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Vigilância em saúde e território utilizado:


possibilidades teóricas e metodológicas

Health surveillance and territory:


theoretical and methodological possibilities

Maurício Monken 1
Christovam Barcellos 2

Abstract Introdução

1 Escola Politécnica de Saúde Diagnoses of living conditions and health sta- A territorialização consiste em um dos pressu-
Joaquim Venâncio,
tus, the constitutive elements for the reproduc- postos da organização dos processos de tra-
Fundação Oswaldo Cruz,
Rio de Janeiro, Brasil. tion of social life in various places, are listed balho e das práticas de saúde, considerando-
2 Centro de Informação and treated as contents disconnected from the se uma atuação em uma delimitação espacial
Científica e Tecnológica,
territory. The recognition of social dynamics, previamente determinada. A territorialização
Fundação Oswaldo Cruz,
Rio de Janeiro, Brasil. habits, and customs is highly important for the de atividades de saúde vem sendo preconizada
determination of human health vulnerabilities, por diversas iniciativas no interior do Sistema
Correspondência
which originate in the interactions of social Único de Saúde (SUS), como o Programa Saú-
M. Monken
Laboratório de Educação groups in given geographic spaces. The full use de da Família, a Vigilância Ambiental em Saú-
Profissional em Vigilância of the territory as a strategy for analyzing and de, Cidades Saudáveis e a própria descentrali-
em Saúde, Escola Politécnica
de Saúde Joaquim Venâncio,
intervening in health conditions presupposes zação das atividades de assistência e vigilância.
Fundação Oswaldo Cruz. the identification of geographic objects, their No entanto, essa estratégia, muitas vezes, re-
Av. Brasil 4036, utilization by the population, and their impor- duz o conceito de espaço, utilizado de uma for-
Rio de Janeiro, RJ
21040-361, Brasil.
tance for flows of persons and materials. It is ma meramente administrativa, para a gestão
mmonken@fiocruz.br thus necessary to develop methodologies for the física dos serviços de saúde, negligenciando-se
recognition (both in the field and through sec- o potencial deste conceito para a identificação
ondary data) of objects and their forms, which de problemas de saúde e de propostas de inter-
are a condition for human action and existence. venção.
This article presents an approach to the incor- Muito além de ser meramente o espaço po-
poration of concepts from human geography in lítico-operativo do sistema de saúde, o territó-
health practices, in light of two main authors: rio do distrito sanitário ou do município, onde
Milton Santos (“constitution of territory”) and se verifica a interação população-serviços no
Anthony Giddens (“constitution of society”). nível local, caracteriza-se por uma população
específica, vivendo em tempo e espaço deter-
Population Surveillance; Living Conditions; minados, com problemas de saúde definidos e
Geography que interage com os gestores das distintas uni-
dades prestadoras de serviços de saúde. Esse
espaço apresenta, portanto, além de uma ex-
tensão geométrica, um perfil demográfico, epi-
demiológico, administrativo, tecnológico, polí-

