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O Eneagrama

Orientação para um tempo de mudanças

Acredito que qualquer pessoa que esteja lendo essas linhas, de


uma forma ou de outra está envolvido com algum tipo de
mudança. Mudança de casa, de carro, de estado civil, de
profissão ou emprego, ou está envolvido com a mudança de
alguém, um filho, parente ou amigo. A única coisa permanente
no mundo é a mudança, já disse Confúcio, sábio chinês, que
viveu a milhares de anos. Existem as mudanças que acontecem
naturalmente, como essas citadas acima, porém mais
importantes são as mudanças necessárias que acontecem em
nosso interior, em nossa mente.

Vivemos neste fim de década, século e milênio, um fim e ao


mesmo tempo um início. Na metade do século vinte, ainda
vivemos o auge de uma mentalidade, de uma forma de
pensamento que se originou em outro grande período de
mudanças, que foi a renascença. Naquela época o homem
buscava a terceira dimensão, o espaço. As caravelas singravam
mares em busca de novas descobertas, a luneta foi criada para
observar os astros mais de perto, a perspectiva foi incorporada à
arquitetura e o pensar tornou-se determinista: “penso, logo
existo” declarou Descartes. É neste tempo que pensadores e
pesquisadores como Galileu, Copérnico, Francis Bacon, entre
outros, estabeleceram os princípios da ciência, profetizando seu
maior dogma: “só é real, aquilo que pode ser medido e
comprovado”. Hoje se sabe que não é bem assim, e que este
pensamento determinista não tem nada a ver com a natureza das
coisas ou da vida. Não que suas descobertas estivessem
equivocadas, ao contrário, contribuíram muito para o
conhecimento humano, porém, estamos em outro tempo.

Hoje o que o homem busca é a quarta dimensão, o tempo. Este


conceito tão difícil de absorver e compreender, que parece ser
cada vez mais veloz. Tudo leva menos tempo, precisa ser já,
aqui, agora, no presente momento, exigindo de nós um estado
de percepção e ação instantâneas. A ciência deste século
descobre que as leis da natureza não são tão deterministas como
sustentava o pensamento clássico, onde cada efeito tem a
origem em uma única causa. Os princípios da incerteza, as
teorias sobre o caos e probabilidades comprovaram que o
universo é formado por sistemas dinâmicos instáveis, menos
previsíveis e mais complexos, o que nos exige uma maior
capacitação para percebermos essas nuanças que estão presentes
também em nosso cotidiano. A física quântica descobre que o
observador interfere no fenômeno observado, que dele faz
parte, e é integrante do processo.
Estamos deixando de sermos seres apenas sensoriais, ou seja,
nossa percepção do mundo não se restringe apenas por aquilo
que “entra” pelos cinco sentidos. Tudo caminha para um
desenvolvimento maior de nossas percepções mentais se
pudermos ampliar nossa capacidade de estar presente, aqui,
agora, não apenas fisicamente, mas também emocionalmente e
com nosso intelecto, avaliando e decidindo, no momento em que
as coisas acontecem. A ciência atual se direciona para a busca do
conhecimento de como o homem pensa, sente e age no mundo.
Profundas mudanças de paradigmas e comportamento humano já
vêem ocorrendo através das Ciências Cognitivas, com suas novas
teorias acerca da mente e da consciência.
Essa mudança é talvez a mais importante em que a humanidade
esteja passando. Se no fim da idade média, o homem descobriu
que a terra não era o centro do universo, hoje toma consciência
de que ele é parte integrante da mesma natureza que o rodeia.
Homem e natureza são parte de um mesmo sistema e para
conhecê-la, é preciso que ele conheça a si mesmo.
Nós, enquanto indivíduos, precisamos nos conscientizar de que o
processo de evolução, que faz parte da nossa natureza e pelo
qual precisamos passar, está desapercebido, o que nos coloca em
uma situação crítica e nos demanda muita atenção. O trabalho
de auto conhecimento e crescimento pessoal precisa ser
intensificado e transmitido o máximo possível, para poder frear
as tendências destruidoras dos valores humanos, embutidas nas
atitudes e comportamento mecânicos e inconscientes.

