em 1898 e.v., aos 23 anos. Adotando o nome mágico
de Perdurabo (do Latim, "eu persistirei"), avançou
rapidamente nas fileiras da Golden Dawn, inicialmente
estudando sob os auspícios de Alan Bennett (que introduziu-
o ao consumo das drogas nas quais viria a viciar-se posteriormente), o qual era o
herdeiro espiritual de S. L. MacGregor Mathers, líder da Ordem. Bennet deixou a
Inglaterra em 1899 por razões de saúde, mudando-se para o Ceilão (Sri Lanka),
onde ingressou em um monastério budista. Crowley, abandonado à própria sorte,
conseguiu abalar a Ordem severamente, graças à força de sua personalidade. Em
1900 ele completou os estudos necessários à obtenção do grau de Adeptus Minor.
Entretanto a liderança inglesa da Ordem, desaprovando as atividades homossexuais
de Crowley, recusou seu avanço. Assim, ele viajou a Paris, onde o próprio Mathers
conduziu sua iniciação — o que desagradou grandemente os membros ingleses.
Este desagrado levou muitos dos membros londrinos a deixarem a Ordem e
Mathers foi quase expulso da Golden Dawn, especialmente após ter posto sua
autoridade em risco ao revelar suas suspeitas de que de que os documentos que
levaram à fundação da Ordem poderiam ser, de fato, falsificações. Crowley tentou
obter, assim, a liderança da Ordem. Como em qualquer disputa séria entre magistas,
os alegados ataques astrais começaram. Crowley registrou que os adversários o
haviam atacado magicamente, com a evidência de que sua capa de chuva entrou
em combustão espontânea em um momento no qual ele encontrava-se, sem razão
alguma, em um estado de fúria tão intenso que os cavalos fugiam assustados
apenas de olhar para ele. No final, entretanto, foi nos tribunais que a disputa foi
resolvida.
Crowley foi expulso da Golden Dawn apenas dois anos após juntar-se a ela,
principalmente graças aos esforços de Willian Butler Yeats, que não aprovava seus
métodos de magia.
A Escritura do Livro
Cansado das disputas, Crowley decidiu-se a viajar pelo
mundo. Seu roteiro incluiu o México, Índia, França e Ceilão,
onde reencontrou Alan Bennett e estudou Yoga.
Neste período deu-se seu primeiro casamento, com Rose
Kelly, irmã do pintor da Academia Real Gerald Kelly, a qual
revelou-se posteriormente, para surpresa de Crowley, como uma
clarividente. Juntos, viajaram ao Egito, onde se daria a mais
importante experiência de sua vida, em março de 1904 e.v.. Há
muitos anos Crowley tentava o contato com seu Sagrado Anjo
Guardião, através dos métodos descritos no "Livro da Sagrada
Magia de Abramelim, o Mago", sem sucesso. Mas foi no cairo, através da
interferência de Rose Kelly, que Crowley encontrou aquele que veio a considerar
como sendo o seu SAG.
De acordo com os próprios registros de Crowley enquanto tentava (sem
sucesso) invocar silfos para divertir sua esposa, esta começou a receber uma
poderosa mensagem psíquica do antigo deus egípcio Horus. Cético em relação à
clarividência de sua esposa, iniciou uma série de testes para verificar o grau de
veracidade desta comunicação. Após responder corretamente uma série de
perguntas cujas respostas Rose Kelly não poderia ter conhecimento prévio ele
levou-a ao Museu Boulaq onde, após passarem por várias imagens de Horus, ela
apontou para uma estela (placa de pedra retangular com o topo curvo contendo
imagens e inscrições) que não podia ser muito bem vista do ponto onde se
encontravam. Quando examinada, a estela (hoje conhecida como Estela da
Revelação) apresentava uma imagem de Horus e, para espanto de Crowley, estava
catalogada com o número 666. Crowley havia adotado o 666 como seu número
pessoal como uma rebelião contra a religião de sua família muito tempo atrás.
Após invocar Horus, Crowley alcançou seu objetivo. Por três dias
consecutivos recebeu e transpôs para o papel, de uma entidade que identificava-se
como Aiwass, o texto do Liber AL vel Legis, o Livro da Lei. Este livro tornou-se o
foco da filosofia de Crowley, mesmo tendo sido por ele rejeitado a princípio. Ele
nomeou-se o Profeta do Novo Æon, que seria o fim da Era de Osiris e o início da
Era de Horus, um novo começo para a Humanidade, no qual todas as religiões
deveriam ser deixadas de lado.
O Profeta de Uma Nova Era
Após a escritura do Livro da Lei, Crowley, em seu estilo pomposo de ser,
escreveu uma carta a Mathers, onde anunciava o Equinócio dos Deuses e que
havia forjado um novo elo místico com os Mestres Secretos, tornando-se assim a
suprema autoridade mágica. Isto, naturalmente foi o estopim de um novo duelo
mágico, do qual Crowley aparentemente saiu vitorioso.