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VIGILÂNCIA EM SAÚDE E TERRITÓRIO UTILIZADO 899

tico, social e cultural, que o caracteriza como plas estratégias, medidas e atores. Destaca-se,
um território em permanente construção 1. ainda, nesse processo, o conhecimento popu-
O reconhecimento desse território é um pas- lar e a participação social decorrente desse sa-
so básico para a caracterização da população e ber como base para a formulação conceitual e
de seus problemas de saúde, bem como para a das ações de promoção da saúde.
avaliação do impacto dos serviços sobre os ní- Para Mendes 1, a reorientação dos sistemas
veis de saúde dessa população. Além disso, per- de saúde na direção de afirmar-se como “espa-
mite o desenvolvimento de um vínculo entre ço da saúde”, e não exclusivamente da atenção
os serviços de saúde e a população, mediante à doença, exige um processo de construção so-
práticas de saúde orientadas por categorias de cial de mudanças que se darão, concomitante e
análise de cunho geográfico. Essa proposta, dialeticamente, na concepção do processo saú-
contida no novo modelo de vigilância em saú- de-doença, no paradigma sanitário e na práti-
de, é justificada pelo agravamento das desi- ca sanitária. O entendimento do processo saú-
gualdades sociais associado a uma segregação de-doença tem evoluído consideravelmente de
espacial aguda, que restringem o acesso da po- uma concepção eminentemente monocausal
pulação a melhores condições de vida. do pensamento clínico a concepções amplia-
A concepção tradicional de saúde, pautada das de saúde, que articulam saúde com condi-
no modelo médico-assistencial, fez com que o ções de vida, o que a Carta de Ottawa e todo o
setor saúde ficasse impotente em face dos pro- movimento contemporâneo da promoção so-
blemas provocados pelo intenso processo de cial da saúde incorporaram plenamente 4,5. Es-
aglomeração e exclusão social 2. Dessa forma, sa nova visão considera a saúde como uma acu-
vem se fortalecendo a idéia das ações de pro- mulação social, expressa num estado de bem-
moção da saúde, orientadas para as ações co- estar, que pode indicar acúmulos positivos ou
letivas e intersetoriais, independentemente do negativos. Portanto, compreende que a dinâ-
sistema de atenção à saúde. A atenção voltada mica das relações sociais seja o fator que defi-
para a produção social da saúde das popula- ne as necessidades de cuidados à saúde.
ções gera a necessidade de esclarecer as me- Para o setor saúde, a perspectiva do modelo
diações que operam entre as condições reais da vigilância em saúde configura-se no cons-
em que ocorre a reprodução dos grupos sociais tructo operacional que se propõe a dar respos-
no espaço e a produção da saúde e da doença. ta aos problemas de saúde. Castellanos 6 apon-
Neste trabalho, é destacado o papel do ter- ta que o entendimento dos problemas que es-
ritório utilizado pelas populações na compreen- truturam uma situação de saúde parte do pon-
são das situações de saúde, utilização que se dá to de vista do ator social que a descreve e expli-
em face de diferentes contextualidades 3, en- ca. O autor propõe que os fenômenos de saúde
tendidas por meio da análise processual das e doença ocorrem em diferentes dimensões: as
práticas sociais cotidianas. O objetivo princi- singulares, entre indivíduos ou entre agrupa-
pal desta pesquisa é contribuir para a constru- mentos de população por atributos individuais;
ção de metodologias de reconhecimento do as particulares, isto é, entre grupos sociais em
território, voltadas para a vigilância em saúde, uma mesma sociedade, e as gerais, que são os
mediante a incorporação de determinadas ca- fluxos e fatos que correspondem à sociedade em
tegorias geográficas. Posteriormente, por inter- geral. A definição de problema de saúde e o seu
médio da abordagem teórica de dois autores potencial de transformação são diretamente
principais, Milton Santos e Anthony Giddens, correspondentes a cada uma dessas dimensões.
são relacionados conceitos e categorias do pro- Especialmente interessante para a vigilân-
cesso de territorialização para a organização e cia em saúde são os problemas definidos na di-
instrumentalização de práticas de vigilância mensão conceituada como particular, pois, nes-
em saúde nos serviços. se nível, os problemas emergem como caracte-
rísticas de grupos de população, em conjunto
com seus processos de reprodução social, con-
Práticas de vigilância em saúde figurando-se em comunidades, ou “grupos só-
e a territorialização cio-espaciais particulares” 7. Não por acaso, a
noção usual de comunidade envolve citações
Os problemas de saúde apresentam uma diver- de palavras-chave como lugar, laços sociais e
sidade de determinações, fazendo com que pro- ação 8. As ações e práticas que derivam dessa
postas de resolução sejam baseadas em múlti- abordagem particular permitem trabalhar em