O perigo que nós enfrentamos é a perda de consciência de que


temos uma alma. A conexão com a dimensão não material da
natureza humana é que nos faz verdadeiramente humanos. O
risco que corremos é de permitirmos a humanidade perecer, se
não estivermos vivendo e nutrindo nossas consciências de um
mundo melhor, habitável e por seres humanos mais
espiritualizados.

A predição que a humanidade poderia ser extinguida pela perda


de consciência, de que o ser humano precisa ser melhor, pode
parecer exagerada para alguns, mas os sinais neste sentido têm
sido cada vez maiores. O crescimento da violência
provavelmente é o sinal mais óbvio, especialmente porque existe
uma falta de avaliação correta da sociedade em relação aos
causadores dessas violências e principalmente pelo tratamento
que as autoridades dão a esses fenômenos crescentes e
assustadores. Muitos psicólogos e estudiosos publicam relatórios
mostrando um aumento crescente de patologias severas em seus
clientes. Também, nosso sistema educacional é deficiente e
contribui muito pouco, ou nada, para a consciência de sermos
seres humanos possuidores da espiritualidade e de uma alma com
chama Divina que precisa ser revelada e conhecida em nós.

Segundo o sistema de auto conhecimento chamado o “Quarto


Caminho”, fundado pelo filósofo místico Georges Gurdjieff e
enfatizado também por Carl Jung, um dos fundadores da
psicologia moderna, nós não somos criados com uma alma
completamente desenvolvida. Em virtude de nascer nesta terra,
a nossa evolução será real somente se trabalharmos em nosso eu
essencial ou alma ao longo de toda a vida. Nossa essência ou
alma é criada como uma faísca do divino, mas pouco
desenvolvida. Encarnada, a alma interage com o mundo e se
desenvolve. Então, durante o nosso crescimento, a personalidade
tem a função de ser um canal para alma se expressar. Porém,
desde a infância e pela adolescência, a personalidade é
absorvida pelas preocupações e ansiedades do mundo e
lentamente deixa de cumprir sua função natural, passando a agir
automática e mecanicamente no mundo. Este é o nascimento de
falsa personalidade, ou o que a psicologia de Jung chama de
complexos. A falsa personalidade em vez de desenvolver, ao
contrário anula, e põem a alma em coma (dormência) profunda.

Assim, o que nós geralmente chamamos personalidade é apenas a


expressão da falsa personalidade, ou falso ego, porque
freqüentemente nossas reações para vida são automáticas ou
mecânicas e o que é mecânico não é livre ou verdadeiramente
humano. Portanto, enquanto mecânicos vivemos distante de
nossa alma ou essência.

Vendo sob essa perspectiva, a transformação passa a ser uma


viagem de regresso. Uma viagem que começa pela compreensão
das características do comportamento mecânico da falsa
personalidade, que nos encaminha para o resgate da
personalidade natural e verdadeira que desenvolverá a alma
humana.

“O que é importante sobre pessoas não é o que elas sabem ou


tem, mas o que elas são”. Maurice Nicoll

O sistema do Quarto Caminho nos ensina que a forma mais


direta para transformação do ser humano está na busca pelo
equilíbrio dos três centros de inteligência. “Os três centros”
são um conceito filosófico antigo que é estudado agora
através de ciência moderna. Nós humanos somos seres dos
três cérebros. Pesquisas modernas descobriram que o
cérebro humano tem três partes distintas e separadas. O
miolo, o centro do cérebro com a coluna espinhal é chamado
o cérebro réptil ou físico-motor, e é identificado com o
centro instintivo, criador, ou da ação. No meio do cérebro
estão assentadas as emoções, e é chamado o cérebro
mamífero, a casa do centro relacional dos sentimentos. Na
parte exterior está o neocortex, e é identificado com o
centro intelectual, racional, pensante.

