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1. Introdução
O processo de urbanização no Brasil passa por grandes transformações nas últimas
décadas, marcadas pela concentração da população onde se aprofunda cada vez mais a
desigualdade social que resulta em segregação territorial e crescimento de moradias
desordenadas e muitas vezes sem saneamento básico.
Segundo a Associação Brasileira de Infectologia (SBI), doenças causadas por falta de
saneamento básico respondem por 65% das internações no Sistema Único de Saúde (SUS). As
principais doenças causadas pela ausência de redes de esgoto e água contaminada são:
Poliomielite, Hepatite tipo A, Giardíase, Disenteria amebiana, Diarréia por vírus Febre tifóide,
Febre paratifóide, Diarréias e disenterias bacterianas, como a cólera Ascaridíase (lombriga),
Tricuríase, Ancilostomíase (amarelão), Teníase , Cisticercose, Esquistossomose, Filariose
(elefantíase), Leptospirose, Amebíase, Hepatite infecciosa, Diarréias e disenterias, como a
cólera e a giardíase, Esquistossomose, Malária, Febre amarela, Dengue e Elefantíase.
Ressaltando que da população mais afetada as crianças são as que mais sofrem por ter a
imunidade mais baixa.
Este artigo pretende abordar a situação do saneamento básico no distrito de São
Mateus e através das técnicas em geoprocessamento e SIG, direcionar e indicar locais para a
definição de políticas públicas locais agirem. Os dados mais importantes a serem analisados
neste artigo, são referentes: ao abastecimento de água, rede de esgoto e coleta de lixo.
Segundo a Secretaria Municipal de Habitação da Cidade de São Paulo, não são todos os locais
do distrito, que tem 100% de abastecimento de água e rede de esgoto.
A intenção é apontar onde estão localizadas estas áreas, para podermos assinalar onde
estão os maiores problemas a serem resolvidos pelas políticas públicas, mostrando que com
SIG e técnicas de geoprocessamento podem auxiliar no planejamento urbano e diagnosticar
problemas encontrados na realidade urbana.
Contudo, a metodologia aplicada nesta área de estudo pode ser aplicada em qualquer
cidade brasileira, ao dispor dos dados utilizados.
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2. Área de Estudo
A área estudada se localiza no distrito de São Mateus, pertencente à subprefeitura de
São Mateus, cidade de São Paulo, à 20 km do Centro de São Paulo. Com população de
aproximadamente 158.828 habitantes, segundo estimativas da Fundação SEADE (2.008) e
compreende uma área de 12,83 km².
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propostas de políticas públicas. Serão analisados leis referentes á saneamento básico e
planejamento urbano aos dados interpretados.
O nível normativo, (ROSS, 1997) “refere-se à fase em que o produto de pesquisa se
transforma em modelo”. Os mapas gerados para este trabalho - tais como: uso e ocupação do
solo, situação da rede de água, esgoto e coleta de lixo, mapa de disponibilidade de
saneamento básico no distrito de São Mateus - irão se traduzir em uma forma simples e rápida
de visualização como subsidio para analise dos produtos da pesquisa. Desta forma poderão
subsidiar ação corretiva que possam visar à minimização dos problemas relacionados ao
saneamento básico no distrito de São Mateus.
3.1 Tratamentos de Dados
As informações para realização do trabalho foram extraídas da Pesquisa Censitária
Desagregada por Setores Censitários (IBGE 2000) do Município de São Paulo e do Sistema
Habisp disponibilizado pela Secretaria Municipal de Habitação. Para a formação de bases de
dados, os mesmos foram trabalhados unicamente no software ArcGis 9.3., sem pesquisa de
campo, sendo realizados somente no gabinete.
Para a formação da análise da área de estudo, foi necessário extrair dados da pesquisa
do Censo Demográfico do IBGE, ano 2000. A pesquisa censitária apresenta os dados em
quatro variáveis: domicílios, pessoas, instrução e responsáveis, contabilizando os valores
totais nas unidades territoriais denominadas “setores” do município de São Paulo. Inicialmente,
os dados da variável “domicílios” foram importados no programa Excel e exportado para o
ArcGis 9.3, para análise e segmentação dos parâmetros voltados ao saneamento extraindo,
deste modo as classes de abastecimento de água, coleta de lixo e coleta de esgoto. Além das
variáveis de saneamento, foram analisados os tipos de domicílios, para melhor adequação dos
resultados. Sendo que o IBGE contabiliza os dados voltados ao saneamento somente para os
domicílios permanentes. O IBGE é o único órgão que melhor apresenta em pesquisa de modo
homogêneo a apresentação de dados por unidades territoriais.
3.2 Tratamentos Estatísticos
A definição da tematização em quatro faixas foi feita de acordo com a melhor
visualização dos dados representados. O intervalo das faixas é definido pela opção de comando
do ArcGis 9.3 Natural Break. O método de “quebras naturais” permite o agrupamento de dados
por características similares.
A classificação consiste na organização dos dados em ordem crescente, que são
agrupadas estatisticamente de acordo com os pares de características adjacentes. As quebras
ocorrem quando há diferença entre os grupos.
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4. Resultados e Discussão
Através desta definição poderemos analisar os resultados obtidos com mais precisão e
saberemos se a legislação está em vigência.