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períodos mais precoces do processo de deter- sentações sociais específicas. O seu entendi-
minação e, ao mesmo tempo, ampliar as estra- mento é ainda impreciso e abordado de acordo
tégias de atenção primária como um conjunto com diversos pontos de vista, estando não só
de ações sociais dirigidas a essas comunidades associado a uma porção específica da Terra,
para a promoção da qualidade de vida. identificada pela natureza, pelas marcas que a
Para a constituição de uma base organizati- sociedade ali imprime, como também a uma
va dos processos de trabalho nos sistemas lo- simples localização, referida indiscriminada-
cais de saúde em direção a essa nova prática, é mente a diferentes escalas, como a global, re-
importante o reconhecimento dos territórios e gional, da cidade, da rua e até de uma casa ape-
seus contextos de uso, uma vez que estes ma- nas. O espaço geográfico é definido por Santos 12
terializam diferentemente as interações huma- (p. 51) como um “conjunto indissociável de sis-
nas, os problemas de saúde e as ações susten- temas de ações e objetos”. Para que adquiram
tadas na intersetorialidade. Cabe à vigilância materialidade, esses objetos, tanto naturais,
em saúde exercer o papel organizativo dos pro- quanto elaborados tecnicamente, e, ainda, os
cessos de trabalho em saúde mediante opera- eventos da vida precisam estar situados no es-
ções intersetoriais, articuladas por diferentes paço e no tempo. Para Santos 12 (p. 52), os ob-
ações de intervenção (promoção, prevenção, jetos “são esse extenso, essa objetividade, isso
atenção), fincada em seus três pilares estraté- que se cria fora do indivíduo e se torna instru-
gicos: os problemas de saúde, o território e a mental de sua vida, tal uma cidade, barragem,
prática intersetorial 9. Diante disso, o conceito estradas de rodagem, portos, etc. São do domí-
de espaço, de onde se origina a noção de terri- nio tanto da Geografia Física quanto da Geo-
tório, pode exercer importante papel na orga- grafia Humana que, através da história desses
nização das práticas de vigilância em saúde. objetos, da forma como foram produzidos e mu-
A vigilância em saúde tem sido compreen- dam, essas geografias se encontram”.
dida de três formas: como análise e monitora- Com a técnica – conceito-chave da obra de
mento de situações de saúde; como integração Santos 12 –, o indivíduo em sociedade forma
institucional entre atividades de vigilância epi- um conjunto de meios instrumentais e sociais
demiológica e sanitária; como elemento que com os quais realiza sua vida, produz e, ao
pressupõe a organização tecnológica do traba- mesmo tempo, cria espaço. Essa concepção de
lho de redefinição das práticas sanitárias 9. Es- espaço leva em conta todos os objetos existen-
sa redefinição está voltada para o planejamen- tes numa extensão contínua, supondo a co-
to, seja numa dimensão técnica, ao conceber a existência desses objetos como sistemas e não
“vigilância da saúde” como um modelo assis- apenas como coleções: a utilidade atual dos
tencial alternativo, que combina tecnologias objetos, passada ou futura, vem exatamente do
distintas, destinadas a controlar determinan- seu uso combinado pelos grupos humanos que
tes, riscos e danos 10, seja numa dimensão ge- os criaram ou que os herdaram das gerações
rencial, que organiza os processos de trabalho anteriores. Seu papel, porém, além de funcio-
em saúde sob a forma de operações, para con- nal, é também simbólico. Desse modo, a iden-
frontar problemas num território delimitado 1. tificação desses objetos, seus usos pela popu-
A “vigilância da saúde” é entendida como “uma lação e sua importância para os fluxos das pes-
dada organização tecnológica do trabalho” 10, soas e de materialidades são de grande rele-
que atua produzindo práticas sob a forma de vância para o reconhecimento da dinâmica so-
operações que se estruturam de acordo com as cial, hábitos e costumes, bem como na deter-
diferentes fases ou dimensões do processo saú- minação de vulnerabilidades para a saúde hu-
de-doença, desde os agravos a situações de ex- mana, originadas nas interações de grupos hu-
posição, às necessidades sociais de saúde 1. manos em determinados espaços geográficos.
A racionalidade do espaço, entendida his-
toricamente e fruto das redes, é expressa por
A natureza do território, meio do “conteúdo geográfico do cotidiano”
a dimensão local e o cotidiano 13. Esse conceito pode contribuir para desven-

dar a (re)produção do sistema através de sua


A análise do território serve, antes de tudo, co- obviedade e concretude. A globalização fez re-
mo meio operacional para avaliação objetiva descobrir a corporeidade, revelada como uma
das condições criadas para a produção, circu- certeza materialmente sensível, em virtude da
lação, residência, comunicação e sua relação fluidez, velocidade e referência a lugares e coi-
com as condições de vida 11. Além disso, esse sas distantes 14. Esse processo fez reaparecer,
território é um meio percebido, subordinado a no cenário científico, a dimensão local, apro-
uma avaliação subjetiva de acordo com repre- ximando os verdadeiros significados da reali-