O sistema do “Quarto Caminho” considera importante o trabalho


simultâneo com três centros. Alguns sistemas tradicionais do
processo de transformação espiritual desenvolvem métodos
utilizando apenas um dos centros de inteligência. Porém,
superativando apenas um lado de nossa natureza podemos criar
problemas ao nosso desenvolvimento integral como seres
humanos. A moralidade e a devoção é o caminho do monge, que
sobrepõe o centro emocional sobre os outros. O desenvolvimento
do poder mental intensificando as atividades do centro
intelectual em detrimento dos outros é o caminho do yôgue. A
disciplina física e o sacrifício do corpo é o caminho do faquir;
que com isso intensifica o uso do centro instintivo, sobrepondo o
uso dos outros dois.

Se você confiar na possibilidade do desenvolvimento de apenas


um centro de inteligência para transcendência ou transformação
espiritual, você pode receber e alcançar graças extraordinárias,
porém isso vai acontecer às custas da possibilidade de possuir
toda abundância de sua condição humana. Alem do que, para
empreender quaisquer um destes três caminhos, uma pessoa tem
que isolar a si mesmo do mundo e praticar intensas disciplinas
espirituais como estudantes devotados sob a direção de um
mestre. Por estas razões, o caminho do monge, yôgue, e faquir
estão muito distantes das necessidades que temos nesse início do
século XXI.

O Quarto Caminho é uma alternativa. É o caminho do equilíbrio


dos três centros. Através do Quarto Caminho, você tem uma vida
normal no mundo. A própria vida é seu mestre. Equilibrando os
três centros através da observação de como eles pensam, sentem
e agem (ou reagem) no cotidiano você perceberá mudanças
profundas em sua consciência, de forma que você já não verá
mais a vida de uma maneira comum, ordinária. Você vai
perceber que a vida tem um significado muito além de si mesmo.
O Quarto Caminho e o Eneagrama

A palavra Eneagrama quer dizer “nove pontos” e se refere a um


selo de Pitágoras, a estrela de nove pontos dentro um círculo. O
uso moderno do Eneagrama se iniciou na segunda metade deste
século pelo trabalho de Oscar Ichazo, místico chileno,
atualmente vivendo nos Estados Unidos fundador do Instituto
Arica, que quis dar uma melhor compreensão aos padrões de
comportamento. O Eneagrama da personalidade descreve os
nove tipos básicos de personalidades, cada um correspondendo a
um dos nove pontos do círculo. Os autores que trabalham com
esse sistema, usam nomes diferentes para os tipos; no entanto o
idioma comum é o dos números que caracterizam cada uma das
personalidades. Os tipos têm sua própria combinação de
qualidades, mecanismos de defesa e atitudes que expressam uma
única motivação inconsciente. Esta motivação é traduzida em
uma palavra que não necessariamente é lisonjeira, mas refere-se
ao ponto que está entre quem nós somos agora e quem nós
queremos ser (ex, perfeccionista, altruísta etc). O Eneagrama
entende estas motivações psicologicamente e espiritualmente e
não sob o ponto de vista moral.

Os nove tipos de personalidade do Eneagrama.

Veja um pequeno resumo de cada um dos noves tipos de


comportamento da personalidade do Eneagrama.

Tipo Um, os Perfeccionistas, são muito trabalhadores,


perfeccionistas, tipos impacientes, emocionalmente controlados,
determinados, enérgicos, e críticos. Expressam sua motivação
através do ressentimento e da raiva. Para eles, nada é ou está do
modo como deveria ser ou estar; acreditam que sua tarefa na
vida é fazer as coisas direito e manter a ordem.

Tipo Dois, os Altruístas, estão sempre disponíveis, são


responsáveis, possessivos, manipuladores, diplomáticos e
agradáveis, que expressão sua motivação através do orgulho.
Gostam de dar e servir aos outros, esperam por agradecimento,
mas não sentem necessidade nenhuma da ajuda de ninguém.