De acordo com ele, Mathers enviou uma de suas discípulas, uma vampira que
teria se apresentado como "uma mulher jovem, de beleza enfeitiçante", mas da qual
teria sido capaz de defender-se, "transformando-a em uma feia mulher sexagenária,
curvada e decrépita". Mathers então teria enviado uma "corrente de malignitude" que
teria matado os cães de Crowley e adoecido seus empregados. Crowley teria
retaliado conjurando as forças do demônio Beelzebub e seus 49 servos. Após este
ato, as ações de Mathers teriam cessado. Anos depois, após a morte de Mathers por
gripe muitos acreditaram que ele teria sido assassinado por magia.
Não está muito claro por que, após o encontro com Aiwass e a suposta
batalha com Mathers, Crowley aparentemente perdeu o
interesse pela magia durante vários anos. Em 1905 e.v.
ele foi membro de uma expedição fracassada ao Himalaia,
na qual vários componentes perderam a vida. Passou
vários anos viajando pela China, Canadá e Estados
Unidos, acompanhado ou não de sua esposa e filha, Lola
Zaza. Retornando de uma de suas viagens solitárias,
porém, recebeu a chocante notícia que sua amada filha
havia morrido de tifo em Rangoon (Índia).
Em 1907 e.v. Crowley fundou a Astrum Argentum
(A.'.A.'.), a Ordem da Estrela de Prata, primeira
organização centrada no Livro da Lei, cujo manuscrito
abandonado havia sido redescoberto. Em 1909 e.v.
começa a publicação do "The Equinox" , órgão oficial da
A.'.A.'. cuja publicação era feita nos Equinócios de
Primavera e Outono, sendo a maioria dos artigos de autoria do próprio Crowley.
Neste mesmo ano ele divorciou-se de Rose Kelly, então uma alcoólatra. O
divórcio permitiu que Crowley mergulhasse em seu caminho de magia, pontilhado
por drogas e mulheres, sem as restrições de uma vida marital.
É interessante notar que Crowley afirmava ser a reencarnação do ocultista
Eliphas Levi, o qual morrera no ano de seu nascimento. Na discriminação de suas
vidas passadas também arrolou o Conde Cagliostro, um ocultista do Séc. XVIII,
fundador do Rito Maçom Egípcio, bem como Alexandre VI, o notório Papa Bórgia,
e Edward Kelley, o vidente que junto ao mago elizabetano John Dee, havia criado
o sistema Enochiano de magia.
Crowley e a Ordo Templi Orientis
Em 1910 e.v. Crowley foi contactado por Theodor Reuss, líder da Ordo
Templi Orientis. Reuss acusava-o de haver publicado o segredo do Grau IX° da
O.T.O.. Uma conversa entre os dois mostrou que uma passagem publicada por
Crowley havia incitado os líderes da O.T.O. a acreditarem que Crowley era um
praticante de magia sexual, a qual era usada nos rituais da Ordem. Pouco depois ele
uniu-se à O.T.O. e, em 1912 e.v., tornou-se o líder da Ordem para os países de
língua inglesa.
Em 1916 e.v., morando perto de Bristol, Crowley promoveu-se ao nível de Magus
através de uma cerimônia de sua própria autoria. De acordo com Richard Cavendish
em seus livros "History of Magic" e "The Powers of Evil in Western Religion" (ambos
não mais publicados) esta cerimônia envolvia batizar um sapo como "Jesus de
Nazaré" e crucificá-lo. Não há, contudo, confirmação destes procedimentos.
Durante a I Guerra Mundial, Crowley mudou-se para os Estados Unidos, onde
escreveu vários textos de propaganda anti-britânica. Posteriormente explicou-se
dizendo que estes eram apenas um tipo de sátira mas isto não ajudou em nada sua
já abalada imagem pública.
A Abadia de Thelema em Cefalú
Após a Guerra, Crowley teve uma filha, Poupee,
com Leah Hirsig (conhecida como Mulher Escarlate)
e, em 1920 e.v., fundou a Abadia de Thelema na
cidade de Cefalú, localizada na ilha italiana da Sicília.
A Abadia logo tornou-se conhecida como um
"antro de insanidade". O vício de Crowley em heroína e
cocaína mostrou-se fora de controle. Aqui ele escreveu
o livro "Diary of a Droug Fiend", onde conta sua luta
contra o vício através de uma novela onde sua pessoa
divide-se em um casal com este mesmo objetivo.
Entretanto foi lá que a tragédia abateu-se novamente
sobre ele, com a morte de Poupee enquanto Crowley
viajava por Londres, Paris e a Abadia. Foi também quando um de seus seguidores,
Raoul Loveday, morreu em conseqüência da água impura do loca.
Com isto o destino da Abadia estava selado. A esposa de Loveday, Betty
May, vendeu sua história ao tablóide londrino The Sunday Express. Os jornais
encheram-se de reportagens sobre magia negra e outros atos escandalosos
supostamente realizados na Abadia. Estas reportagens levaram o ditador Benito
Mussolini a expulsar Crowley da Itália em 1923 e.v..