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dade social através da consideração do coti- bre o espaço, que, por sua vez, modifica-se con-
diano. forme a dinâmica das relações sociais. Assim, a
A característica mais importante do lugar é, escala geográfica operativa para a territoriali-
antes de tudo, de natureza interna, cuja exten- zação emerge, principalmente, dos espaços da
são confunde-se com sua própria existência, vida cotidiana, compreendendo desde o domi-
tendo uma configuração física, ou melhor, ter- cílio (dos programas de saúde da família) a áreas
ritorial. Essa característica fundam a escala do de abrangência (de unidades de saúde) e terri-
cotidiano e seus parâmetros são a co-presença, tórios comunitários (dos distritos sanitários e
a vizinhança, a intimidade, a emoção, a coope- municípios). Esses territórios abrangem, por
ração e a socialização com base na contigüida- isso, um conjunto indissociável de objetos cu-
de, reunindo na mesma lógica interna todos os jos conteúdos são usados como recursos para a
seus elementos: pessoas, empresas, institui- produção, habitação, circulação, cultura, asso-
ções, formas sociais e jurídicas e formas geo- ciação e lazer.
gráficas. O cotidiano imediato, localmente vi- Segundo Giddens 3, o reconhecimento das
vido, traço de união de todos esses dados, é a fontes de cerceamento da atividade humana,
garantia da comunicação 13. Assim, a análise produzidas pela natureza do próprio corpo hu-
da “dimensão espacial do cotidiano” 13 permi- mano e pelos espaços físicos em que a ativida-
te, sobretudo, concretizar as ações e as práticas de ocorre, permite identificar os limites para o
sociais, conduzindo ao entendimento diferen- comportamento das pessoas nos territórios de
ciado dos usos do território, das ações e as for- vida. Ao se observarem as rotinas descritas, são
mas geográficas que podem formar contextos reconhecidas as formas geográficas cujos con-
vulneráveis para a saúde. teúdos lhes dão existência concreta. Os padrões
típicos dos movimentos das pessoas, em outras
palavras, podem ser representados como a re-
Aproximação metodológica petição de atividades de rotina ao longo dos
do território utilizado dias ou de períodos mais longos. As pessoas mo-
e a situação de saúde vimentam-se em espaços físicos cujas proprie-
dades interagem com suas capacidades, dadas
A categoria de análise fundamental para a ter- as restrições apontadas por suas fronteiras físi-
ritorialização em vigilância em saúde é a de cas, sociais e simbólicas. Portanto, na maior par-
“território utilizado” 15, que supera o antigo te dos dias, a mobilidade se dá dentro de áreas
problema de análise para o entendimento da restritas. A conduta da vida cotidiana de um in-
interação pessoa-mundo, considerando-se o divíduo promove a apreensão sucessiva de ca-
sentido da “interdependência e a inseparabili- racterísticas dos territórios (cenários de intera-
dade entre a materialidade e o seu uso, o que in- ção, segundo Giddens 3), tais como outras pes-
clui a ação humana” 15 (p. 247). Conforme os soas, objetos dos territórios do cotidiano e ma-
autores, a categoria território somente pode terialidades, como o ar, água e alimentos.
ser usada mediante o reconhecimento dos ato- O termo lugar deve, assim, ser associado não
res que dele se utilizam. Os usos se diferenciam só à localização no espaço, mas à idéia de pre-
conforme os períodos históricos, fazendo com sença, explicado tanto pela sua espacialidade,
que se busque a “evolução dos contextos e, as- quanto pela sua temporalidade, ou seja, da mu-
sim, as variáveis trabalhadas no interior de tualidade da presença do corpo e da “ausência
uma situação” 15. Para se discutir o território presente” contida nas instituições da vida so-
utilizado, deve-se analisar a “constituição do cial (tanto formais quanto informais). As pro-
território” 13, que consiste numa proposta para priedades do lugar são usadas permanentemen-
uma geografia eminentemente empiricista. “O te pelas pessoas na constituição dos encontros
mundo das coisas, das ações e das relações é através do espaço e do tempo. É nos lugares
perceptível, ao menos tendencialmente, em to- onde se dá a interseção das atividades de roti-
dos os lugares (...) e o processo da construção da na de diferentes pessoas, que as características
teoria pode fundar-se, então, muito mais no do espaço são usadas rotineiramente para cons-
empírico, no realmente existente” 15 (p. 20). Es- tituir o conteúdo significativo da interação de
ta nova situação histórica é chamada de “pro- pessoas na vida social 3. A rede territorial de
dução da universalidade empírica” 15 (p. 20). conexões dessas interações humanas, ao se in-
Essas relações sociais são projetadas no es- tensificar coletivamente, revela-se em fluxos,
paço e são menos duradouras que o espaço em nos quais uma certa tipologia se institucionali-
si 16. Por intermédio da categoria território uti- za, ditando regras, comportamentos e funções.
lizado, o planejamento da vigilância em saúde Cabe ao espaço interagir e acolher usos carac-
pode ampliar seu campo de atuação formal so- terísticos a esses fluxos e interações.