Tipo Três, os Narcisistas, conscientes da própria auto-imagem,


são confiantes, produtivos, organizados, defensivos, otimistas e
persuasivos. Expressam sua motivação através da decepção ou
engodo; Eles revelam apenas o que querem para sobre eles
mesmos e nunca falam mais que precisam para se expressar.

Tipo Quatro, os Personalistas, são pessoas emotivas,


dramáticas, ego-centradas, sensíveis, criativas, originais e
facilmente sentem-se envergonhadas, expressam sua motivação
através da inveja. Eles estão sempre atentos para o que está
faltando em suas vidas e buscando preencher com aquilo que
eles acham que lhes falta

.Tipo Cinco, os Racionalistas, são objetivos, solitários,


educados, anti-sociais, lógicos e inventivos e expressam sua
motivação através da ganância. Eles usam seu tempo e energia
para buscar satisfazer seus próprios interesses, principalmente
quando esses referem-se a informação e conhecimento.

Tipo Seis, os Legalistas, são pessoas responsáveis, enérgicos,


leais, envolventes, indecisos, obedientes à lei, e orientados para
a comunidade. Expressam sua motivação através do medo; Eles
são inseguros quando precisam posicionar-se e tornam-se muito
ativos quando estão entre outras pessoas, como forma de sentir-
se bem e aliviar sua ansiedade.

Tipo Sete, os Generalistas, são pessoas amáveis divertidas e


sorridentes, fantasiosas, ego-indulgentes, analíticas,
estimulantes, e encantadoras. Expressando sua motivação
através da gula, eles nunca estão satisfeitos com o que tem, pois
sempre querem mais de tudo o que os faz feliz. Suas mentes
buscam formulas para escapar das realidades desagradáveis de
vida.

Tipo Oito, os Estadistas, são pessoas fortes, competitivas,


diretos, apaixonados, instintivos e realistas. Expressando sua
motivação através da luxúria para vida. Voltados para o poder e
comando das situações, utilizam uma tremenda energia para
buscar e adquirir o que querem para eles e para aqueles que
amam e protegem.

Tipo Nove, os Pacifistas, são pessoas afáveis, indiretas,


apáticas emocionalmente, não gostam de muito movimentos, e
impessoais. Expressam sua motivação de preguiça. Eles levam a
vida pelo caminho mais fácil e procuram evitar conflitos ou lidar
com qualquer dificuldade para poder preservar a própria paz,
interna e externamente.
Os noves tipos de personalidade não são necessariamente nove
categorias ou rótulos aplicado às pessoas. Se você associar os
tipos do Eneagrama com os três centros de inteligência,
descobrirá uma estrutura subjacente para as características do
comportamento de cada um, podendo prepará-los para o
processo de transformação.

O Eneagrama e os Centros de Inteligência.

A forma de relacionar os nove tipos de personalidades com os


três centros, através do trabalho do Quarto Caminho, é observar
como cada tipo tem sua própria combinação dos centros sendo
que um é o preferido, que chamamos de centro magnético,
porque é o centro de inteligência pelo qual a mente percebe,
processa, interpreta e se manifesta no mundo. O segundo é o
centro de apoio, que se manifesta ativando o centro magnético.
O outro é o centro rejeitado, o qual o tipo não utiliza, pois lhe
causa dor e sofrimento. Preferir o uso maior de um centro em
detrimento dos outros dois, determina o próprio sistema de
valores que uma pessoa tem para si e para o mundo. Como
ilustra a figura do Eneagrama, os tipos Dois, Três, e Quatro vêem
vida com os valores do centro emocional. Tipos Cincos, Seis e
Sete vêem vida pelos valores do centro intelectual. Os tipos Oito,
Nove e Um respondem a vida através dos valores do centro
instintivo.
Rejeitar um centro significa usar apenas as mais baixas
expressões ou qualidades deste centro, (negativas,
desagregadoras), que estão facilmente disponíveis à pessoa. O
grande desafio, de uma vida inteira é exatamente desenvolver as
qualidades positivas e superiores deste centro rejeitado.
Psicologicamente falando, as qualidades deste centro estão
imersos na pessoa, em seu inconsciente. A contraparte para o
centro rejeitado ou reprimido na psicologia de Jung é a sombra.