Em 1955 e.v. o cineasta Kenneth Anger rodou um curto documentário sobre
a Abadia de Thelema, que havia sido exorcizada após a partida de Crowley. Os
murais que Crowley havia pintado tinham recebido uma grossa camada de tinta
branca por cima, a qual teve de ser retirada para revelar esta e outras evidências
físicas da passagem de Crowley pelo local.
Em 1925 e.v. deu-se a eleição de Crowley como líder mundial da O.T.O.. A
não aceitação desta liderança — e da implantação de Lei de Thelema na Ordem —
levou muitos membros a fundarem uma dissidência, conhecida como O.T.O. Antiqua
(não telêmica). Em 1929 e.v. deu-se a publicação do livro "Magick: In Theory and
Practice".
Os Últimos Anos
Crowley casou-se em Londres pela segunda vez,
com sua amante, Maria Tereza de Miramar, no mesmo ano
em que eles, juntamente com seu amigo e secretário Israel
Regardie foram expulsos da França, 1929 e.v.. No ano
seguinte encontrou-se, em Portugal, como o poeta
Fernando Pessoa, que havia lido seu livro "Confessions of
Aleister Crowley: An Autobiography" e ficado encantado.
Em 1934 e.v. Crowley envolveu-se em um processo judicial contra a Nina
Hamnett e Constance & Co., o qual perdeu. Isto acabou levando-o à falência no
ano seguinte. Foi durante este processo que um juiz rotulou-o como sendo "o pior
homem na face da Terra".
Em 1939 e.v. publicou "Eight Lectures on Yoga" e sugeriu ao Primeiro
Ministro Britânico Winston Churchill o sinal do "V da Vitória'. A década de 40
apresentou um ressurgimento de Crowley. Junto com Lady Frieda Harris, cria e
publica seu baralho de Tarot, o Livro de Thoth. Em 1942 e.v.
publicou o Liber OZ na forma de um manifesto da O.T.O.. A
partir de 1945 passou a viver em Hastings, sul da Inglaterra
onde recebeu novos discípulos como Kenneth Grant, John
Symonds e Grady McMurty. Foi neste período em que foram
escritas as cartas que foram posteriormente publicadas no
volume "Magic Without Tears".
Crowley morreu em 1° de dezembro de 1947, vítima de
bronquite crônica e problemas cardíacos. Diz a lenda que
suas últimas palavras teriam sido "eu estou perplexo", mas
como ele morreu sozinho isto não pode ser comprovado. No
dia 5 de dezembro seu corpo foi cremado em Brighton, em
uma cerimônia assistida por amigos, admiradores e
discípulos.
Crowley e a Maçonaria
É assunto controverso o envolvimento de Aleister Crowley com a Maçonaria.
Nenhuma prova documental foi apresentada até este momento que confirmasse ou
negasse que ele tenha participado desta Ordem. Entretanto, no livro "Confessions",
ele afirma ter sido iniciado ao Grau 33º do Rito Escocês durante sua estada na
Cidade do México (pelas mãos de um suposto Don Jesus Medina) e em outro rito
(não identificado) em Paris. Neste livro Crowley dá também a entender que possuía
ligações com vários outros Ritos, tendo chegado a ocupara altos postos em alguns e
mesmo sido encarregado de tentar restaurar a maçonaria cuja decadência era,
segundo ele, óbvia para qualquer membro inteligente.
Não se sabe ao certo se estas declarações são verdadeiras ou não. De fato, não há
registros de sua passagem por nenhum Rito maçônico ou mesmo de seu iniciador.
O que se nota é que Crowley tinha, por certo, um extenso e profundo conhecimento
da Maçonaria, não apenas de seus rituais e práticas mas também das formas de
agir (éticas ou anti-éticas, principalmente estas) de seus membros, o que levou a
uma série de críticas contundentes de sua parte contra esta Ordem.
Importância Cultural
Considerado por muitos como um agocêntrico, um charlatão, um louco ou
coisa pior, é inegável que a importância de Crowley para o ocultismo é inigualável.
Poucos praticantes de magia podem gabar-se de ter mudado o mundo ocultista da
mesma forma que ele. Seus preceitos encontram-se presentes em várias tradições
mágicas modernas, mesmo as que não seguem a Lei de Thelema, tais como a
Wicca, baseada na obra de Gerald B. Garder, e a Cientologia de L. Ron Hubbard,
ambos ex-discípulos de Crowley.
Muitos movimentos culturais também foram influenciados por ele. Desde o
cinema, na figura de Keneth Grant à música (há uma foto dele em no disco dos
Beatles "Sargent Pepper`s Lonely Hearts Club Band"). Grupos musicais como o
Black Sabbath, o Led Zeppelin e os Rolling Stones colocam as obras de Crowley
como fonte de influência. Nas artes plásticas o pintor H. R. Giger pode ser citado
como um de seus inúmeros admiradores. Na literatura podemos citar a obra de
Aldous Huxley, W. Somerset Maugham e Robert A. Heinlein.
No Brasil é importante salientar a obra musical de Raul Seixas, onde o nome
e as palavras de Crowley surgem de forma explícita. Além disto outros musicos já
confessaram-se admiradores de Crowley como Renato Russo e Rita Lee.

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