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A proposta de identificação dos territórios locais está intimamente ligada a uma especifi-
de vida dos grupos sociais e suas práticas coti- cidade do ser social, ou seja, aglomera ou acu-
dianas deve ter como ponto de partida o ma- mula as suas atividades em torno de centros ou
peamento dos percursos e fluxos diários, inte- nós geográficos passíveis de serem identifica-
rações e a malha de redes microgeográficas, dos. Essas dimensões espaciais ordenadoras, e
que serão úteis para trabalhar uma “epidemio- ao mesmo tempo ordenadas, pelo uso dado ao
logia geográfica do cotidiano”, entendida com território, estruturam materialmente o espaço
base nas necessidades e nos problemas de saú- através dos objetos e ações que configuram con-
de de populações. Alguns elementos de dimen- textualidades 3, cujas regras e recursos para uti-
são espacial devem ser destacados nessa abor- lização do território são apropriados pela po-
dagem. Os objetos (fixos) e as ações (fluxos) no pulação nas práticas sociais da vida cotidiana.
espaço produzem elementos espaciais básicos A identificação de problemas de saúde no
para a vida cotidiana, que realizam o diálogo da território deve, conseqüentemente, suplantar a
pessoa com o mundo, estabelecendo com isso listagem de agravos prevalentes e evidenciá-
uma “conexão materialística” 13 de uma pessoa veis, mediante notificações, para abordar e
com a outra. Estruturam-se, assim, as seguintes contemplar a compreensão das vulnerabilida-
“dimensões espaciais do cotidiano” 13 (p. 257): des e dos determinantes. O ponto de partida
• os percursos 17 podem ser objetos geográfi- desse processo é a territorialização do sistema
cos que propiciam as ações e os seus diversos de saúde, isto é, o reconhecimento e o esqua-
fluxos de matéria e pessoas, como as estradas, drinhamento do território do município, se-
vias de pedestres, linhas de transportes públicos, gundo a lógica de relações entre condições de
canais de navegação, ferrovias, ruas e becos; vida, saúde e acesso às ações e serviços de saú-
• por barreiras físicas ou margens 17 deve-se de, o que implica um processo de coleta e siste-
entender interrupções lineares de continuida- matização de dados demográficos, sócio-eco-
des, ou fronteiras físicas dos objetos, não utili- nômicos, político-culturais, epidemiológicos e
zadas como percursos pelos indivíduos e gru- sanitários 9. Nesse sentido, as técnicas de geo-
pos sociais, mas que canalizam as ações num processamento têm auxiliado na organização e
sentido ou outro. Por exemplo, margens de rios, análise espacial de dados sobre ambiente, so-
de grandes avenidas, margens de desenvolvi- ciedade e saúde, permitindo a elaboração de
mento de construções, de prédios, muros e ru- diagnósticos de situação e o intercâmbio de in-
gosidades naturais diversas do terreno; formações entre setores (ver, por exemplo, o
• por nós 14 entendem-se os pontos em dire- número temático de Cadernos de Saúde Públi-
ção aos quais e a partir dos quais o indivíduo se ca sobre análise de dados espaciais em saúde
movimenta: agem em fase de concentração – 19 ). Esse conjunto de técnicas vem sendo gra-

uma praça, a esquina – e de conjunção – os cru- dativamente incorporado à prática de vigilân-