Sabendo qual o nosso centro de inteligência magnético, que dá


significado ao nosso mundo e qual o centro que rejeitamos, no
qual está o núcleo da falsa personalidade, podemos trabalhar
com eles mais efetivamente com o propósito de harmonizá-los.
Com o equilíbrio dos pensamentos (centro intelectual),
sentimentos (centro emocional) e ações (centro Instintivo),
podem resgatar nossa essência, através da verdadeira e inata
personalidade.

Para os tipos Quatro, por exemplo, o emocional é seu centro


magnético. Seu segundo centro ou de apoio é o centro
intelectual, que os faz analisar constantemente seus
sentimentos. No entanto, como seu centro instintivo, ou físico
motor é o reprimido, faz com que eles sempre fazem as coisas
que gostam e não necessariamente o que tem que ser feitas. Na
sua vida particular, em especial, podem ter dificuldades em
tocar as coisas para frente, causando com isso estados
emocionais de depressão ou auto piedade.

Para os tipos Três, o centro emocional é o magnético, que, no


entanto ele reprime. Isso significa duas coisas: primeiro, que a
característica deste centro (auto-imagem, relacionamentos,
apego) se torna a própria razão de ser emocional, segundo que
essa própria razão lhes acessa apenas as qualidades inferiores
deste centro (por exemplo, manipulação, distanciamento,
insensibilidade). Os outros dois centros operam livremente, e por
isso é que os Três são conhecidos pelo que eles realizam (o
centro instintivo, prático) e por analisarem e decidirem com
clareza o que querem (o centro intelectual).
Assim como nesses dois exemplos, a compreensão de como são
usados os centros de inteligência, nos oferece um mapa mais
claro de como funcionam as personalidades dos tipos no
Eneagrama.

Símbolo com os centros

Podemos ver que existem seis possíveis combinações do centro


magnético preferido e do rejeitado que formam seis tipos;
observamos também que os tipos do triângulo no Eneagrama
preferem e rejeitam o mesmo centro, resultando então nos nove
tipos de personalidades com seus padrões de comportamento,
surgidos da própria natureza humana.
Esta compreensão nos leva a considerar o Eneagrama como um
sistema que ajuda o ser humano a rever e reformular toda sua
postura diante da vida. Seu potencial cresce em importância
quando integrado nas duas grandes fontes de sabedoria humana:
sua verdade espiritual antiga (do Eneagrama) e a psicologia
moderna. Está constatado que estas tradições de sabedoria junto
às pesquisas modernas sobre o homem, já se renderam muita
evolução e cura, sendo que seu crescimento é cada vez mais
necessário.

Os tipos do Eneagrama têm um comportamento padrão e


repetitivo, através do qual se observa as maneiras de agir e
reagir de uma pessoa diante dos problemas da vida. Este padrão
se manifesta também nas relações com os outros tipos de
personalidade e com pessoas do mesmo tipo.