*Dados fornecidos pelo Censo (IBGE 2000), manuseados no software ArcGis 9.3. Os domicílios
estão divididos por setor censitário.
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Como podemos visualizar no mapa 1, existem 15 setores que ainda necessitam de
atendimento de água, ou seja, há áreas sem nenhum atendimento de água. Em relação à
coleta de lixo, temos 13 setores com defasagem na coleta de lixo, com possível descarte em
áreas irregulares, como córregos, rios e bota-fora.
Na análise do mapa 3 a situação é muito mais crítica, apresentando 25 setores
necessitando de coleta de esgoto com destinação correta, 4 setores com situações bastantes
críticas, considerando que os esgotos podem estar sendo lançados em córregos ou no solo
indevidamente, necessitando assim de maiores intervenções públicas.
Além dos mapeamentos temáticos das 3 variáveis, através de técnicas utilizadas em
geoprocessamento no software Arcgis 9.3, podemos juntar os três níveis de informações
desenvolvidas e visualizar as áreas mais desprovidas de saneamento básico, podendo assim
ser utilizado para priorização das políticas públicas competentes.
Na Figura 5, temos a visualização destas áreas mais precárias, para obtenção deste
resultado foi necessário transformar os vetores do mapa em imagem, utilizando a ferramenta
do Arcgis 9.3, chamada 3D Analyst, como podemos ver na Figura 3.
Depois desta etapa foi preciso utilizar a ferramenta ArcToobox ,Spacial Analyst Tools,
Overlay, Weightes Overlay. Após este passo é só escolher as imagens (rasters) desejadas
como podemos visualizar na figura 5, para o cruzamento das informações. O próprio
programa classifica as semelhanças entre os pixels e divide em três classes, onde foi atribuída
aos valores uma ordem qualitativa (péssimo, regular e bom).
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Figura 5 – Visualização de como utilizar as imagens para transforma-lás em um
mapa de áreas críticas em saneamento básico. - Fonte:ArcGis 9.3.
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Figura 6. Mapa de áreas críticas em atendimento de saneamento básico no distrito de São Mateus.
Fonte:SEMPLA,2006.
5. Conclusão
Os problemas apontados neste artigo podem não ser de fácil solução, mas uma nova
postura das políticas públicas brasileiras (visando à pesquisa para diagnóstico de possíveis
soluções) pode representar uma importante contribuição para mudanças.
O correto dimensionamento e a adequada qualificação dos problemas implicam em
mapear as áreas a serem diagnosticadas para obter maior visibilidade desses problemas e para
isso podem utilizar vários softwares disponíveis no mercado, facilitando assim o trabalho de
agentes públicos e sociais (em especial funcionários públicos e lideranças dos movimentos
sociais). Como Maricato (2006) cita em seu artigo “(...) são algumas providências que
ajudariam a mudar o que podemos chamar de ‘analfabetismo urbano’.”. A autora explica que a
falta de conhecimento sobre o uso e ocupação do solo e o distanciamento da produção de
idéias em relação à realidade das cidades, principalmente no campo jurídico e ambiental, onde
há uma abundante legislação que não é aplicada, constitui um universo que a autora chama de
“planos fora de lugar” planos e leis bem intencionados, mais não aplicados ou excludentes e “o
lugar fora das idéias” onde temos uma imensa cidade ilegal para qual a legislação e o
planejamento urbano não tem propostas abrangentes. (MARICATO, 2006, p. 22).
Utilizando o SIG (Sistema de Informação Geográfica) e técnicas de geoprocessamento
os gestores públicos poderão definir regiões estratégicas para a definição de prioridades. Aqui
foram priorizados três aspectos muito importantes para saneamento básico: distribuição de
água, coleta de lixo e esgoto, porém, pode ser aplicado em outras áreas como: educação,
saúde, instalação de infra-estrutura e etc.
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Este artigo apresenta as aplicações e resultados do distrito de São Mateus, mas como
podemos ver, este trabalho é universal podendo ser aplicado em qualquer lugar do mundo,
para isso só será necessário obter as informações necessárias para a realização do trabalho.
O que não podemos é aceitar que em pleno século XXI, morram 15 mil pessoas por
ano no Brasil por falta de saneamento básico, segundo dados divulgados pela OMS
(Organização Mundial de Saúde) em 2007.
5. Referência bibliográfica
CAMARA, Gilberto e outros. Geoinformação em Urbanismo cidade real x cidade virtual.São
Paulo:Editora oficina de texto, 2007.
LAFER, B. M. O conceito de planejamento (pp. 9-28). In: Planejamento no Brasil. São Paulo:
Editora Perspectiva, 1975.
MARICATO, Ermínia. "As idéias fora do lugar e o lugar fora das idéias- planejamento urbano no
Brasil". In: Arantes, Otilia. A cidade do pensamento único- desmanchando consensos.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. (pp. 121-192).
ROSS, Jurandyr. Geomorfologia ambiente e planejamento. São Paulo: Editora Contexto, 2000.
TAVARES, M. C. O planejamento em economia mista (pp. 25-52). In: Estado e Planejamento –
sonhos e realidades. Brasília/DF: CENDEC, 1988.
http://www.sbinfecto.org.br/publicoleigo/default.asp?site_Acao=&paginaId=14&mNoti_Acao=
mostraNoticia¬iciaId=4669-. Acesso em: 24 ago.2010 ás 09:47.