zamentos das estradas, os portos e aeroportos, cia em saúde 20, e, paralelamente, observa-se
os caminhos etc. A idéia de nó está intimamen- um intenso debate no Brasil sobre a incorpora-
te relacionada à de percurso, podendo também ção do conceito de espaço geográfico no cam-
ser compreendido como ponto ou estação, on- po da saúde coletiva 21. Deve-se, nesse caso,
de as interações sociais convergem para obje- avaliar as propostas metodológicas e os concei-
tos (fixos) que detêm uma determinada tipolo- tos de espaço geográfico subjacentes a essas
gia de ações (fluxos); técnicas 22.
• a idéia de estação 18, portanto, ajuda no en- Freqüentemente, nos diagnósticos de con-
tendimento proposto; é o lugar ou ponto de dições de vida e de situação de saúde, os ele-
parada onde a mobilidade física das trajetórias mentos constitutivos da reprodução da vida
dos agentes e de materialidades é suspensa ou social nos diversos lugares são listados e trata-
reduzida nos encontros ou nas ocasiões sociais. dos como conteúdos desarticulados do territó-
O lugar em que se estabelece o nó é onde acon- rio analisado. Uma proposta de vigilância em
tece a interseção de atividades de diferentes in- saúde baseada no território deve, também, con-
divíduos. Pode ser um espaço para a produção, siderar os sistemas de objetos naturais e cons-
o comércio ou para os serviços, o exercício do truídos, identificando seus diversos tipos de
lazer, da cultura e da religião, ou de associati- ações, a forma como são percebidos pela popu-
vismos diferenciados. lação, o papel das regras de utilização dos recur-
Nesses movimentos, as características dos sos para promover determinados hábitos e com-
cenários, segundo Giddens 3, e do conjunto de portamentos, bem como problemas de saúde cu-
objetos, conforme Santos 12, são usadas roti- jas características são passíveis de identificação.
neiramente para dar o conteúdo à interação. A Para (re)conhecer os usos diversificados do
concentração da vida social em determinados território, é necessário investigar as práticas

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VIGILÂNCIA EM SAÚDE E TERRITÓRIO UTILIZADO 903

sociais transformadas em rotina no espaço. presença, ou grande extensão, em que a expres-


Uma das propostas deste trabalho é conjugar o são de outras regras não depende da co-pre-
estudo da “constituição do território”, já apon- sença, mas das instituições. Entretanto, as re-
tada por Milton Santos 23, à teoria da estrutu- gras não podem ser conceituadas separada-
ração de “constituição da sociedade”, do soció- mente dos recursos, pois estes se constituem
logo inglês Anthony Giddens 3, para compreen- nos meios necessários para a realização mate-
der os contextos de utilização do território por rial das ações e práticas sociais.
parte das populações. A estruturação da interação humana, que
A teoria da estruturação de Giddens 3 é uma interessa particularmente para as análises de
tentativa de formular uma descrição plausível situação de saúde, implica reciprocidade das
da atividade humana e de sua estrutura. Gid- práticas baseadas nas regras e recursos (de au-
dens assinala que a base de sua teoria não é tonomia e dependência) entre pessoas e coleti-
privilegiar o ator individual e nem a existência vidades. Portanto, o conceito de contexto de
de qualquer forma de totalidade social, mas uso do território orienta a articulação teórica
lançar os olhos sobre as práticas sociais que entre as categorias que possibilitam compor
são ordenadas no tempo e no espaço. Essa or- analiticamente a “constituição do território”,
denação se dá por meio da integração social, de Milton Santos 23, e “da sociedade”, de An-
em circunstâncias de co-presença ou de cone- thony Giddens 3, propostas na Figura 1.
xões com aqueles que estão fisicamente ausen- Os recursos implicados na reprodução da
tes. Um exemplo são os processos de trabalho vida social podem ter uso comum, pelo coleti-
instituídos por organizações sociais. Seu meca- vo social no território, estabelecido nos fluxos
nismo pressupõe a integração social, que é dis- de pessoas e de matéria, tais como os equipa-
tinta da que está envolvida em contexto de co- mentos urbanos. Os recursos individuais são
presença, e uma organização espacial particu- relativos às condições do domicílio e às insta-
lar 22. A integração sistêmica traz em si as ques- lações sanitárias da habitação. O nível de ren-
tões das instituições sociais, normatizadas tan- da materializa-se nessas condições do domicí-
to formalmente, como informalmente. É a na- lio e na posse de equipamentos domésticos que,
tureza da interação que caracteriza e explica a por sua vez, podem condicionar regras especí-
conduta social nos contextos. As contextuali- ficas de comportamento.
dades são lugares dotados de bidimensionali- Os recursos coletivos compreendem um
dade, reconhecíveis à medida que neles são di- “conjunto dos sistemas naturais, herdados por
fundidas características particulares, nos quais uma determinada sociedade e os sistemas de
os indivíduos e os grupos sociais atuam. Em engenharia, isto é, objetos técnicos e culturais
outros termos, é o que atribui um significado historicamente estabelecidos” 23 (p. 26), que são
singular ao lugar, como resultado de uma rede apenas condições. Sua significação real advém
de ações construídas historicamente 24. das ações realizadas sobre elas. Esses objetos
Dessa forma, entende-se que os lugares e estabelecem uma conexão entre pessoas, pro-
sua constituição territorial tornam-se vitais pa- movendo ou limitando essas ações. Implicam
ra assegurar a fixidez subjacente às institui- não só percursos, barreiras, como também es-
ções. A conduta humana nesses contextos é re- tações de encontro. Sendo assim, os objetos geo-
produzida mediante atividades humanas re- gráficos relevantes para a vigilância em saúde
cursivas, continuamente recriadas pelas pes- são: a infra-estrutura de ocupação do lugar (es-
soas através dos próprios meios pelos quais tradas e ruas, caminhos, sistemas de esgoto e
elas se expressam. Em outras palavras, a vida de água, depósitos de lixo, núcleos habitacio-
social ostenta uma repetitividade essencial, nais, novos assentamentos e invasões) e suas
passível, assim, de aproximações metodológi- condições ecológicas e geomorfológicas (áreas
cas para seu entendimento. florestadas e desmatadas, fauna e flora, relevo,
As interações, por sua vez, envolvem a re- hidrografia).
produção de práticas sociais de pessoas e seus Os agrupamentos populacionais podem
encontros, sendo as regras e recursos implica- apresentar contextos de uso de recursos que
dos nessa reprodução essenciais para a manu- condicionam, muitas vezes, determinados com-
tenção da vida social. Mantêm, no entanto, uma portamentos. O território socialmente utiliza-
repetitividade criadora, em que os contextos do adquire características locais próprias, e a
de interação social nunca são exatamente os posse de determinados recursos expressa a di-
mesmos; são únicos, singulares. Essa estrutura ferenciação de acesso aos resultados da produ-
sócio-espacial pode ter pequena extensão, na ção coletiva, da sociedade. Albuquerque 25 res-
qual determinadas regras se manifestam pela salta uma associação que baseia o uso de cate-
interação entre pessoas em situações de co- gorias geográficas para a vigilância em saúde.