Por que estes padrões comportamentais são previsíveis? Porque


eles são reações automáticas e mecânicas da falsa personalidade
descritas anteriormente. Eles são automáticos e mecânicos
porque surgem de centros que são desconhecidos porque
rejeitados dentro de nós. Sem a auto-observação, reflexão e uma
dose generosa de trabalho interno, os três centros irão funcionar
ao nível mais baixo e mecânico, no entanto ao acessá-los de
maneira livre e independente, conseguiremos resgatar nossa
personalidade natural, verdadeira. Só quando descobrirmos a
expressão real de nossa alma (essência), é que viveremos nossa
verdadeira individualidade e poderá ser-nos revelado o
significado real de nossas existências.
Como exemplo, o uso das qualidades inferior do centro
intelectual seria: planos mesquinhos, reflexão auto bajuladoras,
ou expressando opiniões sobre tudo e todos. O uso das
qualidades superiores do intelecto inclui pensamento criativo, a
perspicácia, e o discernimento. Reações emocionais exageradas,
tomar as coisas a nível pessoal, simpatias e antipatias gratuitas
caracterizam-se como uso das qualidades inferiores do centro
emocional, enquanto a criação artística, as procuras por
significados profundo das coisas, a consciência e a intuição
constituem-se em algumas das qualidades superiores deste
centro. O uso das partes inferior do centro instintivo é a auto-
indulgência, as imitações e repetições, por exemplo; a parte
superior deste centro se manifesta através da ação correta,
segurança e alegria.

Descobrindo seu Tipo

Para descobrir seu tipo no Eneagrama é necessário, primeiro,


averiguar qual dos nove padrões comportamentais o levou a
perder o contato com sua alma, e segundo, esclarecer os
caminhos que o levarão de volta ao seu interior.

Seu tipo de Eneagrama descreve seu comportamento mecânico


de reagir à vida, a forma de como você é hipnotizado pelas
preocupações e ansiedades do mundo. Sua alma é livre, flexível,
criativa e sensível para guardar em sua memória, as lições que
você aprendeu na vida, além das lições que você ainda precisa
aprender.
A causa dos problemas na vida das pessoas, é que abusam da sua
própria natureza humana! Tomando a responsabilidade pelos
recursos naturais contidos em nosso próprio ser, as inteligências
emocional, intelectual e instintiva, nós acharemos o poder para
mudar as incertezas de nossa própria capacidade de escolha. Se
falsa personalidade é resultado do desequilibro no uso dos três
centros, ao conhecê-los e perceber como se manifestam no
mundo, especialmente desenvolvendo a inteligência do centro
rejeitado, podemos usá-los de forma equilibrada e então
descobrir a maravilha que é conhecer a nossa alma.

A descoberta da alma é também um processo de cura. Quando as


pessoas descobrem seu tipo, percebem então seus excessos no
comportamento, suas percepções incorretas e os julgamentos
errados que se faz das coisas e das pessoas.

Descobrindo que a falsa personalidade cria problemas para nós e


que a razão é o desequilibro dos centros de inteligência,
especialmente do uso errado ou desuso do centro reprimindo, a
solução para os nossos problemas está em explorar as qualidades
superiores do nosso centro de inteligência subdesenvolvido.
Fazendo isso ampliamos os horizontes, ganhando novos talentos e
forças, podendo viver com uma mente segura e tranqüila. Os três
centros de inteligência, por sua natureza estão sempre prontos
para desempenhar suas melhores funções na vida, no entanto é o
comportamento mecânico da falsa personalidade que
desequilibra seu uso. Dependendo do tipo, os desequilíbrios têm
características específicas. Ao harmonizá-los, passamos a
perceber como podemos nos tornar menos o que não somos, e
mais o que realmente somos em essência.

Trabalhando com os três centros de forma equilibrada, não só é


uma forma prática de crescer espiritualmente, psicologicamente,
e desenvolver relacionamentos positivos, mas também nos traz a
vantagem de descobrir uma forma não violenta para curar as
pessoas e a sociedade. A intolerância e espírito judicioso são o
princípio da violência em nós mesmos. Essa violência interna é
manifesta em nossas relações e está presente em nossas famílias,
nas comunidades, e na sociedade como um todo. Aprendendo a
acessar as manifestações de caráter superior dos três centros de
inteligência, serão eliminados naturalmente os excessos do
comportamento na personalidade dos tipos do Eneagrama, o que
contribui também para a manifestação (geração) de energia
positiva para a cura da comunidade ou da sociedade em que
vivemos.

Pedro Alipio

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