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Figura 1

Articulação entre os conceitos de “constituição do território”, de Santos, e “constituição da sociedade”, de Giddens.

Regras Recursos

Sistemas de objetos
Constituição
do território
Sistemas de ações

Constituição da sociedade

Para a autora, a constituição do território “re- conceitos e paradigmas, o que tem provocado
fletiria as posições ocupadas pelas pessoas na mudanças de método e do próprio foco de aten-
sociedade e conseqüência de uma construção ção de pesquisas. A evolução da epidemiologia
histórica e social, sendo, por isso, capaz de refle- foi sintetizada por Susser & Susser 27, que des-
tir as desigualdades existentes” 25 (p. 613). Indi- tacam três períodos com métodos e concep-
ca, com isso, que os “hábitos e comportamen- ções teóricas diferentes: as estatísticas sanitá-
tos considerados como fatores causais ou prote- rias e a teoria miasmática; a epidemiologia das
tores para essas doenças ou eventos, tais como doenças infecciosas e a teoria dos germes; fi-
fumo, alimentação, agentes tóxicos, uso de pre- nalmente, a epidemiologia das doenças crôni-
servativos etc, parecem circular de forma dife- cas e a teoria da multicausalidade. Esses mes-
renciada em grupos populacionais” 25 (p. 613). mos autores apontam a necessidade de desen-
A essa abordagem soma-se a preocupação cres- volvimento de uma “eco-epidemiologia”, que
cente em distinguir níveis e perfis de risco de- dê conta dos múltiplos níveis em que os pro-
correntes das desigualdades sociais 26. blemas de saúde se manifestam, desde as vul-
O reconhecimento do território na escala nerabilidades individuais até os macrodeter-
do cotidiano não exclui a identificação de rela- minantes sociais e ecológicos.
ções de verticalidade com outros níveis de de- Da mesma maneira que cada um desses pe-
cisão que podem influenciar sobremaneira a ríodos produziu metodologias para a análise
vida social local. Importante exemplo dessa in- de condições de saúde, estruturou um modo
fluência traduz-se nos efeitos da presença de de pensar e agir no campo. Assim, a vigilância
firmas multinacionais. A ação global exercida em saúde pautou-se, no primeiro período, nos
por firmas globais escolhe frações do mundo levantamentos ambientais, que explicariam o
sobre as quais deseja atuar e as fragmenta ain- “contágio”, a produção local de doenças, e per-
da mais. Esses efeitos podem trazer inúmeros mitiriam intervir sobre características do terre-
problemas de saúde, tanto diretos, pela emis- no que as gerou. No segundo período, o traba-
são de poluentes, quanto indiretos, em virtude lho no campo foi voltado para a identificação
da ação desestruturadora de sua inserção local. da “história natural das doenças”, os vetores,
Por outro lado, a partir da localização territo- microorganismos, clima e hospedeiros, que,
rial de problemas de saúde, pode-se apreender formando ciclos de contaminação-transmis-
o feixe de relações que caracterizam a situa- são, produziriam doenças. No terceiro período,
ção-problema. Extrapolando as escalas territo- o trabalho de campo é marcado pela busca de
riais de trabalho da vigilância em saúde, por “fatores de risco”, que explicariam a produção
intermédio da noção de horizontalidade, po- de doenças. Este último paradigma produziu a
de-se situar espacialmente o problema de saú- maior parte dos roteiros utilizados atualmente
de e analisar as influências, seja no seu entor- para a prática de vigilância em saúde, como os
no, seja no seu contexto mais amplo. questionários de investigação epidemiológica,
voltados para a argüição do doente sobre pos-
síveis formas de exposição. Esse enfoque traz
Considerações finais importantes vieses para a compreensão do pro-
cesso de saúde-doença. Em primeiro lugar, pro-
Ao longo do desenvolvimento científico, a geo- cura causas da doença na sua própria vítima,
grafia e a epidemiologia têm intercambiado reforçando estigmas para indivíduos enfermos

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VIGILÂNCIA EM SAÚDE E TERRITÓRIO UTILIZADO 905

28. Em segundo lugar, o resgate das condições que incorporem a dimensão do lugar, como ex-
sócio-ambientais que promoveram a doença é pressão do relacionamento entre grupos so-
realizado procurando reaver o contato do indi- ciais e seu território. A compreensão do con-
víduo já doente com outros indivíduos e o am- teúdo geográfico do cotidiano na dimensão lo-
biente, o que certamente não representa a com- cal tem grande potencial não só explicativo,
plexidade das relações sociais existentes em como também de identificação de situações-
uma comunidade. problema para a saúde e, com base nisso, de
A busca de novos paradigmas para o campo planejamento e de organização das ações e
da saúde coletiva deve ser acompanhada pelo práticas de saúde nos serviços. A análise sistê-
desenvolvimento de métodos que articulem os mica do contexto local, em escalas geográficas
níveis do indivíduo e das coletividades, vistas do cotidiano como as apresentadas no traba-
não como um agregado de pessoas, mas como lho, permite identificar a formação contextual
um todo, com características particulares, or- de uma situação de saúde, no espaço e no tem-
ganização própria e território. Dessa forma, a po, podendo ser de grande utilidade para a vi-
vigilância em saúde carece de instrumentos gilância em saúde.

Resumo Colaboradores

Nos diagnósticos de condições de vida e de situação de A revisão de conceitos de geografia e de saúde coleti-
saúde, os elementos constitutivos da reprodução da vi- va e a redação do artigo foram realizadas por ambos
da social nos diversos lugares são listados e tratados os autores.
como conteúdos desarticulados do território. O reco-
nhecimento da dinâmica social, hábitos e costumes é
de grande importância para a determinação de vulne-
rabilidades para a saúde humana, originadas nas in-
terações de grupos sociais em determinados espaços
geográficos. O uso pleno do território como estratégia
de análise sobre condições de saúde e intervenção nes-
tas pressupõe a identificação de objetos geográficos,
sua utilização pela população e sua importância para
os fluxos das pessoas e materiais. Para isso, é necessá-
rio o desenvolvimento de metodologias para o reco-
nhecimento, em campo e mediante dados secundários,
de objetos e suas formas, que são condições da ação e
meios de existência do agir humano. Neste trabalho, é
apresentada uma aproximação para a incorporação
de conceitos da geografia humana nas práticas de
saúde, à luz de dois autores principais: Milton Santos
(“constituição do território”) e Anthony Giddens (“cons-
tituição da sociedade”).

Vigilância da População; Condições de Vida; Geografia

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